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Neurociência e Saúde Mental
EDUCAÇÃO E ÉTICA
Durante o curso universitário, estudantes e professores procuram
desmistificar o fato de que o cidadão é tão e somente retrato daquilo que ele
desenvolveu e construiu em termos de saber. Não se trata aqui do saber sistematizado
das salas de aula, mas daquele saber ser humano.
Ética é assunto filosófico que merece mais do que nunca uma avaliação mais
cuidadosa por parte dos que se encontram em condições de freqüentar os cursos
universitários.
A cada dia que passa, aqueles que tiram a carapuça do pseudo saber se
livrando de sua posição social e do seu douto, e analisaram friamente aquilo que fez
para levar a ética do ensino para seus alunos, verá que pouco ou quase nada ele fez.
Conclusão amarga!
Ainda mais ele, o professor, que está "revestido" do saber sistematizado
recebido nas muitas escolas, cursos e aulas que freqüentou durante 18, 20, 25 anos ou
mais de sua vida e onde muito se falou e discutiu sobre o assunto, mas ele não
conseguiu trabalhar com os valores mais básicos a respeito do saber que desenvolveu e
do conhecimento que apregoou em sua longa jornada de estudos.
"Pobre" destes alunos, que se não viram como a ética se mostra para nós
enquanto seres sociais, estarão fadados a cometerem erros infantis sobre o exercício de
sua futura profissão.
Não sejamos hipócritas em falar de um assunto por falar, de discutir somente
para polemizar e gerar auto-promoção, sejamos sim verdadeiros educadores, que
comprometidos de fato com a causa do ensino em nosso país e no resto do mundo,
possamos tirar esta máscara de pseudo ética que reveste nossa profissão e passemos a
fazer a revolução silenciosa do ensino, onde o futuro que nós teremos e deixaremos de
legado para nossos descendentes, seja formado de cidadãos cientes de suas obrigações,
comprometidos com o próximo e construtor da paz e da vida em paz.
O que termina por nos perturbar a mente é o falar por falar, o que nos turva o
pensamento é o lixo cultural que invade nossos lares sem pedir licença, é o bombardeio
da mídia sobre nosso comportamento e sobre nosso modo de vida em família e em
sociedade. Você já pensou quem educa o nosso jovem de hoje? É a televisão.
Acredite caro professor, que se esta consciência estivesse sendo ensinada há
30 anos, hoje o panorama cultural de nossa Nação seria diferente.
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Tudo o que se disseminou dos anos 60 para cá foi uma cultura consumista
onde ao povo que trabalha, resta o gueto como diversão, a novela das oito como
consolo.
Este país lindo e pacífico chamado Brasil possui um povo com a capacidade
de sonhar com um amanhã melhor, mas infelizmente ele espera que isto ocorra por
milagre. Creiam, este milagre pode ser operado sim, mas nós devemos fazer a nossa
parte, trabalhando a cultura de nossos jovens para que os preceitos éticos sejam
despojados de falso moralismo, de correlação de poder e de indústria da miséria, mas
que sobretudo, possa fazer com nossos jovens uma transformação.
Todos os meios que estiverem ao nossa alcance para dar início a esta
revolução cultural devem ser postos em prática.
Devemos nos unir, devemos pensar que uma Nação sóbria não se constrói
apenas de mártires e muito menos de grandiosidade ideológica apenas, constrói-se sim
de homens e mulheres ricos em saber, em conhecimento, em moral, em ética, em
respeito ao próximo, em bondade e solidariedade e que sobretudo repudiem toda e
qualquer forma de violência.
Não queiramos contudo buscar ideais que já foram falados, escritos e
estudados e que até hoje influenciam a vida do estudante. Não queiramos também
esquecer das experiências amargas já vividas pelos grandes pensadores para que
comprovassem suas descobertas. Devemos encontrar o nosso equilíbrio com
autenticidade, nossa verdadeira realidade em relação a este mundo globalizado que a
cada dia nos empurra mais e mais para uma conseqüência nefasta e desconhecida.
Não podemos deixar que o nosso labor do ensino, da formação escolar e do
conhecimento da sociedade, sejam jogados na lata de lixo. Nós brasileiros, somos um
povo ímpar, pacífico e bom por natureza. Apenas estamos nos deixando influenciar por
uma cultura que não é a nossa e não reflete nossa realidade.
Um país onde 95% da riqueza está concentrado nas mãos de 5% não pode
ser considerado um país equilibrado. Culpa de quem? Não importa descobrir ou falar de
quem é a culpa, importa sim mudar este cenário, e isto só é possível pela educação e
pela cultura daqueles que governarão o país daqui a 100 anos. Nós vivemos na idade da
pedra social e estamos pagando o preço disto.
Nenhuma ação agora poderá transformar do dia para a noite o que foi
sedimentado ao longo de centenas de anos de cultura importada.
Não trata-se aqui de bairrismo não; nossa cultura étnica é rica justamente
pela grande quantidade de imigrantes estrangeiros que aqui se erradicaram e ajudaram a
construir este país maravilhoso; trata-se aqui de começar agora a adotar o Brasil como
um país que é nosso e que terá o seu futuro definido por nós.
Através do ensino e da ética formaremos o jovem que ajudará a formar daqui
a 10 anos ou menos novos jovens dentro de uma nova égide de ensino e de moral.
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Ignorante? Também, com toda a certeza, pois sabido é que a sabedoria do
homem é muito bem delimitada e conhecida mas sua ignorância é infinita.
Nós somos a elite do saber. Nós temos em nossas mãos o futuro, porém só
falar, falar, falar e falar não construirá o país que todos desejamos. Falar sim, mas falar
certo, pensar sim, mas pensar certo. Erramos no passado, erramos no presente e
continuaremos errando no futuro. Para mudar é preciso discutir, propor idéias,
promover ações e levá-las a efeito. Aqui está tudo por se fazer.
Àqueles que reclamam que seus salários são baixos, só tenho a dizer que este
fato é uma conseqüência do que se ensinou de valores (todos eles) aos governantes que
hoje legislam seu provento.
Àqueles que reclamam da falta de condições de trabalho, só tenho a dizer
que é uma conseqüência do que se ensinou de valores àqueles que administram os
poucos recursos que são designados à sua escola.
Àqueles que reclamam da escola depredada e destruída, só tenho a dizer que
é conseqüência dos valores que foram ensinados aos alunos que lá estudam no que diz
respeito a preservação daquilo que é de todos.
Àqueles que reclamam da situação, só tenho a dizer que ela é conseqüência
de sua própria falta de empenho em promover uma mudança em sua própria estrutura,
pois se você sabe que furar o dedo dói, então porque continua furando?
Não há mais reserva técnica, devemos entender que todo conhecimento que
precisamos para transformar esta Nação está à nossa disposição. Como educadores nós
sabemos quais são as fontes a serem pesquisadas, sabemos sistematizar este
conhecimento para que ele seja aplicado à realidade que vivemos. Falta apenas a
coragem para iniciar o processo, colocando literalmente a cara para bater, se expondo,
pois só desta maneira poderemos ser contestados e poderemos contestar.
Precisamos tentar, descobrir e redescobrir. O convívio feliz em sociedade
que tanto almejamos onde possamos gozar plenamente de nossa cidadania está ao nosso
alcance, e ninguém fará isto por nós, somos nós que temos de fazer isto pelo nosso
próprio empenho e precisamos acreditar nisto e em nós mesmos.
Àqueles que dizem que já tentaram, tentaram e já desistiram, só tenho a dizer
que se você tivesse desistido de tentar, você não teria chegado a ser professor, pois não
teria tentado aprender; não teria errado e aprendido com seus erros; não teria caído e
aprendido a não cair de novo; não teria falado errado e aprendido a falar certo. Desistir
de uma objetivo é não ter firme este objetivo, ou pior, é não acreditar nele, é não
acreditar em você. É disto que falo.
Falar disto me dói pois me serve, ler isto depois que escrevi também me dói,
pois sei que pouquíssimas pessoas chegarão a ler estas palavras até aqui, e daquelas que
aqui chegarem, pouquíssimas irão dar a elas o devido valor e significado, seja para
contestar ou para complementar ou para citar. Mas acredito que se apenas uma pessoa,
você, acreditar que seu trabalho é importante para o futuro desta Nação, independente
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das dificuldades que você venha a viver, terei atingido o meu objetivo.
Acreditar que o ensino transforma não é mais uma questão filosófica, isto já
é ponto pacífico. É pelo ensino que o mundo se tornou o que é hoje, e é pelo ensino
(certo ou errado) que o mundo caminha para o futuro. Discernidores que devemos ser
do certo e do errado, do bem e do mal, devemos e temos a obrigação de nos
entregarmos a esta missão.
Nossa missão é mais que trabalho, é mais que gostar de ensinar, é formar o
futuro do mundo. Mais difícil do que qualquer outra, a vocação ao ensino exige
comprometimento ético para com a sociedade, para com o aluno, para com o método,
para com as instituições democráticas, para com aquilo que acreditamos ser o futuro da
humanidade como a conhecemos hoje.
É uma grande responsabilidade.
Vamos quebrar com as regras erradas de pensamento errado, vamos nos unir
em torno do ideal do ensino, da causa perdida do analfabeto que pode ser reconquistada,
vamos cumprir o nosso papel de transformadores e formadores dos homens e mulheres
que irão reger o mundo amanhã.
Sejamos professores de fato. Sejamos Educadores.
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Professor Marcus Garcia de Almeida: Pedagogo, Especialista em Tecnologia Educacional, Gestão,
Organização Sistemas e Métodos (OSM), Pedagogia Empresarial e Administração de Materiais. É autor
dos livros Pedagogia Empresarial: Saberes, Práticas e Referências, Automação de Escritórios com Office
2000, Automação de Escritório com StarOffice 5.1, Sistema Operacional Windows, Sistema Operacional
Linux, Fundamento de Informática - Software e Hardware, Internet, Intranet e Redes Corporativas todos
publicados pela editora Brasport-RJ. Mantenedor e articulista dos sítios www.pedagogia.com;
www.pedagogia.com/pedagopedia e www.profissionais.com.
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