Tall-tale postcards, mais do que fabulosos Tall-tale postcards, mais do que fabulosos Tall-tale postcards, more than fabulous Marx, Ângela Maria; Ms.; Universidade de Caxias do Sul [email protected] Klohn, Sara Copetti; Ms.; Universidade Federal do Rio Grande do Sul [email protected] Resumo Os tall-tale postcards ou postais fabulosos foram populares no início do século passado nos Estados Unidos. Produzidos a partir de fotomontagens, esses cartões postais mostravam pessoas interagindo com vegetais e animais gigantes, causando admiração e insuflando o orgulho nacionalista. Enquanto peças de design, esses postais foram importantes por utilizarem valores estéticos surrealistas, até então restritos ao campo artístico, em um produto gráfico, resgatando a aura da fotografia. Além disso, o estudo desse material é relevante para o entendimento da atual cultura híbrida mundial, bastante influenciada pelos movimentos culturais que fizeram a história dos Estados Unidos. Palavras Chave: história; fotografia; montagem fotográfica; postais fabulosos. Abstract The tall-tale postcards were popular in the early XX century in the United States. These postcards were photomontages that showed normal people interacting with giant animals and vegetables, causing admiration and inciting national pride. As design work, the tall-tale postcards were relevant to graphic design field as they contain surrealistic aesthetic values, which were restricted to artworks, and rescue the aura of photography. Otherwise, the analysis of these materials is relevant for understanding the current world hybrid culture, that is fully influenced by the cultural history of the United States. Keywords: history; photography; photomontage; tall-tale postcards. DESENHANDO O FUTURO 2011 | 1º CONGRESSO NACIONAL DE DESIGN Tall-tale postcards, mais do que fabulosos Introdução Os postais fabulosos, ou tall-tale postcards, foram muito populares no início do século XX no interior dos Estados Unidos. Esses cartões postais, ilustrados com repolhos, batatas, espigas de milho e ovos gigantes, foram o resultado das experiências de diversos fotógrafos no campo da fotomontagem. Consideradas humor do oeste, as brincadeiras sem compromisso a respeito da fertilidade das terras do país contribuíram para o crescimento de um sentimento nacionalista fortemente enraizado na sociedade daquele país (KSHS, 2011). Hoje, esses postais constituem um importante material para o estudo da cultura estadunidense daquele período, cujos reflexos influenciam fortemente a sociedade atual a nível mundial. De acordo com Kossoy (1999), as imagens fotográficas não se esgotam em si, mas são o ponto de partida para desvendar o passado. Essa ideia pode ser estendida também às peças de design gráfico, produzidas em um contexto histórico e cultural definidos e para um público alvo específico, uma vez que “quaisquer que sejam os conteúdos das imagens, devemos considerá-las sempre como fontes históricas de abrangência multidisciplinar” (KOSSOY, 1999, p.21). Assim, o exagero na proporção dos vegetais, por exemplo, remete à idéia de fertilidade da terra, a um sentimento de grandeza nacional, a uma espécie de superioridade natural dos Estados Unidos – que, na época, ainda era um país essencialmente agrícola. Essas ideias, contidas naqueles postais cresceram e se transformaram em um sentimento nacionalista exacerbado, presente em todas as esferas daquela sociedade. Assim, este artigo tem como objetivo realizar uma análise de vários postais fabulosos, sob uma perspectiva histórica e cultural, para entender as relações de produção e recepção dessas peças gráficas. Contextualização Muitos dos chamados tall-tale postcards oficialmente catalogados foram produzidas pela Martin Post Card Company, fundada por Willian Martin em Ottawa, Kansas, Estados Unidos. Segundo o site do Museu Americano de Fotografia (AMP, 2011), em maio de 1909 a produção da empresa chegava a dez mil cartões por dia, volume dobrado no ano seguinte. De acordo com uma reportagem da época, a companhia produziu sete milhões de unidades apenas em 1910. Em três anos, as habilidades fotográficas de Martin lhe renderam fama e fortuna e ele se tornou o maior representante desse gênero fotográfico. Em 1912, a companhia de cartões postais foi vendida e, até onde se sabe, Martin abandonou o trabalho com fotografias. Outro fotógrafo que trabalhou na produção de postais fabulosos foi Alfred Stanley Johnson, cujo trabalho também é referência em se tratando de postais fabulosos. O sucesso mercadológico dessas peças gráficas pode ser atribuído, em parte, por alguns aspectos de natureza reguladora, técnica e cultural. A partir de 1898, o governo dos Estados Unidos igualou o valor de postagem dos cartões postais impressos por empresas privadas ao daqueles adquiridos nas agências dos correios – um centavo de dólar. Além disso, por volta de 1902, a empresa Eastman Kodak começou a produzir em larga escala um papel fotográfico especial para uso em cartões postais. De acordo com o que consta no site do Museu Americano de Fotografia (AMP, 2011), no início do século XX o espaço no verso dos postais era de uso exclusivo para endereçamento, sendo permitido escrever apenas em torno das imagens, quase como em um telegrama. Entretanto, em 1907, essa restrição acabou e os postais tiveram seu uso ampliado, tornando-se parte do estilo de vida americano, o chamado American way of life. DESENHANDO O FUTURO 2011 | 1º CONGRESSO NACIONAL DE DESIGN Tall-tale postcards, mais do que fabulosos Metodologia Para entender os fenômenos culturais relacionados à produção e recepção desses postais fabulosos, em seu contexto histórico específico e também sob a ótica contemporânea, é preciso fazer uma descrição das peças gráficas, contextualizá-las historicamente e proceder uma análise a respeito de suas características mais relevantes. Para isso, serão utilizados alguns conceitos aplicados por Benjamin (1996) e Kossoy (1999) à fotografia, além de questões relacionadas à cultura e à cultura visual propostas por outros teóricos, como Mirzoeff (1999), Canetti (apud LIAÑO, 1994) e Hobbes (apud LIAÑO, 1994). Análise das peças gráficas As peças gráficas em análise neste trabalho foram produzidas nos Estados Unidos, entre os anos de 1908 e 1912. Embora tenham sido produzidos em um contexto cultural específico (Ottawa/ Kansas/ Estados Unidos/ América do Norte), a natureza e a função dos cartões postais pode ter ampliado sua veiculação para qualquer lugar do mundo atendido pelo sistema postal daquela época. Esses postais eram fabricados em formato 3,5 x 5,5 polegadas, em um papel especialmente desenvolvido para essa finalidade pela Eastman Kodak. As imagens empregadas eram fotomontagens cujas temáticas estavam relacionadas principalmente com a vida no campo e a produção agropecuária do interior do país. As fotografias eram feitas em preto e branco e orientadas no sentido horizontal para dar maior amplitude às cenas. O texto constituía-se, basicamente, do título da imagem e das informações de copyright escritos em preto sobre a imagem. A técnica empregada pelos fotógrafos era a colagem feita a partir de duas ou mais fotografias: uma imagem ampla, como cenário com pessoas, e close-ups dos vegetais ou animais. A imagem dos “gigantes” era ampliada, recortada, sobreposta e cuidadosamente colada sobre o cenário, criando o exagero. O postal „A festa do Melão‟ (The Melon Party), de autoria de Johnson é um bom exemplo do trabalho do fotógrafo, já que é possível comparar a fotografia original (Figura 1) com o resultado da manipulação fotográfica já estampado em um cartão postal (Figura 2). Figura 1 - Fotografia original de Alfred Stanley Johnson, com as crianças segurando um pedaço de madeira, 1911 (Fonte: WHS, 2011). DESENHANDO O FUTURO 2011 | 1º CONGRESSO NACIONAL DE DESIGN Tall-tale postcards, mais do que fabulosos Figura 2 – Postal The Melon Party, 1911. Fotomontagem, com a imagem do melão ampliada e colocada no lugar do pedaço de madeira (Fonte: WHS, 2011). Apesar da simplicidade, foram poucos os fotógrafos que, sem efeitos eletrônicos, obtiveram imagens tão críveis quanto as de Martin. Detalhista, o fotógrafo não descuidava das minúcias, como pode ser observado no postal „Como levamos nossos gansos para o mercado‟ (Taking our geese to market), representado na Figura 3. Nesse trabalho, os movimentos dos homens e dos gansos casam perfeitamente, assim como as respectivas sombras. FIGURA 3 – Postal Taking our geese to market, de Willian Martin, 1909 (Fonte: AMP, 2011). Já a Figura 4 apresenta o postal „Quando vamos atrás de algo nós conseguimos‟ (When we go after anything we got it), é possível visualizar a sombra do coelho, a poeira levantada pelos carros e um chapéu perdido nos céus, provavelmente arrastado pelo vento da cabeça do laçador. DESENHANDO O FUTURO 2011 | 1º CONGRESSO NACIONAL DE DESIGN Tall-tale postcards, mais do que fabulosos FIGURA 4 – Postal When we go after anything we get it, de Willian Martin, 1909 (Fonte: AMP, 2011). ” A atmosfera da virada do século XX continha uma espécie de estranheza quanto ao mundo moderno, muito bem representada pelas vanguardas artísticas da primeira metade do século. O recente advento da fotografia possibilitava uma nova forma de enxergar o mundo. Mais: revelava um mundo tão extraordinário quanto inimaginável. Toda a fantasia, toda a ficção criada pelo homem tornava-se palpável, realisticamente verdadeira através da fotografia. As primeiras fotografias fictícias produzidas, apresentando encenações com personagens, certamente causaram desorientação ao público, já que naquela época, a fotografia ainda possuía um caráter de realidade congelada no tempo. Diante da imagem „O fazendeiro moderno‟ (Modern Farmer), na Figura 5, viajando em um carro abarrotado de ovos enormes e com uma batata gigante no porta-malas, muita gente deve ter se perguntado “Será verdade?”. A sociedade da época, pouco acostumada com a fotografia, e ainda menos com as montagens fotográficas, possivelmente sentiu aquele impacto muitas vezes traumático que as crianças levam ao passar dos filmes de animação para o cinema: o vilão de um filme é mais real (e por isso, mais assustador) que o vilão do desenho animado. Figura 5 - “Modern Farmer”, de Willian Martin, 1910. (Fonte: AMP, 2011). É claro que as imagens desses cartões postais não causaram pânico, nem movimentaram caçadores em busca de coelhos gigantes. A popularidade desses postais está, em grande parte, ligado à materialização dos sonhos, dos contos de fadas. É possível compreender esse efeito causado pelos postais sobre seu público consumidor através do ponto de vista mágico de Benjamin (1996). Para ele, a relação entre magia e técnica é uma variável histórica que a fotografia – em alguns momentos – foi capaz de unir. Ao citar o trabalho de Barthes sobre DESENHANDO O FUTURO 2011 | 1º CONGRESSO NACIONAL DE DESIGN Tall-tale postcards, mais do que fabulosos Mitologias, Forty (2007, p.15) considera que “o design tem a capacidade de moldar os mitos de forma sólida, tangível e duradoura, de tal modo que parecem ser a própria realidade”. Da mesma forma que Blossfeld revelava, através da ampliação de imagens botânicas, um mundo invisível e fascinante, Martin materializa o sonho coletivo de uma época em que os limites entre o possível e o impossível já não eram tão claros. As fotomontagens desses postais fabulosos, muitas delas mostrando cenas do cotidiano rural, como feiras, pescarias ou caçadas, transportam o receptor para um mundo mágico, feito de fantasia, totalmente particular. Um exemplo disso é um postal de 1908 que mostra um homem sentado sobre espigas de milho gigantes em uma feira, como mostra a Figura 6. Figura 6 – Postal sem título, de Willian Martin, 1908. (Fonte: AMP, 2011). Verdade? Mentira? Para o observador contemporâneo, a resposta é imediata e o que era apenas uma suspeita para os observadores do início do século XX se converte em prova irrefutável através da simples ampliação de um detalhe da imagem (Figura 7). Figura 7 - A ampliação do postal da FIGURA 6 revela, no detalhe, o local em que as imagens foram fundidas pela marca da colagem. (Fonte: AMP, 2011). Esse universo paralelo criado pelas montagens fotográficas desses postais é um simulacro, embora este seja um conceito característico da pós-modernidade, que veio a se estabelecer formalmente muitos anos depois. Isso revela a complexidade gerada pela cultura visual que veio se estabelecendo ao longo de vários séculos pelo processo de desenvolvimento humano. De acordo com o conceito de Mirzoeff (1999, p.3), essa cultura visual “diz respeito a eventos nos quais informação, significação ou prazer são vistos pelo consumidor através de uma interface tecnológica”. A principal diferença desses simulacros criados pelos centenários tall-tale postcards daqueles criados pelos meios de comunicação de hoje é a relação que se estabelece entre produto e consumidor: para o público de hoje nada é tão estranho para ser encarado como coisa de outro mundo e praticamente tudo é aceito como parte da realidade. Nas palavras de Canetti, essa é DESENHANDO O FUTURO 2011 | 1º CONGRESSO NACIONAL DE DESIGN Tall-tale postcards, mais do que fabulosos “uma idéia torturante: que, a partir de um determinado momento, a História deixou de ser real. Sem se dar conta, toda a humanidade havia abandonado de repente a realidade; tudo o que, desde então, houvesse ocorrido não seria verdade; porém nós não podíamos dar-nos conta disso” (CANETTI apud LIAÑO, 1994, p.12). Outra questão importante em relação aos postais fabulosos é seu caráter estético. Apesar da simplicidade temática, o trabalho realizado nesses cartões postais enquadra-se na estética surrealista: são sonhos disfarçados de realidade. Sob este aspecto, os tall-tale postcards são ainda mais surpreendentes, já que esse valor estético era, até então, atribuído apenas a obras de arte e não a produtos de design, que têm um caráter essencialmente comercial. A exploração da estética surrealista nessas fotomontagens não atingiu apenas o imaginário coletivo, mas a própria fotografia, resgatando um fenômeno que já era considerado extinto: a aura. Essa questão foi desenvolvida por Benjamin em sua obra „Pequena história da fotografia‟ e é particularmente interessante, embora contraditória, nesses cartões postais. De acordo com Benjamin (1996, p.101), “a aura é uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante, por mais próxima que ela esteja”. Esse conceito pode ser aplicado facilmente às primeiras fotografias, que eram únicas e não reprodutíveis. Mas como perceber essa aura em uma imagem composta e reproduzida às centenas? Como toda imagem fotográfica, essas fotomontagens possuem uma realidade própria, descrita como a “realidade do documento, da representação: uma segunda realidade, construída, codificada, sedutora em sua montagem, em sua estética, de forma alguma ingênua, inocente” (KOSSOY, 1999, p.22). Isso significa que, aquela aura, perdida com o aumento da qualidade das lentes e que dava às primeiras fotografias a idéia de momento único, é resgatada nesses trabalhos, mas agora não mais por se tratar de um momento único, mas de uma realidade única. Trilhando o caminho oposto, isto é, construindo uma aura, esses postais conseguem o mesmo efeito das famosas fotos parisienses de Atget que dissociavam o objeto de sua aura, ou seja, “desinfetar a atmosfera sufocante difundida pela fotografia convencional, especializada em retratos, durante a época da decadência” (BENJAMIN, 1996, p.100). Devemos lembrar, ainda, que no início a fotografia era considerada como a expressão definitiva da verdade, porque congelava um instante da realidade – coisa que nem o mais virtuoso pintor poderia fazer. Mesmo atualmente, as fotografias ainda mantêm esse status, ou seja, mesmo com toda a tecnologia existente hoje, as pessoas ainda atribuem um valor de verdade às imagens fotográficas. A principal diferença neste espaço de cem anos é que, hoje, a maioria das pessoas têm consciência de que as imagens fotográficas são passíveis de manipulação e que isso pode ser feito por qualquer um no computador de casa. Por essa razão, as montagens fotográficas, por mais elaboradas que sejam, tem seu valor artístico reduzido pelo domínio da técnica, perdendo aquela aura que a mesma técnica concedeu às fotomontagens dos tall-tale postcards há quase um século. Assim, para o público contemporâneo – acostumado aos efeitos especiais da indústria do entretenimento, em especial o cinema – os postais fabulosos de Willian Martin não são assim tão fabulosos. No entanto, considerando o contexto cultural em que essas peças gráficas foram produzidas e recebidas, há de se supor que o impacto visual tenha sido grande. Esse tipo de ficção, até então, estava restrito ao universo literário e ao campo da pintura e ilustração, que mantinham um certo distanciamento do mundo real. O desenvolvimento da fotografia, no entanto, permitiu a criação de simulacros que têm o poder de desorientar os receptores e de transportálos para um universo paralelo. Para Thomas Hobbes (apud Liaño, p.198), DESENHANDO O FUTURO 2011 | 1º CONGRESSO NACIONAL DE DESIGN Tall-tale postcards, mais do que fabulosos “a vivência visual, diferente da vivência verbal, não se converte em um saber propriamente dito, mas em uma espécie de conhecimento osmótico, de participação emotiva em certas estruturas paradigmáticas (...) cujas prolongações afetam particularmente a conduta, a qual se manifesta plenamente como atuação, como papéis que são interpretados de acordo com um roteiro que foi, previamente, introduzido através do olhar”. Por essa razão, os postais fabulosos, embora não tenham sido idealizados para essa finalidade, foram tão bem sucedidos no fomento ao nacionalismo ao difundir imagens que transmitiam idéias de grandeza e superioridade nacional. De certa forma, talvez essas pequenas peças gráficas tenham superado em eficiência as organizações como a Confederação Alemã do Trabalho, no sentido de utilizar o “design como elemento para a afirmação da identidade nacional” (DENIS, 2000, p.111). Quanto à sua aplicação, os cartões postais do início do século XX eram utilizados principalmente para enviar mensagens curtas por um preço inferior ao de um telegrama. Ironicamente, embora os tall-tale postcards fossem peças gráficas de humor, foram usados para enviar todo tipo de mensagem, inclusive notícias fúnebres (Figura 8), contribuindo ainda mais para a atmosfera surreal desses postais. Figura 8 - Utilização dos postais no início do século XX: participação de falecimento. Atualmente, apesar da agilidade do correio eletrônico, os cartões postais ainda são muito utilizados, embora tenham um caráter diferente. Hoje, um cartão postal é apenas um souvenir, uma prova testemunhal de que alguém esteve em um lugar específico. Em virtude disso, os temas mais explorados nos postais de hoje estão relacionados ao turismo: uma paisagem que evoca a beleza natural de um certo lugar, um monumento que caracterize um país, uma obra de arte que provoque a identificação quase imediata da cidade em que se encontra ou o país de origem do artista. Em suma, uma imagem que identifique prontamente uma cultura ou um lugar em particular. Considerações finais Embora sejam divertidas montagens fotográficas com mais de um século de idade, os tall-tale postcards não devem ser considerados apenas um capítulo na história da fotografia. Seu valor como objeto de estudo da cultura e da sociedade em que foram produzidos e consumidos, isto é, os Estados Unidos do início do século XX, é relevante para o entendimento de toda a cultura contemporânea. Além disso, esses postais, enquanto peças de design, podem não ter promovido uma revolução gráfica mas deram uma importante contribuição para o design gráfico ao introduzir elementos e valores estéticos específicos das Artes em objetos de consumo. Isso é extremamente relevante, porque de uma forma paradoxal, essas fotomontagens produzidas em DESENHANDO O FUTURO 2011 | 1º CONGRESSO NACIONAL DE DESIGN Tall-tale postcards, mais do que fabulosos massa resgataram o conceito de aura já extinto da fotografia convencional. Além disso, na técnica fotográfica, esses cartões postais foram inovadores em uma época em que os recursos técnicos para a composição de imagens eram bastante precários, se comparados aos que existem atualmente. Dessa forma, esses postais são mais do que meras imagens de contos de fada, e estão à altura de serem chamados de fabulosos. Referências AMP – The American Museum of Photography. Did you ever have a dream like this? Disponível em: <http://www.photographymuseum.com/talltale.htm>. Acesso em: 10 jan. 2011. BENJAMIN, W. Pequena história da fotografia. In: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1996. P.91-107 DENIS, R.C. Uma introdução à história do design. São Paulo: Edgar Blücher, 2000. 240p. FORTY, A. Objetos de desejo: design e sociedade desde 1750. São Paulo: Cosac Naify, 2007. KOSSOY, B. Estética, memória e ideologia fotográficas. In: Realidades e ficções na trama fotográfica. São Paulo: Ateliê Editorial, 1999. P.19-60 KSHS – Kansas State Historical Society. Disponível em: <http://www.kshs.org/cool2/ coolpost.htm>. Acesso em: 10 jan. 2011. LIAÑO, I.G. La mentira social: imagenes, mitos y conducta. Madrid: Tecnos, 1994. 269p. MIRZOEFF, N. Introduction to visual culture. Londres: Routledge, 1999. WHS – Wisconsin Historical Society. Disponível em: <http://www.wisconsinhistory.org/>. Acesso em: 10 jan. 2011. DESENHANDO O FUTURO 2011 | 1º CONGRESSO NACIONAL DE DESIGN