UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química
Janaina I. Corrêa
INSERÇÃO DE NOVOS ÓLEOS ESSENCIAIS NO
MERCADO: IMPORTÂNCIA DO USO DE TECNOLOGIAS
AVANÇADAS NA AGREGAÇÃO DE VALOR
Florianópolis
2010
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Janaina I. Corrêa
INSERÇÃO DE NOVOS ÓLEOS ESSENCIAIS NO
MERCADO: IMPORTÂNCIA DO USO DE TECNOLOGIAS
AVANÇADAS NA AGREGAÇÃO DE VALOR
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Química da
Universidade Federal de Santa
Catarina como requisito parcial
para obtenção do Grau de
Mestre em Engenharia
Química.
Orientador:
Prof. Ariovaldo Bolzan, Dr.
Co-orientador:
Lia Krucken Pereira, Dr.
Florianópolis
2010
Janaina I. Corrêa
INSERÇÃO DE NOVOS ÓLEOS ESSENCIAIS NO
MERCADO: IMPORTÂNCIA DO USO DE TECNOLOGIAS
AVANÇADAS NA AGREGAÇÃO DE VALOR
Esta dissertação foi julgada e aprovada para a obtenção do grau
de Mestre em Engenharia Química no Programa de PósGraduação em Engenharia Química da Universidade Federal de
Santa Catarina.
Florianópolis, 26 de Março de 2010.
Prof. Leonel Teixeira Pinto, Dr.
Coordenador do CPGENQ / UFSC
Banca Examinadora:
Prof. Ariovaldo Bolzan, Dr.
Orientador
Prof. Ricardo Machado, Dr.
Prof. Lia Krucken Pereira,Dr.
Co-orientadora
Iguatemi Melo Costa, Dr.
Á minha família.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, inteligência suprema, causa
primária de todas as coisas.
À Universidade Federal de Santa Catarina.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – CAPES, pelo incentivo a pesquisa.
Ao professor orientador Ariovaldo
acompanhamento sempre competente.
Bolzan,
pelo
À co-orientadora Lia Krucken por toda a ajuda intelectual.
Aos professores dos Cursos de Pós-Graduação em
Engenharia Química, Engenharia de Produção e
Engenharia e Gestão do Conhecimento.
Às empresas ao qual este trabalho foi desenvolvido; suas
experiências foram essenciais para a construção desta
pesquisa.
A Sérgio Gallucci e Iguatemi Melo Costa, Manoel Teixeira
Simões e Marina Kobayashi, Marilda Tonetto, Paulo
Adam, Giovana Palhano, Luciana Marques, Sandra Mara
Scheffer, que me receberam tão gentilmente nas empresas
que visitei.
A Fuad Samir Cury da empresa Destilaria Três Barras e
Simone do blog “Mais Q Perfume”.
Ao perfumista Olivier Paget que gentilmente emprestou
seu “nariz” para as análises olfativas.
A todos aqueles que, de alguma forma, apresentaram-me
algum tipo de resposta as minhas limitações.
Aos amigos pelo apoio.
A Alex Copetti de Araujo, com carinho.
“Uma descoberta, seja feita por um menino na escola ou por um
cientista trabalhando na fronteira do conhecimento, é em sua
essência uma questão de reorganizar ou transformar evidências,
de tal forma que se possa ir além delas assim reorganizadas, rumo
a novas percepções”
Jerome Bruner
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................1
1.1 JUSTIFICATIVA ......................................................................... 1
1.2 OBJETIVOS ............................................................................... 4
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................. 4
1.2.2 Objetivos Específicos ....................................................... 4
1.3 ESTRUTURA DA PESQUISA ........................................................ 5
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................7
2.1 O SETOR DE PRODUTOS DE HIGIENE PESSOAL, PERFUMARIA E
COSMÉTICOS .................................................................................. 7
2.2 MATÉRIAS-PRIMAS NATURAIS NO SETOR DE PRODUTOS DE
HIGIENE PESSOAL, PERFUMARIA E COSMÉTICOS ......................... 16
2.3 ÓLEOS ESSENCIAIS ................................................................. 21
2.3.1 Propriedades dos óleos essenciais ................................ 23
2.3.2 Óleo essencial de Patchouli .......................................... 24
2.3.3 Características e classificação dos óleos essenciais ..... 26
2.3.4 Critérios para inserção de novos óleos essenciais no
mercado .................................................................................. 30
2.3.5 Sistema de comercialização dos óleos essenciais nos
setores de HPPC..................................................................... 33
2.3.6 Produção ....................................................................... 40
2.3.6.1 Características e Tendências da produção de óleos
essenciais ..................................................................................... 40
2.3.6.2 Consumo dos óleos essenciais e suas aplicações ............. 44
3 METODOLOGIA DA PESQUISA ..........................................49
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................ 49
3.2 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ..... 51
3.3 ANÁLISE DOS DADOS .............................................................. 56
4 RESULTADOS: ANÁLISE DE VALOR DOS ÓLEOS
ESSENCIAIS ..............................................................................57
4.1 ANÁLISE JUNTO A EMPRESAS E ESPECIALISTAS ...................... 57
4.2 ANÁLISE ECONÔMICA ............................................................ 62
4.3 ANÁLISE TECNOLÓGICA ......................................................... 65
4.4 RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO APLICADO: ÓLEO ESSENCIAL
DE PATCHOULI.............................................................................. 69
4.5 SÍNTESE DOS RESULTADOS ..................................................... 77
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS
FUTUROS...................................................................................91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................95
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA....................................... 105
APÊNDICE A - INFORMAÇÕES SOBRE AS ENTIDADES
CONSULTADAS ...................................................................... 109
ANEXO A - DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE
PRODUTOS DE HIGIENE PESSOAL, COSMÉTICOS E
PERFUMES .............................................................................. 115
ANEXO B - RELATÓRIO DE ANÁLISES
CROMATOGRÁFICAS. .......................................................... 123
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1. CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS INDUSTRIAIS E TAMANHO
NO MERCADO GLOBAL EM 2001. .............................................. 10
FIGURA 2. PARTICIPAÇÃO DAS EMPRESAS NO MERCADO BRASILEIRO
DE HIGIENE PESSOAL, PERFUMARIA E COSMÉTICOS. ............... 16
FIGURA 3. PLANTA DE PATCHOULI, ESPÉCIE [POGOSTEMON CABLIN
(BLANCO) BENTH.]. ................................................................ 26
FIGURA 4. SISTEMA DE COMERCIALIZAÇÃO DOS ÓLEOS ESSENCIAIS:
PRINCIPAIS ATORES E RESPECTIVAS ATIVIDADES. .................... 35
FIGURA 5. CRITÉRIOS IMPORTANTES PARA ESCOLHA DE
DETERMINADA INDÚSTRIA FORMULADORA. ............................ 40
FIGURA 6. ATRIBUTOS IMPORTANTES NA ESCOLHA DE DETERMINADO
AGENTE COMERCIAL. ............................................................... 59
FIGURA 7. CUSTOS DE PROCESSAMENTO VERSUS VALOR NO
MERCADO, PARA O ÓLEO DE PATCHOULI OBTIDO POR EXTRAÇÃO
SUPERCRÍTICA. ........................................................................ 64
FIGURA 8. COMPARAÇÃO ENTRE OS CROMATOGRAMAS DE ÍONS
TOTAIS REFERENTES ÀS AMOSTRAS 1,3,4,5 E 6. ....................... 72
FIGURA 9. CROMATOGRAMA DA AMOSTRA 1 COM OS 12 PICOS
IDENTIFICADOS. ....................................................................... 72
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1. CLASSES, CARACTERÍSTICAS E USO DOS ÓLEOS
ESSENCIAIS. ............................................................................. 30
QUADRO 2. APLICAÇÕES DOS ÓLEOS ESSENCIAIS NAS INDÚSTRIAS. .. 46
QUADRO 3. QUADRO SINÓPTICO: FATORES QUE INFLUENCIAM A
ENTRADA DE NOVOS ÓLEOS ESSENCIAIS NO MERCADO. ........... 78
LISTA DE TABELAS
TABELA 1. MERCADO MUNDIAL DE HIGIENE PESSOAL, PERFUMARIA E
COSMÉTICOS: RANKING DOS 10 MAIORES MERCADOS (2008). 11
TABELA 2. TOP 20 – PRODUÇÃO MUNDIAL DE ÓLEOS ESSENCIAIS EM
2007. ....................................................................................... 19
TABELA 3. ÓLEOS ESSENCIAIS PRODUZIDOS NO BRASIL EM 2007 ..... 20
TABELA 4. CARACTERÍSTICAS DO ÓLEO ESSENCIAL DE PATCHOULI. . 25
TABELA 5. COMPARAÇÃO DE PREÇO E RENDIMENTO DO ÓLEO DE
CRAVO E GENGIBRE PARA DUAS TECNOLOGIAS DE EXTRAÇÃO.67
TABELA 6. COMPOSTOS IDENTIFICADOS NA ANÁLISE EM CG-EM
REFERENTES A CADA PICO. ...................................................... 73
TABELA 7. COMPARAÇÃO DOS PERCENTUAIS RELATIVOS ÀS
AMOSTRAS 1,3, 4, 5, E 6. .......................................................... 74
RESUMO
CORRÊA, Janaina Indianara. Inserção de novos óleos
essenciais no mercado: importância do uso de
tecnologias avançadas na agregação de valor. 2010. 122
f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) –
Programa de Pós Graduação em Engenharia Química,
UFSC, Florianópolis.
Os óleos essenciais fazem parte do cotidiano das pessoas
em diversos produtos: alimentos, cosméticos, perfumes e
medicamentos. São ingredientes naturais, obtidos a partir
da extração de matérias-primas vegetais, amplamente
utilizados em diversos setores industriais. Muitas vezes são
elementos que diferenciam e agregam valor aos produtos
no mercado. Este trabalho tem como objetivos entender a
dinâmica de inserção de novos óleos essenciais no
mercado e avaliar a importância do uso de tecnologias
avançadas de extração na agregação de valor destes óleos.
A estratégia de investigação adotada nesta pesquisa foi a
de múltiplos métodos consistindo de: análise documental;
entrevistas direcionadas com profissionais de pequenas,
médias e grandes empresas, e com especialistas da área
que atuam em associações e universidades; estudo de caso
do óleo de patchouli, extraído por hidrodestilação e
extração supercrítica com dióxido de carbono. Os óleos
obtidos foram analisados por cromatografia gasosa
acoplada a espectrometria de massas e avaliados
olfativamente por um perfumista profissional. O estudo de
caso do patchouli mostrou que nem sempre os especialistas
consideram que uma inovação tecnológica de processo
possa ser fator determinante para desencadear uma
inovação de produto ao consumidor. Os resultados
demonstraram que somente o aporte tecnológico não é
suficiente para a inserção de um novo óleo essencial no
mercado. No entanto, ficou claro que a tendência destes
setores é valorizar produtos que possam apresentar algum
indicador valioso nos dias atuais, como sustentabilidade
nos processos envolvidos no cultivo de plantas e nos
processos produtivos e ausência de elementos
contaminantes. Nesse sentido, destaca-se o potencial do
processo de extração com fluido supercrítico na obtenção
de produtos de alta qualidade.
Palavras-chave: óleos essenciais, tecnologias avançadas,
agregação de valor
ABSTRACT
CORRÊA, Janaina Indianara. Inserção de novos óleos
essenciais no mercado: importância do uso de
tecnologias avançadas na agregação de valor. 2010. 122
f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) –
Programa de Pós Graduação em Engenharia Química,
UFSC, Florianópolis.
Essential oils are part of everyday life in various products:
foods, cosmetics, perfumes and medicines. They are
natural ingredients, derived from the extraction of raw
vegetables, widely used in various industrial sectors. Often
are elements that differentiate and add value to products on
the market. This research aims to understand the dynamics
of adding new essential oils on the market and evaluate the
importance of the use of advanced extraction technologies
in the aggregate value of these oils. The strategy adopted
in this research consists of multiple methods: document
analysis; targeted interviews with professionals in small,
medium and large companies and experts who work in
associations and universities; a case study of oil of
patchouli, extracted by hydrodistillation and carbon
dioxide supercritical extraction. The oils were analyzed by
gas chromatography-mass spectrometry and evaluated by
professionals. The patchouli case study showed that not
always the experts believe that a technological innovation
process can be a determining factor to trigger an
innovation of product. The results showed that only the
technological support is not enough for the insertion of a
new essential oil on the market. However, it became clear
that the trend in these sectors today is to value products
that can provide some valuable indicator, such as
sustainability in the processes involved in growing plants
and the production process and the absence of
contaminants. In this sense, we highlight the potential of
the supercritical fluid extraction (SFE) to obtain high
quality products.
Keywords: essential oils, advanced technologies, added
value
1 INTRODUÇÃO
Este capítulo está dividido em: Justificativa; Objetivos:
Geral e Específicos; Estrutura da Pesquisa.
1.1 Justificativa
Os óleos essenciais têm grande potencial de agregar valor
e definir características de muitos produtos, como as fragrâncias e
aromas. Os óleos são parte integrante de muitos produtos e
podem ser o fator diferenciador de qualidade. As indústrias de
cosméticos, de alimentos e farmacêutica são as maiores
beneficiadas pelo uso dos óleos essenciais e podem ter seus
produtos diferenciados em função dos óleos que utilizam.
É possível obter óleos essenciais com maior valor
agregado por meio de tecnologias avançadas de extração, é o caso
da extração por fluido supercrítico. Porém esta valorização do
produto nem sempre é percebida pelo mercado e
consequentemente este produto não é absorvido. Existe uma
discrepância entre tecnologia e expectativa de consumo, assim,
um produto de alta tecnologia não necessariamente é sinônimo de
sucesso no mercado e foi o que se percebeu com os óleos
essenciais.
Neste trabalho foi analisado o setor de higiene pessoal,
perfumaria e cosméticos que se utiliza de óleos essenciais para
desenvolver seus mais variados produtos. Identificaram-se alguns
dos fatores que determinam o acesso de novos óleos essenciais
nestes setores e como eles são comercializados. Avaliou-se a
importância do uso de tecnologias avançadas na agregação de
valor destes óleos e como este aporte tecnológico é percebido
pelo mercado.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de
Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) existem
no Brasil mais de 1.600 empresas atuando nestes setores, sendo
que 15 empresas de grande porte representam 70% do
faturamento total e possuem faturamento líquido acima dos
R$100 milhões.
O Brasil está entre os três primeiros colocados no rol dos
países que mais valorizam a beleza. Conforme dados do
Euromonitor de 2008, citado pela ABIHPEC, o Brasil é o terceiro
maior mercado consumidor de produtos de higiene pessoal,
perfumaria e cosméticos do mundo, ficando atrás somente dos
Estados Unidos e Japão.
Dentre os fatores que contribuem para o excelente
crescimento do setor está a participação crescente da mulher
brasileira no mercado de trabalho; o desenvolvimento acelerado
da tecnologia de ponta, favorecendo lançamentos constantes de
novos produtos e ainda o aumento do poder aquisitivo da
população em geral.
Os óleos essenciais ocupam vários espaços na vida das
pessoas não somente nos setores de higiene pessoal, perfumaria e
cosméticos, mas também nas áreas de alimentos e medicamentos
e sua aplicação vem crescendo no setor de aromaterapia. Os óleos
podem estar presentes no café da manhã, nos chás de camomila e
erva-doce, nos produtos de higiene pessoal, seja no creme dental,
com mentol, ou nos sabonetes, perfumes e cosméticos. Nas
refeições, mais uma vez aparecem os óleos essenciais na
composição de aromas, que embora não possuam nenhuma
qualidade nutritiva desenvolvem papel essencial na aceitação do
produto.
O efeito terapêutico de alguns produtos deve-se aos
princípios ativos de alguns óleos essenciais, como o óleo de
candeia, cujo princípio ativo é o alfa-bisabolol de propriedades
antibacterianas, que é empregado em máscaras faciais. O óleo de
eucalipto, por exemplo, pode ser usado na formulação de
medicamentos, para contusões ou dores de garganta.
Alguns exemplos de plantas que são fontes de óleos
essenciais e as indústrias que as utilizam são (GOMES, 2005):
a. Pau-rosa (Aniba roseodora)
zizanoides) utilizados na perfumaria;
e
vetiver
(Vetiveria
b.
A indústria cosmética utiliza, dentre vários, a
camomila (Chamomilla recutita);
c.
Limão (Citrus limon, citrus aurantifolia l. swingle),
laranja (Citrus simensis) e mandarina (Citrus reticulata blanco)
utilizados como aromatizantes para a indústria alimentícia.
d.
A indústria farmacêutica utiliza, por exemplo,
eucalipto (Eucalyptus globulus), menta (Mentha arvensis, Mentha
piperita) e camomila (Chamomilla recutita).
Cabe citar a erva-baleeira (Cordia verbenácea) uma planta nativa
da Mata Atlântica que é a base de um antiinflamatório que já
recebeu o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).
e.
Produtos de Domissanitários: eucalipto (Eucalyptus
citriodora), pinus (Pinus sp) e citronela (Cymbopogon nardus);
O óleo essencial de Patchouli [Pogostemon cablin
(Blanco) Benth.], que será estudado com mais ênfase neste
trabalho, é usado na perfumaria constituindo uma nota de base
importante para acordes amadeirado e de raízes. Nas indústrias de
fragrâncias e aromas desempenha papel importante, pois é um
bom agente de “mascaramento” de cheiros e gostos indesejáveis
(HOLMES, 1997).
As informações e os conhecimentos sobre os setores de
higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, bem como sobre os
óleos essenciais, não estão disponíveis de forma sistêmica, e
nota-se a carência de dados consistentes. Trata-se de setores
altamente competitivos, onde há muitas variáveis envolvidas,
muitos agentes econômicos e uma série de inter-relações entre
estes agentes que não são de fácil entendimento. Grande parte das
informações não é de acesso público e são tratadas como
estratégicas.
Na literatura científica encontram-se muitos estudos sobre
os óleos essenciais, mas abordam principalmente os
conhecimentos técnicos relacionados aos métodos de cultivo e
colheita de plantas, formas de extração, métodos para isolar
compostos, análise de seus princípios ativos, dentre outros.
Questões relacionadas à agregação de valor aos óleos
essenciais por meio de técnicas avançadas e de que forma essa
tecnologia é percebida pelo mercado ainda não encontram
respostas na literatura de forma definida e consolidada. Com
vistas a aprofundar e ilustrar a investigação, esta dissertação
explorou o óleo essencial de patchouli, que foi extraído por meio
de duas tecnologias de extração, a supercrítica e a
hidrodestilação, e as análises cromatográficas e olfativas dos
óleos trouxeram mais subsídios para entender como eles são
percebidos pelo mercado.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
O objetivo fundamental deste trabalho é:
Compreender a dinâmica de inserção de novos óleos
essenciais na indústria de higiene pessoal, perfumaria e
cosméticos, e avaliar a importância do uso de tecnologias
avançadas na agregação de valor desses óleos, usando como
exemplo o óleo essencial de patchouli.
1.2.2 Objetivos Específicos
1.
Incorporar contribuições de especialistas na análise
de mercado dos óleos essenciais;
2.
Analisar o mercado atual de óleos essenciais e
entender o sistema de comercialização dos óleos essenciais nos
setores de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos.
3.
Identificar as características de inserção de novos
óleos essenciais nos setores de higiene pessoal, perfumaria e
cosméticos;
4.
Avaliar como tecnologias avançadas podem agregar
valor aos óleos essenciais e como este aporte tecnológico é
percebido pelo mercado.
1.3 Estrutura da Pesquisa
Este documento está organizado em capítulos assim
distribuídos:
No Capítulo 2 é apresentada uma revisão bibliográfica
sobre os setores de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos
(HPPC) e sobre os óleos essenciais. No Capítulo 3 é apresentada
a metodologia de pesquisa, enquanto que no Capítulo 4
apresentam-se os resultados da pesquisa. Por fim, no Capítulo 5
estão as considerações finais.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Apresenta-se a seguir uma revisão bibliográfica abordando
os seguintes aspectos: o setor de produtos de higiene pessoal,
perfumaria e cosméticos (HPPC); matérias-primas naturais no
setor de produtos de HPPC; óleos essenciais: propriedades dos
óleos essenciais; óleo essencial de patchouli; características e
classificação; critérios para inserção de novos óleos essenciais no
mercado; sistema de comercialização dos óleos essenciais;
características e tendências da produção e de consumo.
2.1 O setor de produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria
e Cosméticos
Por que estudar as indústrias de perfumes, cosméticos e de
higiene pessoal? A resposta é simples: é uma indústria
significativamente vital, não necessariamente em termos de sua
contribuição para o PIB mundial, mas pela sua notável influência
na vida social dos seres humanos em nível mundial. (KUMAR,
2005).
O uso de cosméticos remonta há, pelo menos, 30 mil anos.
Muitos cosméticos se originaram na Ásia, mas os primeiros
registros de seu uso estão no Egito. Mais ou menos no ano de 180
d.C., na era Romana, um médico grego chamado Claudius Galen
realizou sua própria pesquisa na manipulação de produtos
cosméticos, iniciando, assim, a era dos produtos químicofarmacêuticos.
A Resolução RDC nº 211, de 14 de julho de 2005, da
ANVISA, estabelece a definição e Classificação de Produtos de
higiene pessoal, Cosméticos e Perfumes e outros com
abrangência neste contexto. Nesse sentido, de acordo com o
Anexo I dessa Resolução, foram definidos:
Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e
Perfumes, são preparações constituídas por
substâncias naturais ou sintéticas, de uso
externo nas diversas partes do corpo
humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios,
órgãos genitais externos, dentes e
membranas mucosas da cavidade oral, com o
objetivo exclusivo ou principal de limpá-los,
perfumá-los, alterar sua aparência e ou
corrigir odores corporais e ou protegê-los ou
mantê-los em bom estado.
A definição harmônica adotada pelo MERCOSUL, por
meio da Resolução nº 110 de 1994 é essencialmente a mesma
definição de cosmético adotada pela União Européia (UE):
Produtos para a higiene pessoal, cosméticos
e perfumes aquelas preparações constituídas
de substâncias naturais e sintéticas ou suas
misturas, de uso externo nas diversas partes
do corpo humano, pele, sistema capilar,
unhas, lábios, e órgãos genitais externos ou
nos dentes e nas membranas mucosas da
cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou
principal de limpá-los, perfumá-los, mudar
sua aparência e/ou corrigir odores corporais
e/ou protegê-los ou mantê-los em bom
estado.
Esta definição passou a ser utilizada pelos diversos agentes
envolvidos com o setor, e é de grande importância, pois procura
convergir com as definições adotadas em todo o mundo, trazendo
implicações importantes para a dinâmica do setor, por exemplo,
na
classificação
dos
produtos
comercializáveis
internacionalmente (GARCIA E SALOMÃO, 2008).
Ainda de acordo com a Resolução RDC nº 211, de 14 de
julho de 2005, da ANVISA, os produtos de higiene pessoal,
cosméticos e perfumes são classificados em dois tipos:
Produtos de Grau 1: são produtos que se caracterizam por
possuírem propriedades básicas ou elementares, cuja
comprovação não seja inicialmente necessária e não requeiram
informações detalhadas quanto ao seu modo de usar e suas
restrições de uso, devido às características intrínsecas do
produto. Incluem-se neste grupo produtos como: água de colônia,
perfume, batom, creme, desodorante axilar (exceto os com ação
antitranspirante); dentre outros.
Produtos de Grau 2: são produtos que possuem indicações
específicas, cujas características exigem comprovação de
segurança e/ou eficácia, bem como informações e cuidados,
modo e restrições de uso. Neste grupo estão produtos como:
brilho labial infantil, bloqueador solar/anti-solar, lenços
umedecidos para higiene infantil, maquiagem com fotoprotetor,
dentre outros.
Segundo a Resolução, os critérios para esta classificação
foram definidos em função da probabilidade de ocorrência de
efeitos não desejados devido ao uso inadequado do produto, sua
formulação, finalidade de uso, áreas do corpo a que se destinam e
cuidados a serem observados quando de sua utilização.
Esta resolução completa é apresentada no Anexo A deste
trabalho.
A indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos
(HPPC) é um segmento da indústria química cuja atividade
básica é a manipulação de fórmulas e pode ser dividida em três
segmentos segundo Capanema et al.(2007):
a. Higiene pessoal: composto por sabonetes, produtos
para higiene oral, desodorantes, absorventes higiênicos, produtos
para barbear, fraldas descartáveis, talcos, produtos para higiene
capilar, etc.;
b. Cosméticos: produtos de coloração e tratamento de
cabelos, maquiagem, protetores solares, cremes e loções para
pele, depilatórios etc.;
c. Perfumaria: água de colônia, perfumes, produtos pósbarba etc.
Segundo Kumar (2005), a estrutura das indústrias de
HPPC em termos de classificação de produto e o tamanho no
mercado global, é ilustrada na Figura 1.
Figura 1. Classificação dos produtos industriais e tamanho
no mercado global em 2001.
Fonte: Elaborado por Kumar (2005).
De acordo com dados da Associação Brasileira da
Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos –
ABIHPEC - existem no Brasil 1.694 empresas atuando neste
mercado, sendo que 15 empresas de grande porte, com
faturamento líquido de impostos acima dos R$ 100 milhões,
representam 70% do faturamento total. A maior empresa nacional
do setor, a Natura, atingiu faturamento de US$ 2,4 bilhões em
2007, e O Boticário, segunda maior empresa nacional, atingiu
vendas de US$ 470 milhões. O sudeste é a região onde se
concentra o maior número de empresas, totalizando 1.079 delas,
seguida da região sul com 336 empresas.
O Brasil ocupa a terceira posição em relação ao mercado
mundial de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, conforme
dados do Euromonitor de 2008, citado pela ABIHPEC, ficando
atrás somente dos Estados Unidos e Japão. É o primeiro mercado
em desodorante; segundo mercado em produtos infantis, produtos
masculinos, higiene oral, produtos para cabelos, proteção solar,
perfumaria e banho; quarto em cosmético cores; sexto em pele e
oitavo em depilatórios.
A Tabela 1 traz uma comparação entre os dez maiores
mercados de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos em 2008.
Tabela 1. Mercado mundial de Higiene Pessoal,
Perfumaria e Cosméticos: Ranking dos 10 maiores mercados
(2008).
País
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Mundo
Estados Unidos
Japão
Brasil
China
Alemanha
França
Reino Unido
Rússia
Itália
Espanha
Top 10
US$ Bilhões
2008
333,50
52,14
33,75
28,77
17,73
16,86
16,23
15,72
12,38
12,25
10,64
216,47
Crescimento
(%)
9,13
-0,05
11,92
27,46
22,10
8,04
6,8
-3,54
14,51
7,97
10,69
9,17
Participação
(%)
15,6
10,1
8,6
5,3
5,1
4,9
4,7
3,7
3,7
3,2
64,9
Fonte: Elaborado com base em dados da Euromonitor,
extraído de ABIHPEC, 2008.
Vários fatores contribuem para o crescimento do setor
brasileiro, dentre os quais se destacam:
1. Participação crescente da mulher brasileira no mercado
de trabalho, exigindo maior conveniência e praticidade dos
produtos;
2. A incorporação de tecnologia de ponta e o consequente
aumento da produtividade pelas empresas favorecendo os preços
praticados pelo setor, que tem aumentos menores do que os
índices de preços da economia em geral;
3. Lançamentos constantes de novos produtos atendendo
cada vez mais às necessidades do mercado;
4. Aumento da expectativa de vida, o que traz a
necessidade de conservar uma impressão de juventude. Como
resultado do envelhecimento da população a indústria cosmética
está focada em uma maior gama de produtos para este nicho de
mercado;
5. Aumento do poder aquisitivo da população em geral
que passa a consumir mais cosméticos. As mudanças na renda da
população brasileira também contribuem para manter a robustez
deste setor e como a classe popular ganhou força no consumo
acaba beneficiando o mercado da beleza.
6. Aumento significativo do consumo de produtos
cosméticos masculinos.
Segundo relatório do SEBRAE (2008), todas essas
variáveis mudam o perfil de consumo e aumentam o poder de
compra. Mudanças climáticas e no estilo de vida também criam
oportunidades para novos nichos de produtos. As restrições legais
exercem impacto positivo no setor ao aumentar a confiança do
consumidor e estabelecer bases para o comércio internacional.
Neste contexto, surgem também oportunidades para utilizar os
avanços tecnológicos visando aumentar a eficácia e a qualidade
do produto.
Na indústria de HPPC, os principais atores mundiais do
setor são as grandes empresas mundiais, fabricantes de produtos
cosméticos e detentoras de capacidades tecnológicas e, sobretudo,
detentoras de ativos comerciais que as permitem comandarem a
cadeia de produção, distribuição e comercialização de
mercadorias (GARCIA e FURTADO, 2003 apud SALOMÃO,
2008).
Garcia (2005) destaca os principais atores da indústria
internacional de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos e
como estas empresas estão organizadas. Nesse sentido, são
identificadas duas formas básicas de organização das grandes
empresas internacionais.
A primeira forma de organização são as grandes empresas
diversificadas, que atuam na indústria de cosméticos, higiene
pessoal, perfumaria, farmacêutica e até alimentos. Neste modelo
de organização citam-se:
1. Unilever, empresa anglo-holandesa, que é talvez a mais
diversificada das empresas que atuam no setor, já que está
presente nos segmentos de higiene pessoal, produtos cosméticos,
alimentos, higiene e limpeza, entre outros;
2. A estadunidense Procter & Gamble, fortemente
concentrada em produtos de higiene pessoal;
3. Johnson & Johnson, estadunidense, que agrega as
atividades de cosméticos e higiene pessoal (personal care);
4. Colgate-Palmolive, outra empresa dos EUA, com forte
atuação nos segmentos de produtos para higiene bucal e higiene
pessoal.
Nestas empresas as estratégias voltadas para um
determinado setor, como cosméticos, podem ser de grande valia
também para os setores de higiene pessoal ou farmacêutico. Ao
desenvolver novos produtos pode-se chegar a aplicações para os
diversos setores correlatos.
A segunda forma de configuração, segundo o mesmo
autor, são as empresas com atuação concentrada na indústria de
cosméticos e, por vezes, perfumaria. Dentre as empresas
internacionais que atuam desta forma, encontram-se:
1. O grupo francês L’Oreal que é proprietário (ou
licenciado) de mais de 19 marcas internacionais, entre elas
L´Oreal Paris, Giorgio Armani, Laboratories Garnier e Lancôme.
2. O grupo japonês Shiseido que tem suas operações
concentradas em cosméticos, produtos para banho e outros
ligados ao setor (produtos para salões de beleza, alimentos para
saúde e beleza);
3. A estadunidense Estee Lauder;
4. Revlon,
também
norte-americana
exclusivamente na indústria de cosméticos.
que
atua
Nestas empresas o foco das suas atividades produtivas e
tecnológicas é a indústria de cosméticos. São produtos
geralmente mais sofisticados, onde a escala de produção é menos
importantes em relação a outros atributos do produto relacionados
à diferenciação.
Num cenário de grande concorrência a agregação de valor
aos produtos através da incorporação de essências e fragrâncias
diferenciadas bem como a embalagem, são fatores chave para o
sucesso de uma empresa. Cada vez mais as Casas de Aromas e
Fragrâncias estão sendo chamadas para contribuir com o conceito
de marketing e trabalhar com as equipes de design na criação de
novos produtos destaca Smith (1998).
Garcia (2005) analisa a estratégia das empresas que
comercializam seus produtos por meio das vendas diretas (doorto-door) ou vendas porta-a-porta, que seria uma variação da
estratégia concentrada. Os casos mais importantes dessa variante
são as norte-americanas Avon, Mary Kay e Nu Skin.
As cinco maiores empresas do setor, segundo dados do
Euromonitor International, citadas por Kumar (2005), são:
L'Oreal, que continua sendo a líder global em cosméticos, com
uma quota de mercado de 16,8% e faturamento bruto de cerca de
US$ 4 bilhões, seguida da Estée Lauder (10,9%), Procter &
Gamble (9,3%), Revlon (7,1%), e Avon (4,7%). Shiseido (4,2%),
Coty (3,3%), Kanebo (2,1%), Kose (2%) e Chanel (1,7%) estão
entre as 10 maiores. Em conjunto, estas empresas representam
62,1% ou US$ 15,15 bilhões de um total de US$ 24,4 bilhões do
mercado global de cosméticos.
No Brasil, as principais empresas são a Natura e O
Boticário, que consolidaram suas marcas no mercado brasileiro e,
com isso, conquistaram uma posição de destaque, estando até
mesmo na liderança em alguns segmentos. As estratégias
adotadas por estas empresas são bastante diferenciadas. Enquanto
a Natura optou pela venda direta como principal meio de
comercialização de seus produtos, O Boticário se destaca por
comercializar seus produtos por meio de lojas exclusivas em
sistema de franquia. Atualmente é detentora da maior rede
mundial de franquias de perfumaria e cosméticos e fechou o ano
de 2006 com mais de 2.300 unidades.
A participação das empresas, no mercado brasileiro, em
2005 é apresentada na Figura 2.
Outros
J&J 2,5% 6,50%
Procter
Unilever
2,9%
Gillette
13,2%
Natura
5,0%
O Boticário
11,3%
5,9%
Avon 7,5%
L'Oréal 6,1%
Colgate
7,4%
Figura 2. Participação das Empresas no Mercado
Brasileiro de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos.
Fonte: Dados de Euromonitor (2004) extraído de
Capanema et al. (2007).
Dentro do setor global de cosméticos, o mercado dos
cosméticos naturais (sem ingredientes e aditivos sintéticos),
embora ainda pequeno, cresce de maneira rápida ultrapassando
até mesmo o mercado cosmético tradicional. Este nicho de
mercado continua a se beneficiar da crescente preocupação
mundial com a saúde e a crescente ênfase da mídia nestas
questões. Esta tendência se reflete de diferentes formas em
diversos produtos existentes no mercado, notadamente nos
setores cosmético e de alimentos.
2.2 Matérias-primas naturais no setor de produtos de
Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos
A demanda da indústria cosmética por matérias-primas e
ingredientes de origem vegetal, substâncias com comprovados
efeitos biológicos, antioxidantes e antienvelhecimento, formadas
por princípios ativos, extratos de polpas de frutos, extratos de
pétalas de flores, raízes e de folhas, vem aumentando no mercado
nacional e mundial.
Para Guerra e Nodari (2003), os componentes da
biodiversidade podem fornecer uma ampla gama de produtos de
importância econômica. A diversidade da flora brasileira revela
ótimas oportunidades para o desenvolvimento de novos produtos
seja nos setores de perfumaria, cosméticos, higiene pessoal ou
ainda no setor de produtos medicinais. Segundos os autores, a
biodiversidade brasileira pode ser entendida como uma preciosa
biblioteca genética mantida em seus ecossistemas naturais, na
qual apenas uma pequena parte de seus componentes foi
adequadamente estudada e cujos benefícios futuros ainda não são
conhecidos.
Para Ehlrich e Wilson (1991) apud Simões et al (2003), é
fundamental estabelecer programas de conservação da
diversidade biológica uma vez que a humanidade já recebeu
inúmeros benefícios advindos diretamente da biodiversidade na
forma de alimentos, produtos industriais e medicamentos e ainda
pode obter mais benéficos no futuro.
O Brasil é o país com a maior diversidade genética vegetal
do mundo, contando com mais de 55.000 espécies catalogadas, e
neste sentido as plantas são uma fonte importante de produtos
naturais biologicamente ativos. Em termos de números, a
Amazônia possui 30.000 espécies vegetais, o que representa 23%
do total de espécies do planeta, onde apenas 5% foram estudadas
e 1% é usada como matéria-prima para a indústria.
Essas tendências e oportunidades impulsionam as líderes
globais do setor a saírem na frente nas pesquisas de
desenvolvimento de novas tecnologias e novos conceitos. Morais
(2009) cita como exemplo a Avon, que lançou no mercado
brasileiro a primeira fragrância completamente natural. A
fragrância mistura óleos essenciais de flores e extratos de pepino
e melão, as notas de saída são cítricas e reúnem óleos essenciais
de bergamota italiana e grapefruit. As notas de corpo são florais e
constituídas de óleos essenciais de flores como rosa absoluta,
jasmim absoluto, gerânio e petitgrain, enquanto vetiver do Haiti,
sândalo australiano e cedro branco marcam as notas de fundo.
Outras empresas como The Body Shop (Inglaterra), Aveda (EUA),
Yves Rocher e L’Occitane (França) e a linha Ekos da Natura
(Brasil) também incorporam o conceito de cosméticos naturais.
No caso de cosméticos à base de produtos naturais, as
matérias primas desempenham papel fundamental no
desenvolvimento e no sucesso de uma empresa desse segmento.
Neste sentido, ressalta-se a importância de uma atenção maior a
estes insumos naturais e o papel estratégico da biodiversidade
brasileira no setor. A Natura já utiliza em seus produtos diversas
matérias-primas de origem vegetal, na forma de extratos, óleos ou
compostos. Segundo Gallucci (2009), a escolha de fornecedores
de insumos desenvolvidos com espécies brasileiras ou exóticas é
feita levando em conta um rigoroso processo de rastreabilidade e
sustentabilidade, ou seja, considerando os critérios econômicos,
sociais e ambientais.
Alguns exemplos de substancias naturais utilizadas na
indústria cosmética e suas ações são descritas a seguir, conforme
Moraes (2009):
1. Aloe Vera – Composta por aloína, minerais, elastina,
colágeno, vitaminas e enzimas, confere emoliência, umectação,
adstringência e cicatrização, ativando também o crescimento dos
cabelos.
2. Bergamota – Substâncias encontradas em sua casca
apresentam propriedades tonificantes, anti-sépticas, cicatrizantes
e desodorantes.
3. Camomila – Óleos essenciais, vitamina C, flavonóides
e bisabolol conferem propriedades calmantes, cicatrizantes, antisépticas e emolientes.
4. Cacau – Os óleos de suas amêndoas promovem
proteção labial e hidratação corporal.
5. Ginseng – Vitaminas, pectina e óleos essenciais
encontrados em sua composição promovem ação estimulante e
tônica.
Segundo relatório do SEBRAE (2008), alguns dos
ingredientes naturais mais procurados para a fabricação de
cosméticos naturais, são: Óleo de sementes de Maracujá
(Passiflora); Óleo de Andiroba (Carapas guianensis); Óleo de
Buriti (Mauritia venifera); Óleo de Castanha-do-pará
(Bertholletia Excelsa H. B. K.); Óleo de Copaíba (Copaífera offi
cinalis. Jacq.); Óleo de Pracaxi (Pentaclethra filamentosa);
Manteiga de Cupuaçu (Theobroma grandifl orum); Manteiga de
Muru-Muru (Astrocarium murumuru); Manteiga de Ucuúba
(Virola sebifera); Mel e derivados.
Em virtude do crescente interesse do mercado por produtos
naturais houve uma valorização dos óleos essenciais. Segundo
relatório da ITC (1998) citado por Krucken (2005) estima-se que
3000 óleos são conhecidos, dos quais aproximadamente 10%, ou
seja, 300 são considerados de importância comercial e os que
representam perspectivas mais promissoras são: óleos cítricos,
vetiver, patchouli, sândalo, mentas, cedro, noz-moscada e cravoda-índia.
Na tabela 2 apresentam-se os 20 óleos essenciais mais
produzidos mundialmente em 2007, segundo Lawrence (2009).
Tabela 2. Top 20 – Produção mundial de óleos essenciais
em 2007.
Óleos essenciais
V (ton.)
Óleos essenciais
V (ton.)
1.
Laranja
51.000
11. Patchouli
1.200
2.
Menta Arvensis
32.000
12. Scotch spearmint
1.040
3.
Limão
9.200
13. Eucalyptus
citriodora
1.000
4.
Eucalipto
4.000
14. Cedro China
800
5.
Hortelã Pimenta
3.300
15. Litsea cubeba
760
6.
Citronela
1.800
16. Native spearmint
750
7.
Cravo-da-índia
1.800
17. Cedro Texas
550
8.
Sassafrás Chinês
1.800
18. Anis estrelado
500
9.
Lima
1.800
19. Mandarina
460
10. Lavandim
1.300
20. Cedro Virginia
300
Fonte: Elaborado a partir de Lawrence, 2009.
Na tabela 3 a seguir, encontram-se os óleos de maior
produção no Brasil em 2007, segundo o mesmo autor.
Tabela 3. Óleos essenciais produzidos no Brasil em 2007
Produção de óleos essenciais brasileiros (toneladas)
Laranja
34.000
Cabreúva
10
Eucalyptus citriodora
500
Laranja Petitgrain
10
Lima-da-pérsia
200
Eucalyptus stigeriana
5,0
Sassafrás
50
Palmarosa
5,0
Copaíba
50
Capim limão
3,0
Eucalipto
45
Ylang ylang
2,0
Laranja amarga
40
Caboré
0,5
Mandarina
40
Carqueja
0,2
Lima
40
Cedrela odorata
0,2
Citronela
30
Ayou
0,2
Pau-Rosa
30
Phoebe
0,2
Vetiver
15
Lantana camara
0,2
Hortelã Pimenta
10
Fonte: Elaborado a partir de Lawrence, 2009.
O Brasil por sua imensa diversidade biológica torna-se
assim um potencial gerador de conhecimento. Neste sentido o
acesso ao patrimônio genético, ou seja, a obtenção de amostra de
componente do patrimônio genético para fins de pesquisa
científica, desenvolvimento tecnológico ou bioprospecção,
visando a sua aplicação industrial ou de outra natureza
(Orientação Técnica nº 1 do CGEN) é de suma importância para
o desenvolvimento de novos produtos, embora algumas normas
dificultem a pesquisa devido a questões burocráticas
2.3 Óleos essenciais
Segundo a Resolução RDC nº 2 de 15 de janeiro de 2007
da ANVISA, que dispõe sobre o Regulamento Técnico sobre
Aditivos Aromatizantes, os óleos essenciais estão compreendidos
na classe de “Aromatizantes Naturais” sob a seguinte definição:
“São produtos voláteis de origem vegetal
obtidos por processo físico (destilação por
arraste com vapor de água, destilação a
pressão reduzida ou outro método
adequado). Os óleos essenciais podem se
apresentar isoladamente ou misturados entre
si,
retificados,
desterpenados
ou
concentrados. Entende-se por retificados, os
produtos que tenham sido submetidos a um
processo de destilação fracionada para
concentrar determinados componentes; por
concentrados, os que tenham sido
parcialmente
desterpenados;
por
desterpenados, aqueles dos quais tenha sido
retirada a quase totalidade dos terpenos”.
“Óleos essenciais são óleos aromáticos concentrados
encontrados nas várias partes das plantas como as flores,
sementes, cascas, raízes e cascas de algumas frutas”. (Food and
Agriculture Organization of the United Nations – FAO, 1995).
De acordo com a Nomenclatura Comum do Mercosul –
NCM (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior – MDIC, 2008) 1, os óleos essenciais estão classificados
dentro do Capítulo 33 – “Óleos essenciais e resinóides;
produtos de perfumaria ou de toucador preparados e preparações
cosméticas” e, mais especificamente, sob a NCM 3301, que
segue:
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, 2008, NCM 3301, seção VI, Capítulo 33:
“Óleos essenciais (desterpenados ou não),
incluídos os chamados “concretos” ou
“absolutos”; resinóides; oleorresinas de
extração; soluções concentradas de óleos
essenciais em gorduras, em óleos fixos, em
ceras ou em matérias análogas, obtidas por
tratamento de flores através de substâncias
gordas ou por maceração; subprodutos
terpênicos residuais da desterpenação dos
óleos
essenciais;
águas
destiladas
aromáticas e soluções aquosas de óleos
essenciais”.
As designações são amplas e possibilitam a
comercialização de produtos significativamente diferentes sob a
mesma codificação, recaindo sobre alíquotas de tributação
semelhantes. Ou seja, o valor de tributação pode ser o mesmo, na
1
A NCM tem por base o Sistema Harmonizado de designação e de Codificação de Mercadorias –
SH, método internacional de classificação de mercadorias que apresenta uma estrutura de códigos
e respectivas descrições. Este Sistema foi criado para facilitar o desenvolvimento do comércio
internacional, assim como aprimorar a coleta, a comparação e a análise das estatísticas,
particularmente as do comércio exterior. Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, 2008.
exportação de um óleo essencial bruto, de baixo valor agregado, e
de um óleo essencial refinado, com alto valor agregado, pois
ambos estarão enquadrados na NCM 3301 (KRUCKEN, 2005).
Este é um dos fatores que dificulta a obtenção de dados
representativos do setor.
2.3.1 Propriedades dos óleos essenciais
A composição química da maioria dos óleos essenciais é
muito complexa. Embora possa haver apenas um ou poucos
compostos majoritários que são predominantemente compostos
de terpeno, podem existir outros em menores teores e alguns em
baixíssimas quantidades (traços).
Por exemplo, o 1,8-cineol (ou eucaliptol) é o principal
composto do óleo de eucalipto e, geralmente, seu teor é em torno
de 80%. Entretanto, esta mesma substância foi detectada no óleo
de bergamota num teor próximo de 0,002%. Nesses casos, diz-se
então, que este composto é um constituinte-traço do óleo de
bergamota (SIMÕES e SPITZER, 2003).
Para Green (2002) estes compostos traços, ainda que em
baixas concentrações, podem modificar fortemente a percepção
do aroma. Uma vez que o nariz humano e a língua são órgãos
estreitamente inter-relacionados, os óleos essenciais também
conferem um gosto e isto é importante na aplicação dos sabores.
Na temperatura ambiente os óleos essenciais são líquidos
móveis, mas alguns podem cristalizar parcialmente abaixo de
0°C. Todos os óleos essenciais são inflamáveis devido ao seu
caráter volátil. Por isso alguns óleos apresentam riscos à saúde e à
segurança, que incluem irritações na pele e olhos ou efeitos
tóxicos, e estes óleos devem ser manuseados com cuidado.
2.3.2 Óleo essencial de Patchouli
Patchouli [Pogostemon cablin (Blanco) Benth.] é uma
planta da espécie da família das Lamiaceae e segundo Di Stasi e
Lima (2002), trata-se de uma importante família, do ponto de
vista medicinal, pois nela se concentra um grande número de
plantas referidas e citadas como medicinais em todo o mundo.
Conforme Holmes (1997), a planta é originária do sudeste da
Ásia e agora cresce principalmente na Indonésia, China,
Filipinas, Malásia, Índia, Seychelles e Brasil, sendo a planta uma
erva tropical perene.
No Brasil, a região de Votuporanga tem a maior área de
cultivo de Seringueiras, e as enormes sombras das árvores
proporcionam ótimas condições para o crescimento do patchouli.
Seu óleo essencial é um líquido viscoso âmbar, produzido
por destilação com arraste a vapor, ou outros processos
apropriados, como a extração supercrítica. É um óleo usado em
perfumaria sendo uma nota de base importante para acordes
amadeirado e de raízes. Nas indústrias de fragrâncias e aromas
desempenha papel importante, pois é um bom agente de
“mascaramento” de cheiros e gostos indesejáveis (HOLMES,
1997).
Por ser composto principalmente por sesquiterpenos, que
são compostos pesados e por isso de difícil volatilização, o óleo
essencial de patchouli é considerado um excelente fixador pela
indústria de perfumaria.
O óleo de patchouli tem a propriedade rara de melhorar
seu aroma com o tempo. Ele é de um marrom-avermelhado
profundo e seu aroma tem sido comparado com o de sótãos
mofados e casacos velhos, tendo um odor pungente e persistente.
Tem um sabor acre, indicando um uso possível em distúrbios do
processo digestivo.
A Tabela 4 apresenta algumas características do óleo
essencial de patchouli.
Tabela 4. Características do óleo essencial de patchouli.
Nota
Doce-amadeirado
Sabor
Amargo, Pungente e Doce
Efeitos
Estimulante, relaxante, digestivo
Toxicidade oral
Nenhuma
Irritação da pele
Não irritante
Sensibilização
Nenhuma
Fonte: Adaptado de HOLMES, 1997.
São atribuídas várias propriedades benéficas tanto à planta
quanto ao seu óleo essencial, principalmente por parte dos
adeptos de medicina alternativa. Holmes (1997) destaca algumas
destas propriedades: estimulante gastrointestinal; antiinfeccioso;
antiinflamatório;
analgésico;
regenerador
de
tecidos
(cicatrizante); repelente e desodorante. Pode ser estimulante em
pequenas quantidades e sedativo se usado mais generosamente. É
ainda antidepressivo, afrodisíaco e adstringente.
A Figura 3 mostra uma fotografia da planta de patchouli,
espécie [Pogostemon cablin (Blanco) Benth.], cultivada na cidade
de Santo Amaro da Imperatriz – Santa Catarina – e utilizada neste
trabalho para extração do óleo essencial de patchouli.
Figura 3. Planta de patchouli, espécie [Pogostemon cablin
(Blanco) Benth.].
Fonte: Araujo, 2008.
O óleo essencial de patchouli será abordado ainda no
capítulo 5 (Resultados) deste trabalho, onde foi extraído por
hidrodestilação e extração supercrítica. Sua composição foi
analisada por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de
massas (CG-EM) e seu perfil organoléptico foi avaliado pelo
perfumista francês Olivier Paget.
2.3.3 Características e classificação dos óleos essenciais
Os componentes aromáticos de um óleo essencial podem
determinar o seu aroma ou a sua fragrância, da mesma forma que
a presença de princípios ativos determinará o efeito terapêutico de
certos produtos
Para Hunter (1996), os óleos essenciais são considerados
commodities o que não significa que eles pertençam a um grupo
homogêneo de produtos. O mercado de óleo essencial tem sua
própria cultura e estratégias de negócio.
Krucken (2005) destaca que cada óleo essencial possui
especificidades em relação à:
1. características organolépticas (perfil aromático ou perfil
odorífero);
2. aplicação industrial;
3. composição química e conteúdo das substâncias de
interesse;
4. princípios ativos e propriedades terapêuticas;
5. estabilidade;
6. variações no rendimento e composição do óleo
resultante de processos de cultivo e de colheita;
7. qualidade resultante do processo de obtenção;
8. potencial de fracionamento, dentre outros.
Possuem ainda, especificidades relacionadas ao
comportamento de mercado, à organização dos atores
econômicos, à dinâmica de determinação de preço e inserção no
mercado e aos objetivos de produção.
Hunter (1996), baseado em trabalhos de Naf, Petrzilka and
Ehret (apud HUNTER, 1996), propôs uma classificação para os
óleos essenciais que pode ser usada para identificar o uso e as
características de mercado de cada óleo. Esta classificação é
mostrada a seguir:
Grupo 1: O perfil organoléptico dos óleos essenciais deste
grupo são dominados por um ou poucos constituintes principais.
A produção destes óleos essenciais exige alto investimento de
capital e mecanização como chave para a vantagem competitiva.
O preço destes óleos é relativamente baixo devido à
disponibilidade de substitutos (outros óleos essenciais ou aromas
sintéticos).
Grupo 2: Os óleos essenciais deste grupo são produzidos
em plantações com baixo custo de mão-de-obra como uma fonte
de vantagem competitiva. As flutuações nos preços ocorrem
quando há uma discrepância entra a oferta e a demanda no
mercado mundial. Existem poucos substitutos disponíveis para a
indústria de aroma e fragrância neste grupo permitindo assim, que
os produtores ganhem retornos ligeiramente maiores comparados
aos óleos essenciais do grupo 1.
Grupo 3: Neste grupo estão os óleos essenciais usados na
perfumaria. Estes óleos são avaliados por sua qualidade,
complexidade e riqueza do perfil organoléptico. Os custos de
produção destes óleos em países desenvolvidos estão
aumentando, por isso sua produção está sendo incentivada em
países em desenvolvimento, sob o patrocínio de grandes
empresas. Estes materiais estão se tornando caros para uso na
perfumaria funcional onde podem ser substituídos por
reconstituintes.
Grupo 4: Como no grupo 3, os óleos deste grupo são
avaliados pelo seu perfil organoléptico. A disponibilidade de
bons reconstituintes para estes óleos essenciais tem limitado seu
uso em aplicações na perfumaria fina.
O Quadro 1 exemplifica esta classificação.
Grupo
1
Perfil
organoléptico
dominado por
um ou poucos
constituintes
principais.
Características
Exemplos
Razão volume/preço
do produto:
alto/baixo à médio;
Menta,
eucalipto,
alguns óleos
cítricos, cravoda-índia.
O nível dos
constituintes
químicos é fator
importante na sua
comercialização;
Perfil
organoléptico
devido a um ou
poucos
constituintes
principais.
Razão volume/preço
do produto: médio à
alto/médio;
Compostos de
aromas e
perfumes;
Alguns óleos
cítricos usados
para solventes de
limpeza;
Usados em
aromas onde se
deseja fidelidade
ao natural.
Óleo facilmente
reconstituído.
2
Usos
Vetiver,
patchouli,
sândalo.
Compostos de
perfumes e
aromas tanto na
perfumaria fina
como na
perfumaria
funcional.
Óleo de rosa,
absoluto de
jasmim.
Perfumaria fina,
reconstituições
usadas na
perfumaria
funcional;
Óleos herbáceos
usados em
aromas e
começam a ser
usados em
fragrâncias.
Absoluto de
mimosa.
Perfumaria fina
(geralmente são
óleos muito caros
para uso em
Características de
aroma e olfato são
mais importantes na
tomada de decisões;
O óleo não é
facilmente
reconstituído.
3
Estes óleos são
caracterizados
por
constituintes
principais, mas
a riqueza e a
complexidade
são devido a
constituintes
menores.
4
Nenhum dos
principais
constituintes
Razão volume/preço
do produto:
baixo/alto;
As características de
olfato são
importantes na
tomada de decisão e
no preço;
Em alguns casos
estes óleos podem
ser reconstituídos
eficientemente.
Razão volume/preço
do produto:
baixo/alto;
O perfil olfativo é
determina o
perfil desejado
de olfato/aroma
importante na
tomada de decisão;
produtos
funcionais.
Em muitos casos
pode-se produzir
bons
reconstituintes.
Quadro 1. Classes, Características e uso dos óleos essenciais.
Fonte: Elaborado a partir de Hunter (1996) e Krucken (2005).
Os óleos essenciais dos grupos 1 e 2 tendem a ser tratados
como pseudo-commodities, mas a forte diferenciação de produto,
baseada nos níveis do constituintes químicos ainda existe, destaca
o autor. Já os óleos essenciais dos grupos 3 e 4 são tratados como
especialidades e produtos de química fina onde a qualidade
desempenha papel importante na determinação do preço.
2.3.4 Critérios para inserção de novos óleos essenciais
no mercado
O mercado potencial de um novo óleo essencial depende
do seu uso e sua aplicação na indústria de aromas e fragrâncias.
Hunter (1996) cita uma série de critérios para novos óleos
essenciais, baseado no valor percebido por um consumidor final a
este novo óleo:
a. A novidade de um novo óleo essencial
O fator mais importante que caracteriza a novidade de um
óleo essencial é a percepção única do seu perfil organoléptico.
Desta maneira, o grau de novidade é limitado pela facilidade de
se encontrar um substituto.
b. O uso potencial e aplicações de um novo óleo
essencial
Os novos óleos essenciais permaneceriam na curiosidade
não fossem os perfumistas e aromistas percebendo as suas
aplicações potenciais. É necessário tempo, esforço e imaginação
por parte destes profissionais para descobrir aplicações de uso
para os novos óleos essenciais. A maioria deles será avaliada
sobre estes critérios para que se possa encontrar aceitação como
um novo material aromático.
c. A facilidade de substituição de um novo óleo
essencial
É difícil encontrar um óleo essencial que não possa ser
duplicado por reconstituição. Um óleo com substituto próximo
tem baixo valor para indústria de aromas e fragrâncias, a menos
que ele possa oferecer um custo significativo ou a vantagem da
estabilidade. A única exceção é quando um novo óleo essencial é
uma fonte de um aroma natural.
d. A estabilidade de um novo óleo essencial
Um dos maiores problemas associados aos óleos essenciais
é a estabilidade nos produtos finais. As bases cosméticas
frequentemente contêm ácidos graxos livres, mesmo após a
neutralização. Óleos essenciais que contêm alto nível de terpenos
tendem a polimerizar quando expostos à luz e ao ar, descolorir
produtos finais ou não serem estáveis em meios altamente
alcalinos ou ácidos. Aromas sintéticos geralmente são mais
estáveis do que óleos essenciais e são usados mais
extensivamente na área de perfumaria.
e. Razão preço de custo/desempenho de um novo óleo
essencial
A razão preço de custo/desempenho é importante para o
potencial de aplicação de um novo óleo essencial. Se o óleo não
oferece um aroma/olfato perceptível a baixas concentrações,
então seu valor para a indústria de aromas e fragrâncias é
gradativamente diminuído a não ser que ele seja muito barato.
Um baixo desempenho neste critério fará com que sua aplicação
na indústria de cosméticos seja limitada.
f. A toxicidade de um novo óleo essencial
O custo de experimentar um novo material em compostos
de aromas e fragrâncias é a maior barreira para o
desenvolvimento de novos materiais aromáticos. A maioria das
casas mundiais de aromas e fragrâncias não aceita usar um novo
óleo essencial, a menos que ele se encontre nas recomendações de
segurança e toxicidade da IFRA2 (International Fragrance
Association) e esteja incluído na lista FEMA GRAS3.
g. A consistência da qualidade e do fornecimento
Materiais naturais variam na qualidade de acordo com a
origem geográfica, tipo de solo, nível de nutrientes no solo, clima
e tempo, precipitação atmosférica, tempo de colheita, estação,
métodos de extração, altitude e etc. O fornecimento contínuo
destes materiais pode ainda, ser prejudicado devido a mudanças
políticas e a inexperiência de novos produtores. Lançar novos
produtos requer alto investimento por parte das indústrias. As
Casas de Aromas e Fragrâncias não querem ser rotuladas como
incapazes de fornecer a um fabricante um perfume ou fragrância
pela indisponibilidade de uma matéria-prima.
h. O nível atual de tecnologia
Os novos avanços na tecnologia influenciam no valor das
matérias-primas aromáticas existentes para as industrias que as
utilizam. O desenvolvimento de novas reconstituições de óleos
essenciais é interessante para eliminar problemas de toxicidade de
alguns óleos. As reconstituições são geralmente mais baratas e
estáveis.
2
IFRA (International Fragrance Association) – é o grupo que representa oficialmente a indústria
mundial de fragrância. Sua principal finalidade é garantir a segurança dos materiais de fragrância,
ajudando ambos, consumidores e meio ambiente.
3
FEMA (Flavor and Extracts Manufacturers Association) e GRAS (Generally Regarded As Safe).
A designação FEMA GRAS significa que a substância que recebeu esta classificação foi testada
utilizando certos padrões e foi considerada segura para o uso pessoal.
O autor sugere ainda que, antes de começar a desenvolver
novos óleos essenciais, devem-se levar em consideração algumas
questões específicas, tais como:
a. Foram identificados usos e aplicações específicos para
o novo óleo essencial?
b. O novo óleo essencial cumpriu e satisfez uma
necessidade particular?
c. Estas aplicações e usos são importantes?
d. Que materiais são atualmente usados para estas
aplicações identificadas?
e. Qual deveria ser o preço apropriado deste produto?
f. Qual o volume de produção necessário?
g. Os consumidores se identificarão com este novo
produto?
O desenvolvimento de novos óleos essenciais é um
processo demorado, caro e a participação de profissionais da
indústria de aromas e fragrâncias bem como dos consumidores
finais pode trazer incentivos necessários para a motivação
continua em longos programas de pesquisa e desenvolvimento.
Estes atores desempenham papel cada vez mais importante,
podendo comentar e fornecer o feedback das amostras do óleo
essencial, podendo exprimir opiniões valiosas à respeito do olfato
e auxiliar no desenvolvimento de aplicações.
2.3.5 Sistema de comercialização dos óleos essenciais
nos setores de HPPC
Entender como os óleos essenciais são comercializados
nos setores de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos e como
está estruturado este mercado não é trabalho simples e é uma das
motivações desta pesquisa. Os principais elos da cadeia de
comercialização dos óleos essenciais, que ligam desde os
produtores até o consumidor final, são carentes de informações
técnicas, científicas e principalmente de mercado.
Baseado em trabalhos de Verlet (1993) e Krucken (2005),
propõe-se uma organização dos atores econômicos e suas
respectivas atividades envolvendo óleos essenciais, que pode ser
dividida em sete níveis principais:
1. Produtores de matéria-prima: cultivo e coleta de
plantas aromáticas.
2. Indústria processadora: beneficiamento inicial da
matéria-prima (extração do óleo bruto).
3. Negociantes: aquisição de óleos em todo o mundo ou
em áreas geográficas específicas.
4. Indústria formuladora: compra e processamento das
matérias-primas antes de vendê-las para as indústrias
transformadoras. As “Casas de Fragrâncias”, por exemplo,
utilizam óleos essenciais para criarem fragrâncias que serão
posteriormente usadas, pela indústria transformadora, na
fabricação de perfumes e cosméticos.
5. Indústria transformadora: aplicação do produto
intermediário (fragrâncias, aromas) em produtos finais
(cosméticos, perfumes, produtos alimentícios, produtos
medicinais). Nessa etapa são obtidos os produtos como eles são
encontrados pelo mercado consumidor.
6. Distribuidores: comercialização e distribuição dos
produtos finais aos atores que se ocupam da venda em varejo.
7. Consumidores e usuários finais: escolha, compra e
utilização dos produtos. É o ponto final da comercialização
constituído por grupos de consumidores.
Vale ressaltar que, além destes atores envolvidos
diretamente na cadeia produtiva dos óleos essenciais, existem os
profissionais que trabalham de forma indireta, como profissionais
dos setores de legislação e fiscalização, controle de qualidade e
ainda as universidades com seus trabalhos de pesquisa. Estes
níveis não foram contemplados no contexto da pesquisa, pois não
são o enfoque deste trabalho, não diminuindo sua importância na
cadeia.
Um esquema simplificado do sistema de comercialização
dos óleos essenciais dentro dos setores de higiene pessoal,
perfumaria e cosméticos é proposto na Figura 4.
Figura 4. Sistema de comercialização dos óleos essenciais:
principais atores e respectivas atividades.
Legenda: O símbolo do cifrão ($) na figura 4 representa a agregação
de valor ao produto em cada nível.
Como pode ser observada na figura 4, a cadeia de valor
dos óleos essenciais inicia-se a partir da fonte de matérias-primas
(plantas aromáticas) e se consolida com o produto final vendido
ao consumidor (cosméticos, produtos alimentícios e medicinais e
fitoterápicos). Neste percurso cada ator específico corresponde a
uma atividade econômica, podendo ser produtores, empresas de
pequeno, médio e grande porte, que se articulam nos diversos
níveis descritos acima.
As linhas pontilhadas evidenciam que, os produtores de
matéria-prima e a indústria processadora, por exemplo, podem
pertencer a uma mesma organização, assim como a indústria
processadora e transformadora podem pertencer a um mesmo
grupo.
Krucken (2005) faz uma análise interessante da cadeia
produtiva dos óleos essenciais: a partir das necessidades e dos
desejos do consumidor final, se definem as características do
produto final, que consequentemente determinarão a demanda de
produtos intermediários e, portanto das matérias-primas.
Considera-se que o consumidor final seja, na verdade, o ponto de
partida para se iniciar este fluxo de atividades e então a sequência
de níveis pode também ser analisada no sentido inverso, como
mostrado pelo sentido das setas.
Ainda segundo a autora, uma indústria transformadora
também pode iniciar o fluxo quando decide investir no
desenvolvimento de um determinado produto intermediário, seja
com base em uma competência específica que possui ou
vislumbrando uma situação de mercado. Neste caso cria-se uma
demanda de matéria-prima e consequentemente estimula-se o
consumo deste produto.
No esquema apresentado observa-se o valor agregado em
cada fase da produção de um produto que utiliza óleo essencial
em sua composição, ilustrado pelo símbolo do cifrão. Aumentamse os custos, que são facilmente entendidos e medidos, e o valor,
que é mais complexo e refere-se ao valor de um produto para o
consumidor final. O conceito de valor é muito mais difícil do que
a estimativa de custos (KAPLINSKY e MORRIS, 2001).
Muitos fatores vão agregar valor ao óleo essencial à
medida que ele avança na cadeia produtiva tais como: tecnologias
de extração; expertise dos profissionais; design; embalagem;
marketing.
Os produtores de matérias-primas em geral, entregam
produtos “in natura”, com pouca ou nenhuma agregação de valor
muitas vezes por falta de conhecimento e equipamentos
adequados e nem sempre o produto tem qualidade certificada.
Para Fachini et al. (2007), os agricultores familiares brasileiros
têm muita dificuldade em compreender que estão sujeitos a um
mercado exigente e que se torna imprescindível que observem as
características impostas pela demanda.
É importante, não só para os produtores, mas para todos os
agentes comerciais envolvidos, que eles tenham uma visão do
contexto em que estão inseridos para assim, se sentirem parte de
um processo e terem uma noção mais bem definida de suas
responsabilidades. É interessante que o produtor saiba qual será o
destino (cosméticos, perfumes, alimentos, medicamentos) da sua
produção, por exemplo.
Em relação aos negociantes, eles possuem entre outras
funções: a compra dos óleos nos mercados mundiais e a análise e
controle da qualidade do mesmo (CBI, 2002). Podem,
eventualmente, fazer a retificação dos óleos para adaptá-los às
normas comerciais, e ainda podem revender às indústrias
formuladoras. Estes negociantes são especialistas em óleos
essenciais e alguns integram alguns aromáticos de síntese em sua
oferta. Estes atores desempenham papel importante, pois irão
definir alternativas mais viáveis entre oferta e demanda de óleos
essenciais pela indústria de perfumaria e cosméticos.
A distância geográfica dificulta a relação dos atores
econômicos envolvidos e faz com que a gestão destas relações
torne-se um fator importante para o sucesso no sistema de
produção, comercialização e criação de valor dos óleos
essenciais. Scheffer (2009) ressalta que pequenas empresas, por
consumirem pequenas quantidades de óleos e outros ativos, têm
dificuldade de acesso às empresas formuladoras. Estas indústrias,
comercialmente conhecidas como “Casas de Aromas e
Fragrâncias”, geralmente exigem a compra de uma quantidade
mínima de óleo, que para muitas empresas de pequeno porte
significa muito em termos de custo e estocagem.
A indústria de aromas e fragrâncias, neste trabalho
definida como indústria formuladora, é a principal consumidora
de óleos essenciais, e é dominada por um número reduzido de
empresas multinacionais, que produzem e comercializam
fragrâncias e aromas mundialmente.
As 10 maiores empresas no segmento de fragrâncias e
aromas, em 2008, segundo relatório da Leffingwell & Associates
(2008) são: Givaudan, Firmenich, IFF (International Flavors and
Fragrance), Symrise, Takasago, Sensient Flavors, T. Hasegawa
Co., Frutarom, Mane S.A. e Robertet S.A. Estas empresas
detinham aproximadamente 70% do mercado total, avaliado em
US$ 20 bilhões em 2008. Deste valor, em torno de 12 % referemse ao mercado de óleos essenciais e extratos naturais (resinóides,
concretos e absolutos) e 35% ao mercado de fragrâncias.
As seis principais casas de fragrâncias estão na Grande São
Paulo e combinadas, representavam em 2001, 90% das vendas no
mercado interno em perfumaria e 60% das vendas de aromas
(Dierberguer, 2001).
Para Jackets (1998), nos últimos anos, houve um
movimento rumo a uma consolidação global da indústria de
aromas e fragrâncias. As seis empresas líderes aumentaram a
lacuna entre elas e as demais indústrias. A lacuna entre essas seis
empresas e as próximas quatro, que estão entre as dez primeiras,
está aumentando ainda mais e acredita-se que continuará a crescer
a menos que haja um investimento significativo ou uma
consolidação do grupo das empresas de médio porte ao longo dos
próximos anos.
O autor destaca ainda a formação de um número de
pequenas empresas com faturamento anual inferior a US$ 10
milhões e que criaram unidades de produção com ênfase na
experiência inovadora de uma forte equipe técnica. A meta destas
empresas é estabelecer um nicho de mercado e sua flexibilidade
deu-lhes uma vantagem considerável sobre as maiores empresas.
O fundamental é que estas empresas visam não somente o preço,
mas estão fortemente orientados para capacitação técnica.
Os clientes das indústrias de aromas e fragrâncias estão
cada vez mais exigentes em ralação às novas formulações desses
produtos. Smith (1998) aponta que os clientes esperam que as
fragrâncias tragam benefícios ao produto por meio de uma vasta
gama de atributos e características. Isto gera grandes desafios à
indústria formuladora em relação à criatividade e maior
funcionalidade na criação de novas fragrâncias. O cheiro deve se
adaptar ao perfil do produto e à imagem perfeita, mas isso é
apenas o começo.
Ainda segundo o autor, o cliente pode exigir a inclusão de
ingredientes específicos para realizar determinados benefícios
funcionais ou de marketing. Esperam-se também serviços de alto
nível, inovação e integração com seus fornecedores além do
esforço para reduzir custos. A pressão é constante para encurtar
prazos de entrega, reduzir o capital de giro e melhorar a relação
custo/desempenho dos produtos exigidos. Não há dúvida de que
estas exigências têm um efeito profundo sobre essa indústria.
Mas, o que permeia a escolha de uma determinada
indústria formuladora (Casas de Aromas e Fragrâncias) pelas
indústrias transformadoras? A figura 5 ilustra tal questão, onde
atributos como confiança, credibilidade, expertise, parcerias,
preço entre outros, contribuem para tomada de decisão.
Figura 5. Critérios importantes
determinada indústria formuladora.
para
escolha
de
Estes critérios irão contribuir para a escolha de
determinada empresa e sua proposta e ganhará aquela que
conseguir demonstrar da melhor forma suas qualidades.
2.3.6 Produção
2.3.6.1 Características e Tendências da produção de
óleos essenciais
Estimar com precisão o valor da produção mundial de
óleos essenciais não é simples. Fatores como mudanças
climáticas, má organização do setor e distância geográfica
dificultam esta avaliação. A produção de cada óleo essencial deve
ser considerada um negócio único devido às especificidades de
cada óleo, suas diferentes características e usos.
As práticas e padrões de produção mundial de óleos
essenciais estão passando por algumas transformações. Segundo
Green (2002), a indústria global tem sido caracterizada por
realocações periódicas das principais áreas de produção em
resposta às mudanças nos custos de produção e desenvolvimento
sócio-econômico local. Neste sentido, os países em
desenvolvimento tem sido alvo para a produção de alguns óleos
essenciais.
Os mercados para a grande maioria dos óleos essenciais
são muito competitivos tanto para as empresas processadoras
quanto para um novo produtor, que tem os desafios de gerar
interesse dos compradores e ter um preço altamente competitivo.
Além disso, as indústrias processadoras devem produzir uma
quantidade mínima de um determinado óleo para expedição e,
desta forma, é necessário que se tenha capacidade de aporte para
grandes investimentos iniciais.
O desenvolvimento tecnológico também tem impacto na
produção dos óleos essenciais. As indústrias percebem a
necessidade de otimização dos processos de extração para se
manterem competitivas. É importante que os óleos essenciais não
tenham traços de solventes, indesejáveis para aplicações tanto em
aromas como em fragrâncias. Isto se reflete no uso de métodos de
extração alternativos – como extração com fluido supercrítico,
que possibilita manter as qualidades originais dos óleos essenciais
e alta definição no fracionamento. Por outro lado, estas
tendências estão aumentando as barreiras para entrada de novas
indústrias devido às necessidades de tecnologia e alto
investimento.
A produção de óleos essenciais no Brasil é caracterizada
por contrastes. Embora se tenha riqueza de recursos biológicos e
vocação natural para agricultura, existem poucas iniciativas bem
sucedidas em converter o potencial em riqueza de fato e,
consequentemente, melhoria na qualidade de vida da população
local e nacional (KRUCKEN, 2005).
A produção brasileira de óleos cítricos vem
progressivamente se desenvolvendo desde a década de 1960 e é,
sem dúvida, o setor de óleo essencial mais importante no Brasil.
A maioria destes óleos são subprodutos da indústria de sucos e
consequentemente, sua produção anual dependerá do total da área
plantada, das variações anuais das safras e o comportamento do
mercado internacional de suco (DIERBERGUER, 2001). O
Brasil responde por cerca de 55% de toda a produção de suco de
laranja comercializado no mundo. No caso do óleo de laranja,
conforme Hahn (2009), o Brasil produz em torno de 45 mil t/ano
de peel oil, contido em vesículas localizadas na casca e que são
rompidas durante o processo de extração. O rendimento varia ao
longo da safra (de junho a dezembro, no Brasil), cerca de 3kg/t
pode ser tomado como valor típico. Do total, cerca de 70% é
exportado. A produção brasileira de óleo de laranja doce (Citrus
sinensis) é a maior do mundo e o estado de São Paulo responde
por 85% da produção.
Outros óleos produzidos comercialmente no Brasil,
segundo Dierberguer, 2001, são: menta (Mentha arvensis),
citronela (Cymbopogon flexuosus), capim-limão (Cymbopogon
citratus), palmarosa (Cymbopogon martinii), vetiver e patchouli
(Pogostemon patchouly). Hoje, a citronela e palmarosa são
cultivados nos estados de São Paulo e Paraná e como são culturas
de ciclo curto, a área plantada é facilmente aumentada ou
diminuída dependendo da procura do mercado e dos preços.
O autor destaca ainda que, dos óleos obtidos por
extrativismo os mais importantes em termos de volume de
exportação são: o óleo essencial da madeira de pau-rosa (Aniba
roseodora Ducke) e o óleo essencial de sassafrás (Ocotes
pretiosa). O extrativismo provém da colheita de árvores silvestres
como matéria-prima para extração de óleo essencial, seria a
retirada do produto diretamente do seu ambiente natural.
Dos óleos essenciais que são sub-produtos da produção
Florestal, Dierberguer (2001) destaca a produção do óleo de
eucalipto.
Existe uma tendência em usar frações do óleo ao invés do
óleo propriamente dito. Os óleos essenciais geralmente contêm
muitas substâncias. Se a substância necessária para o produto for
superior a 70/80% do conteúdo do óleo então, o óleo em si será
geralmente utilizado. Caso contrário, os usuários querem a fração
(substâncias aromáticas naturais) que dá um cheiro particular. Por
exemplo, o citral a partir do Litsea cubeba e acetato de vetiver do
óleo de vetiver.
A indústria de perfumes e aromas está principalmente
envolvida na extração de óleos essenciais de alto valor, ou na
extração onde uma tecnologia específica é necessária. A indústria
tem investido na extração de plantas em áreas de produção,
estabelecendo acordos com parceiros locais (CBI, 2006).
Nota-se grande investimento no desenvolvimento de
substitutos sintéticos, cada vez mais competitivos em relação a
custo e mais próximos dos componentes naturais. No entanto,
existem exigências legais quanto à segurança de produtos
sintéticos (e não sintéticos) que atuam como barreiras à entrada
dos mesmos.
Segundo Krucken (2005), os principais desafios
relacionados à produção e à comercialização dos óleos essenciais
no diversos níveis, entre outros, são:
1. Dificuldade de garantir fornecimento e gerir a
sazonalidade e o estoque de óleos essenciais (tanto por parte do
produtor, como do agente comercial e das indústrias);
2. Oscilação e instabilidade do preço de mercado, muitas
vezes controlado por grandes indústrias ou grandes agentes
comerciais e influenciado pela entrada de novos produtores
concorrentes;
3. Dificuldade de desenvolver relações estáveis e de
confiança entre produtor e indústria: o setor é consideravelmente
fechado para novos entrantes, que devem seguir as regras
impostas pelos atores dominantes, muitas vezes não explícitas;
4. Especificidade dos diversos padrões de qualidade em
prática, que são determinados pela legislação e/ou pelos
compradores, assim como a especificidade e a tecnologia
requerida para as análises físico-químicas necessárias;
5. Acesso restrito à informação sobre o mercado nacional
e internacional;
6. Complexidade da cadeia de valor, exigindo grande
articulação entre os atores para que todo o sistema seja
competitivo.
Estes fatores evidenciam a importância da articulação e do
desenvolvimento de relacionamentos de confiança entre os atores
econômicos, do monitoramento sistemático do mercado, da
capacidade de investimento em longo prazo, aplicados de forma
estratégica e coordenada.
2.3.6.2 Consumo dos óleos essenciais e suas aplicações
Um dos pontos positivos dos óleos essenciais é sua
versatilidade, ou seja, inúmeras aplicações de um mesmo óleo em
vários setores, por exemplo, alimentício, fitoterápicos e
cosméticos. E isso o torna ainda mais interessante.
Os óleos essenciais podem ser classificados por sua forma
predominante de uso conforme destaca Green (2002):
Óleos de aromas: são aqueles cuja aplicação principal é a
incorporação em produtos aromatizados - refrigerantes e outras
bebidas, alimentos processados, confeitaria, tabaco, etc. Este
grupo incluem os óleos cítricos, hortelã, óleos herbáceos para
culinária. Alguns óleos deste grupo devem ser submetidos a um
re-processamento pela indústria especializada em aromas antes de
serem incorporados ao produto final.
Óleos medicinais: são empregados, por definição, na farmácia.
Hoje, este grupo é comparativamente pequeno em termos de
volume de uso. O óleo essencial de eucalipto é o exemplo mais
conhecido, mas ele também entra no grupo dos aromas.
Óleos de perfumaria/fragrância: estes óleos são empregados
por suas propriedades aromáticas agradáveis em aplicações que
vão desde a incorporação em perfumes de alto valor até
detergentes, sabões e aerossóis. Óleos essenciais usados em
perfumes incluem patchouli, vetiver e gerânio. Em produtos de
consumo de baixo custo é usado, por exemplo, óleo de capimlimão.
Óleos industriais: são os óleos usados para subsequente
transformação química. Principiais exemplos, em termos de
volume, são os óleos de sassafrás e Litsea Cubeba, fontes
respectivamente de safrol e citral.
Óleos de dupla finalidade: podem ser empregados tanto como
fonte de isolados para indústria química quanto como
ingredientes de fragrâncias em produtos baratos como sabões e
detergentes. Exemplos cita-se a citronela e Eucalyptus citriodora.
Segundo o autor, o aumento crescente do consumo de
produtos a base de óleos essenciais nos países menos
industrializados (mercados emergentes) também é uma forte
tendência. O desenvolvimento econômico e o aumento de poder
aquisitivo resultaram em aumento da demanda de produtos que
incorporam fragrâncias e aromas naturais. Tanto nos mercados
industrializados quanto nos novos mercados emergentes, o
crescimento real no consumo, em longo prazo, será marcado com
óleos usados para fins de fragrância, embora estes enfrentem forte
concorrência com as formulações sintéticas mais baratas.
As principais aplicações dos óleos essenciais nas indústrias
são apresentadas no Quadro 2.
Quadro 2. Aplicações dos óleos essenciais nas indústrias.
Indústria
Cosméticos e
produtos de uso
pessoal
Perfumaria fina
Funções e Aplicações
Fragrâncias e
indicações terapêuticas
Exemplos de óleos
essenciais usados
Camomila, alecrim
Aplicações: cremes
para tratamentos
específicos,
preparações para barba,
creme dental e óleos
para banho
Fragrâncias e
indicações terapêuticas
Lavanda, vetiver,
pau rosa, gerânio
Aplicações: perfumes e
derivados,
aromatizadores
Componentes
isolados
Farmácia
Fontes de substâncias
com propriedades
específicas: aromáticas,
odoríferas,
farmacológicas e/ou
terapêuticas
Eucalipto, litsea
cubeba, capim-limão,
citronela, menta,
cravo-da-índia
Aromas e indicações
farmacológicas e
terapêuticas
Cravo-da índia,
Noz-moscada,
valeriana, eucalipto
Aplicações:
preparações para
tratamentos específicos
e tratamento
veterinário, anestésicos
Detergentes,
refrescantes,
Fragrâncias e
indicações terapêuticas
citronela
domossanitários
e inseticidas
Aplicações: sabonetes e
detergentes, repelentes,
aromatizadores de
ambiente, desinfetantes
Aromas e conservantes
Alimentos
Aplicações: bebidas,
alimentos de
conveniência
Outras
Aplicações: adesivos,
tintas, plásticos e
borrachas, tabaco
Menta, cítricos,
pimenta preta
Cítricos, Mentas
Fonte: Elaborado por Krucken (2005) a partir de Bauer,
Garbe e Surburg (1985) e Verlet (1995).
Nota-se crescente conscientização do consumidor e
valorização de produtos “sustentáveis”, “naturais” – que
contenham aromas, princípios ativos e perfis olfativos
autênticos, originais – e que representaria menor impacto ao
meio ambiente em comparação com os produtos convencionais
– biodegradabilidade, renovação dos recursos ambientais.
O próximo capítulo apresenta a metodologia adotada na
pesquisa.
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
Este capítulo está dividido em: Caracterização da pesquisa;
Instrumentos e procedimentos de coleta de dados; e Análise dos
dados.
3.1 Caracterização da pesquisa
A pesquisa é um modo organizado e sistemático de
encontrar respostas para perguntas. É sistemático porque há um
conjunto determinado de procedimentos e etapas que o
pesquisador seguirá e organizado porque existe uma estrutura ou
método de como fazer pesquisa.
Método científico é o conjunto de processos ou operações
mentais que se deve empregar na investigação. É a linha de
raciocínio adotada no processo de pesquisa (SILVA e
MENEZES, 2005). A metodologia vai guiar o pesquisador no
caminho a ser percorrido na pesquisa, portanto é fundamental a
escolha do método em função do objetivo da pesquisa.
Como o escopo da presente pesquisa é amplo e há muitas
variáveis envolvidas, é difícil encontrar regras rígidas a serem
seguidas ao fazer a pesquisa. Para orientar um plano de
investigação, foi analisado um conjunto de parâmetros descritos
por Henrichsen et al. (1997). Segundo o autor, estes parâmetros
são independentes, pois podem ser considerados separadamente,
mas estão interligados porque a escolha de um parâmetro irá
influenciar a escolha dos outros.
Os seguintes parâmetros foram analisados:
a) Abordagem Geral: A abordagem sintética analisa a
questão ou tema de pesquisa de um ponto de vista holístico, ou
seja, o pesquisador tenta entender as partes do problema, olhando
para o todo. Já na abordagem analítica o pesquisador tenta
compreender todo o fenômeno, olhando para as partes separadas.
b) Objetivo de pesquisa: A abordagem dedutiva é
impulsionada por uma hipótese particular. O pesquisador tem em
mente uma declaração específica e focada e seu objetivo é
comprovar ou refutar essa hipótese específica. Em contrapartida,
a abordagem heurística inicia-se com poucas hipóteses
preconcebidas sobre o foco da pesquisa, desta forma o
pesquisador observa um fenômeno, a fim de gerar questões ou
hipóteses para pesquisas posteriores.
c) Controle sobre o contexto da pesquisa: O baixo grau
de controle existe em uma situação onde o pesquisador afeta
pouco o contexto em que a pesquisa é realizada, ou seja, ele não
apresenta qualquer tipo de tratamento para o grupo de testes. Em
um estudo com alto controle, o pesquisador manipula o contexto
da pesquisa de várias maneiras, ou seja, ele pode escolher e
organizar os grupos a serem testados, ou pode fazer um
tratamento específico aos sujeitos.
d) Clareza nos procedimentos de coleta de dados: Baixo:
Muitos tipos de dados são coletados por pesquisadores e às vezes,
os procedimentos ou instrumentos de coleta de dados são
relativamente "frouxos" ou abertos, e desta forma os indivíduos
têm mais liberdade nas respostas. Além disso, há mais espaço
para as decisões pessoais do pesquisador. Alto: Outros
procedimentos ou instrumentos de coleta de dados são muito
explícitos. Eles seguem procedimentos cuidadosamente
controlados e objetivos que permitem pouca variação nas
respostas dos sujeitos ou interpretações dos pesquisadores.
Ao analisar estes parâmetros e em vista dos objetivos que
se pretende alcançar com esta pesquisa chega-se a uma
abordagem qualitativa que tende a ser sintética e não analítica. A
pesquisa qualitativa é geralmente heurística e tem como objetivo
gerar hipóteses com o intuito de descobrir, entender e interpretar
o que está acontecendo no contexto da pesquisa. Ela analisa o
comportamento que ocorre naturalmente, assim, os métodos de
investigação são os menos intrusivos possíveis, ou seja, o grau de
controle sobre o contexto da pesquisa é baixo. Portanto, o efeito
do pesquisador sobre os temas e os dados é mínimo. E
finalmente, o nível de clareza nos procedimentos de coleta de
dados também é baixo, ou seja, os dados são mais impressionistas
e interpretativos do que numéricos.
Considerando ainda que o entendimento do fenômeno de
agregação de valor aos óleos essenciais por meio de tecnologias
avançadas é incipiente e ainda não consta na literatura de forma
definida e consolidada, adotou-se a estratégia de estudo de
múltiplos métodos que consistiram de: estudo documental;
entrevistas com especialistas do setor e estudo de caso aplicado
(óleo essencial de patchouli).
Portanto, esta pesquisa é de natureza qualitativa e foi
conduzida por múltiplos métodos, tanto para a coleta de dados
quanto para a análise e apresentação dos mesmos. Os
multimétodos permitem analisar uma questão sob vários pontos
de vista.
3.2 Instrumentos e procedimentos de coleta de dados
O objetivo do instrumento é obter os dados para um
determinado estudo. Alguns instrumentos utilizados nesta
pesquisa foram: entrevistas com especialistas, documentos,
relatórios, questionários.
Durante a pesquisa foram realizadas entrevistas não
estruturadas, o que permite explorar mais amplamente algumas
questões, com especialistas de setores diversos como: a) setor
acadêmico e pesquisa; b) setor industrial; c) associações dos
setores. A presente pesquisa utilizou-se das características,
opiniões e conhecimento de especialistas para entender questões
da pesquisa.
Na definição da amostra das empresas o nível de
faturamento das mesmas não foi levado em consideração. Este
trabalho tem o interesse de analisar os diferentes pontos de vista
das empresas, principalmente em relação aos óleos essenciais.
Procurou-se incluir tanto grandes empresas, com níveis de
faturamento mais elevados, como também empresas de médio e
pequeno porte. No processo de agendamento das entrevistas, no
entanto, algumas empresas se recusaram a receber a pesquisadora
responsável pelo estudo. Para obter êxito neste processo de
agendamento de entrevistas, duas qualidades foram
fundamentais: a paciência e a persistência.
Além disso, procurou-se inserir na amostra empresas que
utilizam
diferentes
configurações
produtivas
e
de
comercialização. Desta forma, foram incluídas: a) empresas
diversificadas com atuação na indústria de cosméticos; b)
empresas especializadas; e ainda, c) empresas que utilizam
formas específicas de comercialização, como franquia e venda
direta. Com isto, incorporaram-se na amostra as empresas que
utilizam diferentes configurações organizacionais encontradas na
indústria de cosméticos.
Assim, chegou-se a seis empresas nacionais, a saber:
1. Natura Cosméticos
2. Akakia Cosméticos
3. Alquimia do Banho
4. Ariége Cosmetics
5. Aroma da Terra
6. Extratos da Terra
O produtor e proprietário da empresa Destilaria Três
Barras, líder nas exportações do óleo essencial de Eucalyptus
citriodora no Brasil, Fuad Samir Cury também contribuiu na
elucidação de questões desta pesquisa por meio de um
questionário enviado por e-mail.
Entrevistou-se ainda, o Diretor Executivo e a
Coordenadora de Assuntos Econômicos ambos da Associação
Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e
Cosméticos – ABIHPEC.
O perfumista Olivier Paget, da empresa Mane do Brasil,
foi peça fundamental nas análises olfativas dos óleos essenciais
extraídos e ainda no entendimento de questões da pesquisa.
No contexto deste estudo, as empresas visitadas
representam alguns dos atores econômicos envolvidos na
comercialização de produtos de higiene, pessoal, perfumaria e
cosméticos e muitas desenvolvem produtos que utilizam óleos
essenciais em sua formulação. Estas entrevistas nortearam
questões como comercialização dos óleos essenciais, dificuldades
das empresas para comprar óleos essenciais; características para
inserir no mercado novos óleos; importância das tecnologias de
extração entre outras questões.
As entrevistas foram conduzidas individualmente e
pessoalmente e sua duração variou conforme disponibilidade e
interesse do entrevistado. Quando permitido pelo mesmo, as
entrevistas eram registradas em gravador e através de anotações.
O registro dos dados por meio de gravador, melhora a precisão
para uma análise posterior.
À medida que se foi observando a dificuldade de inserir
um novo óleo essencial no mercado, sentiu-se a necessidade de
avaliar um óleo utilizado comercialmente e um óleo extraído por
um método de extração alternativo e assim analisar suas
diferenças e entender porque um óleo está estabilizado no
mercado e o outro tem tanta dificuldade de ser inserido.
Desta maneira estudou-se o óleo de patchouli cultivado na
cidade de Santo Amaro da Imperatriz em Santa Catarina, que foi
extraído por meio de duas tecnologias de extração: extração
supercrítica e hidrodestilação (comercialmente utilizada).
A planta de ESC utilizada neste trabalho está localizada no
Laboratório de Controle de Processos da Universidade Federal de
Santa Catarina - LCP/UFSC, onde todos os experimentos e
procedimentos foram realizados. A planta de extração
supercrítica (PESC) do LCP possui os seguintes elementos:
a. Compressor de ar (CP) (CSL 20 BR, Schulz, Brasil);
b. CO2 (CL) (99,9% de pureza, AGA, Brasil);
c. Bomba ou booster
Technologies, Alemanha);
(BO)
(DLE-15,
Maxpro
d. Tanque pulmão (TP): construído em aço inox 316L,
encamisado, com aproximadamente 0,60 m de
comprimento e 0,05 m de diâmetro interno;
e. Extrator (EX): construído em aço inox 316L,
encamisado, com aproximadamente 0,50 m de
comprimento e 0,021 m de diâmetro interno;
f. Separador de óleos (SO): construído em aço inox
316L, encamisado, com aproximadamente 0,15 m de
comprimento e 0,075 m de diâmetro interno;
g. Separador de ceras (SC): construído em aço inox
316L, encamisado, com aproximadamente 1,00 m de
comprimento e 0,02 m de diâmetro interno;
h. Válvula de controle com acionamento pneumático
(VC) (807, Badger Meter, EUA);
i. Válvula redutora de pressão (VR) (SR-AL, Victor,
EUA);
j. Válvulas de agulha (VA): construídas em aço inox
316L, 344 bar de pressão e 38ºC de temperatura (SS1VS4, Swagelok, EUA);
k. Válvulas de esfera (VE): construídas em aço inox
316L, 344 bar de pressão e 38ºC de temperatura (SS-43S4,
Swagelok, EUA);
l. Válvula micrométrica (VM): construídas em aço inox
316L; usada para regular a vazão de solvente supercrítico
(SS-21RS4, Swagelok, EUA);
m. Medidor de fluxo (MF) (PV500LPM0CC, Key
Instruments, EUA);
n. Banho termostático (BT): construído em alumínio
com controle de temperatura (InControl, Brasil);
o. Banho
termocriostático
Microquímica, Brasil);
(BC)
(MQBTC,
p. Transdutores de pressão (TP) (RTP12/BE53R, AEP,
Itália);
q. Manômetros (MN) (MTR, Brasil).
A pressão utilizada na ESC foi de 100 bar e temperatura de
32°C. A extração foi realizada por 180 minutos, tempo estático
de 60 minutos e coletas a cada 15 minutos.
Para extração dos óleos por hidrodestilação utilizou-se um
equipamento de aço inox com controladores de temperatura. A
extração foi realizada com 30 kg de massa sólida (patchouli) por
um período de 3 horas com temperatura de 105°C.
Para comparar os compostos presentes em cada um dos
óleos, estes foram analisados por cromatografia gasosa acoplada à
espectrometria de massas (CG-EM), análises estas conduzidas no
Instituto de Pesquisas Tecnológicas de Blumenau – IPTB, em
Blumenau, Santa Catarina.
Para tanto foi utilizado um cromatógrafo a gás (CP-3800,
Variant) acoplado a um espectrômetro de massas (2000, Saturn)
para a identificação e fracionamento dos compostos presentes no
óleo essencial de patchouli. Foi utilizada a coluna CP-Sil 8-CB
Low Bleed/MS (30m de comprimento x 0,25mm de diâmetro x
0,25µm de espessura do filme). O hélio (He) foi o gás de arraste
utilizado a fluxo constante de 1 ml/min. A temperatura do injetor
manteve-se em 250°C e a temperatura do forno foi mantida a
50°C por um minuto e, em seguida, aumentada até 240°C a uma
taxa de 3°C/min. As seguintes temperaturas foram utilizadas no
espectrômetro de massas (MS): temperatura de ion trap (220°C),
temperatura do manifold (80°C) e temperatura do transferline
(190°C). O software de gerenciamento utilizado no MS foi o
Workstation 5.51 (Saturn).
A cromatografia gasosa (CG) constitui um processo físicoquímico e serve para separar componentes a partir de misturas de
compostos voláteis. Nas aplicações analíticas, é possível o
acoplamento com um sistema de espectrometria de massas
(CG/EM), que é de grande utilidade na separação e identificação
de compostos, como por exemplo, de componentes de óleos
essenciais.
Os óleos foram ainda, avaliados por um especialista que
descreveu os óleos olfativamente e deu um parecer sobre a
qualidade e especificidades de cada óleo.
As extrações, suas análises, e a avaliação do perfumista
trouxeram mais subsídios para entender algumas questões e ainda
complementar e enriquecer a pesquisa.
3.3 Análise dos dados
Uma vez obtido os dados, deve-se analisá-los. Existem
diferentes maneiras de se analisar os dados, podendo ser simples
ou complexas. É importante escolher um método que esteja em
harmonia com os parâmetros que foram definidos e com o tipo de
dados que foram coletados.
Após cada entrevista era redigido um relatório para que,
posteriormente, fosse feita uma análise cruzada dos dados para
então compreender algumas questões da pesquisa.
O Capítulo 4 a seguir apresenta os resultados da pesquisa.
4 RESULTADOS: ANÁLISE DE VALOR DOS
ÓLEOS ESSENCIAIS
Os resultados deste trabalho estão estruturados em 3
partes: a) análise junto a empresas e especialistas; b) análise
econômica e tecnológica dos óleos essenciais; c) análise do óleo
essencial de patchouli e no último item deste capítulo apresentase uma síntese da pesquisa.
As entrevistas realizadas durante este trabalho, juntamente
com a literatura pesquisada, e o estudo de caso do óleo de
patchouli, trouxeram subsídios para que fossem levantados e
discutidos alguns pontos importantes. Os resultados conjuntos de
todas as informações coletadas e analisadas são apresentados no
item 4.5 - “Síntese dos resultados”.
4.1 Análise junto a empresas e especialistas
Uma breve contextualização das entidades consultadas é
apresentada a seguir:
a. Natura Cosméticos – Cajamar/SP
A Natura é uma empresa que atua no mercado de
cosméticos, vendendo produtos inovadores essencialmente
produzidos com elementos naturais tipicamente encontrados na
flora brasileira. Utiliza como matérias-primas, entre outras, os
óleos de Castanha-do-Brasil, Priprioca (raiz), Andiroba, Cupuaçu,
Breu Branco (resina), Murumuru e Buriti.
A empresa utiliza a venda direta (porta-a-porta) como
meio de comercializar seus produtos, contanto com mais de 800
mil consultoras e consultores. Considerando a presença em todos
os mercados em que atua, a empresa possui atualmente mais de
cinco mil colaboradores envolvidos diretamente com sua
produção.
Nos últimos quatro anos, a Natura aumentou
significativamente o seu marketshare e hoje é líder no seu ramo
de atuação no Brasil.
Neste trabalho, a empresa entraria na definição de
“indústria transformadora” (assim como a maioria das empresas
entrevistadas), ou seja, ela se utiliza de produtos intermediários
(fragrâncias) para posterior aplicação em produtos finais
(cosméticos e perfumes).
b. Akakia Cosméticos – Palhoça/SC
A empresa foi fundada em 2005 e vem conquistando
rapidamente o mercado nacional, possuindo em seu portfólio
mais de 300 itens entre femininos, masculinos e infantis.
Diferentemente da empresa Natura, a estratégia adotada
pela Akakia para comercializar seus produtos é por meio de
franquias. Em apenas dois anos foram abertas mais de 120
franquias, tornando a Akakia a franquia de cosméticos que mais
cresceu no Brasil em 2007.
c. Aroma da Terra – São José/SC
A Aroma da Terra é uma empresa que fabrica e
comercializa sua própria linha de cosméticos. O laboratório,
localizado em Mem Martins, no Concelho de Sintra, Portugal,
garante a produção, investigação e desenvolvimento dos seus
produtos, exclusivos e de alta qualidade, para atender as
necessidades do consumidor europeu. A empresa apostou no seu
desenvolvimento na América Latina fundando o seu segundo
laboratório de produção e investigação no Brasil, localizado em
São José, Santa Catarina.
A Aroma da Terra tem uma linha de aromaterapia que
utiliza óleos essenciais, muitos deles importados. Existe ainda a
área de aromatizadores de ambientes que utilizam em média 16
óleos essenciais em sua composição.
Por não possuírem todos os equipamentos necessários para
avaliação da qualidade do óleo adquirido, a confiança na hora da
compra é um quesito importante, entre outros atributos que são
levados em consideração, como ilustrado pela Figura 6.
Figura 6. Atributos importantes na escolha de
determinado agente comercial.
d. Ariége Cosmetics – São José/SC
A Ariége Cosmetics é detentora das marcas Fitoessence e
Bioscience e tem em seu portfólio produtos para diversas
necessidades como: shampoos, condicionadores, creme para as
mãos, esfoliantes corporais e faciais, sabonetes líquidos,
aromatizantes bucais, entre outros.
Na área de perfumaria, a empresa utiliza como inspiração
para desenvolver seus perfumes o chamado “contra-tipo”, que é
um perfume já conhecido e que é tendência no momento. Esta é
uma prática comum na maioria das empresas de pequeno porte,
que se utiliza deste tipo de estratégia tornando mais fácil a venda
do produto. As empresas apresentam um briefing às Casas de
Fragrâncias sobre o que desejam e solicitam que ela chegue o
mais próximo da essência conhecida.
De acordo com a faixa de preço estabelecida pela empresa
cosmética serão selecionadas as matérias-primas utilizadas, que
poderão ser óleos essenciais naturais, sintéticos, nacionais ou
importados.
e. Extratos da Terra – Palhoça/SC
A empresa “Extratos da Terra” surgiu da necessidade de se
trabalhar com produtos naturais em virtude de uma carência de
mercado nesse aspecto. Levando em consideração essa
necessidade a empresa passou a desenvolver produtos nas linhas
capilar, corporal, de higiene e facial.
A limitação de recursos da empresa para pesquisa e
desenvolvimento, assim como para muitas empresas de pequeno
porte, dificulta o desenvolvimento de novos produtos. Desta
maneira, as parcerias com fornecedores de matérias-primas
trazem o suporte necessário para o lançamento constante de
novos produtos. Estes fornecedores apresentam relatórios de tudo
o que foi lançado em um determinado período de tempo.
Apresentam os conceitos de inovação de produto.
A Extratos da Terra tem parceria, por exemplo, com a
multinacional alemã Cognis, recebendo tanto o suporte da Cognis
alemã, quanto da brasileira, chilena e argentina. A própria
empresa fornecedora apresenta relatórios do que é tendência, na
Europa, EUA, América do Sul. Com isto a Extratos da Terra
analisa as tendências e traz para a realidade brasileira. A empresa
adapta seus produtos a fatores como o clima local e o tipo de pele
da população. Estas parcerias surgem do interesse das próprias
empresas fornecedoras no intuito de vender seus produtos.
f. Alquimia do Banho – São José/SC
A Alquimia do Banho é uma empresa nova no mercado,
fundada em maio de 2005 com o objetivo de produzir uma linha
de cosméticos diferenciada e acessível. Iniciou com uma pequena
linha de produtos, tendo como principal produto seus sabonetes
artesanais, e hoje oferece uma linha completa de cosméticos para
o uso diário, higiene pessoal, acessórios para banho entre outros
produtos. Toda a linha é formulada com produtos naturais,
extratos de flores, frutas, sementes e óleos vegetais.
A empresa cita como empecilho na aquisição de óleos
essenciais o preço dos mesmos, o que encarece muito o produto
final. Existe ainda o difícil acesso às empresas formuladoras ou
Casas de Aromas e Fragrâncias, que muitas vezes não se
interessam pelas pequenas empresas, pois estas consomem
pequenas quantidades. A distância geográfica também é levado
em consideração, pois se soma aí o custo com transporte, mais
uma vez encarecendo o produto final.
g. Destilaria Três Barras – Torrinha/SP
A Três Barras é uma empresa familiar, que está a mais de
50 anos no mercado produzindo e comercializando óleos
essenciais, sendo líder nas exportações do óleo essencial de
Eucalyptus Citriodora no Brasil.
A empresa extrai óleo de patchouli pelo processo de
hidrodestilação a mais de quatro anos e aponta as dificuldades de
inseri-lo no mercado.
h. Associação Brasileira das Indústrias de Higiene
Pessoal, Perfumaria e Cosméticos – ABIHPEC – São
Paulo/SP
A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,
Perfumaria e Cosméticos - ABIHPEC é a entidade que
representa, nacional e internacionalmente, empresas relacionadas
à produção, promoção e comercialização de produtos acabados e
insumos destinados aos cuidados pessoais.
Estas associações são de vital importância, pois dão maior
credibilidade especialmente quando se lida com os órgãos
governamentais. Um trabalho coeso e harmônico entre as
associações, órgãos governamentais e ainda as comunidades
locais traz benefícios para a indústria.
Mais informações sobre estas empresas encontram-se no
anexo II desta pesquisa.
4.2 Análise Econômica
É notável o crescente interesse do mercado por produtos
naturais, o que estimula o crescimento de indústrias cosméticas e
de perfumaria focadas neste nicho. Neste sentido, os óleos
essenciais exercem papel fundamental e sua utilização cresce
nestes setores a ainda nos produtos de aromaterapia e
aromatizadores de ambiente, sem contar a indústria farmacêutica
que também usufrui dos seus benefícios.
Os óleos essenciais trazem à tona o que o Brasil tem de
mais precioso - a sua riqueza aromática, a maior do planeta,
fazendo com que o país seja a fonte mais promissora de aromas e
fragrâncias naturais do mundo. Apesar disso, o setor de óleos
essenciais no Brasil ainda é desarticulado e falta interação no
sentido de fortalecer os elos da cadeia de produção de matériaprima, extração de óleo, industrialização do produto final e
comercialização.
Para Krucken (2005) existe a necessidade de estimular
ações que contribuam para a reorganização e consolidação da
cadeia produtiva dos óleos essenciais, com envolvimento de
políticas públicas para o desenvolvimento do setor agroindustrial.
Para a autora, a origem do óleo essencial brasileiro não é
comunicada e não se observa a existência de uma ação
coordenada para promover a imagem e a origem da matéria-prima
(made in Brazil). “O potencial do óleo essencial brasileiro não é
convertido de forma sistemática em valor (econômico, cultural,
ambiental) para o local/nação”.
Essências, extraídas de flores, frutos, raízes, sementes,
folhas e cascas de plantas nativas da Amazônia, ajudam a formar,
embora de maneira tímida, a imagem e a identidade do Brasil em
perfumaria no exterior. Na Amazônia, o maior reservatório de
plantas do mundo, há mais de 300 mil espécies aromáticas
identificadas.
O Brasil apesar de comercializar grandes volumes de óleos
essenciais, a oferta é limitada e os óleos são de baixo valor
agregado (principalmente óleo essencial de laranja, outros óleos
cítricos, óleo essencial de eucalipto), o que caracteriza o país
como produtor. O óleo de origem brasileira é exportado em forma
bruta, como commodity, e importado na forma de mercadorias
processadas, em vários níveis (óleos essencial padronizado,
isolado, blendings para aromas e fragrâncias e produtos finais) e
na maioria das vezes com alto valor agregado.
O processo de extração do óleo essencial é uma das
maneiras de agregar valor ao produto obtido e neste sentido o
processo de extração por fluido supercrítico se destaca pelas
características do seu processo e que serão discutidas a seguir
mais detalhadamente.
A Figura 7 apresenta uma comparação entre os custos de
processamento (cultivo da planta, moagem, secagem, extração) e
o valor que o óleo de patchouli (extraído pelo processo de
extração supercrítica) pode chegar ao mercado em função da
concentração de patchoulol, por exemplo.
Figura 7. Custos de processamento versus valor no mercado, para
o óleo de patchouli obtido por extração supercrítica.
Nota: Figura meramente ilustrativa. Os valores não são reais, visto a
dificuldade de obter dados representativos neste setor, mas dão uma
idéia do potencial de valor que se pode agregar ao produto por meio de
uma tecnologia de extração.
Analisando a Figura 7 e fazendo-se uma simulação de
valores, pode-se notar que enquanto os custos de processamento,
por quilograma de carga, aumentam de US$ 1,00 para US$ 3,5
quando a concentração de patchoulol aumenta de 5 para 20 vezes,
o valor do óleo no mercado pode aumentar de US$ 10,00 para
US$ 100,00.
Assim como afirmaram Donelian (2004) e Araujo (2008),
a qualidade do óleo essencial de patchouli é determinada, entre
outros atributos, pela presença do composto patchoulol,
responsável pela nota característica deste óleo essencial e de sua
capacidade fixadora de aromas.
Para aumentar sua concentração podem-se controlar
melhor as condições do processo de extração e ainda alterar as
condições ambientais. Estes são custos relativamente baixos se
comparado ao valor que este óleo pode chegar ao mercado.
4.3 Análise Tecnológica
A transformação do material vegetal para um produto
tecnologicamente elaborado, que pode ser intermediário ou
acabado, implica na utilização de operações de transformação
tecnológica (SONAGLIO et al, 2003).
Existe hoje uma maior exigência em relação à segurança
tanto de produtores quanto de consumidores, para o
desenvolvimento de novos produtos ou processos. Desta maneira,
a regulamentação sobre o uso de solventes perigosos,
cancerígenos ou tóxicos, assim como os altos custos de energia
tornaram-se pontos importantes a serem discutidos. Na área das
pesquisas vem ocorrendo um maior esforço para agregar valor
aos óleos essenciais de plantas tradicionalmente cultivadas, e as
tecnologias de extração são um dos meios para se atingir este
objetivo.
As metodologias alternativas de extração que surgem
como meio de suprimir a vantagem competitiva dos materiais
sintéticos, devem satisfazer tanto as preferências dos
consumidores quanto o controle regulamentar e, obviamente,
devem ser rentáveis. Umas dessas importantes tecnologias que
surgiu nas últimas duas décadas, como uma alternativa à extração
tradicional de produtos naturais por solventes, é a técnica de
extração por fluido supercrítico.
A extração supercrítica (ESC) surge como uma alternativa
para suplementar e até substituir os sistemas de separação
convencionais (destilação ou extração com solventes orgânicos
líquidos) já que seu rendimento energético e efetividade de
separação são bons (GÓMEZ e OSSA, 2002).
A ESC utiliza um solvente limpo, seguro, de baixo custo,
não inflamável, não tóxico, tal como o dióxido de carbono. Além
disso, os custos energéticos associados a esta técnica de extração
são inferiores aos custos em relação ao tradicional método de
extração por solvente, ressalta Mukhopadhyay (2000). A
tecnologia de extração por fluido supercrítico vem cada vez mais
ganhando importância em relação às técnicas convencionais de
extração de produtos naturais, podendo obter extratos com alta
pureza.
Para Hunter (1996) a composição de um óleo essencial
pode ser alterada, modificada ou quimicamente mudada durante o
processo de extração. Esta mudança pode ser mínima, mas um
especialista da área perceberá o efeito desta mudança no aroma.
Portanto, qualquer extrato aromático natural nunca capturará o
mesmo aroma da fonte original. O objetivo do processo de
extração, com raras e notáveis exceções, é isolar o material
aromático da fonte com a mínima interferência e modificação do
odor possível. Isto influencia o método de extração selecionado.
Quando se trata de obter óleos essenciais, a escolha de um
método de extração adequado é fundamental, a fim de não
comprometer suas propriedades. Os solventes orgânicos
utilizados nos processos de extração e purificação de ingredientes
ativos de plantas podem ser perfeitamente substituídos por outras
formas de extração e purificação de moléculas, conforme se
tornou viável pelo emprego da tecnologia de fluidos
supercríticos, possibilitando obter produtos de maior qualidade.
O calor usado no ato da extração por solvente também
pode interferir na qualidade final do óleo essencial, pois no
momento da extração pode haver a degradação de compostos
termo sensíveis e ainda deixar traços de solvente tóxico no óleo
obtido. Contaminações do próprio solvente também podem
alterar a qualidade do óleo obtido.
O desenvolvimento de um método de extração mais
efetivo exige conhecimentos da estrutura celular da planta e a
composição do aroma dentro da mesma, e a aplicação destes
conhecimentos para aperfeiçoar o processo de extração requer
repetidas modificações no equipamento de extração e contínuos
refinamentos do método usado.
Existem várias vantagens para se optar pelo uso da
extração supercrítica na indústria cosmética em substituição ao
uso de solventes como hexano, éter de petróleo e metanol. O óleo
essencial obtido pelo processo de extração supercrítico não
contem nenhum resíduo do fluido supercrítico e possui aroma
muito similar à planta viva. Considera-se este método como
sendo o que permite obter os óleos essenciais de melhor
qualidade e que apresentam o perfil organoléptico mais natural,
mas por causa do custo do equipamento, normalmente tem um
preço superior.
Moyler (1998) faz uma comparação do preço e rendimento
do óleo de cravo e óleo de gengibre para duas tecnologias de
extração, como mostrado na Tabela 5.
Tabela 5. Comparação de preço e rendimento do óleo de
cravo e gengibre para duas tecnologias de extração.
Processo de
extração
Óleo de
cravo
Rendimento
Preço
Hidrodestilação
16 %
$30/kg – óleo puro
Extração com CO2
18 %
$50/kg
Hidrodestilação
2%
$140/kg – óleo
puro
Extração com CO2
3%
$170/kg
Óleo de
gengibre
Fonte: Adaptado de Moyler, 1998.
Na tabela 5 observa-se que os rendimentos de extração
com CO2 são muito similares àqueles obtidos por processos de
extração convencionais, mas isto requer conhecimento do
processo e certa combinação de pressão e temperatura de
operação.
Para Moyler, as seguintes considerações são importantes
para quem quer utilizar a tecnologia de extração por CO2:
1. Fazer uma comparação do preço de extratos obtidos por
este método;
2. Comparar os rendimentos, e como este varia com a
pressão do CO2 utilizada para a extração,
3. Alguns produtores deixam água e ceras nos óleos, que
posteriormente devem ser removidos e, portanto, trazem custos
adicionais e diminuem a quantidade de ingrediente útil;
4. Comparar a solubilidade do produto;
5. Verificar a solidez de fornecimento em longo prazo.
A extração supercrítica apresenta vantagens em relação a
outras técnicas de extração: o processo é flexível devido à
possibilidade de modulação contínua do poder solvente;
seletividade do fluido supercrítico; não há a necessidade de
utilizar solventes orgânicos poluentes e assim eliminam-se os
altos custos com pós-processamento dos extratos para
purificação.
Segundo Grossman (2005), o CO2 retira de forma seletiva
o óleo essencial e a fração mais leve das resinas, rejeitando
proteínas, ceras, carboidratos, pigmentos e clorofila, extraindo
precisamente o aroma e o sabor que o processo de destilação
muitas vezes não consegue fazer. Durante o processo de
destilação, há degradação de material celular, incluindo proteínas
e outros componentes, gerando quantidades de nitrogênio e
compostos sulfúricos que se traduz em notas de mau odor.
Ao selecionar um extrato de produto natural para inclusão
em uma fragrância, a escolha da técnica de extração adequada,
com base na análise do produto final, faz com que muitas vezes
evitem-se problemas em uma fase posterior do desenvolvimento
de produtos.
Hunter (1996) destaca que o desenvolvimento de novos
óleos essenciais pode tornar-se inviável, pois é caro, demorado e
demanda recursos. Antes de se fazer qualquer pesquisa ou
desenvolvimento deve-se definir o escopo e os limites do projeto.
É importante criar objetivos de desenvolvimento claros para o
projeto, identificar os recursos necessários e definir os limites de
custo.
4.4 Resultados do estudo de caso aplicado: óleo
essencial de patchouli
Um dos objetivos desse estudo é identificar os fatores que
determinam o acesso de novos óleos essenciais no mercado de
aromas e fragrâncias e avaliar a importância do uso de
tecnologias avançadas de extração na agregação de valor destes
óleos e analisar se este aporte tecnológico é percebido pelo
mercado. O que se observou com os óleos essenciais é que um
produto de alto valor tecnológico não é imperativo de sucesso
nem quer dizer que será um produto absorvido pelo mercado.
Para atingir tal objetivo foi realizado um estudo da
presença de importantes compostos no óleo essencial de patchouli
[Pogostemon cablin (Blanco) Benth.] extraído por meio de duas
tecnologias de extração: hidrodestilação e extração supercrítica, e
desta forma avaliar a qualidade de cada óleo essencial obtido.
Para identificar os compostos presentes em cada um dos óleos,
foram feitas análises em cromatografia gasosa acoplada à
espectrometria de massas (CG-EM) e análises olfativas realizadas
por um perfumista também foram fundamentais.
Foram analisadas cinco amostras de óleo essencial de
patchouli 4. Duas delas são de óleos extraídos por extração
supercrítica (amostras 4 e 5); duas amostras são óleos extraídos
por hidrodestilação (amostras 1 e 3) e a amostra número 6 é do
óleo essencial de patchouli comercialmente usado (extraído por
hidrodestilação).
As plantas de patchouli, estudadas neste trabalho, são
cultivadas na cidade de Santo Amaro da Imperatriz, no estado de
Santa Catarina, e de forma orgânica, apresentando o mesmo
genótipo. As diferentes condições ambientais a que foram
expostas tornam seus fenótipos diferentes, portanto com
características diferentes. Depois de cultivadas, as plantas foram
colhidas na mesma época do ano e da mesma forma, e passaram
pelo mesmo processamento (moagem, secagem) antes de se fazer
a extração do óleo.
Um dos compostos de interesse presentes no óleo essencial
de patchouli é o patchoulol principal composto responsável por
ser fixador de aromas e mascarar odores desagradáveis e
indesejáveis. Porém, a qualidade do óleo não depende somente do
teor de um princípio ativo e sim da ação simultânea de vários
compostos, entre eles o α-patchouleno, β-patchouleno e αguaieno.
Para identificar e definir um óleo essencial geralmente se
estabelece um teor mínimo de determinadas substâncias. A ISSO3757 (2002) estabeleceu que para ser reconhecido como um óleo
essencial de patchouli, entre outros critérios, o mesmo deve
conter no mínimo 27% de patchoulol. Mas isso não é suficiente
para garantir a qualidade de um óleo, visto que se consegue
extraí-lo com até 42% de patchoulol e ainda assim este produto
apresenta dificuldades de ser inserido no setor.
A Figura 8 traz uma comparação entre os cromatogramas
de íons totais referentes às amostras de óleo de patchouli.
RODAPÉ - 4 A amostra de número dois foi um experimento à
parte do trabalho e não entra no contexto da pesquisa, mas está
contida nos cromatogramas apresentados no Anexo B deste
trabalho. Uma vez que todas as amostras foram analisadas pelo
mesmo laboratório optou-se por permanecer a numeração 1, 2, 3,
4, 5 e 6. Desta forma a numeração das amostras coincide com a
numeração das figuras presentes no Anexo B.
Figura 8. Comparação entre os cromatogramas de íons
totais referentes às amostras 1,3,4,5 e 6.
Pela observação da figura 8 fica nítido que os
cromatogramas de todos os óleos, tanto os obtidos por
hidrodestilação quanto os óleos obtidos por ESC e o óleo
utilizado pelo mercado, são muito semelhantes.
Para melhor visualizar os compostos correspondentes a
cada um dos picos, a figura 9, a seguir, traz o cromatograma da
amostra número 1 com os respectivos picos identificados.
Figura 9. Cromatograma da amostra 1 com os 12 picos
identificados.
A Tabela 6 traz os compostos identificados referentes a
cada pico.
Tabela 6. Compostos identificados na análise em CG-EM
referentes a cada pico.
Pico
Tempo de retenção
(min)
Constituinte sugerido
01
26,045
β-patchouleno
02
26,292
β-elemeno
03
27,304
tujopseno-cis
04
27,541
β-cariofileno
05
28,344
α-guaieno
06
28,800
seicheleno
07
29,292
α-patchouleno
08
29,392
allo-aromadendreno
09
29,525
β-guaieno
10
30,708
valenceno
11
31,056
α-bulneseno
12
37,535
patchoulol
A Tabela 7 mostra os percentuais relativos de cada
composto encontrado para cada uma das amostras de óleo.
Tabela 7. Comparação dos percentuais relativos às amostras
1,3, 4, 5, e 6.
Pico
% Relativo
amostra 1
% Relativo
amostra 3
% Relativo
amostra 4
% Relativo
amostra 5
% Relativo
amostra 6
01
4,35
3,43
2,71
2,37
3,26
02
1,06
0,91
0,85
0,82
1,13
03
1,03
0,92
0,87
0,77
0,81
04
4,29
3,53
3,53
3,24
3,33
05
16,36
14,67
14,91
13,23
13,00
06
8,80
8,05
7,51
6,65
7,27
07
6,22
5,68
5,23
4,84
5,11
08
2,48
2,14
1,94
1,70
1,91
09
1,80
1,69
1,58
1,46
1,49
10
4,19
3,73
3,38
3,49
3,29
11
16,18
14,09
13,99
13,55
13,80
12
24,15
30,42
29,88
27,55
29,94
Total
90,91
89,26
86,38
79,94
84,34
Legenda:
Amostra 1: óleo de patchouli extraído por hidrodestilação – lote 1
Amostra 3: óleo de patchouli extraído por hidrodestilação – lote 2
Amostra 4: óleo de patchouli extraído por extração supercrítica – lote 1
Amostra 5: óleo de patchouli extraído por extração supercrítica – lote 2
Amostra 6: óleo de patchouli utilizado comercialmente (extraído por
hidrodestilação)
O relatório completo das análises cromatográficas está no
anexo B - Relatório de Análises Cromatográficas.
Analisando-se os resultados e considerando-se a variação
na proporção de cada componente, pode-se assumir que todos os
óleos são muito semelhantes. Os compostos obtidos por ESC são
os mesmos que os do óleo obtido por hidrodestilação. Este
resultado já era esperado como se pode observar em outros
trabalhos científicos (ARAUJO, 2008; DONELIAN, 2004).
Destas análises, poder-se-ia dizer que se trata do mesmo
óleo. No entanto, análises olfativas demonstraram uma diferença
enorme entre eles.
Dos 12 picos que aparecem nas análises, os mais fortes e
característicos do patchouli, segundo perfumista consultado, são
os de número 1 (β-patchouleno), 7 (α-patchouleno) e 12
(patchoulol). Mas podem existir traços de compostos químicos
muito potentes, que não aparecem, pois podem estar presentes em
baixas concentrações. Ainda assim, estes compostos influenciam
muito no aroma do óleo e um perfumista perceberá, o que leva a
concluir que um olfato bem treinado pode ser mais sensível que
uma analise cromatográfica ou que o olfato do ser humano é mais
específico para determinados compostos.
As notas de saída, avaliadas nas primeiras 6 horas de
evaporação, foram assim qualificadas: para as amostras 4 e 5
(óleos obtidos por extração supercrítica), a avaliação do
perfumista foi a seguinte: “Fica longe do referencial do Patchouli
de uso comercial, longe da nota conhecida de Patchouli”. Para a
amostra 4, o aroma do óleo essencial lembra a essência de
Lavandula stoechas e depois de 5 horas, cheiro próximo da
essência de Copaíba e incenso. A amostra 5 lembra cheiro de
folhas secas, até de grama seca.
Para as amostras 1 e 3 (óleos obtidos por hidrodestilação),
as avaliações foram: amostra 1: “cheiro de folhas secas tipo chá”.
Para o perfumista, as notas de saída, não se aproximam da
qualidade comercial, mas com o decorrer da evaporação, se
aproxima de um patchouli comercial faltando alguma nota do
lado terroso. A amostra 3, “tem bom cheiro de patchouli, com o
“cheirinho” das folhas de cultivo que passaram pelo processo de
hidrodestilação, lembrando folhas de espinafre”.
A amostra 6, que é o óleo de patchouli utilizado
comercialmente, foi avaliada e teve as seguintes considerações:
“potente, levemente defumada, não é tão próximo do referencial
habitual de Patchouli”.
Depois de cinco dias, as amostras foram novamente
analisadas, agora para avaliar as notas de fundo, e a conclusão foi
a seguinte: “o cheiro típico amadeirado e “mofo” de patchouli
esta bem presente em todas as fitas sendo que na amostra 1 o
cheiro é mais fraco”. As amostras 3,4,5 e 6, segundo perfumista,
são similares, com preferência para a n.o 5, que é a mais rica e
reproduz o cheiro forte de patchouli.
Na amostra 5, os picos 1(β-patchouleno), 6 (seicheleno), 7
(α-patchouleno), 8 (allo-aromadendreno) e 9 (β-guaieno) são os
mais baixos da tabela, mas conforme análise olfativa é a melhor
essência de corpo e fundo, mesmo possuindo baixo teor de
Patchoulol (27,55%). É curioso, porque se espera que um óleo de
patchouli com maior teor deste composto tenha um aroma mais
característico.
O óleo de patchouli usado na perfumaria e reconhecido
pelos perfumistas é o óleo que vem da Indonésia e geralmente é
extraído por hidrodestilação. Este processo utiliza alta
temperatura, capaz de quebrar ou volatilizar moléculas
termosensíveis durante o processo de extração. Então, o óleo
obtido por tal processo pode ter seu aroma alterado, pois
moléculas importantes podem não estar mais presentes.
O óleo obtido por ESC por sua vez, é mais puro uma vez
que não deixa resíduos do fluido supercrítico, não possui resíduos
de solventes e apresenta um perfil organoléptico superior por não
haver degradação de compostos pelo efeito de temperaturas
elevadas. São vantagens que o tornaria mais interessante e,
portanto requisitado pelo mercado. Não é o que se observa, pois
existe uma série de outros fatores que irão determinar se um novo
óleo será ou não absorvido pelo mercado, conforme apresentado
na síntese dos resultados.
4.5 Síntese dos resultados
A partir das três abordagens utilizadas nesta pesquisa entrevistas, análise documental e estudo de caso do óleo de
patchouli - chegou-se a síntese final, ilustrada pelo Quadro 3 e
discutida posteriormente, de forma mais detalhada.
Fatores que influenciam a entrada de novos óleos
essenciais no mercado
Padronização do óleo
Capacidade de atender a demanda do mercado
Qualidade da matéria-prima vegetal
Critérios de qualidade do óleo essencial
Gestão da relação fornecedor-comprador
Influência das grandes empresas
Percepção dos perfumistas
Óleo “comercial”
A importância do “novo”
Importância das tecnologias de extração
Papel do consumidor final
Quadro 3. Quadro sinóptico: Fatores que influenciam a
entrada de novos óleos essenciais no mercado.
a. Padronização do óleo
A variação inerente da qualidade dos produtos naturais e as
flutuações de sua qualidade organoléptica tornam sua
padronização uma tarefa árdua. No caso dos óleos essenciais,
suas especificidades exigem estudos mais detalhados.
Para o produtor de um novo óleo entrar no mercado, é
necessário, antes de tudo, que ele tenha condições de fornecer o
seu óleo com o mesmo padrão de qualidade. Óleos essenciais são
produtos naturais e, portanto, sofrem interferências das condições
edafoclimáticas, ou seja, tem suas características alteradas em
função de fatores como o clima, relevo, temperatura, umidade do
ar, radiação, tipo de solo, vento, e a precipitação pluvial. Isso
quer dizer que, plantas cultivadas em regiões diferentes, ou
mesmo na mesma região sob diferentes técnicas, ou colhidas em
momento distinto, também se traduzem em óleos essenciais
diferentes.
É imprescindível que o produtor tenha um controle
rigoroso do processo de extração e que os parâmetros de
qualidade sejam bem estabelecidos, para que desta forma possa
haver uma reprodutibilidade do seu produto.
As Casas de Aromas e fragrâncias não podem correr o
risco de terem flutuações nas características de um mesmo óleo.
Isso certamente trará complicações no processo de formulações
de aromas e fragrâncias e acabará refletindo na qualidade do
produto final.
Com uma gama enorme de matérias-primas à disposição
de perfumistas, se um novo produtor não conseguir ter padrão de
fornecimento do seu óleo essencial, mantendo sempre a
qualidade, é provável que as Casas de Fragrâncias eliminem seu
produto do portfólio. Embora atributos como preço,
disponibilidade, relação custo/desempenho também sejam
necessários para um novo óleo se manter no mercado, eles não
são suficientes.
b. Capacidade de atender a demanda do mercado
Uma vez que um produtor não tenha condições de
fornecer seu óleo em nível mundial torna-se difícil seu acesso a
este mundo de fragrâncias e aromas, a menos que este óleo seja
um produto único, uma especialidade, e que seu valor seja
percebido por especialistas.
Isso, se ele conseguir transpor as barreiras de entrada a este
desafiador mercado e se conseguir, antes de tudo, cair nas graças
dos perfumistas.
Os óleos essenciais são matérias-primas importantes para a
indústria de aromas e fragrâncias, que não podem parar uma linha
de produção por falta delas, assim, acabam comprando de
fornecedores tradicionais, que já possuem um histórico de
fornecimento. Neste sentido é importante o produtor ter a
capacidade de perceber se sua escala de produção é viável para
atender a demanda e para se adaptar às exigências do mercado.
c. Qualidade da matéria-prima vegetal
Visto que a qualidade do produto final está diretamente
ligada à qualidade da matéria-prima selecionada, a produção de
óleos essenciais deve estar baseada na qualidade de todo seu
processo. Dependendo da procedência do material vegetal
(origem geográfica, condições de colheita, processo de secagem)
poderá haver variações na composição química, na pureza e até
mesmo nas características organolépticas do óleo obtido, e isso
será percebido por especialistas da área.
Daí percebe-se a importância da rastreabilidade da
matéria-prima, ou seja, manter os registros necessários para
identificar os dados relativos à origem da planta, que muitas
vezes fica em segundo plano em relação ao preço. O caminho
percorrido pelas matérias-primas, que vai desde o produtor até a
indústria transformadora, é longo e existe uma série de
intermediários (indústria processadora e formuladora,
negociantes) que vão dificultando as inter-relações e as
informações necessárias para manter os registros.
Empresas como a Natura, utilizam matérias-primas de
origem vegetal, na forma de extratos, óleos ou compostos e a
escolha de fornecedores de insumos é feita levando em conta um
rigoroso processo de rastreabilidade.
d. Critérios de qualidade do óleo essencial
O que se observou nas entrevistas com profissionais das
indústrias cosméticas, é que o primeiro critério utilizado para
avaliar a qualidade da fragrância ou de um óleo essencial é por
meio do olfato. É comum as empresas usarem este critério como
primeira avaliação do produto em questão, já que uma das
características mais evidentes de um óleo, ou mesmo de uma
fragrância, é o seu aroma, portanto, a análise organoléptica seria
um modo simples e rápido de se verificar a sua qualidade.
É desta maneira que um perfumista fará sua primeira
avaliação e é sobre este critério que um novo óleo essencial será
julgado. Outros critérios podem ser utilizados para analisar a
qualidade do produto, como a análise do sabor e cor. São critérios
que irão defini-lo e o distinguirá dos demais. O critério da cor foi
um dos observados para os óleos de patchouli, que apresentam
cores distintas e perfis organolépticos bastante diferentes.
Análises organolépticas são subjetivas, e estão sujeitas a
percepções e opiniões pessoais de avaliadores e perfumistas das
mais variadas origens, podendo variar de indivíduo para
indivíduo. Ainda assim, o nariz do ser humano é uma ferramenta
importante para análises de amostras odoríferas, podendo ser
mais sensível que os métodos instrumentais. Um “nariz treinado”
pode perceber compostos traços que não aparecerão em análises
como CG-EM por exemplo. Um perfumista tem à disposição
cerca de 3000 matérias-primas, entre naturais e sintéticas, e as
especificidades de cada uma delas torna a classificação olfativa
uma tarefa complexa.
Se um óleo essencial ao ser analisado, sob estes critérios,
apresentar alguma diferenciação em relação a cor, consistência,
sabor ou aroma comparado ao óleo estabelecido e utilizado pelo
mercado e pelos parâmetros já conhecidos dos especialistas,
considera-se que ele não preenche os requisitos necessários,
sendo rejeitado.
Em tese, uma análise olfativa deveria ser feita por
comparação direta do óleo essencial em questão com a planta da
qual o óleo foi extraído, isso a tornaria mais fidedigna. E neste
sentido, um óleo essencial obtido por extração supercrítica
apresenta vantagens. Não havendo degradação de compostos
neste tipo de processo, o perfil organoléptico deste óleo é o que
chegaria mais próximo de planta de origem. E isso foi constatado
pelo perfumista Olivier que, avaliando o óleo de patchouli
extraído por ESC (amostra n.o 5), concluiu que é o mais rico e
reproduz o cheiro forte de Patchouli.
Grandes indústrias de perfumaria e cosméticos realizam
internamente os testes de qualidade dos óleos essenciais que o
mercado (indústrias processadora, negociantes) oferece. São
fornecidas amostras para posteriormente continuar a negociação.
É um procedimento necessário já que existe uma ampla variação
de padrões de qualidade e especificações técnicas existentes para
as diversas categorias de óleos essenciais.
Empresas de menor porte, porém, não dispõe de
equipamentos necessários para avaliar a qualidade do óleo
essencial, nem contam com perfumistas, por isso a credibilidade
destes agentes no mercado, pelo menos em princípio, impera na
hora de fechar contratos. É uma situação comum entre empresas
de pequeno porte como a empresa Aroma da Terra, que utiliza
óleos essenciais principalmente na linha de aromaterapia.
e. Gestão da relação fornecedor-comprador
Quanto maior o número de fornecedores maior a
dificuldade de fazer a gestão da relação fornecedor-comprador.
Um número menor de fornecedores torna mais fácil a relação de
confiança em longo prazo, desta forma, o número de
fornecedores-chave é um fator importante.
A segmentação do mercado (higiene pessoal, perfumes,
cosméticos) também dificulta esta relação, pois cada segmento
tem características distintas e muitas especificidades. Do mesmo
modo, a grande proporção destas indústrias e a velocidade de
mudança corroboram para a complexidade da gestão.
É importante identificar as preferências do mercado, dos
especialistas, perfumistas, negociantes, dos compradores de um
óleo essencial em geral. Eles precisarão ter confiança não só no
óleo apresentado, mas principalmente no produtor e acreditarem
que terão maiores benefícios ao utilizar seu óleo. É preciso
congruência de idéias e interesses, entre produtor e comprador,
para que desta forma possa haver uma relação embasada em
confiança e durabilidade.
f. Influência das grandes empresas
As grandes empresas desempenham papel importante na
entrada de novos produtos no mercado. As Casas de Aromas e
Fragrâncias, que consomem grandes volumes de óleos essenciais,
certamente irão definir as regras que regem a incorporação de
novos óleos no mercado. Quanto maior a empresa maior sua
influencia no mercado e na cadeia produtiva destes produtos. Elas
são empresas-chave no sistema de comercialização dos óleos e
têm um grande poder de compra no mercado que operam,
podendo eventualmente favorecer determinados países, regiões,
comunidades ou produtores específicos. Desta maneira, é
importante que o novo produtor identifique as preferências destes
potenciais compradores antes mesmo de começar o seu cultivo.
Num mundo cada vez
concorrência é cada vez maior,
produtos já estabilizados no
protegerem-se da concorrência,
novos produtores.
mais globalizado em que a
as empresas que tenham seus
mercado, como forma de
criam barreiras à entrada de
Seria interessante que os grandes compradores de óleos
essenciais, ao visualizar um potencial num produtor e no seu
produto, investissem na sua melhoria, que fornecessem subsídios
para o seu aperfeiçoamento, o que traria benefícios para ambos.
Atitudes como esta podem ser observadas em empresas como a
Natura, onde esforços são despendidos em várias comunidades a
fim de compartilhar o conhecimento local trazendo benefícios a
todos. A empresa desenvolve um forte papel como coordenadora
de diversos projetos com comunidades produtoras. E neste
sentido, seus produtos possuem um valor agregado não só em
função do conteúdo tecnológico, mas também em função do
conteúdo ambiental, cultural e social.
Muitas vezes os produtores mudam seu mix de atividades
em função de uma nova oportunidade e até mesmo em função do
posicionamento da indústria. Estas empresas podem fomentar o
desenvolvimento ajudando “novos” produtores a entrarem neste
mercado global, o que acaba invariavelmente, fortalecendo a
marca e ainda reforçando a relação fornecedor-comprador.
g. Percepção dos perfumistas
O aroma não é função de um só composto e sim, uma
sinergia de muitos constituintes. A diferença de aroma percebido
pelos perfumistas em relação aos óleos de patchouli estudados
pode ter inúmeras explicações e um estudo mais aprofundado é
necessário para elucidar tal questão. Além da degradação de
compostos por efeitos de temperatura, os constituintes que dão o
aroma característico de um óleo podem não aparecer em análises
cromatográficas; pode haver sobreposição de picos nos
cromatogramas o que dificulta a análise. Enfim, são questões que
podem ser estudadas com mais detalhe em trabalhos futuros.
No caso do óleo extraído por ESC, ainda que ele apresente
vantagens frente a óleos extraídos por outros processos, ele ainda
não consegue encontrar seu lugar no mercado. A grande
dificuldade é mostrar aos especialistas da área que, acostumados
com o óleo de patchouli obtido por hidrodestilação, estão diante
de um óleo totalmente puro, que não sofreu nenhuma degradação
e que, portanto, não tem as mesmas características organolépticas
do “padrão” que conhecem. Os aromas que agora sentem são,
talvez, de algum composto que não é percebido no óleo obtido
por hidrodestilação, pois este composto pode ter sido degradado
pela temperatura empregada no processo.
Essas qualidades somente serão valorizadas quando os
agentes comerciais inserirem esses produtos no mercado. Neste
sentido, destaca-se a importância dos perfumistas e aromistas que
percebem as aplicações potenciais de novos óleos essenciais. A
maioria deles será avaliada sobre estes critérios para que se possa
encontrar aceitação como um novo material aromático. São estes
profissionais que definem os óleos essenciais padrões que serão
usados nas formulações de fragrâncias para cosméticos.
h. Óleo “comercial”
Como já foi dito, existe uma série de fatores que podem
modificar um óleo essencial, podendo existir desta maneira, uma
ampla variação para um mesmo óleo. Comercialmente, isto se
torna um desafio e surge a necessidade de se definir padrões de
qualidade. Ao mesmo tempo, afirmar que existe um padrão é
ignorar os inúmeros parâmetros e formas de extração que podem
alterar a qualidade de um óleo. O padrão pode ter sido estipulado
sem levar em conta a variabilidade da planta no mundo e as
variações intrínsecas de um material aromático natural. Desta
forma torna-se difícil para o produtor comercializar um óleo
essencial dentro do modelo estipulado.
Diversas entidades estabelecem padrões de qualidade para
estes produtos, como a ISO (International Organization for
Standardization) e as farmacopéias de vários países. É claro que o
padrão é importante uma vez que desta forma pode-se fazer
comparações de produtos que utilizam em sua composição óleos
essenciais e assim poupar esforços de adaptação dos produtos
para cada nova safra do óleo.
Os óleos essenciais comprados pelas empresas
formuladoras e utilizados nas mais variadas formulações de
produtos em todo o mundo são os “definidos” como óleo padrão.
No caso do óleo de Patchouli, o óleo reconhecido pelo mercado é
obtido por hidrodestilação. Sabe-se que a alta temperatura
utilizada neste processo pode degradar algumas moléculas e
assim alterar o aroma do óleo essencial.
No caso do óleo de patchouli, que tem a propriedade de
melhorar seu aroma com o tempo, é difícil dizer se o seu padrão,
quando estipulado, levou esta questão em consideração. O óleo
de patchouli padrão pode ter sido deixado por um tempo
descansando e depois disso ter sido comercializado.
O modo de armazenamento de um óleo essencial também
influenciará suas propriedades terapêuticas e aromáticas. Sabe-se
que os óleos se não armazenadas corretamente podem oxidar e
começam a perder suas características. Estes fatores também
podem explicar a razão do perfumista não ter reconhecido o óleo
de patchouli utilizado comercialmente como o padrão que
conhece.
É difícil entender como existe um óleo “padrão”, porque
mesmo que se tenha um rigoroso processo de processamento e
extração ainda assim haverá variações no óleo, pois são inerentes
a um produto natural. Também é pouco provável que exista um
único produtor que possa atender toda uma demanda de mercado.
O que pode acontecer é que as Casas de fragrâncias tenham
alguns potenciais produtores para um mesmo tipo de óleo
essencial, que certamente terão características diferentes. E como
lidar com tais diferenças? Uma maneira seria usar estes óleos
para “formar um novo óleo” e então termos um produto “padrão”.
À medida que se misturam os óleos vai se encontrando àquele
que fica mais harmônico para uma determinada aplicação.
i. A importância do “novo”
A indústria cosmética caracteriza-se por ser um setor
inovador e por estar sempre buscando alta tecnologia. Essa
inovação pode ser percebida nas embalagens, no
desenvolvimento de novos princípios ativos, novas essências.
Ainda assim, existe uma resistência a novas matérias-primas,
como no caso de um novo óleo essencial. É paradoxal que,
embora esteja falando-se de um setor que sempre remete ao novo
existe certo “conservadorismo” na base da cadeia produtiva.
De acordo com as entrevistas realizadas, esta resistência
pode ser explicada, em partes, pela possibilidade de se inovar
com o que a indústria já possui de matérias-primas.
Como observado em outras literaturas, um fator importante
que caracteriza a novidade de um novo óleo essencial é a
percepção única do seu perfil organoléptico, ou seja, uma
percepção nova, nunca antes sentida. O óleo essencial de
patchouli obtido por ESC, e avaliado por perfumistas, possui um
perfil organoléptico diferente do óleo de patchouli encontrado no
mercado (extraído por hidrodestilação). Logo, de maneira
indutiva, pode-se dizer que se tem um “novo” óleo, ainda que
extraído da mesma planta.
Uma maneira de inserir este óleo essencial extraído por
ESC seria introduzi-lo no mercado como um “novo produto”,
com outro nome, para que realmente o mercado o visse como
algo inovador. Quem está acostumado com o “padrão” acredita
que não há a necessidade do novo, ainda mais para um produto
que já está consolidado. Então de alguma maneira, ao introduzir
um mesmo óleo, sob outro nome, o mercado aceite testá-lo e
introduzi-lo neste meio.
j. Importância das tecnologias de extração
As empresas podem adotar diversas estratégias com vista a
agregar valor a um produto. Seja por meio da eficiência dos
processos internos, diminuindo os prazos de entregas; seja pela
melhoria de produtos antigos, por meio das matérias-primas
utilizadas e ainda em função das tecnologias de extração que, se
escolhidas de forma conveniente, podem minimizar o impacto
ambiental.
O processo de extração supercrítica ainda é visto como um
processo oneroso. É preciso quebrar paradigmas, pois se criou um
“pré-conceito” principalmente em relação aos custos de
implementação de uma planta industrial, embora trabalhos que
refutam esta idéia já estejam surgindo. Algumas literaturas já
demonstraram que é possível obter óleos essenciais por meio
deste processo de maneira rentável, segura e limpa, como pode
ser observado em Araujo (2008). Empresas cosméticas também
começam a perceber as vantagens de tal processo e começam a
incorporá-lo na sua produção, ainda que de maneira tímida.
Nota-se que novos processos que, eventualmente, agregam
um adensamento tecnológico ao produto, nem sempre conseguem
demonstrar essas qualidades para os agentes do mercado. Os
processos de extração com fluido supercrítico agregam ao
produto qualidades que não estão presentes nos produtos obtidos
por outros métodos de extração, como arraste a vapor, que
introduz efeitos de degradação térmica para alguns componentes
presentes no óleo essencial que está sendo obtido.
Em contrapartida, percebe-se que a tendência destes
setores é valorizar produtos que possam apresentar algum
indicador valioso, como sustentabilidade e ausência de elementos
contaminantes. Nesse sentido o processo de extração com fluido
supercrítico tem um potencial enorme que permitirá a sua
utilização num futuro próximo.
k. Papel do consumidor final
Cada vez mais o consumidor final esta “guiando” a cadeia
produtiva de muitos produtos e sua participação é de fundamental
importância. As empresas lançam seus produtos muito em função
de uma necessidade do consumidor. Há uma exigência maior por
produtos com maior valor agregado, inovadores e que agridam
menos possível o meio ambiente. As tendências de consumo por
produtos naturais exercem considerável influência na indústria
cosmética, ao longo de toda a sua cadeia de produtos, em relação
às milhares de matérias-primas utilizadas.
Mas será que a agregação de valor num produto é
realmente percebida pelo consumidor final? No caso dos óleos
essenciais, um óleo extraído de forma mais adequada e que tenha
um perfil organoléptico superior aos demais, fará diferença para
um consumidor que não tem um “nariz treinado” para perceber
tal diferença de aroma num óleo ou numa fragrância, por
exemplo?
Para exemplificar, podemos citar a empresa O Boticário,
que lançou em 2004 e 2008 os perfumes Barolo e Malbec cujas
fragrâncias foram envelhecidas em barris de carvalho. São
fragrâncias inspiradas em vinhos, e com a introdução de uma
técnica inédita, a destilação do álcool vínico, que ajuda a acentuar
as características das notas de vinho. Esta tecnologia e agregação
de valor ao produto de fato é percebida pelo consumidor final?
Outro exemplo, que foge dos setores desta pesquisa, mas é
bem interessante, é a cerveja Antarctica Sub Zero (tipo pilsen - a
mais popular do mundo) lançada pela AmBev. É uma cerveja
voltada para o mercado de massa e segundo a empresa, o
diferencial do novo produto é a combinação de um líquido
elaborado para ser mais suave e refrescante. Para ser produzida, a
Antarctica Sub Zero passa por um sistema de dupla filtragem a
frio, realizada a uma temperatura de -2° C. Trata-se de uma
inovação e está agregando valor ao produto. Mas o consumidor
final entende tal inovação?
A avaliação da qualidade por parte do consumidor final é
subjetiva e sua percepção por meio dos atributos organolépticos
do produto pode ser pobre e não perceber alterações que só um
profissional detectaria. Em contrapartida, atributos como a
origem da matéria-prima, o modo de produção, ingredientes
ativos e segurança tanto de produto quanto de processo podem ser
referências importantes e fazer a diferença na escolha de
determinado objeto de desejo. É importante comunicar o
consumidor sobre tais questões.
No caso de um óleo extraído por determinado processo que
mantenha melhor suas propriedades organolépticas talvez não
seja percebido pelo consumidor final ao avaliar uma fragrância,
mas explorar que tal processo é ambientalmente vantajoso e
sustentável do ponto de vista econômico, cultural e ecológico,
pode tornar este produto qualificado e, portanto pretendido pelo
mercado. Afinal de contas, um produto só terá valor se o mercado
percebê-lo e se atender as expectativas do consumidor.
Além do mais um produto diferenciado e o “novo” por si
só já atraem o consumidor ávido por novidade. Ou seja, todos os
aspectos citados, se somados, irão contribuir para definir a
qualidade do produto final.
Resumindo, o mercado de óleos essenciais é complexo e
existe uma confluência de fatores que determinarão a inserção de
novos óleos no mercado.
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA
TRABALHOS FUTUROS
Neste capítulo são apresentadas as conclusões da pesquisa
contemplando os objetivos gerais e específicos. Os resultados
propiciaram algumas considerações em relação aos setores de
HPPC e aos óleos essenciais:
i. O mercado de produtos de higiene pessoal, perfumaria
e cosméticos, assim como o de óleos essenciais é fechado e isso
foi constatado já no processo de agendamento de visitas as
empresas. Muitas delas não aceitaram receber a pesquisadora e
isso ficou mais evidente nas grandes empresas onde as
informações são relevantes e vistas como estratégicas;
ii. No sistema de comercialização dos óleos essenciais, o
grande número de agentes econômicos (produtores, indústria
processadora, formuladora e transformadora, negociantes),
dificulta a obtenção de informações tanto técnicas quanto
científicas e principalmente de mercado em relação aos principais
elos da cadeia de comercialização dos óleos essenciais, que vai
desde o produtor até o consumidor final;
iii. A apresentação destas informações de forma inteligível
tornaria o mercado menos concentrado e promoveria uma maior
integração entre produtor-indústria tornando mais transparentes
as relações de mercado;
iv. É preciso que todos os envolvidos na cadeia de valor
dos óleos essenciais tenham uma visão clara e objetiva do seu
papel dentro do sistema, fortalecendo assim os elos da cadeia e
promovendo o desenvolvimento de produtos de qualidade cada
vez maior;
v. A coesão de idéias e interesses por parte dos agentes
econômicos traria benefícios a todos, o que acaba por refletir, de
maneira positiva, nos produtos entregues ao consumidor final;
vi. Percebeu-se que a entrada de um novo óleo essencial
no mercado enfrenta diversas barreiras, que vão desde questões
técnicas (toxicidade, estabilidade,
relacionamentos entre os agentes;
etc.)
até
questões
de
vii. Uma vez que um produtor não tenha condições de
fornecer seu óleo em nível mundial torna-se difícil seu acesso a
esse mundo das fragrâncias, a menos que este óleo seja um
produto único, uma especialidade, e que seu valor seja percebido
por especialistas;
viii. A padronização de um óleo também é fator decisivo no
momento de apresentar-lhe ao mercado. É imprescindível que o
óleo tenha as mesmas características, independente da safra;
ix. No entanto, devido aos diversos fatores que podem
modificar a característica de um óleo, é difícil que um único
produtor consiga ter reprodutibilidade do seu óleo e ainda consiga
atender a demanda de mercado. Daí conclui-se que as Casas de
Fragrâncias para resolver tal situação façam uma combinação de
alguns óleos para chegar num “novo óleo” padrão e mais
harmonioso para determinada aplicação;
x. Os processos de extração vêm no sentido de agregar
valor ao produto obtido e neste sentido destaca-se o processo de
extração supercrítica que cada vez mais tem chamado a atenção
das grandes indústrias tendo em vista seus benefícios;
xi. Ainda que os extratos naturais obtidos por extração
com fluido supercrítico tenham maior valor agregado e ofereçam
benefícios notáveis do ponto de vista comercial, ambiental, e de
saúde, seu valor ainda não é percebido por especialistas e
consequentemente o produto obtido por tal processo não é
absorvido pelo mercado;
xii. Ressalta-se a importância do consumidor final no
desenvolvimento de novos produtos na indústria de higiene
pessoal, perfumaria e cosméticos. Cada vez mais exigentes, os
consumidores estão mais preocupados com questões como
sustentabilidade, segurança de produtos e processos e isso
interfere nas decisões das empresas;
xiii. É importante comunicar o consumidor sobre o produto
que ele está adquirindo. Processos sustentáveis do ponto de vista
ambiental são bem vistos e geram interesse;
xiv. Existem perspectivas de crescimento de consumo de
óleos essenciais usados para fins de fragrância, pois são matériasprimas que diferenciam e agregam valor ao produto final, embora
enfrentem forte concorrência com as formulações sintéticas mais
baratas;
xv. O produtor de um novo óleo essencial deve ser
perspicaz no sentido de perceber as necessidades dos grandes
compradores de óleos essenciais, estando ciente das dificuldades
que vai encontrar e das exigências cada vez maiores do mercado;
xvi. Os perfumistas têm papel importante na avaliação de
novos óleos, uma vez que são eles que descobrirão novas
utilidades e vislumbrarão oportunidades de uso em aromas e
fragrâncias, por exemplo. Os óleos essenciais passarão por este
crivo e é provável que uma vez transposta esta barreira, entre
tantas outras, encontrem seu lugar no mercado;
xvii. É de se esperar que, num setor altamente competitivo
(HPPC, aromas e fragrâncias e óleos essenciais) criem-se
barreiras à entrada de novos atores econômicos. Um número
elevado de novos fornecedores de matérias-primas pode dificultar
a gestão da relação fornecedor-comprador.
xviii. Para trabalhos futuros sugere-se estudar mais
profundamente como as informações fluem entre produtores,
indústrias transformadoras e seus profissionais envolvidos;
estudar a parte comercial da inserção de novos produtos no
mercado, especificamente óleos essenciais de alto valor agregado;
estabelecer parâmetros quanti e qualitativos de padronização dos
produtos inovadores, de modo a facilitar a identificação dos
mesmos.
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APÊNDICE A - INFORMAÇÕES SOBRE AS
ENTIDADES CONSULTADAS
Natura Cosméticos
Site: www.natura.net
Comentário:
A Natura é uma empresa que atua no mercado de
cosméticos, vendendo produtos inovadores essencialmente
produzidos com elementos naturais tipicamente encontrados na
flora brasileira. Utiliza como matéria-prima, entre outras, os óleos
de castanha-do-brasil (possui o selo verde, pois a produção é feita
pelas populações tradicionais da reserva de desenvolvimento
sustentável do Rio Iratapuru no Amapá – uma área protegida pela
legislação brasileira), priprioca (raiz), andiroba, cupuaçu, breu
branco (resina), murumuru e buriti.
Com sede em Cajamar, no estado de São Paulo, a empresa
possui “instalações verdes”, ou seja, construídas levando em
consideração práticas ambientalmente corretas, que abrigam um
moderno centro integrado de pesquisa, produção e logística.
As atividades da empresa são guiadas por uma forte
cultura organizacional e por uma política sócio-ambiental bem
consolidada, que prima pelo desenvolvimento sustentável e pela
manutenção de um bom relacionamento com a sociedade. Como
os seus produtos são fabricados com matérias-primas naturais
extraídas em grande escala, a Natura possui inúmeros programas,
que têm como objetivo a minimização dos impactos negativos
causados à natureza, dentre os quais se destaca a manutenção de
uma grande área de reflorestamento da qual boa parte de seus
insumos são retirados.
Akakia Cosméticos
Site: www.akakia.com.br
Comentário:
A Akakia Cosméticos é uma empresa preocupada com a
sustentabilidade do planeta e que busca, em todas as suas ações,
contribuir com a preservação do meio ambiente.
A empresa foi fundada em 2005 e vem conquistando
rapidamente o mercado nacional. Em apenas dois anos foram
abertas mais de 120 franquias, tornando a Akakia a franquia de
cosméticos que mais cresceu no Brasil em 2007. Tem uma linha
de aproximadamente 300 itens entre femininos, masculinos e
infantis. A marca faz sucesso com os consumidores
principalmente pela alta tecnologia, qualidade e preços acessíveis
dos produtos.
Aroma da Terra
Site: www.aromadaterra.com
Comentário:
A Aroma da Terra é uma empresa que fabrica e
comercializa sua própria linha de cosméticos. O laboratório,
localizado em Mem Martins, no Concelho de Sintra (fábrica 1),
Portugal, garante a produção, investigação e desenvolvimento dos
seus produtos, exclusivos e de alta qualidade, para atender as
necessidade do exigente consumidor europeu. Depois do grande
sucesso e aceitação dos fantásticos produtos no espaço Europeu, a
Aroma da Terra apostou no seu desenvolvimento na América
Latina fundando o seu segundo laboratório de produção e
investigação no Brasil (fábrica 2) localizado em São José, Santa
Catarina.
A empresa seleciona sempre o melhor da natureza e
através de seus princípios ativos proporciona transformações;
formulações especialmente desenvolvidas com a pureza e
suavidade das mais belas plantas, flores, frutos e madeiras. A
essência da natureza convertida em produtos conceituados e de
qualidade internacional.
Ariége Cosmetics
Site: www.ariege.com.br
Comentário:
O desenvolvimento dos produtos da Ariége é com base no
aperfeiçoamento da produção e exigência dos clientes.
Formalizando assim o compromisso que a empresa tem em
oferecer produtos com o mais rigoroso controle de qualidade.
A Ariége Cosmetics é detentora das marcas Fitoessence e
Bioscience. Tem em seu portfólio produtos para diversas
necessidades como shampoos, condicionadores, cremes para
pentear, creme para as mãos, esfoliantes corporais e faciais,
sabonetes líquidos, aromatizantes bucais, entre outros.
Extratos da Terra
Site: www.extratosdaterra.com.br
Comentário:
A empresa “Extratos da Terra” surgiu da necessidade de se
trabalhar com produtos naturais em virtude de uma carência de
mercado nesse aspecto. Levando em consideração essa
necessidade e pensando no bem-estar do cliente, a Extratos da
Terra passou a desenvolver produtos nas linhas capilar, corporal,
de higiene e facial.
Alquimia do Banho
Site: www.alquimiadobanho.com.br
Comentário:
A Alquimia do Banho é uma empresa nova no mercado,
fundada em maio de 2005 com o objetivo de produzir uma linha
de cosméticos diferenciada e acessível. Iniciou com uma pequena
linha de produtos, tendo como “carro chefe” seus sabonetes
artesanais, os quais tiveram grande aceitação pelos clientes.
Hoje, a Alquimia do Banho oferece uma linha completa de
cosméticos para o uso diário, higiene pessoal, acessórios para
banho entre outros produtos. Toda nossa linha foi formulada em
produtos naturais, extratos frutais e essências exclusivas, dando a
certeza de confiabilidade e respeito ao consumidor.
Essências exclusivas, toque diferenciado, visual colorido e
atrativo em embalagens criativas. Os produtos Alquimia do
Banho unem a força vital das plantas e dos minerais, com sua
formulação concentrada no uso de extratos de flores, frutas,
sementes e óleos vegetais,que limpam, nutrem e amaciam a pele.
Destilaria Três Barras Ltda
Site: http://www.tresbarras.com/empresa.htm
Comentário:
A Três Barras é uma empresa familiar, que conta com um
sistema de gestão de negócios desenvolvido com seriedade e
comprometimento e que está a mais de 50 anos no mercado
produzindo e comercializando óleos essenciais, sendo atualmente
a em exportações do óleo essencial de Eucalyptus citriodora no
Brasil, consolidando-se cada vez mais como uma empresa
respeitada e reconhecida pela qualidade de seu produto e seus
serviços.
Associação Brasileira das Indústrias de Higiene
Pessoal, Perfumaria e Cosméticos - ABIHPEC
Site: www.abihpec.org.br
Comentário:
ABIHPEC é a sigla para Associação Brasileira da Indústria
de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, entidade que
representa, nacional e internacionalmente, empresas relacionadas
à produção, promoção e comercialização de produtos acabados e
insumos destinados aos cuidados pessoais.
ANEXO A - DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE
PRODUTOS DE HIGIENE PESSOAL,
COSMÉTICOS E PERFUMES
Resolução RDC nº 211, de 14 de julho de 2005.
Ficam estabelecidas a Definição e a Classificação de
Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes, conforme
Anexos I e II desta Resolução.
ANEXO I
DEFINIÇÃO DE PRODUTOS DE HIGIENE PESSOAL,
COSMÉTICOS E PERFUMES
1. Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes,
são preparações constituídas por substâncias naturais ou
sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano,
pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos,
dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo
exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua
aparência e ou corrigir odores corporais e ou protegê-los ou
mantê-los em bom estado.
ANEXO II
CLASSIFICAÇÃO DE PRODUTOS DE HIGIENE
PESSOAL, COSMÉTICOS E PERFUMES
1. Definição de Produtos Grau 1: são produtos de higiene
pessoal cosméticos e perfumes cuja formulação cumpre com a
definição adotada no item 1 do Anexo I desta Resolução e que se
caracterizam por possuírem propriedades básicas ou elementares,
cuja comprovação não seja inicialmente necessária e não
requeiram informações detalhadas quanto ao seu modo de usar e
suas restrições de uso, devido às características intrínsecas do
produto, conforme mencionado na lista indicativa "LISTA DE
TIPOS DE PRODUTOS DE GRAU 1" estabelecida no item "I"
deste Anexo.
2. Definição de Produtos Grau 2: são produtos de higiene
pessoal cosméticos e perfumes cuja formulação cumpre com a
definição adotada no item 1 do Anexo I desta Resolução e que
possuem indicações específicas, cujas características exigem
comprovação de segurança e/ou eficácia, bem como informações
e cuidados, modo e restrições de uso, conforme mencionado na
lista indicativa "LISTA DE TIPOS DE PRODUTOS DE GRAU
2" estabelecida no item "II" deste Anexo.
3. Os critérios para esta classificação foram definidos em
função da probabilidade de ocorrência de efeitos não desejados
devido ao uso inadequado do produto, sua formulação, finalidade
de uso, áreas do corpo a que se destinam e cuidados a serem
observados quando de sua utilização.
I) LISTA DE TIPOS DE PRODUTOS DE GRAU 1
1 Água de colônia, Água Perfumada, Perfume e Extrato
Aromático.
2 Amolecedor de cutícula (não cáustico).
3 Aromatizante bucal.
4 Base facial/corporal (sem finalidade fotoprotetora).
5 Batom
fotoprotetora).
labial
e
brilho
labial
(sem
finalidade
6 Blush/Rouge (sem finalidade fotoprotetora).
7 Condicionador/Creme rinse/Enxaguatório capilar (exceto
os com ação antiqueda, anticaspa e/ou outros benefícios
específicos que justifiquem comprovação prévia).
8 Corretivo facial (sem finalidade fotoprotetora).
9 Creme, loção e gel para o rosto (sem ação fotoprotetora
da pele e com finalidade exclusiva de hidratação).
10 Creme, loção, gel e óleo esfoliante ("peeling")
mecânico, corporal e/ou facial.
11 Creme, loção, gel e óleo para as mãos (sem ação
fotoprotetora, sem indicação de ação protetora individual para o
trabalho, como equipamento de proteção individual - EPI - e com
finalidade exclusiva de hidratação e/ou refrescância).
12 Creme, loção, gel e óleos para as pernas (com
finalidade exclusiva de hidratação e/ou refrescância).
13 Creme, loção, gel e óleo para limpeza facial (exceto
para pele acnéica).
14 Creme, loção, gel e óleo para o corpo (exceto os com
finalidade específica de ação antiestrias, ou anticelulite, sem ação
fotoprotetora da pele e com finalidade exclusiva de hidratação
e/ou refrescância).
15 Creme, loção, gel e óleo para os pés (com finalidade
exclusiva de hidratação e/ou refrescância).
16 Delineador para lábios, olhos e sobrancelhas.
17 Demaquilante.
18 Dentifrício (exceto os com flúor, os com ação antiplaca,
anticárie, antitártaro, com indicação para dentes sensíveis e os
clareadores químicos).
19 Depilatório mecânico/epilatório.
20 Desodorante
antitranspirante).
axilar
(exceto
os
com
ação
21 Desodorante colônia.
22 Desodorante corporal (exceto desodorante íntimo).
23 Desodorante
antitranspirante).
pédico
(exceto
os
com
ação
24 Enxaguatório bucal aromatizante (exceto os com flúor,
ação anti-séptica e antiplaca).
25 Esmalte, verniz, brilho para unhas.
26 Fitas para remoção mecânica de impureza da pele.
27 Fortalecedor de unhas.
28 Kajal.
29 Lápis para lábios, olhos e sobrancelhas.
30 Lenço umedecido (exceto os com ação anti-séptica e/ou
outros benefícios específicos que justifiquem a comprovação
prévia).
31 Loção tônica facial (exceto para pele acneica).
32 Máscara para cílios.
33 Máscara corporal (com finalidade exclusiva de limpeza
e/ou hidratação).
34 Máscara facial (exceto para pele acneica, peeling
químico e/ou outros benefícios específicos que justifiquem a
comprovação prévia).
35 Modelador/fixador para sombrancelhas.
36 Neutralizante para permanente e alisante.
37 Pó facial (sem finalidade fotoprotetora).
38 Produtos para banho/imersão: sais, óleos, cápsulas
gelatinosas e banho de espuma.
39 Produtos para barbear (exceto os com ação antiséptica).
40 Produtos para fixar, modelar e/ou embelezar os cabelos:
fixadores, laquês, reparadores de pontas, óleo capilar,
brilhantinas, mousses, cremes e géis para modelar e assentar os
cabelos, restaurador capilar, máscara capilar e umidificador
capilar.
41 Produtos para pré-barbear (exceto os com ação antiséptica).
42 Produtos pós-barbear (exceto os com ação antiséptica).
43 Protetor labial sem fotoprotetor.
44 Removedor de esmalte.
45 Sabonete abrasivo/esfoliante mecânico (exceto os com
ação anti-séptica ou esfoliante químico).
46 Sabonete facial e/ou corporal (exceto os com ação antiséptica ou esfoliante químico).
47 Sabonete desodorante (exceto os com ação antiséptica).
48 Secante de esmalte.
49 Sombra para as pálpebras.
50 Talco/pó (exceto os com ação anti-séptica).
51 Xampu (exceto os com ação antiqueda, anticaspa e/ou
outros benefícios específicos que justifiquem a comprovação
prévia).
52 Xampu condicionador (exceto os com ação antiqueda,
anticaspa e/ou outros benefícios específicos que justifiquem
comprovação prévia).
3. Observação: As exceções mencionadas no item "I)
LISTA DE TIPOS DE PRODUTOS DE GRAU 1" caracterizam
os produtos de Grau 2.
II) LISTA DE TIPOS DE PRODUTOS DE GRAU 2
1 Água oxigenada 10 a 40 volumes (incluídas as cremosas
exceto os produtos de uso medicinal).
2 Antitranspirante axilar.
3 Antitranspirante pédico.
4 Ativador/ acelerador de bronzeado.
5 Batom labial e brilho labial infantil.
6 Bloqueador Solar/anti-solar.
7 Blush/ rouge infantil.
8 Bronzeador.
9 Bronzeador simulatório.
10 Clareador da pele.
11 Clareador para as unhas químico.
12 Clareador para cabelos e pêlos do corpo.
13 Colônia infantil.
14 Condicionador anticaspa/antiqueda.
15 Condicionador infantil.
16 Dentifrício anticárie.
17 Dentifrício antiplaca.
18 Dentifrício antitártaro.
19 Dentifrício clareador/ clareador dental químico.
20 Dentrifrício para dentes sensíveis.
21 Dentifrício infantil.
22 Depilatório químico.
23 Descolorante capilar.
24 Desodorante antitranspirante axilar.
25 Desodorante antitranspirante pédico.
26 Desodorante de uso íntimo.
27 Enxaguatório bucal antiplaca.
28 Enxaguatório bucal anti-séptico.
29 Enxaguatório bucal infantil.
30 Enxaguatório capilar anticaspa/antiqueda.
31 Enxaguatório capilar infantil.
32 Enxaguatório capilar colorante / tonalizante.
33 Esfoliante "peeling" químico.
34 Esmalte para unhas infantil.
35 Fixador de cabelo infantil.
36 Lenços Umedecidos para Higiene infantil.
37 Maquiagem com fotoprotetor.
38 Produto de limpeza/ higienização infantil.
39 Produto para alisar e/ ou tingir os cabelos.
40 Produto para área dos olhos (exceto os de maquiagem
e/ou ação hidratante e/ou demaquilante).
41 Produto para evitar roer unhas.
42 Produto para ondular os cabelos.
43 Produto para pele acneica.
44 Produto para rugas.
45 Produto protetor da pele infantil.
46 Protetor labial com fotoprotetor.
47 Protetor solar.
48 Protetor solar infantil.
49 Removedor de cutícula.
50 Removedor de mancha de nicotina químico.
51 Repelente de insetos.
52 Sabonete anti-séptico.
53 Sabonete infantil.
54 Sabonete de uso íntimo.
55 Talco/amido infantil.
56 Talco/pó anti-séptico.
57 Tintura capilar temporária/progressiva/permanente.
58 Tônico/loção Capilar.
59 Xampu anticaspa/antiqueda.
60 Xampu colorante.
61 Xampu condicionador anticaspa/antiqueda.
62 Xampu condicionador infantil.
63 Xampu infantil.
ANEXO B - RELATÓRIO DE ANÁLISES
CROMATOGRÁFICAS.
A amostra número dois não foi considerada nesta pesquisa, pois foi um
experimento realizado à parte.
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