Guia para o Professor
Síndrome febril
Procurando o agente etiológico responsável?
Juan é um professor universitário, que 10 dias após retornar
de suas férias, necessitou ir a um centro de saúde devido à
presença de uma síndrome febril incomum. Nesta viagem
tinham ido quatro famílias, das quais 5 pessoas eram homens
adultos, 4 mulheres adultas e 8 crianças, todos eles menores
de 8 anos.
Quais seriam as primeiras perguntas que deveriam estar
presentes na anamnese? Por quê?
As perguntas, inicialmente, podem ser muito
variadas. Entre elas podem incluir as seguintes:
Quais lugares foram frequentados por último?
Foi viajado? Quando? Para onde? Com quem?
Quais tipos de atividades foram realizadas? O que
foi consumido? Quando começaram os sintomas?
Foi usado algum medicamento? O importante é
resgatar a maior quantidade de informação que
possa guiar o médico até o diagnóstico. É
necessário recomendar ao paciente que colabore
com o profissional, contribuindo com a maior
quantidade de informações possíveis.
Juan e seus companheiros tinham viajado para a cidade de
Iquitos – Peru. Esta cidade localiza-se na selva norte, ao leste,
situada entre o rio Nanay e a margem esquerda do rio
Amazonas. A viagem havia se realizado por motivo de festas
nativas (28 de Julho). O clima é quente e úmido, com
temperatura mínima de 17 a 20 ºC entre Junho e Júlio e uma
máxima de até 36 ºC entre Dezembro a Março. A umidade é
de, aproximadamente, 84%..
Estas informações ajudam a diferenciar entre potenciais
agentes etiológicos associados à apresentação da
enfermidade em Juan e seus companheiros?
Suspeita-se que o problema foi adquirido no
destino da viagem. Esta informação permitirá
considerar entre os possíveis agentes causadoras
da síndrome febril, isto é, aqueles agentes e/ou
doenças que são prevalentes e endêmicas no local.
Entretanto, deve-se seguir investigando e
perguntando, como por exemplo, pode-se
perguntar sobre outros sintomas presentes no
quadro que o paciente se encontra.
As manifestações clínicas iniciais que Juan apresentou foram
cefaleia, febre alta, calafrios e mialgias severas, sobretudo
nos membros inferiores.
Que enfermidades poderiam ser consideradas no diagnóstico
diferencial? É importante determinar se existem
antecedentes de alguma delas na zona?
Uma série de enfermidades pode estar associada
a uma síndrome febril e entre as enfermidades
que devem ser consideradas no diagnóstico
diferencial são aquelas que cursam com a
sintomatologia que padece o paciente e que são
prevalentes na zona. A investigação pode
restringir-se
a
febre
amarela,
dengue,
leptospirose e malária.
No Peru, especificamente, na zona de Iquitos, as enfermidades
mais comuns e prevalentes que cursam com síndrome febril
são: febre amarela, dengue, leptospirose e malária.
Dos demais integrantes do grupo que estiveram de férias com
Juan, outros três membros apresentaram sintomas similares,
ainda que com menor gravidade (2 homens adultos e 1 mulher
adulta).
Que tipo de informação se buscaria entre Juan e seus
companheiros?
Tratar-se-ia de determinar que tipo de contatos
comuns fosse tido. Por exemplo, quais foram às
atividades comuns, se consumiram o mesmo tipo
de alimento, foram picados por algum inseto, etc.
As atividades comuns entre as pessoas afetadas foram uma
caminhada larga em um dia quente e nadar em uma zona onde a
água do rio se empoçava formando uma pequena lagoa.
Com os demais integrantes se realizou um passeio em canoa e
almoçaram juntos todos os dias.
Estas atividades podem estar associadas á apresentação da
enfermidade neste grupo de pessoas?
É indubitável que a atividade comum, a caminhada
e, sobretudo o banho “em uma zona onde a água do
rio se empoçava formando uma pequena laguna” é
um indicador importante para começar a
descartar alguns agentes etiológicos causadores
do problema de saúde no paciente.
Juan e seus companheiros haviam sido vacinados contra a
febre amarela um mês antes da viajem e além do mais foram
muito cuidadoso com o uso de repelentes contra mosquitos. Em
geral não apresentam problemas de picaduras.
Que enfermidades você descartaria depois de ter esta
informação? Que provas diagnósticas você poderia sugerir a
Juan e seus companheiros para determinar o agente
etiológico da doença?
Pelo fato dele estar vacinado contra a febre
amarela permite eliminar este agente dos
possíveis causadores da enfermidade. Não ter
antecedentes de picadas de insetos, permitiria
começar a descartar também aquelas outras
enfermidades que são transmitidas por picadas
(dengue e malária) e que são prevalentes e
endêmicas no local. Tendo como principal suspeito
da enfermidade a leptospirose, é recomendável
que se colha amostra de sangue e se realize a
prova de micro-aglutinação de títulos (MAT) para
os principais sorovares de leptospiras patogênicas
presentes na zona. Esta prova diagnóstica é a de
referência para a OMS nestes casos.
Qual haveria sido a fonte de infecção mais provável? Quais
seriam as medidas de prevenção contra esta infecção
nestes casos?
Sob a luz das investigações, o ato de banhar-se
em água parada e contaminada com a urina dos
reservatórios de leptospirose (especialmente
roedores) seria a fonte de infecção. As medidas
de prevenção devem levar em conta o reservatório
e as medidas de proteção. Entre as medidas de
prevenção da leptospirose se consideram as
seguintes: Campanhas de dedetização nos lugares
com maior número de casos de Leptospirose. Não
obstante, para os visitantes ou turistas deve de
ser
importante
instruir-los
acerca
das
enfermidades endêmicas na zona que se vai viajar,
assim como as formas de transmissão das mesmas.
As autoridades de cada região deveriam
desenvolver campanhas de higiene e limpeza nas
áreas de todos os Municípios e proibir o uso de
águas que se suspeitam que estejam contaminadas
com leptospirose. Além do mais se deve
recomendar a população não banhar-se em águas
paradas e utilizar calçado/botas fechadas nas
excursões em locais úmidas.
Estudo de caso elaborado pelos integrantes do projeto
SAPUVETNET II
•Universidade Peruana Cayetano Heredia, Faculdade de
Veterinária e Zootecnia
página web: http://www.upch.edu.pe/favez/main.asp
•Mg. Néstor Falcón y Dr. Guillermo Laguia Puente
•Tel.: (+51)3190030; fax: (+51) 3190039
•e-mail:
[email protected],
[email protected]
•Universidade de Salvador, Curso de Veterinária
página
http://www.salvador.edu.ar/home/indexe.html
Dra. Dora Dobosch
Tel/fax:(+54) 2322426057
e-mail: [email protected]
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