O NÚMERO E A LIDERANÇA A idéia é inteiramente original. Surgiu na cabeça deste modesto professor de matemática, depois de muitos anos de especulação e filosofia. Segundo Piaget, analista mundialmente famoso da mente infantil, a estrutura mensal corresponde à estrutura matemática. Ora, a prova disso é farta e fascinante. Mas diremos apenas, como Pythagoras, que tudo é um número. Todavia, a bem da verdade objetiva, concreta, racional e real, o número é um ente do pensamento. A formulação é, pois, idealista. O que, na realidade quis dizer Piaget foi que as estruturas matemáticas compreendem: Estrutura algébrica - vulgarmente, quantidade. Estrutura de ordem - vulgarmente, arranjo. Estrutura topológica - vulgarmente, situação. Pois muito bem. A mente humana, o raciocínio, o entendimento, a razão também existem e operam na base de: Quantidade Ordem Situação E, com efeito, a quantidade é a fonte concreta da experiência, da curiosidade, da especulação, da filosofia, da ciência e da técnica. A ordem, por sua vez tem o mesmo papel quanto à legitimação do comportamento humano, em termos de religião, direito, ética e política. E a situação, por fim, está na gênese do trabalho, da economia, etc. Acontece que o número é idéia simples de quantidade. O cálculo, idéia comple xa de número. Pelo número se mede quantidade nos casos de extensão e movimento, o grau de ordem, ou entropia, a situação ou realidade física. O número é, portanto, o mais importante instrumento para agir, trabalhar, construir. Acontece que a liderança, por sua vez é a idéia simples de poder. Com a quantidade, a liderança é uma idéia básica. O grupo planejado em forma de legitimação e destinação histórica, se converte em relações institucionais. As relações institucionais correspondem a forma de cálculo. Como este, elas são ações básicas. Ora, o líder se apropria das relações institucionais ou as controla. Ela se objetiva nos instrumentos de produção. O número é o mais importante e o mais eficiente instrumento de produção. Logo, há uma íntima vinculação entre as lideranças e o número. Os números, entes mentais ou construções da mente, não apareceram de chofre. Aos poucos se definiram, tomaram forma e foram classificados em espécies. Existem ainda povos, recuados na primária expressão etimológica do sentido de 5 (cinco) = mão. Aquele tempo primitivo das primeiras impressões orgânicas foi o de concretismo, donde saiu o atual número concreto, em que a idéia corresponde a condição da própria coisa que é o seu fato gerador. Sucessivamente apareceram, ao longo da história da ciência: Número concreto, Abstrato, Absoluto, Relativo, Inteiro, Fracionário, Racional, Irracional, Real, Imaginário, Complexo. Seria longo caracterizá- los. Mas, assim como se viu no caso do número concreto, a sua próprias denominações, que resultam da experiência, conferem com esta e são definições razoáveis do que querem dizer. Também para que lhes fossem dados tais nomes aproveitaram-se os dados da realidade e o grau de desenvolvimento da mente. Acontece que também os líderes não apareceram de chofre. Como os números eles se definiram aos poucos, nos limites da realidade vivida e conhecida, por reflexo condicionado e associação e idéias sobre coisas tais como quantidade, ordem e situação. Os líderes foram concretos, abstratos, absolutos, etc. Façamos o rol correspondente, em sucessão histórica: Ancião Guerreiro Rei Conselheiro Nobre Banqueiro Burguês Operário Político Humanista Companheiro. Agora, eis o confronto: NÚMEROS Concreto Abstrato Absoluto Relativo Inteiro Fracionário Racional Irracional Real Imaginário Complexo LIDERANÇAS Ancião Guerreiro Rei Conselheiro Nobre Banqueiro Burguês Operário Político Humanista Companheiro A proporção que a matemática foi mais intensamente participando da vivência histórica, do trabalho e da cultura, ela foi se aperfeiçoando, trazendo mais bem estar e mais segurança de viver. Os números foram adquirindo melhor forma e melhor aplicação. O mesmo ocorreu com as lideranças. Elas participam do trabalho e da cultura dos grupos, lutando pelo bem estar e pela segurança, isto é, idéias, sinais e relações em torno de quantidade, ordem e situação. No principio, ação informe, costumeira, concreta, e mais tarde, ação cósmica, técnica, altamente complexa. O ingênuo se converte em elemento altamente consciente da realidade.