A representação que o Homem faz do Mundo tem formas e aspetos tão variados como o seu olhar sobre ele, refletindo sentimentos, interesses, pontos de vista associados a objetivos concretos, pragmáticos ou ideológicos, estratégicos ou apenas descritivos. Assim são os documentos de arquivo, variados como são as atividades que lhes dão origem, representativos das circunstâncias em que estas decorrem. O testemunho que estes documentos nos trazem, a prova ou evidência de atos, de decisões, de ocorrências que são registadas, de vontades que ficam expressas, alicerça-se na objetividade e rigor que se associa aos elementos de validação que os conformam mas são também tributários do conhecimento disponível à data da sua produção e, em certos casos, de alguma subjetividade inerente às decisões tomadas e à visão que o seu autor tem do mundo. A representação cartográfica pode ser complementada ou complementar outras representações do mesmo facto, do mesmo processo ou da mesma realidade. Ao impacto visual do mapa de um território podemos associar as notas pessoais de um dos seus habitantes, o registo ordenado de valores de uma atividade económica, a caligrafia e a solenidade de termos de validação de um documento referente a uma intervenção política na gestão de um espaço. É o nosso olhar de cidadão que, ao fruir este património, o valorizará: reconhecerá ou estabelecerá (novas) relações entre os documentos que o constituem e que refletem a realidade de cada local e de cada época, a(s) atividade(s) e os seus contextos. Os documentos de arquivo aqui expostos espelham estas relações e a variedade de suportes, formas e tipologias de inscrição da informação. Trata-se de uma amostra modesta da riqueza custodiada pelo Arquivo Distrital de Braga, cujo maior valor é constituir a garantia de direitos dos cidadãos e das organizações, propiciar a investigação e o conhecimento e alicerçar a construção da memória coletiva. Braga, outubro de 2015 António Sousa Diretor do Arquivo Distrital de Braga