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CARLOS A. MENEZLS — A PAPAYA NA MADEIRA
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T a v a r e s que teve ensejo de estudar a papaya no Brazil (V.
Brotéria, Ser. Bot., vol. XV, pag. 64), só tambem achou ahí
flores femininas e flores liermaphroditas, vivendo urnas e outras em individuos differentes, mas auctores ha que affirmam
ter visto flores masculinas associadas a flores liermaphroditas
nas papayas chamadas machas, o que nunca nos foi dado
observar até á presente data, apesar de havermos estudado
cuidadosamente um grande numero de exemplares cultivados
em differentes pontos do Funchal. O que algumas vezes te­
mos notado, é que as papayas femeas, emquanto novas e antes
de fructificar, podem produzir flores liermaphroditas, as quaes
sao muito caducas e nem chegam a abrir.
As papayas femeas produzem fructos sesseis e geralmente
maiores e mais globosos que as papayas de flores liermaphro­
ditas ; estas produzem fructos longamente pedunculados e
quasi sempre solitarios em cada pedúnculo, alguns d'elles
piriformes. Estes fructos teem cor amarella depois de madu­
ros, e mesocarpo seivoso e tenro, mas sempre pouco saboroso
na Madeira. Algumas pessoas costumam comel-os com assucar, outras com assucar e vinho.
A papaya nao tem na Madeira um desenvolvimento táo
rápido como nos paizes tropicaes. Um exemplar de dois anuos
que existe no Jardim Municipal nao fructificou ainda, sendo
de cerca de l ,75 a sua altura. As flores apparecem princi­
palmente durante o invernó e principios da primavera.
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O ananaz, de que tambem pretendemos falar, pertence á
familia das Bromeliaceas e cresce muitas vezes sem cultura
nas térras visinhas do littoral, onde floresce geralmente nos
mezes de margo e abril, e fructifica de outubro até fevereiro*
Tem folhas alongadas, fortemente espumosas nas margens e
no cimo, um tanto canaliculadas, de 4 a 6,5 centímetros de
largura, flores dispostas em espiga, com as tres divisóes inte­
riores petaloides, lilacineas, e as tres exteriores avermelhadas,
nao attingindo a metade do comprimento das interiores, e
soroses elliptico-cylindricas, de 10-12 centimetros de compri­
mento e 25-30 de circumferencia, terminadas por um fasciculo
de folhas espinhosas (coróa).
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Tavares que teve ensejo de estudar a papaya no Brazil (V. Brotéria