Gratão ACM et al. AVALIAÇÃO PROSPECTIV A DO IDOSO ROSPECTIVA DEMENCIADO QUE TEVE QUEDA PROSPECTIVE EVAL UATION OF DEMENTED ELDERL Y ALU LDERLY WHO HAD FALL ACCIDENTS Aline Cristina M. Gratão* Luana Flávia da Silva Talmelli* Angela Rosa Silva** Suzele Cristina Coelho Fabrício*** Luciana Kusumota**** Rosalina A. Partezani Rodrigues***** Moacyr Lobo Costa Junior****** RESUMO: Objetivou-se neste estudo identificar a ocorrência de quedas em um grupo de idosos demenciados. Como técnica, utilizou-se a entrevista, aplicada em 64 idosos e o seu cuidador no próprio domicílio, na cidade de Ribeirão Preto/São Paulo, em 2001/02, empregando um instrumento de avaliação multidimensional do estado funcional, complementado pelos autores deste estudo. Para a análise dos dados, utilizou-se a análise descritiva. Registrou-se maior porcentagem de queda nos idosos do sexo feminino, com idade média de 74,8 anos, sendo que 58% não viviam com o companheiro. A avaliação cognitiva detectou memória regular em 30,6% e ruim em 28,6%. Constataram-se quedas em 31 idosos, sendo 61,2% destes do sexo feminino e 38,8% do masculino, cujas conseqüências foram consideradas graves, moderadas e leves. Entre os idosos que sofreram quedas, 54,8% revelaram deficiência cognitiva grave, 16,2% moderada e 29% leve. Os resultados mostram a necessidade do apoio da família e organização do ambiente, com vistas à prevenção de quedas em idosos demenciados. Palavras-chave: Idoso; demência; queda. ABSTRACT ABSTRACT:: The purpose of this study was to identify the occurrence of falls among a group of elderly with dementia. The technique used was the interview, which was applied to 64 elderly and their care providers at home, in Ribeirão Preto/São Paulo, in 2001/2002, utilizing a multidimensional instrument for evaluation of the functional state complemented by the authors of this study. Descriptive analysis was used to analyze data. Findings showed a higher percentage of falls among women with an average age of 74.8 years; 58% of them did not live with their partners. The cognitive evaluation showed a regular memory in 30.6% and a bad one in 28.6%. 31 elderly had fall accidents; 61.2% were women and 38.8% were men; the consequences found were either critical, moderate or slight. The authors verified that among the elderly who had fall accidents, 54.8% presented a critical cognitive evaluation; 16.2% moderate and 29% slight. The results showed the need for family support and environment organization in order to prevent falls in elderly with dementia. Keywords Keywords: Elderly; dementia; fall. I NTRODUÇÃO O envelhecimento humano é um dos grandes desafios da sociedade e tem-se manifestado sob diversas formas, segundo os contextos culturais. Ao se analisar o processo de envelhecimento, deve-se considerar a interação de vários fatores, entre eles, o estilo de vida e a visão que a sociedade tem da velhice, nos seus diversos momentos históricos. Ao comparar as idades cronológicas e biológicas de uma pessoa, Hayflick1 afir- ma que elas não se apresentam no mesmo patamar. Para distinguir as alterações do envelhecimento normal das do patológico, o conceito de senilidade faz menção às modificações determinadas pelas afecções que, freqüentemente, acometem os idosos. Ao analisar a população brasileira, Berquó2 observa que os idosos estão aumentando cada vez mais, em número absoluto. Os dados mostram que, R Enferm UERJ 2003; 11:147-2. • p.147 Idoso demenciado que teve queda em 1991, a proporção de mulheres idosas acima de 65 anos era de 5,21% e a dos homens, 4,4% da população global. A autora ainda menciona a projeção brasileira de pessoas com idade acima de 65 anos para 2.000, 2.010 e 2.020, sendo de 4,36%, 4,8% e 6,37% para os homens e de 5,86%, 6,76% e 8,86%, para as mulheres, respectivamente nos anos citados. O crescente número de idosos aponta maior probabilidade de surgimento de doenças crônicas, entre elas, a demência, sendo mais comum a do tipo Alzheimer. Provoca deficiência cognitiva progressiva, afetando mais a memória; entretanto, outras funções, como orientação, linguagem, julgamento, função social e habilidade de realizar tarefas motoras (praxia), também declinam à medida que a doença evolui3. Considerando que os idosos estão expostos a várias situações que podem levar à perda da autonomia e independência, principalmente os portadores de demência, estes estão sujeitos também à perda do equilíbrio, pela dificuldade de manterem a postura, aumentando, assim, o risco para a ocorrência de queda. Queda pode ser conceituada como um evento não-intencional que tem, como resultado, a mudança de posição do indivíduo para um nível mais baixo em relação à sua posição inicial4. Cunha e Guimarães5 mencionam que a perda total do equilíbrio postural pode estar relacionada à insuficiência súbita dos mecanismos neurais e osteomusculares envolvidos na manutenção da postura e que tais situações podem estar relacionadas ao processo de senescência e senilidade. Pesquisando a literatura nacional, observouse a inexistência de estudos relacionados aos temas demência e queda, encontrando-se, apenas, esparsas pesquisas internacionais que abordam tais temáticas, entre elas, a de Guo, Viitanen, Fastbon e Winblad6. Estes autores verificaram aumento de queda no idoso, quando este apresenta déficit cognitivo e demência. Assim, no presente estudo, os autores objetivaram identificar a ocorrência de quedas em um grupo de idosos demenciados, atendidos em um hospital governamental de uma cidade do interior do estado de São Paulo, Brasil. METODOLOGIA Os autores realizaram este estudo num Hospital Universitário de Ribeirão Preto, São Paulo, visando identificar, no ao Serviço de Arquivo Médico, os idosos com 60 anos de idade e mais, de ambos os sexos, residentes em Ribeirão Preto, p.148 • R Enferm UERJ 2003; 11:147-2. atendidos em dois ambulatórios clínicos, no ano de 2000. A coleta de dados ocorreu em duas etapas: a primeira constou de levantamento dos dados da população estudada, quando se detectaram 443 idosos, sendo 299 pertencentes ao Ambulatório de Geriatria e 144 ao Ambulatório de Neurologia. Após essa etapa, consultaram-se os prontuários dos 443 idosos e como 68 foram a óbito, analisaram-se os 375 prontuários restantes, de onde se extraíram os dados de identificação, endereço, telefone e diagnóstico médico. Para a coleta de dados, utilizou-se parte do questionário Older Americans Resources and Services (OARS), instrumento multidimensional, para avaliação do estado funcional, elaborado pela Duke University7, adaptado à realidade brasileira por Ramos8 e complementado pelos autores deste estudo, visando ao objetivo estabelecido. Realizou-se o pré-teste do instrumento de coleta de dados, composto de 308 questões, envolvendo 10 partes: identificação, avaliação cognitiva, perfil social do idoso, estilo de vida, avaliação funcional, saúde, uso e acesso a serviços de saúde, interação social, rede de apoio familiar e social e características dos cuidadores. Para o presente estudo, analisaram-se os seguintes itens: identificação, avaliação cognitiva, perfil social, ocorrência de quedas e suas conseqüências. Como mencionado, empregou-se a técnica da entrevista com o idoso, e quando ele não tinha condições de responder ao questionário, a informação era dada pelo cuidador, no próprio domicílio, sendo esta a segunda etapa da coleta de dados. Cada entrevista teve duração média de 1 hora e coletaram-se os dados no período de setembro de 2001 a junho de 2002. Análise dos Dados Digitaram-se os dados dos questionários em um banco de dados, intitulado PRÓ-IDOSO, elaborado por um dos pesquisadores, no programa Epi-Info9. Após a digitação dupla dos dados, com objetivo de identificar e comparar erros, analisaram-se os mesmos por meio do Software Epi-info 6.04b-october, 1997. Aspectos Éticos Encaminhou-se o projeto ao comitê de ética do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto –Universidade de São Paulo (USP), e, após aprovação, elaborou-se o termo de consentimento livre e esclarecido, que foi assinado pelo idoso ou cuidador. Gratão ACM et al. RESUL TADOS ESULT Após consultar os 375 prontuários e de pos- se dos endereços dos idosos partiu-se para a segunda etapa da coleta de dados. Vale lembrar que, até junho de 2002, os pesquisadores mantiveram contato com 319 idosos, e destes, 11 recusaram-se a participar da pesquisa; 59 mudaram de endereço e 92 foram a óbito. Assim, entrevistaram-se apenas 157 idosos, dos quais 64 eram atendidos no ambulatório de neurologia, população deste estudo. Quanto às características sociodemográficas, dos 64 (100%) pacientes investigados, 40 (62,5%) eram do sexo feminino e 24 (37,5%) do masculino. A idade dos idosos variou de 62 a 95 anos, com média de 74,8 anos; quanto à renda, 39 (60,9%) recebiam aposentadoria, 15 (23,4%) pensão, 8 (12,5%) aluguel de residências, outros (1,6%) recebiam ajuda dos filhos. Quanto à escolaridade, 12 (18,7%) eram analfabetos, 22 (34,3%) sabiam ler e escrever, 15 (23,4%) completaram o primário, 11 (17,2%) o ginásio, 3 (4,7%) o colegial e 1 (1,5%) a universidade. Utilizou-se o impacto da escolaridade e idade para avaliação do mini-exame do estado mental em uma população geral10. Atribuíram-se os seguintes valores para corte de escores: 13 para analfabetos, 18 para média e baixa escolaridades e 26 para alta escolaridade, adaptados para a cultura brasileira. Neste estudo, consideraram-se 03 grupos: o primeiro de analfabetos, o segundo de baixa e média escolaridades (primeiro grau incompleto, primeiro grau completo) e o terceiro de alta escolaridade (colegial e universidade). O quadro demencial já havia sido avaliado pela equipe médica que o registrara no prontuário do paciente; de acordo com os escores no MMSE, 35,9% apresentaram demência leve, 17,2% moderada e 46,9% grave. Vale ressaltar que, dos 64 (100%) idosos investigados, 25 (39,1%) não sofreram quedas e 8 (12,5%) não souberam informar sobre essa ocorrência. Verificou-se que, dos 31 idosos que apresentaram quedas, 17 (54,8%) revelaram déficit cognitivo grave, 5 (16,2%) moderado e 9 (29%) leve. A Tabela 1 apresenta o número de quedas, relacionado ao sexo. O maior número de quedas ocorreu entre as mulheres, pois, dos 31 idosos que sofreram queda, 19 (61,2%) eram do sexo feminino e 12 (38,8%) do masculino. O número de quedas entre as mulheres foi: 8 (20%) caíram uma vez e 11 (27,5%) caíram mais de uma vez. Já entre os homens, apenas 3 (12,5%)) caí- TABELA 1: Distribuição de idosos frente à queda e por sexo. Ribeirão Preto, 2001/2002 Sexo 24 100,0 40 100,0 64 100,0 TABELA 2: 2:Distribuição de idososo por sexo e conseqüências da queda. Ribeirão Preto 2001/2002 R Enferm UERJ 2003; 11:147-2. • p.149 Idoso demenciado que teve queda ram uma vez e 9 (37,3%) caíram mais de uma vez. As conseqüências decorrentes da queda foram: 7 (10,9%) graves, tipo fraturas; 4 (6,2%) moderadas, isto é com ferimentos e necessitando de pontos; 8 (12,5%) leves, revelando pequenos ferimentos e 12 (18,8%) não apresentaram conseqüências (Ver Tabela 2). Constatou-se maior ocorrência de quedas - 23 (73,7%) - entre os mais velhos, isto é com idade igual ou superior a 70 anos; no entanto, considerando os diferentes grupos etários, observa-se que, entre 70-79 anos, houve uma incidência de 13 (42%); com 80 anos e mais, foram encontradas 10 (32,2%); entre 60-69 anos, 8 (25,8%), tendo as quedas afetado a capacidade física de cinco (16%) idosos, devido à sua repetição. Quanto à morbidade, 29 (45,3%) apresentavam apenas uma, 23 (35,9%) evidenciaram duas e 12 (18,7%) revelaram três ou mais morbidades; as mais freqüentes, em ordem decrescente, foram demência tipo Alzheimer, degenerativa, vascular, Parkinson e outros problemas, como ortopédicos, cardíacos, pulmonares, metabólicos e tumores. Entre os idosos demenciados que necessitam de vigilância por parte da família, 44 (68,7%) possuíam cuidadores familiares e, mesmo assim, 14 sofreram quedas, sendo 5(16,1%) delas graves, 3(9,6%) moderadas e 6 (19,3%) leves. Considerando a freqüência de quedas, 10 (32,2%) tiveram mais que cinco quedas; 15 (48,4%) apenas uma queda; 3(9,6%) apresentaram duas quedas, 2 (6,45%) tiveram três quedas e 1 (3,2%) quatro quedas. DISCUSSÃO Lopes e Bottino11 analisaram estudos de prevalência de demência, no período de 1994 a 2000, indexados no Medline e Lilacs, e também observaram maior prevalência de demência no sexo feminino, em diversas regiões do mundo, e relacionaram as taxas de prevalência com o aumento da idade. Os dados do presente estudo corroboram os achados apresentados na literatura por outros autores, de que a demência é mais prevalente no sexo feminino à medida que aumenta a idade. Quanto à situação econômica, 34(53,2%) idosos referiram que esta variava de ruim a regular, no que tange ao atendimento das necessidades básicas. Apesar de os idosos receberem aposentadoria e/ou pensão, os proventos de salário mínimo no país não suprem as necessidades da vida diária. A situação dos idosos brasileiros é precária e, como a maioria é formada de viúvos, estes dependem da família para sobreviver nessa etapa da vida em que aparecem determinantes restritivos p.150 • R Enferm UERJ 2003; 11:147-2. de ordem física, social e econômica12. As informações sobre a condição do idoso foram fornecidas pelo cuidador, pois apenas uma percentagem reduzida deles respondeu à entrevista, passando informações pouco precisas e também esparsas. Os déficits cognitivos, as alterações comportamentais, além de sintomas depressivos, também foram sintomas presentes no cotidiano do idoso e do cuidador. Sendo a demência incurável, porém tratável, a abordagem ao cliente deve ser interdisciplinar, com objetivo de identificar e valorizar o diagnóstico, tratar as co-morbidades e monitorar o tratamento, juntamente com a família. A maioria dos estudos sobre avaliação cognitiva aponta que a variável “nível educacional” pode apresentar diferenças nos escores. Os idosos com nível educacional mais elevado encontram-se em uma situação privilegiada, por estarem mais aptos a resolver os problemas dos testes10,13. A literatura14,15,16,17,18,19 menciona que o maior número de quedas ocorre entre as mulheres com idade mais avançada, fato semelhante à prevalência da demência. A associação demência e queda é um problema de saúde que as autoridades governamentais e os profissionais de saúde devem debater, para proporem intervenções junto aos familiares. A demência é um fator de risco para a queda, em todo seu estágio, uma vez que o equilíbrio da marcha e o balanço são mais afetados nos portadores dessa doença do que em idosos que não a apresentam14. Tal problemática está relacionada com a incapacidade do processo central, como conseqüência da degeneração estrutural e neuroquímica pelo próprio processo da doença14,15. A incidência de quedas, anual, entre os idosos acima de 65 anos, é de, aproximadamente,40%. Esta proporção aumenta conforme o avançar da idade, de acordo com os mesmos autores. Imamura et al.16 mencionam que as quedas repetitivas ocorrem, com freqüência, em idosos demenciados. Os autores ainda relataram que ocorreu queda de 10,7% em pacientes demenciados com Lewy bodies, e de 1,1% do tipo Alzheimer. Outros pesquisadores verificaram que as incapacidades cognitiva, da marcha e do balanço, assim como a perda óssea e duas ou mais morbidades são fatores que associados levam à queda17. Nevitt e Cummings18, em estudo com idosos americanos, observaram que 4 a 6% das quedas resultaram em fraturas. Nesta pesquisa, entretanto, foi encontrada maior freqüência - 10,9%. Ao se comparar os dados deste estudo, referentes às quedas de idosos demenciados, com os de Nevitt e Cummings18, Gratão ACM et al. sem demência, observa-se que a demência se apresenta como um dos grandes fatores de risco, pois os demenciados necessitam de observação constante e cabe à família cuidadora a principal responsabilidade desse cuidar o qual envolve o atendimento das suas necessidades básicas, entre as quais a segurança física e as condições do ambiente em que vivem. O planejamento de um ambiente livre de riscos de queda deve ser elaborado pela equipe e cuidador, em conjunto, pois como o idoso tem perda da capacidade de julgamento e das percepções, além de desequilíbrio postural, a estratégia a ser utilizada para auxiliá-lo deve ser discutida entre eles. Tanto a avaliação funcional do idoso (marcha, equilíbrio, mobilidade, cuidados pessoais e atividades do cotidiano) como a cognitiva, a ambiental e a administração de medicamentos e outros devem ser diferenciados de idoso para idoso, ou seja, deve ser individual, pois o objetivo da equipe e família é promover a segurança do paciente. Além destas, outras avaliações para prevenção de quedas são importantes, tais como: identificar os sintomas e atividades desenvolvidas no momento da queda, história de quedas anteriores e local, horário e conseqüências19. A preocupação da geriatria consiste em prevenir, tratar e cuidar de problemas gigantes, como imobilidade, instabilidade, incontinência, insuficiência cerebral e a iatrogenia. Nos diversos locais onde há idoso (domicílio, instituições de curta e longa permanência, locais públicos e privados), a segurança física deve ser observada constantemente, com o objetivo de prevenir acidentes, principalmente a queda, que causa problemas físicos e psicossociais a essa população. Antecedentes claramente identificados podem levar ao risco de queda, tais como acidente vascular cerebral, delírium, demência, incontinência urinária, efeitos adversos da medicação e outros. Entretanto, estes riscos não são determinados apenas pelo número de doenças, mas, sim, por fatores como mobilidade, mudança no ambiente em que a pessoa vive, como também por fatores intrínsecos, relacionados ao processo de senescência e senilidade e pelos extrínsecos, como ambiente físico e psicossocial. O risco é determinado pelo julgamento clínico e pela avaliação do cliente e do ambiente, no que diz respeito a pisos escorregadios, tapetes, má iluminação, móveis em excesso no lar, tipo de cadeiras, altura da cama e outros. É a partir destes fatores que se deve elaborar as estratégias de intervenção e cabe aos enfermeiros desenvolverem um programa de prevenção de quedas. A esse respeito, Chenits, Kussman e Stone20 e Rodrigues21 recomendam os seguintes passos: -Coletar e analisar os dados dos idosos quanto às ocorrências das quedas, no que tange ao processo de senescência, senilidade e ambiente; -Identificar os fatores intrínsecos e extrínsecos relacionados à queda; -Corrigir e minimizar os fatores, principalmente os relacionados ao ambiente, e oferecer ao idoso com maior dependência os acessórios para deambulação; -Conduzir a avaliação de quedas; -Identificar os idosos em risco, principalmente os dependentes; -Avaliar o uso de polifarmacos; -Alertar o “staff” para o risco de quedas; -Desenvolver um plano para prevenções de quedas visando à cognição do idoso, uso de medicamentos, estado de saúde e doença do idoso, atividades da vida diária, ambiente, educação; -Intervenção, incluindo educação e plano para o idoso e família; -Revisar o plano, quando necessário. CONSIDERAÇÕES FINAIS A queda ocorre, com mais freqüência, entre idosos que se encontram em seus domicílios e que apresentam múltiplas patologias, entre elas, a demência. Para sua prevenção, é fundamental a avaliação da equipe interdisciplinar, quanto aos aspectos da senescência e senilidade e ao ambiente físico e psicossocial, visando ao desenvolvimento da proposta de intervenção, para a melhoria da condição de vida do idoso. É fundamental, portanto, a participação efetiva da família, a fim de manejar situações com o paciente demenciado, principalmente no que diz respeito à segurança deste. REFERÊNCIAS 1. Hayflick L. Como e por que envelhecemos. Rio de Janeiro: Campus; 1996. 2. Berquó E. Algumas considerações demográficas sobre o envelhecimento da população do Brasil. In: Ministério da Saúde (Br). Envelhecimento Populacional, uma agenda para o final do Século: Seminário Internacional. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 1996. 3. Aisen PS, Marin DB, Davis KL. 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Fue obtenido un mayor porcentaje para el sexo femenino con edad média de 74.8 años, siendo que 58% no vivia con el compañero. La evaluación cognitiva detectó la memória regular en 30.6% e ruin en 28.6%. Fueron verificadas caídas en 31 ancianos, siendo 61.2% en el sexo femenino y 38.8% para el masculino; las consecuencias encontradas fueron graves, moderadas y leves. Ha sido verificado que de los ancianos que sufrieron caídas, 54.8% revelaron deficiencia cognitiva grave, 16.2% moderada y 29% leve. Los resultados muestran la necesidad de apoyo de la familia y organización del ambiente con el objetivo de prevenir caídas en ancianos demenciados. Palabras Clave: Clave Anciano; demencia; caída. Recebido em: 28.03.2003 Aprovado em: 14.07.2003 Notas * Aluna de Graduação em Enfermagem. Bolsista de Iniciação Científica CNPq. Enfermeira do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP *** Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP **** Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Especialista de Laboratório da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP ***** Professora Titular do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP Endereço de Correspondência: Avenida dos Bandeirantes, 3900 – Ribeirão Preto – SP – Cep 14040-902 e.mail: [email protected] - Fone: (16) 602-3416 ****** Professor Doutor (Estatístico) do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP. ** p.152 • R Enferm UERJ 2003; 11:147-2.