Para avançar, é preciso apenas inovar e recriar
Narciso Doro
Estamos vivendo um momento revolucionário nas tecnologias, informações,
comunicações e também nas áreas econômica, social, cultural, política e
religiosa. Percebemos, por exemplo, no âmbito empresarial, que não é mais
tão importante o potencial da organização pelo seu patrimônio, número de
empregados, capacidade de produção, mas sim pelo conhecimento que ela
possui, e como sua atividade contribui para o equilíbrio social.
Descobrimos que para avançar, precisamos apenas inovar e recriar. Exemplo
de iniciativa que rende ganhos sociais em uma região crítica de Curitiba é a
adoção do regime integral na escola pública Vila Torres. Retira as crianças da
rua e abre novas perspectivas para suas vidas.
Muitas outras áreas, em nosso país, estão igualmente carentes de soluções
inovadoras. É o caso da abertura de empresas, processo ainda lento,
burocrático, quando, por sua importância econômica, poderia ser rápido, com
um mínimo de inovação. Alvin Toffler, em seu livro A Terceira Onda, afirma: “A
rapidez é um componente crítico do sucesso, uma infra estrutura eletrônica é
indispensável para acelerar as mudanças”.
Apresentamos um projeto piloto que pode revolucionar o processo de abertura
de empresas, inicialmente, em Curitiba. Na sequência, poderá ser implantado
em outros estados. Depois de uma avaliação criteriosa da situação, as medidas
foram concebidas por uma comissão composta por membros do Sindicato dos
Contabilistas de Curitiba –Sicontiba, Federação dos Contabilistas do Paraná –
Fecopar, Conselho Regional de Contabilidade do Paraná-CRCPR e Sindicato
das Empresas de Serviços Contábeis, Assessoria, Perícias, Informações e
Pesquisas –Sescap-PR.
É importante esclarecer que a abertura de uma empresa, com exceção do
registro do contrato social, é algo simplesmente cadastral, consistindo no
preenchimento de sete a 10 itens, tarefa que leva minutos. O que propõem as
entidades contábeis? A abertura de micro e pequenas empresas que
dispensem laudo liberatório referente a impacto ambiental, sanitário e de risco
de incêndio, seja totalmente eletrônica, despapelizada. O tempo perdido pelo
contribuinte para ir pessoalmente a todos os órgãos envolvidos no processo
seja substituído pelo compartilhamento das informações entre a Junta
Comercial, a prefeitura, a Receita Federal e a Receita Estadual.
As maiores dificuldades, no momento, são a consulta na prefeitura para
liberação do endereço para a atividade pretendida e a papelada que se precisa
juntar, com cópias autenticadas e firmas reconhecidas, para apresentar nos
demais órgãos. Com as tecnologias que temos hoje, essas burocracias são
perfeitamente dispensáveis. Tudo pode ser feito online, sem custo para o
contribuinte e para o erário público, em, no máximo, 8 horas. Basta atualizar os
cadastros.
Em 1989, quando a Receita Federal lançou a certidão negativa online, houve
muitas críticas, por ser um documento de grande responsabilidade, com poder
de credenciar empresas para licitações públicas, por exemplo. A certidão hoje
é uma prática assimilada e elogiada.
Falta aos gestores públicos a visão do futuro, o desejo de avançar e a abertura
para inovar. Ficamos então à mercê de exigências desnecessárias, quando
não absurdas, como fez recentemente o INSS que baixou uma portaria com
data retroativa, causando transtornos incalculáveis. A verdade é que
burocracias inúteis, no conjunto, emperram a economia, a vida social,
atrapalham o crescimento do país. Se temos recursos para fazer as coisas
funcionarem melhor, por que não utilizá-los?
Narciso Doro – presidente do Sindicato dos Contabilistas de Curitiba – e-mail:
[email protected]
Fonte: Sindicato dos Contabilistas de Curitiba
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