COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. Influência do Grau de Compactação de um Solo Arenoso Fino na Infiltração e Retenção da Carga Orgânica de Chorume Cristiano Freitas da Silva Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Brasil, [email protected] Rinaldo J. B Pinheiro Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Brasil, [email protected] Djalma Silveira Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Brasil, [email protected] RESUMO: O objetivo deste trabalho é avaliar a utilização de um solo arenoso fino como base e cobertura em aterro sanitário, atuando como camada de retenção e filtração das cargas orgânicas e inorgânicas do lixiviado (chorume). O solo é característico da área do aterro sanitário da cidade de Santa Maria (RS) e o chorume foi coletado na saída de drenos de coleta de percolado. O solo é arenoso fino, de cor predominantemente amarela, oriundo da alteração de rochas sedimentares de origem fluvial. A mineralogia é formada por grãos de quartzo, caulinita e óxidos de ferro. Apresenta um pH = 6, baixo teor de matéria orgânica (MO = 0,2%) e CTC = 19,2 cmol/dm3. Geotecnicamente este solo foi classificado como silte arenoso (ML), com baixa plasticidade e fração argila inferior a 20%. Para o experimento foram compactados em colunas de percolação (PVC) este solo com graus de compactação variáveis (variação de densidade e volume de vazios) e submetidos um taxa de aplicação do efluente constante (1 litro/semana). A eficiência e comportamento do solo a ser empregado no processo de atenuação da carga orgânica do chorume, em suas respectivas colunas de percolação (grau de compactação de 60, 70, 80, 90 e 100%), foi realizado com a determinação das características físico-químicas do chorume e do percolado (pH, DQO, DBO, condutividade elétrica (CE), oxigênio dissolvido (OD), sólidos totais dissolvidos (STD) e cor. Os valores médios obtidos para o chorume foram pH = 7,8, DQO = 4864 mg/l, DBO = 351 mg/L, CE = 26830 µS/cm, OD = 1,9 mg/l, e STD = 13482 mg/l. Os valores medidos de DBO, DQO e STD nos efluentes das colunas sofreram uma redução significativa, demostrando a eficiência do sistema de atenuação em relação a estes parâmetros. PALAVRAS-CHAVE: Chorume, Ensaios de Coluna, Infiltração, Retenção. 1 resíduos sólidos de forma inadequada, sendo colocados diretamente em contato com o solo e exposto a céu aberto, promovendo assim, a contaminação do solo, do ar e das águas superficiais e subterrâneas além de gerar a proliferação de vetores de doenças, causando sérios problemas a saúde publica. Segundo Pesquisa Nacional de Saneamento PNSB (IBGE, 2002) somente 32,2% de todos os municípios destinam adequadamente seus resíduos sólidos (13,8% em aterros sanitários e 18,4% em aterros controlados). Em 63,6% dos municípios, o lixo doméstico, quando recolhido, é simplesmente transportado para depósitos INTRODUÇÃO Atualmente, uma das grandes preocupações ao meio ambiente são os problemas relacionados ao manejo, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos gerados. Com o crescimento populacional aliado a intensificação do processo industrial e consequentemente a demanda por bem de consumo, o homem tem produzido quantidades expressivas de resíduos sólidos, onde na grande maioria dos paises não apresenta uma base política clara e efetiva para sua supressão. No Brasil grande parte dos municípios deposita os 1 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. força de interação e a predominância de uma reação sobre outra é controlada pelos constituintes específicos do solo. As interações solo-chorume e as reações físico-químicas envolvidas durante a percolação, resultam na atenuação da carga de contaminantes do chorume. Esse processo de atenuação resulta na redução da concentração de contaminantes durante o respectivo transporte através do solo. As principais formas de atenuação estão incluídas nos seguintes mecanismos básicos: físico (filtração, difusão e dispersão, diluição e absorção); químico (precipitação/dissolução, adsorção/desorção, complexação, troca iônica e reações de redox); e microbiológico (biodegradação aeróbia e anaeróbia) (McBean et al, 1995 e Qasin et al 1994). Em estudos anteriores, realizados por Hamada (2000), Hamada et al (2002) e Iwai (2004), relacionados ao dimensionamento de um sistema de tratamento por percolação de chorume em solo arenoso fino, surgiram alguns questionamentos relacionados ao tipo de solo, taxa limite de aplicação hidráulica e a influência da compactação para taxas de aplicação hidráulica maiores. O conhecimento adequado dos processos do escoamento do chorume em solos arenosos, ao longo das primeiras camadas do subsolo, sob condições naturais ou compactadas de permeabilidade, permite observar as condições transitórias mais importantes do processo de transporte de contaminantes. A compactação de um solo arenoso nas bases de aterros constitui uma forma pouco custosa de preparação, resultando na redução da permeabilidade e garantindo um confinamento maior do chorume, sem, contudo atingir os valores exigidos pelos órgãos ambientais. É essencial conhecer os mecanismos envolvidos neste sistema, para se fazer um planejamento adequado dos critérios específicos como execução e operação do sistema e disposição de resíduos. Diante destas circunstâncias o trabalho tem como objtivo a montagem de um sistema que permita avaliar a influência de diferentes graus de compactação de um solo areno-siltoso fino característico da cidade de Santa Maria-RS, na irregulares, os chamados lixões. Estes não possuem nenhum tipo de controle, quer quanto ao tipo de resíduos recebidos, quer em relação às medidas de segurança necessárias, para minimizar ou evitar emissões de poluentes para o meio ambiente. Um dos sistemas mais adequado para a disposição de resíduos sólidos urbanos, são os aterros sanitários controlados, que aplica conhecimentos de engenharia e segue normas pré-estabelecidas de planejamento, construção e operação, minimizando assim os riscos e impactos ambientais. Uma maneira eficiente para restringir o escoamento do chorume para os aqüíferos subterrâneos, é, reduzindo sua permeabilidade. Para a contenção dos efluentes líquidos gerados pela decomposição do lixo é necessária a compactação do solo da base conhecidas como liners, que tem como função separar os resíduos do subsolo e minimizar o transporte de efluentes através dos solos, evitando assim o contato com as águas subterrâneas. Segundo Daniel (1993), o procedimento de compactação visa à criação de uma barreira protetora, denominada de liner, considerada como revestimento de base e laterais em aterros e obras similares, ou como cobertura final dos aterros. Como revestimentos de base são indicados quando se deseja retardar ao máximo a migração de contaminantes no solo, saturados ou não, de forma a atenuar a concentração dos contaminantes quando atingirem águas subterrâneas. Segundo McBean et al (1995) e Quasin e Chiang (1994) os solos naturais apresentam um sistema complexo e dinâmico em que interagem continuamente os processos físicos, químicos e biológicos. O solo é um sistema heterogêneo e polidisperso de componentes sólidos, líquidos e gasosos, em diversas proporções, e são também bastante porosos e constituem corpos quimicamente solventes pela presença de água em seus interstícios. Os solos consistem de compostos quimicamente inertes, de substâncias de alta ou baixa solubilidade, de uma grande variedade de compostos orgânicos e de organismos vivos e ainda apresentam um meio favorável no qual ocorrem atividades biológicas complexas de forma simultânea. A 2 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. Figura 1, o modelo de coluna de percolação usada na pesquisa. O sistema de colunas de percolação apresenta algumas características, quanto a seus aspectos construtivos e de funcionamento. Para fixar as colunas (tubos de PVC) no painel, serão usadas abraçadeiras, que permitirão sua fácil retirada para que o solo possa ser compactado dentro das mesmas. A compactação do solo no interior das colunas de percolação foi realizado com soquete de 2,5kg, e para se atingir o grau de compactação desejado variou-se o número de golpes (camadas de 20cm). O teor de umidade adotado foi o obtido nos ensaios de compactação com energia normal. infiltração e retenção de carga orgânica de lixiviados de aterro sanitário. 2 METODOLOGIA Neste trabalho foram executadas colunas de percolação, permitindo a avaliação do transporte do chorume e atenuação do solo em relação à carga orgânica do lixiviado com diferentes condições de compactação. O solo empregado é característico da região e ocorre em abundância na área da Central de Tratamento de Residuos da Caturrita (CTRC) na cidade de Santa Maria(RS). O chorume utilizado foi coletado no sistema de coleta do referido aterro sanitário. O experimento visou simular várias condições de compactação (densidades). As variáveis básicas foram as físicas e quimicas. As variáveis físicas corresponderam a taxa de aplicação hidráulica superficial (m3.chorume/m2.dia); densidade do solo nas colunas e taxa hidraúlica volumétrica (m3/m3.solo.dia). As variáveis de eficiência para as diferentes condições de compactação foram remoção de DQO como parâmetro base, remoçao de sólidos totais e carga de DQO aplicada (kgDQO/kgSolo.dia). Foram aplicadas neste ensaios uma carga única de 1000ml em cada semana durante 5 semanas. Isto corresponde uma taxa concentrada de 0,135 m3/m2.dia ou uma taxa média diária de 0,0193 m3/m2.dia ao longo de uma semana. 2.1 A lim e n t a ç ã o A m o st ra d or G e o t ê x t il A m ost ra d or c a m a d a d e a r e ia g r o s s a E s p e s s u r a : 2 0 ,0 c m L u va d e P V C D N 110 m m T ub o d e p vc m arro m D N 10 0 S o lo c o m p a c t a d o D is t â n c ia e n t r e a m o s t r a d o r e s = 2 0 c m A lt u r a t o t a l d a c o l u n a = 1 6 0 c m A m o stra d or Concepção das Colunas de Percolação S u po rte Para a montagem das colunas de percolação, foram utilizados os seguintes materiais: tubos de PVC, com diâmetro nominal de 110 mm; suporte móvel com estrutura em perfis metálicos; chapa de compensado naval resinada; luvas e CAPs de PVC; braçadeiras metálicas com parafusos; chapas de PVC branco perfurada (usadas na confecção dos drenos); manta geotêxtil; adaptadores metálicos para mangueiras; brita passante na peneira ¼” (execução dos drenos) e areia média lavada. Na G e o t ê x t il C A P pvc B r it a φ < 14 " E spessura : 2 cm D is c o p e r f u r a d o φ = 10 cm E f lu e n t e Figura 1. Coluna de percolação O controle do grau de compactação foi realizado através da pesagem da coluna. Em cada coluna, foi colocado um disco perfurado de PVC, a 1 cm do fundo do CAP juntamente com o disco perfurado será utilizada uma 3 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. O solo estudado foi classificado texturalmente como areia fina siltosa, com fração argila inferior a 20%. Apresenta baixa plasticidade e tendo quartzo, caulinita e óxidos de ferro como mineralogia predominante. As Tabelas 1 e 2 apresentam os resultados dos ensaios de caracterização e químicos realizados em 3 amostras típicas deste material. A Figura 2 apresenta as curvas granulométricas. Verifica-se pelos resultados a homogeneidade desta camada arenosa na área do aterro sanitário. camada de brita com tamanho inferior a ¼”, protegida por geotêxtil, com o objetivo de drenagem do efluente a ser coletado, evitando a passagem de solo pelo mesmo. A coleta do lixiviado, será feito um orifício e adaptada uma mangueira de silicone, na parte inferior do CAP. 2.2 Solo Estudado Neste trabalho foi utilizado um solo de alteração de rochas sedimentares da Formação Santa Maria que ocorre em camadas contínuas na área da CTRC. As amostras para os ensaios foram coletadas e preparadas para os ensaios de caracterização, seguindo as os procedimentos da NBR 6457/86. Os ensaios de caracterização realizados foram a determinação da massa específica real dos grãos (NBR 6508/84), granulometria com defloculante (NBR 7181/84); limite de liquidez (NBR 6459/84); limite de plasticidade (NBR 7180/84). Foram realizados ensaios de compactação na energia normal de acordo com (NBR 7182/86). Para complementar os ensaios laboratoriais foram realizados ensaios de permeabilidade em permeâmetros de parede rígida com carga variável, com diferentes graus de compactação (GC = 100, 90, 80, 70 e 60%), de acordo com a NBR 14545/00. 2.3 Tabela 1. Ensaios de caracterização e classificação dos solos estudados AM01 AM02 AM03 LL (%) 33 31 31 LP (%) 24 24 26 IP (%) 9 7 5 26,4 27,0 27,1 γs (kN/m3) CTC (cmol/dm3) 19,2 M.O. (%) 0,2 pH 6,0 Mineralogia Quartzo, caulinita e óxidos HRB A4 A4 A4 SUCS CL ML ML Obs.: LL = limite de liquidez; LP = limite de plasticidade; IP = índice de plasticidade; γs = peso específico real dos grãos; CTC = capacidade de troca catiônica; MO = máteria orgânica. Tabela 2. Resultados dos ensaios de granulometria com defloculante Frações AM01 AM02 AM03 Chorume O chorume foi coletado no sistema de drenagem de percolado da CTRC, transportado em recepientes apropriados e mantidos em refrigeração para evitar mudanças das suas propriedades. A caracterização do chorume foi realizado pelo laboratório da Engenharia Química da Universidade Federal de Santa Maria. Nas análises químicas realizadas no chorume e no efluente das colunas foram determinados os seguintes parâmetros: Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Sólidos Totais Dissolvidos (SDT), Cor, Ph, Condutividade Elétrica (CE) e Oxigênio Dissolvido (OD). 3 Pedregulho (%) Areia grossa (%) Areia média (%) Areia fina (%) Silte (%) Argila. (%) 0 3 15 27 40 18 0 2 10 28 56 14 0 4 17 27 34 18 No estudo de compactação foram realizados 3 ensaios na energia normal, para determinação do peso específico aparente seco máximo (1700kg/m3) e teor de umidade ótima (16,5%). Estes ensaios permitiram definir as densidades a serem adotados nos ensaios de coluna. A Figura 3 apresenta as curvas de compactaçao para o solo em estudo. A Figura 4 apresenta os resultados dos ensaios de permeabilidade (permeâmetro de parede rígida) para os diferentes densidades utilizados nesta pesquisa. Nos ensaios com RESULTADOS 4 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. corpos de prova menos densos a permeabilidade obtida foi da ordem de 10-3 cm/s. A medida que a densidade é aumenta os valores de permeabilidade se reduzem, chegando a valores da ordem de 10-7cm/s para grau de compactação de 80%. antes da amostragem. A Tabela 2 apresenta os valores obtidos em 22 amostras de chorume utilizados nos ensaios de coluna. Os valores obtidos de DBO e pH estão na faixa de variação esperada para aterros novos, que é o caso do CTRC (menos de 2 anos de operação). A relação entre a DBO/DQO pode caracterizar a biodegrabilidade do chorume que varia com o tempo. Para o chorume coletado esta relação foi 0,07, valor este bem inferior a 0,5 que é característico de aterros novos (Tchobanoglous et al, 1993). Esta diferença pode estar relacionada com os baixos valores obtidos de DBO (<2000mg/l) e valores bem elevados de sólidos e suspensão (>2000mg/l). 100 90 80 % Passante 70 60 50 AM01 40 AM02 30 20 AM03 10 0 0,001 0,010 0,100 1,000 Tabela 3. Análise química do chorume (22 amostras) Desvio Coef. de Análise química Média Padrão Variação (%) DQO (mg/l) 4863,6 1077,3 22,1 DBO (mg/l) 351,1 194,3 55,3 STD (mg/l) 13491,9 2429 18,0 CE (uS/cm) 26829,5 6248,4 23,3 Cor (mg Pt Co) 6449,1 2377,4 36,9 Ph 7,8 0,1 1,9 OD (mg/l) 1,9 0,3 17 10,000 Diâmetro (mm) Figura 2. Curvas granulométricas do solo 1720 Peso Esp. Ap. Seco (kg/m3) 1700 1680 1660 1640 A campanha de ensaios de colunas com percolação de chorume em condições não saturadas foram realizados para graus de compactação diferentes. Para graus de compactaão de 90 e 100% não ocorreram percolação significativa, portanto estas colunas foram descartadas da análise. Foram analisados os volumes aplicados e coletados, DQO, DBO, STD, cor, pH, CE e OD para o efluente das colunas com grau de compactação de 60, 70 e 80%. A Figura 5 apresenta os volumes aplicados de chorume e os volumes coletados (efluentes). Observa-se uma diferença entre estes volumes, devido ao volume necessário para o preenchimento de vazios do solo, que diminui em função do acréscimo de compactação. Quantidades significativas de efluente só ocorreram apos a segunda aplicação de chorume. 1620 AM01 1600 AM02 AM03 1580 1560 5 10 15 20 25 Teor de umidade (% ) Figura 3. Curvas de compactação (energia normal) Permeabilidade (cm/s) 1,00E-02 1,00E-03 1,00E-04 1,00E-05 1,00E-06 1,00E-07 50 60 70 80 90 100 Grau de compactação (% ) Figura 4. Resultados dos ensaios de permeabilidade A caracterização química do chorume, segundo vários autores, varia muito, depedendo da idade do aterro e dos eventos que ocorreram 5 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. removida (Figura 8), uma vez que nesta coluna o escoamento é mais lento e mais suscetível a colmatação. 6000 Volume aplicado 5000 Volume percolado 100 3000 Eficiência - remoção de DQO (%) Volume (ml) GC = 60% 4000 2000 1000 0 0 5 10 15 20 Tempo (dias) 25 30 6000 70 60 50 40 GC = 60% 30 GC = 70% GC = 80% 20 10 0 Volume percolado Volume (ml) 80 Volume aplicado 5000 4000 0 GC = 70% 5 10 15 20 25 30 Tempo (dias) 3000 Figura 6. Eficiência de remoção de DQO 2000 1,0 DBO removida (gDQO/KgSoloSeco) 1000 0 0 5 10 15 20 Tempo (dias) 25 30 6000 Volume aplicado 5000 Volume (ml) 90 Volume percolado GC = 80% 4000 3000 0,9 GC = 60% 0,8 GC = 70% GC = 80% 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 2000 0 5 10 15 20 25 30 Tempo (dias) 1000 Figura 7. Carga de DQO removida 0 0 5 10 15 20 Tempo (dias) 25 30 100 Eficiência - remoção de DQO (%) Figura 5. Relação do volume de chorume aplicado e coletado em função do tempo. As Figuras 6, 7 e 8 apresentam os resultados relativos as análises de DQO. Na figura 4 esta apresentado a eficiência de remoção de DQO em função do tempo, nota-se que para GC de 60 e 70% a partir da terceira coleta a eficiência situou-se abaixo de 90%. Já para a coluna com GC de 80% a eficiência não apresentou esta redução. Para as 3 colunas, considerando uma eficiência superior a 90%, o volume aplicado foi de 3 litros por coluna, ou um equivalente a 400 litros de chorume por metro cúbico de solo (Figura 8). A eficiência do sistema de remoção de DBO aumenta em função do acréscimo da densidade. Verifica-se também que nem sempre a coluna de maior densidade (GC = 80%), apresenta melhores resultados em termos de carga 90 80 70 60 50 40 GC = 60% 30 GC = 70% GC = 80% 20 10 0 0 100 200 300 400 500 600 700 Volume Aplic. Equiv. (Litros de chorume/m3 de Solo) Figura 8. Eficiência de remoção de DQO em função do volume aplicado por metro cúbico de solo seco. Na Figura 9 são apresentados os resultados obtidos para o pH do chorume, do efluente coletado nas colunas e do solo. Até 14 dias de ensaio o pH do efluente situa-se entre os valores do chorume e do solo, mas com uma tendência de redução. A partir desta data o pH do efluente fica inferior ao do solo (pH = 6). 6 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. Eficiência - remoção de Sólidos Totais (%) 9 8 7 pH 6 5 GC = 60% 4 GC = 70% 3 GC = 80% 2 PH do chorume bruto 1 PH do solo 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 0 0 10 Tempo (dias) 20 800 Cor (mg Pt Co) 300 200 10 20 30 Tempo (dias) Figura 12. Valores de cor (padrão relativo ao PlatinumCobalt Units Standart). 4 CONCLUSÕES A partir dos resultados obtidos, verifica-se o potencial de aplicação da alternativa de utilização de solo para tratamento de chorume.A compactação do solo tem influência direta nos resultados obtidos. Verificou-se que solos com alta densidade a velocidade de escoamento é baixa, que resulta melhores resultados em termos de eficiência, contudo estando sujeitos a colmatação em tempos menores, que dificulta a percolação do efluente e comprometendo o sistema. O principal mecanismo deste sistema de tratamento é a ação física do solo na retenção de material particulado, tendo grande parcela na eficiência do sistema. CE = 26828,5 uS/cm 5000 4000 3000 2000 1000 0 20 Tempo (dias) Cor = 6449,1 mg Pt Co 400 0 GC = 80% 10 GC = 80% 500 0 GC = 70% 0 GC = 70% 600 100 GC = 60% 6000 30 GC = 60% 700 9000 7000 20 Tempo (dias) Figura 11. Eficiência na redução de sólidos totais, no efluente das colunas. A Figura 10 apresenta os valores de condutividade elétrica (T = 250C) obtida nos efluentes das colunas. A coluna de maior densidade a eficiência da remoção de contaminantes é um pouco maior, que correspondem a valores de condutividade menores em função de menos contaminantes existentes no efluente. Com o aumento do volume de chorume a condutividade aumenta, independente da densidade das colunas. Esta observação fica mais evidente pela diminuição de eficiência na remoção de sólidos totais, em função do tempo, conforme apresentado na Figura 11. 8000 10 30 Figura 9. Valores pH do chorume, dos efluentes coletados e do solo. Condutividade elétrica (uS/cm) GC = 60% GC = 70% GC = 80% 30 Figura 10. Valores da condutividade elétrica para amostras do efluente das colunas. Observa-se, na Figura 12, a tendência a redução acentuada na cor dos efluentes para todas as colunas em relação ao chorume. Este fato deve-se a remoção da matéria orgânica e outros contaminantes que conferem cor ao efluente. AGRADECIMENTOS Os autores agradedem a empresa Tecnoresíduos 7 COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS. Qasim, S., Chiang, W. (1994)). Sanitary Landfill Leachate. Editora Technomic Publishing Company, Inc., Lancaster, U.S.A., 1994. Tchobanoglous, G., Theisen, H., Virgil, S. (1993). Integrated Solid Waste Management: Engineering Principles and Mangement Issues. . McGraw-Hill, Inc, International Edition 978p. Soluções Ambientais e REVITA Engenharia S/A pelos materiais fornecido e apoio operacional no desenvolvimento deste estudo. Ao Programa de Pós-Graduação de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria que possibilitou o desenvolvimento do mestrado do primeiro autor. . REFERÊNCIAS Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT (1984). Solo - Análise granulométrica: NBR-7181. Rio de Janeiro, 1984. 13p. Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT (1984). Solo - Determinação do limite de liquidez: NBR-6459. Rio de Janeiro, 1984. 6p. Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT (1984).Solo - Determinação do limite de plasticidade: NBR-7180. Rio de Janeiro, 1984. 3p. Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT (1982). Solo - Determinação do limite e relação de contração: NBR-7183. Rio de Janeiro, 1982. 3p. Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT (1984).Solo - Determinação da massa específica: NBR-6508. Rio de Janeiro, 1984. 8p. Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT (1987). Solo - Ensaio de compactação: NBR 7182/86. Rio de Janeiro, 1987. 12p. 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