UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS SÃO GABRIEL CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL RELATÓRIO DE ESTÁGIO FINAL RELATÓRIO DE ESTÁGIO Leonardo Severo da Costa São Gabriel, RS, Brasil 2011 LEONARDO SEVERO DA COSTA IMPLANTAÇÃO DE UM VIVEIRO FLORESTAL DE ESPÉCIES NATIVAS NO MUNICÍPIO DE SANTA MARGARIDA DO SUL, RS Relatório de Estágio obrigatório apresentado ao Curso de Engenharia Florestal, da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA, RS), como requisito parcial para obtenção da Graduação em Engenharia Florestal. Orientador: Prof. Dr. Italo Filippi Teixeira São Gabriel 2011 LEONARDO SEVERO DA COSTA IMPLANTAÇÃO DE UM VIVEIRO FLORESTAL DE ESPÉCIES NATIVAS NO MUNICÍPIO DE SANTA MARGARIDA DO SUL, RS Relatório de Estágio obrigatório apresentado ao Curso de Engenharia Florestal, da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA, RS), como requisito parcial para obtenção da Graduação em Engenharia Florestal. Orientador: Prof. Dr. Italo Filippi Teixeira Relatório de Estágio obrigatório defendido e aprovado em: 23 de dezembro de 2011. Banca examinadora: Prof. Dr. Italo Filippi Teixeira Orientador (Unipampa) Prof. MSc. Adriano Luis Schünemann (Unipampa) Prof. Dr. Frederico Costa Beber Vieira (Unipampa) RESUMO O estágio obrigatório foi realizado no período de 6 de outubro a 5 de dezembro de 2011, na Secretaria de Agricultura e de Fomento do município de Santa Margarida do Sul com supervisão do engenheiro agrônomo Paulo Eduardo Martins Fassina. O estágio teve como objetivo elaborar um projeto de implantação de um viveiro florestal com a finalidade de produzir mudas florestais nativas e exóticas destinadas a usos múltiplos dentro do município de Santa Margarida do Sul, além de identificar possíveis árvores matrizes com a finalidade de produzir sementes para a produção de mudas no viveiro bem como criar um banco de dados de sementes de espécies arbóreas nativas no município. No desenvolvimento do estágio ocorreram alterações no plano de estágio, onde foi definida como prioridade a elaboração do projeto de viveiro, tendo em vista que já existia um determinado número de árvores matrizes selecionadas. A elaboração do projeto de viveiro florestal iniciou com o levantamento de dados geográficos da área de implantação, para posteriormente ser elaborada a planta baixa das estruturas básicas necessárias ao funcionamento do mesmo. A última etapa do projeto foi o orçamento dos materiais necessários para construção e matérias básicos para o início da produção de mudas no viveiro. Palavra chave: viveiro florestal, produção de mudas, espécies nativas. ABSTRACT The compulsory training was conducted from October 6 to December 5, 2011, the Secretary of Agriculture and Development in the city of Santa Margarida do Sul under the supervision of Paulo Eduardo Martins Fassina. The training curriculum had as objective preparing a project to establish a forest nursery for the purpose of producing native and exotic tree seed lings to multiple uses within the municipality of Santa Margarida do Sul, and identify potential parent trees in order to produce seeds for the production of seedlings in the nursery as well as create a database of seeds of native tree species in the county. Stage in the development of changes in plan stage, which was identified as a priority project design nursery, given that there already existed a number of seed trees selected. The development of the nursery project was to survey data from the geographic area of deployment, then be prepared to the floor plan of the infrastructure needed to run it. The last step was the budget of the materials needed for construction and basic materials for the start of production of seedlings in the nursery. Keywords: forest nursery, plant propagation, native species. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Área de implantação do viveiro florestal no município de Santa Margarida do Sul, RS ...................................................................................................................................... 12 FIGURA 2 – Viveiro permanente com cobertura de sombrite sobre aramado ........................ 15 FIGURA 3 – Croqui do viveiro florestal .................................................................................. 16 FIGURA 4 – Estrutura de aramado sobre esteios possibilitando a sustentação do sombrite ... 16 FIGURA 5 – Croqui do aramado ............................................................................................. 17 FIGURA 6 – Croqui do corte lateral do viveiro ....................................................................... 17 FIGURA 7 – Croqui da irrigação ............................................................................................. 21 FIGURA 8 – Croqui detalhado da irrigação ............................................................................. 21 FIGURA 9 – Croqui da área de aclimatação ............................................................................ 23 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Descrição das áreas de produção e de circulação .............................................. 18 TABELA 2 – Descrição do número de bandejas, área produtiva e área não produtiva para cada submódulo. ....................................................................................................................... 19 TABELA 3 – Orçamento da estrutura do viveiro .................................................................... 24 TABELA 4 – Orçamento do material do viveiro ..................................................................... 24 TABELA 5 – Orçamento do sistema de irrigação .................................................................... 25 TABELA 6 – Orçamento dos equipamentos ............................................................................ 25 TABELA 7 – Orçamento da área de aclimatação .................................................................... 25 TABELA 8 – Orçamento da mão-de-obra ............................................................................... 25 TABELA 9 – Orçamento total ................................................................................................. 25 SUMÁRIO 1. ORGANIZAÇÃO ............................................................................................................ 9 2. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10 3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ............................................................................. 11 3.1. Localização ........................................................................................................................... 12 3.1.1. Localização do viveiro .................................................................................................. 12 3.1.2. Escolha do local ............................................................................................................ 13 3.2. Descrição do viveiro.............................................................................................................. 14 3.2.1. Tipo do viveiro .............................................................................................................. 14 3.2.2. Drenagem ...................................................................................................................... 18 3.2.3. Módulo de produção...................................................................................................... 18 3.2.4. Recipientes .................................................................................................................... 19 3.2.5. Substrato ........................................................................................................................ 19 3.2.6. Irrigação ........................................................................................................................ 20 3.3. Área de aclimatação .............................................................................................................. 22 3.4. Relação e custos dos materiais, equipamentos e serviços ..................................................... 24 3.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 26 4. 4.1. 5. AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO ...................................................................................... 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 28 APÊNDICES ................................................................................................................. 30 5.1. Apêndice 1 – Planta baixa da área de aclimatação, Planta baixa do viveiro florestal, Corte transversal do viveiro florestal. ............................................................................................................. 30 5.2. Apêndice 2 – Planta baixa do aramado do viveiro florestal, planta baixa do sistema de irrigação, Detalhe da linha secundária de irrigação. ............................................................................. 31 9 1. ORGANIZAÇÃO A Prefeitura de Santa Margarida do Sul - RS, localizada BR 290, KM 392, Bairro Centro, CEP 97335-000 é a sede do poder executivo do município, e sua competência é equivalente a das prefeituras municipais de todo território brasileiro. Atribuída, nos moldes da constituição do país, possui a direitos de governar o povo e administrar os interesses públicos, cumprindo fielmente as ordenações legais. Atualmente o município é administrado pela prefeita Claudia Mara Goulart Brasil e Luciana Barbosa Souto Dias, vice prefeita. Santa Margarida pertencia ao município de São Gabriel, como Distrito, do qual foi desmembrado pela Lei, nº 10.751/96, de abril de 1996. O município surgiu a partir da idéia de um grupo de margaridenses que acreditava que a emancipação traria desenvolvimento. Devido a sua história recente o município de Santa Margarida do Sul ainda encontra-se em fase de estabilização e estruturação da cidade, enfrentando problemas como quaisquer outras cidades em relação a saúde, habitação, saneamento básico entre outros. O estágio obrigatório foi realizado no período de 6 de outubro a 5 de dezembro de 2011, na Secretaria de Agricultura e de Fomento do município de Santa Margarida do Sul com supervisão do engenheiro agrônomo Paulo Eduardo Martins Fassina. O estágio curricular obrigatório teve como objetivo elaborar um projeto de implantação de um viveiro florestal com a finalidade de produzir mudas florestais nativas e exóticas destinadas a usos múltiplos dentro do município de Santa Margarida do Sul, RS. 10 2. INTRODUÇÃO O viveiro de mudas é um dos instrumentos, talvez o de maior importância, dentro do processo de recuperação de áreas degradadas, pois serve como célula reprodutora das espécies vegetais, tanto de espécies nativas quanto exóticas, disponibilizando uma quantidade significativa de mudas dos vários ecossistemas encontrados na região, com a finalidade de atender a demanda ambiental de uma determinada localidade. Entende-se por viveiro florestal um determinado local onde são concentradas todas as atividades de produção de mudas florestais. É o local onde as mudas são produzidas, dispostas de forma regular, abrigadas em ambiente favorável, observados os critérios técnicos de instalação, visando obter material botânico de qualidade para plantação em local definitivo (GOES, 2006). A produção de mudas florestais, em qualidade e quantidade, é uma das fases mais importantes para o estabelecimento de bons povoamentos florestais e regeneração de áreas degradadas com espécies nativas (GONÇALVES, 2005). O primeiro passo para que um viveiro florestal possa constituir um empreendimento de sucesso é a atenção especial na escolha das sementes. De acordo com Nogueira (2007), a produção de sementes de alta qualidade é muito importante para qualquer programa de produção de mudas voltado para plantios comerciais, restauração de áreas degradadas e conservação dos recursos genéticos. As sementes devem ser de boa qualidade genética e fisiológica. Devem ser colhidas em talhões com uma qualidade superior, representativos da espécie, com todas as técnicas de beneficiamento e armazenamento adequadas. O principal problema está no processo de colheita de sementes das espécies nativas, onde existe uma grande dificuldade em colher sementes na floresta nativa, como seria o ideal. Tendo em vista isso, é comum a utilização de poucas árvores, muitas vezes apenas uma matriz, da arborização urbana ou com origem desconhecida, para a produção de sementes. Esse descuido pode afetar o sucesso das futuras mudas devido a conseqüências genéticas, como redução da capacidade de adaptação ao meio em circunstâncias extremas (MACEDO, 1993). 11 O objetivo do estágio curricular obrigatório foi elaborar um projeto de implantação de um viveiro florestal com a finalidade de produzir mudas florestais nativas e exóticas destinadas a usos múltiplos dentro do município de Santa Margarida do Sul, RS. 3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS O plano de estágio acordado entre o orientador, Prof. Italo Filippi Teixeira, e o supervisor, Eng. Paulo Eduardo Martins Fassina, continha as seguintes atividades a serem desenvolvidas: Identificação e localização geográfica de matrizes de espécies florestais nativas em áreas do município de Santa Margarida do Sul para fins de formação de banco de dados com futuras coletas de sementes e produção de mudas; Elaboração de um projeto de viveiro florestal para o município de Santa Margarida do Sul. Durante o período de realização do estágio curricular obrigatório, definiu-se como prioridade a elaboração do projeto de viveiro, tendo em vista que as atividades para a elaboração do mesmo envolveu inclusive orçamentos de equipamentos o que gerou um maior envolvimento acarretando uma alteração no planejamento inicial de distribuição de tempo e atividades. 12 3.1. Localização 3.1.1. Localização do viveiro O projeto será implantado no município de Santa Margarida do Sul, situado na região da Fronteira Oeste do estado do Rio Grande do Sul, com coordenadas geográficas de 30°20’22.43’’ de latitude sul e 54°04’53.85’’ de latitude oeste, distando 309 km da capital Porto Alegre. O município apresenta uma área de 956.148 km², com uma população total de 2.352 habitantes (IBGE, 2009). O município apresenta uma altitude média de 113 m acima do nível do mar. O clima local, segundo a classificação de Köeppen, é do tipo Cfa, sendo o clima predominante no estado, característico por apresentar precipitações médias bem distribuídas ao longo dos meses do ano, não há estação seca nem estação chuvosa bem definida caracterizada. A localidade apresenta precipitação média anual de 1.700 mm e temperatura média anual de 18°C, sendo a média das máximas do mês mais quente 32°C e das mínimas do mês mais frio de 9°C. O viveiro será implantado em uma área de 10.000 m², junto ao parque de exposições do município (FIGURA 1) com uma área de cultivo de 576 m² para produção de mudas de espécies florestais nativas. Fonte: Google Earth FIGURA 1 – Local de implantação do viveiro florestal no município de Santa Margarida do Sul, RS. 13 3.1.2. Escolha do local Fatores como topografia da área, disponibilidade de água, facilidade de acesso, tipo de solo devem ser analisados com rigor para escolher o local mais adequado à implantação de um viveiro florestal. O local destinado à implantação deste projeto foi definido pela prefeitura do município de Santa Margarida do Sul, inviabilizando a análise de tais fatores, possibilitando apenas a descrição da área. 3.1.2.1. Topografia A declividade média do local de implantação do viveiro florestal foi calculado a partir da Equação 1, onde foi estimada uma declividade de 3 %, sendo que o valor indicado encontra-se de 2 a 3%, possibilitando assim o escoamento da água sem causar erosão (VILELLA, 2009). Equação 1 – Fórmula para cálculo da declividade média. DV – diferença vertical entre a cota mais alta e cota mais baixa; DH – diferença horizontal entre os pontos. 3.1.2.2. Disponibilidade de água O local não apresenta rio, lago ou açude em sua proximidade, sendo assim, é necessária a implantação de reservatórios, caixas de água, com a finalidade de suprir as 14 necessidades de irrigação diária e servir como reservatório evitando futuros problemas devido à falta de água. 3.1.2.3. Facilidade de acesso A área de implantação apresenta-se próximo a BR-290, facilitando o acesso e transporte de insumos bem como o transporte das mudas produzidas. 3.1.2.4. Solo Segundo Streck et al. (2008), o solo do município de Santa Margarida do Sul é do tipo Argissolo Vermelho Amarelo distrófico úmbrico, Unidade Alto das Canas. 3.2. Descrição do viveiro 3.2.1. Tipo do viveiro Viveiros florestais são áreas com um conjunto de benfeitorias e utensílios, em que se empregam técnicas visando obter o máximo da produção de mudas. Será utilizado viveiro do tipo permanente (FIGURA 2), onde são produzidas mudas de maneira contínua e por tempo indeterminado para comercialização. O projeto apresenta uma proposta de instalação de um viveiro com capacidade aproximada de 30.000 mudas, podendo ser ampliado com outros módulos, de acordo com a necessidade de produção. O viveiro apresenta a dimensão de 24 x 24 m (FIGURA 3), perfazendo uma área total de 576 m², sendo dividido em quatro submódulos. Quanto à orientação, o viveiro será voltado para a face norte por ser mais quente, ensolarada e propiciar proteção contra o vento sul. 15 A cobertura será feita utilizando-se sombrite com 50% de interceptação da luz solar, que atende à maioria das espécies cultivadas na região. O pedilúvio (1 x 1 m) será assentado na entrada principal do viveiro, de modo a permitir o controle fitossanitário na circulação de máquinas e pessoas. A sustentação do sombrite será feita com arame liso galvanizado apoiado sobre esteios (FIGURA 4) e tensionados linha a linha até os esticadores dispostos em todas as laterais do viveiro, a cada 4 m. O arame será disposto de forma longitudinal, perpendicular e transversal (FIGURA 5), possibilitando ótimo apoio para o sombrite e para o sistema de irrigação. Com o tensionamento do arame, projeta-se uma aba de 3 m de comprimento (FIGURA 6), que servirá de quebra vento e auxiliará na uniformização da luminosidade nas laterais do viveiro. Fonte: Goes (2006). FIGURA 2 – Viveiro permanente com cobertura de sombrite sobre aramado. 16 FIGURA 3 – Croqui do viveiro florestal. Fonte: Goes (2006). FIGURA 4 – Estrutura de aramado sobre esteios possibilitando a sustentação do sombrite. 17 FIGURA 5 – Croqui do aramado. FIGURA 6 – Croqui do corte lateral do viveiro. 18 3.2.2. Drenagem Mesmo nos sistemas mais modernos de produção de mudas, deve-se evitar que a água de irrigação permaneça na superfície do solo após a chuva ou irrigação, instalando-se um adequado sistema de drenagem que deverá ter manutenção constante (GOES, 2006). A drenagem do viveiro é, tanto quanto a irrigação, de fundamental importância, pois a retenção de água na superfície do viveiro favorece o desenvolvimento de doenças. O sistema de drenagem deverá ser instalado, preferencialmente, antes da confecção dos canteiros. O sistema de drenagem utilizado será do tipo espinha de peixe, composto por canais de alvenaria, de forma triangular, com largura de 0,8 m, preenchidos com brita. 3.2.3. Módulo de produção A área destinada à estruturação do viveiro corresponde a 576 m², sendo que 70 m² referem-se aos caminhos no módulo de produção, e os 505,948 m² restantes referem-se às áreas de cultivo, compostas por 4 submódulos com diferentes áreas (TABELA 1). TABELA 1 – Descrição das áreas de produção e de circulação. Descrição Sub Módulo 1 Sub Módulo 2 Sub Módulo 3 Sub Módulo 4 Caminhos entre os submódulos Área Total Dimensão (m) 12 x 12 11 x 12 12 x 10 11 x 10 1 x 12/ 2 x 12 Área (m²) 144 132 120 110 70 576 Os submódulos serão formados por bandejas metálicas galvanizadas com dimensões de 1,05 m x 1,05 m e pernas com 0,35 m, com capacidade para 961 tubetes. Os canteiros apresentarão largura de 2,10 m, o que corresponde a duas bandejas, e comprimento variável de acordo com o módulo. O número de bandejas por módulo bem como área produtiva e não produtiva são apresentados na TABELA 2. O piso do viveiro será composto por solo natural, mais solo cascalhado e compactado e por último uma camada de brita. 19 TABELA 2 – Descrição do número de bandejas, área produtiva e área não produtiva para cada sub módulo. Sub Módulo 1 2 3 4 Total Nº de bandejas 80 80 60 60 280 Área produtiva (m²) 88,2 88,2 66,15 66,15 308,7 Área não produtiva (m²) 55,8 43,8 53,85 43,85 197,3 3.2.4. Recipientes A produção das mudas será realizada em tubetes de polipropileno atóxico, com formato cônico, com dimensão externa de 38 mm, dimensão interna de 35 mm, possuindo uma capacidade de 100 cm³ de substrato. Serão utilizadas um total de 280 bandejas com capacidade para 961 tubetes cada, perfazendo um total de 269.080 tubetes necessários para a produção do mesmo número de mudas. 3.2.5. Substrato Os substratos constituem o meio de crescimento das raízes, desempenhando as funções do solo. Qualquer material não tóxico pode ser usado como substrato, desde que tenha ou se possa adicionar as características desejáveis para o crescimento e desenvolvimento das plantas. O substrato utilizado para a semeadura será composto por casca de Pinus, vermiculita e casca de arroz carbonizada, com uma densidade aproximada de 0,4 g/cm³. Como a capacidade de cada tubete é de 100 cm³ de substrato e a densidade do substrato é de 0,4 g/cm³, temos o equivalente a 40 g ou 0,04 kg de substrato por tubete, somando-se no total 10.763,2 kg de substrato, equivalente a 26,91 m³ de substrato. 20 3.2.6. Irrigação 3.2.6.1. Sistema utilizado Será utilizado o sistema de irrigação por microaspersão, que se caracteriza pela aplicação de água em forma de chuva artificial, através do fracionamento do jato de água em estruturas denominadas aspersores. Em geral, esse sistema de irrigação compõe-se das seguintes partes: conjunto motobomba, linha principal, secundária, aspersores e acessórios. O sistema vai ser aéreo e composto de uma linha de alimentação principal de 100 mm de diâmetro, da qual derivam 18 linhas secundárias de 75 mm, sendo 9 de cada lado (FIGURA 7). A eficiência desse sistema de irrigação é relativamente alta, entre 60 e 85% de eficiência, principalmente devido à vantagem de aplicação controlada de água (KELLER & BLIESNER, 1990). 3.2.6.2. Detalhamento do sistema Aspersores Serão usados microaspersores fixos do tipo sólido, onde a água é distribuída uniformemente nos 360°, ficando a 3,0 metros de altura em relação ao piso (FIGURA 8). Os mesmos serão da marca Amanco, que possuem pressão 15 mca, vazão de 31 litros/hora e diâmetro molhado (θ) de 1,5 m. Com base no diâmetro molhado indicado pelo fabricante (1,5 m), a distância entre os aspersores para que ocorra uma sobreposição de 30% é de 1,05 m. Sendo assim, serão utilizados 20 aspersores em cada linha secundária (linha secundária=10 m), sabendo-se que são 14 linhas secundárias, totalizam 280 aspersores. 21 FIGURA 7 – Croqui do sistema de irrigação. FIGURA 8 – Croqui detalhado da irrigação. 22 Tempo de irrigação O tempo de irrigação é determinado conforme a necessidade de água, que é calculada a partir da lâmina bruta, resultando em 15,11 litros/m²/dia. Sendo assim, a irrigação será realizada em três turnos: às 07h00min, às 11h00min e às 19h00min. No primeiro turno serão irrigados 3,11 litros/m², no segundo 6 litros/m² e no último turno será irrigado o restante, 6 litros/m². Sabendo que a vazão do aspersor é 17,61 litros/hora/m², o tempo de irrigação no primeiro turno será de 10 minutos e 59 segundos, pois 17,61 litros seriam irrigados em 60 min., conseqüentemente 3,11 litros equivalem a 10 min e 59 segundos. O tempo de irrigação do segundo e terceiro turnos serão de 20 minutos e 44 segundos cada. O tempo total que os aspersores ficarão ligados é 31 minutos e 3 segundos por dia. Vazão por linha lateral e vazão total do sistema Sabendo-se que a vazão de cada aspersor é 17,61 litros/hora/m², equivalente a 0,01761 m³/hora, e serão 20 aspersores por linha lateral, a vazão será 0,3522 m³/hora. Como o sistema funcionará apenas 31 minutos e 3 segundos por dia, a vazão por linha lateral correspondente é 0,1821 m³/hora. Tendo em vista que o viveiro possui 14 linhas laterais, a vazão total do sistema será 2,5494 m³/hora. 3.3. Área de aclimatação Antes do plantio, as mudas devem ser gradativamente expostas às condições mais próximas das encontradas no campo, de modo a sofrer um processo de aclimatação ou rustificação. Basicamente, são reduzidas as irrigações e as mudas ficam a pleno sol. 23 A área de rustificação terá a mesma área do viveiro, porém com uma estrutura relativamente mais simples (FIGURA 9) e apresentará as mesmas divisões (submódulos) de modo a comportar toda a produção do viveiro no período de aclimatação até a expedição das mudas. FIGURA 9 – Croqui da área de aclimatação. 24 3.4. Relação e custos dos materiais, equipamentos e serviços TABELA 3 – Orçamento da Estrutura do viveiro. Discriminação Esteio de 0,10m X 0,10m X 3m Ripa plainada de 4m Frechal de 4m Areia Seixo Arame liso ovalado de aço galvanizado 2,40 X 3mm, rolo com 1.000m Arame galvanizado 0,56mm, rolo com 125m Catraca para arame liso Grampo 1 X 9 para arame Grampo 1/8'' para cabo de aço Sombrite com 3m de largura, 50% luminosidade Tinta PVA branca Prego 3 X 9 Prego 1,5'' Prego 2,5'' Outros materiais* Sub Total Uni. Unid. Dz Unid. m³ m³ Rolo Rolo Unid. Kg Unid. Metro linear Latão 18 L Kg Kg Kg Quant. 65 8 70 30 6 1 3 16 2 60 300 2 3 3 3 Valor (R$) 1.872,00 422,40 910,00 990,00 480,00 253,00 27,00 48,00 9,20 30,00 3.600,00 97,00 12,60 14,19 13,20 750,00 9.528,59 TABELA 4 – Orçamento do material do viveiro. Discriminação Bandejas Tubetes Peneira vibratória Carro de mão Betoneira Substrato Outros materiais* Uni. Unid. Cen. Unid. Unid. Unid. m³ Sub Total Quant. 600 580.000 1 4 1 26,91 Valor (R$) 12.000,00 19.720,00 600,00 320,00 780,00 3.459,6 850,00 37.729,6 25 TABELA 5 – Orçamento do Sistema de irrigação. Discriminação Microaspersores Adesivo plástico tubo com 75g Fita veda rosca rolo 25m Tubo PVC marrom soldável 100mm X 6m Tubo PVC marrom soldável 75mm X 6m Curva PVC marrom soldável 75mm Cruzeta PVC marrom soldável 75mm Tê PVC marrom soldável 100mm Tê PVC marrom soldável 75mm Registro PVC marrom roscável 100mm Registro PVC marrom soldável 75mm Adaptador PVC marrom SR 100mm X 1,5'' Adaptador PVC marrom SR 75mm Bolsa redução PVC marrom soldável 100 X 75mm Luva PVC roscável 0,5'' Caixa de água Cap PVC marrom soldável 75mm Sub Total Uni. Unid. Tubo Rolo Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Quant. 360 5 4 6 36 2 8 1 180 1 18 2 108 18 108 2 18 Valor (R$) 1.728,00 9,95 9,76 265,66 1.152,20 14,00 88,00 5,00 120,40 29,00 154,80 4,60 37,80 72,00 64,80 2.900,00 10,00 6.665,97 TABELA 6 – Orçamento dos Equipamentos. Discriminação Bomba d'água centrífuga (20 CV)* Uni. Unid. Quant. 1 Valor (R$) 3.865,00 TABELA 7 – Orçamento da Área de aclimatação. Discriminação Areia Seixo Outros materiais* Uni. m³ m³ Quant. 30 6 Sub Total TABELA 8 – Orçamento da Mão-de-obra. Quantidade 120 h/dia Uni. 25 Valor (R$) 3.000,00 TABELA 9 – Orçamento total. Descrição Estrutura do viveiro Material do viveiro Sistema de irrigação Equipamentos Área de aclimatação Mão de obra Total Valor (R$) 9.528,59 37.729,60 6.665,97 3.865,00 2.220,00 3.000,00 63.009,16 Valor (R$) 990,00 480,00 750,00 2.220,00 26 3.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A garantia de sucesso de um viveiro florestal depende do bom planejamento de todas as atividades envolvidas no processo de produção de mudas, uma boa administração e uma estrutura adequada de modo a suprir as necessidades básicas de um viveiro. O conjunto de todos esses fatores permite assegurar uma produção de mudas de alta qualidade, sendo que, por exemplo, o sucesso de projetos de recuperação de áreas degradadas e outros projetos que envolvam o plantio de espécies nativas vão depender exclusivamente da qualidade destas mudas. 4. AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO A realização do estágio permitiu por em prática o conhecimento adquirido em inúmeras disciplinas cursadas, desde Metodologia Científica, que proporcionou a base necessária para elaboração de projetos até Hidráulica, que trata de conceitos de hidrostática e hidrodinâmica. O estágio ainda permitiu um contato mais próximo com o setor público, onde foi possível verificar as dificuldades enfrentadas com relação à disponibilidade de recursos financeiros, principalmente quando tratamos de investimentos na área ambiental. Caso este projeto seja realmente implantado pela Prefeitura Municipal de Santa Margarida do Sul, os demais estudantes do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) - Campus São Gabriel, terão a possibilidade de realizar estágios obrigatórios e não obrigatórios em um viveiro florestal, acompanhando toda a cadeia produtiva da produção de mudas, desde a seleção de árvores matrizes para coleta de sementes até mesmo o processo de aclimatação de mudas para plantio. Com relação as recomendações à UNIPAMPA, seria interessante que a mesma disponibilizasse possibilidades de estágios em todos os ramos do Setor Florestal, permitindo 27 dessa forma, que os acadêmicos realizem seu estágio obrigatório na área de maior interesse para desenvolver e que gostariam de atuar profissionalmente. No que diz respeito a função do professor orientador, o mesmo desempenhou todas as funções exigidas, sanando as dúvidas criadas no decorrer do estágio e auxiliando nas questões de deslocamento através de carros da universidade até o local e reserva de equipamentos para realizar determinadas atividades necessárias durante o desenvolvimento do projeto. 28 4.1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Censo Demográfico 2010. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/resultados_do_censo2010.php>. Acesso em 20 de setembro de 2011, 15:05:11. GONÇALVES, J. L. M. et al. Produção de mudas de espécies nativas: substrato, nutrição, sombreamento e fertilização. In: GONÇALVES, J. L. M.; BENEDETTI, V. Nutrição e Fertilização Florestal. Piracicaba: IPEF, 2005. 427 p. GOES, A. C. P. Viveiro de mudas: construção, custos e legalização. Embrapa, Documentos 64. Macapá: Embrapa Amapá, 2006. 32 p. GOOGLE MAPS. Disponível em: <http://maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR&tab=wl>. Acessado em: 20 jul. 2011. KELLER, J.; BLIESNER, R. D. Sprinkle and trickle irrigation. New York: van Nostrand Reinhold, 1990. 652p. MACEDO, A. C. Produção de Mudas em viveiros florestais: espécies nativas. Governo do Estado de São Paulo. Secretaria do Meio Ambiente. São Paulo: Fundação Florestal, 1993. NOGUEIRA, A.C.; MEDEIROS, A. C. S. Coleta de Sementes Florestais Nativas. Circular Técnica 144. Colombo, PR, 2007. STRECK, E. V. et al. Solos do Rio Grande do Sul. 2.ed. Porto Alegre: EMATER/RS, 2008. 222 p. 29 VILELLA, A. L. A.; VALARINI, G. A. Manual Informativo para Produção de Mudas em Viveiros Florestais. Americana, 2009. 34p. 30 5. APÊNDICES 5.1. Apêndice 1 – Planta baixa da área de aclimatação, Planta baixa do viveiro florestal, Corte transversal do viveiro florestal. 31 5.2. Apêndice 2 – Planta baixa do aramado do viveiro florestal, planta baixa do sistema de irrigação, Detalhe da linha secundária de irrigação.