PB ESCALAPB COR ESCALACOR Produto: ESTADO - SP - 1 - 26/05/09 CYANMAGENTAAMARELOPRETO C1 - %HermesFileInfo:C-1:20090526: TERÇA-FEIRA C O ESTADO DE S. PAULO 26 DE MAIO DE 2009 METRÓPOLE ANTONIO MILENA/AE PAULO LIEBERT/AE FILIPE ARAUJO/AE Clima Rios transbordam e parecem um único no Amazonas Violência Assaltantes em fuga fazem 8 reféns em ônibus em SP Ambiente Começa trabalho de recuperação do lago da Aclimação q PÁG. C4 q PÁG. C5 q PÁG. C6 LIXO 1em cada5 aterros de SP éirregular Cetesb ainda aponta 42 lugares que funcionam sem condições mínimas; governo ameaça fechá-los até dezembro MAURICIO DE SOUZA/AE Eduardo Reina Um em cada cinco aterros sanitários no Estado de São Paulo não tem licença de operação da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb). São 123 lugares utilizados por cidades que constam do Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares 2009, que será divulgado hoje. A maior parte dos sem licença, 96, é considerada como adequada ou controlada, conforme o Índice de Qualidade de Resíduos (IQR). Na lista estão Santo André, com nota 8,9; Mauá, que atende outras cidades do ABC, e tem nota 9,4; e até uma estação de transbordo na capital, que obteve nota 8,9. Outros 27 aterros da lista dos sem-licença são inadequados. O estudo mostra que, neste mês, 42 lugares ainda funcionam sem as mínimas condições ambientais. De acordo com Aruntho Savastano Neto, gerente do projeto Lixo Mínimo da Cetesb, a falta de licença de operação nãoinfluenciana pontuação inadequada do IQR. “Mas se encontra em desenvolvimento um novo índice que avaliará e pontuará a gestão dosresíduosnomunicípioecontemplará, entre outros aspectos, o licenciamento.” Por outro lado, a Cetesb defende que a inexistência de licença de operação acarreta outrasaçõesdecontrole,comoautuaçõesmunicipaiseestabelecimento de termos de ajustamento de conduta (TACs), na Justiça – “que, em alguns casos, amparam,temporariamente,ofuncionamento”, afirma o gerente. De acordo com o secretário estadual do Meio Ambiente, FranciscoGraziano,asprefeituras dessas 42 cidades que utilizam lixões inadequados têm prazode sete meses,atédezembro, para regularizar a situação. “Se isso não acontecer, vamos fechar esses locais”, diz. Em 2008, nove lixões foram fechados: Araras, Embu-Guaçu, Itanhaém, Itapecerica da Serra, Itapeva, Itapuí, Mairinque, Mongaguá e Monte Alto. Um dos piores casos é o de Presidente Prudente, que recebe diariamente 121,1 toneladas de lixo e fica a 6 km do centro. Há até quem cate comida no lixão. As notas quase mínimas se repetem desde 1997. Naquele ano, o lixão recebeu nota 2,0. E 12 anos depois não apresentou nenhumamelhora,baixandopara 1,7 de IQR. “Se o local for interditado, não há outro para despejo num raio de 300 km”, disse Graziano. A prefeitura de Prudente, de forma recorrente, promete acabar com o lixão e chegou a assinar um TAC para a desativação, em janeiro. Também é delicada a situação de Santana de Parnaíba, Existempelo menos80 áreas dedespejo clandestino PIOR DE TODOS – Ilha Comprida está em área de proteção, o que dificulta o descarte de resíduos; prefeito sugere aterro conjunto com Iguape AVALIAÇÃO Cetesb poderá fechar terrenos inadequados até dezembro OS MELHORES ATERROS ATERROS INADEQUADOS ATERROS INADEQUADOS E SEM LICENÇA PAULO DE FARIA MS MG JARDINÓPOLIS SP PAULICEIA SALMOURÃO PACAEMBU BARRINHA LINS POMPÉIA CRAVINHOS GUATAPARÁ PRACINHA PRESIDENTE PRUDENTE BRODOWSKI GUARANTÃ BARIRI ESTRELA D´OESTE ITOBI VARGEM GRANDE DO SUL AREALVA BORACEIA JAÚ ESTIVA GERBI BARRA BONITA SILVEIRAS BAURU CACHOEIRA PAULISTA CRUZEIRO RJ BANANAL TREMEMBÉ MANDURI CERQUEIRA CESAR ITAÍ PR TAQUARUTUBA RIVERSUL ITARARÉ N 0 90 ELIAS FAUSTO ANGATUBA APARECIDA TAUBATÉ PARANAPANEMA SARAPUÍ TAQUARIVAÍ SANTANA DO PARNAÍBA JUQUITIBA ITAPEVA OCEANO ATLÂNTICO IGUAPE ILHA COMPRIDA CANANÉIA EM KM INFOGRÁFICO/AE Para peritos, o uso desses locais está defasado A rápida diminuição do número de cidades com aterros inadequados é questionada por Elisabeth Grimberg, coordenadora do Instituto Pólis e do Fórum Lixo e Cidadania de São Paulo. “É preciso verificar a qualidade dessa infraestrutura adotada para monitorar os aterros.” E, segundo ela, já passou da hora de se instalar ●● ● outra lógica para destinação dos resíduos domiciliares, com participação das indústrias, aterros consorciados e criação de centros de coleta seletiva. O professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) de Bauru Jorge Hamada concorda. “Hoje, 80% a 90% dos resíduos vão para aterros. Seria importante jogar ali cada vez menos coisas.” O secretário Graziano afirma que, em novembro de 2008, 446 cidades estavam desenvolvendo ações de coleta seletiva. Ele ressaltou ainda que são feitas duas fiscalizações anuais dos aterros. ● Ilha Comprida quer aterro partilhado Cidade em Área de Proteção Ambiental teve pior classificação da Cetesb Ilha Comprida, localizada no Vale do Ribeira, obteve a pior classificação do Estado no inventário 2008 de resíduos sólidos elaborado pela Cetesb. A nota, 1,6, não surpreendeu a administração municipal, que se vê impossibilitada de criar um aterro sendo o município Área de Proteção Ambiental (APA) do Estado. “O lixão fica na região cen7 8 9 10 11 12 tral e traz um monte de inconvenientes para a cidade”, diz o prefeito Décio José Ventura (PSDB). Segundo ele, a única solução para o lixo seria um aterro conjunto com a vizinha Iguape. Em 2000, foi criada uma empresa bimunicipal com o objetivo de viabilizar o aterro. O projeto não saiu do papel. “O projeto ficou parado uns anos porque Iguape acabou re- solvendo o problema, mas como o aterro está começando a dar problema (nota 5 pela Cetesb), voltamos a discutir uma solução conjunta”, disse o prefeito. Na semana passada, foi assinado contrato com a empresa que realizará o estudo geológico em uma área de 20 hectares selecionada para a construção do aterro conjunto. Enquanto isso, o lixo produ- zido pela população de 8 mil habitantes, que no verão sobe para 120 mil pessoas, é jogado ao longo de uma estrada, sob a areia da mata atlântica. APARECIDA A 171 quilômetros de São Paulo, Aparecida recebe em média 120 mil romeiros todo fim de semana para visitar a Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Es- que recebe diariamente 55,4 toneladas de lixo numa área de25mil m². A nota caiu para 5,2.“Aprefeitura sofreuuma ação pública da Cetesb. Vamos fazer taludes na montanha de lixo. Já instalamos tanque para conter o chorume (líquido que vaza do lixo) e também dutos para queimar o gás metano”, explica o secretário de Serviços Municipais, José Carlos Gianini. Do outro lado da lista está acidade de Angatuba, quehá três anos recebe nota 10. O município opera um aterro em vala com todos os cuidados necessários. Tais operações deram à administração financiamentos para a compra de caminhão coletor e de equipamentos para montar uma unidade de triagem de resíduos domiciliares. O inventário dos aterros mostratambémque334cidadeslevamdetritosdomiciliares para aterros considerados adequados, o que corresponde a 51,8% do total. Esse número era de 307 em 2007. Enquanto isso, os aterros queestãonafaixamédia,considerados controlados, mas que podem se reverter em lixões poluentes, são hoje 269, ante 201 de 2007. Os 42 aterros inadequados atendem 1,82 milhão de pessoas, que produzem aproximadamente mil toneladas de lixo por dia – e acabam poluindo solo, lençol freático e mananciais paulistas. Todo o Estado produz diariamente 27.629 toneladas de lixo doméstico. ● se movimento resulta em quase metade do lixo coletado pelo município, que por mês chega a cerca de 1,5 mil toneladas. A contrapartida oferecida pela direção da Basílica é a cessão do aterro, numa área de 10 mil m² na Fazenda São José, no bairro Perpétuo Socorro, de propriedade da administração do santuário. Segundo a secretária de Meio Ambiente de Aparecida, Gisele Gonçalves, no ano passado o aterro foi classificado como “controlado” pela Cetesb. A vida útil do local segue até 2014, graças a um acordo feito com a Secretaria de Meio Am- Enquantoogovernopaulistacomemora a diminuição dos aterros considerados inadequados, proliferam por outro lado os espaços clandestinos que recebem lixo e entulho. Segundo levantamento da Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) sobre áreas contaminadas do Estado,existem80aterrosderesíduos domésticos e de material sólido industrial que poluem o solo–osnúmerossãodenovembrode 2008.Dessas áreas“piratas”, 21 ficam na capital, 14 na Região Metropolitana, 28 no interior e 17 no litoral. Um exemplo de aterro clandestino foi detectado e interditado pela prefeitura de Cotia (região metropolitana) numa áreanobreda GranjaViana. Para despejar pagavam-se R$ 70 por caminhão, segundo denúnciasdos moradores, eatélixo de centros médicos era descartado. “Fizemos uma vistoria e não encontramos material hospitalar.Mas paralisamos asatividades porque não havia autorização da Cetesb”, diz o secretário de Habitação e Urbanismo, José Lopes Filho. O proprietário cobriu parte da área com terra após as denúncias. Sérgio Barquet reconhece que foram encontradas seringas no local, mas alega que teriam sido jogadas por um vizinho. Ele nega que o local tenha recebido lixo. “Esse terreno está na minha família há cem anos. Eu não seria louco de contaminar a área que será dos meus filhos.” Desde janeiro, na cidade de RibeirãoPires,funcionaumterreno de descarte de forma irregular e sem licença de operação. O local recebe caminhões cheios de lixo e entulho. O aterro está instalado em área de mais de 20 hectares na Vila Gomes, uma área de proteção permanente (APP), vizinha à Represa Billings. A prefeitura assume que a licença venceu no início do ano. “A Cetesb apresentou um relatório com as exigências técnicas para a renovação e temos 30 dias para cumpri-las”, afirma em nota oficial. Os lixões clandestinos, explicaAruntho Savastano Neto,gerente do projeto Lixo Mínimo da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, são investigados na rotina diária de atividades das equipes da Cetesb – ou quando são recebidas denúncias sobre esses locais. ● RENATO MACHADO e EDUARDO REINA biente do Estado, já que no local não há escoamento de água nem captação de chorume. “Já sofremos multas e temos até o fim do ano para resolver o problema”, diz a secretária. Além de Aparecida, outra cidadeque sofre com ofluxo sazonalé Campos do Jordão,na Serra da Mantiqueira. Desde 1996, a cidade leva o lixo para um aterro em Santa Isabel. A média de lixo é de 40 toneladas/ dia, mas chega a 78 toneladas/ dia na alta temporada, entre junho e julho. Atualmente, só funciona o aterro de inertes (entulho e terra). ● REJANE LIMA E HÉLCIO CONSOLINO, ESPECIAL PARA O ESTADO