IV SãoPaulo, Paulo,123 123(96) (96) II ––São Diário Oficial Poder Executivo - Seção I quinta-feira, 23 de maio de 2013 P esquisadores do Instituto do Coração (Incor) desenvolvem vacina inédita na América Latina para prevenir a febre reumática – doença autoimune causada pela bactéria Streptococcus pyogenes. Após 20 anos de estudos e resultados promissores em camundongos e pequenos porcos, a expectativa é que os testes clínicos em seres humanos comecem a partir de 2014. Trabalhos de pesquisadores brasileiros abrem caminho para a criação de uma vacina contra a doença, comum em populações de baixa renda A bactéria circula por toda a população mundial e se desenvolve em ambientes com deficiências de saneamento básico. É comum em países em desenvolvimento como Brasil, Índia, regiões da África e em comunidades aborígenes da Austrália. Apenas de 3% a 5% das pessoas têm fatores genéticos e são suscetíveis à doença depois da infecção bacteriana que causa dor de garganta em crianças, jovens e adolescentes. Na sequência, o paciente queixa-se de problema nas articulações dos braços, cotovelos, punhos, pernas e joelhos. Casos mais graves desenvolvem doença reumática cardíaca com comprometimento e lesão das válvulas do coração. “O problema de saúde é comum em locais de difícil acesso médico e de baixa renda, como em algumas regiões do Nordeste e Sudeste brasileiro, entre elas interior de Minas Gerais e da Bahia. “Em geral, o paciente precisa realizar diversas cirurgias cardíacas, pois a lesão das válvulas é progressiva e permanente”, informa a farmacêutica Luiza Guilherme, coordenadora do projeto da vacina contra febre reumática. Alto custo – Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) indicam FERNANDES DIAS PEREIRA Vacina contra a febre reumática Luiza Guilherme: “Será uma das poucas vacinas criadas totalmente no País” que o Brasil registra 5 mil novos casos da doença por ano. O Incor recebe, em média, 600 pacientes por mês para tratamento clínico e outros 2 mil aguardam para realizar cirurgia cardíaca. Quase 40% dos atendidos têm entre 5 e 18 anos de idade. Nos últimos dez anos, 63% dos pacientes assistidos na Liga de Febre Reumática do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade São Paulo (FMUSP) apresentaram comprometimento cardíaco. O custo da assistência é quase tão elevado quanto o da Aids. A pesquisadora informa que, em 2007, o SUS investiu R$ 30 milhões no tratamento clínico da febre reumática e outros R$ 60 milhões nas cirurgias cardíacas. “Sem tratamento médico apropriado, o problema leva o paciente à morte. Por ser cardiopata, quem sobrevive tem a qualidade de vida comprometida”, enfatiza a coordenadora. Para mudar esse quadro, há mais de dez anos pesquisadores do Incor estudam uma proteína da bactéria Streptococcus pyogenes e identificaram seu segmento causador das reações que geram a doença: “No Laboratório de Imunologia do Incor, também analisamos a região da bactéria que não desencadeia a febre reumática e que tem potencial preventivo. Identificamos os componentes da vacina, testamos em camundongos sadios e em pequenos porcos (até 25 quilos), com características semelhantes às das crianças”. Recursos do BNDES – Após a aplicação da vacina, esses animais foram observados durante um ano quanto à capacidade de produção de anticorpos para se protegerem da doença. “Avaliamos a segurança da vacina e concluímos que não houve nenhuma reação indicativa de manifestação dos sintomas da febre reumática. Ou seja, o antídoto induz ótima resposta protetora e impede qualquer tipo de lesão”, explica a pesquisadora, que também é professora livre-docente de imunologia e imunopatologia da USP. Durante mais de uma década, participaram dos estudos pós-graduados em imunologia com formação em Biologia, Farmácia, Biomedicina e Medicina. Os trabalhos têm apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e Instituto de Investigação em Imunologia – Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (iii-INCT). Luiza também é pesquisadora do iii-INCT, cuja meta é desenvolver e testar projetos clínicos em imunologia, beneficiar a sociedade e dar visibilidade mundial aos trabalhos brasileiros. “Agora, nosso principal desafio é testar a eficácia da vacina em humanos”, ressalta. Essa etapa do projeto está submetida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e depende da liberação de cerca de R$ 5 milhões. Parceria do Butantan – A expectativa da coordenadora Luiza é que os testes em humanos comecem no início de 2014 e durem no mínimo cinco anos: “Primeiro vamos avaliar voluntários sadios da capital paulista. Verificaremos a capacidade da vacina de induzir resposta imunológica segura. No futuro, poderemos testá-la em regiões endêmicas do Brasil”. Ela acredita que a validação do antídoto possibilitará a imunização e tratamento de pessoas de regiões com difícil acesso aos sistemas de saúde e abrirá possibilidades de alta prevenção no Brasil e no mundo. “Será uma das poucas vacinas criadas totalmente no País”, garante. Estudiosos da Austrália e Estados Unidos desenvolvem outras formulações da vacina. A versão americana está sendo testada na África. O Instituto Butantan formulará e distribuirá a vacina a ser testada. Futuramente, fará a produção em escala industrial. O médico Jorge Kalil, diretor do Butantan e coordenador do iii-INCT, também aposta na eficácia da vacina, da qual é um dos inventores. Pesquisa de ponta – Cláudio Arnaldo Len, presidente da Comissão de Pediatria da Sociedade Brasileira de Reumatologia, que acompanha os estudos do Incor há anos, torce para que a vacina seja desenvolvida, pois a febre reumática ainda é um grave problema de saúde pública: “O trabalho destes pesquisadores é muito sério e de ponta”. Mas lembra que ainda será necessário esperar os resultados quando a vacina for testada em humanos, para comprovar se é eficaz e segura. Segundo ele, a iniciativa é importante, pois abre caminho para o controle de uma das principais causas de cardiopatia adquirida na infância: “O tratamento com injeções de penicilina benzatina nem sempre é capaz de prevenir a doença. Além disso, é desconfortável, prolongado e, às vezes, dura a vida toda dos pacientes. Outro ponto alto do estudo é mostrar que temos condições de desenvolver pesquisa de primeira linha no País, com interfaces básica e clínica, e auxílio de fontes financiadoras de peso, como a Fapesp”. Viviane Gomes Da Agência Imprensa Oficial PPP para ampliar a produção de remédios A Fundação para o Remédio Popular (Furp) lançou edital de concorrência internacional de Parceria Público-Privada (PPP) para sua fábrica no município de Américo Brasiliense, região de Araraquara. A contratação da PPP se dará na modalidade de concessão administrativa, pelo prazo de 15 anos, com investimentos privados nos cinco primeiros anos. Com o novo parceiro, a fábrica será mais competitiva, atingindo sua plena operação e com registro de novos medicamentos. A estimativa é que sejam fabricados anualmente 1,26 bilhão de produtos e 96 novos medicamentos. O contrato da PPP deverá ser assinado ainda este ano. E a expectativa é que a fábrica esteja funcionando sob essa nova modalidade no prazo máximo de dois anos a contar da data da assinatura. A outra unidade da Furp, em Guarulhos, Região Metropolitana da capital, assinou três novas parcerias com laboratórios privados para transferência de tecnologia para produção de medicamentos para o mal de Alzheimer e dois produtos médicos. O primeiro utilizado no tratamento de acidente vascular cerebral (AVC) e, o outro, para deficiência auditiva. Américo Brasiliense vai se dedicar a remédios genéricos e Guarulhos a produtos de tecnologia e valor agregado. Guarulhos pretende triplicar o faturamento com novas Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDP) de medicamento. No ano que vem, a intenção é faturar perto de R$ 400 milhões em medicamentos e mais R$ 126 milhões nos produtos para a saúde, no caso aparelhos para deficientes auditivos. Da Agência Imprensa Oficial e Portal do Governo do Estado Aeroporto de Campinas melhora sua estrutura O Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp) entregou as obras de ampliação dos sistemas de pistas e pátios do Aeroporto Campos dos Amarais, em Campinas. As intervenções, iniciadas em agosto do ano passado, receberam investimento de R$ 7,7 milhões com recursos do Tesouro estadual. O aeroporto ganhou aumento de quase meio quilômetro de pista, para poso de aviões maiores, iluminação e quase foi triplicado o pátio de aeronaves. Agora, será possível aumentar hangares, gerar mais empregos e incentivar a movimentação na economia regional. O pacote de melhorias contemplou a ampliação da pista de pouso, que passou de 1.200 m x 30 m para 1.650 m x 30 m, expansão do pátio de aeronaves de 4.480 m² para 10.160 m² e alargamento das pistas de rolamento de 10 m para 16 m. Também foram executadas a ampliação da pista de pouso em 450 m (300 m na cabeceira 34 e 150 m na cabeceira 16) e da via de acesso aos hangares. Os recursos incluíram ainda a revitalização da iluminação do pátio e balizamento noturno, construção das vias de serviço para veículos e pista de rolamento e infraestrutura para novos hangares. As obras aumentarão a capacidade operacional do aeroporto. As ampliações das pistas objetivam melhorar as etapas de voos e desempenho dos jatos executivos, proporcionando maior autonomia de voo. Já as melhorias dos pátios duplicarão a capacidade para estacionamento das aeronaves e irá facilitar as manobras e permitirão, ainda, a conces- são de novas áreas para hangares no aeródromo. O Aeroporto Campo dos Amarais é o terceiro em movimentação de passageiros na rede do Daesp, entre os que operam com aviação geral (executiva, táxi-aéreo). Em 2012, movimentou 28.194 usuários e 33.501 pousos e decolagens. No primeiro trimestre de 2013, recebeu 9.310 passageiros e 7.940 pousos/decolagens. Da Agência Imprensa Oficial e Assessoria de Imprensa da Secretaria de Logística e Transportes A IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO SA garante a autenticidade deste documento quando visualizado diretamente no portal www.imprensaoficial.com.br quinta-feira, 23 de maio de 2013 às 03:56:05.