S EGURANÇA
DO
PACIENTE:
CONHECENDO OS RISCOS NAS ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE
Anexo E – Uso único para os
dispositivos de injeção
Barbara Ventura Fontes e Sandra Regina Ferreira Vasconcelos
A propagação do vírus do HIV, da hepatite B e C em razão do reúso de
dispositivos de injeção é uma grande preocupação mundial que afeta
tanto países desenvolvidos como aqueles em desenvolvimento.
Quatro grandes surtos de hepatite investigados pelo Centro de Controle
e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos da América (EUA) entre
2000 e 2002 evidenciaram que a ocorrência dessas infecções decorreu de injeção de medicamentos de forma insegura, principalmente da
reutilização de seringas, agulhas e da contaminação de frascos de medicamentos de doses múltiplas (WHO 2007).
Estudos da Organização Mundial da Saúde (WHO 2007) mostram que,
no ano 2000, em países em desenvolvimento, o reúso de dispositivos
de injeção foi responsável por aproximadamente 22 milhões de novos
casos de hepatite B, 2 milhões de casos novos de hepatite C e 5% do
total de infecção por HIV. Segundo a OMS (WHO 2007), estima-se que
o uso inseguro de dispositivos ocorra mais frequentemente em países
ao sul da Ásia, no mediterrâneo oriental e em regiões do pacífico ocidental, chegando a 88% de todos os procedimentos que utilizam materiais reutilizados e equipamentos não esterilizados.
Em países em desenvolvimento, uma pessoa recebe em média 1,5
injeções por ano, e a proporção de injeções administradas de forma
insegura é superior a 50% (Gisselquist et al., 2002).
Outro tipo de ocorrência está relacionado à reutilização de seringas e
agulhas por diabéticos insulinodependentes. Os gastos envolvidos nesse
tratamento podem alcançar até 70% da renda mensal de pessoas diabéticas; desse modo, a reutilização dos artigos injetáveis descartáveis é
uma forma de economizar recursos (Araujo et al. 2009).
As seringas e agulhas hipodérmicas estéreis de uso único são classificadas como produtos médicos e devem assim obedecer à regulamentação aplicável aos órgãos regulamentadores. São comumente
chamados descartáveis, porém a expressão “de uso único” é a recomendada para enfatizar que a reutilização desse tipo de produto é proibida.
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Anexos
Por serem usados no corpo humano de forma invasiva (penetra em um
ou mais tecidos do corpo), eles podem apresentar riscos associados ao
uso, devendo ser garantida sua esterilidade antes e durante o uso, bem
como outras características definidas na regulamentação aplicável e nas
normas técnicas pertinentes.
Ações sugeridas pela OMS:
K Promover o uso único dos dispositivos de injeção.
K Treinar os profissionais periodicamente em boas práticas em
saúde, principalmente em atualizações sobre prevenção e controle
de infecções, práticas seguras dos procedimentos injetáveis e
gerenciamento/gestão dos resíduos perfurocortantes.
K Priorizar o tratamento com medicamentos não injetáveis. Por
vezes, o profissional de saúde opta por iniciar um medicamento
por via injetável, por acreditar que o paciente não vai completar o
tratamento se for por via oral. É necessário que essa decisão seja
tomada em conjunto com o paciente, incluindo-o nas decisões
relativas ao seu cuidado.
K Informar pacientes e familiares quanto às vantagens da utilização de
medicamentos não injetáveis, tendo em vista que alguns pacientes e
familiares acreditam que medicamentos injetáveis são mais efetivos.
K Informar pacientes e familiares que o instrumental injetável é via de
transmissão de patógenos pelo sangue.
K Identificar e implementar uma gestão segura dos resíduos que
atendam às necessidades das organizações de cuidados de saúde e da
comunidade em seu entorno.
Referências
Araújo MFM, Caetano J, Damasceno MMC, Gonçalves TC. Reutilização de agulhas e seringas
descartáveis por um grupo de diabéticos. Cien Saude Colet. 2009 Jan/Mar;8(1):93-100.
Gisselquist D, et al. HIV infections in sub-Saharan Africa not explained by sexual or vertical
transmission. Int J STD AIDS. 2002;13(10):657-66.
Grossi SAA. Tratamento insulinoterápico da pessoa com diabetes mellitus. In: Duarte YAO, Diogo MJD.
Atendimento domiciliar: um enfoque gerontológico. São Paulo: Atheneu; 2000. cap. 24.2, p.336-47.
World Health Organization. Single use of injection devices, Patient safety solutions, volume 1,
solution 8. Geneve: WHO; 2007 May.
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Anexo E – Uso único para os dispositivos de injeção