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jornal da
u4 tirania nâo
tem rótulos
E o que di\ Claude Roy
em resposta
ao norte-americano
Noam Chomsky
Página 4
Artigo de fundQ
O esquecimento
do essencial
RAYMUNDO FAORO
partidos estão dissolvidos e já cantaram a valsa
da despedida, no encerramento da sessão do ConOs
gresso, sem lágrimas e talvez com íntimo alvoroço. Há muitas
misteriosas aleluias na alma dos moribundos, forrados de almas de giadiadores, saudando, diante da morte,
a presença de César. Não por acaso,
senão por uma vocação imperial subterrânea, o nome Arena freqüentou
a cena política durante treze anos.
Ao tempo que os partidos morrem,
os partidos nascem. O rei é morto,
viva o rei! Todas as reminiscências e
alusões ficam dentro da nobre atmosfera da corte, longe da gente sem maneiras e de maus alfaiates, tudo como
convém aos apêndices estatais que
somem e que surgem. A sociedade civil, cuja existência a filosofia palaciana nega, que cresça e apareça. Por
enquanto, em nome dessa ficção, teimam alguns sonhadores, em outro
tempo chamados de nefelibatas, em
crescer e aparecer, uns por haverem
perdido o salto por cima, outros por
amor à autenticidade. O fato é que as
novas agremiações estão aí, já nos
ensaios definitivos para o desfile próximo. A prova de que vivem e que já
se desentendem e caminham para o
debate áspero: a injúria pesada, a
afronta dura e a troca de rombudas
farpas.
Dentro em pouco, algum cartório
expedirá as necessárias certidões do
registro de nascimento. O que resta é
indagar para que tanta atividade, se
para, outra vez, povoar a corte, ou
para a disputa do poder. Os partidos
existem em função das eleições. As
eleições não são outra coisa, há longos anos, do que demonstrações inconseqüentes de aplauso ou de desagrado: Por meio delas não se tem
chegado, salvo na dependente e submissa área municipal, ao governo, ao
centro das decisões. Temos partidos
e temos eleições e não sabemos o que
fazer com uns e outras. Foi onde chegamos com a requintada, fina e astuta reforma partidária, que consumiu as horas preciosas dos magos
ministeriais e mobilizou todo nosso
fértil jardim de raposas. A utilidade
de tantas fadigas e desse jogo de esquemas ficou para mais tarde, para o
reino das hipóteses, que ora apontam, ora desmentem as eleições diretas. Se a monarquia é hereditária e
hereditárias as capitanias,'por que
tanto trabalho perdido?
a u fc£ h N A Ç A fc*>
0 discurso
do presidente
Abandonada a euforia,
reconhecem-se
os fatos em sua
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1979
SAO PAULO, SÁBADO 8 DE DEZEMBRO DE 1979
SÃO
N» 89 ANO I CrS 10.00
realidade
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Página 4
Dólar a 42
Eesteéapen
o começo do
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vestibulares:
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amanhã, Fuvest
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Página 12
Confirmado:
João Paulo II
visitará o
Brasil em 80
Página 11
O assassino
de Campinas,
traído por
duas injeções
Página 13
Desvalorhpção do cruyiro em 30%. Fim do depósito sobre importações. Fim do depósito sobre
viagens. Empréstimos externos congelados. Fim da 432, a caderneta das multinacionais. Incentivos
fiscais eliminados. Mais liberdade para procurar petróleo. Estas sâo as medidas anunciadas pelo
presidente Figueiredo, ontem à noite, num discurso em que expôs a estratégia para combater a crise
econômica. Os inimigos sâo a inflação e a dívida externa, e o objetivo é enfrentá-los sem provocar recessão.
"compreensão,
Figueiredo pediu
paciência e trabalho de todos nós".
Empresários
apoiam as
medidas,
sindicalistas
criticam
Os salários
poderão subir
mais de duas
vezes ao ano,
diz Macedo
No Open,
lucros de
20%. Na
Boba, cai o
movimento
FloriifeMÁntfbBltft
apressou
as decisões
do governo
Páginas 5, 6 e 7
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SÁBADO 8 DH DEZEMBRO DE 1979
gEPÜBLíCA
PÁGINA 2
POLÍTICA
AgendA
No ar, o novo Figueiredo
A falu do presidente da República ontem, revestiu-se de uma austeridade
ainda não experimentada pelo chefe do
governo, ao longo destes nove meses de
governo. A lua-de-mel com o povo, que
resultou na tentativa do populismo, terminou em Florianópolis. As pressões da
crise econômica, tanto interna quanto
externa, empurraram o governo no sentido de assumir uma nova postura, buscando mais coerência com a conjuntura
de dificuldades enfrentada pelo pais.T
Pela primeira vez, o presidente João
Figueiredo foi à televisão falar aos brasileiros sobre crise e a respeito de problemas incômodos como inflação e programa energético alternativo. A decisão
do presidente da República de assumir
por inteiro o ônus da complexa situação
econômica indica que terminou não só a
fase dos apertos de mão e cafezinhos em
bares das capitais brasileiras, mas, sobretudo, que se modificou, na essência, o
estilo de governar.
O presidente Figueiredo até aqui rejeitara o estilo consagrado pelo expresidente Ernesto Geisel. Deixara o Palácio para ir ao encontro das manifestações populares - preparadas ou não pelo
seu dispositivo de comunicação - e se
pôs a contar piadas e a oferecer respostas curtas e incisivas aos repórteres que
o entrevistavam. Ao final destes nove meses de governo, contudo, seus assessores,
alarmados, perceberam que as dlficuldades aumentavam e que alguns dos responsáveis pelo mecanismo decisório governamental - empolgados pelo populismo presidencial - simplesmente relêgavam a plano secundário definições importantes em favor do culto de uma imagem favorável.
O novo estilo Figueiredo assemelha-se
ao do ex-presidente Emilio Mediei, que
delegou a condução da economia a Delfim Netto, da política a Leitão de Abreu
e da segurança ao general Orlando Geisei.
O atual presidente concentrou no
mesmo Delfim Netto, em Golbery do
Couto e Silva e Octávio Aguiar de Medeiros as linhas principais de ação governamental. E essa é a única semelhança
com o outro governo revolucionário.
Sua aparição nos vídeos de todo o pais,
ontem lembrou também os projetosimpacto do governo Mediei.
André Gustavo Stumpf
Camilion, de Brasília
para os EVA ou França
pondeu perante a 2». Auditoria. O juiz
abrirá vista dos autos à sua defesa, para
que em seguida a Auditoria profira outra
sentença.
Será em maio do próximo ano que o
embaixador da Argentina no Brasil, Oscar Camilion, deverá deixar seu posto.
Camilion já anunciou, há algumas semanas, sua intenção de deixar o cargo uma vez que, com a assinatura do tratado de Itaipu e a reaproximação entre
Brasil e Argentina, considera plenamente
cumprida sua missão. De Brasília, segundo se comenta no Palácio de San
Martin, sede da chancelaria argentina,
Camilion poderia ir para a embaixada
em Washington - justo prêmio^ para
quem nunca esteve com a cotação tão
alta nos quadros da diplomacia argentina. Há um problema, porém: também é
candidato à embaixada argentina nos
Estados Unidos um homem de toda a
confiança do ministro da Economia José
Alfredo Martinez de Hoz, o expresidente do Banco Central Christian
Zimmerman. Tudo depende, daqui até
';.março, da influência
que consiga manter
em Buenos Aires o controvertido Mar7tinz de Hoz - cuja linha não conta propriamente com a simpatia do embaixador em Brasília. Se Martinez de Hoz ganhar a parada, pode sobrar para Camilion a embaixada na França.
Leais à abertura, mas
duros se for preciso
Esperam-se remanejamentos na área
militar. É voz corrente em Brasília que
as mudanças atingirão, inclusive, oficiais
superiores do Exército. As alterações
previstas, em número de dezesseis, devem levar ao Estado- Maior das Forças
Armadas o general Ferraz da Rocha
para o Departamento de Engenharia e
Comunicações, o general Florimar Cam, pello, e para Belo Horizonte o general
Coelho Netto. Fala-se, também, na saída
do general Antônio Bandeira do comando do III Exército, no Rio Grande
do Sul. Todas as alterações, segundo os
analistas, estão dentro de um mesmo
espírito: colocar em postos-chaves oficiais leais à abertura, mas que possam
ser duros quando necessário.
Aragão recebeu o
"habeas"
do STM
Por oito votos a dois, o Superior Tribunal Militar concedeu, ontem, habeascorpus ao ex-vice almirante Cândido da
Costa Aragão, determinando ao juiz dá
2*. Auditoria da Marinha que o colocasse
em liberdade. Aragão estava recolhido
ao presídio de Caetano de Faria. O
habeas-corpus anula, a partir das alegações finais, o processo que o excomandante dos Fuzileiros Navais, res-
Passarinho reformista
cita até João Paulo II
O líder Jarbas Passarinho encaminhou ao ministro Petrônio Portella e ao
senador José Sarney um documento de
doze laudas, escrito a mão, com sugestoes para a doutrina do Partido Democrático. Depois de uma introdução situando o Brasil na conjuntura internacional, o líder passa a defender para o
novo partido uma posição "reformista",
distinta das outras três que existem no
e a
mundo: a conservadora, a socialista
"a convicomunista. Depois de defender
vencia" democrática e o respeito às minorias, Passarinho afirma que o Esta o
não deve fazer da Segurança Nacional
econômico,
uma ideologia. No campo
ele se diz contrário à "coletivização da
economia" e acha que a propriedade
privada dos bens de produção "só será legítima quando a serviço do bem comum".
Para reforçar seu ponto de vista, ele cita
o padre Lebret e o papa João PauloII.
Diminuiu a miopia no
Palácio do Planalto
Atentos observadores da cena política
oficial, depois de receberem o discurso
presidencial de ontem, anotaram o seguinte detalhe, precioso segundo os colecionadores da corte brasiliense: os olhos
do presidente Figueiredo são melhores
que os do seu antecessor. Pois as laudas
do discurso mostravam letras pequenas
e um espaço menor, entre as linhas. Geisei gastava mais papel, com letras bem
grandes e muito espaço entre os
parágrafos.
Há quem preferisse
uma retirada gradual
Brasília, sexta-feira, à tarde: ambiente
tenso predominava nas salas de imprensa e corredores dos ministérios da
área econômica. Todos buscavam maiores detalhes do discurso presidencial e da
extensão das medidas que seriam tomadas na área econômica. Aos poucos, elas
começaram a ser reveladas, recebendo
aplausos incondicionais dos tecnocratas.
Destoando um pouco, no Ministério da
Fazenda, o secretário-executivo do Concex, Paulo Vellinho, reagiu à retirada total dos incentivos fiscais e creditícios
para o setor exportador. Fazendo longos
arrazoados, Vellinho disse que era favorável a uma retirada apenas parcial desses incentivos.
MORANGOS PARA LAUDO
O garçom servia morangos com calda de caramelo, ontem, no almoço anual
da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, no Clube
'Paulistano.
Nâo adiantou o ex-governador Laudo Natel recusar a oferta.
A sobremesa terminou desabando sobre seu ombro, para consternação do
deputado Israel Dias Novaes, sentado ao seu lado
Guen-ilha: culpa do PCB?
MINAS GERAIS
Ulysses lança o PMDB
criticando Tancredo
JOSÉ EUSTÁQUIO DE OLIVEIRA, de Belo Horizonte
Ao lançar, ontem, em Belo Horizonte, as Franco (MG) e Teotônio Vilela (AL), o artibases estaduais do Partido do Movimento culador principal do PMDB informou que a
Democrático Brasileiro, (PMDB) o depu- comissão coordenadora dos trabalhos de
tado Ulysses Guimarães não perdeu a opor- estruturação do partido se reunirá em jatunidade de exorcizar as pretensões oposi- neiro, em Brasília, para encerrar suas ativicionistas do PPB do senador Tancredo Ne- dades de elaboração do programa, estatuto
ves e do deputado Magalhães Pinto. Depois e manifesto partidários. Em seguida, até no
de reafirmar a disposição do PMDB de máximo o dia 15 de janeiro, os dirigentes
continuar a luta pela convocação de uma do PMDB deverão submeter as conclusões
Assembléia Nacional Constituinte como da comissão ao crivo de diversas correntes
forma principal de restabelecimento da de- da opinião pública, principalmente lideres
de associações de bairro e estumocracia no país e de denunciar a reforma sindicais,"além
dos demais interessados na
do
manobra
dantis,
como
governo para
partidária
luta
democracia".
Ulysses
Guimarães
no
pela
poder,
permanecer
Animado com as perspectivas futuras do
disse que a credibilidade de seu partido
"não será ditada
PMDB,
Ulysses Guimarães chegou incluPalácio
Planalto
e
do
pelo
sim pelos votos da população brasileira". sive a lançar os candidatos a governador
Mas Ulysses Guimarães não ficou nessa que seu partido apoiará nas eleições de
pequena provocação ao PPB. Ele afirmou 1982. Itamar Franco para Minas, Marcos
fará oposição apenas ao Freire, Pernambuco, Pedro Simon, no Rio
que o PMDB não
"desencadeará uma luta sem Grande do Sul, Franco Montoro, em Sâo
mas
governo,
"Um é filho do outro, Paulo, foram os nomes mencionados, "pois
tréguas áo regime".
não tem cabimento combater as conseqüên- estão na boca do povo". Disse ainda que o
cias sem combater as causas", disse Ulys- PMDB nào aceita a suspensão das eleições
ses. E, rebatendo as acusações de parti- municipais em 1980, adiantando que a
dários do governo e do senador Tancredo nova agremiação já está preparando seus
Neves de que "o PMDB é o partido do Ar- quadros para concorrer ao pleito.
Mas não foi apenas Ulysses Guimaraes", Ulysses Guimarães disse que sua
agremiação é democrática e está disposta a rães que se aproveitou da viagem a Minas
receber todos aqueles que querem o resta- para dirigir dardos contra o senador Tanbelecimento da verdade do voto no Brasil". credo Neves. Embora de maneira indireta, o
Para ele, as acusações de que o PMDB é senador Teotônio Vilella também fez o
um partido de radicais de esquerda não mesmo. Ao elogiar o senador Itamar
prestava
para confundir a opi- Franco, Teotônio Vilela disse que"não
passam de manobras
"Chamar-nos
ficou
de radicais é homenagem a uma figura que
nião pública:
uma velha técnica que já não dá certo, pois em cima do muro, não traiu a tradição libertária de Minas e tampouco está à espera
o povo não acredita nisso".
Itamar
senadores
de afagos e ofertas do Palácio do Planalto".
dos
Acompanhado
"Os comunistas do partido sentem-se, de certa
forma, responsáveis pela
opção feita por centenas de
jovens que morreram na
guerrilha urbana. Foi por
causa da linha extremamente pacifista, conciliatória atç, que o PCB adotou, a partir de 1967, que
esses jovens deixaram as fileiras do partido e
engajaram-se na luta armada. No VII Congresso
do partido, que será realizado futuramente, os comunistas farão uma autocrítica profunda. A afirmação foi feita, ontem, em
São Paulo, pelo secretáriogeral do Partido Comunista
Brasileiro, Luís Carlos
Prestes, durante o almoçoentrevista organizado pela
Associação dos Jornalistas
de Economia de São Paulo.
Essa foi a única declaração nova de Prestes, ontem.
Durante as duas horas e
BASTIDORES
Amaral Peixoto negocia
com o partido do governo
CARLOS ALBERTO SARDENBERG, de Brasília
Uma vez convencido de que o governador Chagas Freitas se recusava mesmo a
formar o Arenão no Rio de Janeiro, o governo colocou suas fichas num outro lance,
ainda bastante alto: o senador Amaral Peixoto, velho pessedista, único senador biônico do MDB e que ainda mantém sua liderança no Estado, está sendo atraído para T\car no "PartidoDemocrático". A jogada é
complicada e passa por uma questão de
saúde: informações chegadas ao senador
Amaral Peixoto dão conta de que o governador Chagas Freitas está com a saúde
abalada, sendo muito provável que resolva
retirar-se da política antes da conclusão de
seu mandato. Nesse caso, assumiria o vicegovernador Hamilton Xavier, um político fiel
a Amaral Peixoto. Eis todo o jogo: Amaral acabaria ficando com o govemo do Rio,
tendo o apoio integral do Palácio do Pianalto para a administração e para formar
ali o partido governista, inclusive escolhendo o próximo candidato a governador.
E este seria o prefeito de Niterói, Walter
Moreira Franco, genro de Amaral.
É certo que Amaral e Moreira Franco
foram da oposição nestes últimos quinze
anos. E que perderiam votos se passassem
para o governo. Mas os porta-vozes do governo vêm dizendo a Amaral que as oposições, no Rio, ficarão divididas entre o
PMDB, o PPB de Tancredo Neves e o
PTB, cada um com seu candidato a governador. Dessa forma, o partido governista teria enormes possibilidades de eleger o seu
candidato.
Amaral Peixoto ainda não fechou negocio. Mas, ontem, correligionários seus
"por que
enjá aderiram ao PMDB ouviram um
a
Amaral
nào"
que
quando
pediram
quanto
assinasse o livro dos fundadores do novo
partido. A esperança desses correligionários está depositada no senador Nelson
Carneiro. Eleito em 1978 com milhões de
votos de oposição, pensam os emedebistas,
o senador não tem como passar-se para o
governo sem sofrer uma enorme desmoralização. E como Carneiro tem profundas e
históricas ligações com Amaral Peixoto, esperam os emedebistas que o primeiro segure o segundo no PMDB.
em todo caso, porta-vozes arenistas não
escondem sua esperança de cooptar dois a
três senadores emedebistas, todos do Rio.
Pois além de Amaral e Nelson Carneiro,
ainda há Hugo Ramos, já comprometido
definitivamente com a Arena.
Na bolsa partidária, ontem num dia
morno, o senador Tancredo Neves não fez
o lance que se esperava: a divulgaç.ão da
lista de adesões ao seu Partido Popular Brasileiro. Mas, em todo o caso, o senador exicom nobia a segurança de quem contará "Seremos
venta deputados em seu partido.
o fiel da balança no Congresso", disse.
ASSEMBLÉIA PAULISTA
Maluf aumenta sua bancada
mas pode perder a viagem
VICENTE ALESSI FILHO
"Se o
governador Paulo Salim Maluf via- tos que para o MDB implicam em gastos
jar no próximo dia 2, como pretende, para a exagerados para o contribuinte têm sido suArábia Saudita e o Iraque, poderá voltar mariamente arquivados.
como mero turista", ameaçou, ontem, na
É o que poderá acontecer, por exemplo,
Assembléia Legislativa, o deputado Flávio com a emenda que propõe a transferência
Bierrenbach, do MDB, presidente"O da Co- da capital. Sendo uma emenda, se depois de
missão de Constituição e Justiça.
gover- noventa dias ela não for votada, será, fatal e
nador não pode sair do país sem a devida li- regimentalmente, arquivada. Por isto, os decença, e ainda não obteve esta licença", putados emedebistas parecem não se preodisse o deputado. '
cupar muito em ganhar o voto dos indeciDiga-se, porém, que a assessoria de Ma- sos. Eles confiam, em primeira instância, na
luf não é responsável por essa situarão. A sua capacidade de obstrução.
mensagem solicitando licença para a viaNeste caso, nem os votos dos catorze
gem do governador foi enviada à Assem- "democráticos" resolverão o problema de
bléia em tempo hábil e chegou até a ser vo- Maluf. Mas os catorze
são, hoje, dezestada e aprovada em plenário. Só que a deci- seis, de acordo com ojá deputado Edson
são foi anulada pelo presidente da Assem- Real,
pois aderiram nas últimas horas José
bléia, Robson Marinho, a pedido de Bier- Bustamante
e Célio Rodrigues. Antônio
renbach: faltava o exame prévio da Comis- Carlos Mesquita voltou atrás e se recompôs
são de Constituição e Justiça, assim como o com o MDB. Porém, há um novo nome,
seu parecer. A culpa, no caso, foi de uma
no entanto, Real
malufista
"distração"
da assessoria técnica da Mesa, agora o 169revelar. Comque,
nao é a decerteza
não
quer
que deixou de enviar a mensagem à comis- putada Nodeci Nogueira. Ontem à tarde,
são.
gabinete da presidência da Assembléia,
Agora tudo pode acontecer. Mesmo por- no
ela
assinou o documento de adesão ao parfoi
designado
que o deputado José Yunes
sucederá ao MDB. garantindo que
tido
relator especial e deverá apresentar o seu será que
fiel
ao
programa do partido e à orientaparecer se o governador, por meio de outra ção da maioria da bancada.
mensagem, pedir que a questão seja coloNo fim da tarde, um dado novo e capaz
cada na ordem do dia. José Yunes vai apre"democrásentar um parecer contrário à viagem, de confundir: outro deputado
-baseando-se nos gastos previstos da comi- tico" anunciava, com muita discrição, que o
tiva de mais de trezentas pessoas.
grupo, em bloco, acabará ingressando no
Desde o malogro da emenda do plebis- futuro PPB de Tancredo e Magalhães
cito, de autoria do próprio Yunes, o MDB Pinto. Segundo elei o Arenão, caminho nade bargaadotou a técnica da obstrução, usando, des- tural, significaria o fim do poder"democráticansadamente, os prazos de que dispõe, nas nha de que ainda dispõem os
comissões técnicas. Assim, todos os proje- cos".
mein de seu encontro com
os jornalistas, o secretario
geral do PCB reafirmou
suas opiniões já expostas
nos últimos dias. Sobre a linha de atuação do Partido
Comunista, por exemplo,
Preites voltou a mencionar
as linhas básicas das metas
seguidas pelo PCB, atual
mente: lutar pelo fim da Lei
de Segurança Nacional e
demais leis de exceção; lutar pela ampliação da anistia e reivindicar liberdade
de organização para todas
as correntes políticas. On
tem, Prestes criticou Jânio "um reacionário" -. elo
giou Jango ("não era ilustrado, mas tinha uma boa
cabeça política, mais do
que o Brizola") e, questio
nado sobre se aceitaria
uma aliança com a burgucsia nacional, Prestes discorreu longamente sobre "Sóa
questão para concluir:
com a não-monopolista".
volta ao rádiomesmo
e bemSolícito
humorado, Leonel Brizola
chegou ontem ao meio dia
em Porto Alegre, depois de
uma homenagem silenciosa
aos túmulos de Getúlio
Vargas e João Goulart, na
quinta-feira, em São Borja.
A noite, ele reviveu um antigo meio de comunicação
política com seus eleitores,
nos tempos anteriores a 64:
fez uma palestra radiofônica sobre reforma parti:
daria, transmitida para
todo o Estado, pela rádio
Farroupilha. No passado,
essas palestras, longas e enfáticas, atingiam altos níveis de audiência. Brizola,
ontem, parecia disposto &
repetir os êxitos antigos. À
tarde, trancou-se em casa
de seu amigo Joaquim Macedo, no bairro Independência, só para preparar
sua palestra. Até
cancelou um encontro que
teria na Assembléia Legislativa, com correligionários
do futuro PTB.
No aeroporto Salgado
Filho, à sua chegada, Brizola disse que encarava
"com naturalidade"
as criticas de que estaria dividindo a oposição, ao insistir nas declarações contrárias ao PMDB e aos
seus chefes políticos. E repetiu sua"é opinião de que o
uma geléia geral,
PMDB
que não conduzirá"Oa nada",
acrescentando:
pluralismo na oposição é uma
política mais complexa mas
muito mais eficiente, pois se
constitue numa ante-sala
da Constituinte". Hoje, Brizola retorna ao Rio de Janeiro.
As prisões, analisadas
Para os estudantes e lideres que estiveram presos
no DOPS, quinta-feira, em
São Paulo, sua detenção
teve dois motivos básicos:
1) intimidar as entidades
oposicionistas que representam; 2) realizar manobra diversionista para garantir ao presidente João
Figueiredo uma passagem
tranqüila por São Paulo na
quinta-feira pois, enquanto
tratavam da libertação de
seus presos, as entidades
oposicionistas sindicais e
estudantis desistiam das
manifestações de protesto
programadas para a visita
de Figueiredo a Bienal.
Luís Inácio da Silva, o
Lula, dos metalúrgicos do
ABCD, disse que considerou a prisão do economista
Walter Barelli, do DIEESE,
"uma
provocação ao movimento sindical". Mas também não deixou de ladoa
hipótese de que a detenção
pretendeu apenas desviar a
atenção dos sindicalistas,
evitando que eles se preocupassem com a passagem do
presidente por São Paulo.
Nessa mesma linha, o deputado Almir Pazzianotto,
do MDB, notou que Barelli,
por ser muito querido pelos
sindicalistas, envolveu na
tentativa de libertação tolideranças
das as principais
"Enquanto isso.
sindicais.
nem se pensou mais em levar ao presidente qualquer
reivindicação, ou reclamação".
Ontem os quatro estudantes presos e mais o jornalista Arnaldo Schneider
deram depoimento sobre
sua prisão, na sede do Comitê Brasileiro de Anistia.
Eles disseram que os policiais tentaram, inutilmente,
esconder o fato de que as
detenções estavam relacionadas com a visita presidencial. Um deles chegou a
se trair, afirmando para
Paulo Massoca e Esther
Hambuerger que só seriam
liberados "quando Figueiredo for embora". Os estudantes também concluíram
que o DOPS, de fato, não
comandara a ação, pela
manhã, quando todos foram detidos em suas casas
e conduzidos algemados e
de olhos vendados até o
cárcere. Paulo Massoca,
por exemplo, diz que não
foi sequer interrogado. Pelo
contrário, ele é quem perguntava por que estava
preso. E, no fim, deduziu
que nem mesmo os policiais
sabiam por quê.
Um "Hyde Park" caboclo
Final da tarde de ontem,
no centro de São Paulo.
Pouco mais de cinqüenta
estudantes, frustrados pela
pouca afluência ao ato público de protesto que haviam marcado para as 17
horas, no Largo de São
Francisco, resolvem cancelar a manifestação e sair às
ruas para distribuir panfletos contra as prisões efetuadas, anteontem, pelo
DEOPS paulista. Chegam
à Praça do Patriarca, defronte ao Teatro Municipal,
e começam a se misturar
aos pedestres. De repente,
Marcelo Barbieri, o vicepresidente da UNE, sobe
em um dos bancos de madeira do calçadão do fim da
rua Barão de Itapetininga e
começa a discursar, protestando contra as prisões, criticando o governo.
O velho centro paulista
torna-se um Hyde Park caboclo. Algumas centenas
de atentos ouvintes cercam
Barbieri. E logo aprovam a
falação: "Pau neles", incentiva uma moça, uniforme
de balconista do Mappin,
ao ouvir o discurso de
Paulo Massoca, candidato
derrotado à presidência da
UNE e um dos presos de
anteontem, que sucedeu
Barbieri na improvisada tribuna.
A platéia aplaude
Massoca afirma
quando
"em Florianópolis até
que
bêbado xingou Figueiredo".
E o comício fica tão animado que, em pouco
tempo, os ouvintes sobem
no banco de madeira para
falar. Um rapazinho negro,
cabelo estilo black-power
arranca risos. Manifestações de solidariedade e
aprovação da massa, ao dizer: "Tá um sufoco geral".
"Olhai", insiste o improvisado orador, mostrando a
aliança na mão direita; "tô
querendo casar e não
posso: o salário não dá".
Desce do banco aplaudidíssimo e é abraçado calorosamente pela noiva emocionada. Sobe então, ao
banco, um rapaz de terno
listado, camisa xadrez. E
começa perguntando aos
"Quem votou no
presentes:
Figueiredo? Você votou no
Figueiredo ?"E a platéia em
coro: "Eu não, eu não".
"Pois é",
prossegue o orador, "as coisas estão pretas
pro lado do povo. E este
presidente ainda quer cal?.r
a boca da gente". É quando
o seu auditório imita uma
criado
personagem de TV,
"Querias,
por Jô Soares:
Figueiredo, querias".
4
PÁGINA 3
SAFADO 8 DE DEZEMBRO DE 1979
da comunidade. Deles depende o auOs Postos AvançaSão os Postos plantio, estimulam
mento da qualidade
Porisso,aaiação
dos de Crédito Rural Avançados de Crédito novos programas,
de novos Postos Avan- e da quantidade dos
incentivam a criasão para os pequenos Rural que divulgam
tividade do homem e çados não pode parar, alimentos que sustenagricultores como a
novas técnicas de
tam a população
boa chuva-criadeira
# urbana do País.
em suas lavouras.
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Eoqueémaisimj
portante: deles de-; í
pende a elevação do;
nível de vida da força
trabalhadora, da qual
o Brasil mais dependera num futuro bem
próximo
..... i
')
MíiÊmiâ-^ i
Eles garantem orientaçãoaquemnunca
soubeoqueéumbanco,um empréstimo,
ou mesmo um simples
conselho.
Y%:Ay^xi- y"s%&
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llllll
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Eles representam a
esperança de uma vida melhor,mais digna
e mais justa.
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ÍSÍÍHh^ShH^ b^co do brasil sa k^h|"| 1^'JHãP-ÉyBH^iã
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^ BANCO DO BRASIL
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SÁBADO 8 DE DRZHMBRO DE 1979
-gEPÜBLíCA
PÁGINA 4
¦D1T0RÍAL
tr/^^Lí\'#*-
1
'¦ ij i^fc''''
CAULOS
"Sr. redator:
Acredito que o representante dn Organizaçào da Libertação dn Palestina
no Brasil, sr. Farid Sawan, tem suas razòcs para tcntnr vender aqui o seu
peixe. Mas embora nceitnndo que ele
faça suas tcntativns, nào se pode deixar
de louvnr os jovens vnnguardistns hcbreus que o impediram de falar, há nlguns dias. no diretório de Pinheiros do
MDB. Afinnl, os hebreus foram a Palestina c conquistaram o território, seja
comprando-o dos árabes ali residentes,
seja tomando-o pela força dns armas,
nas sucessivas guerras ali ocorridas. Na
verdade, quem não tem competência
não se estabelece; os árabes nào sào
bons de guerra e Israel e seus jovens c
moças abriram o caminho. Quem não
tem nào dá, quem não pode não oferece.
Toda essa choradeira dos palestinos
nào comove as pessoas realistas. Vocês
já viram por acaso alguém dar algum
pedaço de território se nâo for à força?
Quando os palestinos conseguirem formar um Exercito forte que lhes permita
invadir Israel, então veremos, mas assim mesmo tenho minhas dúvidas."
Q%
—r
-jr
«<r y
Carta aberta a
Noam Chomstyilf*)
CLAUDE ROY, de Le Nouvel Observateur
"Caro Noam Chomsky
zão, os exageros às vezes grosseiros
da propaganda ocidental, que tende
Ê curioso - Você escrevia no Le
a 'arredondar', os números, seja cm
Monde, em março deste ano - que a
relação aos campos soviéticos, seja
descoberta do Gulag se tenha dado
total de
quanto aos vietnamitas, o
ao fim da guerra do Vietnã, quando
mortos.
de
ou
prisioneiros
convinha desviar a atenção para ouMas apartirde qual número uma
trás atrocidades... É por essa
repressão se torna escandalosa? A
mesma razão que se faz na França e
de
em
partir de que número os campos
nos EUA tanta publicidade
condesão
Auschwitz e de Kolyma
torno das atrocidades que se produnáveis? Quantos zeros foi preciso
ziram nos paises da Indochina, soesperar para que a população conA
bretudo no Vietnã e no Camboja.
centracionária da URSS se tornasse
esta altura, pouco importa que os
por que os joruma infâmia? Seria
fatos sejam verídicos ou não ... Se
'incham'
os numeamericanos
nais
as atrocidades existem, faz-se
dos
vitimas
das
enormes,
si
de
ros já
alarde. Se não são suficientes,
'socialistas' e, ao inverso encopaises
inventa-se.
lhem' os relativos às vítimas na NiOra, o que a leitura de seu texto
carágua ou no Timor que algo muda
de Change me sugere è que convenno fato incontestável de que Stalin
cido de que no que se refere ao
matou mais comunistas e russos do
mas
reais,
fatos
existem
Camboja
que Hitler?
igualmente fatos exagerados, distorSeria cometer uma injúria com
mantém,
cidos e inventados, você 'alardeavocê perguntar-lhe se você não desem relação a todos os fatos
confia das piores realidades dos
Orlando
dos', uma espécie de reserva prelimi'socialistas'
Regis
porque elas são
nar de ceticismo provisório.
países
Buenavída, RJ
'úteis'
ao imperialismo?
Debray e você lembram que a reimportadas, apesar da ressalva
esboçam providências de longo
Tomemos o sistema concentra"Sr. redator:
Desde o comunicado de
pressão, a opressão, os massacres e
derivados
aumento
último
o
reclamadas,
soviético. Você declarava,
muito
cionário
há
exclusiva
que
alcance,
são
obra
o genocídio não
quinta-feira do Banco Central,
'É curioso
a
absorveu
do
dos
em
março:
das
ditos
firmeza
que a descoEstados
já
dos
à
apelo
a
mao
petróleo
do
imperialismo
com
antidemocrática
e
Absurda
suspendendo todas as operações
'socialistas'.
Regis Deetc';
etc
Essas
Gulag
anunciada.
berta do
medida agora
autoridades e, entre elas, a suQue o imperialismo dos
ncira pela qual se comportaram os jocom moeda estrangeira, uma
em
declara
lado,
seu
ao
bray,
faz
sistemáticaconseqüências
Estados ocidentais
as inevitáveis
que
vens judeus que impediram, recente'Gulag é uma
densa e inquieta expectativa desprema. Chegou o momento, é a
imChange:
das
fapalavra
da
Sawan
na
decorrentes
mente
às
sr.
Farid
do
virão,
somadas
mente, a palestra
grande propaganda
ceu sobre o país. Na mesma ocaprimeira observação que sugere a
lhas de seus adversários e faz metoposta pelo imperialismo ... que não
compulsório
sede do diretório do MDB em Pinheiros.
depósito
do
retirada
a
abandonar
de
fala
mais
as
ainda
despertando
sião,
presidencial,
exige verificação empírica'.
crimes
os
silêncio
sobre
o
dicamente
O sr. Sawan tem todo o direito de fazer
'im;
das importações, atenuadas estas
euforia e reconhecer os fatos em
o
anunciou-Se
atenções,
Parece-me que antes de ser
pronunresponsáveis.
são
de
não
de
dever
e
eles
o
que
a sua palestra
políticos
amortecide
mecanismos
com
contoda sua sombria realidade,
ciamento à nação do presidente
Ambos citam numerosos exemplos,
posto pelo imperialismo', Gulag é
impedi-la. Quando é o sr. rabino Henry
mento a serem implantados.
os
brasileiros
os
vocando
anos,
para
muitos
Há
uma palavra criada pela administraexdo
República.
da
conhecido
de
do
caso
macacos
Sobel quem fala, eles, como
pouco
maus momentos, que devem
do povo de Timor oriental
termínio
desde que foram abandonados os
ção soviética dos campos, utilizando
auditório, lotam as dependências e fade
ousubsídios,
dos
A
queda
atravessá-los,
as iniciais da designação oficial. Foi
conscientemente
aos crimes maciços perpetrados peimpactos, cultivados no governo
zcm apoteose, ajudados pela imprensa.
dos
exceção
com
lado,
tro
que
da
Latina,
da
América
de
uma
e
ditaduras
a
boca
Ias
abrir
o
narcótico
nem
sem
popularizado com a publicação dos
propaJá o sr. Sawan
Mediei, não se tinha notícia de
pode
e a AmaNordeste
o
três livros, de Soljenitsin. Mesmo
à
Nicarágua,
Argentina
enganadora.
privilegiam
e
passando
insincera
é vaiado, impedido. Será que os jovens
uma decisão do chefe do goganda
inequívocaefeitos
tem
etc.
zônia,
que este se tenha tornado o eslavoQuem podepelo Haiti, o Zaire
Havia, mesmo em círculos
judeus assimilaram tão bem o famigeverno, tomada sem a colaboraa
esfilo reacionário partidário da autovocê
de
destruir
e
Debray
ao
de
discordar
à
benéficos,
ria
relativa,
mente
democracia
rado conceito de
não-governamentais, incomsob sua excludo
Congresso,
ção
cracia, como descreve Andrei Situfa que artificializava o capitamoda brasileira, esquecidos de que é
quanto a isso?
acerca da dívida
Na
sua
responsabilidade.
siva
pudor
preensível
niavski , é verdade, sim ou não,
acrescentam
vocês
ou
lismo brasileiro. Não se pode deiQuando
perfeitamente possível haver peru
'intelectuais de que
externa, que, à sociedade, se reapresentou-se
o
fala,
espresidente
nós,
a
cabe
nos
democránão
que Arquipélago Gulag é um testexar de atentar para outro aspecto
peixe à brasileira, porém
diretamente perante a nação, em
petiu não constituir fonte de inmunho veraz, e nas difíceis circunsdenunrevelar,
ocidentais,
cia à brasileira. Democracia é ou não é
querda'
altamente positivo do conjunto
agora
véu
foi
Esse
um
tódefinir
tâncias de sua redação, um trabalho
lance
raro,
nossos
os
quietações.
o
combater
e
de
falar
ciar
gopara
que
e isso implica o direito do outro
de deliberações: a que põe um
no
rescorajosamente,
rasgado
de historiador sério? Você não
totalda
estou
pois
também
importante,
Enfim,
vemos
fazem,
realmente
vaiado.
só
depois
"caderneta
e
ser
ouvido
c
pico,
'sugesdas
à
definitivo
termo
uma
mediante
situação
senão
dessa
desera,
reconhecimento
mente de acordo. Eu não
ponde,
o direito de falar é de todos nós jupolítica econômico-financeira,
multinacionais", consagrada na graçadamente, como você, meu
tão negativa'.
deus, palestinos, muçulmanos, budistas,
com amplas repercussões em tograve está o centro das decisões
'antileninista aos 12
desta
Elimina-se,
432.
Sim, o que 6 terrivelmente consresolução
tabu
caro
Chomsky,
um
ou
brancos
espíritas,
adotadas.
ou
ateus
pretos
Quebrou-se
das as áreas.
especulação,
de
foco
de
um
há
cerca
sorte,
trangedor nas suas declarações e
anos de idade'. Mas
senão a democracia se torna mesmo reNão passe despercebido o
que, no seu irracionalismo, tinha
de
esoucomo
bem
testemunhos
nas de Regis Debray é sua ambigüianos
segundo
O
relativa.
que,
que
lativa, cada vez mais
quarenta
que,
irradiações imobilizantes.
comprometimento da autoridade
exterior, tros 'intelectuais de esquerda', eu
dade. Passa-se constantemente da
no
brasileiros
tudantes
não deu para entender, por outro lado, é
esse
não
quis
que
presidencial,
dos
crimes
e
os
critica minuciosa aos exageros da
combato os erros
a atitude dos responsáveis pelo diretório
tornara-se modelo de tolice na- 'meus',
Não se conseguiu, entretanto,
mide
seus
mais
ou
em
um
cudar
de
Madagascar
massacre
do
a
propaganda ocidental quanto à redo MDB: como não garantiram palacional à custa dos recursos do
com a maxidesvalorização, eliministros, preferindo afrontar, com
codo
do
Vietnã;
à
vra ao sr. Farid Sawan? Dizem que na
pressão no Leste e na Ásia ao arguguerra
primeira
lucro especulativo de
nosociais,
custos
para
país,
nar
à
repercussões
luta
as
pesados
autoridade,
Argélia
sua
mento, segundo o qual, os outros - e
da
da
meço
guerra
democracia todos são iguais entre si. Só
O
afortunados.
hábeis
alguns
sea
inflação
meadamente
que,
não nós - fazem a jnesma coisa.
contra a tortura institucionalizada
das medidas tomadas. Outro asque, ao que tudo indica, na nossa demorepercusoutras
de
dirá
tempo
A
dívida
acelerará.
russos, chise
a
Campos de reeducação'Sem
ali; do Manifesto dos 121', após
guramente,
cracia à brasileira, alguns são mais
pecto, também relevante, é a quenão
hora,
da
calor
no
mas,
soes,
dúvida
mais
em
vietnamitas?
a
até
converter
Vietnã
se
neses,
do
ao
externa,
segunda guerra
poliiguais do que os outros. E para termibra da inércia em torno de proa tica africana
reconhecer
de
os
deixar
segundo
se
injustiça,
África
na
terrível
França
maior
uma
da
lança
pode
devidos,
cruzeiros
nar, um absurdo cometido pelos jovens
blemas fundamentais, pois à inérOcidente
o
do
suas
libertários
nas
importância
critérios
o
Então,
presidengesto
que
negra.
naciopalaempresas
manifestantes: chamaram o sr. Sawan
as
sobre
que,
peso
cia eqüivaliam os paliativos até
nunca aceitou', escreve você; mas
ciai, ainda que, a curto prazo, se- vras, deixou-me perplexo?
de terrorista. Ao que tudo indica, não se
nais, com o reflexo altista em
vez, com
Desta
decretados.
aqui
conselho
o
lugar,
aos
Em
correções
necessárias
para acrescentar em seguida que os
deve atirar pedras no telhado do vizinho
primeiro
jam
toda a economia. No mesmo sendo
chefe
'tático'
do
direção
a
governo,
dão,
nos
ambos
ingleses e os americanos organizae ético que
atos ontem decretados.
quando se tem telhado de vidro: o
tido, encarecerão as mercadorias
se
e
da
fundo
ao
foi-se
questão
do
somente
ram, após a guerra, campos de reenos
ocuparmos
de
Menahem
que
Israel,
primeiro-ministro de
ducação para os prisioneiros alese passa entre nós. Acho surpreenBegin, foi membro de uma instituição
Regis
como
homem
mães e italianos. Nao existe ai uma
um
dente que
terrorista, a Irgun, que entre muitos ouespetaculafalsa simetria, uma dessas falsas jadeu
coDebray,
de
provas
tros atos (assassinatos
que
palestinos
nelas que não correspondem à realires e corajosas de seu internacionametidos aos montes), praticou o célebre
'cona
agora
dade? As falsas simetrias não falnos
aconselhe
lismo,
atentado do Hotel King David. Pore
apenas
aqui
tam, aliás, em seu texto de Change:
esforço'
nosso
centrar
os
tais
entende
não
se
tanto,
jovens
que
'fazer a crítica racional das
os processos dos tribunais islâmicos
aqui, a
ajam como agiram, portando-se como o
•
r.
São
a
chegada
vivemos',
tua
comparados ao julgamento de Nuda
onde
dia
sociedades
No
porque
macaco da lenda africana, que se sen'perderíamos nosso tempo de fizésdo
diretor
remberg; a propaganda americana
o
tava sobre o muro, com o rabo esconPaulo foram presos
comparada â do Terceiro Reich; os
semos uma análise do Pravda\
dido, e ria a bandeiras despregadas dos
D1EESE, Walter Barelli, e mais
boat people da Ásia comparados
Acho estranho que você possa esrabos dos outros bichos. Quem tem
sete sindicalistas e estudantes.
Os meios políticos se agitam, artiAs cassandras, nostálgicas dos
russo
aos fugitivos da guerra revoluciointelecutual
um
TSe
rabo comprido ..."
crever:
culam, discutem, ocupando o notianos de autoritarismo dos quais esdo
nária nos Estados Unidos etc.
a
Segundo Barelli, o próprio direcontra
guerra
comunicação.
de
protestasse
ciário dos meios
tamos lentamente emergindo, que
tiefeito.
ele
Você não defende o regime do
Clóvis Pacheco F.,
nenhum
disse
lhe
teria
que
Vietnã, não
tor do DOPS
Com o recesso parlamentar, levam
a boca na botija e não griBom. Mas você pesa,
Em
Camboja.
multo.
Guarujá, SP
equiponham
impressionaria
lamentável
nos
Não
nha sido preso por
de Brasília para os Estados^ suas
tem "aqui, dei Rei", como se tivesbalança do estatisintea
delicada
com
esse
disse
o
compensação,
que
O
voco.
profundas e graves preocupações.
sem posto a mão em subversivos invítimas
de uma revolução
as
tico,
Checpslováquia?'
a
sobre
lectual
pais supõe, diante dessa concentraçãofiltrados nos quebra-quebras ocorrie as vitimas
socialista
dizia
se
os
dizer
jorn?ldavocê
Novidade.EstetallamentávelequíSe
que
protesque
esquer
ção de esforços e de notícias, que
dos em São Paulo e no Rio de Jareacionárias,
das
ditaduras
Politburo
do_
da
Conpara
tos de um porta-voz
voco é alguma dissidência
teja em causa o seu destino. Na verneiro, neste final de semana. Nas
concluir que o número das últimas é
contra a guerra do Vietnã não o imapaSocialista que o DOPS
vergência
circunspectas
das
apesar
dade,
duas depredações, sobre as quais o
muito maior do que a das primeiras.
pressionam muito, eu diria que a
rências, estão cuidando de tramas
descobriu? Deve ser, porque até
'As atrocidades de Timor são muito
JORNAL DA REPÚBLICA deu
o
ante
Mas
mim também não.
procuidam somente
da FIESP
triviais:
diretor
mais
bem
nenhum
agora
não
D1RETOR-PRESIDENTE
veraz
cobertura,
ontem ampla e
mais importantes, proporcionaltesto de um soviético independente
de seu próprio destino. Atarefam-se
foi preso por lamentável equívoco.
Raymundo Faoro
houve o menor traço de radicalismo
mente à população, do que as do
deMedvedev)
Roy
que
(exemplo,
convém
lhes
para saber se melhor
EDITOR CHEFE
Camboja... Em maio de 1979,
bombaros
político ou de manipulação ideolótempo
mesmo
nuncia ao
este ou aquele partido, o Arenão, o
Mino Carta
140 mil refugiados das Filipinas fude
gica. Houve uma explosão de ira poe
a
ocupação
Vietnã
do
deios
do
do dr. Tancredo, o sucessor
irritação
uma
de
resultante
me
pular,
giram, aterrorizados pela repressão
Praga, então eu diria, sim, isso
CONSELHO DE DIREÇÃO
MDB, o PTB e outros menos votaincontrolável.
tornando
se
$$$
está
de Marcos. É mais do que os vietnamono
se,
que
Mesmo
impressiona.
Armando V. Salem,
dos nas preferências íntimas. A luta,
Acossado por toda sorte de privamitas, até agora ..'
nào
manifesta,
ela
se
em
mento
Cláudio Abramo.
sobre
que
que se diria uma guerra, versa
Ao longo do texto de Change você
os srs.
sobre
ções, humilhado pelo açoite das
efeito
nenhum
terá
Fernando Sar.doval
de
número
o
adesões,
'Sobre o Camboja, assistiparlamentares
- mais
vida
de
atuais
condições
repete::
necesé
Não
e
Kissinger.
Brejnev
Hélio de Almeida, Mino Carta
que estão na manga do casaco deste
'um
de
morte
condições
certo
diríamos
mos a uma das maiores campanhas
efeito' para fazer as
sário obter
Raymundo Faoro,
ou daquele prócer.
- o povo começou a perdisfarçada
insistir.
êxito
coisas, nem ter
publicitárias da história.Os intelecpara
Tão Gomes Pinto
der a paciência. Agora investe conuma
século
tuais franceses gritam a respeito do
meio
durante
Como
DIRETOR RESPONSÁVEL
Enquanto os políticos se perdem
'intelectuais de estra a Fepasa e a Rede Ferroviária
Camboja, allando-se assim ao coro
dos
parte
grande
Armando V. Salem
em seus cálculos e nas suas hábeis
Federal vendo na má qualidade que
ao
opor
internacional e não dizem uma paocidentais
puderam
querda'
manobras, a nação segue seu curso,
ENCONTRO EDITORIAL LTDA.
'imperialismo', estágio
se alastra nesses serviços públicos
do
lavra sobre Timor. As atrocidades
supremo
ignorando-os. Tem ela, tem o povo
DIRETORES
indispensáveis um dos símliolos da
de imperiado Camboja são úteis na reconstruausência
a
capitalismo,
cuidaoutros
outras preocupações,
Armando V. Salem
'socialistas'
incompetência que está fazendo da
dos
lismo
pareceçporda ideologia imperialista'.
países
dos, bem mais vivos, bem mais urFernando Sandoval
vida humana neste pais uma estação
É verdade que, dos primeiros teshoje em dia procurar
essencial
me
Mino Carta
gentes.
Na Paulicéia que um dos seus
do inferno. Nas manifestações da ira
sobre os campos soviétitamtemunhos
surgiram
compreender como
Raymundo Faoro
maiores poetas chamou de desvaio que está sendo colocado é
Kruchev, e de Jean
um
relatório
ao
soviético,
cos
imperialismo
popular
bém
um
Nunca se conheceu maior diTão Gomes Pinto
rada, numa premonição tão típica
o problema da falta de respeito do
os campos chiimperevelando
Pasqualini
um
vietnamita,
imperialismo
fantasia
e
a
real
vórcio entre o pais
uma simem
dias
de
vates
é
dos
A
carestia
que
Paul ou
Anthony
Barron,
a
neses
pessoas.
etc.
governo
pelas
PAULO
chinês
SÃO
rialismo
de seus supostos representantes. A
a expressão mais aguda do desaRedação, Administração rj Publicidade;
o
revelando
Ponchaud,
declapies visita presidencial a transformade
suas
François
tema
Um
segundo
astronômica inflação dilacera os orRua da Consolação, 293. 8' ao 12' andar
ria numa praça de guerra, o sr. João
humano ao qual são relegadas
desvelar
Camboja,
do
horror
co-entrevistado
seu
de
preço
e
quem
rações
fatos
ecoos
'soTelefones: 258-6699. 258-8244.
çamentos domésticos,
Figueiredo disse que só admitia uma
as nossas populações. Sobem os
a verdade verdadeira sobre os
deixa-me ainda mais perplexo. É um
"oposição sã". Como ninguém sabe
257-0099 (Publicidade)
nômicos apresentam uma fisionoe
alucinada
numa
girândola
cialismos existentes' arrisca-se a lepreços
Caixa Postal: 22185
tema que nunca foi suficientemente
mia que espanta. Nada disso vêem
o que pode ser uma oposição vitamiem outra desce a qualidade dos serEnd. Teiegràfico:
var a água ao moinho daqueles para
Você não diz em nedesenvolvido.
no
campaextraviados
os políticos,
nada, resta a hipótese de que se
viços públicos vitais. Entre a ascenEDITRÉS ICEP: 01310 - Sâo Paulo-SPI.
consistema
os quais o mais banal seguro social
o
momento
nhum
que
nano de suas questiúnculas. A in'socialismo'
trata da oposição de Sua Majestade
Sucursal BRASÍLIA (DF):
são vertiginosa de uns e a queda
mera
uma
é já um
seja
russo
que é preciso
centracionário
viagricultura
a
o
comércio,
dústria,
menos
tudo
Rádio
Center.
fazer
Brasília
Edifícios
SRTN
aquela que pode
afrontosa de outros, o governo pascalar-nos por
Devemos
adversária,
combater.
invenção da propaganda
vem dias de angústia, de incertezas e
Salas 3060''61 Fones: 225-9296 I
oposição ao trono. Desse conceito
seia a sua olímpica indiferença. E
ao moinho
Pol
levam
água
de
Os
regime
isso?
o
menos
e
muito
que
que
de duvidosas espectativas. Os traba225-8396 / 224-6873
de rei, o presidente saltou para outra
a abandona é para mobiliantes dos
humano.
são
os
do
adversário
um
regime
quando
,
sido
Pot
tenha
que
os
saminguar-lhes
lhadores sentem
SUCURSAL RIO DE JANEIRO (RJ):
a sua democráde
a
violência,
declaração:
de
que
seu
zar
o
de sanmenor
levaram
as
torrentes
a
potencial
outros,
alimentar
não
63
Você parece
láríos, quando não é o emprego que
""Av. Almirante Barroso,
'sóciacia é a "dos paulistas de 1932". Soagredindo, brutalizando, pisoteando
da
história."
do
moinho
ao
virtudes
as
sobre
ilusão
conj. 801 a 805.
gue
se torna difícil. Vivendo em outro
berbo enunciado político. Essa deos agrupamentos humanos inconFone: 242-2020
lismo existente'.
sonâmbulos entre sombras,
de
anos
47
planeta,
tem
mocracia
de
miséria
joanina
formados com o quadro
(*) O conhecido lingüista
Impresso na SA. Diário da Noite
Contudo, uma preocupação
classe
chamada
da
polimembros
os
a
atraso e vai vigir (irá?) para popusocial que aí está. Esgotaram-se as
Noam Cnomsky
VENDA AVULSA
e
a
muito louvável com a precisão
tica circulam indiferentes entre os
10.00
lação de um pais cuja metade dos
CrS
reservas de calma e até mesmo de
em entrevista a
São Paulo
recentemente,
você,
constanteconduz
fez
exatidão,
fatos.
CrS 12.00
Rio de Janeiro
habitantes de hoje sequer havia nashumildade de nossa gente. Mas nem
Debray para a revista Change
Regis
contabilidade
de
a
trabalhos
mente,
"declarações
Porto íleçjre. Florianópolis.
cido.
esse fato sensibiliza o governo, que
irônicas sobre os
dos cadáveres e de aritmética do
Curitiba, Belo Horizonte e
Não estranhem se a nação
vem tratando a nação como um redo Ocidente
CrS 14,00
intelectuais
cálculos
Brasília
Esses
'.derramado.
sangue
lhes voltar sumariamente as costas,
Quando esses brasileiros debanho que nào tem outro destino seSalvador, Recife e
na
empenhados
e
nào
as
confundir
propaganda em
questões
miúseus
de
podem
também desinteressada
!3-0°
rem de cara com a democracia do
CrS
Fortaleza
não o matadouro. Chega de brincar
cambojanos.
refugiados
ratorno
dos
com
Você
critica,
e;clarecê-las.
CrS 16.00
dos passos solitários.
Demais cidades
João vão pensar que é assombração.
com fogo.
Um gesto importante
Chega de
brincar
com fogo
PRIMO
FIGUEIREDO
ppPUBLíQV
Os jovens na
democracia
. <
do João
A nação e
a classe
poh
-REPUBLICA:
SÁBADO 8 DI: DEZEMBRO DE 1 o^o
«i
PÁGINA 5
O GOVERNO E A CRISE
nuna
ova estrale
íi-
"Medidas
corajosas" para enfrentar a crise,
diz o presidente da República.
Mas o que acontecerá agora com a inflação?
Incidente de Florianópolis
apressa fala presidencial
ALOYSIO BIONDI
O combate à inflação sem provocar recessão mereceu toda a primeira
•
parte do longo pronunciamento que o
presidente João Baptista Figueiredo
fe? onicm à nação, para anunciar
uma imensa relação de medidas drásticas na área econômica, afirmando
sentir, "nas manifestações de todos os
segmentos da sociedade brasileira, a
necessidade imperiosa de adotar medidas corajosas c urgentes, para reordenar os rumos da economia nacional". Na verdade, porém, o lugar de
honra da fala presidencial deveria caber ao problema da divida externa, ao
balanço dc pagamentos brasileiros,
pois. foi a crise nessas áreas o objetivo efetivamente visado pelas medidas ontem anunciadas. Tanto que deverão, mesmo, acelerar a alta de preços. nestes próximos meses
I Maxidesvalorização do cruzeiro
- a moeda nacional caiu 30% diante
do dólar, que passou a valer
CrS 42.53 a partir de hoje. A medida
tem o objetivo de estimular as exportaçôes. Mas encarecerá as importações. e aumentará a divida externa
das empresas, que precisarão aumentar seus preços para "juntar dinheiro"
para pagar as prestações dos empréstimos contraídos no exterior. Além
disso - outro efeito inflacionário - os
empresários e agricultores insistem
em vender seus produtos no mercado
interno, pelo mesmo preço que obteriam no exterior. E, com a desvalorização do cruzeiro, esse preço subiu
aqui dentro.
2. Imposto de exportação - sobre
produtos agrícolas. Uma forma de
"confisco",
como já existe para o
café. Como os lucros dos exportadores subirão muito, com a maxidesvalorização. o governo vai apropriar-se
de uma parte desses lucros. Com isso,
reduzirá o déficit do Tesouro.
3. Fim ao depósito sobre
importações - criado por Sitnonscn,
para conter as importações. Extinto
agora, para "baratear as importações", para compensar, em parte, o
aumento trazido pela maxidesvalorização. A medida tem ainda o objetivo
dc conseguir a simpatia dos países
que mantêm operações de comércio
com o Brasil, sobretudo os países ricos, que se queixavam das "restrições ás importações" impostas pelo
governo brasileiro. Espera-se, assim,
abrir caminho para as exportações
brasileiras. Um instrumento do "modelo exportador".
4. Fim do depósito sobre o turismo
- outro gesto dc boa vontade do governo brasileiro, atendendo a pressões
do setor turístico internacional. Os
agentes de viagem no exterior ameacavam boicotar a inclusão do Brasil
nos roteiros recomendados a seus
clientes, por causa das restrições impostas à saida dc turistas brasileiros,
via depósito.
5. Facilidades para pesquisar petróleo - talvez o tema mais explosivo
de todo o pacote, colocado em termos
vagos pelo presidente da República.
Mas, na véspera, o ministro Camilo
Penna dissera que o governo deveria
abrandar as condições impostas pela
Petrobrás na assinatura de contratos
dc risco, para permitir que a pesquisa
de petróleo no pais se acelerasse.
Grupos paulistas vinham também
pressionando nesse sentido, e não faltaram interpretações, nos últimos meses, de que a ofensiva do governo
paulista, na área de exploração do petróleo. era o indicio de um processo
para quebrar o monopólio da Petrobrás na área.
6. Apoio a empresas nacionais com a maxidesvalorização, as empre-
sas que contraíram empréstimos no
exterior terão sua divida externa aumentada, c poderão enfrentar" custos
adicionais insuportáveis", diz o presidente. Os recursos do imposto dc exportação de produtos agrícolas poderão ser utilizados para socorrê-las.
Com ela, muda toda a postura de Figueiredo: acabou
o tempo de conversar nos bares. No discurso,
a mão de Delfim Netto e do vice Aureliano Chaves
ai:
l 1
ru
ANDRÉ GUSTAVO STUMPF, de Brasilia
7. Controle das importações das
estatais - para reduzir os gastos no
exterior, aumentar a colocação de encomendas à industria nacional e
ainda combater a inflação, as empresas deverão comprar 20% a menos no
exterior,xm 1980 (descontada a inflação mundial, o corte será ainda
maior).
Diz um influente assessor do presidente da República que a sua lua-demel com o povo, ostensiva nas viagens pelas cidades do país, terminou
nos incidentes na semana
passada cm Florianópolis.
Terminou naquele dia a
romântica idéia dc que o
presidente estava lenta e
seguramente unindo interesses outrora divergentes. de onde brotaria um
novo espírito conciliatório, tanto na politica
quanto na economia, dentre as angústias sociais. A
experiência desastrada de
Florianópolis certamente
ainda vai merecer muitas
interpretações, mas a do
governo, aquela que vingou na assessoria presidencial.aponta na direção
de uma inesperada ação
popular - ainda que seja
unicamente estudantil - e
de uma ainda mais inesperada reação do próprio
presidente.
Outro qualificado assessor presidencial, nesta
semana, fazia uma embaraçosa pergunta. "Se você
fosse um banqueiro inglês,
que já emprestou milhares
8. Fim dos subsídios às exportações - as empresas tinham o perdão
do IPI e do ICM, como estímulo às
vendas no exterior. Como a maxidesvalorização aumentará seus ganhos,
esses subsídios foram cancelados,
pondo fim a um dos instrumentos
concentradores da renda.
9. Fim dos subsídios às indústrias
- de todo o "pacote", esta foi a única
decisão que não está verdadeiramente
ligada ao balanço de pagamentos, à
dívida externa e ao "modelo exportador". A medida, já era esperada, isto
é, já fora confirmada várias vezes pelos ministros do Planejamento e da
Fazenda, devendo entrar em vigor a
qualquer momento. Trata-se de uma
decisão destinada, efetivamente, a
corrigir uma das distorções fundamentais do chamado "capitalismo seivagem" brasileiro, a saber, a doação
de capital, sob a forma de "perdão de
impostos" e subsídios nas taxas de juros. no crédito, às empresas - geralmente, grandes grupos empresariais.
Doravante, o perdão de impostos fica
reservado às regiões do Nordeste e
Amazônia, ou projetos de grande interesse nacional.
dc dólares ao governo
brasileiro, e um dia
abrisse as páginas do The
Times c visse a fotografia
do presidente do Brasil
cm plena rua, iria pensar
que. no minimo está surgindo um ayatollah tropical." A idéia de popularizar a imagem presidencial
ao sabor de uma nova
versão do populismo acabou naquele dia, substituida pela atitude austera
dc um presidente disposto
a enfrentar a realidade da
crise econômica nacional
e internacional, correndo
até mesmo o ônus de impopularidade.
Porque, ao lado destas
constatações pragmàticas, a assessoria presidênciai e os órgãos de informação do governo diziam, alarmados, que a situação econômica do país
se deteriorava a passos
largos, dentro do próprio
horizonte de expectativas
da sociedade. A proposta
da "economia de guerra",
feita em tom pomposo
pelo presidente da República, estz completamente
desgastada e não c ontem
nenhum apelo popular.
nem qualquer atrativo
mobilizador. Os recursos
retóricos, sobretudo os da
comunicação social, foram esgotando-sc um a
um para desalento de
quem sabe que a Arábia
Saudita - um dos principais fornecedores de petróleo ao Brasil - já não
possui um nível interno de
coesão política razoável e
que os membros da
OPEP estão concordando
cm colocar 20% de sua
produção dc petróleo no
mercado livre.
O incidente de Florianópolis não se constitui
no motivo, mas certamente apressou a chegada
de idéias e estudos,
alguns antigos, até o nivel
decisório mais graduado
na escala federal. Na última quarta-feira, logo
após a reunião do Conselho do Desenvolvimento
Econômico, reuniram-se
todos os ministros de assessoria direta do presidente (Golbery do Couto
c Silva, Octávio Aguiar de
Medeiros. Danilo Venturini e Antônio Delfim
Netto. mais o secretário
particular Heiror Ferreira
c o vice-presidente Aureliano Chaves de Mendonça e começou a discussão dos temas a que o
presidente deveria referirse num discurso à nação.
E já na quarta os assessores presidenciais marcaram a data dc ontem para
o pronunciamento à nação.
Nas definições sobre
politica energética, influiu
o vice-presidente Aureliano Chaves. O ministro
do Planejamento, Antônio
Delfim Netto. foi o inspirador de todas as referências de política econômica. Rischbieter participou de reuniões na quinta.
Delfim Netto trabalhou
muito nesta semana. Cancelou a maioria de suas
audiências e se entregou
por inteiro à tarefa de reformular, mais uma vez,
os rumos da economia
brasileira. Trabalhou na
quinta-feira até tarde da
noite no Palácio do Pianalto e ontem discutiu
com os assessores do presidente detalhes do discurso até algumas horas
antes da gravação, feita
ás 16 horas.
s mudanças para enfrentar a
"Brasileiros,
compatriotas
Iodas as regiões do Brasil:
de
Desde o primeiro momento, em
que assumi as responsabilidades
do governo, senti claramente que
não poderia realizar os anseios da
sociedade brasileira de prosperiilade econômica e bem-estar sociai, sem atacar, como medida
prioritária o grave problema da
inflação.
A inflação inconlrolada é o inimigo insidioso que solapa as bases da tranqüilidade social e da
estabilidade política. Ela mina,
sorrateira, os próprios alicerces da
sociedade, porque desestimula e
distorce os investimentos produtivos, criadores de emprego, e gera
pressões perniciosas de desequilíbrio do balanço de pagamentos
internacionais. No primeiro caso,
acirram-se os ânimos e as insatisfacões das camudas mais numerosas da população e no segundo,
cornpromete-se a soberania nacional, pela dependência em que coloca o pais. ao sabor de interesses
o pressões, internacionais.
Por isso mesmo, live a preocupação de inscrever, como premissa básica nas diretrizes econômicas do meu governo, que o
combate à inflação constitui prioridade fundamental. A recessão
econômica está inteiramente afãstado de meus propósitos, mas
paro uvi*á-la e alcançar os objetivos do desenvolvinienlo econômico e social é imperioso debelar
a inflação. E dentro desse contexto, com esse objetivo e essa finalidcide, que estou utilizando
esta oportunidade para anunciar
á nação um elenco de importantes
medidas na área econômica. Já tivemos tempo suficiente, ao chegar
ao final desde ano de 1 979, para
bem avaliar a gravidade dos problemas que enfrentamos na conjuntura presente, conseqüência,
sem dúvida, em grande parle, da
pesada recessão que desabou sobre os grandes paises industriais.em 1974, após a crise do petróleo.
"A
sociedade
reclamava
as mudanças
Sinlo, aos manifestações de todos os segmentos da sociedade
brasileira, a necessidade imperiosa ae adotar medidas corajosos
e urgentes, para reordrnar os rumos da economia nacicnal. Precisamos a mobilizar o pais para o
esforço de recuperação. Precisamos mobilizar todus as vontades
nacionais para vencer o inimigo
desestabilizador da ordem e da
— a inflação. Precisapaz social
mos mobilizar todos os esforços e
a capacidade e a inteligência emde
presarial dos nossos homens
negócios, para ordenar as contas
ir ternacionais do nosso balanço
de pagamentos
X.
Eslamos anunciando, hoje, um
reajustamento importante da taxa
cambial, que talvez já devêssemos
ter promovido há alguns meses,
nao fosse a preocupação de nos
assegurarmos, antes, de um conlunto de medidos e providências
capazes de propiciar daqui para a
frente um controle mais efetivo e
seguro sobre as fortes de pressão
infacienária.
A inflação está nos chegando,
hoje, por sinuosos e variados caminhos.
A frustração das safras agrícolas, principalmente de cereais, nos
últimos três anos, gerou forte pressão autônoma sobre a alta dos preços dos alimentos, ao mesmo
tempo em que reduziu nossas possibilidades de exportação e nos
impôs pesadas importações, para
garantir o abastecimento do mercado interno.
As limitações orçamentárias da
União, ao mesmo tempo em que o
governo federal se via obrigado a
socorrer as economias de muitos
. Estados e municípios, assolados
por repetidas secas, geadas e
inundações, nos obrigaram, por
sua vez, a recorrer à expansão
monetária, para atender às calamidades e, ao mesmo tempo, sustentar o sistema de subsídios ao
consumo dc alguns produtos essenciais, de que sâo exemplo o
trigo, a carne, o açúcar, o leite e
outros alimentos.
Agravou-se, assim seriamente,
nos últimos anos, o déficit do setor
público, não evidenciado nos orçamenlos federais e que assume,
atualmente, proporções insuportáveis.
Pouca gente se dá conta, ainda
hoje, das dificuldades que confronla o governo para subsidiar,
com cerca de um bilhão de dólares
anuais, o consumo de trigo.
Por outro lado, persistia o forte
desequilíbrio nos planos das empresas estatais, freqüentemente
resolvidos, de maneira imprópria
e inflacionário, mediante o recurso às fontes de financiamento
externo.
Finalmente, deslacam-se os
efeitos perversos da escalada de
preços do petróleo e da .nflação
importada, cujas repercussões talvez ainda nâo possamos avaliar
devidamente, tal o impacto que
produziu e ainda está produzindo
sobre a economia mundial.
O meu governo eslá tratando
de dar as respostas mais adequadas, ao nosso alcance, para conjurar cada uma dessas causas.
A insuficiência da produção de
alimentos e à descapitalização da
agricultura, respondemos com
uma corajosa politica de crédito
rural e de garantia de preços minimos.
A racionalidade de uma politica salarial justa e equilativa foi
reassegurada por lei do Congresso, recentemente sancionada,
que coloca sobre a mesa das negxiações salariais a produtividade e não a inflação. Na mesma
direção daremos, ainda este mês,
tratamento justo à remuneração
do servidor público civil e militar.
Os dispêndios públicos estão
sendo disciplinados, ao mesmo
tempo em que se exerce rigoroso
controle sobre os planos de invéslimemos das empresas públicas,
com o sentido de cortar os excessos inflacionários e subordinar a
realização dos novos projetos à
efetiva disponibilidade de recursos.
Resta-nos, por fim, equacionar
— como estamos fazendo — a necessidade de reduzir as importações de petróleo, mediante a racionalização do consumo, e de
promover a utilização das fontes
alternativas de energia de que o
Brasil dispõe em abundância.
Todo o esforço da política eco-
recente
nômica governamental
tem sido o de procurar atacar as
raízes do processo de desequilíbiio interno e externo, que vem se
aprofundando na economia brasileira, nos últimos anos.
A ênfase inicial foi a de atuar
intensamente no sentido de recuperar o controle da inflação, cujos
níveis aluais — excessivamente
altos — contribuem para reduzir a
eficiência do sistema produtivo e
agravar o peso do ônus social que
representa, especialmente para as
classes trabalhadoras.
Dentro do mesmo contexto,
estabeleceu-se um programa integrado e coerente de controle de
preços críticos que, uma vez ultrapassada a fase inicial de reajustes
corretivos, deverá contribuir para
a atenuação do ritmo inflacionário, especialmente pela harmonização dos reajustes dc preços
com os reajustes salariais. Finalmente, impôs-se disciplina ao sistema financeiro, com a administração flexível das taxas de juro e
mercado
reestruturação do
aberto, dentro do pressuposto de
que o redutor de taxas é, antes de
mais nada, um importante redutor
das expectativas inflacionários.
Cabe-me anunciar, agora, o inicio de um programa gradual, porém firme, de redução da massa
de subsídios creditícios que, hoje,
estão situados muilo acima do que
seria justificável para atender aos
objetivos prioritários da nação e
que, pelo excesso quantitativo, limitam substancialmente a execução da politica monetária.
O objetivo dessa nova orientação é o de quebrar a rigidez des
taxas nominais de juro, que tanto
contribuíram para a geração de
um processo cumulativo e exagerado de demanda dos recursos
subsidiados e para a realimentação contínua das expectastivas influcionárias.
Um golpe nos
''sócios
da inflação"
Mesmo nos casos ainda preservados de taxas prefixadas, para o
custeio e investimento agrícola,
assim como para as exportações,
será obedecido o principio de reajustes periódicos, com base em
uma certa proporção da correção
Estamos,
monetária
passada.
dessa forma, não só rompendo o
circulo vicioso da acumulação
crescente de recursos subsidiados,
mas, também, criando implícitaex nrcebação
mente um freio à
das expectativas, na medida em
que deixa de ser financeiramente
vantajoso apostar no aumento futuro dos preços.
No caso da agricultura, a eliminação do subsídio será feita paulatinamente. A medida em que a
recuperação do setor permitir ganhos de produtividade, sempre
com a preocupação de manter um
tratamento diferenciado paro os
pequenos e médios produtores.
Com relação às regiões do
Norte e Nordeste, não haverá nenhuma alteração no quadro dos
benefícios já concedidos, que permenecerãn alé & momento em que
sejam suficientemente evidentes os
resultados dessa política de distribuiçáo de renda.
\:
A redução, assim programada,
da massa de subsídios, diretos e
indiretos, terá urn forte impacto
em lermos de desaceleração da infiação e, o que é igualmente importante, sem afetar a capacidade
de crescimento da economia. Assim, os ganhos duradouros representados pelo controle efetivo da
política monetária deverão superar os efeitos transitórios e localizados dos aumentos, na fase corretiva de custos financeiros e de
preços finais de alguns produtos.
Trata-se, em última instância, de
caminhar no sentido de eliminar o
artificialismo nos preços, que consagra o desperdício de recursos e
cria as condições para transferências altamente regressivas no processo de distribuição da renda nar.íonal. É ilustrativo o caso do trigo
subsidiado, utilizado como ração
animal. Da mesma forma, na área
do crédito, objetiva-se inverter nos
próximos anos a situação atual
em que 80% do total do crédito
doméstico c subsidiado, restando
apenas 20% para a faixa livre de
mercado. A revisão dos subsídios
permitirá a expansão gradual da
faixa livre de crédito, criando, in-'
clusive, condições objetivas para a
queda das taxas de juros.
cas; a curto e médio prazos, por
medidas de política econômica
que, em última instância, ajustem
os níveis internos de consumo e investimento à nova realidade dc
uma receita global que foi, abruptamente, reduzida pela imposição
do imposto externo representado
pelo aumento do preço do petróleo.
A política energética brasileira
é peça fundamental para a correção, a prazo mais longo, do desequilíbrio externo, no medida em
que ela representa, de fato, uma
profunda alteração em nossa estrutura interna de produção. Esta
mudança que deverá marcar
o curso da economia brasileira nos
próximos anos, está sintetizada na
possibilidade de exploração de
um vasto potencial de recursos naturais, cuja viabilidade econômica
é conseqüência direta da elevação
dos preços de petróleo. A fim de
acelerar esta transformação, o
Brasil vem adotando uma corajosa politica de reajustes em níveis
estritamente realistas dos preços
dos derivados de petróleo, racionalizando seu uso e criando as
condições de rentabilidade para a
expansão da oferta de substitutos
nacionais. Além deste estimulo
por via de preços, estamos consolidando e ampliando recursos tributários e financeiros vinculados
a . programas
especificamente
prioritários, como álcool e carvão,
além da continuidade do esforço
interno de exploração de novos
campos de petróleo, ampliação
da energia hidráulica e implantação do programa nuclear.
Finalmente, é importante compreender que é na redução do déficit público e concomitante expansão do crédito livre que reside
i chave da política de combate à
inflação sem crises de liquidez e,
portanto, sem caráter recessivo.
Como se pode verificar, houve
a determinação do governo de,
ainda este ano, preparar o terreno
para que se possa, ao longo de
1980, inverter a tendência inflacionária. O conjunto de medidas
revela o cuidado em não lançar
mão de qualquer' expediente de
conteúdo recessivo, mas, pelo conIrário, mostra a preocupação em
explorar inteligentemente os
graus de liberdades existentes na
economia brasileira, resumidos
nas margens ociosas do setor agricola e de alguns setores Industriais, assim como de fac.litar os
canais de acesso ao mercado externo, que constituem os elementos de harmonização entre desaceleração inflacionária e crescimento econômico.
Esta estratégia de diversificação das fontes domésticas de energia, além de sua contribuição direta e crescentemente positiva sobre a balança comercial, traz em
seu bojo a oportunidade concreta
para um surto de expansão e modernização do setor primário da
economia, com decisivas conseqüências no que diz respeito à elevação da capacidade dc absorção
de mão-de-obra e diminuição dos
fluxos migratórios em direção às
grandes cidades. Outra importante dimensão qualitativa é
aquela representada pe.a incorporação efetiva do setor privado
à área energética, o que representagrande passo na consolidação do sistema de mercado em
que se baseia a economia brasileira.
É necessário, agora, atacnr,
também com a mesma objetividade, as raízes do processo de '
desequilíbrio externo. Não há dúvida de que o sucesso na politica
de combate à inflação implicitamente irá edntribuir favorávelmente para o processo de ajustamento do balanço de pagamentos. É necessário, porém, ir muito
além da simples contrapartida
moretária desses equilibrios, reconhecendo que parcela ponderável
do desajuste de nossas contas externas reflete uma mudança de
natureza estrutural e de caráter
permanente, associada à radical
alteração nos preços do petróleo.
Esta mudança, sem precedentes
em sua intensidade e rapidez, deixou sua marca profunda e indelével na relação entre preços de exportação e de importação em todos os países dependentes da importação de petróleo. Ela terá de
ser internalizada ou absorvida: a
longo prazo, pela substituição das
fontes externas de energia por aiternativas domésticas, em resposta aos estímulos decorrentes da
própria alteração nos custos internos de diferentes fontes energéti-
Quero anunciar, também, à nação, uma mudança significativa
na atitude do governo brasileiro
em relação à política de pesquisa
e exploração de petróleo no país,
que pretendo orientar com maior
liberdade e amplitude, dentro do
mesmo esforço de procurar, por
todos os meios, fontes alternativas
aos combustíveis importados.
É forçoso reconhecer, contudo,
que o processo de reestruturação
energética, a despeito de todas as
condições excepcionais apresentaeus pela economia nacional, exigira um tempo relativamente
longo para sua maturação plena.
Nesse ínterim, temos que procurar
outros mecanismos de ajuste aos
desequilíbrios externos, visando a
eliminação gradual do déficit em
transações correntes. Alguns
países desenvolvidos, como o Japão, e grande parte da Europa,
realizaram seus ajustamentos de
relativamente rápida,
maneira
através de um deliberado processo recessivo, que reduziu as irr.-
1
portaçães e ampliou os excedentes
exportáveis, passando a conviver,
daí por diante, com menores, taxas de crescimento econômico.
Essa fórmula é inaceitável para
um país com as características do
Brasil, pelo custo social que estaria associado à elevação, ainda
que temporária, das taxas de desemprego e da queda nos níveis de
renda real da população.
Além disso, a redução do nivel
de investimentos tornaria ainda
mais lento e socialmente doloroso
o processo de alteração de nossa
matriz energética, no sentido de
menor dependência externa. A
contrapartida de um ajustamento
gradual — único viável social e
politicamente — leria de ser um
crescimento relativamente mais
rápido de nosso endividamento
externo. Na realidade, o que de
fato está ocorrendo é que o resto
do mundo passou a financiar
aquela parcela dc excesso de consumo e investimento que relutamos em eliminar de imediato, face
á diminuição de nossa renda real,
após a imposição do imposto representado pelo aumento do petróleo. Foi justamente por ter
acesso a esses recursos no mercado internacional que o Brasil
pôde, até agora, atravessar as fases mais difíceis da crise mundial,
mantendo sua capacidade de
crescimento e de geração de empregos acima da expansão da
força de trabalho. Dentro dessa
concepção, entende-se o endividamento externo acelerado como
uma alternativa estratégica legitima, porém necessariamente temporária, utilizada apenas enquanto se promovem os ajustamentos fundamentais na balança
comercial, que não poderá assumir uma feição cronicamente deficitaria.
Justificativas
para a queda
do cnrqiro
Nosso problema atual é justamente assegurar a continuidade
desse processo gradual de ajustamento, criando as condições efetivas para, de imediato, sustentar a
manutenção do fluxo de recursos
que financia nosso déficit em transações correntes e, já ao final do
próximo ano, buscar o equilíbrio
em nossa balança comercial.
Dessa forma, estaremos criando
as condições objetivas para o
equacionamento adequado e não
traumático de nosso endividamento externo.
É dentro desta visão — que nos
parece absolutamente realista ro
plano econômico, social e político
— que se impõe a urgente atualização de nossa taxa de câmbio.
Essa desvalorização não representa o fim da política de minidesvalorizações do cruzeiro, que
vem sendo praticada com grande
sucesso desde 1968. Pelo contrário, ela foi realizada justamente para assegurar a sua manulenção, uma vez internalizada
definitivamente a pressão exógena representada pela mudança
na relação dos preços de nossas
importações visàvis o preço de
nossas exportações, provocada
pela crise do petróleo.
A partir desse r ovo patamar,
voltamos á politica convencional
de desvalorizações em intervalos
curtos e irregulares levando em
contaa diferença entre a inflação
interna e a inflação mundial e
buscando sempre assegurar um
nivel adequado de rentabilidade
ao setor exportador, de forma a
evitar, simultaneamente, qualquer
estímulo artificial às importações.
A alteração na taxa cambial se
insere, portanto, no contexto geral
de caminharmos na direção de
preços, realistas e, sempre que
possível, dispensarmos o uso de
artifícios representados pelos subsídios e incentivos.
Com esse novo nível da taxa
cambial, poderemos eliminar os
.incentivos fiscais às exportações,
representados pelos créditos fiscai.; do IPI e do ICM. Esta medida,
além de extremamente simplificadora no que diz respeito às relações entre o Estado e o setor privado, contribuirá, adicionalmente, para a geração de excedentes fiscais, já ao longo do próximo ano, sendo, portanto, extremamente coerente com as mediai
de
anunciadas
anteriormente
combate à inflação.
Por outro lado, o impado transitório da desvalorização sobre o
custo dos produtos importados
será minimizado pela eliminação
simultânea dos depósitos prévios
de importação e de viagens e,
também, pelo fato de que, no reajuste recente do preço dos derivados de petróleo, essa variável já
foi incorporada antecipadamente
Particularmente beneficiados
com esta mudança serão os produtos primários que, como é sabido, não contavam anteriormente com os benefícios fiscais, e
para os quais, portanto, a desvalorização representa um acréscimo
líquido integral de benefícios. Entretonto, para evitar que parcela
deste benefício seja pura . simplesmenle transferida para o exterior, através de uma rebaixa desnecessária de preços, inclusive
com perdas nas relações de trocas
internacionais e de receita cambial para o país, é que estamos,
simultaneamente com a mudança
cambial, instituindo o Imposto de
Exportação para diversos produtos primários, passíveis de colocação no mercado externo. Este imposto será eliminado gradualmente. Esta receita, além de representar nova contribuição para diminuição do déficit público, podera ser eventualmente utilizada
como fonte de recursos para programas especiais de compensação
por custos adicionais insuportáveis
de empresas privadas nacionais.
Este reajuste maior no valor externo do cruzeiro era também inadiável, a fim de permitir a conciliação entre a ação contínua da
política cambial e sua interferência no processo de absorção de recursos externos. Como dissemos
anteriormente, o sucesso do ajuste
gradual no balanço de pagamentos depende de nossa capacidade
de manter um fluxo adequado de
recursos financeiros externos.
Finalmente, a determinação do
governo em obter o equilíbrio nas
contas comerciais já ao final de
1980, e o reconhecimento de que
o setor público é menos sensível às
variações de custo que o setor privado, levou-nos a estabelecer um
rigoroso orçamento de importações para a União, Estados, Muninicipios e empresas estatais. Esse
orçamento fixa, como critério
básico, que o valor das importa-
ções pelo setor público lexclusive
petróleol será em 1980. inferior
em pelo menos 20% ao valor nominai das importações em 1979.
Esse corte sensível nas importações
do setor público dará margens de
acomodação para eventuais flutuações dos gastos com petróleo,
além de evitar uma compressão
desproporcional ao nivel de importações do setor privado.
Devo mencionar, ainda, uma
medida de profundo alcance para
a indústria nacional, qual seja a
revisão — há tanto tempo cogi"similar natada — do sistema de
cional", para efeito da politica de
importação de máquinas e eqúipamentos.
Com as exceções recomendadas
para os casos de relevante interesse nacional e de preservação
das prioridades atribuídas aos in- .
vestimentas nas áreas da Sudam e
da Sudene, estamos determinando
a orientação no sentido de que a
proteção ao trabalho nacional se
faça, basicamente, pela via do
Imposto de Importação. Com isso,
simplifica-se,,enormemente, a pesada burocracia a que estava submetida a aprovação de importantes projetos industriais. Por outro
lado, elimina-se a parafernália de
leis, decretos e portarias que, em
conseqüência do processo anterior, havia sido criada como con- •
trapartida das regalias concedidas à importação.
Este conjunto de medidas procura alagar as causas fundamen-'
tais da inllaçào e do desequilíbrio
de nossas contas externas. São decisões corajosas de politica econômica, todas, porém, cuidadosamente delineadas dentro de uma
concepção de ajustes graduais,
em que se asseguram, simultâneamente, as condições para a manutenção do processo de crescimento
econômico. Sâo também coerentes
com a determinação de simplificar
o funcionamento da economia
brasileira, tornando o processo de
decisão empresarial menos sujeito
a regras burocráticas e mais voltadó para a busca da eficiência e
da competitividade.
Iniciaremos o próximo ano com
o controle efetivo da politica fiscal, monetária e cambial, ao lado
'nleligente
de uma
politica salarial, que estão agora absolutamente sintorizadas entre si,
criando uma nova perspectiva de
resultados concretos na queda da
inflação e na redução do déficit
externo. Estamos, também, consolidando objetivos setoriais claramente definidos, em que o setor
agrícola, o energético e o de exportações passam a ser elementos
dinâmicos do processo de crescimento, de forma coerente com as
metas conjunturais de correção
dos desequilíbrios internos e externos.
O que precisamos agora, é de
compreensão, paciência e trabalho de todos nós. O Brasil tem condições inequívocas — pela potencialidade de seus imensos recurso;
naturais, pela vitalidade de sua
economia, pela expressividade de
sua atividade empresarial e pela
sua força de trabalho — de superar, as dificuldades da hora presente e construir, nos anos próximos, uma sociedade moderna,
econômica e politicamente aberta,
na qual as oportunidades de ascensão social e ce melhoria da
qualidade Ja vida serão cada vez
mais ampliadas. É para esse desafio que convoco, com fé e confiança em Deus, toda a nação
brasileira.
»tn
p.
PAGINA 6
SÁBADO 8 DE DEZEMBRO DE Í979
REPUBLICA
O GOVERNO E A CRISE
Governo reafirma
a crença de que
é preciso crescer
O IR sobre a remessa de
juros de empréstimos do
exterior cai para 1,25%
ANTÔNIO FÉLIX
As novas medidas têm
o objetivo "de corrigir os
desequilíbrios externos e
internos, sem afetar a capacidade dc crescimento
da economia", garante a
exposição de motivos do
Conselho Monetário Nacional. distribuída no fin.il
da noite
"Evitou-se" - acrescenta a nota -"qualquer expediente de conteúdo recessivo. As politicas adotadas, pela suas
característica de simplificação das regras econômicas e ênfase na necessidade de maior eficiência
no uso dos recursos disponíveis, assim como pela
definição clara das grandes prioridades setoriais,
deverão criar clima propício para a continua expansão do investimento,
especialmente pelo setor
privado".
Em tom otimista, a
nota do CMN afirma que
"as decisões de
política
econômica deverão inverter a curto prazo a tendência recentemente observada de aceleração inflacionária e agravamento
do déficit em transações
correntes do balanço de
E anuncia
pagamentos".
"é estratégia consque
ciente do governo realizar, ainda este ano, os
ajustes fundamentais, absorvendo, inclusive , o
ônus transitório de uma
inflação corretiva e preparando o terrreno para colher resultados mais definitivos já ao longo do próximo ano".
Eis os principais tópicos dn exposição dc motivos:
"Com relação â inflação anuncia-se o inicio
imediato dc amplo programa dc redução da
massa dc subsídios crediticios. elemento critico
para permitir o controle
efetivo da política monetária.
Com relação ao balanço dc pagamentos,
procedeu-se a um reajuste
cambial de 30%, imprescindivel para facilitar a
adaptação de nossa economia à nova realidade
estrutural representada
pela mudança drástica
nos preços externos do
petróleo. Feito este ajuste,
continua-se com a política
de minidesvalorização, segundo o critério de correções pequenas e freqüentes, tomando-se como critério básico o diferencial
entre a inflação doméstica
e a inflação mundial".
"Criam-se, dessa
forma, condições mais favoráveis para atingir o
equilíbrio na balança comericla ja ao fim de 1980
e para manter o fluxo de
recursos financeiros imprescindível ao financiamento do déficit em transações correntes."
"Simultaneamente,
dentro de uma estratégia
global de evitar artificialismo e caminhar na direção da realidade de preços e custos, foram elimi-
g&
:]
Os bancos trabalharam com
cautela. Mas não faltou
dinheiro no open market
O mercado financeiro vi- que mais se ressentiu, apaveu, ontem, momentos de rentemente, foi a de São
expectativa. Estava, como Paulo. Embora o indice tecostumam dizer os técnicos nha caído apenas 0,2%, o
de open market, "extrema- volume acabou sendo de
mente nervoso" - os ban- apenas 140,5 milhões de
cos agiam com grande cau- cruzeiros (40,7% a menos
tela nas suas opetações, no que na quinta-feira). No
aguardo das definições de Rio, o volume de negócios
Brasília. O destaque, po- subiu 3,4% e alcançou
rém. especialmente em ter- 548,7 milhões de cruzeiros.
mos de open market foi a
Assim mesmo, com toda
alta cotação das Obriga- a expectativa criada
pelo
ções Reajustáveis do Te- anúncio das novas medisouro Nacional (ORTN). O das, o mercado não teve
papel com vencimento em problemas de liquidez (disjulho de 1980, por exemplo, ponibilidade de recursos no
chegou a ser negociado a sistema). Os financiamen128% de seu valor nominal, tos lastreados em LTN feque é de 468,71 cruzeiros charam a 2,59% ao mês,
. este mês. A corrida às (chegaram a 3%) e aqueles
ORTNs (valorizaram, em feitos através de ORTN a
média, 10% ontem) explica- 1.5%
de bater os
sc: esses títulos têm cláu- 3%). (depois
sula de correção cambial.
Acreditam os técnicos
No vencimento, o possuidor de ORTN pode optar, que a extinção da Resolucomo correção do investi- ção 432 será benéfica para
mento, pela desvalorização o open. Os dólares que endo cruzeiro. Assim, com a trarem no país (especialgrande desvalorização mente através de exportaanunciada ontem, quem ti- ções) fluirão, depois de conver as obrigações obterá vertidos em cruzeiros, com
maior rapidez para o
um bom lucro.
Das Bolsas de Valores, a mercado.
Inflação atinge 65,2%
No começo da semana,
o presidente do Ibre - Instituto Brasileiro de Economia -, Julian Chacel, acertara com o ministro Delfim
Netto. do Planejamento,
que a inflação de novembro
ficaria entre 5,5 e 6%. Ontem, foi anunciado que a infiação foi de 5,6% em novembro, segundo dados divulgados pela Fundação
Getúlio Vargas. Para o
período janeiro-novembro a
alta atingiu 65,2% e para
os últimos doze meses foi
um pouco mais salgada,
indo a 67,7%. Já o índice
de Preços ao Consumidor que mede o custo de vida ficou um pouco acima da
inflação, indo a 6% em noL
vembro. Este ano já subiu
62% e nos últimos doze
meses chegou a 64,8%.
De acordo com a FGV,
os índices de novembro,
"por decisão consciente"
do governo, ainda incorporam certo grau de inflação
corretiva, ou seja, alguns
preços anteriormente repriihidos vêm sendo liberados
para que atinjam níveis reais. Quanto ao custo de
vida, sua alta foi liderada
em novembro pelos serviços pessoais (9,4%) e alimentação (6,65%).
O indice de Preços por
Atacado (IPA) subiu 5.6%
em novembro e quase 60%
nos últimos doze meses.
nados, do lado as exportações, todos os incentivos
fiscais o, do lado ns import ações, o depósito prévio (inclusive o depóstio
dc viagens) c ns isenções
gcncrajlzdas dc impostos
de importação, com vistas
à racionalização da politica indistrial dc proteção
n produção nacional de
máquinas c cquipamentos."
"A concepção básica é
a dc atribuir à taxa cambial c às tarifas aduaneiras a função primordial dc
regular os níveis de exportação c importação evitando, sempre que possiveis, decisões de natureza
discricionária, que trezem
consigo o ônus de pesados custos burocráticos,
além de ampliar desnecessariamente o risco das decisões empresariais. Estas
modificações constituem,
na área econômica, gigantesco passo no sentido de
desburocratização."
"Ainda como relação à
necessidade de equilíbrio,
no periodo de tempo mais
curto possível, do déficit
comerciaKfoi aprovado rigido orçamento dc importações do setor público
(exclusive petróleo) que,
em 1980, nâo poderão ser
superiores a 80% do valor
nominal cm dólares dos
gastos realizados cm
1979. Para alguns produtos primários, a fim de
evitar perdas nas relações
de troca, foi estendida a
aplicação do Imposto de
Exportação."
"Com relação á conta
de capitais, estabeleceu-se
o principio de congelamento dos recursos externos atualmente depositados no Banco Central
(Resolução 432), que só
poderão ser utilizados
para a liquidação das
amortizações e juros,
atender projetos prioritários, ou, na hipótese de
transformação da dívida,
cm investimento direto."
*
"Com relação aos no-
|
vos empréstimos sob n
Lei 4.131, permenece a
opção de depósito no
Bnnco Ccntrnl apenas
parn o pagamento dc ju
ros e amortizações na
èpocn dc seus vencimen.tos, com as exceções
acima descritas. Esta aiternativa visa concliar os
empréstimos contratados
com o objetivo de alongar
o perfil da divida externa.
Para os empréstimos (novos c antigos) regulados
pela circular 230 (Rcsolução 63), será exigido o
prazo minimo de 180 dias
entre a data dc sua constituição e dc sua liberação."
"Eliminou-se também,
a retenção de 50% dos
empréstimos externos
(Resolução 5 3 2) c
reduziu-se o Imposto dc
Renda sobre a remessa
dc juros dc 12.5% para
1,25%. Todas essas medidas buscam diminuir o difercncial atualmente existente entre o custo do credito interno e o crédito
externo, tornando mais
atrativo, especialmente
para o setor privado, os financiamentops adquiridos
no exterior. Por outro
lado, a reformulação da
Resolução 432 amplia o
controle do governo sobre
a política monetária e
acaba com os movimentos especulativos que estavam dificultando a implementação da política dc
redução das taxas de juros e disciplinamento do
mercado aberto."
•'Finalmente, ficou,
uma vez mais, definido
que as grandes prioridadca setoriais consistentes
com estes objetivos conjnnturais sào a agricultura, o setor energético e
as exportações. E o dinamismo destes setores que
deverá assegurar, apesar
dc todas as dificuldades
internas e externas, a manutenção de um ritmo de
crescimento compatível
com as legitimas aspirações sociais do povo brasileiro."
. ^ ^
A estratégia governamental
A MEDIDA
OBJETIVO IMEDIATO
OUTROS EFEITOS
RISCOS
Aumentar as
exportações
Encarece as
importações
Aumenta a dívida das
empresas
Provoca inflação
2. Fim dos subsídios à
exportação
Reduzir o déficit do
Tesouro
Reduz a vantagem
trazida pela
maxidesvalorização
Nenhum
3. Imposto sobre
exportações
agrícolas
Reduzir o déficit do
Tesouro
Evitar lucros excessivos
dos exportadores
Nenhum
4. Fim do depósito
sobre as
importações
Baratear as
importações, oneradas
com a
maxidcsvalorizaçào
Atender a pressões de
outros paises
Aumentar as
importações
5. Congelamento dos
depósitos da
Resolução 432
Evitar a especulação,
paga pelo Banco
Central
Maior controle sobre a
politica monetária
Represálias externas
6. Fim dos incentivos c
subsídios à indústria
Reduzir o déficit do
Tesouro
"capitalismo
Fim ao
selvagem" e à
concentração da renda
Nenhum
7. Queda do depósito
sobre turismo
Atender a pressões de
outros países
Permitir maior saida de
turistas, para obter
reciprocidade
Aumento dos gastos cm
dólares com o turismo
8. Redução do IR
sobre remessa de
juros
Atrair empréstimos
externos
Maior equilíbrio ao
balanço de pagamentos
Perda de recursos pela
União
9. Fim à redução de
impostos na
importação
Evitar os privilégios
Estimular a produção
nacional
Nenhum
10. Facilidades para
pesquisar petróleo
Permitir que empresas
nacionais entrem na
pesquisa
Acelerar o crescimento
da produção
Fim do monopólio
estatal
Desvalorização do
cruzeiro
ao mercado ¦inflnçciiij
O CMN explica as decisões aprovadas
A seguir, as principais decisões aprova
das pelo Conselho Monetário Nacional
com as respectivas análises oficiais
"Redução dos subsídios creditícios:
O nível minimo de qualquer taxa subsidiada no país será 40% da correção monetária, com exceção dos programas especiais para os Estados que compreendem a
Sudam e Sudene;
As taxas de juros constituir-se-ão de
duas parcelas: uma representada por uma
certa proporção da correção monetária
(mínimo de 40%) e outra representada
por um percentual fixo;
As taxas pré-fixadas serão revisadas periodicamente com base em certa proporção da correção monetária vigente no
período imediatamente anterior. O objetivo é eliminar a situação atual em que o
subsídio implicitamente aumenta com a
taxa de inflação;
O impacto desta medida em termos de
desaceleração da expansão monetária^ é
múltiplo: diretamente através da redução
das margens de subsidio e indiretamente
pela redução na demanda por crédito subsidiado. Há também que se considerar o
efeito, difícil de avaliar quantitativamente,
mas de importância fundamental, representado pela contribuição favorável para
a reversão das expectativas inflacionárias;
A mesma sistemática será aplicada aos
financiamentos à exportação: Resolução
515 e 390 - 40% da correção monetária
dos últimos 12 meses e juros de 2%; Resolução 330 - proporção da correção monetária crescente com o periodo de entrepostagem e juros de 5%.
Desvalorização cambial:
O reajuste de 30% coloca o nível da
taxa de câmbio em bases realistas face à
necessidade de estimular as exportações e
desestimular as importações, ou seja, buscar o equilíbrio na balança comercial;
Após o reajuste, volta-se ao esquema
normal de mini-desvalorizações pelo diferencial entre a inflação doméstica e a infiação mundial, criando condições mais
favoráveis para a abosorção de recursos
externos;
Feita a correção na taxa cambial, é
possível implementar uma série de importantes medidas simplificadoras descritas a
seguir;
Eliminação dos incentivos fiscais:
Com o reajuste cambial é possível eliminar de uma só vez todos os créditos fiscais
do IPI que já estavam sofrendo um processo de gradual redução face á necessidade de compatibilizar o programa de exportações com as regras internacionais. A
desvalorização compensa em termos de
rentabilidade do setor exportador a perda
destes incentivos. As vantagens desta alteração podem ser assim resumidas:
1. Torna a estrutura de estimulo às exportações mais equitativa entre os diferentes
setores e, especialmente, entre o setor industrial e o agrícola:
2. Gera excedente fiscal que irá auxiliar a
redução do déficit público e, portanto, o
combate à inflação;
3. Elimina uma série de controles burocráticos, representando também aqui ganho
de eficiência.
Eliminação do depóstio prévio sobre importações:
Também viablizadô pela alteração da
taxa de câmbio, uma vez que o custo de
todas as importações foi elevado de 30%;
Ao suspender o recolhimento em cruzeiros correspondente a 100% do valor FOB
da guia de importação, evita-se o progressivo e artificial encarecimento dos produtos importados, além de introduzir-se notável efeito desburocratizante em todo o
processo vinculado às importações e ao
'exame
de isenções casuísiteas;
Para alguns produtos cuja demanda por
importação é excessiva poderão ser impostos novos níveis tarifários;
Tamõém representa enorme simplificação nas relações entre Estado e empresa;
Ao ser instituído, em dezembro de 1975,
propiciou o recolhimento restituivel se lograsse inicialmente o objetivo de desestimular importações em geral. Entretanto,
seus efeitos desestimulantes se esgotaram
no tempo, embutidos que foram na reciclagem dos próprios recursos recolhidos,
que se tornavam disponíveis ao fim do
prazo de 360 dias.
Redução do campo de similaridade nacional:
No estágio já alcançado de desenvolvimento brasileiro a similaridade se constitui em instrumento obsoleto de proteção à
indústria nacional, exigindo processo
complicado demorado e incerto de avaliação administrativa, projetro a projeto,
sem que haja parâmetros objetivos e regras gerais para decisão;
O realismo cambial, lado a lado com a
eliminação das isenções tarifárias, devolve
aos mecanismos fiscais o papel deestabelecer níveis adequados de proteção à indústria nacional;
Representa gigantesco passo no sentido
de simplificar a economia brasileira e premiar a eficiência, minimizando o ônus das
injunções burocráticas;
As exceções se aplicam a Itaipu, Nuclebrás, Zona Franca de Manaus e importações da Sudam e Sudene.
Imposto de exportação:
Ê imprescindível para todos os produtos
primários exportáveis, a fim de evitar que
o estímulo exagerado do reajuste cambial
(já que para os primários o reajuste representa acréscimo liquido de benefícios,
uma vez que estes produtos não tinham
acesso aos créditos fiscais) crie condições
para uma redução acentuada do preço
para o consumidor externo, o que poderia
resultar em queda da receita cambial para
o país;
O imposto terá alíquotas variáveis entre
produtos e gradualmente decrescente ao
longo do tempo, uma vez absorvido o imposto do reajuste cambial;
Irá gerar receita fiscal adicional que podera constituir-se em fonte não inflacionária de eventual compensação de parcela
do acréscimo de custos domésticos, associando ao endividamento externo.
Teto para as importações do setor público
(exclusive petróleo, Siderbras e Eletrobrás):
Parte do pressuposto de
que o setor público (União, Estados, Municípios, empresas estatais) é pouco sensível às variações
no custo das importações. O objetivo é limitar as importações do setor público em
80% dos gastos nomineis efetuados em
1979, como importante mecanismo para
alcançar o equilíbrio na balança comerciai;
i
A maior compressão do setor público
irá facilitar a acomodação de eventuais
flutuações com os gastos de petróleo,
além de abrir mais espaço para a participação do setor privado.
Reformulação da Resolução 432, revogação da 532 e redução do imposto de renda
sobre a remessa de juros:
Resolução 432:
A) No que diz respeito aos empréstimos
(novos e antigos) sob a Lei 4.131 fica limitada sua liberação exclusivamente para:
1. pagamentos de vencimentod das obrigações externas; 2. atender projetos prioritários; 3. na hipótese de transformação
da dívida existente em capital de risco..
O objetivo é recuperar o controle sobre a
política monetária e coibir a especulação
financeira que vem dificultando a execução da política de controle das taxas de juros. Mantem-se, ao mesmo tempe, a alternativa das empresas deixarem de utilizar
esses recursos antes de seu vencimento final, conciliando os interesses das empresas com o objetivo global de alongar o
perfil da divida externa.
Procura-se, também evitar a tendência
para uma saida liquida de recursos, após a
realização de ganhos de capital, com o reajuste cambia!, o que, pela sua magnitude,
colocaria em risco a execução de politica
/
de combate à inflação. Aproveita-se a
oportunidade para criar estimulo objetivo
para a transformação de dívida externa
em capital de risco.
B) Com relação aos empréstimos (novos e
antigos) regulados pela circular 230 (Resolução 63) somente serão liberados decorridos 180 dias da data de sua constituição. Neste caso, como se trata de recursos
repassáveis, às empresas através do sistema bancário, não sendo por tanto passíveis de especulação, tornou-se necessário
apenas, disciplinar o prazo minimo de retenção sem alterar sua sistemática básica.
Resolução 532:
A eliminação da retenção de 50% dos empréstimos externos tem como objetivo reduzir o custo doméstico da captação de
recursos externos.
Redução do imposto de renda sobre reimssa de juros ao exterior:
Mesmo objetivo anterior.
Depósito de viagem:
Fica eliminado a partir de 10.12.79
Decidiu o Conselho Monetário Nacional,
conforme resolução
suspender a aplicação do recolhimento restituível para obtenção do visto de saida
em passaporte, instituído através do
Decreto-lei n? 1.470, de 04.06.76. Tal recolhimento, inicialmente fixado ao nível de
CrS 12 mil, foi, em 17.02.77, elevado para
CrS 16 mil, vindo finalmente, em
31.01.78, ser reajustado para CrS 22 mil,
nivel no qual se encontra até hoje. A medida, agora adotada pelo C.M.N., levou
em conta:
A) O menor desestimulo relativo do depósito de viagens vis-a-vis aos demais
componentes dos gastos com viagens internacionais. tais como o preço das passagens e o custo da moeda estrangeira; B)
As crescentes implicações, de ordem processual inerentes a tal depósito que vem
acarretando volumosa, burocrática e dispendiosa atividade administrativa no âmbito do Banco Central e dos demais 21 órgãos da administração pública envolvidos
na matéria.
Outras medidas:
Congela o valor nominal das importações da Zona Franca de Manaus;
O Befiex absorve o Ciex visando a agilizar pequenos projetos de exportação;
A empresa comercial, importadora passara a ter um capital minimo de CrS 1,5
milhões;
A indústria nacional de máquinas e
equipamentos poderá ter .senções de impostos internos; "drawback"
No regime de
o prazo máximo de comprovação das exportações
passa a ser de um ano."
p
PAGINA 7
SARADO 8 DU DEZEMBRO DL 1979
gpPÜBLíQ^
O GOVERNO E A CRISE
A mudança, segundo a
equipe da Fazenda
"Ato de coragem"
dizem ministros
Segundo assessores
de Rischbieter, uma vitória
de suas propostas
O impacto na inflação
será pequeno e resolverá
o déficit do Tesouro
RICARDO
"Tecnicamente
a medida não
é recomendável", comenta o
ex-ministro Mário Simonsen
MADALENA RODRIGUES, de Brasília
BUENO, do Rio
O novo pacote de medidas na área econômica represcrita um passo cm direçào ao fim do capitalismo
subsidiado c uma importante vitória de Karlos
Rischbieter, que vê várias
cie suas teses agora adotadas pelo governo. Essa é a
interpretação de áreas ligacias ao Ministério da Fazénda. Segundo elas. a maxidesvalorização cambial
representa a adoção do realismo cambial, que os exportadores tanto reclamavarri. E deverá contribuir
para dinamizar as vendas
brasileiras ao exterior.
Mas. recebendo preços
considerados reais por suas
mercadorias, os exportadores não necessitarão mais
de subsídios para vender lá
fora, e. assim, o governo
decidiu eliminar todos os financiamentos a juros de
pai para filho que dá atualmente aos exportadores e
industriais.
A eliminação dos subsidios. que cm 79 deverão
custar pelo menos CrS 300
bilhões aos cofres públicos,
c uma tecla em que Rischbieter vem batendo hà
muito tempo, apontando
para as distorções que esse
fluxo de dinheiro barato
que vai do governo para as
empresas privadas provoca. Entre elas, investimentos de viabilidade duvidosa. manobras especulativas no mercado financeiro
e redução da capacidade do
governo de realizar investimentos para atenuar as injustiças sociais.
O processo de extinção
dos subsídios - uma expectativa das áreas ligadas à
Fazenda - deverá prosse-
A pressão sobre
as multinacionais
guir futuramente ate que se
chegue a uma situação em
que só sejam incentivados
os setores considerados
prioritários nos planos oficiais, que não possam realmente dispensar a ajuda
oficial. Nesse processo de
implantação de um capitalismo sem muletas, a equipe
da Fazenda sabe que surgirão incomprecnsões sérias,
em especial dos setores empresariais que cresceram
rapidamente à sombra das
benesses
generosamente
distribuídas pelo governo.
Mas acha que vale a pena
correr o risco. Com o caminho aberto pelo pacote econômico agora anunciado, a
ofensiva de Rischbieter deverá continuar no sentido
de que os empresários aumentem sua eficiência c
passem a caminhar contando apenas com suas
próprias forças. À medida
que esse quadro for
clclincando-sc, com a gradual eliminação do favoritismo oficial, é possível que
surjam pouco a pouco mudanças sérias na direção
das entidades representativas dos empresários.
Em muitas dessas entidades empresariais os dirigentes não se renovam há
bastante tempo e se revêIam incapazes de servirem
como interlocutores válidos
para negociar com o governo as adaptações necessárias no modelo econômico c também para manter um relacionamento maduro com os trabalhadores
na mesa de negociações.
Com as novas regras do
jogo, isso terá que acabar,
esperam os representantes
cia Fazenda.
RICARDO BUENO. do Rio
Uma das razões que leO elenco de medidas lação de Mercadorias) davaram
o governo a partir
estimulo
aprovado ontem pelo Con- dos até agora com
selho Monetário Nacional às exportações. Somente o para a maxidesvalorização
foi um "ato de coragem". IPI, acrescentou Emane cambial foi a necessidade
Segundo a explicação do Galvêas, significa 14 bilhões de pressionar as empresas
ministro Karlos Rischbie- de cruzeiros adicionais, multinacionais para que
ter. o objetivo é tentar redu- com os quais o governo transformem seus empréstizir os índices de inflação c passará a contar agora com mos cm capital de risco. A
solucionar os problemas da a eliminação da isenção fis- informação foi dada pelo
secretário da Receita Fedebalança comercial brasi- cal.
ral, Francisco Dornélcs,
leira.
A redução do Imposto que fez palestra ontem no
Juntamente com Risch- de Renda sobre as remes- seminário sobre Problemas
bieter. Delfim Netto, sas de juros ao exterior virá Brasileiros, realizada pela
Amaury Stabile, Camilo facilitar a tomada de recur- Fundação Getúlio Vargas.
Penna e o presidente do sos externos por parte de Já o ex-ministro do PlaneBanco Central, Emane empresas privadas de capi- jamento, Mário Henrique
Galvéas. não chegaram a tal nacional e estrangeiro, Simonsen, embora não quidetalhar, na entrevista cole- que operam no país. Isso, sesse falar sobre o assunto
tiva concedida após a reu- entretanto, explicou Risch- acabou por considerar a
nião - com duração de ape- bieter, não significa que o maxidesvalorização "tecninas meia hora - os reflexos governo brasileiro pretenda camente não recomendaque o novo pacote terá so- uma aceleração do endivi- vel".
bre a economia nacional.
damento externo do pais,
dias SiHá
mas vem de encontro à ne- monsen poucos
declarava, incluNo que dizrespeito às im- cessidade
da economia naportaçÕes das empresas es- cional de continuar cap- sive, que não considerava
tatais, por exemplo, a meta tando "poupança externa", provável que Delfim adotasse a maxidesvalorização.
estabelecida ontem, de reque a poupança existente "Ele c o pai do sistema de
duzir em 20% o volume de jáinternamente
nào é sufi- minidesvalorizações. Além
importações no próximo ciente
às ne- disso, se tivesse
atender
para
ano. passando de 1.2 bilhão
que baixar
crescimento
de
cessidades
a maxidesvalorização faria
de dólares este ano para 1
isso logo que tivesse assu-.
bilhão, cm 1980, foi expli- da economia.
mido o Ministério do Planecada como uma das formas
0 pacote de medidas jamento c não agora".
de diminuir o déficit comeranunciado, c, particularciai brasileiro.
A iniciativa do governo
mente, a decisão de reduPara o ministro Delfim zir a proteção a indústria de partir para a maxidesvaa lorização está ligada, sem
Netto, o impacto da desva- nacional, reduzindo
'Lei do Si- dúvida, ao fracasso das
da
30%
abrangência
de
cambial
lorização
sobre a inflação será muito milar' podem provocar conversações com as empequeno, porque o produto uma desnacionalização presas multinacionais para
de maior peso nas importa- ainda mais rápida da eco- que transformassem capições brasileiras, o petróleo, nomia do que vem ocor- tais obtidos, via emprésjá teVe seu peso absorvido rendo nos últimos anos. timo, em capital de risco.
pela elevação interna dos Colocada essa questão, en- Apesar das pressões do gotretanto. os ministros da verno, que chamou as prinpreços dos derivados.
A maior vantagem da Fazenda c do Planejamento cipais empresas multinaciomaxidesvalorização, expli- contestaram, enfática- nais para conversar, a perscou Delfim, é que ela vai mente, afirmando que as ta- pectiva era de que apenas
permitir a eliminação dos xas incidentes sobre as im- um bilhão de dólares pascréditos de IPI (Imposto portações serão mais que sassem de empréstimo a casobre Produtos Industriali- suficientes para proteger a pitai de risco. Para realizar
essa mudança cm larga eszados) è ICM (sobre Circu- indústria nacional.
cala. as multinacionais descjavam que o governo tornasse a Lei de Remessa de
Lucros ainda mais liberal.
O governo, pelo jeito, tomou o caminho contrário:
em vez de facilitar a remessa de lucros, decidiu
tornar os empréstimos menos atraentes.
Por que os empréstimos
eram tao atraentes, cm
comparação ao capital de
risco? Entre outras coisas
porque podiam ser totalmente remetidos para o exterior. cm apenas cinco
anos c com juros. Já o capital de risco está submetido
à lei de Remessa de Lucros
que, embora seja muito liberal, prevê que as empresas podem enviar anualmente para o exterior 12%
de seu capital. Assim, uma
empresa levaria oito anos e
meio para remeter seu capital'todo de volta. É verdade
que a empresa conta com a
opção de enviar mais do
que os 12%, só que cai nas
malhas do IR progressivo.
Com a maxidesvalorização, os empréstimos das
multinacionais (e também
das empresas estatais e das
empresas privadas nacionais, é claro) vão ficar
muito caros, já que só este
ano a desvalorização do
cruzeiro ultrapassa os 80%.
O governo espera, agora,
que muitas delas queiram
transformar esses empréstimos cm capital de risco.
Para o balanço de pagamentos o efeito será saudável. segundo técnicos oficiais, já que ao contrário
dos empréstimos o investimento direto não c considerado divida.
Apoio total do empresariado às medidas
"A economia agora ficará mais limpa",
disse Antonio Carlos Borges, diretorsuperintendente da Federação do Comércio
do Estado de São Paulo e professor de Economia na Universidade Mackenzie, a rescreditípeito do fim dos incentivos, fiscais e"Não
se
cios, à indústria e a exportação.
cima
de
incenem
a
economia
basear
pode
t;vos. subsídios, a não ser que se queira desenvolver algum setor prioritário ou região
mais carente", acrescentou Dilson Funaro,
presidente da Trol, do Sindicato Nacional
da Indústria de Plásticos e vice-presidente
da Federação das Indústrias (FIESP).
Para ele, os incentivos sempre devem ter
um caráter temporário, no sentido de corrigir algum desvio econômico.ou estimular a
produção.
No geral, o empresariado paulista não se
surpreendeu com o alcance das várias medidas aprovadas ontem - e, de resto, até as
apoiaram. Muitas delas, é certo, já vinham
sendo cogitadas desde o início do ano,
como a superdesvalorização do cruzeiro, a
extinção dos depósitos compulsórios para
importações e viagens ao exterior e o fim
dos incentivos fiscais e creditícios. Todas
elas, enfim, faziam parte do programa de
administração do ex-ministro do Planejamento. Mário Henrique Simonsen. Então,
seja havia a expectativa, não poderia haver
impacto quando de sua adoção.
As distorções
foram provocadas
no governo Geisel
Antônio Borges, aliás, já as esperava, c
ontem, pela manhã, procurava interpretaIas. Ern seu entender, todo o conjunto de
medidas faz sentido quando analisado à luz
cias dificuldades principais do país, que, em
sintese, localizam-se no balanço de pagamento (isto é, o custo crescente da elevada
divida externa, não suficientemente compensado pelo resultado líquido entre as exportações e importações), no acelerado
ritmo de crescimento da inflação e no brutal
déficit implícito do orçamento da União
(fala-se em mais de 300 bilhões de cruzeiros. em grande parte decorrente da desoneração fiscal de vários setores da economia e
do volume de crédito subsidiado concedido
à atividade privada).
Então, a desvalorização em torno- de
30% do cruzeiro em relação ao dólar se- se, de um lado,
gundo Antonio Borges
dos produtos de
barateamento
o
permitirá
exportação, criando condições para o aumento das vendas externas, de outro possibilita o fim dos incentivos dados aos exportadoresn já que pelo menos teoricamente
uma medida compensa a outraem termos de
resultados financeiros. Ou seja: 1) o governo tenta conseguir mais dólares, com o
aumento das exportações, para pagar o
custo da dívida externa; 2) elimina um dosfatores que oneram o orçamento federal
os incentivos fiscais e creditícios, à exportação. -- visando a redução do déficit publicose
3) as duas medidas se compensam, pois.
ANTONIO BORGES
As medidas são lógicas
a desvalorização aumenta a renda em cruzeiros do exportador, a extinção dos incentivos a reduz.
"
Antonio Borges acrescenta, ainda, outras
razões: 1) o fim das fraudes na área de exportação, concretizada, simplificadamente,
na realização pelo exportador, de vendas
"frias" ao exterior, com o objetivo de gozar
de créditos-prêmios, linhas de crédito a juros baixos etc; 2) satisfazer os países importadores do Brasil, que denunciavam os
incentivos as exportação como prática de
dumping (venda de produtos a preços
abaixo do custo para vencer a concorrência).
O diretor da Federação do Comércio reconhece que a superdesvalorização cambial, ao encarecer as importações, implicará
a introdução de um forte componente inflacionário na economia - decorrente do aumento de custos de produtos que levam ou melhor, precisam levar'-, componentes
importados em sua formação. No entanto,
ele acredita que o fim do depósito compulsono à simportações neutralizará, em parte,
esse aumento de custos, atenuando assim,
as pressões inflacionárias.
Quanto ao congelamento dos depósitos
em dólares feitos pelas empresas no Banco
Borges afirma que não
Central. Antonio "O
havia outra saída.
governo - disse ele nâo podia continua r custeando as amortizaçòes e juros dos emprésti nos externos
das empresas depositados no Banco Centrai. E. da mesma forma, nào podia liberar
estes depósitos, sob o risco de despejar na
economia mais de 4.5 bilhões de dólares,
144 bilhões de cruzeiros". E
equivalentes a"Não
há dúvida que a meacrescentou.
dida é muito forte para as empresas, pois
embora deixem de pagar os custos de seus
empréstimos externos, também passam a
não mais contar com est-ís recursos para
suas atividades. Mas. para a economia, é
uma forma de o governo mostrar que não
está mais-disposto a consertar os déficits do
balanço de pagamentos com o uso de recursos do exterior (empréstimos) e. sim. com o
aumento das exportações."
DILSON FUNARO
Os incentivos tinham de cair
Dilson Funaro, pensa de forma semelhante. Para ele, o congelamento dos depósitos na 432 não vai ferir as empresas,
pois contabilmente é como se o empréstimo
tivesse sido saldado. Mas ele considera
que essa medida conjugada com a superdesvalorização do cruzeiro, provocará um
"problema
gravíssimo" para as empresas
que não aproveitaram a possibilidade da
432. A extinção do depósito compulsório
"foi até
para importações, em seu entender,
uma medida branda", considerando-se a
desvalorização de 30%, classificada por ele
"como indispensável"
para o aumento das
exportações.
A economia,
agora, começa a
ficar mais l\mpa
"A maxidesvalorização
permitirá que
cheguemos à realidade monetária", afirmou
Cláudio Bardella, ex-presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da
Indústira de Base (ABDIB). Na mesma linha. "verdade monetária", falou também o
presidente do Sindicato da Indústria de Refrigeraçào do Estado de Sào Paulo, Paulo
Francini.
Os empresários presentes ao almoço de
sua opinião
fim de ano da Abinee deram a "pacote"
de
mesmo antes de conhecer o
medidas, anunciado pelo governo no fim da
tarde para Bardella, o governo realmente
precisava tomar medidas rígidas na área
econômica, pois o Brasil, disse, é um país
à custa de subsídios e
que vive eternamente
incentivos. "Com isso" - continuou
"Estamos
você não sabe onde botar o pé".
vivendo uma espécie de artificialismo",
disse Paulo Francini. Na mesma linha de
raciocínio ainda, Sérgio Ugolini, viceBrasileira da Inpresidente da Associação
fez
dústria Elétrica - E'etrônica
"Era(Abinee)
necessário
uma análise mais ampla.
um "pacote" de medidas para corrigir as
distorções provocadas durante o governo
'
FÁBIO MEIRELLES
Agricultura será capitalizada
Geiseí". E continuou: "O governo cometeu
o erro de repetir os vícios anteriores a 1964
embora, para corrigi-los, se tenha feito uma
revolução". Entre os erros apontados por
Ugolini estão a deficiência da máquina administrativa, o déficit orçamentário, os subsídios indiscriminados, os investimentos
acima da capacidade real da popupança interna e afalta de controle da máquina federal.
Para corrigi-los. disse o empresário, ogoverno deveria acabar com os subsídios financeiros, controlar os investimentos das
empresas estatais, e criar oportunidades
para a aplicação de capitais em detrimento
das especualaçÕes financeiras, entre cutras
medidas. Segundo Ugolini, é preciso que o
Brasil adote a filosofia capitalista e assuma
os seus riscos. Na sua opinião, não hâ capitalismo sem riscos'.
A desvalorização do cruzeiro também foi
bem recebida pelo presidente da Federação
da Agricultura do Estado de São Paulo,
Fábio Meirelles. segundo o qual a medida
permitirá a capitalização do setor agropecuário. "A realidade cambial aumentará a
competitividade das exportações dos produtos agrícolas brasileiros, possibilitando ao
país equilibrar o seu balanço de pagamentos".
No entanto. Fábio Meirelles reconheceu
que o setor primário pode sair prejudicado
com o acréscimo dos custos das importações necessárias ao setor, principalmente,
de fertilizantes e defensivos - e também
com o recrudesci mento da inflação. Sobre o
FAESP
primeiro problema, o presidente da"controle
diz ser necessário que o governo
as influências no campo da agropecuária".
Sobre o aumento da inflação, ele afirma que
"poderá ser arrefecida, se o governo controlar realmente as necessidades das empresas
estatais, que são devedoras de grandes recursos externos".
A maxidesvalorização do cruzeiro, seainda tem mais um valor
gundo Me-irellles.
"Agora"' - disse - "o jogo econôpositivo.
mico nào será pago apenas pela agropeeuária. mas por todos os setores".
Reajustes salariais
a cada cinco meses
Se houver uma inflação
mais acelerada daqui para
a frente, os reajustamentos, salariais poderão ser
•mais flexíveis c ocorrer
dentro de prazos mais
curtos, não mais semestralmente. mas, por exempio. de cinco em cinco
meses, admitiu hoje, nesta
capital, o ministro Murillo
Macedo, do Trabalho.
O governo, segundo
Macedo, dispõe de mecanismos para alterar a fórmula cie rcajustamentos e
os utilizará se for necessário. O ano de 79 se encerra,
considerou o ministro,
num clima de calmaria,
que se estenderá pelo ano
seguinte e que deverá ser
a tônica daqui para a
frente, na área trabalhista.
File atribui isso ao amadurecimento nas relações entre empregados e empregadores c também à nova
política salarial, que, na
sua opinião, veio facilitar
os acordos.
No pronunciamento
que fez ontem, durante o
almoço anual da Abinee,
Murillo Macedo criticou
certos movimentos sindicais que "visavam mais
ao movimento em si do
que às reivindicações c
que. acima de tudo, visavam à afirmação pessoal
de alguns". Considerou
esse tempo ultrapassado c
que, a partir de agora, os
conflitos encontrarão
sempre solução através
do entendimento e de
meios pacíficos.
O trabalho do ministério a partir de agora,
conforme pretende Macedo, terá as atenções voltadas menos para os conditos "que marcaram um
momento de transição entre um regime e outro, e
mais para questões pragmáticas, como o pleno
emprego para o trabalhador e a preparação de
mão-de-obra".
As duras críticas das
lideranças sindicais
Para os poucos lideres
sindicais que ontem já tinham acesso a informação
sobre o discurso do presidente João Figueiredo, as
medidas econômicas ontem
anunciadas desservem a
classe trabalhadora e prenunciam uma situação de
crise social.
ARNALDO GONÇALVES - Sindicato dos Meta"Há
lúrgicos de Santos:
muito tempo que o movimento sindical vem alertando que o enfoque econômico adotado pelo governo
não beneficia os trabalhadores. E uma das causas
é a enorme dívida externa.
O modelo exportador é inflacionário e para manter
esse modelo competitivo no
mercado externo eles procuram conter a inflação
congelando salários. Acho
que vão acontecer greves
sem nenhum controle, pois
os trabalhadores vão
revoltar-se. Ou os sindicatos assumem essas lutas, ou
acontecerão movimentos
assim mesmo.
PAULO SKROMOV Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Couro:
"A tentativa do ministro
Delfim sempre foi de culpar
o movimento sindical pelo
aumento da inflação. Para
desgraça do povo brasileiro
fica muito claro que caiu
por terra esse argumento,
que os culpados pelo aumento do custo de vida e da
inflação não eram os trabalhadores. Com essa nova
orientação do governo
estabelece-se uma situação
de grande preocupação
para os trabalhadores, pois
decreta-se definitivamente,
a falência da nova política
salarial. A tendência é
estabelecer-se uma situação
de anarquia, onde todos os
setores reivindicarão de
forma desordenada e independente, pois ninguém vai
o
pagar
querer
sozinho".
pato
JACÓ BITTAR Sindicato dos Petroleiros de
Paulínia: "O movimento
sindical e a classe trabalha
dora não podem ser sacrificados como foram, nesses
quinze anos. Desde que começou a nova politica salarial os trabalhadores já perceberam que ela é incapaz
de atender suas reivindicações. Agora, a reação dos
trabalhadores vai ser a pior
possível. Evidentemente, os
trabalhadores colocarão todas suas armas para participar do desenvolvimento
do processo econômico".
No Congresso, a Arena
elogia e o MDB critica
O líder do governo elogiou; o porta-voz da oposição criticou; o chefe do
partido moderado ficou no
meio termo. Absolutamente
previsíveis, essas foram as
reações, ontem, na área
política, em Brasília, às medidas econômicas anunciadas, em pronunciamento
pela TV, pelo presidente da
República. João Baptista
Figueiredo.
O lider do governo no
Senado. Jarbas Passarinho,
acha que "o pacote de medidas provocará um novo
alento na luta contra a infiação, no saneamento do
balanço de pagamentos. E
sem provocar a recessão".
"Não sendo possível,
em curto prazo, a adoção
de alternativas energéticas", argumenta Passarinho, "continuaremos a depender, em 40%, do petróleo para a geração de
energia primária. E a única
forma de podermos pagar
essa conta de petróleo sem
chegarmos a um endividamento insuportável é ampliarmos as exportações
o que a desvalorização do
cruzeiro, decidida pelo presidente. ajuda."
O senador Roberto Saturnino. uma espécie de
porta-voz do Partido do
Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB) para assuntos econômicos, não
concorda com Passarinho.
Saturnino considera que,
efetivamente, o sistema de
incentivos e subsídios - revogado, em parte, pelas
medidas de ontem- estiva
"tornando-se insuportável
para o orçamento nacional". Mas afirma que "o
governo tentou eliminar essas distorções da pior maneira, à custa de enormes
sacrifícios sociais e com a
desestabilização da economia".
Saturnino duvida da eficiência da desvalorização
do cruzeiro como'estímulo
ao incremento das exporta"Esse estímulo acaba
ções:
sendo anulado pela retirada
do subsidio e pelo imposto
de exportação. Considerando que o mercado internacional está em retração e
sob medidas protecionistas,
nào acredito que as medidas anunciadas possam garantir o equilíbrio do comércio externo".
O senador Tancredo Neves, um dos articuladores
do Partido Popular "oBrasileiro, considera que
governo optou pelas medidas
mais .drásticas, pela cirurgia de choque. A reforma
cambial certamente agravara as condições de vida
do povo". Mas. segundo
Tancredo. a desvalorização
do cruzeiro foi "uma medida enérgica e corajosa e a
hora não comporta manifestações de protesto e inconformismos."
As queixas maiores, porém. foram motivadas pela
forma do pronunciamento
Passarinho represidencial."economês",
enclamou do
arenista
dissidente
o
quanto
Antônio Mariz afirmava
"o
presidente insiste em
que
falar apenas aos empresários. quando a hora reclama uma palavra direta a
toda a nação: o discurso
perdeu-se no hermetismo
de formulações técnicas"
*DE
SÁBADO 8 DE DEZEMBRO
KEPUBLÍC4
PAGINA 8
1970
MUNDO
mã a dia
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IRÃ X EUA (D
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•
irise interna progride.
Khomeini culpa os EUA
0 risco de rolar
com a crise
Nos últimos dias, haviam-se registrado sinais dc moderação no interior do governo iraniano. Tanto o exchanceler, e atual ministro da Economia, Bani Sadr, como
seu sucessor na charcelaria. Sadegh Ghotbzadeh, formularam declarações conciliatórias.
A disposição para o diálogo de alguns membroschave
do governo iraniano esbarra, porém, na rigidez do supremo
comandante da revolução iraniana. Ainda ontem, o nyalollah Khomeini voltou à carga, com imprecações ao «imperialismo americano» e a reafirmação de que os reféns serão
julgados.
Está mais do que claro, agora, que é neste ponto que
estanca qualquer tentativa de solução negociada do
confronto. Khomeini continua inabalável. E, a julgar por
suas declarações de ontem, a caótica situação interna
iraniana, antes de dobrá-lo, enrijeceu suas posições.
Khomeini, na verdade, está empenhado num teste de
vontades não só com os americanos, mas também com
seus próprios compatriotas. Ele parece pressentir que, ou
sai de alguma forma reforçado da atual crise com os EUA,
ou rola com ela.
México,
EUA, petróleo
e inflação
Soares e
Cunhai: segue
a velha briga
O Partido Comunista
Português acusou ontem o
Partido Socialista de náo
ter tirado «as lições» da
derrota que sofreu nas
eleições do último,domingo. Tirar «as lições»,
significa, para o PCP, que
o PS se junte a ele,
numa «frente popular»
nas eleições municipais,
previstas para este mês. o
que não acontecerá
enquanto Mário Soares
estiver mandando no PS.
Os socialistas, de fato,
recusaram esta semana
oferta de um encontro
com os comunistas e atribuíram seus ataques a
«propósitos eleitoralistas».
Holanda não
quer foguetes
da OTAN
O programa de modernização de armamentos
da Aliança Atlântica, que
inclui a instalação de
seicentos foguetes nucleares de médio alcance na
Europa Ocidental, terá de
passar por uma remodelaçâo parcial antes de ser
levado à discussão no
Conselho da OTAN, em
Bruxelas, na semana que
vem. Ontem, o Parlamento da Holanda, um dos
países que, segundo o
programa, deveria receber tais foguetes, rejeitou
um projeto apresentado
pelo governo, que autorizava a instalação dos
Pershing II e dos Cruise
em território holandês. A
decisão, defendida pela
oposição e adotada por 76
votos a 69, poderá levar à
queda do governo de
coalizão de centro-direita
de Haia.
Se quiser aumentar suas
compras de petróleo mexicano, os Estados Unidos
terão que controlar sua infiação. É o que disse ontem, na Universidade do
Texas, Jesus Chavarria,
um dos diretores da companhia estatal de petróleo
do México, a Pemex. Chavarria explicou que o governo mexicano está
muito preocupado com
sua própria inflação e
com o impacto que a infiação americana poderá
ter sobre sua economia.
Ele revelou ainda que, segundo estudos realizados'
pela Pemex, nada menos
do que 80% do subsolo
mexicano tem potencial
de produçáo de petróleo e
gás. Consideradas as zonas de prospeccão da piataforma submarina, a
área potencial de produçáo mexicana eleva-se
a perto de 1,5 milhão de
quilômetros quadrados.
Desse total, apenas \Wc
foi explorado.
Tirana busca
amigos no
Ocidente
Depois de brigar com
Moscou e Pequim, o regime comunista da Albânia
resolveu iniciar uma
operação de aproximação
com os paises ocidentais.
Em Tirana, agora já se
considera a França, a
Alemanha e a Itália como
«amigos potenciais». As
primeiras delegações
albanesas devem desembarcar logo em Paris,
BonneRoma.
BOLÍVIA
Governo cede e
subsidia gasolina
O governo da presidente Lydia Gueiler concordou ontem
em abaixar substancialmente
o preço da gasolina destinada
ao transporte público e aceitou também outras exigências dos sindicatos e de grupos camponeses, num esforço
para pôr fim à agitação poliüca e social provocada pelas
medidas econômicas «de
emergência» decretadas há
uma semana.
A decisão governamental
foi tomada depois de intensas
negociaçúies com a poderosa
Central Operária Boliviana
(COB). Ontem continuaram
os protestos Populares fizeram um severo bloqueio das
ekradas. Houve greves e
registraram-se cenas de
violência nas ruas.
Segundo fontes da presidência, a gasolina mais barata,
chamada «extra», custará
apenas 2,50 pesos o litro
(32,04 centavos de cruzeiro) e
será vendida somente aos
veículos do transporte público, como táxis, ônibus e
caminhões. Outros dois tipos
do combustível, de maior
preço e melhor qualidade,
seráo vendidos aos consumidores particulares.
Com o objetivo de diminuir
o consumo da gasolina, o governo aprovou também um
decreto que restringe a circulaçáo de veículos partículares, por meio do sistema de
placas coloridas.
ARGENTINA
Jornais pedem
investigação
I
Os jornais argentinos pediram ontem uma investigação
governamental vdas denúncias
feitas pelo diretor do matutino de linguá inglesa Buenos'
Aires Herald, Roberto Cox, a
respeito das ameaças recebidas contra sua vida e de sua
família.
La Nacion e La Prensa
publicaram editoriais sobre
as denúncias feitas por Cox,
que já anunciou sua intenção
de retirar-se do pais no próximo dia 16, com sua mulher e
seus cinco filhos.
Cox, inglês de 46 anos, fez
em seu jornal uma intensa
campanha em favor do
respeito aos direitos humanos, ao mesmo tempo em que
criticou as organizações guerrilheiras, tanto direitistas
como esquerdistas, que
atuam no pais.
La Nacion disse que «deve
ser verificada a existência
das ameaças denunciadas
pelo jornalista estrangeiro e,
se comprovadas, identificar e
punir os responsáveis». O
jornal acrescenta que «A
segurança das pessoas nâo
pode ser um privilégio de
ordem particular.
Contestadores ainda controlam a cidade de Tabriz
'm^^^^^xm^{ ¦¦+ ¦ ;'•'"
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EM PARAS
Mustafá Chajik (no alto) morreu com um tiro na nuca
Assassinado em Paris
uso Muita do ia
ROSA FREIRE D"AGUIAR, de Paris
Na falta de obter a extradição do xá, o ayatollah Kho-'
meini conseguiu exportar
para a França uma pitada do
seu fanatismo nacional. O assassinio, ontem à tarde, em
Paris, de Mustafá Chafik, de
34 anos, sobrinho do ex-xá
Mohammad Reza Pahlevi e
enteado de sua irmã gêmea,
a princesa Ashraf, é o mais
recente crime político cometido com as bênçãos de Alá.
E, ao que tudo indica foi executado pelas mãos de khomeinistas autênticos. Na
terça-feira, a publicação Irã
Livre, editada em Paris sob
os auspícios da princesa Ashraí, anunciara a chegada de
terroristas iranianos que haviam comprado motocicletas e
ameaçavam, através de telefonemas anônimos, a vida
dos parentes do xá que vivem
em Paris. Na quarta-feira,
dois chefes de segurança do
ayatollah Khomeini passaram
algumas horas em Paris. E,
na manhã de quinta-feira,
duas motociletas por pouco
não atropelaram a filha da
princesa, defronte ao seu
apartamento no luxuoso bai-.
rro do seiziement arrondissement de Paris.
Tudo leva a crer que foi
uma dessas duas motos que
transportou o assassino de
Chafik. Por volta de 1 hora
da tarde, Chafik voltava para
a casa de sua madrasta, na
Villa Dupont, um beco sem
saída ladeado por palacetes.
Um homem começou a segui-k), e outro, ainda com o
capacete de motociclista na
cabeça, colocou-se na entrada
do beco. No meio do caminho, um deles agarrou
Chafik, colocou-o de joelhos
puxou um revólver do blusão
e deulhe um tiro na nuca, â
queima-roupa. Já no chão,
o sobrinho do xá recebeu um
segundo tiro.
Segundo o advogado da
família Pahlevi na França,
Mustafá Chafik foi uma
vítima inocente, pois há muitos anos ele levava uma vida
independentente, não frequentava o palácio imperial e desaprovava a politica do lio.
Ele era capitão da Marinha
Iraniana, e vivia nos Estados
Unidos desde a queda do xá.
Recentemente, porém, ele se
reaproximara do xá e há um
mês mudara-se para Paris
onde, segundo um amigo, estava a pedido de Pahlevi
para fazer contatos com os
partidários do ex-monarca.
Chafik já havia sido
ameaçado outras veze3, e
queixava-se da falta de proteção da polícia francesa.
Rara o Ministério de Relações Exteriores da França,
porém, Chafik náo merecia
proteção especial, i dispensada
Presidente da Petrobrás
italiana é afastado
O governo italiano afastou
ontem do seu cargo o presidente da ENI — a Petrobrás italiana — professor
Giorgio Mazzanti, enquanto
se espera que uma comissâo administrativa investigue as circunstâncias do
contrato para a aquisição
de doze milhões e meio de
toneladas de petróleo da
Arábia Saudita. Para o
lugar de Mazzanti foi nomeado, em caráter provisório,
o democrata—cristáo
Egdio Egidi, que terá ao
seu lado uma nova junta
executiva. Será necessário
esperar pelas conclusões da
comissão de inquérito para
conhecer-se a verdade a
respeito do «contrato do
século» e do destino que foi
dado aos vários bilhões de
liras desembolsados, muito
mais do que o valor estipulad) da transação. Amigos
e inimigos de Giorgio
Mazzanti enfrentaram-se
ontem durante a reunião da
Comissão Parlamentar de
Orçamentos e das Empresas Estatais. Mas os defensores da honestidade do
contrato estipulado entre a
ENI e da Petromin, da Arábia Saudita, tiveram de
inclinar-se perante a decisão do govemo, solicitada
por alguns partidos que o
sustentam, em primeiro
lugar pelos democratas
sociais. Enquanto isso, o
govemo dc Riad mantém o
emborjo de petróleo contra
a Itália, decretado ao início
da semana, quando estourou o escândalo.
de
Giuseppe Morabito,
Roma
RODÉSIA/ZIMBABWE
Londres nomeia o
novo governador
Em Londres, tudo pronto
para a independência do Zimbabwe-Rodésia. Lorde Soames, um diplomata de 59
anos, genro de sir Winston
Churchill, foi ontem nomeado
para dirigir o governo de Salisbury durante o período de
transição. O anúncio foi feito
ontem nos Comuns pelo viceministro das Relações Exteriores, sir Ian Gilmour,
acrescentando que Soames
chegará à Rodésia na próxima semana e que logo em
seguida a Grã-Bretanha suspenderá as sanções econômicas impostas a esse pais af ricano. Os Estados Unidos adotaram decisão idêntica na
sexta-feira.
Para garantir o período de
transição, durante o qual
serão convocadas eleições gerais, britânicos e americanos
jà estão preparando uma
ponte-aérea que levará a Salisbury 1.200 soldados provenientes dos mais diversos
países da Comunidade Britanica. Os EUA participarão da
operação a pedido de Londres, fornecendo doze gigantoscos aviões de transporte
Starlifter, capazes de levar
os soldados e todo o seu equipamento, inclusive caminhões
e helicópteros.
Os guerrilheiros da Frente
se queixam de que
Patriótica "britânicos
confinam
os planos
as suas forças a quinze lugares, enquanto as tropas do
govemo central terão liberdade total de locomoção.
apenas ao último primeiroministro do xá, Shapur Baktiar, atualmente exilado em
Paris.
Por conta própria, a princesa Ashraf, só circula em
Paris protegida por uma escoita de dois carros à prova
de balas e uma equipe de dez
guarda-costas. Em setembro
de 1977, ela escapou de um
atentado quando seu RollsRoyce foi baleado por um
grupo de jovens iranianos,
em Juan-Les-Pin, na Cote
d'Azur. Hoje, a princesa Ashraf tem uma intensa atividade política. Desde que a
família imperial deixou o Irã
ela desempenha um papel capitai na articulação das
forças anti-khomeinistas. Sobre Ashraf, o presidente soviético Joseph Stalin disse
certa vez que ela era o único
homem da família Pahlevi.
Foi a princesa, de fato, quem
percorreu diversos países eu
ropeus em busca de apoio,
armas e passaportes para os
antigos preferidos da corte
iraniana, hoje no exílio. Recentemente, ela estava na
Turquia e no Iraque onde tentou convencer antigos generais do xá de organizarem
um golpe de Estado. O atentado contra seu enteado certamente é um aviso de que
ela pode ser a próxima da
lista dos inimigos de Khomeini.
Na Irlanda,
C. Haughey
no lugar de
Jacklinch
O ministro da Saúde,
Charles Haughey, foi
eleito ontem para suceder
Jack Lynch como primeiro-ministro da Irlanda.
Haughey tomará posse
na próxima semana. Ele
derrotou seu único adversário e rival político de
longa data, o vice-primeiro ministro George CoUey, nas eleições realizadas pelos membros do
partido do govemo — o
Flanna Fail. Haughey recebeu 44 votos e Colley 38
— uma diferença maior
do que se esperava.
As eleições de ontem foram o ponto alto de treze
anos de lutas e manobras
dos grupos de Haughey e
de Colley para conseguir
o posto político supremo
do país. Ambos os lideres
foram candidatos ao posto
de primeiro-minitro em
1966, quando Lynch foi escolhido como o candidato
de compromisso para evitar a cisão no seio do partido. O Fianna Fail —
nome que significa soldados do destino — foi fundado por Eamon de Valera e conta com a maioria na Câmara Baixa do
Parlamento irlandês, de
148 cadeiras. Essa maioria" garante a aprovação
do nome de Haughey para
a chefia do governo.
Haughey e Colley são
adversários e durante
anos manifestaram abertamente suas ambições de
conquistar o posto de primeiro-ministro. Além
disso, nenhum deles fazia
segredo do sua mútua antipatia.
Ambos têm 54 anos, estudaram nji mesma faculdade, em Dublin, e iniciaram sua carreira politica
na mesma época.
Ao pôr do sol, subam aos fato consumado a expulsão
tetos de suas casas e gritem do governador anteriormente
bem alto cAlá é grande» e nomeado para a provincia de
«Abaixo o imperialismo ame- Azetbaijã. da qual Tabriz é
ricano que está comendo o capital, indicando para subsmondo». Essa recomendação titiri-lo o ayatollah Rahmatofoi feita ontem a todos os ira- Ua Moghada, muito popular
manos pelo ayatollah Ruho- entre a minoria turca.
llah Khomeini. Naquele
Essas concessões náo fomesmo minuto, dezenas de
de
capazes,
ram
milhares de seguidores do serenar os ânimosporém,
em Tabriz,
Shariat
MaKazem
ayatollah
onde o ex-primeiro-ministro
dari continuavam a ocupar os
Mehdi Bazargan tentava necidade
da
principais pontos
uma fórmula de
gociar
de Tabriz, perto da fronteira acordo
que
permitisse a desoSocom a Turquia e a União
dos
edifícios públicos
cupação
viética, contestanto a autoride rádio e
das
emissoras
e
dade do govemo central e dida luta
o
agravamento
E
TV.
vidindo praticamente o Irã interna tinha sua
primeira
em dois campos antagônicos.
conseqüência mais séria na
Khomeini foi ontem obricapital do pais, onde o ayatogado a fazer grandes con- llah Montazerin, imã da
cessões a Madari, líder dos oração das sextas-feiras, es15 milhões de iranianos de capou
pouco de um atenlíngua turca e herói também tado. por
foi
Uma
de outras minorias étnicas lançada contra granada
ele, mas não
do pais, em nome das quais chegou a explodir.
pede maior autonomia para
Em meio a esse agravaas províncias e se opõe à
Constituição votada no refe- mento da situação interna,
rendo do início desta semana. restou a Khomeini fazer seu
Madari, que se encontra na segundo apelo em dois dias à
cidade santa de Qom, anun- união de todos os iranianos
ciou a seus seguidores que o para que «esfreguem os narigovemo central se compro- zes dos americanos no pó da
meteu a não tomar qualquer terra». O velho ayatollah resdecisão que afete a região de pondia assim à exortação do
Tabriz sem consultá-lo pre- Conselho de Segurança das
viamente. Além disso, o go- Nações Unidas para que os
vemo de Teerã aceitou como reféns detidos há mais de um
mès na embaixada americana de Teerã sejam libertados. Segundo Khomeini, a resolução é produto de uma
conspiração envolvendo o
Conselho Nacional de Segurança dos EUA, a CIA e a
Savak, a antiga policia politica do xá. Talvez como reflexo das duras declarações
do ayatollah, logo em seguida
os estudantes islâmicos que
mantêm os reféns cativos reiteraram que «todos os cinquenta serão julgados por espionagem». Eles desmentiam, assim, declarações
anteriores do chanceler Sadegh Ghotbzadeh, que prometerá libertar alguns reféns, e
processar apenas os «espiões».
Em Washington, o Departamento de Estado repetiu sua
advertência: «Qualquer julgamento de reféns americanos
será uma questão encarada
como muito grave pelos Estados Unidos». Enquanto isso,
fontes do govemo americano
garantiam que os primeiros
reflexos das pressões econômicas sobre o Irã já se fazem sentir. Esses informantes atribuem a atual divisão
na cúpula iraniana, em
grande parte, às ameaças de
um bloqueio econômico internacional cada vez mais sufocante.
"Lutar até o martírio"
Pela primeira vez, um
dos reféns americanos detidoe há 34 dias na embaixada dos Estados Unidos em
Teerã foi entrevistado pela
televisão. Sua voz, pelo
menos, foi ouvida, já que os
estudantes que controlam
a embaixada não autorizaram o contato direto dos
jornalistas com os reféns. O
cabo fuzileiro naval William
Gallegos, de 21 anos, disse
que os reféns estavam
sendo bem tratados e pediu
que Washington resolvesse
logo a crise. O mesmo
programa transmitido pela
ITV, a televisão comercial
inglesa, na noite da última
quinta-feira, insinuou, pela
segunda vez está semana, a
possibilidade de vários
reféns já não estarem mais
na embaixada. Eles teriam
sido transferidos para
outros locais, em Terã e no
interior do país, para
neutralizar uma eventual
tentativa americana de
resgate por meio de um
ataque â embaixada.
O intérprete do repórter
Julian Manyon, autor da
entrevista, foi uma jovem
integrante do grupo que
ocupou a embaixada. Ela
náo deu seu nome verdadeiro, identificando-se apenas
como «Mary», uma universitária. Bonita, lenço na
cabeça e rosto descoberto,
serena, mas firme e decidida e falando num inglês
fluente, sem hesitações,
«Mary» reiterou que os
reféns seriam mortos caso
a embaixda fosse atacada,
mas, ao mesmo tempo,
confirmou uma importante
mudança na perspectiva de
julgamento dos reféns.
Abaixo seu diálogo com
Julian Manyon:
Pergunta. Você disse que
se a embaixada fosse atacada os reféns seriam mortos.
Você seria capaz de azer
isso?
Resposta Seria
P. Você, pessoalmente,
revólver,
pegaria um
encostaria na cabeça de um
deles e atiraria?
R Atiraria. Para quem
viu metralhadoras de fabrica-ção americana matando
meus irmçaos e minhas
irmãs nas ruas...
P. O que acontecerá se os
americanos nâo devolverem
o xá?
R Os reféns então serão
julgados. O julgamento será
feito por um tribunal
islâmico e a sentença será
cumprida, com base nos
princípios islâmicos.
P. Vocês estão preocupa-
dus com o fato de que esse
longo período de detenção
dos reféns possa provocar
neles danos psicológicos,
isto é, que alguns possam
enloquecer?
R Nas prisões do tempo da
Savak (a policia politica do
xá), dezenas de milhares de
jovens, os mais brilhantes
de nossa juventude, correram perigo e foram torturados. Ninguém se preocupou
com as conseqüências
psicológicas. Eles foram
torturados e todo o mundo
sabe o que aconteceu com
eles naquela época. E
eram os mais jovens, os
mais brilhantes e mais
inteligentes de nosso povo.
É possivel comparar aquela
situação com está?
P. Até onde vocês estão
dispostos a levar essa situação?
R. Estamos dispostos a
lutar até o martírio.
P. O que significa
martírio para vocês?
R. O martírio è um
principio da filosofia islâmica Martírio é o homem
lutar, em nome de seus
objetivos, em nome de
Deus, até a morte. No Islã,
os mártires estão vivos. Um
mártir não morre, não é
nunca destruído. Ele continua para sempre.
Israel teme que Khomeini
"guerra
santa"
exporte sua
SERGE AKIM, de Jerusalém
«Se eles resolverem vir, esteja certo que nós estaremos
prontos para oferecer-lhes
uma recepção à altura». Com
um sorriso irônico nos lábios,
o* alto oficial das Forças Armadas israelenses resume assim o estado de espírito que
prevalece em Jerusalém
diante das notícias, procedentes desde Teerã, de que «núlharesde voluntários iranianos preparam-se para chegar
ao sul do Líbano, a fim de se
unirem à guerrilha palestina
em sua luta contra o inimigo
sionista». Ontem, uma rádio
de Beirute desmentiu tais
notícias, informando que o
govemo de Teerã já dera garantias à chancelaria libanesa de que não haverá envio
de voluntários iranianos ao
país, conforme anunciava o
mullah radical Mohamed
Montazari, no início da semana. Israel, de qualquer
forma, tomou suas precauções.
Na verdade, não interessa
ao governo israelense uma
reescalada de tensões no Sul
do Líbano, o que fatalmente
ocorreria se ali desembarcassem alguns milhares de «enviados de Alá» para ajudar
os Feddayin palestinos em
sta «Guerra de Libertação».
Para os iraelenses, a campanha do Sul do Líbano rendeu escassos dividendos mili-
tares, visto que a guerrilha
palestina não foi aniquilada
nem mesmo «escorraçada»
, como pretendiam muitos
generais hebreus e, sobretudo, a imagem do país acabou sofrendo desgastes consideráveis no plano intemacional, devido aos bombardeios
sistemáticos da região por
sua força aérea e sua artilharia, que produziram o maior
número de vítimas entre as
populações civis, envolvidas
numa guerra que lhes era totalmente estranha.
Na verdade, os militares israelenses não estão levando
muito a sério as garantias
oferecidas ontem por Teerã
ao govemo libanês. Em Jerusalém, teme-se, com efeito,
que os «fanáticos» iranianos
não deixarão passar em
branco — e malgrado as
eventuais tentativas de resistência por parte do govemo de Beirute — a oportunidade de estenderem a sua
«guerra santa» às fronteiras
israelenses. «Tanto pior para
eles», afirma uma fonte oficiai israelense, reconhecendo
todavia que é possível que
«também aos sírios não interesse, ao menos por enquanto, presença tão indesejàvel, capaz de fazer com
que as atenções e as tensões
deixem o Irã e o Golfo Pérsico e voltem a se concentrar
no barril de pólvora que tem
sido o Sul do Líbano».
Segundo essa fonte, aos
olhos de Damasco a presença
de voluntários iranianos, altamente motivados, ao lado dos
combatentes palestinos «poderia dar novos ímpetos à
guerrilha, fazendo-a portanto
cometer desatinos». Que desatinos seriam esses? «Bem,
bombardeios cegos sobre nossas povoações civis, ao norte
do país, missões-suicidas de
terrorismo, desatinadas a
matar civis indefesos», calcuia o informante. «Essa situaçáo, se repetida, forçarnos-ia a adotar medidas extremas de defesa, levando a
guerra ao campo inimigo.
Não se esqueça que os sirios
mantêm tropas no Líbano e
no Sul do Líbano. Uma escalada de violência na região
teria implicações sérias
também para Damasco. Dai
é fácil a qualquer bom analista tirar boas conclusões à
respeito do quadro».
Assim, em princípio a situação do Sul do Líbano
tende a inquietar, mais intensamente, de imediato, as próprias autoridades libanesas a
quem, diga-se jamais interessana a presença dos iranianos ao lado da guerrilha palestina, numa área permanentanente desestabilizada e
sobre a qual Beirute luta por
restabelecer a sua soberania.
PAGINA 9
CAPADO 8 DE DEZEMBRO DE 1979
gEPÜBLfQV
MUNDO
Outra batalha
perdiida do
xá: o livro
de memórias
ENTATIVA DE CONCILIAÇÃO
Com Madari, o filho de Khomeini e o ex-premier Mehdi Bázargan
Ptam
P1ERO BENETA220, do La Repubblica, de Roma
TEERÃ - A radio de Tabriz ocupada. Na cidade
.santa de Qom. violentos emIwte: entre os seguidores dos
'ayatollahs
Khomeini e Sha.'rial Madari — esti! ultimo
contrário à Constituição ratificada pelo plebiscito do inicio tía semana. E, no meio de
. tudo Isso, palavras mais mo' deradas com relação à resoIuçíSo do Conselho de Seguranç-i da ONU que fez um
apelo pela libertação dos
reféns. A justaposição desses
¦ acontecimentos
náo è arbitrai ria. Perdida a unidade da
frente interna, no Irá, tende
a aumentar a disposição para
•negociar.
De fato, anteontem, o mido Exterior. Sadegh
nistro
"Ghotbzadeh..
após 24 horas, I
j rompeu o silêncio oficial a j
respeito da resolução da
ONU. «Ela representa um
passo adiante», declarou ele,
«porque náo contém qualquer
condenação ao Irá». Poucos
minutos antes, o Conselho
Revolucionário — reunido em
Qom — havia recebido o sinal verde de Khomeini: é nn"étssário manter os contatos
com a ONU. Isto significa
.que a mediaçáo do secretario-geral Kurt Waldheim foi
aceita. Ghotbzadeh falou longamente, por telefone, com
Kurt Waldheim, e ontem, em
Teerã, náo se excluia a possibilidade de uma visita do
próprio secretário-geral, diversas vezes oferecida e sem-,t pre recusada.
Mas, aos sinais de dis„tensão da situação em nível
a-internacional, corresponde
- uma dramática tensão na
"política interna
que, iniciada
V no Azerbaijá, acabou atin,.~gindo Qom, a cidade santa e
o centro do poder efetivo,
¦•orsde Khomeini vive cercado
'•
pelos seus ayatollahs. Lá,
^quinta-feira, pela manhã,
\ uma multidão tumultuada
tentou ocupar a casa de Sha',' rial Madari, a segunda autoridade religiosa do país e
, r, líder da potente minoria dos
«azerbaijanos» — eles repre"•
sentam um terço da popu"laçáo.
Há alguns dias, en.
quanto isso, as demons. trações se sucedem em
Tabriz, capital de Azerbaijá,
contra a tele' para protestar
visão — que difundiu uma
,-mensangem falsa de Shariat
Madari, favorável à Consti'tinido — e para pedir a anulaçáo da mesma Constituição.
',. 0 referendo sobre a Consti-a
tiáção, na verdade, revelou
vulnerabilidade da revolução
khemeinista. Houve um elevado índice de abstenção, que
pôs a vista um país dividido
e perturbado. O governo não
divulga a porcentagem dos
eleitores qivs náo compareceram às umas. Mas eles seriam cerca de 5(Fr, segundo
se diz — e a irritação dos
khomeinistas é evidente. Não
se sabe com precisão cemo
se desenrolaram os fatos na
casa de Shariat Madari. Sabe-se somente que houve tiros, e que duas pessoas morreram, entre elas um dos
guardas armados que cuidavam da segurança do velho
ayaidlah.
À residência de Shariat
Madari — situada a poucas
centenas de metros da casa
na qual mora Khomeini — se
chega através de uma viela
estreita, que pode ser fácilmente defendida. Isso permitiu que o ataque dos khomeinistas fosse rechaçado. Mas o
episódio serviu para aumentar ainda mais o nível de
tensão, e no Azarbaijã as demonstrações e os protestos
foram intensificados. Desde
anteontem, os manifestantes
ocupam a sede da rádio e televisáo de Tabriz, de onde
transmitem continuamente
sSogans contrários à Consti-
tuiçSo, exigindo que Ghotbzadeh seja processado (formalmente, ele continua ocupando
o cargo de diretor da rádio e
da televisão iraniana — portanto, seria o responsável
pela transmissão da falsa
mensagem de Madari i.
Os apelos conjuntos dc
Khomeini e Shariat Madari
provavelmente serviram para
evitar lutas e manifestações
ainda mais duras e violentas.
Mas náo para impedir que os
protestos diminuíssem, ou assumissem dimensões mais
controláveis. Para as manifestações no Azerbaijá confluem diversos elementos.
Existe uma componente tribal — a fidelidade ao próprio
ayatollah Shariat Madari —,
mas existe também um forte
elemento leigo e socialista.
De fato, a região — em 1908
e em 1945 — tentou, sem conseguir, se tomar uma república socialista. E foi
também um dos elementos
mais importantes para a
aprovação da Constituição de
1906, que o xá nunca quis
aplicar, e que o ayatollah
Shariat Madari — inclusive
recentemente — sempre dcfendeu. Náo é de estranhar,
assim, que do Azerbaijá se
origine a mais forte contra-o
fensiva à marcha da revoluçáo khomeinista.
O xá Mohammed Reza
Pahlevi, durante seu exilio no México, escreveu
um livro de memórias no
qual, entre outras coisas,
ataca o governo americano — segundo ele, o
grande responsável pela
queda de seu regime.
Agora sem ter para onde
ir, dependendo da gênerosidade de Washington —
que lhe concedeu um visto
temporário de entrada nos
EUA - Reza Pahlevi
tenta desesperadamente
impedir a publlcaçilo de
seu livro, Resposta a
Histeria, em preparação
pela editora Albin Michel
de Paris.
Mas os esforços do xô
estão se revelando inúteis: partes de suas
memórias jâ começam a
er publicadas pela imprensa mundial. Ontem, o
semanário britânico NOW
divulgou um primeiro
capitulo, e amanha jornais de várias capitais iniciam a publicação do
livro em séries. O capítulo
publicado por NOW revela
que, cm janeiro deste ano,
o general Robert Hayser
subcomandante da
Aviação Militar americana na Europa, esteve
em Teerá para persuadir
os militares iranianos a
náo fazerem nada no caso
de golpe contra o monarca. Sobre o ayatollah
Khomeini, por outro lado,
diz Pahlevi: «Esse líder
religioso já causava problemas há muito tempo e,
embora fosse praticamente desconhecido, estava por trás dos distúrbios, pilhagens e incêndios
que ocorreram em 1963,
por ocasiáo da imposiçáo
da reforma agrária».
EUA X IRÃ (11)
Carter define sua estratégia
Ela será gradual. Não com medidas militares, mas econômicas
RODOLFO BRANCOLI, do La RepubbUca, de Roma
NOVA YORK - A Europa
está cm vias de ser envolvida
pela crise iranlHnn: os Estados Unidos - lhe deveráo pedir
uma .solidariedade que nflo
permaneça mais apenas no
plano verbal. O presidente
Jimmy Carter anunciou, em
uma conversa com membros
do Congresso americano, na
quarta-feira à noite, que pretende começar a dar «uma
volta diária no parafuso» —
isto é, aumentar o ritmo de
suas pressões sobre o Irá. SÈ
decidiu enviar o secretário de
Estado Cyrus Vance a quatro
capitais européias — Londrcs, Paris, Bonn e Roma —
para discutir a adoçáo de
medidas coordenadas de estrangulamento econômico.
Estas medidas cobrem uma
ampla gama de possibilidades, desde as mais brandas
até às mais extremas, numa
escalada gradativa que.— dizem — poderá ter a duraçáo
de semanas.
Esta atitude tem, antes de
mais nada, uma evidente finalidade psicológica. Ela pretende mostrar aos iranianos
que nflo existe falta de
opções, nem de vontade para
lançar máo dessas opçóes,
nern de paciência para esperar pelos seus futuros resultados. E a primeira esperança
é de que esta ameaça, formulada num momento em que
de Teerá chegam indícios de
uma nova disposição para negociar, e indicações de desavenças no seio do Conselho
Revolucionário, ajude iniciativa diplomática que deverá
ser desencadeada pelo secretàrio-geral das Nações
Unidas, Kurt Waldheim. Ao
mesmo tempo, se os EUA
anunciam uma gama de medidas econômicas que, para
provocar resultados, exigem
um certo periodo de tempo,
implicitamente afastam a
ameaça imediata de uma Inmilitar. Mas se,
tervençdo
como a cúpula americana parece acreditar, a situaçáo de
estagnação está destinada a
Drolongar-se e os progressos
, deverão . ser lentíssimos, os
países industrializados se encontraráo diante de opções
que, para eles, nflo serflo indolores. A decisflo amadureceu
entre terça e quarta-feira úlUmas, após profundo exame
da situaçáo iraniana, realizada no mais elevado nivel,
onde se levou em consideraçáo inclusive a votaçáo das
NaçOes Unidas que pediu a liberíaçáo dos reféns e as conseqüências do referendo realizado no Irá para ratificar
anova Constituiçáo — fato
que, segundo muitos, está
justamente na origem da
crise. Os americanos consideraram encorajadora a conclusáo do debate da ONU. E
partir disso optou-se pelo total apoio à iniciativa de Kurt
Waldheim, o que supõe uma
série de medidas a serem desenvolvidas no decorrer do
corrente mes.
Estas medidas, segundo
declarou um porta-voz do Departamento de Estado, tém
um caráter «náo militar». O
uso da forca fica confinado â
possibilidade de ser
ameaçada a integridade dos
reféns ou à exaustáo de toda
e qualquer outra opçáo. Uma
irvlicaçáo mais precisa das
diretrizes ao longo das quais
a adminsitraçáo decidiu movimentar-se nas próximas
semanas veio porém no encontro de quarta-feira, quando
Carter recebeu uma centena
de deputados de ambos os
var que apenas a presença
partidos. Nesta reunião, todo
das naves de guerra ao largo
frentes
dado
bs
foi
enfoque
das costas iranianas já proeconômica o diplomática,
virou um aumento de MXW
«uma
série
de
a
alusões
com
nos seguros sobre transportes
medidas secretas» já em funos
deputados
por via marítima, tomando
cionamento que
— obrigados ao si&ilo — conproibitivo o custo das mercadorias. Enfim, náo se exclui
muito
sideraram
promissoa possibilidade de sc chegar
ras. O que significa a «volta
a apresentar ao Conselho dc
Carno
diária
parafuso» que
Segurança da ONU uma proter prometeu? Significa que
aplicar
de
decisão
posta para aplicar sanções
se tomou a
econômicas generalizadas,
uma pressão progressiva socomo as que ainda se enconbre a economia iraniana,
tram em vigor em relaçáo á
através de uma série de meRodéaia.
didas que, para serem realQualquer uma destas
mente eficientes, náo podem
ações, que sáo dadas como
ser adotadas unicamente peexemplas, pressupõe um elelos Estados Unidos, ou nao
vado nível de cooperaçáo por
podem ser adotadas pelos
parte dos países europeus e
EUA sem o consenso dos
do Japáo, e uma disposição
principais países aliados.
da parte destes paises no senOra, esses paises sao
tido de pagarem as consetambém os maiores paises in—
aqueles
quências de uma guerra
dustrializados
que
econômica que, evidenteimportam petróleo e mantêm
mente, náo deixará de ter
significativo
intercâmbio
um
atos de retribuição. Uma
com o Irá. Aqueles que possuem investimentos de
parte da imprensa americana, nos últimos dias, oitibilhões de dólares no territócou o comportamento dos
rio iraniano, e cujo sistema
aliados europeus em relaçáo
bancário, com relaçáo ao Irá,
a crise iraniana, consideradoi
está exposto a cifras que
confipusilânime e egoísta,
também chegam aos bilhões
nado as expressões verbais
de dólares.
de solidariedade. O Departa-
mento de Estado fez de tudo
As medidas que estariam
sendo estudadas váo desde
para corrigir esta opinião,
louvando os europeus pela ,
um boicote generalizado dos
vôos iranianos, com um fe- sua cooperação, principalchamento das escalas, à sus- j mente no sentido de. manter
pensão do fornecimento de i abertos os seus canais de co- .
rnunicaçáo com o governo
peças de reposiçáo, da renúniraniano. Mas o fato, por
cia de adquirir o petróleo iraniano (como os Estados Uni- exemplo, de que o Japáo se
tenha precipitado sobre o
dos já estáo fazendo) à supensão das vendas de mercado livre para assegurar
produtos agrícolas. Além o petróleo iraniano que os Esa
tados Unidos recusam-se
disto, existe também a hipónáo
foi
certamente
adquirir,
e,
naval
tese de um bloqueio
neste contexto, deve-se obser- visto com muito entusiasmo.
^^^K^^^IuKrXB
sabesp
CONCORRÊNCIA SABESP 139/79
SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
DEITAPECERICADA SERRA
CONCORRÊNCIA SABESP 139/79
DE AÇO
ASSENTAMENTO DE TUBULAÇÃO
COM 0 500 MM - ADUTORA DE RECALQUE R2-R1
empròMi
A Companhia do Saneamento Básico rio Enatio <lo Sáo Paulo SABESP convida
tias obras de as
(onslruton» a participaram da Concorrência SABESP 13!) 7B para a meei cio
Itapece
H2-R1
om
nu
recalque
mm,
telocenie
â
adutora
aco
bOO
t
scmáménto de iubulaçtó de
rfcã da liturit. assim distribuídas:
•
a
12:
O
0.00
rroctip-iistac»
. Lote 1
Adutora do Recalque R2-R1
¦ OOó Í.45 • 10.00
Adutora do ítokiuu H2-R1 - Trécho-oslaca 123
Lotu 2
O tirara para owcuçJo das obras ó (te 300 Itroíonlosl (lias consecufvos.
de ConcorTE.ic.as da SABESP. na
As IXWJOSUS Mão metxte no Auditório do Departamento 11.00
lona,] Horas rio dia 27 do deRtoTffitoM Manoel 7SS 6» arriar. nesta Capitai as
iembrá.de 1979
empresas para participaNáo serão admitidos Consórcios, ou qualquer tipo do agrupamento du
çáo nesta concorrência.
dividiAs cond.côcs que regulamentam esta Licitação estão dipostas no Edilal de Concorrência
cíoí em 5 (cinco) Copítuíos a saber:
Capitulo I - Regulamentação da Concorrência
Disposições Contratuais
Capitulo li
Capitulo III - Modelo de Proposta
Cauílulo IV - Especificações Técnicas
Preços
Capitulo V • Orçamento SABESP ê Regulamentação de
d.i SABES^nlie
O Edital de Concorrllncia serã fornecido neio Departamento do Concorrência
/.UUU.UU
ntrliaaOe 12 7'le 14-12/79 niorjlámoapresontaçaodotacbodepagamenlodeu> 766-1 /'
Manoel.
Rua
Pad.e
João
•--¦o mil criaturas), efetuados na Tesouraria d.i SABESP. na
Sâo Pauto dezembro tia 1979
A DIRETORIA
Governo do Estado
Paulo
São Paulo, de.Sâo
jr . .vida
Secretaria de Obras e do
nova Meio Ambiente
T4/mmmf
Companhia de Saneamento
Basirr. <Jn Estado de Sãb Paulo
A busca de
um lugar
para Pahlevi
Urna possibilidade: as
gelliras da Islândia. Outra: a solidão de Tonga,
um país do Pacífico Sul.
Sáo opções que desde ontem se abriram para o
ex-xá Reza Pahlevi — os
governos de ambos os paises ofereceram-se para
acolher o destronado mona rea do Irá. Esta inforinação foi divulgada em
Washington, por uma
fonte do Departamento de
Estado. A mesma fonte
revelou que prosseguem
os esforços americanos
para encontrar um país
que hospede Pahievi.
Ainda ontem, os colunis.tas americanos Rowland
Evans e Robert Novak divtJgaram que negociações
secretas estariam sendo
(k^envolvidas entre EUA
e Argentina, no sentido de
que este pais recebesse o
ex-xá. Em Buenos Aires,
porém, a informação foi
desmentida categóricamente.
sabesp
CONCORRÊNCIA SABESP 138/79
METROPOLITANO - SAM NORTE
ADUTOR
SISTEMA
COM
«100
AÇO
DE
TUBULAÇÃO
ASSENTAMENTO DE
- I TRECHO
BRANCA
ÁGUA
ADUTORA GUARAÚ
VILA BRASILÂNDIA
P^°„ SA9ESF'convida
A Companhia de Saneamento Básico dp Estado de Sâo
SABESP 13^9, para a
empresas construtoras a participarem da Concorrência aço
oe tubulação do
0 100 . referente a
Execução das obras do assentamento
numa extensão de
BrasiISndia.
I
Vila
Trecho
Água Branca
Adutora Gua.aú
1.468 metros.
e vinte) dias
0 prazo total par,! execução tias obras é do 420 (quatrocentos
consecutivos.
di.
As propostas serão recebidas no Auditório do Departamento de Concorrência!
755 - 6» andar, nesta Capital, às 09:00
SABESP na Rua Padre João Manoel,
1979.
(nove) horas do dia 27 de dezembro de
de ernpiesas
Não serão admitidos Consórcios, ou qualquer tipo de agrupamento
para participação nesta concorrência.
dipostas no Edilal de ConAs condições que regulamentam esta Licitação estão
coirdnci i divididos em 5 (cinco) Capítulos a saber:
Capitulo I - Regulamentação da Concorrência'
Capitulo II - DsposiçÕK Contratuais
Capitulo III - Modeio do Proposta
Capítulo IV - Especificações Técnicas
Capítulo V - Orçamento SABESP e Regulamentação de Preços
tle Qjncwréncjas da
de Concorrência será forwodo pelo Departamento
fi Editei seta "radiai
06/12/79 a 14/12.^79, mediante apresentação do recibo de
SABESP1£
Tesouraria da SAna
efetuados
«namento de CrS 7.000.00 (sete mil cruzeiros),
- 17» andar.
BESP. na Rua Padre Joào Manoel. 755
São Paulo. dezemt)-o de 1979
A DIRETORIA
Governo do Estado
qãn Paulo de São Paulo
Obras e do
.vWaVSSa
S^-a*
Meie Ambiente
Companhia de Saneamento
Básico do Estado de Sào Paulo
O Festival 79 da Música Popular tem
provocado vaias, aplausos, críticas, elogios,
contestações. Nunca indiferença
São todas essas coisas juntas que fazem com
que um Festival de Música seja democrático,
r~\ i
1
Tropular, apaixonante. Por isso não perca
Las
LJ
8,
dia
a finalissima, neste sábado,
9 da noite. Nem que seja para ficar contra
9 da noite.
i^unmnmn
1 V T'.
SÁBADO 8 DE DEZEMBRO DE 1979
—REPUBLÍQ^-
PÁGINA 10
KCONOMIA/TRABAl.HADORHS
0 SETOR ELETROELETRÔNICO EM 79
Produção de USS 5,5 bilhões
De novo, um crescimento de 10% nas vendas e na produção
VICENTE DIANEZ1 FILHO
O presidente da Associaçáo Brasileira da Industria Elétrica e Eletrônica
(Abinee), Manoel da Costa
• Santos, ainda nao sabe quem
apoiar nas eleições de principios de abril, que deverão renovar a direção da entidade.
«Tanto Magalhães como Firmino — disse ele — sáo pessoas íntegras, empresários
bem-sucedidos e dignos. Mas
náo conheço os seus programas.» Costa Santos referia-se
a Eduardo Carlos Pereira de
Magalháes, da Eletroparts, e
Firmino Rocha Freitas, da
Bravox, os dois candidatos à
sucessáo presidencial da Abinee. E continuou. «Tenho certeza que a disputa será sadia
em relaçáo a qual manterei
uma posiçáo neutra.»
Manoel da Costa Santos
revelou sua posiçáo sobre as
próximas eleições da entidade durante o almoço anual
promovido por ele ontem, no
Clube Paulistano. Mas náo
confessou sua neutralidade
quanto a outro assunto: a sucessflo da Federação das
Indústrias do Estado de Sáo
Paulo, com eleições marcadas
para agosto. «Convoquei o
conselho da Abinee para tomarmos uma posiçáo. Mas a
maioria considerou que era
muito cedo», afirmou Costa
Santos, sem revelar entretanto sua queda para um dos
candidatos: o veterano Theobaldo de Nigris ou o jovem
®m&
No Rio
O mercado fechou praticamente estável, com o indice
recuando apenas 0,2% face ao bom comportamento das
blue-chips, que valorizaram, em média, 1,7%, enquanto as
ações de segunda linha caíram 1,1%. O volume de negocios, por outro lado, teve queda de 40,7% em relação ao
pregão anterior, ao atingir 140,5 milhões de cruzeiros. As
maiores altas do mercado foram: Vigprelli OP (9,0%),
Banco Comércio e Indústria de Sáo Paulo ON (8,3rf), Atma
PP (8,lrf) Brasiljuta PP (5,3%) e Anderson Clayton OP
(5,1%)'. As maiores baixas: Eluma-direitos (23,0%), Banco
Juliáo Arroyo ON (13,3%), Real de Investimentos PN e ON
(12,l%i e Telerj ON (11,5%). As mais negociadas: Vale do
Rio Doce PP (8,4rf), Vidraria Santa Marina OP (7,1%),
Petrobrás PP (6,2% i. Santa Constância PP (6,1%) e Banco
do Brasil PP (5,6%'.
Luiz Eulálio Bueno Vidigal
Filho. «Náo estarei mais à
frente da Abinee para definir
o voto de nosso sindicato.
Posso apenas garantir que
continuarei ligado à vida associativa do empresariado.»
Depois de quize anos à
frente da Abinee, Costa Santos presidiu ontem talvez o
último almoço anual da entidade. E, como sempre, anunciou os resultados de crescimento do setor eletroeletrônico: 10% de aumento na
produçáo e nas vendas em
1979. Ou seja, o mesmo índice
de crescimento de 1978 em
relaçáo ao ano anterior, apesar de 1979 ter sido, como
lembrou o próprio Costa Santos, um ano de mudança de
govemo, com problemas de
energia, agravamento do panorama político e econômico
internacional, variações substanciais na orientação politica e econômica brasileira e
marcado por freqüentes greves trabalhistas.
Os 10% de crescimento,
porém, permitiram que a
produçáo do setor, hoje, seja
avaliada em cerca de 5,5
bilhões de dólares com uma
força de trabalho de 230 mil
pessoas. Costa Santos lembrou lambem que esse índice
é global, náo eliminando assim dificuldades pelas quais
passaram subsetores da
industria, como a queda de
20% nas vendas de disjuntores de media e alta tensão e
de 15% de transformadores
de força. Além disso, as máquinas de corrente contínua
registraram diminuição de
30% enquanto caíram em
35% as vendas de retificadores industriais.
Em contrapartida, cresceram em 15% as vendas dos
aparelhos eletrônicos domesticos, em 12% as de componentes eletrônicos e em 20%
as de equipamento de força
para telecomunicações — só
para citar alguns exemplos.
Mas, queixou-se Costa Santos:
«Os resultados obtidos foram
em meio a um elenco de problemas de abastecimento de
matérias-primas, de altos
custos financeiros, de falta de
recursos para. o capital de
giro, principalmente para a
pequena e média empresas e
de ausência de definiçáo de
mercados».
lil
O mercado de Letras do
Letras do Tesouro Nacional.
Tesouro Nacional apresentou-se pouco movimentado, com
tendência compradora para papéis com vencimento em
janeiro de 80 cotados a 26,10% e 26,30% e os de vencimentos em fevereiro cotados entre 25,80% e 25,30%
Financiamentos. Os financiamentos por um dia em
Letras do Tesouro Nacional estiveram ligeiramente pressionados durante todo o periodo abrindo a 26,40% ao ano,
Subindo até níveis de 37,20% e declinando para fechar a
33,60% ao ano. Média de negócios a 30,60%.
Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional. O mercado apresentou-se movimentado para papéis de cinco anos de
prazo e 8% de juros com vencimento no segundo semestre
de 84 cotados a 115,00% para compra e 116,00% para
venda, e os papéis de dois anos de prazo e 6% de juros
com vencimento no primeiro semestre de 81 cotados a
114,00% para compra e 114,30% para a venda.
Financiamentos. Os financiamentos em obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional apresentaram-se ligeiramente pressionados durante todo o periodo abrindo a
29,40% subindo até níveis de 35,00% e declinando para
fechar a 21,60% . Média de negócios a 27,60% ao ano.
Em São Paulo
O IBV apresentou, na média, baixa de 2,9%, mas fechou
em alta de 0,3%. O volume de negócios cresceu 3,4% em
comparação à véspera, atingindo 548,7 milhões de cruzeicruzeiros) corres' ros. Desse total, 70,8% (388,5 milhões de
Das ações
futuro.
a
mercado
do
negócios
aos
ponderam
que compõem o índice, quatro estiveram em alta, dezenove
em baixa, duas estáveis e sete não foram negociadas. As
quatro ações que subiram foram: Docas de Santos OP
(0,82%), Nova América OP (0,75%), Café Solúvel Brasília
PP (0 74%), e Moinho Fluminense OP (0,38%) As que mais
baixaram: Brahma OP e PP (7,65%), Petrobrás ON e PP
(7,44% e 6,37%) e Vale do Rio Doce PP (5,39%). As mais
negociadas: Banco do Brasil PP e ON (27,25% e 12,81%,
Petrobrás PP (13,24%), Dohller PP (9,61%) e Vale do Rio
DocePP (5,95%).
flliHHi llii ti mUl kJ b i í í %j ü i jL--^ BIl^Sí!
Rfl£ i | 1 1 fe MK \ H I I \* rf I \« pW|
O que fica
depois da
tortura
O pacotão
natalino
de Delfim
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Aos presos
comuns,
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Tempestade
diplomática
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Desemprego
menor, mas
inflação
em alta
Pelo segundo mès consccutlvo, a taxa de desemprego recuou nos EUA
em novembro, passando
de 6% para 5,8%, num
claro indicio de que a economia norte-americana
experimenta maior firmeza do que a maioria
dos especialistas costuma
admitir. Segundo o Departamento do Trabalho, o
número total de empregos
aumentou em 350 mil no
mês, e o número de desempregados se reduziu
em 140 mil. Os dados foram recebidos com euforia pela Casa Branca,
que, na véspera, tivera
uma surpresa
desagradável, com a alta
de 1,3%, também em novembro, para o índice de
preços ao consumidor,
com uma taxa acumulada, em doze meses, de
12,8%. A nova elevaçáo
nos Índices se deveu a
uma disparada nos preços
dos alimentos, que tiveram a maior alta1 de
preços desde 1974, possivelmente por reflexos do
mercado mundial: com a
frustração das safras de
cereais da Uniáo Soviética, as cotações internacionais entraram em alta.
£ (pve DiA-
V& SV$P€h)(te(l
fi cpepAçcèS
Càreve pode deixar
Baixada sem pão
Já não há farinha para entrega
CARLOS MAURI ALEXANDRINO, de Santos
O Japão
especula
no mercado
de petróleo
A compra e petróleo
iraniano pelo Japáo, a 40
dólares (130,80 cruzeiros)
por barril, no mercado de
pronta entrega (Spot),
pode provocar uma tempestade de criticas internacionais sobre a política
japonesa de comercialização do produto, segundo
se insinua em Tóquio. As
sete grande empresas de
comercialização e companhias petrolíferas japonesas compraram no mercado de entrega imediata
o petróleo que fazia parte
dos 31 milhões de barris
destinados aos Estados
Unidos, antes do bloqueio
determinado por Teerá.
Os mesmos informantes
acrescentaram que o
Japáo planeja vender 6
milhões de barris de
petróleo bruto iraniano a
Europa, Cingapura e outrás áreas do Sudeste
Asiático, isto ê, comprou-os com fins especulativos.
Por outro lado, a Federação de Petróleo do
Japáo informou que seu
presidente, Tokie Nagayama, partirá segunda-feira para .o México a fim
de assinar um contrato
formal a longo prazo para
a importaçáo de petróleo
mexicano.
VW pretende
importar
carros
argentinos
O ministro da Fazenda,
Karlos Rischbieter, confirmou que em sua viagem
à Argentina, a partir do
dia 22, negociará com o
govemo daquele pais um
contrato de reciprocidade
que permite a exportaçáo
de carros da marca
Volkswagen fabricados no
"Brasil. A legislaçáo argentina permite a importaçáo, desde que seja feita
de um país que também
aceite a entrada de carros
lá produzidos. O govemo
brasileiro, porém, não
permite a importaçáo de
carros. O assunto foi discutido com o presidente
da Volkswagen do Brasil,
Wolfgang Sauer, em reuniáo no Ministério da Fazenda. O pedido feito por
Wfolfgang Sauer ao ministro
da Fazenda tem ligação
direta com a recente aquisição da subsidiária argentina da Chrysler pela
Volkswagen alemã. Enquanto a fábrica da VW
— Chrysler estiver sendo
reformada, a emprensa se
limitará à montagem de
carros desmontados, que
seráo importados de um
dos países onde a
Volkswagen tiver subsidiária.
Já não há como evitar a
falta de pão na Baixada Santista: ontem, esgotaram-se os
estoques de farinha de trigo,
o fornecimento foi suspenso,
e náo há perspectiva de normalizaçáo antes do fim da
greve dos trabalhadores nos
rnoínhos da regiáo, que hoje
completa seu sétimo dia. Os
1.500 «trigueiros» voltaram a
firmar posiçáo, na assembléia geral da manhã de
ontem, de náo retomarem ao
trabalho sem os pretendidos
70% de aumento, enquanto os
patrões recusam-se a ampliar
sua proposta de 67%. A
greve, reconheciam ambas as
partes, chegou em um impasse insuperável pela via da
negociação.
A produçáo de pães especiais já havia sido suspensa
durante a semana, para que
as padarias pudessem atender a demanda de pâo
francês, mas ontem a tarde o
sindicato dos panificadores
confirmava que a produçáo
estará suspensa hoje, pois
náo há como conseguir a farinha. «Muitas padarias» —
informou um dos diretores do
sindicato —«vão fechar suas
portas e dar folga aos empregados, pois a populaçáo podera entender errado o problema, e pensar que as panificadoras estáo sonegando o
produto».
O presidente do Sindicato
dos Trabalhadores do Trigo,
Bemabé Manoel Riesco, considerou «um absurdo, uma
agressão deslavada e sem
justificativa», a resposta dos
patrões aos entendimentos
tentados pelo presidente do
Tribunal Regional do Trabalho, Nelson Virgílio do Nascimento: «Ele entendeu como
justa a nossa reivindicação e,
para efeito de negociação,
até conseguiu que a reduzíssemos em 1% mas os patrões
náo apenas discordaram do
ponto de vista do juiz,, como
ainda tripudiaram, oferecendo apenas 67% e nada
mais, mantendo a intransigência que levou a greve ao
estado atual».
A questão vai a julgamento
na terça-feira, o que significa
que a populaçáo da Baixada
Santistá e mais os dois
milhões e meio de turistas
aguardados neste fim de semana, ficarão sem páo. A
crise no abastecimento deverá estender-se ainda até o
final da próxima semana, segundo as previsões, mesmo
supondo o retorno ao trabalho
na quarta-feira. É que, seguido explicam os panificadores, os pedidos de farinha
estáo com um atraso de vinte
dias e, mesmo com o reinicio
do trabalho, o fornecimento
demorará a voltar aos níveis
normais. Acreditam, entretanto, que a produçáo de
pães poderá ser reativada,
ainda que precariamente, até
o dia 14.
'pIBÚNÀ
Fábrica pára
uma hora: é
a resposta
ao desconto
Cerca de 2500 operários
da Ford, da seção de usinagem e da fábrica de eixos. paralisaram ontem
as máquinas durante uma
hora.
Foi a segunda paralisaçáo verificada esta semana em fábrica de Sáo
Bejrnardo, motivada pelo
desconto da primeira parcela da segunda metade
dos dias relativos à greve
de março deste ano.i Ontem. o Sindicato dos Metolürgicos recebeu urh oficio do Sindicato dos Fabricantes de Veículos
Automotores, comunicando que aqueles dias
seráo realmente descontados.
A primeira paralisação
foi quarta-feira, na seção
de ferramentaria da TRW
Gemmer, fábrica de auto-peças, quando os cem
operários do setor receberam seus hoHerits com Io
desconto. Lula. o pre$idente do sindicato, disse'
ontem que náo procurará
as empresas para discutir
o problema: «Elas estáo
com a cópia do acordo na
mão e sabem que têm de
entrar em contato com o
sindicato. O próprio
acordo define que precisa
ser feito um novo acordo
entre as partes antes de
qualquer atitude de desconter ou determinaria
reposição dos dias parados».
LIVRE
O que o governo teme ?
BENEDITO MARCÍLIO •
Os últimos reajustes, estabelecidos por força da
nova política salarial —
cujo mecanismo de funcionamento encobre a intenção
de arrochar novamente o
movimento sindical e os
trabalhadores —, já foram
praticamente engolidos pelo
custo de vida. Só o último
aumento brutal da gasolina
foi responsável pela metade da defasagem num
reajuste que ainda náo entrou no bolso do trabalhador (seu pagamento deverá
iniciar-se na próxima segunda-feira).
Mesmo que os trabalhadores venham a receber mais
alguma coisa sobre esses
reajustes, por conte da produtividade nacional (o sr.
Delfim Netto falou em
fixá-la em 4%), a situaçáo
náo se alterará. A rigor,
diríamos que esses reajustes, concedidos em doses
pequenas, como se fossem
remediozinhos para resfriado, enquanto os preços
crescem em ritmo maior,
jamais conseguiráo encurtar a distância entre o custo
de vida e os salários. Principalmente nesta nova fase
do pais, quando essa distância se tomou mais dilatada.
O que se vislumbra, na
verdade, é um beco sem
saída para o govemo. Beco
resultante de um longo
período de autoritarismo e
de uma política sócio-econômica totalmente errada,
implantada para rtender a
;
uma minoria privilegiada,
em detrimento da grande
massa de assalariados. E,
ainda assim, só foi possível
aplicar essa política numa
época em que o governo
usava a força bruta, sufocando as liberdades. Hoje,
nesta pseuda democracia,
todos nós pagamos o preço
desse desatino, de uma
irresponsabilidade fomentada na mesquinhez dos poderosos. E podemos confiar
em soluções de emergência,
nas medidas de «apertar o
cinto» que o governo anuncia e como a saída para a
crise? É difícil, porque conhecemos os antecedentes
dos que estáo, hoje, no comando da política econômica brasileira: foram os
mesmos que não tiveram
escrúpulos em distorcer a
realidade, substimar dados,
com vistas a esse falso progresso pelo qual estamos
pagando bem caro.
A situaçáo é grave e as
tentativas de contorná-la
conduzem o governo ao ridículo. Como agora, na visita
do presidente Figueiredo a
Sáo Paulo: com receio de
enfrentar o descontentamento do povo, ele apelou
para um esquema repressivo com' todas as características da mobilização
policial do tempo da ditedura. O mesmo aparato,
através do qual as pessoas
eram seqüestradas, presas
ilegalmente e torturadas,
voltou a funcionar neste
episódio. E o ridículo disso,
o lance tragicômico, foi a
detençáo do economista do
DIEESE, Valter Barelli.
Qual o perigo que repre sentaria à integridade fisíca do
sr. João Figueiredo, o conheádo economista? Barelli
maneja números, dados e
estatísticas — eis as armas
com as quais costuma provar os desacertos do govemo. Temeria o governo
as suas estatísticas e numeros e, por isso, teria determinado sua prisão?
Está claro que foi uma
apelação de quem se encontra, realmente, no beco sem
saída. Mas essas medidas
policiais, como facilmente
se deduz, náo conterão o
descontentamento popular.
Ao contrário, serão mais
um fator do seu agravamento. que servirá táo-somente para desnudar a
feiçáo do regime político.
Só medidas de caráter sociai, Voltadas para os reais
problemas do povo, solucionanam a grave crise em
que o país se encontra. E
estas, atè agora, foram
descartadas do plano imaginado para deter os agentes
dessa crise: só se fala em
providências econômicas
que possam garantir os privilegios da minoria dominante.
* Benedito MarciBo é depu(ado federal e presidente do
Sindicato dos Metalúrgicos
de Santo André, Mauá, Ribeirdo Pires e Rio Grande
da Serra.
/
¦¦>*
X
PÁGINA II
SÁBADO H DB DEZEMBRO DH 1979
REPÜBIiQ^
BRASIL
JOÁO PAULO II
Dia
e julho de
Di
ü$ '
: © papa no
*
;.. t.
A visite foi confirmada, ontem, pelo Vaticano e deverá ser iniciada por Fortaleza, segundo a CNBB
RICARDO CARVALHO
«É desejo do papa o encontro direto com o
iknío povo, representado pelos grupos mais
significativos: operários, lavradores, pescadoixw, indígenas e estudantes», afirmou ontem o
secretário-geral da CNBB, dom Luciano
Mendes de Almeida, ao tomar conhecimento
de que o Vaticano havia confirmado oficialmente a vinda do papa João Paulo II ao
Brasil. De acordo com o programa que está
sendo elaborado pela Nunciatura Apostólica e
pela CNBB, Joáo Paulo II inicia sua visita ao
país por Fortaleza, onde chega dia 20 de julho
do ano que vem, para o encerramento do
Congresso Eucaristico Nacional.
Dom Luciano explicou que o papa nâo pode
se ausentar muito tempo de Roma e que isto
está dificultando a organização da visita, por
causa das dimensões do Brasil. Mesmo assim,
João Paulo II nâo deixará de ir às principais
capitais e já está quase certa sua ida para
Aparecida do Norte, inaugurando oficialmente
a basílica.
E como não poderia deixar de ser, já se
começa a especular sobre o conteúdo dos
discursos do papa em sua visita ao Brasil. Se
ele repetir a dose de quando da sua visita ao
Máxico. em janeiro deste ano, os conservadores que se preparem, porque João Paulo II
abordará, com firmeza, questões sociais
agudas do continente latino-americano, como
terra, índios, operários, como foi acentuado
pelo secretário-geral da CNBB.
Dom Luciano adiantou, inclusive, que,
como na abertura da Conferência Episcopal
de Puebla, México, o papa trará em sua
mensagem «uma afirmação forte em favor
da dignidade da pessoa humana e das transformações necessárias para que essa dignidade seja respeitada e promovida no nosso
continente».
«! A CNBB, aliás, deverá fornecer brevemente os subsídios que, certamente, nortearão os
discursos do papa, pois, a Nunciatura já encomendou à entidade um relatório preciso sobre
os principais problemas brasileiros e sua
opinião sobre essas questões. E sabe-se que a
CNBB, nesses últimos anos, nào tem tido
opiniões muito conciliatórias sobre problemas
candentes, como a questáo das terras. No
México, não custa lembrar, o papa defendeu a
importância da transformação da terra em
«hipoteca social», o que foi entendido por
alguns como uma defesa clara e aberta da
reforma agrária.
t É lógico que o papa tratará também dos
problemas da fé,, pois como salientou dom
Luciano, a visita de João Paulo II «é um
convite para as comunidades cristãs busca-
rem mais intensamente o compromisso de sua
fé na traasformação da nossa pátria nos valores de fraternidade, de Justiça e de Paz».
Mas nâo restam muitas duvidas de que,
orientado por relatórios elaborados pela
CNBB e «entrando em contato com esses
bolsões de problemas graves do Terceiro
Mundo», como afirmou ontem dom Avelar
Brandão, primaz do Brasil, em entrevista
exclusiva ao JORNAL DA REPÚBLICA, João
ttiulo II nâo deixará de fazer denúncias da
exploração do homem pelo homem, sem
deixar de criticar o comunismo, como fez em
ocasiões anteriores.
Mas dom Avelar avisa que os pronunciamentos do papa «não poderão ser usados
como apoio a este ou aquele grupo, nem ao
regime vigente ou a outros modelos». Para
dom Avelar, João Paulo II «vai transmitir a
substância da mensagem cristã, partindo do
Cristo para o homem, sua justiça e dignidade».
Dom Avelar só está um pouco preocupado
com as diversas interpretações que se pode
dar ao documento de Puebla, admitindo que
poderá haver alguma discordância dentro da
própria Igreja, o que ele considera normal:
«A variedade dentro da unidade».
O presidente do Regional Sul-1 da CNBB,
dom Mauro Morelli, bispo da Zona Sul da
cidade de Sâo Paulo, gostaria muito que João
Paulo II tivesse a oportunidade «de um contato real com o povo brasileiro, visitando uma
comunidade, sentindo, ouvindo e vendo como
o povo percebe as coisas, como as pessoas
simples se unem para resolver o problema
coletivo».
Dom Mauro estava em Nova York quando
da visita de João Paulo II e sentiu muita
emoção ao ver o papa fazer seus pronunciamentos «de caráter marcadamente social».
Por isso, dom Mauro não tem a menor dúvida
de que o pontífice terá «uma palavra firme,
segura e oportuníssima em favor da Justiça,
cujo cumprimento é o desafio e a missão da
Igreja».
Acredita que o papa vai dizer que o Evangelho «deve ser encarnado» e duvida muito
que João Paulo II convoque a Igreja novamente para dentro da sacristia, recomendando, isso sim, a formação da fé, na educação
para a Justiça. E dá um aviso:
«Se alguém tiver a ilusão de que a vinda
do papa vai diminuir a preocupação da Igreja
com a Jqstiça e com seu compromisso com
está profundamente
quem sofre a injustiça,
'•
equivocado».
Uma nova ameaça
para os yanomani
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BOSTON, OUTUBRO DE 79
Confirmado: a cena deverá repetir-se em'Fortaleza, em julho
A coordenadora da Comissáo de Criação do Parque Yanomani em Roraima, Cláudia Andujar,
protestou ontem contra os
recentes pronunciamentos
do governador do território,
Ottomar de Souza Pinto,
que admitiu a possibilidade
de que garimpeiros brasileiros que estão sendo expulsos da Venezuela ocupem a
Serra de Surucucus, rica
em bauxita, onde vivem
3.800 índios yanomani, dos
8.400 existentes em todo o
país.
Cláudia fez ainda um
apelo ao ministro do Interior, Mário Andreazza, para
que mantenha sua palavra
empenhada em setembro
último, quando a região foi
invadida por garimpeiros,
«com o conhecimento do governador», segundo Clàudia. Andreazza ordenou a
imediata retirada dos invasores, o que foi feito, e afirmou que «terra de índio é
de índio, riqueza de índio é
de índio... Haja o interesse
que houver; em relaçáo ao
índio existe a lei e nós temos de cumprir a lei».
Para Cláudia, uma nova
invasão só poderia ser um
desastre para os índios,
«atingidos por uma terrível
epidemia de gripe, quando
da invasão de setembro».
Ela lembrou que esses
índios mantiveram até hoje
rápido contato com os brancos e que não estão ainda
vacinados.
Oáudia até concorda com
o governador de Roraima
que os garimpeiros expulsos
da localidade de Bolívar, na
Venezuela, e que se concentram em Boa Vista, «alojados e alimentados pela Policia Militar», representam
un problema social.
«Mas náo podemos nos
esquecer de que os índios
yanomami se constituem,
também, em um problema
social e não é às custas de
uma população indefesa que
vamos sanar o problema
dos garimpeiros», afirmou
Cláudia, lembrando que a
Serra de Surucucus foi, há
dois anos, reconhecida pela
Funai como área indígena.
Embora legalmente isso
não signifique muito, «já é
melhor do que nada». O
próximo passo é a demarcação das terras e, posteriormente, a criação do
parque.
Mas Cláudia quer a
criação do parque o quanto
antes, assegurando assim a
permanência da sociedade
yanomami, com seus costumes e tradições. Na semana passada, ela esteve
em Brasília, com o presidente da Funai, coronel
Joáo Carlos Nobre da
Veiga, que prometeu se empenhar na criação do parque. De acordo com o coronei João Carlos, está faltando apenas que os órgãos
oficiais, como o INCRA,
IBDF (Instituto Brasileiro
de Desenvolvimento Florestal), DNER, govemo de Roraima e o Ministério do Interior, se manifestem a resDeito.
QUEBRA-QUEBRA
No Rio, prisões
eprecíacues
Mas os problemas foram menores, porque as estações amanheceram bastante policiadas
MARIA HELENA MALTA
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CONJUNTO COSTA E SILVA
Em Santos, «casas de gelatina construídas sobre maria-mole»
HABITAÇÃO
inocoop mantém demissões
E os moradores perdem seu canal de reivindicações
FRANCISCO MALFITANI
m'O.Inoccop de Sáo Paulo encontrou uma maneira bem
cômoda de acabar com as
queixas dos moradores de
seus conjuntos habitacionais.
Ao invés de reparar as irregularidades na construção
das casas e apartamentos,
demitiu os quarenta psicólogos e assistentes sociais que
orientavam cs moradores em
suas reivindicaç<Jes.
E problemas como os que
enfrenta Roberto Camargo
Santos, de cinqüenta anos —
«aposentado para segurar a
minha casa que está desabando», como ele mesmo explica —, morador do conjunto
'habitacional
Costa e Silva, no
bairro da Areia Branca, em
Santos, podem ficar sem so.luçáo. Vivemos há cinco anos
nesse conjunto de 804 casas,
construídas sobre um mangue de propriedade da Marinha, considerando como «a
mancha negra do BNH», ele
define com uma frase o local
onde mora: «Casas de gela.tina, construídas em cima de
maria-mole».
• Vendo na equipe demitida o
.único e derradeiro canal de
„acesso para ele e outros moradores tentarem resolver os
seus problemas de paredes
desabando, telhas rachando e
pisos afundando, Santos esteve
ontem em Sáo Paulo, para
como ele mesmo explica, «representar todos os moradores
de lá, que como ou foram logrados pelo Inocoop, e prestar total apoio aos demitidos». «A gente sabe que eles
foram mandados embora
como uma espécie de punição
pelo trabalho que desenvolviam com todos nós, orientando as nossas reivindicações junto ao Inocoop».
Mas sua viagem foi perdida,
pois, na reunião mantida entre o superintendente do
órgão, Hércules Augusto
Masson, e representantes das
equipes demitidas, o primeiro
mostrou-se irredutível nas demisstfes — «apenas uma medida administrativa», como
ele explicou.
Os psicólogos e assistentes
sociais, em vista da atitude
de Masson, prometem fazer
ian completo dossiê dos probletnas que ejútíem nos conjuntos habitacionais, relacionados com a baixíssima qualidade da construção. «Vamos
mostrar como a população é
enganada,, pagando em 25
anos uma casa que vai durar
no máximo dez», disse um
dos demitidos. «Sem estes
grupos que d;Io uma orientação aos moradores, o Inocoop se transforma em uma
imobiliária qualquer», reconhece, o próprio presidente do
]rgáo, além de admitir que o
trabalho desenvolvido pelos
demitidos era mais que satisfatório. Então, por que a demissáo? «Por causa de um
conjunto de fatores administrativos», responde, mas náo
explica Masson.
Enquanto isto, ficam sem
solução os problemas dos moradores do conjunto Costa e
Silva, onde, segundo um
laudo técnico do IPT, náo foi
utilizado na construção de
cada casa mais do que um
saco de cimento. «Tá tudo desabando. A gente encosta o
dedo na parede e ela se desmancha», confirma Santos. E
aproveita para dar uma sugestão ao governador de Sáo
Paulo: «Já que o Maluf está
querendo mesmo construir
uma nova capital r- bom avisar para ele náo contratar o
engenheiro do Inocoop que supervisionou a construção do
conjunto Costa e Silva.
Senáo, em menos de cinco
anos, cai tudo».
Um forte esquema de segurança — formado por choquês da polícia militar e reforçado, em alguns casos, por
homens da polícia do Exército — foi o suficiente, ontem,
para siíocar boa parte da ira
popular contra os serviços
das linhas suburbanas da
Rede Ferroviária Federal, no
Grande Rio. Não conseguiiram, evitar, porém, que novas depredações ocorressem
e diversas prisões fossem efetuadas em várias estações.
Em Santa Cruz, o ultimo
vagão de uma composição foi
apedrejado, às primeiras horas da manhã. Simultâneamente, um trem da linha auxiliar de Belfort Roxo, que estava com um atraso demaisde
meia hora foi bastante danificado pelos passageiros e teve
de ser rebocado por uma máquina a óleo, até a estação D.
Pedro II.
Na pequena estação de
Comendador Soares, a 40
quilômetros do Rio, a mesma
que foi depredada e queimada na última quinta-feira
o guarda de segurança da
RFF, auxiliado por catorze
homens da Polícia Militar,
que chegaram ás 3 da
manhã, num camburão e
numa kombi, prenderam oito
passageiros que viajavam no
trem de Japeri em direção á
stação D. Pedro II. O português Armindo, dono dacantína da estação, falou num
«início de tumulto» e contou
que «a polícia não gostou*
quando um passageiro passou
a mão no chapéu de um
deles».
Em Comendador Soares,
como na maioria das outras
estações da Central do Brasil, os policiais proibiram fotos do interior dos vagões e,
especialmente, «das autoridades fardadas». Também não
era permitido o acesso ao gabinete do chefe da estação,
Cícero Chaves Filho, temporariamente transformado em
prisão — pelo menos, segundo a segurança, até que
os oito passageiros detidos
pagassem a multa prevista
no regulamento, de 42
cruzeiros.
As composições tracionadas
por um carro-motor movido a
óleo, que foram colocadas,
em caráter extraordinário,
para substituir os trens avariados no dia anterior, «trafegaram normalmente», segundo o chefe da estação.
Mas, por volta das 8 da
manhã, já não eram vistas
no percurso Japeri-Pedro II,
ocupado novamente pelos
trens elétricos, quase sempre
com atrasos de cerca de
meia hora. Em todas as estações, especialmente em
Nova Iguaçu, os usuários e
funcionários da RFF registraram, ontem, uma queda significativa na procura dos
trens.
Como entender essa revolta
Quais os motivos que levam os populares a depredar
os trens de subúrbio? Uma
das pessoas mais autorizadas
para dar essa resposta é o
sociólogo José Álvaro Moisés,
autor de um trabalho apresentado na reunião da SBPC,
em julho de 1976. intitulado
A Revolta dos Subúrbios,
ou Patrão o Trem Atrasou, Baseado nos dez principais quebra-quebras que ocorreram
nos trens e estações da Rede
Ferroviária Federal, entre
1974 e 1976.
Ele mesmo não compreende como as pessoas
ainda se espantam a cada
vez que se registra um novo
tumulto nas ferrovias suburbanas dos grandes centros. O
próprio título de seu trabalho
foi retirado do samba que Vilarinho e Paquito compuseram para o carnaval de 1941,
que falava, já naquela época,
das dificuldades do trabalhador em chegar dentro do
horário ao serviço. «Este é
um tema antigo» recorda
Moisés, lembrando que, pelo
menos de momento, o problema não tem perspectivas
de solução. Isso porque estaria em jogo a mudança, do
modelo político e econômico
do país, onde o sistema de
transportes de massa dos
grandes centros é cada vez
mais esquecido em detrimento de incentivo ao transporte rodoviário controlado
penas grandes empresas muitinacionais. E, para se consegiir inverte a, essa tendência
seria
necessário
que
essa
parte da população
que se utiliza dos trens de
subúrbios tivessem acesso
(ou pelo menos .fossem represent&dos nos partidos
políticos.
«Essa massa é composta
de pessoas sem qualificação
profissional, que ganham entre um e três salários minimos para sustentar suas
famílias», afirma Moisés, não
aceitando a classificação de
«vândalos» para os depredadores. «Quando se sabe que
rase pessoal perde o dia, e
até o descanso scman.il re-
munerado por um traso de 40
minutos, explica-se essa
reação», diz ele. Quebra-quebra que, se não chega a resolver a situação, pelo menos
tem a vantagem despertar o
govemo de sua letargia, obrigando-o a tomar algumas
medidas paliativas para evitar novas depredações, como
a modernização de uma parte
rjos equipamentos mais des'gastados
pela ação do tempo.
«Por isso, o govemo é obrigado a conviver com quebraquebras episódios e cíclicos»,
afirma Moisés.
E a tendência só será revertida caso essa massa participe da formação da politica global do país. «Por isso,
acho qus os partidos populares, como por exemplo.o PT,
deverão ter uma politica que
defenda claramente os transportes de massa nos grandes
centros urbanos, sob o risco
de essa massa ficar sem voz
no sistema politico brasileiro», conclui o sociólogo.
Antônio Carlos Guida
*•: ¦'''*'¦ Ti
Fotografar a estação ?>;•
Só com autorização -'<:\
Quem pretende fotografar
ou fazer entrevistas no
saguão da estação D. Pedro
II, no Rio, é bom desistir
desde já. Ou então,'limitarse às fotos do imenso Papai
Noel da decoração de
Natal, qu eé aúnica alternativa permitida por documento assinado pelo funcionário Walter Alves Medeiros, do setor de relações
públicas da Rede Ferroviaria Federal, e enviado do
chefe ao policiamento interno, Octávio Cordeiro.
Por infringir o regulamento — que leva os guardas a exigirem, :nesmo da
imprensa, uma autorização
por escrito do chefe de relações públicas — os reporteres do JORNAL DA
REPÚBLICA foram detidos
ontem, pela segurança
interna e encainhados ao
chefe do policiamento.
Octãvio Cordeiro informou sobre a proibição de
«fotografar dependências
internas» da estação D.
Pedro II e, spós um breve
diálogo, destacou um guarda para acompanhá-los ao
setor de relações públicas,
no quinto andar. Ali, o
chefe de relações públicas
da RFF, Alípio Monteiro,
forneceu-lhes um documento, em duas vias, sendo
uma para o chefe da estaçâo e outra para 0''chefe de
segurança. Novamente
encaminhados ao 1" andar,
os repórteres foram finalmente liberados para as
entrevistas com os passagelros que se encontravam
no saguão do embarque.
Mas permaneceram sob a
«oroteçáo» de um dos guara
das, que os observava
prudente distância.
[3333
MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES
A
DEPARTAMENTO NACIONAL
DE ESTRADAS DE RODAGEM
CONCORRÊNCIA - EDITAL NP 242/79
AVISO
O DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS
DE RODAGEM, Autarquia do Ministério dos Transportes,
torna público para conhecimento de quantos possam se
interessar que fará realizar CONCORRÊNCIA, em data
de 15 (quinze) do mês de janeiro ie 1980, às 15:00 horas,
no auditório desta Autarquia, situado na Avenida Presidente Vargas, 534 - 39 andar, na cidade do Rio de Janeiro/
RJ, para Seleção de Empresas de Consultoria, objetivando
eitudos e projetos de engenharia de restauração de rodovias, discriminados no QUADRO-RESUMO. em anexo.-..
O Edital referente aos serviços, sob o n9242/79, poderá
ser adquirido pelas firmas interessadas na Seção de Expedição do DNER, à rua General Bruce, 62/RJ.
Rio de Janeiro, 04 de dezembro de 1979
ENG9SALVAN BORBOREMA DA SILVA
Chefe do Grupo Executivo de Concorrências
Ref. Processo n957.135'79
| ¦»"¦ * * "WW t A V*,V3li 1 "% * ¦
SÁBADO 8 DR DEZEMBRO DE 197j>
^HPÜBLICA:
PÁGINA U
Acorrida do ano:
são 124 mil concorrentes
na Fuvest, para a prova de
Seu programa para hoje;
consulte a lista de locais
do vestibular e vá conhecê-los
com antecedência
VESTIBULAR
conhecimentos gerais
tudo o que você (ainda) deve saber sobre o exame da fuvest
metrô, estacionamento etc),
chegar até o lugar do vestibular
Como
METRÔ - A Fuvest recomenda a utilização do metrô aos candidatos que farão os exames nas seguintes escolas:
EEPSG Presidente Roosevelt - Rua
São Joaquim, 320 - metrô São Joaquim;
ESAN - R. São Joaquim, 163 metrô São Joaquim;
EESG Dr. Carlos A.F. Vilalva Jr.Av. Eng. Armando A. Pereira, 506 metrô Conceição;
EEPG Almirante Barroso - Av. Jabaquara, 2875 - metrô São Judas;
EEPG Cel. Domingos Q. Ferreira Av. do Café, 681 - metrô Conceição;
Liceu Pasteur - R. Mairinque, 256
metrô Santa Cruz;
FMU - Prédio 10 - Av. Liberdade,
. 654 metrô São Jaoquim;
; - FMU - Prédio 5 - R. Fagundes, 19
metrô São Joaquim;
FMU - Prédio 7 - R. Fagundes, 97
metrô São Joaquim;
"FMU-R. Taguá, - 150 metrô São
,
Joaquim;
FATEC -Praça Coronel Fernando
Prestes, 30 - metrô Tiradentes;
-Faculdade de Belas Artes - Praça
da Luz, 2 - metrô Luz;
-EEPG Prudente de Morais - Av. Ti-
metrô Tiradentes;
radentes, 273
-EESG Brasílio Machado - R
Afonso Celso, 311 - metrô Santa Cruz;
-EEPG Lasar Segall - R. Dr. Thirso
Martins, 211 - metrô Santa Cruz;
-EEPG Marechal Floriano - R.
Dona Júlia, 37 - metrô Vila Mariana.
-CAMPUS DA USP - Os coletivos
que levam até as proximidades da Cidade Universitária devem ser usados pelos vestibulandos. Haverá ainda três linhas extras da CMTC que não funcionam normalmente no domingo, mas que
amanhã estarão operando - saem da
Praça do Patriarca, do Jaçanã e do
Largo da Concórdia. Na entrada da Cidade Universitária, o candidato deve tomar os ônibus internos da USP, gratuitos.
ÔNIBUS - Haverá um reforço nas linhas radiais e nas de integração com
metrô, a partir das 9h, com o objetivo de
não deixar ninguém sem condução.
ESTACIONAMENTO - Quem vai
de carro também não precisa esquentar
a cabeça: o DSV montou esquemas especiais de tráfego nas proximidades dos
locais dos exames, bem como para estacionamento dos automóveis.
PERFIL DO VESTIBULANDO
' nos números:
Esta
a Fuvest
ricos
os
re
prefe
Uma pesquisa feita entre candidatos do
último vestibuar indica
econômica
que está é sobretudo uma batalha
FLAMÍNIO FANTINI
para comprovar o velho ditado de que
pobre não tem vez.
Através de um questionário distribuído a 58339 candidatos, uma
amostra bastante significativa, a Fuvest traçou o perfil do candidato ao
O que levar
Horário
O famoso "jeitinho brasileiro" não vai funcionar,
segundo garantiu a Fuvest.
Chegue ao seu local de
exame no máximo até o
meio-dia, pois os retardatários não entrarão mesmo.
Às 13h, terá início a prova.
Uma recomendação das mais insistentes por
parte da Fuvest: os inscritos sem carteira de identidade não entram. Esse é o único documento necessário. Esqueça-se também de levar livros, cadernos,
anotações, caneta, réguas e máquina de calcular não passarão pela portaria dos exames. Leve apenas
dois lápis pretos n? 2, apontados e borracha. Importante: não deixe questões em branco, pois as respostas erradas não serão descontadas. E, finalmente: relaxc, o vestibular é inevitável.
Antes das 15h, ninguém
pode sair dos locais de
exame.
O dia de hoje
vestibular. O resultado do quesito sobre a "renda familiar mensal" dos
concorrentes, distribuída em nove faixas, apontou que a mais alta (acima
de 30 mil cruzeiros) teve um quinhão
de 21% de aprovados na primeira
fase eliminatória, enquanto que a
mais baixa (menos de 3 mil cruzeiros)
teve uma fatia de apenas 0,9%. Na
triagem da segunda fase, a definitiva,
o fosso aumentou: os mais ricos tiveram 25,1% dos alunos chamados
para a matrícula, contra 0,8% da
parcela mais pobre.
A mesma constatação surge
quando se verifica qual e a proporção, em cada faixa de renda, entre o
número de aprovados e a quantidade
de inscritos. Por exemplo, na camada
mais alta da amostra estatística da
Fuvest, havia 8075 candidatos e 2195
foram selecionados, o que eqüivale a
36%. Na mais baixa, ocorre o inverso
- dos 810, passaram 132, ou seja,
16%. Na segunda etapa, ocorre algo
semelhante. Nos dois extremos da renda familiar os dados são esses: de
2915 concorrentes. 1460 atingiram a
matricula (50%), ao passo que na camada mais pobre dos 132 concorrentes, 49 cruzaram as portas da universidade (37%). Essa tendência
confirma-se nas faixas intermediárias
como mostra o gráfico ao lado, referente à primeira triagem do vestibular de 1979.
Os números evidenciam que o vestibular é uma forma de seleção econômica, isto é, aqueles estudantes que
sempre tiveram melhores oportunidades educacionais, pela melhor situação financeira da família, acabam escorregando mais facilmente pelo funil.
Embora o perfil sociológico dos
candidatos do concurso de 1980 só
será divulgado pela Fuvest em março,
já é possível saber quem é o vestibulando que fará prova amanhã, com
base nos dados anteriores^pois as variações de ano para ano são inexpressivas, conforme admitem os técnicos.
A maioria dos candidatos da Fuvest
tem a seguinte fachada: são muito jovens, na idade de 17 a 18 anos, há
uma ligeira predominância do sexo
masculino, esmagadoramente solteiros e levam uma vida muito boa, ou
seja 54,4% não trabalham. Não disalguma o cursipensam de maneira
"porque o colégio não
nho, em geral
prepara adequadamente". É a prifameira vez que prestam vestibular e"inzem a opção de curso devido ao
teresse pela carreira". E não estão
descontentes com o sistema de cruzinhas: 43% preferem esse tipo de teste.
•
do Mackenyje
Hoje, começa o vestibular para os 17.571 candidatos que disputarão as
2.450 vagas que o Mackenzie oferece para o ano
letivo de 1980. E não
adianta , ficar devorando
apostilas e livros de última hora. O melhor a fazer é chegar uma hora e
meia mais cedo ao local
do exame, certificar-se da
localização de sua sala e
esperar o sinal batendo
papo com os companheiros de batalha.
O exame vai ter início
às 13 horas, com / quatro horas de duração. O
Mackenzie já avisou que
não permitirá atrasos e
nem prorrogação de horário. Como o exame começa praticamente na
hora do almoço, evite a
alimentação pesada, massas ou comidas gordurosas. Não se esqueça de le-
Não se exaspere logo nas vésperas do vestibular. Tire o dia para relaxar e amenizar suas
tensões. Siga uma das recomendações da Fuvest, pode ser um bom programa para este
sábado: pegue seu cartão de inscrição e consulte
a lista de endereços abaixo e dirija-se ao local
para onde está marcado o seu exame. Assim,
você já aprende o caminho e calcula o tempo
ideal para fazer o percurso no dia de amanhã.
Dessa maneira, você também jefresca um
pouco a cuca afinal, o que você não conseguiu
aprender durante o ano inteiro, não será hoje
que vai dar para recuperar.
E, às 17h, encerrase o prazo para resolver a
questão e você terá, a partir
dai, o tempo que precisar
para passar a limpo as cruzinhas que escolheu. Mas
também não se afobe - a
experiência dos anos anteriores indica que a grande
maioria conclui a prova nas
três primeiras horas.
•
Antes de mais nada, cuidado
com o horário. Vai ser rigoroso:
depois das 13h, ninguém entra
(ônibus,
os horários, os documentos e outros conselhos de última hora
Como chegar ao local da prova
-
Os vestibulandos mais ricos têm
melhores chances de aprovação no
concurso da Fuvest, segundo demonstram as estatísticas oficiais da
instituição. No último vestibular, o nível de renda familiar dos inscritos foi
utn dos indicadores mais precisos
0
var o cartão de identificação, carteira de identidade, lápis, caneta esferográfica e borracha.
O Mackenzie vai man-'
ter dois médicos de plan-,
tão, além de enfermeiras e
fiscais especialmente trei-'
nados para atender candidatos que estejam hospitalizados ou que venham
a ser acometidos de mal
súbito durante os exames.
Também haverá uma
sala especial para os candidatos cegos ou que tenham visão reduzida, aparelhada com gravadores,
textos em braille e amplificadores. O DSV prorneteu liberar as ruas próximas dos locais de exames
para estacionamento. E se
você ainda tiver qualquer
dúvida, não vacile. Telefone para 256-6611, Centrai de Informações do
Mackenzie.
A triagem econômica
na eliminatória da Fuvest
Em Mi
^MÉBM
27 | 36 |
| % ?! 16 | 18 | 19 | 20 | 22 | 24 | 25 |
Porcentagem de aprovação
Fonte: Fuvest
fi
ESCOLA
DE
— USP
1000003 A 1002196 001 .Instituto de Matemática
RooseveU
Presidente
EEPSG
002.
1100007 A 1142757
11.42764 A 1151254 003 .EEPSG Caetano de Campos
1151261 A 1207443 004 .ESAN
— Prédio Novo
1300004 A 1398105 005. Fac. Oswaldo Cruz
— Engenharia
1500033 A 1543458 006 .FAAP
— Administração
Í543465 A 1620029 007..FAAP
Proenço
\700009 A 1713106 008 EEPSG Prof. Antônio Firmino de
17,13113 A 1746063 009 EEPSG Padre Anchieta
1746088 A 1784929 010..EEPSG Amadeu Amaral
1784936 A 1792281 011 Faculdades São Judas Tadcu
1792299 A 1800301 012 EEPG Romão Puiggari
1900006 A 1972361 013..FMU Santo Amaro
21.00000 A 2126332 014..EEPSG Dr. Alarico da Silveira
da Nóbrega
2126340 A 2157865 015 .EEPSG Padre Manuel
2157872 A 2164048 016 .EEP*,G Prof. Benedito Tolosa
2200003 A 2240161 017 .Faculdades Farias Brito
2300007 A 2305770 018 .EEPG César Martinei
2305787 A 2337952 019 .Faculdade de Filosofia de Moema
2337960 A 2373304 020 EESG Rui Bloem
2373311 A 2386579 021 EESG Prof. Alberto Levy
2500004 A 2532023 022 .Faculdades São Marcos
— FAI
2532048 A 2579884 023 .Faculdades Associadas do Ipiranga
2700001 A 2705482 024 .EESG Dr. Carlos A.F.Vilalva Jr.
2705490 A 2737302 025 .EEPG Almirante Barroso
EEPG Cel.Domingos Q.Ferreira
L2737310 A 2744275 026.
12744282 A 2802006 027 Liceu Pasteur
2900009 A 2906154 028..EESG Ministro Costa Manso
2906161 A 2996301 029 FMU Iguatemi
2996319 A 2999379 030 .FMU Santo Amaro
3100002 A 3108369 031 .EEPSG Anhanguera
— PUC
3108376 A J144543 032. Pontifícia Universidade Católica
— Prédio velho
3144568 A 3274202 033 Faculdades Oswaldo Cruz
3300000 A 3309540 034. FMU — Prédio 10
3309557 A 3354591 035 FMU — Prédio 5
3354602 A 3368559 036 FMU — Prédio 7
3368566 A 3445557 037..FMU
3600018 A 3610891 038 .Faculdades São Judas Tadeu
3610902 A 3681995 039 .Faculdades São Judas Tadeu
3800008 A 3831402 040 .EESG Antônio Raposo Tavares
3831410 A 3882902 041 .Faculdade de Direito de Osasco
4000001 A 4006926 042 .EESG Oswaldo Catalano
4006933 A 4012719 043 EEPSG Padre Antão
4012726 A 4029483 044 .EEPSG Barão de Ramalho
4029501 A 4035657 045 .EEPSG Esther Franlcel Sampaio
4035664 A 4058403 046 EEPG Barão de Souza Queiroz
4058428 A 4064783 047 EESG Prof. Gabriel Ortiz
4064801 A 4070583 048 .EESG Nossa Senhora da Penha
— USP
4200009 A 4211094 049..Faculdade de Educação
— USP
4211105 A 4218092 050 .Geografia e História
— USP
4218103 A 4278463 051 .Ciências Sociais
— USP
4278488 A 4289545 052 .Faculdade de Arquitetura
— USP
4289552 A 4303315 053 .Faculdade de Economia
— USP
4303322 A 4311415 054 .Poli Eletricidade
— USP
4311422 A 4396376 055 .Poli Biênio
— USP
4396383 A 4415759 056..Poli Civil
— USP
4415766 A 4423706 057 Poli Mecânica
— Coniunto Didático — USP
4423713 A 4428913 058 Psicologia
- PUC
4600003 A 4611882 059 .Pontifícia Universidade Católica —
PUC
Católica
Universidade
Pontifícia
060
4611890 A 4714918
— Faculdade de Tecnologia
4800018 A 4852716 061 FATEC
Paulo
4852723 A 4959198 062 .Fac.de Belas Artes de São
4959209 A 4990044 063 .EEPG; Prudente de Morais
4990051 A 4997890 064 .Faculdade Renascença
Aires
4997918 A 5023704 065 .EEPG Buenos
Mendes
5023711 A 5030314 066 .EESG Dr. Octávio
CANDIDATOS
ENDEREÇO
28
Cidade Universitária
735
R. São Joaquim, 320 — Metro São Joaquim
770
R. Pires da Mota, 99 — Aclimação
825
R. São Joaquim, 163 — Metro São Joaquim
3083
R. Brigadeiro Galvão, 564 — Barra Funda
1096
R. Alagoas, 903 — Pacaembu
2619
R. Alagoas, 903 — Pacaembu
1190
R. da Mooca, 363 — Mooca
1092
R. Visconde de Ábaete, 154 — Brás
630
Largo São José do Belém, 66 — Belenzinho
648
R. Javari, 667 Esq Taquari — Mooca
717
Av. Rangel Pestana, 1482 — Brás
2428
Av. Santo Amaro, 1239
840
R. Conselheiro Brotero, 100 — Barra Funda
560
R. Santa Prisca, 122 (Matão)
542
Praça Dirceu de Lima, 617 — Casa Verde
1312
Praça Tereza Cristina, 1 — Guarulhos
525
Alameda Iraes, 155 — Esq. Av. Indianopolis
992
R. Divino Salvador, 12 (prox. Igreja de Moema)
601
R. dos Bogaris, 244 — Esq. Casemiro da Rocha
639
Av, Indianopolis, 1570
1152
Av. Nazaré, 900 — Ipironga
1793
Av. Nazaré, 993 — Ipiranga
— Metro Conceição
490
Av. Eng. Armando Arruda Pereira, 506
490
Av Jabaquara, 2875 — Metro São Judas
630
Av. do Cale, 681 — Metro Conceição
1062
R. Mairinque, 256 — Metro Santa Cruz
560
R. João Cachoeira, 960 — Itaim
2515
R. Iguatemi, 306 — Itaim
265
Av. Santo Amaro, 1239
760
R. Antônio Raposo, 87 — Lapa
1650
R. Monte Alegre, 984 (Rampa) - Perdizes
1659
R. Brigadeiro Galvão, 540 — Barra Funda
866
Av. Liberdade, 654 — Metro São Joaquim
877
R. Fagundes, 19 — Metro São Joaquim
1265
R. Fagundes, 97 — Metro São Joaquim
2087
R. Tagua, 150 — Metro São Joaquim
990
R. Visconde de Laguna, 33 — Mooca
2349
R. Javari, 433 — Mooca
1040
— Osasco
Praça 21 de dezembro, 22 — Centro
1779
R. Narciso Sturlini, 883 — Osasco
630
R. Felipe Camarão, 350 — Tatuape
525
R. Santo Afonso, 2/'3 — Penha
630
— Penha
Av. Amador Bueno da Veiga, 604
560
R. Senador Godói, 710 (Trav. M. Tereza Assunção) Penha
525
Av. Gabriela Mist-al, 520 — Penha
560
— Penha
Av. Amador Bueno da Veiga, 2932
510
R. Padre Benedito de Camargo, 762 — Penha
1008
Cidade Universitária
635
Cidade Universitária
1084
Cidade Universitária
999
Cidade Universitária
1251
Cidade Universitária
731
Cidade Universitária
1364
Cidade Universitária
1674
Cidade Universitária
694
Cidade Universitária
445
Universitária
Cidade
1080
R.'lartiia, 408 — Perdizes
3077
R. Ministro Godoy, 969 — Perdizes
2263
Praça Cel. Fernando Prestes, 30 — Metro Tiradentes
588
Praça da Luz, 2 — Metro Luz
630
Av. Tiradentes, 273 — Metro Tiradentes
710
R. Prates, 790 — Bom Retiro
706
R. Olavo Egidio, 1008 — Santana
595
R. Voluntários da Palrio, 3422 — Santana
5030321 A 5037554 067.EEPG Prof. Rômulo Pero
5037561 A 5057884 068.EEPG Prof. Joaquim Leme do Prado
5057902 A 5068998 069.EEPSG Orestes Guimarães
5200001 A 5208756 070.EEPSG Prof. Ennio Voss
5208763 A 5236983 071 .EESG Oswaldo Aranha
5237003 A 5241642 072.EEPG Paulo Eiro
5241650 A 5260009 073.EESG Prof. Alberto Conte
5260016 A 5304103 074,Faculdade Princesa Isabel
5400009 A5414222 075.EEPSG Dr. Américo Brasiliense
— Fac. de Filosofia
5414230 A 5463358 076.Fundação Santo André
5463365 A 5503386 O77.lnstituto Metodista de Ensino Superior
— FEI
5600006 A 5646306 078.Faculdade de Engenharia Industrial
5800003 A 5824869 079.EESG Conde José Vicente de Azevedo
5824876 A 5856799 080.EEPSG Antônio Alcântara Machado
5856817 A 5862290 081.EESG Brasílio Machado
6000007 A 6005820 082.EEPG Lasar Segall
6005837 A 6012671 083.EEPG Marechal Floriano
6012689 A 6061405 084.EEPSG Prof.Roldão Lopes de Barros
6061412 A 6140653 085.Coléglo São Luiz
6300008 A 6304622 086.EEPG Pandia Calógeras
6304630 A 6320815 087.EEPG República do Paraguay
6320822 A 6341713 088.EESG Prof. Américo de Moura
— Instituição Toledo
6400001 A 6411987 089.Fac. de Filosofia
6411994 A6419724 090.Colégio Salesiano
— Instituição Toledo
6500005 A 6512185 09Í.Fac.de Direito
— Instituição Toledo
6600009 A 6612350 092.Fac. de Direito
6700002 A 6720542 093.EEPSG Bento de Abreu
6800006 A 6830210 094,Fundação Educacional de Bauru
7000000 A 7018727 095.EEPSG Cardoso de Almeida
7100003 A 7104382 096.EESG Culto à Ciência
7200007 A 7203462 097.EESG Culto à Ciência
7203470 A 7212511 098.Colégio Técnico da Unicamp
7212529 A 7234753 099.Puccamp — Ed. Papa Paulo VI
7234778 A 7248678 lOO.Puccamp — Ed. Papa João XXIII
7248685 A 7253999 101 .Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
7254001 A 7288605 102.Faeuldade de Engenharia da Unicamp
7288612 A 7293140 103.Instituto de Biologia
7293157 A 7293933 I04.lnstde Estudos da Linguagem da Unicamp
7400004 A 7420715 105.Ciclo Básico da Unicamp
Unicamp
7420722 A 7425744 106.lnst de Estudos da Linguagem da
7500008 A 7520562 107.Faculdades e Escolas Anchieta
Ensino de Marília
7600001 A 7619051 108.Campus da Associação de
Ensino de Marília
de
Associação
da
109.Campus
7732679
A
7700005
7900002 A 7931970 110.Escola Superior de Agric Luiz de Queiroz
7931987 A 7945976 111 .EEPG Prof. Honorato Fajstino
8100006 A 8115030 U2.EEPSG Chanceler Raul Fernandes
8200000 A 8215791 113.EESG Fernando Costa
Social
8300003 A 8317013 114.lnstituto de História e Serviço
—
8400007 A 8412319 115.Unaerp — Ribeirão Preto — Bloco A Térreo
— Ribeirão Preto
Bloco A 1' andar
8500018 A 8510514 11 ó.Unaerp
— Bloco G
—
Preto
Ribeirão
117.Unaerp
A
8543051
8510521
— Ribeirão Preto — Bloco B
8543069 A 8573330 118.Unaerp
Andradas
dos
119.EEPSG
8700008 A 8709288
8709295 A 8727311 120.EMPG D.Pedro I!
8727329 A 8760119 121 .Colégio do Carmo
Carlos
8900005 A 8919308 122.Escola de Engenharia de São
9000005 A 9012477 123.Associação Joseense de Ensino
9100009 A 9117599 124.Associação Joseense de Ensino
9117600 A 9141237 125.EEPSG Estevam Ferri
S.J.R.Preto
9300006 A 9312290 126.Faculdade de Engenharia de
9400000 A 9406380 127.Faculdade de Engenharia de S.J.R.Preto
9406397 A 9420646 128.EEPSG Victor Britto Bastos
9420653 A 9426528 129.EESG Monsenhor Gonçalves
Exatas
9426535 A 9446445 130.lnst.de Biociências, Letras e Ciências
_ Bloco A
9600007 A 9606349 131.Fac.Ciêiciqs Cont e Admin
— Bloco B *
9608356 A 9619460 132.Fac.Ciências Cont e Admin
— Bloco C
Letras
e
9619477 A 9641484 133.Fac.de Filosofia, Ciências
640
R. Copacabana, 243 — Choramenino
630
Av. Imirim, 2113 — Esq. Eng. Caetano Alvares
803
P. Pasteur, 1 30 — Pari
794
Av. Portugal, 1220 — Brooklin
665
Av. Portugal, 859 — Brooklin
420
—
Amaro
Santo
210
Maria,
José
Padre
R.
755
— Santo Amaro
R. Campos Sales, 120
18Í5
Av. Irai, 297 — Moema
1200
Praça IV Centenário, S/N — Santo André
1506
— Santo André
Av. Príncipe de Gales, 821
1501
— Rudge Ramos
R do Sacramento, 230
- São Bernardo do Campo 1652
Av. Orestes Romano — Assunção
560
R Guararema, 365 — Bosque da Saúde
600
— Esq. Av. Cursino
242
Ribeiro,
R Américo
468
—
Cruz
Santa
Metro
311
R Afonso Celso,
525
— Metro Santa Cruz
R Dr Thirso Martins, 211
600
R. Dona Julia, 37 — Metro V. Mariana
700
R. Colônia da Gloria, 536
2016
— Esq. Av. Paulista
R. Haddock Lobo, 400
420
— Mooca
Av Pais de Barros, 1025
490
- V Prudente
Ibicuü
(entrada
21
p/
Muller,
Carlos
R
- V. Prudente
504
Mello)
Anhaia
(Esq.
750
Sanarelli,
R Dr
- Araçatuba
820
Sumaré
J.
1141
R Mato Grosso,
—
477
Araçatuba
187
Av Cussy de Alme'da,
238
- J. Sumaré - Araçatuba
R Mato Grosso, 1146
368
— J. Sumaré -- Araçatuba
R Mato Grosso, 1146
1092
— Araraquara
R Padre Duarte, 2821
1621
— Bauru
R. Campos Salles, 9-43
884
— Botucalu
Praça Pedfo Torres, s/n
310
— Campinas
R. Culto a Ciência, 422
315
Campinas
422-"—
Ciência,
a
Culto
R.
821
— Campinas
177
Ciência,
a
R. Culto
1355
— Campinas
PUC
da
Cidade Universitária
1245
— Campinas
Cidade Universitária da PUC
480
— Campinas
Unicamp — Barão Geraldo
826
— Campinas
Unicamp — Barão Geraldo
396
— Campinas
Unicamp — Barão Geraldo
67
— Campinas
Unicamp — Barão Geraldo
1630
— Campinas
Unicamp — Barão GHeraldo
94
—
Unicamp — Barão Geraldo
1105
—
Jundiai
299
Dias,
R. Marcilio
- Mania
398
- B oco
Av. Hygino Muzzi Filho, 1001
1346
- Bloco II - Manha
1001
Filho,
Av. Hygino Muzzi
2033
— Piracicaba
Av. Carlos Botelho, s/n
485
E. Edu Chaves, 914 — Piracicaba
531
Rua 2, n'2877 — Rio Claro
625
Av. Washington Luiz, 672 — Pres Prudente
692
R. Major Claudiano, 1488 — Frcnca
327
— Ribeirão Preto
Av Costabile Romano, 2201
952
— Ribeirão Prero
Av. Costabile Romano, 2201
1336
— Ribeirão Preto
Av. Costabile. Romano, 2201
— Ribjelrão Preto
1593
Av. Costabile Romano, 2201
— Santos
840
R. Almirante Ernestoi de Mello Jr., 130
— Pta. da Praia — Santos
680
Av. Aristóteles de Menezes, 41
— Santos
1361
R. Di. Egidio Martins, 181 — Ponta da Pra'a
810
Av. Dr. Carlos Botelho, 1465 — São Carlos
496
Av. Barão do Rio Branco, 882 — S. J. Campos
— S. J. Campos
734
Av. Barão do Rio Branco, 882
— S.J. Campos
828
Av. Brasil, s/n — Monte Castelo
272
Av. Bady Bassit, 3775 — S.J. Rio Preto
497
Av. Bady Bassit, 3775 — S. J. Rio Preto
/
— S.J.R. Pieto
480
R. José Nogueira Carvalho, 304 — V. Maceno
490
R. Presciliano Pinto, 940 — Boa Vista — S. J. Rio Preto
— SJ Rio Preto
671
R. Cristóvão Colombo, 2265 — J. Nazareth
756
Av. General Osório, 215 — Sorocaba
420
Av. General Osório, 215 — Sorocaba
839
Av. General Osório, 35 — Sorocaba
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SÁBADO 8 DP. DEZEMBRO DF. 1979
PÁGINA 13
CADERNO
um assalto, procurando alguma coisa
de valor para roubar.
A esta altura, a casa já estava toda
suja de sangue e Rose caída na pequena sala de costura de sua mãe.
Quando Aldo voltou, entretanto,
Rose havia se recuperado e estava encostada à mesa de costura. Foi então
que ele a derrubou e estrangulou com
o pedaço de fio elétrico que trazia no
bolso.
Em um armário, enquanto procurava algo para roubar, ele havia encontrado a tesoura. E foi com ela que
o pescoço de sua
passou a golpear
confidente. "Eu não pensei que havia
ferido tanto", contou ele ao delegado
Amândio Malheiros. "Eu acreditava
ter golpeado umas dez vezes".
O exame do cadáver de Rose Maristela, todavia, revelou 49 ferimentos
provocados pela tesoura. Por último,
já todo sujo de sangue, Aldo tentou
aplicar ar nas veias da moça.
Ele já estava saindo, com a tesoura, uma bolsa de sua vítima e sua
jaqueta suja de sangue escondidas em
uma sacola, quando a mãe da jovem
assassinada chegou. Fugindo pelos
fundos, Aldo ainda chegou a escutar
os gritos de dona Walderlice Ferreira,
a mãe de Rose, ao encontrar o corpo
de sua filha.
Voltando a pé para sua casa, Aldo
foi desfazendo-se de tudo que poderia
incriminá-lo. Em uma moita de arbustos jogou a tesoura; em um terreno
baldio, a jaqueta suja de sangue; mais
adiante, em um matagal, a sacola
com a bolsa e os pertences de Rose.
Quando chegou em casa, ás nove
horas da noite, uma hora e meia depois do crime, já havia um recado de
Mônica a sua espera, contando que
Rose fora morta. Ele tomou banho,
trocou de roupa e, com o rosto e os
braços marcados pelas unhas, um
dedo machucado por uma mordida de
Rose, voltou para o bairro do Castelo, onde morava sua vítima.
Nos dias seguintes, nervoso, ele
chegou a procurar um médico, porque não conseguia dormir. Mas teve
calma suficiente para ir à missa de séticmo dia da moça que assassinara e,
ao encontrar seus parentes, pediu-lhes
que tivessem calma, porque a polícia
pegaria o assassino.
Enquanto isso, sem pistas, a polícia
- "A
procurava um homem franzino
violência do crime levou-nos à conclusão de que o criminoso era fraco,
já que precisara de tantas tentativas
para matar", justifica o delegado
Amândio Malheiros - que soubesse
aplicar injeções: "Um enfermeiro, um
farmacêutico ou um viciado em dro-
O MATADOR DE ROSE
Aldo Yan, traído
pelo último
requinte do crime
As duas injeções de ar que ele aplicou
na moça, depois de enforcá-la com
um fio e de perfurar seu pescoço com 49
tesouradas, colocaram a polícia
na pista de um viciado em drogas
ANTÔNIO CARLOS FON
O assassino foi ao velório, à missa
de sétimo dia e chegou a consolar a
família de Rose Maristela Machado.
Quarta-feira à noite, ainda com o
rosto e os braços marcados pelas
unhas de sua vítima, Aldo Yan
Delvisio confessou ao delegado
Amândio Malheiros, chefe da seccional de polícia de Campinas, como
matou a estudante: primeiro, sete
pancadas na cabeça; depois, estrangulamento com um fio elétrico; mais
tarde, 49 tesouradas no pescoço e, finalmente, duas injeções de ar nas
veias da moça.
E foi este último detalhe, as tentativas de injetar ar, estourando as veias
de Rose, que levaram os policiais até
o criminoso. "Não havia seringas hipodérmicas na, casa", explicava, ontem à tarde, o delegado Amândio Malheiros à imprensa, "por isso nós
sabíamos que o assassino chegou lá
com a seringa no bolso. E ele deveria
saber aplicar injeções. Nós procuravamos um enfermeiro, um farmacêutico ou um viciado em drogas".
Aldo Yan Delvisio, 21 anos, tem
um tio que é farmacêutico e é, ele próprio, um viciado em drogas. Foi por
ser viciado, aliás, que ele matou Rose
Maristela.
Noivo de Mônica Barros Moreira,
vizinha e amiga de Rose, Aldo foi à
casa da estudante, na noite do dia 26
de novembro, para iniciá-la no uso de
drogas. Rose Maristela era sua confidente e, depois de contar-lhe que Mônica estava grávida, Aldo explicou
que estava confuso sobre casar-se
com a noiva, porque era viciado em
entorpecentes. Esta foi a parte das
confissões de Aldo que mais interessou à estudante, e eles combinaram
que um dia fariam uma experiência
juntos.
Naquela noite, Rose não cpis
deixar-se drogar. Para convence-la,
Aldo aplicou em seu próprio braço a
primeira das duas ampolas de psicotrópico que conseguira para a experiência. Mas, quando ele tentou lheaplicar a segunda, Rose continuou recusando. Ele ainda tentou ir embora,
mas a moça ameaçou telefonar para a
"Você vai ficar
polícia caso ele saísse:
poque eu quero ver como você se
transforma" - Rose teria exigido do
rapaz.
Desesperado, ele a pegou P^0 pescoco, mas a moça começou a gritar.
Bem mais forte que Aldo, Rose escapou, mas ele conseguiu derrubá-la e
começou a agredi-la com a garrafa de
cristal. São essas pancadas, e a tentativa da moça de fugir para a rua, que
explicam o sangue na sala e junto à
porta da varanda.
Ela quase conseguiu fugir, mas foi
agarrada, já na porta, pelos cabelos e
arrastada de novo para dentro de
casa. Com a garrafa na mão, Aldo
continuou a golpeá-la na cabeça.
Sempre batendo com a garrafa de
cristal, ele a perseguiu pelo banheiro e
copa de sua residência, até que Rose
Maristela desmaiou. Aldo pensou que
ela já estivesse morta e tentou simular
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gas", explicava o delegado Amândio
Malheiros.
Um viciado em drogas? Dona
Walderlice, mãe de Rose, lembrava-se
vagamente de ter ouvido alguma
coisa envolvendo Aldo, o noivo de
sua vizinham com entorpecentes. E
Aldo era, como a polícia imaginava o
assassino, um rapaz franzino.
Ele a princípio negou, mas quando
médico-legista começou a examinar
os ferimentos em seu rosto e braços,
Aldo começou a chorar e a falar.
Mas, por que as duas picadas nos
braços de Rose depois dela já morta?
"Eu me lembro de ter ouvido meu tio
farmacêutico contar", explicou o assassino ao delegado, "que uma injeção de 15 centímetros cúbicos nas
veias de uma pessoa pode matá-la por
embolia. Mas uma injeção de apenas
centímetro cúbico de ar pode revitalizar alguns doentes." Nem mesmo
Aldo soube dizer se pretendia aplicar
1 ou 15 centímetros de ar nas veias de
Rose Maristela.
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PREPARATIVOS PARA A RAINHA DO MAR
Em Sâo Paulo, as lojas prenunciaram o que vai ser o fim de semana na Baixada Santista
Nem a gasolina pode com Iemanjá
MÔNICA LIMA, de Santos
A Umbanda e o Candomblé, mesmo em épocas
de crise econômica, conseguem reunir um número assustador de adeptos dispôstos a gastar dinheiro. Um
exemplo disso é a festa de
Iemanjá, que tem inicio
hoje, em Praia Grande, no
litoral paulista, para a qual
são superadas, no mínimo,
2 milhões de pessoas que
não se incomodam em pagar CrS 22,60, o litro da
gasolina, e nem CrS 93,00,
o pedágio, desde que seja
a Rainha
para homenagear
do Mar. "É uma loucura",
exclamavam, ontem, atônitos funcionários da prefeitura local, empenhada em
acabar os preparativos
para a festa: palanques, luzes, altares, centro de informações, ambulatórios, postos de salvamento, de recolhimento de crianças perdidas e "outros detalhes".
Nunca, em toda a his-
tória da Baixada Santista,
tanta gente foi esperada em
apenas um fim de semana.
Até poucos dias atrás, inclusive, calculava-se que se
dirigiriam para a Praia
Grande cerca de 1 milhão
de pessoas. Mas, tendo em
mãos os relatórios enviados
por apenas quinze das Federaçoes Umbandistas que
irão participar da homenagem a Iemanjá, os funcionários da prefeitura levaram um susto: elas garantem a participação de 1 milhão e seiscentas mil pessoas. Isto sem contar outros nâo confirmados e
mais, pelo menos, 500 mil
turistas que estarão mais
preocupados em tomar banho de sol e admirar as belezas da festa.
A partir da manhã de
hoje, os 24 quilômetros de
praia do município estarão
chapados de, gente (uma
média de 80 pessoas por
metro), cores, músicas, luzes, bebidas, crianças perdidas, curiosos, policiais,
bombeiros, cinegraflstas,
jornalistas ... Quanto às
crianças que costuman perder-se às centenas, o prefeito Dorivaldo Loria Júnior, o Dozinho, faz um
apelo: "Os pais que gostam
de seus filhos não devem
trazê-los à festa".
Tudo estaria bem, se o
problema fosse apenas o
número de pessoas que vão
a festa. Mas há mais, muito
mais. Há, por exemplo,
uma briga entre a prefeitura
e o Corpo de Bombeiros: a
Policia Militar, não queria
funcionários da prefeitura
nos postos de salvamento
para evitar aglomerações e
a prefeitura afirmava que a
PM seria incapaz de dar
conta do serviço. O resultado foi um reforç^ nunca
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A PISTA DO CRIME
Com ar seringa, a última violência de Aldo contra Rose
A conexão do
pó ia dar
em Piabetá
Kr^BBBÉ»! «Jw^-1^ * >#<-:~ ~¦«
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ALDO YAN DELVISIO
A polícia procurava um enfermeiro, um farmacêutico ou um viciado em drogas. Ele é um viciado
MASSACRE
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W-#X,.
visto no esquema de segurança que envolveu o 6'
Grupamento de Incêndio, o
6? Batalhão da Policia Militar no interior, o 21?
BPM/I, a Polícia Rodoviária, o Batalhão da Policia Feminina, e mais algumas unidades de Santos,
São Paulo, Cubatão e Guarujá - mais de 1,500 homens munidos de viaturas,
ambulâncias, motocicletas,
aparelhos de rádio, microfones e alto-falantes e outrás maravilhas tecnológicas. A prefeitura ficou encarregada apenas pelos médicos e enfermeiros para os
postos de salvamento.
Apesar de toda a parafernália montada, a Dersa
parece não se estar preocupando muito com este fim
de semana: não preparou
nenhum esquema especial
para as estradas Imigrantes
e Anchieta, contrariando, o
que foi dito e feito no feriado de 15 de novembro,
que contou, na operação
retorno, com a presença do
secretário dos Transportes,
Leon Alexandr. "A única
maneira é usar helicópteros", disse na ocasião, o secretário - que passou absoletado em um desses aparelhos sobre todo o sistema
rodoviário do litoral. Desta
vez, o tráfego nas estradas
vai ser controlado como de
costume. Desde ontem, às
17 horas, foi implantada a
operação-descida, com a
inversão da direção da Imigrantes, que deverá durar
até o final da tarde de hoje.
O retorno vai começar
amanhã pela manhã, sendo
encerrado apenas na
segunda-feira, quando, na
faixa de areia de Praia
Grande, os últimos bebados desfaleçidos serão
acordados pelo sol do
verão.
Está explicado o mistério dos irmãos
assassinados perto de Magé.
A trilha começa num crime de
Copacabana e segue por meandros
onde trafegam viciados e traficantes
VALÉRIO MEINEL, do Rio
Irmãos e traficantes internacionais de cocaína,
Paulo Rogério Dias, o Pele,
e Cláudio Dias, o
Pelezinho, são apontados
pela Delegacia de Homicídios do Rio como os autores da chacina de Piabetá,
em que foram executados a
tiros, quarta-feira passada,
os irmãos Wilson, José
Carlos e Sônia Regina Rodrigues de Matos, além de
Sílvio Roberto Bruno Lima,
amante de Sônia, e Nádia
Machado Bastos, namorada de José Carlos. Moravam todos em Copacabana
e estavam ligados a traficantes de drogas. Preso ontem à noite, Pelezinho
negou envolvimento no
crime. À tarde, a policia
prendera outro irmão de
Pele, Fernando Dias, também acusado de tráfico de
entorpecentes.
O delegado Arnaldo
Campana considera esclarecida a chacina de Piabeta. O massacre foi conseqüência do assassínio do
argentino Hugo Angel
Amorrotu, morto com um
tiro na axila dia 20 do mês
passado, no apartamento
sublocado pelo cantor
Raul Seixas, em Copacabana. Amorrotu comprara
de Pele e Pelezinho um
quilo de cocaína e pagara,
antecipadamente, 600 mil
cruzeiros. Wilson Matos,
conhecido vaposeiro quem recebe drogas para
venda e como pagamento
tem uma cota para uso pessoai - foi encarregado de
fazer a entrega pelos irmãos traficantes. Antes, no
entanto, batizou a cocaína,
retirando uma parte e
acrescentando-lhe açúcar.
Ao receber o pó, Amorrotu
percebeu a falsificação. Lutador de caratê, surrou Wilson, cue o matou. No apartameiito, segundo a policia,
estava Oscar Rasmussen e
Ricardo Soza, o Gato, que
se encontram desaparecidos. Os policiais não acreditam em suas versões, de
que chegaram ao apartamento pouco depois do
crime. A partir da morte do
argentino, Wilson de Matos foi jurado por Pele e
Pelezinho, não para vingar
Amorrotu, mas para punir
o vaposeiro, que adulterara
a cocaína. No dia 7 do mês
passado, Antônia Gomes
Marques, tia dos irmãoS
que seriam assassinados,
comprou de Iracema Marquês Soares, por 150 mil
cruzeiros, a casa no Jardim
Paranhos, em Piabetá. E
cedeu-a à sobrinha, Sônia,
28 anos. A moça era viciada em tóxicos, queria se
afastar de Copacabana e
mudou-se para Piabetá, no
dia 12 de novembro, com
Silvio Bruno Lima, 18
anos. O rapaz, que a namorava havia alguns meses,
abandonou a casa dos pais
quando estes se opuseram
ao namoro com Sônia.
Logo após a morte de
Amorrotu, Wilson deixou o
apartamento em Copacabana e foi se esconder em
Piabetá, na casa onde estavam Sônia e Sílvio. No último fim de semana, Sônia
viajou ao Rio de Janeiro.
Esteve na casa da irmã caçula, Elizabeth, 19 anos,
casada - única dos cinco
irmãos que não se envolveu
com tóxicos - e lá deixou
um bilhete para José Carlos, convidando-o a ir morar também em Piabetá. O
bilhete foi encontrado na
casa.
A polícia acredita que
Pele e Pelezinho passaram
a vigiar José Carlos, na esperança de que o rapaz se
encontrasse com o irmão
Wilson. Quando José Carlos viajou com a namorada,
Nádia, no fim de semana,
para Piabetá, foi seguido
pelos traficantes. Na
quarta-feira, eles invadiram
a casa. José Carlos quis fu:
gir e foi fuzilado no portão;
Sônia e Nádia foram despidas, surradas e tiveram1 às
mãos amarradas. Wilson e
Sílvio também foram cruelmente espancados - as vítimas apresentavam afundamento do crâneo - e deixados apenas de short. Levados para a margem do rio
Caioba, a 500 metros da
casa, foram fuzilados cpm
tiros calibre 22,32 e 38,
José Ferreira de Matos,
50 anos, eletricista do Departamento de Trânsito do
Rio, é o pai dos três irmãos
assassinados. Ele prestou
depoimento, ontem, na delegacia de Piabetá. Antes,
almoçou em um bar da cidade e conversou com o
JORNAL DA REPÜBLICA. "Ganho apenas
2.400 cruzeiros por mês.
Enquanto houver essa desigualdade social, com o trabalhador ganhando tão
mal, existirá a violência.
Meus filhos também trabalharam no Detran, mas não
tiveram a garra que eu tenho. Há seis anos, quando
já eram todos adultos, deixaram de viver comigo.
Apenas mantinham contato
por telefone, exceto Sônia
que sempre me visitava e à
minha segunda mulher. A
mãe deles, Mafalda, morreu
há doze anos. E foi então
que descobri que Wilson
usava tóxicos. Era muito
tarde para eu fazer qual,
quer coisa".
PÁGINA 14
REPÜRLÍQ^
ESPORTES
CARTOLAS
Flamengo: Zico joga
. A Gávea viveu, ontem, um
dia de Intensa preparação de
armas. Afinal, é amanha que
o Flamengo enfrenta o Paimeiras, no jogo mais nadalado do ano. E nada melhor
do que o Maracanã, autêntica
catedral da fé futebolística,,
para palco de tal confronto.'
Em principio, estarão em
campo, indiscutivelmente, os
dois melhores times do Bra-'
sil. Depois, sáo duas escolas
de futebol de filosofia diferente: o atlético e veloz Paimeiras diante do ritmado e
nada lento Flamengo.
Será também a oportunldade para que surja uma resposta para a velha pergunta:
quem é melhor, Cláudio CouUnho ou Telê Santana? Como
se sabe, o processo sucessorio para o cargo de técnico
da Seleção poderá ser deflagrado a qualquer momento,
SÁBADO 8 DE DEZEMBRO DE 1979
principalmente depois quei
Giulite Coutinho for ungido
presidente da futura CBF.
Ontem, o Flamengo fez um
coletivo considerado muitoj
bom e a escnlaçáo de Zico Já
está garantida. Em compen-'
saçáo, Ttta e Rondlnelll sâo>
as grandes dúvidas de CouUnho. A equipe está praticamente escalada com: Cantarde; Toninho, Rondlnelll
(Deqiinha), Manguito e Junior; Carpeggianl, Adílio e
Zico; Reinaldo, Cláudio Adáo
e Carlos Henrique (Titã).
Para Coutinho, a vitória será
«un fator psicológico a beneflciar os jogadores». Jà o
presidente Márcio Braga é
um poço de confiança. Anda
dizendo ate que já encomeih
dou as passagens de aviáo e
reservou hotel em Porto Alegre para o primeiro jogo da
semifinal, contra o Internacional.
Ginástica: deu Romênia
Sem se deixar abater pelo
acidente que tirou da competiçào sua grande estrela,
Nacüa Comaneci, a equipe da
Romênia conquistou na quinta-feira á noite, pela primeira
vez em sua história, a medalh;; de ouro por equipes no
torneio feminino do Campeonato Mundial de Ginástica,
em Forth Worth, Texas.
Nadla, que passara o dia todo
num hospital, com um tubo
intravenoso no braço, acabou
abandonando, na noite de
quinta, o Centro de Convenções do Condado de Terrant,
perdendo assim todas as
esperanças de ganhar a
competição individual.
Com uma infecção na mâo
esquerda, ela chegou a entrar
no estádio com suas colegas
de equipe. Saltou sobre a
plataforma, segurou uma das
duas barras assimétricas,
realizou uma evolução
simples e saltou para o solo.
Depois deixou as barras, fez
uma inclinação perante os
juizes e saiu do estádio diante de uma multidão silenciosa
c atônita. As autoridades
esportivas afirmavam que
Comaneci, que realizava
exercício de traves, cavalo e
solo, deveria tentar pelo
menos uma apresentação nas
barras assimétricas, pois do
contrário perderia todas as
chances de competir nas
outras modalidades. Como
não conseguiu nenhum ponto
nas barras, as esperanças da
ginasta romena de vencer o
Campeonato Mundial de
Ginástica foram por água
abaixo.
Suas companheiras, porém,
conseguiram superar as soviéticas, que, pela primeira vez
em doze anos, perderam a
medalha de ouro por equipes.
E o resultado final acabou
sendo o seguinte: 1 — Romênia: 389,55; 2 - Uniõo Soviética: 388,925; 3 - Alemanha
Oriental: 388,075.
EUA: mais uma vitória
Ao que tudo indica, as
aulas que Pele deu aos futebolistas norte-americanos
começam a surtir efeito. O
selecionado dos Estados
Unidos classificou-se para a
terceira e última rodada do
torneio pré-olímpico ao derrotar a equipe das Bermudas
por 5 a 0, em Fort Lauderdale, na Flórida. Na primeira
partida, os EUA haviam
vencido por 3 a 0. Agora, o
time americano vai enfrentar
o Haiti e a Costa Rica, numa
chave da qual sairá um classificado para os jogos de
Moscou, no ano que vem.
Todos os jogadores da seleção dos Estados Unidos — ao
contrário do que se vê em
equipes como o Cosmos —
sâo de nacionalidade americana.
O Palmeiras no Chile
O Palmeiras, do Brasil, o
Olímpia, do Paraguai, o Boca
Juniors, da Argentina, e o
Universidad, do Chile, começam a disputar hoje, em
Santiago, um quadrangular
de futebol infantil. O torneio,
que se estenderá por três
dias, terá como jogos de
abertura Palmeiras x Olimpia e Boca Juniors x Universidad. O time brasileiro está
bem cotado, pois jogará
contra a equipe local na
rociada de encerramento, na
próxima quarta-feira. A grande sensação, no entanto,
deverá ser Olímpia x Universidad aguardada como uma
miniatura da partida que os
profissionais destes dois
clubes vão disputar terçafeira para finalíssima da
Copa América.
A candidatura
de Giulite
ja e oficial
Na verdade, ele já está eleito
para a CBF: tem o apoio de
17 das 26 Federações
MARCELO FAGA, do Rio
MURILO ANTUNES ALVES
O advogado da Federação esperou duas horas seu colega corintiano
IMBRÓGLIO (ARGH!)
Agora falta a
assinatura
do Palmeiras
0 Corinthians já desistiu da
Justiça comum, mas cabe ao
Palmeiras dar o sinal verde
TÔNICO DUARTE
Desde ás 17 horas de
ontem o destino do Campeonato Paulista passou para as
mfios do Palmeiras e da
Ponte Preta. Conforme
prometera o presidente
Vicente Matheus, o Corinthians desistiu oficialmente da
Justiça comum, faltando
apenas a homologação destes
dois clubes para que o certame possa continuar. Eram
exatamente 17 horas quando
o advogado Eurico de Castro
Parente, acompanhado por
Mário Campos, entregou ao
juiz Geraldo Mendonça de
Barros Filho, da 24'' Vara
Civil, um documento no qual
desistia da cautelar que truncou o campeonato.
Eurico estava atrasado.
Desde as 14 horas ele era
aguardado pelos advogados
do Guarani, da Ferroviária e
por Murilo Antunes Alves, da
Federação Paulista de Futeboi. Defiois de duas horas de
espera, calor e cansaço, os
advogados foram embora,
duvidando das boas intenções
de Matheus. Enquanto isso, o
juiz náo sabia assegurar se o
Corinthians realmente desistiria da Justiça comum:
«Se ele desistir sem a
concordância dos outros, terá
de arcar com os honorários e
custos do processo. Tem de
haver a concordância para
que saia a homologação e o
caso passe a Justiça Desportiva».
Pela manhã, um oficial de
Justiça chamado Dalan este-
ve no Parque Antártica, em
diligência, para citar o presiciente do Palmeiras, Delphino
Facchina. Lá, foi informado
de que Facchina estava doente. Então percebeu a presença do vice-presidente Bricio
Pompeu de Toledo,, que
imediatamente trancou-se
numa saleta. Resultado:
Dalan voltou para o Fórum
sem ter conseguido citar o
Palmeiras. Convém lembrar
que dos cinco clubes litesconsorte no processo, o
Palmeiras foi o único a não
assinar o acordo da última
segunda-feira, aceitando a
mediação do ministro da
Educação e Cultura.
Outro clube que não deu o
menor sinal de vida foi a
Ponte Preta, cujos représentantes foram aguardados a
tarde inteira. Em todo o
caso, a Ponte não deve criar
problemas, afinal, assinou o
acordo. Resta saber se o seu
novo presidente, Edson Aggio,
começará gestão com o pé
direito, cumprindo a palavra
empenhada.
Enquanto distribuía cópias
xerox da desistência, Eurico
de Castro Parente lamentava
a ausência dos clubes interessados. Parente só não quis
dizer quanto é que Matheus
— técnipagou para que ele
um
fisicamente
e
ca, tática
craque do Direito — bordasse
com suas mãos gordinhas os
arrazoados jurídicos que
armaram todo o imbróglio:
«Ninguém veio para que o
juiz podesse homologar a
desistência», dizia o ruivo
causídico que, dizem, ganhou
uma fortuna (seriam mesmo
cinco milhões de cruzeiros?)
para dar um nó no campeonato. «Resta saber a posição
do Palmeiras, que não aceitou a citação. Mas deve aceltar, pelo bem do futebol
paulista».
O Juiz Barros Filho, depois
de receber a desistência,
determinou um prazo de
cinco dias para que Palmeiras, Ponte Preta, Guarani,
Ferroviária e Federação
manifestam-se. Este prazo
entrou em vigor a partir de
ontem e o doutor Geraldo,
que todo o mundo sabe ser
fanático por um bom joguinho de bola, parecia animado
ante a perspectiva da continuação cio campeonato:
«O Corinthians já cedeu,
mas se ninguém abrir mão
de nada, o negócio continuará
como está. Espero que os
demais clubes interessados
na questão e também a Federação cedam. Eu lhes dei um
prazo de cinco dias e aguardo
um pronunciamento. Espero
que o campeonato possa
continuar, como afiecionado
do futebol que sou».
A Federação esteve vazia
praticamente todo o dia de
ontem. Nabi Abi Chedid foi
ao Rio de Janeiro, onde aconteceu um beija-mão muito
especial: o lançamento da
candidatura de Giulite Coutinho à presidência da Confederaçâo Brasileira de Futeboi. Assim, na falta de um
dos band-leaders da pantomima, sobraram os tradicionais
sucos de abacaxi e cafezinho.
Nabi deveria voltar à noite, a
tempo de comparecer (triun['almente?) ao jantar de
confraternização da ACEESP
- Associação dos Cronistas
Esportivos do Estado de São
Paulo.
Comentou-se que Nabi seria
o portador de um apelo do
próprio Giulite, no sentido do
Palmeiras não complicar as
coisas. Alguns cartolas de
menor porte cruzavam os
dedos para que Facchina não
fosse oriundo da Sicília, onde
a teimosia é fato consumado.
Com discursos regados a elç próprio se considerava
água mineral c cafezinho, foi «representante do Centro».
formalmente lançado ontem, Também ocupou a mesa o
no Rio, o nome do. empresa- aplaudidissimo presidente da
rio Giulite Coutinho, atual FIFA, João Havelange.
Liberada a palavra para
presidente do Coaselho Nacio- discursos, resolveram
falar
nal de Desportos, para a
Federadas
os
presidentes
presidência da nova Confederação Brasileira de Futebol ções Baiana, Brasiliense e
(CBF). As eleições estão Cearease. Márcio Oliveira,
marcadas para o dia 17, mas da Bahia, sugeriu que, no
a vitória da chapa de Giulite diapasão do atual presidente
está desde já assegurada. Heleno Nunes, «estaríamos
Das 26 Federações Estaduais caminhando para o caos total
e absoluto». O da Federação
que compõem a Assembléia
Geral da CBF, dezessete do Distrito Federal, Rui
subscreveram o registro da Teles, lembrava que, na últichapa, que conta com José ma eleição do almirante, há
Ermírio de Moraes Filho cerca de um ano, teria sido o
como 1° vice-presidente e o pioneiro da idéia de reformuvez,
presidente do Fortaleza, laçâo do futebol. Por sua
Airton França Rebouças, o cearense José Neas Barroso foi muito franco em admicomo 2"-vice.
O lançamento da chapa de tir que teve «sorte em
oposição ao almirante Heleno embarcar nessa canoa».
Havelange também falou
Nunes foi na sede da Federaçâo de Futebol do Rio de «mais como amigo do que
Janeiro e contou com a presidente da FIFA» e manipresença do presidente da festou «esperança de ver na
FIFA, João Havelange. Parti- copa de 82 a redenção do
ciparam ainda, além dos futebol brasileiro». O excandidatos, os dirigentes das
dezessete Federações que
subscrevem a chapa e a
mulher do presidente da
Federação de Mato Grosso do
Norte, representando-o.
Muito risonho, fumando a
suflindefectívelpiteira, o anfitrião Otávio Pinto Guimarães, presidente da Federaçao Carioca, chamou para a
mesa da reunião o presidente
da Federação Paulista, Nabi g
AbiChedid, «para representar a
"' - xx.,a Região Sul do País» e o ¦% Éfc. *
presidente da Federação
GIULITE
Amapaense, «os Estados e Lançando-se candidato,comoquem
Territórios do Norte», já que
«Na elaboração da tabela
dos jogos, será levado em
consideração, tanto quanto
possível, o número de jogos
disputados pelas Associações
em suas respectivas cidades
sedes, sem contudo permitir
vantagem técnica, dentro do
critério estabelecido». Este
contraditório Artigo 27 do
Regulamento do Campeonato
Brasileiro de Futebol foi que
convenceu o juiz Celso
Felício Panza, da 20» Vara
Civil do Rio, a conceder a
medida cautelar impetrada
pelo Atlético Mineiro, suspendendo o jogo de quinta-feira,
a que o clube não compareceu, contra o Goiás no Estádio Serra Dourada, em
Goiânia.
A liminar foi despachada
pelo juiz em sua prórpia residência, duas horas antes do
Por oue Matheus
tempo
tanto
esperar
fe\a justiça
a contar o abono natalino
recebido do govemo com a
desvalorização do cruzeiro.
O Corinthians? Ora, o Co
rinthians náo dá lucro de
30% da noite para o dia; a
torcida? Ora, torcedor corintiano náo sabe nem o
que significa uma operaçáo
cambial. E se o clube, com
o campeonato definitivamente enfiado no mais
úmido dos brejos, acumular
prejuízos, fiquem tranqüilos
— Matheus tapará o buraco
com uma pequena parte do
que ganhou ontem.
cavalo de alça. Peço licença para discordar e
acredito que, deste lado do
mundo, poucas nações teriam condições de brilhar
na ginástica como o Brasil
e sugiro uma simples medida capaz de melhorar
nossa performance daqui
para a frente — é só inserever uma meia düzia de
operários de salário minimo
que o mundo verá, estarrecido, como o brasileiro é
bom de ginástica. E náo me
venha dizer que náo dá;
como se sabe, programando, dá.
Como seremos
campeões de ginástica
Os Cartolas e o
leilão dos craques
Unido Soviética, campeá
mundial de ginástica, depois de passar monumental
rasteira na hegemonia dos
japoneses. Náo desfaleço de
pajxáo pelos ginastas mas,
curioso, corri os olhos no
noticiário atrás da classificação do Brasil. Lá estava:
vigésimo lugar, com um comentário do jornal acerca
da nossa atávica incapacidade para rebolar sobre o
A moda é vender artilheiros e anuncia-se desde já
que o colunâvel Márcio
Praga náo resistirá ao ataque das liras sobre Zico; o
condenável Agatimo Gomes, presidente do Vasco,
também anda fazendo as
contas de quanto lucrará
com a ida de Roberto para
o futebol inglês, talvez
acompanhado de Paulinho,
o outro goleador da equipe.
Assustem-se vocês, que este
humilde colunista náo mais
se surpreende com os crimes da cartolagem. Náo é
a vaidade dos cartolas que
empurra os clubes para a
mais miserável mendicância? E depois, como pagar
todas as dívidas senáo lei<
ioando os craques?
E por uma dessas ironias,
váo-se os jogadores e surge,
para nosso desespero, essa
triste revelação de cartola
que é Walmir Pereira, presidente do Atlético. A reeleiçáo dessa inacreditável
criatura custará ao mais
popular clube de Minas
uma cratera financeira do
tamanho das tradições do
Gaio. Ao abandonar o Campeonato Nacional sem razáo
alguma, o cartola expôs o
Atlético a pesadíssimas
sanções judiciais e esportivas — e para enfrentar o
prejuizo certo, só passando
nos cobres as estrelas da
equipe. Boa viagem, Paulo
Isidoro!
O fantástico caso
do mel misterioso.
Final de jogo em Campinas, Guarani 0, Coritiba 0, e
a torcida olha com ódio
para o ponta-esquerda
Bozó. Em noventa minutos,
nenhum passe certo, um
chute a gol, nada. Como
era jogo noturno e o rapaz
apresentava impressionante
palidez, pensei logo que havia entrado em campo sem
jantar. Rod La Rocque, o
Rodinho, que ao meu lado
havia presenciado todos os
lances da desgraça de Bozó,
deu versáo mais serteneja
para o drama do craque:
«Prezado, pela cara dele
acho que o homem tá atacado do mal de compadre
Bininho, naquele frege da
seleção da Pedra mais o
Ume de seu Lôla da Serra
Talhada».
Era bem possível. Na
manhã daquele jogo, no
campo da Ribeirinha, em
19GB, o craque Severino Cardeal, famoso no sertão pernambucano como Bininho,
misto de craque e boiadeiro, chegou na «concentração», que ficava nocurral atrás da casa de Dona
Babu, e viu na prateleira,
ao lado do cuscuz de milho
zarolho, um vidrinho de
mel. «Cuscuz com mé dá
sustança, num dà, Bo-rante?» perguntou ao zagueiráo do time. Berrante
toma posse
Atlético: vitória judicial
l^iiíiMSlIii
As 17 horas de ontem, a
multidão que se amontoava
à porta do fórum ainda esperava pelo advogado do
Corinthians, na esperança
de que o clube retirasse a
questáo da Justiça comum
e o campeonato pudesse
% prosseguir. Qualquer senhor
gordo de pastinha na máo
que apontasse a barriga na
esquina, alguém gritava:
«É ele!» Fotógrafos armavam os equipamentos para
documentar a cena histórica, repórteres atropelavam-se num doloroso assanhamento, e nada. Ou era
simples miragem provocada pelo infernal carlos,
ou a esbaforida figura de
um oficial de Justiça ou,,
ainda um saltitante vendedor de bilhetes de loteria.
Às 17h30 apareceu, mais
zarolho do que nunca, o
advogado Eurico de Castro
Parente. É que Matheus,
entretido com assuntos
mais palpitantes, simplesmente esquecera da
Justiça.
Vicente Matheus, leitores,
dono de financeira, passou
a tarde de ontem mergu- ,
lhado numa banheira de dólares, como o Tio Patinhas,
presidente da CBD opõe-se a
Heleno Nunes desde que, no
govemo do presidente Geisel,
foi Impedido de fazer seu
sucessor na presidência da
entidade, ao assunir a FIFA.
Nem Giulite Coutinho nem
o eterno vice, José Ermirlo
de Moraes Filho, estavam, a
essa altura, participando da
reunião, e Otávio Pinto
Guimarães suspendeu-a por
minutos para recebê-los na
portaria do prédio da Federaçâo Carioca. Eles esperavam
no gabinete do presidente do
CND, próximo do local, pelo
telefonema de convocação à
cerimônia.
Em seu discurso, o festejado presidente do CND não
prometeu o compeonato nacional por divisões, calendário,
ou seja, nenhum dos itens
que constariam de sua plataforma. Pelo contrário, afirmou que «as reformulações
necessárias em termos de
organização e administração
demandam tempo». Giulite
comprometeu-se a valorizar o
jogador de futebol, segundo
ele, «a matéria-prima, que,
ao mesmo tempo, se constitui
no mais valoroso patrimônio
do esporte*.
Das 26 Federações, as 18
que apoiam Giulite sào:
Piauí, Minas Gerais, Mato
Grosso do Sul, Mato Grosso
do Norte, Pará, Sergipe,
Ceará, Brasília, Paraná,
Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Maranhão,
Rondônia, Amapá, e Rio
Grande do Norte. Estariam
indecisos ainda os presidentes das Federações da
Paraíba e Santa Catarina.
Heleno Nunes, por sua vez,
tem o apoio de Rio Grande
do Sul, Pernambuco, Espírito
Santo, Amazonas e Acre.
concordou e Bininho exagerou: cuscuz, mel, leite
gordo, açúcar. Encheu a
barriga, deu três voltas no
Ijuarteíráo e apresentou-se
ao treinador Valdemar Arcoverde, o Valde. pronto
para a guerra.
Meio-dia, solzinho morno,
o pessoal afastou as cabras
do campo e o jogo começou. Logo no primeiro
lance, quando Cozinheiro
lançou em profundidade, o
lateral Bininho fez força no
pé mas sentiu a tripa dar
um nó. Foi perdendo a cor,
a língua secou de repente,
ele cruzou as pernas e ficou
ali, como uma estátua. O
técnico Valde correu para
perto: «Que que deu em tu,
desgraçado!?», perguntou,
patemalmente. Bininho revirou os olhos: «Só pode ter
sido o mé...», queixou-se,
num suspiro. «Mas que
mé?», espantou-se o vigilante treinador. «O mé que
tava em riba da prateleira
do cuscuz». Valde botou as
máos na cabeça: «Então
corre pro mato que aquilo
num era mé náo, infeliz;
era óleo de ricino!» No dia
seguinte Bininho mudou-se
para Minas Gerais.
jogo, mas o presidente da
CBD, Heleno Nunes, citado
como réu, ainda nâo foi notíficado dela: atè ontem, o
oficial da Justiça encarregado de notificar o almirante
nôo o tinha encontrado
em
casa, no trabalho ou na CBD,
pois Heleno já tinha subido
para sua casa de campo em
Teresópolis. Com isso, a CBD
não providenciou a contestação da ação.
O juiz Panza disse que só
estava suspenso, com sua
decisão, o jogo de quintafeira, mas que isso se refleteria nos resultados futuros do
carrpeonato. Segundo ele, o
mando de campo «é uma
vantagem técnica que o próprio regulamento diz que não
deve ser permitida». Por sua
vez, o especialista em justiça
esportiva. Valed Perry, disse
que a interpretação do juiz
sobre o artigo 27 estava errada, pois hà menção a um
«.ritérioestabelecido» que, na
elaboração de toda a tabela
do campeonato, foi o índice
técnico. Nisso é que a CBD
yy
'7?SE
se baseou para marcar o jogo
entre Goiás e Atlético para
ooiânia, já que o time mineiro tinha um ponto a menos.
Por outro lado, persistem
dúvidas a respeito da decisão
da CBD de eliminar o Atlético do campeonato. O almirante Heleno Nunes, que
proclamou o Internacional de
Porto Alegre como campeão
do grupo, cedeu às pressões
da Federação Gaúcha e deu
ao clube os pontos da partida
que deveria disputar domingo, beneiciando-o no mando
de campo futuramente,
contra o vencedor de
Flamengo e Palmeiras.
Segundo observadores, a
decisão da CBD é dúbia: ou
aliminava o clube mineiro e
o Internacional não ganhava
os pontos do Atlético, ou
esperava a partida de domingo para declarar o time
mineiro derrotado por W.O.,
para só então o Inernacional
perfazer seis pontos como
campeão do grupo.
Marcelo Fagá, do Rio
•* 7.;7^PP
G1LDÊME1STER
Se vencer Borg, chileno jogará comGullikson
Gildemeister e
Borg na semifinal
O chileno Hans Gildemeister tem razões de sobra para
orgulhar-se pelo resto de seus
dias. Pelo menos uma vez,
ele cehegou perto do feliz
deis do tênis mundial, Bjorn
Borg. Ambos classificaram-se
para decidir quem seria o
número um no grupo de
quatro finalistas da Copa de
Tênis que vem sendo jogada
em Montreal, Canadá. Se o
chileno vencer Borg — tarefa
cteantemâoconsiderada hercúlea e improvável — jogará
depois contra o norteamericano Tini Gullikson, ao
passo que o sueco repete
aquele match eterno contra
Jimmy Oonnors.
Eorg avançou facilmente
para as semifinais do
torneio: ontem à noite, derrotou o norte-americano Pat
Dupre pw 6-1, 6-2. Em uma
partida anterior, o Gullikson
venceu o seu compatriota
Peter Flamingo por 6-1, 2-6 e
6-4, como se vê, com ligeira
dificuldade no segundo set.
No terceiro jogo da noite,
Jimmy Connors também suou
a camisa: ganhou de Ilie
Nastase por 4-6, 7-6 e 6-2.
SÁBADO 8 DE DBZPMBRO DE 1979
PÁGINA M
gEPÜBLíQ\
CULTURA
SUPER-HERÓI
falta de talento também
sento justificadas por ai.
Entre as melhores da noite,
poderiam ser citadas: BandoUns, dc Oswaldo Montenegro,
boa apesar de antiga; Catuilha, dc Walter Franco, um
grito louco e bem feito, muito
apropriado para o festival e
certas personagens; Maria Fumaça, de Kleiton e Kledir Alves Ramil, que apesar de ser
apenas uma toada gaúcha, é
divertida; Quem me Levará
sou Fu, de Dominguinhos e
Manduka. que através do
talento deste sanfoneiro
acaba sendo uma das melhons coisas do festival; Tempo
de Colheita, de Gonosio
Sampaio Filho e Juraildes
Cruz, candidata ao I" lugar
fácil, se houver algum critério na escolha; e Mata, de
Marlui Miranda e Marcos
Sanülli.
Entre as razoáveis ficam:
Chama, de Hilton Accioly e
Joe: Dona Culpa Ficou Solteira, de Jorge Ben; To Querendo Tá, de Bubuska Valeça; e Tira os Óculos e Recoíbe o Homem, de Makalé e
Moreira da Silva, o milionésimo samba de breque brasiliro. Sabor de Veneno, de
Arrigo Barnabé, náo tem música, nem letra, apesar de ter
muito barulho — embora aiguns aficionados acreditem
que é este o tal caminho da
música brasileira. E América, de Cláudio Lucci, além
de parecer com umas cinco
músicas já gravadas, ainda
tem a empavonada Elba Ramalho como intérprete —
aquela moça que parece
muito mais preocupada em
aparecer na televisáo do que
em defender a música. Para
quem ainda tiver ânimo, boa
sorte.
MUSICA
Festival com
sabor de
veneno (mesmo)
cie, o mais
novo colega
o Super-homem
Ele vai virar personagem de
desenho animado, nos EUA. Mais:
vai filmar com Robert Redford
Na final do Festival da Tupi,
hoje à noite, a menos ruim
levará um milhão de cruzeiros
JOSÉ MEIRELLES PASSOS
CARMENCAGNO
Antes, quando era jogador
de futebol, era bem mais fácil conversar com ele. Bastava ir ao velho estádio do
Santos, na Vila Belmiro. e
procurá-lo nos vestiários. Ou
entáo, acomodar-se numa ca¦ deira, na
pequena barbearia
'Mi em frente ao clube, e fan zer-lhe perguntas enquanto o
.: rapaz passava-lhe creme e
"•navalha no rosto. Hoje, conseguir uma entrevista formal
gi com Pele, tomar-lhe — diga,,mos — trinta minutos, signi, fica uma espera de até, como
no nosso caso, dezessete dias
por um telefonema de sua
fiel secretária, Léa, marcando data. local e horário.
E, o que é pior: o telefone tocar. e a voz de Léa, do outro
lado, dizer que «infelizmente
. ele náo tem aparecido por
aqui. nem sequer telefona,
ainda náo deu para marcar a
conversa. E agora não vai
. dar mais, porque ele está
para voltar para Nova York.
Acho que só vai poder ser em
janeiro».
Náo é o fisco
que o assusta.
É a Rose!
«O negáo tá com a vida
T.
a Deus», justifica
'A que pediu
José Roberto Xisto, braço-di• reito de Pele, economista, o
"-"homem
dos números, que
'
Ur também zela pela imagem do
rei, um mago que transforma
a marca Pele em mercadorias de toda a espécie. «O homem tá solteiro... e agora,
cismou com o tênis. Passa o
"¦ dia inteiro
jogando, vai à
praia no Guarujâ, recebe em
casa. Tá aproveitando a
vida».
O escritório das Empresas
Pele, um terceiro andar inteiro, no centro de Santos,
carpetado em roxo, móveis e
paredes brancas, mais um
bucólico jardim de inverno,
agora anda tranqüilo. Porque
"" Pele virou rnr. Nascimento e
passa quase todo o tempo no
exterior. Quando vem a Santos, é a boa vida a que Xisto
já se referiu. De qualquer
forma, o carteiro da rua Riachuelo náo deixa de atravéssar diariamente as portas de
a sala de
dáo
vidro,
" espera,queonde para
há uma imitaçáo de Giacometti num
canto, ao lado de revistas da
ACM, da Unesco, e outras publicaçóes do gênero. O homem deixa pelo menos dez
cartas por dia na mesa de
- Léa, correspondncia Vinda
desde a MaTasia e
"" Pindamonhangaba, de Tóquio
•'" e da pequenina Yunguio, cidade peruana na fronteira
'
com a Bolívia. A maioria
pede fotografias ou camisas
Chegou o grande dia. Quem
viu, viu. Quem náo viu, náo
verá nunca mais — e um dia
agradecerá aos céus por isso.
No palco do Palácio das Convençôes do Anhembi desfilaráo hoje, a partir das 21 horas, os últimos sobreviventes
do Festival da Tupi da Música Popular Brasileira. E se
tudo correr bem — salvo aiguas bJack-outs, tropeços do
apresentador.m rolos de papel higiênico, falhas no sistema de som, ovos, gritaria
ou pancadaria — os jurados
escolherão o grande vencedor
desta brincadeira, que aboI canhará 1 milháo de cruzeij ros. 2" colocado levará 200
mil: 0 3", a melhor letra e o
melhor arranjo, 100 mil cada,
| assim como o melhor intérprete.
Das doze finalistas, algumas são boas outras
razoaveis e outras ainda, muito
ruins. Nenhuma dessas músicas, porém, pode ser apon-
do Santos e do Cosmos, devidamente autografadas, mas
continua chovendo pedidos
também de auxilio financiero, de cadeiras de rodas,
ou arengas de inventores propondo a Pele a compra da
patente de engenhocas as
mais estapafúrdias.
Mr. Nascimento simplesmente ignora essas e outras
propostas, algumas femininas. Negócios ficam por
conta dc Xisto, economista
bem-sucedido
muito bem
informado, uma raposa do
merchandising com pouco
mais 30 anos de idade, e que
agora, imaginem, está para
transformar Pele num super-herói na terra do Superman,
de Batman. Mulher Maravilha e outros fenômenos. O
ex-futebolista vai virar fieiçáo para gringo ver.
Nesta segunda-feira, mr.
Nascimento embarca para
Nova York. onde Xisto o espera desde ontem, com a cópia de um complexo e espesso contrato da
Hanna-Barbera Productions,
que fará Pele entrar para o
time de super-heróis que habitam as telas de TV e a
imaginacáo da criançada no
mundo inteiro. «Jâ existe um
jgé<ontrato», disse-me Xisto
pouco antes, de embarcar,
para acertar os últimos detalhes da transaçáo. Será uma
série completa de treze filmes
com duraçáo de 23 minutos,
cada. Custo de produçáo: um
milháo de dólares. E Pele,
quanto ganhará?
Ah,' náo pergunte coisas
desse tipo a Pele ou ao seu
staff. Seu cuidado em náo revelar cifras náo é tanto um
temor ao fisco: eles temem
mais os atentos advogados de
Rose Cholbi, ex-senhora Edson Arantes do Nascimento.
Xisto, portnato.. apenas diz
que os desenhos animados
renderáo um valor ainda abstrato, porque, segundo ele,
Hanna-Barbera e Pele dependem ainda do merchandising:
«Depois que eles tiverem
vendido os filmes para as estações de TV, tiverem feito
toda a transaçáo com os
anunciantes, aí a gente vai
ver esse negócio de participação nos lucros». Sabe-se,
porém, que de acordo com as
leis norte-americanas, o pagamento minimo pelo uso de
uma marca é de cerca de 3
milhões de cruzeiros.
Ou seja esse é o valor só
para começo de conversa.
Agora, o plano
é invadir
a China
Além dos desenhos animados. o esperto Xisto, que
tada como indicadora de um
novo caminho. Nada que lembre — nem de longe — a explosáo de talento de um
Chico Buarque, um Vandré,
um Caetano e um Gil, egressos de outros festivais. O que
Tica desta vez é um amargo
sabor de déjà vu. uma salada
meio azeda com o passar do
tempo e a pergunta inevitável, já formulada pela sábia
Rita Lee: «Ai, ai meu Deus,/
o que foi que aconteceu/ com
a musica popular brasileira?».
A única resposta, até
agora, tem sido cantada em
uníssono para explicar quase
tudo de ruim que vem acontecendo de quinze anos para
cá: os anos mais negros da
ditadura, de censura, de castraçáo à criatividade e ao
pensamento explicam, sem
dúvida, grande parte do que
se vè hoje neste festival. Mas
seria o caso de perguntar até
quando a picaretagem e a
-Happy Daysacompanha Pele há cinco
anos, tem dezenas de outros
planos em seu cofre, tudo
bem estudado, previsões de
lucros e de riscos detalhadíssimas, tudo à espera do momento oportuno de dar o
bote. Ele me disse, como
quem conta uma confidencia,
que não foram os gringos
quem «descobriram» Pele.
«Foi Pele quem descobriu a
América», ele garantiu, com
a voz carregada de orgulho.
Os fatos o comprovam. Para
citar apenas um fiapo: além
de consultor internacional da
Warner Brothers, o que, em
outras palavras, significa ser
um relações públicas cheio
de privilégios e mordomias.
Pele é hoje, o maior acionista
do New York Cosmos, cujo
gráfico de lucros sobe verticalmente. Há seis anos, o
Cosmos náo conseguia levar
mais do que 100 mil espectadores ao seu estádio durante
toda uma temporada; e,
nesta última, já conseguiu
mais de 1 milhão de torcedores. que passaram pelas caixas registradoras do clube.
Seria necessário dizer que
eles pagaram em dólares?!
(O staff de Pele prepara-se,
inclusive, para invadir a
China, aproveitando a brecha
aberta pela Coca-Cola. «Você
já viu o tamanho do mercado
lá?», perguntou-me Xisto, os
olhinhos brilhando).
Pele, contam seus poucos e
diligentes assessores, anda
animado com a perspectiva
de filmar em Hollywood — o
oM© cU QoxtSto^
JJ&^5& cio
que deverá acontecer já no
próximo ano. Pelo que dizem,
o outro astro será Robert
Redford, também do time da
Warner. A fita será sobre um
episódio da, II Guerra Mundial, em que um time de futebol de prisioneiros russos
enfrentou uma equipe de nazistas. O jornalista e escritor
uruguaio Eduardo Galeano.
conta assim esse caso — que
será adaptado para o cinema:
«Há anos, em Kiev, me
contaram porque os jogadores do Dínamo tinham mererido uma estátua. Contaram
uma estória dos anos da guerra. Ucrânia ocupada pelos
nazistas. Os alemães organizam um jogo de futebol. A
seleção nacional de suas
forças armadas contra o
Dínamo de Kiev, formado pelos operários da fábrica de
tecidos: os super-homens contra os mortos de fome. O
estádio está lotado. As arquibancadas se encolhem, silenciosas, quando o exército
vencedor mete o primeiro gol
da tarde: se acendem quando
o Dínamo empata; estalam
quando o primeiro tempo termina com os alemães perdendo por 2 a 1. O comandante das tropas de ocupação
envia seu assistente aos vestiários. Os jogadores do
Dínamo escutam a advertência: «Nosso time nunca foi
vencido em territórios ocupados». E a ameaça: «Se ganharem, seráo fuzilados». Os
jogadores voltam ao campo.
Poucos minutos depois, ter-
-Miguel Paiva:
UME£/\ QUANDO :- -«;
VOCÊ ME TRAZ-lA
FLORES m. BEÜA; _
VA AP^XO^OA^KITE^
ME LEAVAMJXA-Í, a
ceiro gol do Dínamo. O público acompanha o jogo em
pé. e em um único longo
grito. Quarto gol: o estádio
vem abaixo. De repente, antes da hora, o juiz dá por terminado o jogo. Foram fuzilados com as camisetas, no
alto de um barranco».
Ô--,
LEHBfcO. ERA
QUAfc-TA-FeiRA
E a casa, à
prova de balas,
virou atraçâ"o
Só que, na versão hollywoodiana, o final será outro —
segundo o staff de Pele. De
qualquer forma, Pele será
transformado num russo!
(Coisas de Hollywood).
Enquanto isso, a sua
grande casa na Ponta da
Praia, rodeada por altos muros cinzentos, além de vidros
à prova de bala, continua
como atração turística, fotografada a três-por-dois. O
guarda que fica junto à
porta, coitado, já não suporta mais repetir que «o
patráo náo está».
— Esses turistas me enchem o saco!
;
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JOE*
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*M»I
—
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-
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N
GASTRONOMIA
o Rio, um pouco de Paris
Gaston Lenôtre, uma das sumidades da «nouvelle cuisine» da
França, abre no Rio uma filial de seu restaurante,
o Pré-Castelan.
T' ¦cfWMAfJ&o! e
WtM> vou
E promete a mesma qualidade, o mesmo rigor
HELENA SALEM, do Rio
M
*m.
éS?.S>
fefA uew
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p/t/V>r tJoec.
CUVPADAe!
CHfiMÜDWt-
sõDe/Jèí
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*C-— _: -
gflse í 6ÉAPAS W ÍUFcGMfi
5^ SüDeue £$Tou /t/A
CAfiTiVGAl fflu! eXWDA'.
/a\
¦¦¦¦
nff
^—'
VvJil
r=55> 71 f
'
1. Mm
Gaston Lenotre sorri yitoriosamente para os fotógrafos,
leva o dedo indicador aos
olhos do apetitoso peixe e o
traz de novo ã boca, beijando-o. Ele é um artista da
cozinha, e com este gesto
rende sua homenagem à arte
culinária internacional. É
também um empresário
multinacional: seu restaurante Pré-Catelan, com magnífica sede em Paris, tem filiais
em Berlim, Tóquio — e.
desde ontem, no Hotel RioPalace em Copacabana.
chyssoice glacéc à Ia Ciboulette) custa 200 cruzeiros. O.
peixe (Dorade sauce antiboise a rhuile d'olive viérge),
•120; a carne (Mignon de porc
au vinaigre vieux vin), 450; e
a sobremesa (Tarte Williams
Çhaude) 140. Ou seja, uma
refeição custa pelo menos
uns 1.500 a 2.000 cruzeiros,
incluído o vinho. Já o prato
mais caro — Escargots au
Safran — custa 800 cruzeiros. •
«'I\ido é importado, por isso
custa tanto», explica o diretor do Rio-Palace.
Sua especialidade è a
«nova cozinha francesa».
Lenôtre gosta de falar aos
jornalistas. E de posar, com
toda a classe, para os fotografos. Fie explica que, para
fazer-se uma boa cozinha,
são necessários três ingredientes: alimentos muito frescos, técnica apurada e limpeza de instalações. Lenôtre diz
que faz questão de inspecionar diariamente, às 7 horas
da manhã, seus seiscentos
empregados, escolhendo e
provando os produtos postos
a serviço de sua culinária.
Seus princípios básicos são
dois: conservar todas as
qualidades iniciais do produto
(frescura, aspecto, cor, cheiro e sabor) e limitar o tempo
de cozedura, evitando os
molhos fortes e pesados, à
base de farinha, que escondem o sabor original do
produto escolhido. No PréCatclan carioca — La Maison
Lenòtré — a decoração è
rigorosamente igual á do
restaurante parisiense e, diz
Lenôtre, a casa terá «a
mesma rigidez técnica, o
mesmo padrão».
A entrada mais barata (Vi-
«Antes de ser um patrão»—
diz com muito orgulho —
«sou um amigo».
Ele devei à vir ao Brasil de
d';-is em do s meses para dar
assistência a La Maison
Lenôtre. Mas deixará aqui
cinco chefs de cuisine e um
maitre franceses, sendo que
este último è filho de pai
português, e fala portanto
nossa língua.
Mas não é só. Lenôtre vai
também preparar o jantar
dos shovra de Frank Sinatra
no Rio-Palace, onde cada
comensal deverá desembolsar «apenas» 20 mil cruzeiros. Ele já cozinhou para um
jantar de gala de Sinatra, em
Los Angeles. «Conheço seu
gosto, e lhe enviei várias
alternativas de cardápio para
que escolha».
Sobre o Brasil, o renomado
cozinheiro francês afirma que
«procurarei, aos poucos, ir
utilizando os produtos encontrados aqui, fazendo-os,
evidentemente, à moda francesa. Até o feijão preto,
porque não? Ele encantou-se
com as churrascarias brasileirai — «came muito fresca,
e saborosa» — mas loi crítico
em relação aos restaurantes
ditos franceses — «em um
deles havia três pratos com o
mesmo molho o garçon náo
falava francês e o cardápio
era todo em francês». E
«Esses são
acrescentou:
restaurantes oara durar dois
anos, e não 20, ou mais.
Querem o lucro fácil, quando
o importante é a honestidade,
a técnica». • ,'
Nem todos os ingredientes
necessários para a feitura.da
«nova cozinha francesa» são
encontráveis ainda no Brasil.
Mas Lenôtre diz que investigará, pacientemente, e espera obte-los pouco a pouco dos
pequenos produtores. Tudo
muito selecionado, muito
fino.'
Ilvràrisrsummus
'•_.
TEM Ò LIVRO .
OUE VOCÊ PROCURA
BARÃO DE ITAPET1NINGA, 140
LOJA 4 • TEL. 34-0739 • SP
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Livros Nacionais
e Estrangeiros
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Fone: 256-9610
CEP 01301 São Paulo
PÁGINA 16
SÁBADO 8 DF. DEZEMBRO DU 1979
pEPÜBLIQV
COTAÇÕES
*¦#*** —ÓTIMO
. +•** -- MUITO BOM
. , *** —BOM
»* —REGULAR
— SOFRÍVEL
- PÉSSIMO
Gil, Baby Consuelo, Elis,
Zer$ Mota, Gilbert Bécaud
encerram amanhã a Semana
Francesa (22h, no 13)
Como será a volta
de Hebe Camargo?
Domingo, às 20h, na
Bandeirantes.
CINEMA
TEATRO
Uma estréia para crianças:
0 Menino que Limpou o Fogo
Q MENINO QUE
LIMPOU O FOGO
Teatro Lira Paulistana
(r. Teodoro Sampaio, 1091)
. Sobre um menino que foi
conduzido pela Lua e chegou
ao Sol. A autoria é de Marcos Sampaio. A direção é de
Dulce Muniz. No elenco estão Cadu Moreira e Marcos
Sampaio. Esta peça infantil
estreia hoje. Sábado ás
15h30 e domingo às 10H30
e 15h.
Preço Cr$ 60 (único)
**•
TIRO AO
ALVO
De Flávio Márcio
Teatro Faap (r. Alagoas,
903, tel. 826-4233)
Flávio Márcio analisa a
repressão através de uma
família burguesa. A direção
é de Ronaldo Brandão. Com
Marco Nanini e Lilian Lemmertz.
De 3" a 6", às 21 h; sábados
às 20 e 22h30; e domingos
àsl8 e 21h.
Preços: Cr$ 200 (único)
18 anos
*•
ÓPERA DO MALANDRO
De Chico Buarque de Hollanda
Teatro São Pedro (r. Albuquerque Lins, 171
Montagem paulista do espetáculo que fez enorme sucesso no Rio. 0 autor Chico
Buarque de Hollanda, reescreveu o texto, reduzindo a
duração da peça para duas
horas. Com Marlene. Músicas de Chico Buarque.
Às 21H15
tyeços: Cr$ 300; Cr$ 250 e
;cr$ioo
VÊM BUSCAR-ME
QUE AINDA SOU TEU
De Carlos Alberto Soffredini
Teatro Célia Helena (r. Barão
de Iguape, 113, tel. 2705725)
Uma tragicomédia musi"Cocal inspirada na música
Vicente
ração Materno" de
Celestino. O cotidiano de
uma companhia de teatro,
suas dificuldades financeiras
e suas lutas para se fazer
teatro nas periferias, num
país subdesenvolvido. Pelo
grupo de teatro Mambembe.
Direção de lacov Hilel. Com
Berenice Raulino, Calixto de
Inhamuns e outros.
De 3' a 6', às 21 h; sábados
às 20 e 22h; domingos às
18h30, 21 h
Preços: Cr$ 150 (único)
**•¦*•
NA CARRERA DO DIVINO
Pessoal do Victor
Teatro Funarte — Sala Guimar Novaes (ai. Nothmann,
1.058)
"Os ParBaseado no livro
•ceiros do Rio Bonito", de Antônio Cândido, este espetaculo pretende mostrar a cultura caipira sem mito e sem
folclore e também discutir os
problemas do campo. Fascinante.
Hoje a festa comemorativa da centésima apresenta•ção.
De 4? a 6?, òs 21 h; sábados
às 20 e 22h; domingos às 1 8
e 21h.
Preços: Cr$ 100 (único)
"•*•
TIETÊ, TIETÊ
De Alcides Nogueira Pinto
Studio São Pedro (r. Albuquerque Lins, 171, tel. 663348)
Uma revisão critica do
Modernismo e das revoluções políticas e estéticas feitas no país. Mostra, também,
da linguagem de Os' através
wald de'Andrade, o colônia-
lismo cultura. Direção de
Márcio Aurélio com o Grupo
Os Farsantes (Cecília Camargo, Edith Siqueira, Júlia
Pascale, Marcelo Alamada e
outros).
De 4? a 6", às 21 h; sábados
às 21 h e 22h30; domingos
ás 18 e 21h
Preços: Cr$ 120. (18 anos)
• •**
NAVALHA NA CARNE
de Plínio Marcos
Teatro Aliança Francesa (r.
General Jardim, 184)
Depois de uma década
censurada, a volta de uma
das obras mais importantes
de nossa dramaturgia. Sob a
direção de Emilio Di Biasi, o
texto relata o submundo da
metrópole através de uma
protituta, um homossexual e
um cafetão. Com Ruthinéia
de Moraes, EdgardGurgel
Aranha e Odilon Wagner.
De 4? a 6*, às 21h30;
sábado às 20h30 e 22h30; e
domingos as 18h30 e
21h30.
Preços: Cr$ 200 (único)
**•
MOCINHOS BANDIDOS
De Fauzi Arap
Teatro Sesc-Anchleta (r. Dr.
Villa Nova, 245)
Brasil ano de 1979. Os
personagens falam de tortura, drogas, repressão politica triângulos amorosos, futebol e televisão. Bruna Lombardi é a mocinha que contracena com o bandido Carlos Alberto Riceili. Amilton
Lira, Umberto Magnanl e
Walderez de Barros completam o elenco. Direção de
Fauzi Arap.
De 4? a 6?, às 21 h; sábados
às 20h e 22h30; e domingos
às 18 e 21 h.
Preços: Cr$ 100 — (16 anos)
•
REPÚBLICA
DE OBSCURIDAD
De' M. César
Teatro Ruth Escobar (r. dos
Ingleses, 209)
Uma peça sobre o golpe
de 1964. Um americano tipico ensina a um homem de
negócios como convencer um
ingênuo militar a derrubar o
governo legalmente constiluído do país. Com Fábio Tomasiri, Ivan Salles, Douglas
Franco e Pierre Verde. De 4?
a 6' às 21 h; sábados às 20 e
22h; e domingos às 18 e
21h.
Preços: CrS 100 (único)
16 anos
mWzL y
k
Amor em fuga
com
uma
trilogia bem
sucedida (''400
Coups",
"Baisers
Volés",
"Domicile
Nâo
satisfeito
CAMAS REDONDAS, CASAIS
QUADRADOS
De Copeny e Champman
Teatro Itália (av. .São Luiz,
50, tel. 257-3188)
Casais amigos promovem
animadas trocas eróticas.
De 3? a 6?, às 21 hl5; sábados às 20 e 22h30; e domingos às 18 e 21 h
Preços: Cr$200 e Cr$ 100;
6" e sábado, CrS 200 (único)
Está na Semana do
Cinema Francês, só
domingo
(J3h,
UhlO,
17h20,
19h30,
21h40),
no Liberty
E um filme
imprescindível, já
que apaixonado. Bom,
de qualquer forma,
advertir aos
desavisados que
Antoine Doinel
continua sendo
Leaud.
Jean-Pierre
Não
desanimem: Truffaut
anunciou que
"0
Amor em
"
Fuga é a
derradeira morte de
LeaudDoinel.
Conjugai"),
François Truffaut
resolveu, em 1978,
ressuscitar Antoine
Doinel, ex-garoto de
reformatório,
ex-empregadinho de
escritório,
candidato a
intelectual, eterno
enamorado.
"0
Amor em Fuga"
retoma
o folhetim
romanesco do amante
"petit
bourgeois"
que é Antoine Doinel.
.te,
m
De
Liiiana
Cavani
(Itália,
1974)
Este filme aguardou liberação desde 1974, talvez
pelo caráter chocante de seu
tema. Um ex-oficial da SS
(Dirk Bogarde) trabalha em
Viena como porteiro do hotel
e, em 1957, encontra-se com
uma antiga prisioneira
(Charlotte Rampling). Com
Gabriele Ferzetti e Philipe
Leroy
Paramount 3 e Barão
17h,
Horários:
14h30,
19h30 e 22h (18 anos)
• ••••
reconciliou-se com a crítica
unânime em
que quase fora
"Ovo da Sorrepudiar o
pente". Os velhos temas do
cineasta são agora retomados. Mãe (Ingrid Bergman) e
filha (Liv Ullmann) se enconIram na hora do lobo e ultrapassam o silêncio, trocando
gritos e sussurros que as colocam face - face numa situação que se inicia repleta
de vergonha mas termina
como uma lição do amor.
Com Halva Bjork e Erland
Josephson.
Paramount 1 e Vitrine
Horários: a partir das 14h
(14 anos)
NOSFERATU, O VAMPIRO
DA NOITE
Do Werner Herzog (Alemãnha, 1978)
versão do
Uma nova
"Nosferatu", de Murnau
(1922). Além do copiar e até
desenvolver as mais importantes seqüências desse filme
de 1922, Herzog foi buscar
mais material diretamente
no romance de Bran Stocker
interpretando a chegada do
conde Drácula à Alemanha
como uma profecia da ascensão nazista. Na versão
Murnau-Herzog do mito, o
vampiro vem de navio da
Transilvânia e toma conta da
cidade de Wismar, trazendo
consigo um exército de ratos
portadores da peste.
Bristol e Lumière
Horários: 13h35, 15h40,
17h45, 19h50 e 21h55. (14
anos)
POR QUE NÃO?
"Pourquoi Pas?"
Wm m?m mm
De Coline Serreu (França,
1977)
Sobre dois jovens homossexuais e uma mulher divorciada que convencem uma
moça a viver com eles num
curioso ménage a quatre.
Com Samy Frey e Christiije
Murilo.
Paramount 2
Horários: 13h20, 15h40,
17h50, 20h e 22hl0 (18
anos)
• •••
SONATA DE OUTONO
"Hostsonat"
'0^-z<u*yr*J(fâ>~r
- \
De Ingmar Beigman (RFA,
1978)
Com este filme, Bergman
•••
MENINA BONITA
"Pretty Baby"
De Louis Malle (EUA)
O último escândalo de
Malle mostra a conduta absolutamente livre e amoral
de uma menina de doze
anos (Brooke Shields), que
vive com a mãe num bordel
de Nova Orleans, em 1917.
O tema da prostituição infantil provocou violentas reações nos Estados Unidos e
quase uma interdição no Canada. Com Keith Carradine e
Susan Sarandon.
Paramount 5
15h20,
13h,
Horários:
17h40, 20h e 22h20
(18 anos)
••
CALIFÓRNIA SUÍTE
"Califórnia Suite"
De Herbert Ross (EUA, 1978)
O filme mostra como se
comportariam em Hollywood quatro grupos oriundos de diferentes cidades:
Londres (Michaei Cane e
Maggie Smith), Nova York
(Alan Alda e Jane Fonda),
Filadélfia (Walter Matthau e
Elçiine May) e Chicago (Bil
Cosby e Richard Pryor). A estrutura teatral do texto é
compensada pela criatividade do diretor que realiza
uma espécie de ensaio sobre
diferentes modalidades de
humor cinematográfico.
Top Cine, Splendid e Ipiranga
Horários: 15hl5, 15h30,
17h45, 20h e 22hl5
(14 anos)
17h50, 20h e 22h(18 anos)
A LOUCA DIZBOLICA
"La Foll e a Tuer"
FESTIVAL 79
Tupi, 21h30
Quem vai ganhar um miIhão? Babuska Valença ou a
dupla Moreira da Silva &
Macalé? Hilton Accioli ou
Kleiton Alves Ramil? Jorge
Ben? Walter Franco? Arrigo
Barnabé?! (jamais...) Durante o julgamento, show
com Ivan Lins.
• •
BALÉPINKFLOYD
Bandeirantes, 23hl5
"Semana Francesa".
Na
Fãs, não se exaltem: Dave
Gilmour & Cia não estarão
da coreopresentes. Trata-se"Dark
Side
grafia do disco
of the Moon" dirigida por
Roland Petit. O espetáculo
"união dos recurpromete a
sos eletrônicos com a
"nova didança", numa
mensão plástica do movimento, luz, cor e som".
•
RANCOR
"Crossfire",
de Edward
Dmytrik (EUA, 1947)
Globo, 2h
Drama baseado em romance de Richard Brooks.
Três amigos voltam da
guerra e um deles assassina
um judeu. Na obra original,
a vítima era um homossexual. Como os judeus adquiriram o monopólio do sofrimento universal.. . Com três
velhos Roberts: Young, Mi»chun e Ryan. Fora eles,
Glória Grahane, Paul Kelly e
Richard Benedict. Dmytrik,
canadense de nascimento,
foi vítima da fúria maçartista nesse mesmo ano, tendo
que se mandar para a
Inglaterra.
•
OS NOVOS CENTURIÕES
"The New Centurions", de
Richard Fleischer (EUA,
1972)
Globo, Oh
Telefilme de grande sucesso que acabou gerando
uma série com o mesmo
nome. Foi, até agora, a mais
eficiente tentativa de provar
que os policiais são seres humanos. Um novato (Stacy
Keath) e um veterano
(George C. Scott) fazem juntos a ronda de captura de
prostitutas. Tudo vai mal
para o novato, que acaba
virando um alcoólatra. Fieischer fez bons filmes ("Via-
HEBE
Bandeirantes, 20h
Como será a volta da madrinha? Ela disse que vai ser
exatamente a mesma, fuçando o lado pessoal de
cada entrevistado e não
tendo medo em parecer fútil.
Os que preconceituosamente
desprezarem o programa
antes de vé-lo, espiem as
"Fantástico?"
concorrentes.
"Flávio Cavalcanti?" Por-
tanto, é bom conferir.
••
UM REI EM NOVA YORK
"A King in New York", de
Charlie Chaplin (Inglaterra,
1957)
Globo, 22hl5
Penúltimo filme de Chaplin, já decadente. Ele é o rei
du Estróvia deposto por uma
revolução que emigra para
os Estados Unidos. Completamente pobre (o ministro da
Fazenda fugiu com o dinheiro), acaba arranjando
emprego de garotopropaganda. Como humor,
não espere nada semelhante
"perforàs suas melhores
mances".
•
OU VAI OU RACHA
"Hollywood or Bust", de
Frank Tashlin (EUA, 1956)
Globo. 15h
Rachou: este e o ultimo
filme da dupla Jerry Lewis &
Dean Martin, após quase
dez anos de convivência. 0
diretor é ótimo, mas este não
foi um de seus momentos
gem Fantástica, 1966), e
maus filmes ("Chel", 1969).
O MÉDICO E A IRMÃ DO
MONSTRO
"Dr.
Jekyll and Sister Hyde",
de Roy Ward Baker (Inglaterra, 1971)
do
andrógina
Versão
clássico de Robert Louis Stevenson. Na Londres vitoriana, o doutor Jekyll experimenta um elixir da vida
eterna preparado com horE
mbnios femininos.
transforma-se numa bela
mulher. Roteiro de Brian Ciemens. Com Ralph Bates,
Martine Beswick, Gerald
Sim, Susan Brodrik. É proibido levar a sério.
Dagomir Marquezi
mais felizes. Lewis, o ingênuo e Martin, o sacana, ganham o mesmo carro numa
rifa. Dagomir Marquezzi
^BOMIHÃYILGOLIAS E A
ESCRAVA REBELDE
"Goliath e Ia schiava
ribelle", de Mariano
Caiano (Itália, 1963)
Record, domingo,
21h05
Na Lídia, governo
de Sátrapa entra em
crise diante do exército
de Alexandre Magno.
Nero entra para uma
"punk", Xerxes
banda
e Henrique VIII sentem
Um dos mais comentados
filmes desta década, Paul,
(Marlon Brando), um americano de 50 anos, dono de
um hotel em Paris, travo conhecimento com uma jovem
de 20 anos, Jeanne (Maria
Schneider), quando examinavam um apartamento vazio para alugar. Durante três
dias eles vivem, nesse apartamento, um relacionamento
intenso e dramático, por vezes sadomasoquista.
Paramount 4, Copan, Regina, Gazetinha-Centro, Gazeta, Cal Center e Palmella
Horários: 12hl5, 14h45,
17hl5, 19h45 e 22hl5 (18
ESPECIAIS
Afonso Celso, 362), sábado
e domingo às 16h
O SEXO OCULTO
"La Derobade"
De Daniel Duval
São cinco anos na vida de
uma mulher: Marie, 19 anos,
48 quilos, loura, olhos castanhos, patética, terna, vulnerável que reencontra um dia,
no bar onde seu pai jogava
cartas, Gerard, gigoló, de
boa lábia. Com Miou e Maria Schneider.
Liberty
15hl0,
1 3h,
Horários:
17h20, 19h30, 21h40
(18 anos)
• •
OS INCONFIDENTES
Sindicato dos Jornalistas
(r. Rego Freitas, 530),
sábado e domingo, às 20 e
22h
Filme produzido em 1 973
por Joaquim Pedro de Andrade. Com José Wilker e
Paulo César Pereio.
Preços: Cr$ 20
*•
UM ANO DE CINEMA
BRASILEIRO
Museu Lasar Segall
(r.
"Reinado
No programa:
na Floresta", de Adrian Co"O Menor", de
weil;
"Não
Eduardo LiLlorenfe;
"A
Deixe São Paulo Parar";
Evolução de Uma Cartola",
"Max e os Esde Emile Coh e
portes", de Max Linder
Entrada franca.
•
OS
TODOS
DE
BAHIA
SANTOS
Museu Lasar Segall, às 21 h
Um mulato envolvido com
uma estrangeira branca, o
tema deste filme de Ubayara
Trlgueirinho Neto
Entrada franca
•
FESTIVAL DE DESENHO
ANIMADO
Sescafé (r. Dr. Vila Nova,
245), ãs 14h
Duas horas de desenho
animado. Em seguida apresentação de chorinhos com o
Conjunto Entre Amigos.
Entrada franca
Un fim de semana com: Caetano,
Moreira da Silva e Zé Ramalho
TELEVISÃO/DOMINGO
•••
NOITE DE GALA
Bandeirantes, 22h
Encerramento (com chave
de ouro) da-"Semana Francosa". Show que mistura
brasileiros (Elis Regina, Gilberto Gil, Zezé Mota, Baby
Consuelo) com franceses
.Gilbert Bécaud, Véronique
Sanson, Julien Clair). Dispensa maiores recomendações, né?
O ÚLTIMO TANGO EM PARIS
"The Lást Tango in Paris"
De Bernardo Bertolucci
(Itália/França, 1972)
SHOW/MUSICA
Hoje, a fínalíssima do festival de Música
Popular Brasileira. Às 21h30, na Tupi
••
• *•••
De Yves Boisset (França,
1975)
Este é um trabalho de encomenda que não poupa aigumas críticas á polícia e á
burguesia da França, mas se
concentra numa trama polidal temperada com traços
de psicologia barata dlsfar"antipsiquíatrla".
cada de
Marlene Jobert é a louca do
título. Ela sai do hospício
para trabalhar como governanta de um garoto do seis
anos, que parece também
mentalmente abalado. E seqüestrado junto com o menino e os raptores resolvem
Incriminá-la. Com Marlene
Jobert, Tomas Millan, Michel
Peyrelon.
Belas Artes (Centro 2) Sala
Mário de Andrade e Jóia
Horários; 13h40, 15h45,
TELEVISAO/SABÂDO
Campanha da Kombi
As Kombis da Campanha 79 da APETESP,
onde você comprará entradas para
qualquer peça em cartaz por apenas
Cr$ 50 (adultos e Cr$ 30 (crianças)
estarão estacionadas, hoje, nos seguintes locais:
— Moema (praça Nossa Senhora Aparecida)
— Santana (Estação do Metrô — rua Gabriel Piza,
. em frente a Igreja)
— Penha (largo do Rosário)
— Mooca (praça Alexandre Fleming)
Amanhã:
Play Center (para teatro infantil)
Aeroporto (em frente a ala nacional)
Praça da República
••••
PORTEIRO DA NOITE
"Portiere di Notte"
•k-k-k
•
DE
SENHOORQUESTRA
RITAS
De Jean Anouiih
Café Teatro Moustache (r.
Sergipe, 160, tel. 256-3595,
Higienópolis)
Uma nova montagem que
inaugura uma nova casa. A
direção é ae Carlos Di Simoni
que escolheu um elenco só
de mulheres. Consuelo Leandro, Riva Nimitz, Ivete
Bonfá, Maria Vasco, Nereide Bonamigo e Lucélia
Machiaveli.
Quarta e quinta, às 21h30,
sexta às 10h30 e 22h; domingos às 18Hv30 e 20h.
Preços: Crf 200 (único)
Impcrdível: Nosferatu, o Vampiro da Noite, de
Werner Herzog. No Bristol e Lumière
que não há mais nada
entre eles, e Napoleão
sai na porrada com
populares na Comuna
de Paris. O exército
israelense invade a
llíria, a Macedônia, a
Sérvia e o Canindé,
iniciando a guerra dos
oitocentos minutos. A
Liga das Nações chora
na rompa, enquanto
Golias e a escrava
rebelde assistem ao
filme.
•••••
CAETANO VELOSO
Teatro Pixinguinha (r. Dr.
Vila Nova, 253), às 21 h
No show de lançamento
"Cinema
de seu último disco,
Transcendental", Caetano
está acompanhado da Outra
Banda da Terra.
Preços: Cr$ 200 e Cr$ 60;
sábados, Cr$ 250 e Cr$ 80.
Até 9 de dezembro
•••-*
MOREIRA DA SILVA
Ópera Cabaret (av. Rui Barbosa, 354)
Conhecido como um dos
iniciadores do samba de breque, Moreira da Silva estará
seus
apresentando os
sucessos.
•
JOÃO BOSCO
Teatro Municipal, às 21 h
Com roteiro e textos de Ai"show" de João
dir Blanc
Bosco reúne as músicas de
"Linha de
seu último disco
Passe"
Preços: de Cr$ 10 a Cr$ 50
*
VOZES E VIOLAS
Teatro Lira Paulistana (r.
Teodoro Sampaio, 1091), à
meia-noite
O "show" conta com a
participação de Gereba e
Capenga, do Grupo Bendegó.
Último dia
ZÉ RAMALHO
Teatro Procópio Ferreira (r.
Augusta, 2833)
"A Peleja do
No "show"
Diabo com o Dono do Céu",
lançamento do disco do
mesmo nome.
Horário: às 21 h
Preço: Crf 150
• •••
PAULINHO NOGUEIRA
Teatro Pixinguinha, domingo, às 11h30
C renomado violonista e
cantor campineiro interpre-
taro as músicas de seu últi"Nas Asas do
momdisco
Moinho".
Entrada franca
•+••
ORQUESTRA SINFÔNICA
MUNICIPAL DE CAMPINAS
Teatro Municipal, às 16h
Benito Juarez estará regendo Tchaikowsky, Poulend
e L. Fernandes. Solistas: Antonio Del Claro e Dorotéa
Machado Kerr.
Preço único: Cr$ 20
**
CANTO DE RUA
Tuquinha (r. Monte Alegre,
1024, às 21 h
Com Zé do Cavaco (violão, cavaco e voz), Nelsão
(violão), Ná (voz), Alberto
(contrabaixo), Dany (flautas), Dinho (bateria), Mário
Canuto e Lírio (percussão).
Preço único Cr$ 50
• •*
ORQUESTRA SINFÔNICA
MUNICIPAL
Teatro Municipal, domingo,
às 10 horas.
No programa: Beethoven:
Abertura Egmont e Concerto
n' 5, para piano e orquestra.
Solista: Jacques Klein. Em seguida Petroushka, de Stravinski.
Preço único: Cr$ 10
FESTIVAL 79 DA TUPI
'/lh
Anhembi, às
Hoje, a finalíssima que escolherá três. músicas das
doze classificadas.
Preços: Cr) 300,
Cr$10C
Cr$ 200 e
*••
CONFRARIA
MASP (av. Paulista, 1578) às
21h
Um programa de música
"Romances Ibérico
antiga:
"RomanRenascentistas" e
ces Recolhidos no Brasil" A
direção teatral é de Silney Siqueira.
Preços: Cr$ 40 e Cr$ 20
SÁBADO 8 DB DEZEMBRO DB 1979
PAGINA 17
PEPÜBLÍQV
MOVIMKNTO CORAL
1X)KS'1AD()1)KSA()I!\UL()
BOAVIDA
NATAl.l!»/!)
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CAI.KNDÁIUO
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BotiUagi) ? GEREBA ? CAPENGA
PASSOCA + CÀRLÃO SOUZA"
ALZIRA ESPÍNDOLA* ÃLMIRJSAJER^
H0.n:,fv,l2-I5h
PERCUSSÃO SILVANO
MUSEU DE PRESÉPIOS
Parque Iblrapuera
DA
ÒRQi ÍESTRÁ LABOR CÁMERlSTICO
"SANTA
ESCOliA SUI.I.RIOR DE MÚSICA
MARÇELINA"
Repente: Juan Manoel Serrano Jr.
ORI IIH) PI.RUANO Dl. DANÇAS
Responsável: Guston Rcves Heraún
CORAI. IMS FACULDADES "CAMPOS
SALLES"
Regenle: Roberto /eiiller
Acompanhamento; Selma Asprino
As últimas pinturas de Flávio
Império estão na Galeria Seta
FLAVIO IMPÉRIO
Galeria Seta
Ir. Antônio Carlos,
282, Tel. 288.6860
nor, estarão expostas a partir
das 21 horas de hoje.
O arquiteto Flávio Impérlo professor da FAU, cenógrafo c diretor de teatro,
premiado na Bienal de São
Paulo, mostra, suas últimas
pinturas.
Sindicato dos Bancários I r.
Sâo Bento, 365 — 20' andar).
I MOSTRA
DE ARTE
BRUNO PEDROSA
MASP lAv. Paulista, 15781
A exposição mostra os
desenhos a bico de pena do
icllgioso, que escolheu como
tema o Mosteiro de São Ben
to, do Rio de Janeiro, sua
arquitetura e seus tesouros.
FOTOGRAFIAS
Galeria Grife (r. Estados Unidos, 2240)
Os trabalhos de Lily Sver-
mm
BANCÁRIA
Os trabalhos de literatura
o artes plásticas dos bancárlos estarão expostos até o
próximo dia 14 de dezembro
EXPOSIÇÃO DE
ENCADERNAÇÕES
Biblioteca Mário de Andrade
Ir. da Consolação, 94)
Esmeralda Jorge Silva Perelra e seus alunos expõem
seus trabalhos de encadernação de livros.
Até 15 de deiembro
BERTOLD BRECHT
MASP (Av. Paulista, 1578)
Exposição didática
sobre
a vida c a obra do Bertold
Brccht, com a colaboração
do Instituto Goethe de São
Paulo.
MACUNAÍMA
Goleira Imagem-Ação (av. 9
do Julho, 3284)
Esta exposição tem como
tema a peça "Macunaíma",
adaptada por Antunes Filho.
As fotos 143) são todas em
branco e preto montadas em
painéis de autoria de Henrique de Macedo Netto.
Até o dia 15
Horários: das
14 às 22h, de
Aos sábados,
c das 14h às
9 às 12 e das
2? a 6' feiras.
das 9 às 12h
17h.
A ARTE DA PRATA NO
BRASIL
MASP (av. Paulista, 1578)
Exposição de prata brasi-
loira dos séculos XVII, XVIII e
XIX, com a colaboração de
colecionadores paulistas. Ao
mesmo tempo, ficará exposto o segundo volume da
sério Arle e Cultura, sobre
esto tema, cujo texto foi confiado a P.M. Bardi.
São trabalhos do renda
do Nordeste como porta-co
pos cm renda de bllro do
Ceará.
Até o dia 16 de dezembro
Coral da Pontifícia
(r.
I The young set way of wearing
/.. Kòddly
(EX-TERÇO)
DE 12 À 16/12
ÀS21:00HS.
TEATRO ,v
BRIGADEIRO
¦'¦¦'v,
QW*
^
. artista exclusivo
Mostra os seus trabalhos
de tapeçaria, resultado de
suas pesquisas feitas com
barbante.
Até 21 de dezembro
SECRETARIA DE ESTADO
DA CULTURA
Lj
BANDEIRANTES® FM
961MHx
>C7
%
/
DANIEL HAAR APRESENTA
Pieteltura do Município de São Paulo
iecrelaria Mortlcipal de Culluta
Diafiarlíimonloai; ioillrus
."v \
b1
tyj
*&' Xjp
—f<Sp)—
1
SS
JOÃO BOSCO
EM LINHA-DE-PASSE
DE 5 A 9 DE DEZEMBRO - ÀS 21 HS.
TEATRO FUN. GETÚLIO VARGAS
AV. 9 DE JULHO, 2029
Colaboração - CHAR-LEX IND. TÊXTEIS
Tecidos para quem tem amor a pele
Em S. Paulo, o show que encantou o
Rio. Bolo Horizonte e Porto Alegre e no qual o
cantor Interpreta 23 músicas de seus LPs.
TEATRO MUNICIPAL
Hoje (8/12): 21 hs.
Ingressos: de CrS 10 a CrS 50
SÜ
de sucesso. Cheque presente Jean
stoxe
çgs
jeans
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tia v&Jv 9 n m
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Jornal das Sete
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Jornal Nacional
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SÁBADO 8 Mela Noite e Meia
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História
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Saiba como fugir de três tipos
de bêbados: o Agressivo, o
Aluguel e o Rei da Festa
OSMAR FREITAS JR.
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/
/
O Rei da Festa acaba
sempre entronado no
vaso sanitário
Todo cuidado épouco:
passe ao largo
do bebum agressivo
Pode notar que os bêbados agressivos costumam ser encontrados em
bares de baixo astral, principalmente
nos dias em que bate o vento Noroeste, aquele que vira a cabeça das
pessoas, que faz cachorro babar e o
chope sair com colarinho de palhaço.
Formam estranha confraria, e com
um tanto de experiência pode-se perceber de longe a sua presença. Mas os
que não estão acostumados vão direto para* a boca do lobo sem se dar
conta do risco que correm; sentam na
mesa e põem a perder o resto da noite
em bate-boca exaustivo. É preciso saber como são e onde vão, e como
evitá-los.
Uma das maiores congregações de
bêbados agressivos é sem dúvida aigum.i o Bar Riviera. Há milênios eles
acampam no local e aporrinham a
nda alheia. Geralmente eles estão tomando uísque - a bebida predileta
dos bêbados agressivos é o malte brasileiro: são tarados pelo Bells. Uma
olhada pára o copo e já dá para perceber a quantas anda o humor do
gajo: se houver mais água do que bebida, com o gelo derretido, fuja, pois
vais tomar uma canseira dos diabos.
ÓAara começa por maltratar o
-garçon c discordar de tudo o que você
" Geralmente, está
portando um livro tipo Ulisses, ou qualquer um do
Guimarães Rosa, desses bem chatos e
que a turminha costuma achar o
maior barato. A roupa deles não costuma ser igual à.dos outros bebuns;
geralmente o cara está bem vestido e
só vai escrachar-se depois da briga.
Que briga? A que vai pintar daqui a
pouco, quando o desgraçado cismar
de mexer com o sujeito mais parrudo
do bar. Pode crer que vai sobrar para
você, serão duas horas de pancadaria.
Mas nem só de Riviera vivem os
"agressivos", eles poderão ser encontrados também nos seguintes locais:
Bar Redondo; Ponto 4; Bar do Alemão (vastíssima coleção); Bar Latino
Americano; Café Soçaite; Restau-
rante Gigetto; Orvietto; La Paloma;
todos os bares da rua Augusta (sem
exceções); Pingão; Chefao (esses dois
no largo do Arouche). Eles costumam
beber: uísque, campari, gim fiz ou
gim puro, sempre acompanhado por
porções de salaminho que jamais
saem do prato. Os papos principais
sao todas umas
são: "Essas mulheres
vagabundas"; "Aqui só tem idiota";
"Você é um falso, um canalha"; "Te"Fico impressionho ódio de bicha";
de palhaços e
número
o
nado com
"Garçon,
cretinos que eu encontro";
você é um incompetente". Eles costumam ter: mau-hálito, idéias ortodoxas, profissões rendosas, mulher feia,
sapato engraxado, chaveiro de ouro,
caneta Cross, Passat ou Corcel II,.
cheque ouro e cueca samba-canção.
Foram assistir a estes filmes: O Porteiro da Noite, A Comilança, A Arvore dos Tamancos e 007 - O Foguete da Morte. O bebum agressivo
odeia shows de qualquer espécie, e a
última peça que viu foi a Opera do
Malandro (saiu dizendo que nunca
mais voltaria a pisar num teatro).
Tem mais: os bêbados agressivos
costumam cantar a sua mulher. Descaradamente ele passa a mão na perna
dela, por oaixo da mesa, e fala que
você é um boçal, que ele merece coisa
melhor.
Depois de atacar a sua patroa, ele começa a espinafrá-la, dizendo
que toda mulher gosta mesmo é de tomar umas bolachas, tudo isso em aitos brados, para que todo o bar ouça.
Não' caia na asneira de querer se
mandar, ele não vai permitir uma retirada honrosa, é capaz de te pegar
pelo braço e te fazer sentar na marra,
e isso pode acabar em grossa pançadaria. Como se sabe, os bêbados não
costumam sentir dor, estão amortecidos e você vai ficar dando muqueta
no infeliz sem que ele resolva arriar; é
bem provável que te dê a maior surra,
já que você vai cansar de tanto bater
nele e o maldito ficará em pé enquanto sua figura estará acabada.
/
Nâo se deixe alugar
pelo bêbado que
acampa na sua mesa
mais comuns de bêUm dos tipos
"aluga". São bonzinhos,
bado é o que
mas particularmente chatos e pegajosos, daqueles que não dá para despistar. São encontrados em todos os bares de qualquer lugar do mundo e têm
predileção por pessoas que estão
numa boa: adoram estragar o humor
alheio. Falam alto e grudam na sua
orelha para se fazerem ouvir melhor.
Ao contrário dos bêbados agressio
vos, estes concordam com tudo
"meu que
irvocê diz e te chamam de
mão". São vermelhos e babam em
tudo, tanto na própria camisa como
em você, no teu chope e no prato de
batatinha. Bebem de tudo, inclusive a
sua bebida, não conseguem fazer distinção de copos e com isso esvaziam
todo recipiente que encontram na
frente. Têm braguilhas abertas e olhos
semifechados. Não torcem para o
mesmo time que você, mas são incapazes de discutir. Esses gajos são os
mais perigosos, pois você não os encontra: eles é que te descobrem. Suigem do nada, bem naquela hora em
que seu chope começa a descarregar
a sua tensão, no momento exato em
que a morena da mesa ao lado começou a te dar bola é que uma música
genial toca no rádio do bar. Eles pintam de repente e já vão sentando em
sua mesce. Em alguns casos, já se encontram dentro do bar; quando você
entra, ainda tenta evitá-los, mas é
perda de tempo sua noite está definitivamente comprometida.
Um detalhe muitíssimo importante:
esses tipos não têm dinheiro algum,
"Durango-Kid" e
são uns tremendos
aproveitam sua generosidade para
dar um fim no estoque do bar. Pode
preparar o talão de cheque, pois vai
ser bebida que não acaba mais. Isso
pode trazer outras preocupações além
das monetárias: como ele não pára de
beber, vai querer que você faça o
mesmo. Toda vez que pede mais uma
pro garçon, inclui você na pedida, t,
assim, em menos de duas horas serão
dois bêbados na mesa. Cuide-se, não
deixe que o desgosto e a perseverança
do chato te embriaguem. É bom sempre pedir ao garçon que separe as
contas: uma para você e outra pro bebum. Ele vai se ofender (é o único
caso em que o caldo pode engrossar).
Isso deverá fazer com que seu coração amoleça, e é ai que a porca torce
o rabo. Não caia na asneira de ceder
terreno; sempre que puder, hostilize o
cretino. Lembre-se que esse cara fica
bêbado sempre, não será este o último
dia em que vocês vão se encontrar. É
bom cortar logo essa amizade,
aprenda a dizer não para os outros,
mande o cara para o devido lugar e
impeça que ele sente à sua mesa.
Mas a grande maioria das pessoas
não resiste à hipnótica presença de
um bêbado. O melhor a fazer é tentar
evitar os locais que têm maior fluxo
dessa raça. Os pubs tipo Lei Seca
costumam ser menos convidativos
para os bebuns. São caros e têm ficha
. na entrada, o que já seleciona muito.
Festa é um perigo, é impossível en- sego enquanto todo mundo não tiver
contrar uma que não tenha pelo me- feito umas micagens. Ele é daqueles
nos uma grosa de bêbados. É em tais que quando gostam de uma música,
ocasiões que se pode sentir todo o gostam mesmo, e fazem repetir até á
exaustão; portanto, prepare-se para
peso da vida, aquele desgosto pro- ouvir o Roberto
Carlos tocar até ficar
desconsolo,
de
fundo, a sensação
rouco.
hediondo
mais
o
encontra
se
quando
Quando ele tiver apoquentado a
de todos os tipos de cachaceiro: o que
"rei
de todo mundo, vai sentir-se mal
idéia
da festa".
é
uma chegadinha ao banheiro,
e
dará
Eles, geralmente, não bebem muito
- e portanto, com apenas um ponche para descomer toda a comida que enou um copinho de uísque já ficam de fiou goela abaixo. Não sobrará pedra
madame. É
cuca virada. Aquele tipo de gente que sobre pedra no lavabo davocê
der um
se
momento
nesse
que,
acha de se divertir o quanto
pode
"Ah!
lá denapagar
vai
ele
sorte,
eu sou pouco de
quando está em festejos:
no
amde
um
deixando
tro
paz
pouco
assim, em festa me divirto mesmo". O
são
uns
existem
Contudo,
biente.
que
a
e
começa
cara cisma que é palhaço
serviço,
do
depois
e,
renitentes,
muito
por as manguinhas de fora: tira todas voltam
para o salão. Se te der vonas mulheres para dançar, deixando a
até a varanda do aparde
chegar
tade
a
com
dele sentada; canta junto
tamento,
para uma conversinha romúsica; enfia salgadinho em seu
a moça que você está
com
mântica
bolso; conta piada velha e sem graça;
de que o becertifique-se
mepaquerando,
bebida
a
larga
enche o copo,
pela
ele vai
contrário
do
longe
está
bum
tade e vai procurar mais uma dose. E,
na
infeliz
o
Caso
tudo.
estragar
pinte
a
para completar, é sempre o último
baixo
(os
sair, geralmente carregado, com ai- parada, fique olhando para fazer isso
bêbados nao conseguem
então
Ou
carro.
o
dirigindo
guém
dorme ali mesmo. Enquanto todos es- sem aumentar a sua tontura).
Agora, é bom lembrar um detalhe
tão conversando e paquerando, o desmuito pode lhe ser útil: geralgraçado teima em interromper tudo, que
esses caras têm uma mulher
mente
de
inicie
algum
jogo
propondo que se
"Jogo
morta de vergonha e raiva,
ficará
da que
salão; algo assim come o
".
num canto. É aí que você
desprezada
A dona da casa, por ser
Verdade
ele está desprezando a
Como
entra.
o
cara
levar
vai
tentar
sua amiga,
dá
coitada,
para chegar junto. O
numa boa. A sua sorte é que tem
vai
notar, e, quando der
nem
idiota
vai
muita gente na festa e portanto ele
mulher. Isso é uma
sem
si, estará
perturbar a todos, dando uma folgui- por
mas como dicanalhice,
tremenda
nha a você.
"guerra é
É bom você ir
zem:
guerra"
Esse tipo de bêbado é profundaantes
muito
que a festa
mente desinformado mas acha que embora
de partici-:
vai
ter
do
contrário
acabe,
sabe de tudo. Quando a conversa coao bêatendimento
de
sessão
da
par
últimos
os
meça a descambar para
café
dar-lhe
compreende
bado,
que
lançamentos cinematográficos, ele
do
no
ouvido
limão
espremer
amargo,
o
logo interrompe e começa a contar
no
Engov
de
dúzia
meia
meter
bruto,
anos,
dez
uns
há
assistiu
filme que
e
salgada
água
dar
dele,
quente
bucho
algo com o John Wayne que mata
isso vai
uns quinhentos indios. Dai ele parte para o infeliz beber. Tudo oclia
sedesgraçar
muito
para
para relatar todos os maiores fumes ajudar do coitado.
você
ainda
Depois
que viu e mais toda a programação de guinte
TV dos meses passados. Quando o teria que levá-lo para casa, sendoo que
ainda poderia emporcalhar seu
pessoal cair na besteira de mudar o eie
Cuidado, não fique marcando
carro.
assunto para teatro, ele imediatamente vai querer fazer um jogo de mi- bobeira, pois a coisa com bêbado
mica e adivinhações, não dará sos- sempre acaba mal.
Depois de umas e outras, o homem mal vestido fica bêbado.
Depois de umas e outras, o homem de jeans Levi's e Jeaneration Tops fica alegrinho.
fttfefafon.
The young sei way ofwearing
1
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