BOLETIM
Publicação da Sociedade Brasileira de Geofísica - Número 2/2006
Confira nesta edição:
Editorial
A SBGf e seu quadro social
Página 2
A contribuição da Geofísica
para a auto-suficiência
Com a entrada em produção da plataforma FPSO P-50 na Bacia de Campos em abril, a
Petrobras anunciou o marco da auto-suficiência em petróleo. Esta edição do Boletim da
SBGf é dedicada a esta conquista que deixa o país mais forte e estável para crescer.
Ouvimos depoimentos de diversos atores da geofísica nacional para saber quais foram e
quais serão as contribuições deste setor para garantir que este não seja apenas um marco
passageiro. (Pg. 3 a 5)
Arte: Adriana Reis, sobre foto de Stéferson Faria / PETROBRAS
Tecnologia
Petrobras lança Rede de
Geofísica Aplicada
Página 7
Empresas
Landmark patrocina
anuidade de estudantes
Página 8
Fórum Desafios em Águas Profundas
Informe Regional
João Batista toma posse
na ABC
II SimBGf prorroga prazo
de entrega de trabalhos
Páginas 9 e 10
Memória
Os 70 anos de história da
geofísica no Brasil
Página 11
Agenda
Eventos, cursos e bolsas
Página 12
Com o tema "Desafios da Exploração, Desenvolvimento e Produção em Águas Profundas",
a SEG (Society of Exploration Geophysicists) promoverá pela primeira vez fora dos Estados
Unidos o D&P Forum (Fórum de Desenvolvimento e Produção), encontro anual internacional
para debates sobre temas ligados à exploração e produção de petróleo.
Quatro palestras de convidados especiais, dezoito trabalhos orais e 44 posters serão
apresentados entre os dias 7 e 11 de agosto, no Hotel Sofitel, no Rio de Janeiro. Por ser
realizado no Rio de Janeiro, o evento conta com total apoio da SBGf em sua organização e
produção. (Continua na página 9)
Shell é potencial empregadora de geofísicos
Com investimentos de US$ 1,5 bilhão em atividades de exploração e produção, a Shell do
Brasil aposta em boas oportunidades de crescimento no seu portfólio no país, onde produz
atualmente 40 mil barris diários de petróleo. Equipes de exploração localizadas em Houston
e no Rio de Janeiro analisam os dados disponíveis sobre as áreas de interesse da petroleira
anglo-holandesa no país. Segundo John Haney, vice-presidente de E&P, “com o crescimento
e o sucesso das operações, temos planos de contratar mais profissionais em todas as
áreas, incluindo geofísicos”. A entrevista está na página 6.
Projeto de Lei ganha parecer favorável
O Projeto de Lei (PL) 4.796/2005, que regulamenta a profissão de geofísico, está pronto
para entrar na pauta de votações da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania
(CCJ) da Câmara dos Deputados. O relatório do deputado federal Cezar Schirmer (PMDBRS) foi entregue à mesa diretora da CCJC no dia 17 de abril. O voto do relator foi pela
constitucionalidade e pela juridicidade do projeto, com apenas duas emendas apresentadas
para fazer correções na redação visando a garantir a 'boa técnica legislativa' do texto.
Primeiras bolsas da SBGf
Conforme resolução da Diretoria da SBGf, em seu Plano de Ação para 2006, as bolsas
de iniciação científica para alunos de graduação em geofísica foram concedidas para os
seguintes estudantes: Breno Ferreira da Silva - USP; Maiton Rian Mota de Alcantara UFPA; e Moisés Vieira Pinto - UFBA.
Editorial
Diretoria da SBGf
Presidente
Renato Lopes Silveira (SESES)
Vice-presidente
Paulo Roberto Porto Siston (Petrobras)
Diretor geral
Edmundo Julio Jung Marques (Petrobras)
Diretor financeiro
Francisco Carlos Neves de Aquino (Petrobras)
Diretor de Relações Institucionais
Carlos Eiffel Arbex Belem (Ies Brazil
Consultoria)
Diretor de Relações Acadêmicas
Naomi Ussami (IAG-USP)
Diretor de Publicações
Eduardo Lopes de Faria (Petrobras)
Conselheiros
Amin Bassrei (CPGG / UFBA)
Ana Cristina Fernandes Chaves Sartori (Geosoft)
Icaro Vitorello (INPE)
Jorge Dagoberto Hildenbrand (Fugro)
Jurandyr Schmidt (Petrobras)
Paulo Roberto Schroeder Johann (Petrobras)
Renato Marcos Darros de Matos (Aurizônia)
Ricardo Augusto Rosa Fernandes (Petrobras)
Sergio Luiz Fontes (Observatório Nacional)
Vandemir Ferreira de Oliveira (Petrobras)
Secretário Divisão Centro-Sul
Patrícia Pastana de Lugão (Strataimage)
A SBGf e seu quadro social
Objetivando a concretização de um ideal, alguns geofísicos brasileiros reuniramse em Salvador-Bahia, no dia 30 de outubro de 1976, com o propósito de fundar uma
associação de profissionais que teria o nome de Sociedade Brasileira de Ciências
Geofísicas. Os trabalhos foram desenvolvidos na sala 2 do Instituto de Geociências
da Universidade Federal da Bahia. Instalada a assembléia, foram eleitos o professor
Roberto Argollo para presidi-la e o geofísico Oswaldo Antonio Rodrigues de Sá para
secretariar os trabalhos. Assinaram a Ata de Fundação, do que viria a ser denominada
ao curso das discussões, da Sociedade Brasileira de Geofísica, um total de 32
geocientistas. A maioria deles permanece no quadro social.
Desde sua fundação, a SBGf passou por duas revisões estatutárias, uma para incorporar
deliberações de diversas assembléias e outra, por exigência legal, para adequação ao
Novo Código Civil, bem como para introduzir instrumentos atualizados em sua operação,
permanecendo porém, fiel aos objetivos originais.
Muitos foram os progressos realizados pela SBGf ao longo dos anos tais como a
realização de congressos internacionais, simpósios, semanas de geofísica, palestras
técnicas, workshops, a publicação da Revista Brasileira de Geofísica e do dicionário
enciclopédico de geofísica e a participação em diversos comitês, entre outras atividades
de mérito. Adicionalmente, temos o reconhecimento da comunidade nacional e
internacional no que diz respeito ao nosso papel, na divulgação da excelência dos
profissionais geofísicos brasileiros.
Um fato importante deve ser realçado na história da SBGf em relação ao seu quadro
social. A Sociedade Brasileira Geofísica iniciou suas atividades com 32 membros que assinaram
a Ata de Fundação. Hoje, decorridos mais de 27 anos, temos um total de 2.366 sócios, o que
demonstra a importância da Geofísica no conjunto das Ciências da Terra.
O quadro à esquerda representa a distribuição de sócios percentualmente, por categoria.
Podemos constatar a substancial participação de estudantes e profissionais ligados ao
ensino e pesquisa. Similarmente, é importante observar a participação dos profissionais
ligados às empresas de petróleo, de serviços e os autônomos.
Secretário Divsão Sul
Carlos Alberto Mendonça (USP)
Secretário Divisão Nordeste Meridional
Mario Sergio Costa (Petrobras)
Secretário Divisão Nordeste Setentrional
Aderson Farias do Nascimento (UFRN)
Secretário Divisão Norte
Cícero Roberto Teixeira Régis (UFPA)
Editor-chefe da Revista Brasileira de Geofísica
Cleverson Guizan Silva (UFF)
Expediente
Secretaria executiva
Ivete Berlice Dias
Luciene Camargo
Jornalista responsável
Fernando Zaider (MTb n. 15.402)
Programadora visual
Adriana Reis Xavier
Coordenadora de Eventos
Renata Vergasta
Revisão
Sonia Cardoso
Tiragem: 1.500 exemplares
Distribuição restrita
Sociedade Brasileira de Geofísica - SBGf
Av. Rio Branco 156, sala 2.509
20043-900 – Centro
Rio de Janeiro – RJ
Tel: (55-21) 2533-4627
Fax: (55-21) 2533-0064
[email protected]
http://www.sbgf.org.br
É relevante também verificarmos a evolução dos pedidos de filiação à SBGf no
corrente ano. Conforme o quadro à direita, foram encaminhadas cerca de 230 propostas
de filiação, a maioria por estudantes.
O quadro de sócios tem aumentado, especialmente ao longo dos últimos quatro
anos. Tal fato pode ser creditado ao aquecimento do mercado e à conseqüente demanda
- liderada pela atividade petrolífera - por profissionais de diversas áreas. O apoio de
instituições privadas é de fundamental importância nesse contexto.
Entretanto, como fruto do trabalho de articulação da SBGf junto às instituições de
ensino e pesquisa, deve-se registrar aqui o reconhecimento da atuação dos professores
e coordenadores dos cursos de graduação e pós-graduação em Geologia e Geofísica
que têm estimulado o ingresso de novos sócios. Essa ação vem permitindo a integração
entre gerações distintas de profissionais geofísicos.
O ingresso maciço de novos sócios, sem dúvida, irá contribuir para que, em um
futuro próximo, promovamos a renovação de nossos quadros diretivos, mantendo
assim, a SBGf jovem e atuante, em associação com a experiência daqueles que a têm
conduzido, propiciando mais sucesso nas atividades da sociedade.
A Diretoria é grata e reconhece o esforço de todos aqueles que têm estimulado a
filiação de novos associados e, principalmente, dos coordenadores de programas de
graduação e pós-graduação, nosso elo fundamental com a Academia. Esperamos
que continuem estimulando seus alunos a participar mais da sociedade que muito
bem os representa.
Especial: A contribuição da Geofísica para a auto-suficiência
Novos desafios para o futuro
A conquista da auto-suficiência brasileira em petróleo, anunciada pela Petrobras em abril, é a realização de um sonho
acalentado desde os tempos da campanha ‘O petróleo é nosso’. Esse feito representa bem mais que uma meta empresarial
alcançada – produção igual ou maior que a demanda –, e traz um significativo caráter simbólico para o Brasil.
É uma conquista coletiva, firmada ao longo da história de 53 anos da Petrobras, e deve ser creditada aos seus colaboradores
em todos os níveis. Os cerca de 500 geofísicos da companhia sabem da importância de sua contribuição para esse marco.
Um dos pontos de
p a r t i d a p a ra a a u t o suficiência aconteceu na década de 1980, quando a
Petrobras experimentou uma grande evolução na área
da geofísica. Com a ida para águas profundas e o
aumento significativo do volume de dados sísmicos 3D
adquiridos, surgiu a necesssidade de um salto
tecnológico no processamento e interpretação dos
dados. A Petrobras teve que atualizar seu parque de
processamento e treinar mais pessoas para atuar em
interpretação. “Com esses volumes grandes de 3D e
descobertas em águas profundas, isso foi um marco
fantástico”, afirmou Celso Martins, gerente de Suporte
Técnico da Exploração do E&P.
Em 1985, de forma pioneira na América Latina,
a Petrobras adotou as estações de interpretação. A partir
de então, o intérprete deixou o trabalho sobre seções
de papel e passou a atuar em um terminal de
computador, com uma estação rodando os dados e
visualizando o volume como um todo.
Na área de processamento de dados sísmicos,um
grande investimento em pesquisa e desenvolvimento,
propiciou o florescimento de uma cultura interna própria
para geração de soluções específicas da companhia.
Mas um dos pontos
fortes da geofísica,
segundo Celso, é a
preparação das pessoas. A
Pe t r o b ra s
c o n t ra t o u
geólogos,
físicos
e
engenheiros e os transformou em geofísicos,
através de um intenso
treinamento, no exterior e
no Brasil. “Essa foi uma
aposta
correta
do
passado”, acredita. Mas
olhando para frente o
desafio é muito maior:
repor reservas para que a
Companhia sobreviva por
mais 50 anos com um nível
elevado de produção. E a geofísica vai ter um papel
muito importante: capacitar este grupo para as
tecnologias que virão.
Fotos: Fernando Zaider
“Não houve descoberta
significativa de óleo no Brasil,
a partir da década de 1970,
sem análise de dados
sísmicos”, destacou Ricardo
Augusto Rosa Fernandes,
g e r e n t e d e Te c n o l o g i a
Geofísica do E&P. Segundo
ele, quando se decidiu fazer
exploração de petróleo no
mar a sísmica demonstrou
ser o método indireto mais
seguro para essa atividade.
A imagem no detalhe
A grande força da geofísica da Petrobras é ter um
g r u p o t é c n i c o q u e d e s e nv o l v e t e c n o l o g i a s d e
p r o c e s s a m e n t o. S é r g i o
Michelucci, gerente geral
de P&D de Exploração do
Cenpes/Petrobras, diz que o
grupo é formado por
profundos conhecedores
das metodologias, dos
métodos e dos princípios
que regem a física e a
geofísica.
O
desenvolvimento tecnológico da
geofísica hoje, segundo
Michelucci, vem em forma
de melhorias incrementais
sobre os métodos existentes: sísmica, magnetometria
e gravimetria. “Cada vez se aperfeiçoa mais esses
métodos, em busca de imagens e resoluções melhores”,
salientou. Para o gerente de P&D em Exploração do
C e n p e s , o s g ra n d e s ava n ç o s d a g e o f í s i c a t e m
acontecido na linha da obtenção de imagens de melhor
qualidade, principalmente em situações onde a geologia
é mais complexa.
A evolução da geofísica é motivada também pelas
áreas de fronteiras, onde os métodos não funcionam
tão bem como na região de águas profundas da Bacia
de Campos. Esta última já demonstrou ser um
ambiente ideal para o método sísmico. Pelo contrário,
a Bacia do Paraná tem problemas de topografia muito
acidentada e a presença de rocha basáltica na
superfície que dificultam muito a qualidade do dado
sísmico. As imagens sísmicas das duas bacias estão
em mundos opostos. Então, para voltar a explorar a
Bacia do Paraná é necessário melhorar o método de
imageamento sísmico de modo que se possam reduzir
riscos exploratórios.
Além disso, a companhia também avalia outras
tecnologias, como por exemplo, o seabed logging, um
método eletromagnético novo no mercado que pode se
tornar uma ferramenta importante para ser utilizada
complementarmente à sísmica 3D. A metodologia
permite identificar a presença direta de hidrocarbonetos
em subsuperfície.
A questão do imageamento é uma grande barreira
a ser transposta, assim como a tecnologia da inversão
sísmica. Por meio desta última, consegue-se predizer,
a partir do dado sísmico, qual a composição de uma
camada em sub-superfície, sua porosidade e até mesmo
que fluido está dentro da rocha, se óleo, gás ou água.
É um dos grandes desafios. “Conseguir ver de maneira
mais nítida coisas cada vez menores é o sonho de todo
geofísico”, finalizou Michelucci.
3
Especial: A contribuição da Geofísica para a auto-suficiência
Foto: Fernando Zaider
O princípio da produtividade
Ao assumir o cargo
de chefe das Operações
Geofísicas da Petrobras,
em 1981, o geofísico
Muhamad
Amin
Baccar deparou-se com
a produção baixa das
equipes
sísmicas
terrestres (cerca de
61Km/mês/equipe), um
quadro de geofísicos
reduzido e técnicas de
campo obsoletas.
Para sanar estas
deficiências, obteve da
direção da Petrobras, o compromisso de contratar
geólogos (cerca de 20 por ano) que tiveram, através
do Centro de Treinamento, cursos teóricos que
somados ao treinamento de campo tornou-os
geofísicos em curto espaço de tempo.
No curso teórico os recém-admitidos aprendiam
em “um ano o que anteriormente levava 10 anos para
aprender”. Com essa mão-de-obra qualificada,
utilizando-se as inovações tecnológicas disponíveis,
chegou-se em 1989, quando da aposentadoria de
Baccar, à produção média de 145Km/mês/equipe.
4
Paralelamente à maior produtividade das equipes
terrestres, a qualidade dos registros sismográficos foi
espetacularmente melhorada, devido ao uso de
melhores técnicas de aquisição e processamento,
motivando o que ele chamaria mais tarde de "Princípio
Baccar" — qualquer levantamento sísmico com mais
de cinco anos deve ser descartado e refeito.
Baccar lembra que até o início da década de
1960, a geologia de superfície era a ferramenta
principal na busca de reservas de petróleo e os
m é t o d o s g e o f í s i c o s e ra m i n c i p i e n t e s , s e n d o
alguns ainda experimentais. Com a limitada
produção em terra, o Brasil se lançou em 1968
para a Plataforma Continental. Os métodos
indiretos de geofísica começaram a ser cada vez
mais utilizados e graças a eles, se abriu uma
perspectiva diferente da h i s t ó r i a g e o l ó g i c a d a
plataforma continental brasileira.
Para Baccar, a geofísica foi importante para as
descobertas de petróleo no país e continuará, por
um bom tempo, a ser o único método indireto que
permite o conhecimento de certas propriedades das
rochas. Destaca ainda, que “sem a geofísica não
haveria descoberta de petróleo no mar” sendo a
gravimetria, a magnetometria e a sísmografia de
reflexão os instrumentos mais utilizados.
Especial: A contribuição da Geofísica para a auto-suficiência
Fotos: Fernando Zaider
Sísmica do início ao fim
A auto-suficiência não é
uma conquista exclusiva
da plataforma P-50, mas
uma decisão da empresa
tomada como seqüência
de uma história que
começou
há
várias
décadas e que teve a
participação dos colaboradores da Petrobras
em todos os níveis. A
opinião é do engenheiro de
minas e geofísico aposentado José Tassini.
Com 33 anos de Petrobras,
30 dos quais ligado ao
setor de processamento
de dados, Tassini enumera
as contribuições da
geofísica para que o país tenha atingido esse patamar.
“Tenho absoluta convicção que a geofísica foi a porta
de entrada da empresa para chegar à auto-suficiência”,
afirmou, recordando que há alguns anos a sísmica deixou
de ser apenas um dos métodos de prospecção e passou
a contribuir em fases posteriores, junto com a geologia,
no desenvolvimento de campos e na própria produção,
uma vez que o método permite saber onde o reservatório
foi drenado e se ainda tem óleo residual. “O método
sísmico hoje tem trânsito do início ao fim do processo
de produção”, destacou o geofísico.
No início de sua carreira, em 1966, a Petrobras
realizava um tipo processamento analógico, bastante
rudimentar em comparação ao que existe hoje. “As
máquinas dava m algum tratamento aos dados
registrados em fitas magnéticas, embora esse
processamento pouco tivesse a ver com o que veio
depois com a metodologia digital”, lembra Tassini, que
em 1969 foi transferido para o Rio de Janeiro e se uniu
definitivamente ao grupo de processamento que iniciava
a Petrobras na era digital.
Tassini recorda de muitas mudanças de tecnologia,
de hardware, mas, principalmente, dos conceitos para
processamento de dados, que foram evoluindo com o
aumento do interesse das universidades pela geofísica,
assim que a metodologia digital começou a ser utilizada
pela sísmica. “Antes da computação digital, o ensino da
geofísica era limitado e a matemática podia ser estudada
de forma tradicional. Entretanto, as universidades
desenvolveram cursos especializados e contribuíram
muito para a evolução da sísmica digital”, concluiu.
A Pe t r o b ra s s e m p r e c o m p r o u t e c n o l o g i a d e
vanguarda para seguir de perto todos os passos da
evolução, tanto de hardware quanto de software. Um
grupo técnico capacitado e mantido com a finalidade
de compreender o que estava se passando na pesquisa
geofísica, permanece atento aos vários segmentos da
geofísica mundo afora. Além de observar as inovações
introduzidas por universidades, outras companhias e
companhias de serviço, o grupo também busca repetir
e aperfeiçoar as inovações na sede da empresa. "Se
existisse uma taxa para medir o sucesso da atividade
de exploração de petróleo, eu tenho certeza que a
Pe t r o b ra s e s t a r i a n o t o p o, p o r q u e d e p o i s q u e
começamos a utilizar a sísmica digital, o nosso sucesso,
principalmente nas bacias marinhas, sempre foi
invejável", concluiu.
Sem tecnologia não chegava lá
Será possível imaginar hoje como era uma equipe
sísmica há 40 anos atrás? O engenheiro de sistemas e
geofísico aposentado pela Petrobras Simplicio de Freitas
iniciou sua carreira em 1960 e relata que as equipes
tinham um telegrafista que transmitia informações do
campo para a base por meio de rádio. "Era um verdadeiro
aparato de guerra, com uma antena altíssima, operando
t a m b é m e m c ó d i g o M o r s e e q u e s ó p e g ava e m
determinadas horas", descreve Simplício. Era essa a
tecnologia de comunicação das equipes de aquisição na
década de 1960.
Após mais de 30 anos na Petrobras, ao ser perguntado
sobre as contribuições da geofísica para a auto-suficiência
brasileira em petróleo, Simplício diz que o grande segredo
da Petrobras foi aliar gente e tecnologia. "Foi e é uma
companhia que não apenas dá muita atenção ao
treinamento de pessoal, como também acompanha todas
as tecnologias que aparecem", declarou. Do avanço do
transistor à eletrônica, passando pelo microprocessador,
essas são as maravilhas, segundo Simplício, que fizeram
a revolução tecnológica no mundo.
Quando entrou na companhia, a tecnologia analógica
predominava. Em 1967 surgiu a tecnologia de campo
digital e a Petrobras não demorou a dotar suas equipes
com aparelhos e com sistemas de aquisições mais
modernos. E a evolução não parou aí. Em 1968, a
Petrobras foi a primeira companhia da América Latina a
adquirir um equipamento IBM com a rede de processo.
A capacidade de memória dele era de 256KB, menos
que um disquete.
"Era um computador imenso, no estado da arte, que
ocupava sozinho um
salão
inteiro.
A
empresa
trouxe
terminais que faziam
gráficos coloridos. Foi
também a Petrobras
que implantou as
estações de interpretação na década de
1980, que permitiam
uma produtividade e
uma melhoria considerável de qualidade na
interpretação", recorda
Simplício.
A auto-suficiência
em petróleo muito
dificilmente poderia ter
sido alcançada sem a
produtividade através
de tecnologia. O Brasil não possui bacias terrestres com
uma geologia fácil e nem respostas maravilhosas. Quanto
mais difícil o modelo geológico, mais é necessário empregar
tecnologia. Se a Petrobras fosse atrasada tecnologicamente
simplesmente não conseguiria chegar onde chegou.
5
Entrevista
John P. Haney – Shell
Um potencial empregador
A Shell está no Brasil desde 1913, mas somente 85 anos
depois, com a Lei do Petróleo promulgada em 1998, que o
departamento de exploração e produção da companhia
anglo-holandesa fincou os pés no país. De lá para cá, a
Shell do Brasil investiu sozinha US$ 1,5 bilhão, segundo o
vice-presidente de E&P, John Haney. Em entrevista, Haney
traça um perfil das atividades da companhia no país. “Com
o crescimento de nossas operações no Brasil, temos planos
de contratar mais profissionais em todas as áreas, incluindo
geofísicos”, afirmou.
Quais são as principais atividades de E&P da Shell
no Brasil?
Qual a produção atual e qual a perspectiva de
crescimento da produção no Brasil?
reavaliando as oportunidades em nosso portfólio. A equipe
de exploração também é responsável pela análise das
áreas a serem ofertadas nas licitações.
A produção atual da Shell no Brasil é de 40.000 barris de
óleo por dia. E nossos planos são de começar a produção
no bloco BC-10, na Bacia de Campos, até o fim desta
década.
A contratação de profissionais brasileiros,
especialmente geofísicos, faz parte dos planos da
empresa? Em que condições?
O que representa em números a Shell Brasil para a
Shell global?
Com o crescimento e o sucesso de nossas operações no
Brasil, temos planos de contratar mais profissionais em
todas as áreas, incluindo geofísicos.
A Shell Brasil representa pouco no portfólio de E&P global
da Shell; mas certamente estamos em um país que
apresenta boas oportunidades de crescimento.
Qual o conceito que a indústria do petróleo global
tem dos geofísicos brasileiros?
Como a empresa vê o Brasil no contexto mundial em
termos de exploração e produção de petróleo?
São excelentes profissionais. Acreditamos que as
oportunidades para estes profissionais continuarão a
crescer, não só no Brasil como no exterior.
É um país atraente para o setor por diversas razões. Pela
grande extensão de áreas ainda não exploradas; pelo
processo transparente de licitações de blocos e por
apresentar uma postura de respeito aos contratos, só para
citar alguns exemplos. Em um setor caracterizado por
grandes investimentos, e que são de longo prazo, regras
estáveis e uma taxa razoável de sucesso exploratório são
fatores essenciais para definir a atratividade dos países.
Quais as expectativas da empresa em relação a
crescimento de reservas?
Estamos otimistas que mais descobertas serão feitas. Isto
é essencial para que o Brasil continue a atrair mais
investimentos e para que a auto-suficiência, recentemente
alcançada, seja sustentável.
Como a Shell desenvolve suas atividades de
exploração no Brasil?
Temos equipes de exploração – geólogos, geofísicos e
engenheiros – baseados em nossos escritórios, no Rio de
Janeiro e em Houston, analisando os dados disponíveis
sobre áreas de interesse no Brasil. De acordo com o
resultado desta análise, planejamos a contratação de
levantamentos sísmicos ou de perfuração de poços. Este
trabalho é feito constantemente e estamos sempre
6
Foto: Divulgação/Shell
No momento temos exploração e produção como principais
atividades, mas com a declaração de comercialidade feita no
BC-10, em dezembro de 2005, em breve reiniciaremos
atividades de desenvolvimento da produção. Nosso portfólio
inclui participações em 13 blocos marítimos, sendo 11 blocos
em fase de exploração, dos quais quatro operados pela Shell,
e dois em fase de avaliação (BC-10 e BS-4, ambos também
operados pela Shell). A Shell também é operadora nos campos
de Bijupirá e Salema, na Bacia de Campos.
Como as atividades da SBGf podem contribuir para
as operadoras de petróleo, especialmente a Shell?
Continuando a realizar conferências para compartilhar
experiências e mantendo um site com currículos de
profissionais de geofísica disponíveis para uma possível
carreira em uma companhia de petróleo. Gostaríamos que
a SBGf e os geofísicos brasileiros vissem a Shell como um
potencial empregador e mantivessem contatos com nossa
equipe de exploração.
Como a Shell interage com sociedades de
profissionais da indústria do petróleo?
Participando dos eventos, pagando a anuidade de nossos
empregados que querem participar e fazendo parte de
comitês, muitas vezes como coordenadores. Além disso,
incentivamos nossos profissionais a se filiarem a estas
sociedades.
Como a Shell avalia a qualidade dos congressos e
dos eventos técnicos, simpósios, palestras técnicas
promovidos pela SBGf?
A opinião dos profissionais da Shell que têm participado
dos eventos da SBGf é muito positiva.
Tecnologia
Criada este ano pela Petrobras, a Rede de Geofísica
Aplicada é uma das 39 redes temáticas constituídas
com o objetivo de ampliar o relacionamento entre a
companhia, as universidades e os institutos de
pesquisa do país, para utilização em desenvolvimento
tecnológico. O novo modelo faz parte da base do
Sistema Tecnológico Petrobras e prevê ainda a
montagem de sete núcleos regionais de P&D.
A constituição das redes temáticas e dos núcleos
regionais facilitará o cumprimento da Lei do Petróleo,
r e g u l a m e n t a d a p e l a A N P, q u e o b r i g a a s
concessionárias a investir em P&D, no mínimo, um
por cento da receita bruta de campos de elevada
produção. Até a metade destes recursos podem ser
aplicados em projetos internos, mas o restante deve
ser destinado a contratação de serviços tecnológicos
oferecidos por instituições de P&D credenciadas.
“Todos os projetos
precisarão da aprovação
interna da Petrobras. Além
disso, os projetos que
envolvam
capacitação
técnica e infra-estrutura
terão que ser pré-aprovados
pela ANP”, explicou Eduardo
Lopes de Faria, gerente de
Geofísica da área de P&D em
Exploração do Cenpes e
gestor desta rede temática. Segundo ele, as universidades
dotadas de menos infra-estrutura poderão se equipar com
laboratórios e computadores que as permitirão suportar um
incremento no número de projetos de P&D no futuro. As
entidades que contam com infra-estrutura já poderão
receber recursos para projetos de P&D.
As 39 redes temáticas da Petrobras disporão de
a p r ox i m a d a m e n t e R $ 3 0 0 m i l h õ e s , va l o r q u e
representa 0,5% do faturamento estimado dos
campos gigantes operados pela companhia em 2006.
Em fase de modelagem, a Rede de Geofísica já nasce,
portanto, com recursos suficientes para aplicação em
projetos de infra-estrutura, capacitação, gestão da
rede e pesquisa e desenvolvimento (P&D).
“Os temas devem ser sustentáveis e garantir o
desdobramento dos projetos”, destacou Faria,
acrescentando que a criação das redes vai fortalecer e
ampliar o relacionamento da companhia com as
universidades brasileiras. Entre 2000 e 2005, segundo Faria,
somente com o Cenpes foram assinados 1.521 contratos
com 120 instituições. Atualmente, cerca de 600 contratos
estão em vigor.
Treze entidades (UFBA, UFPA, USP, Unicamp, Uenf,
UFRJ, UFF, ON, UFRN, UFPR, PUC-Rio, Impa e Inpe)
comporão inicialmente a Rede de Geofísica Aplicada,
desenvolvendo propostas cujos temas específicos
estão relacionados a métodos sísmicos, métodos
potenciais, eletromagnéticos e elétricos, além de
geofísica de poço.
“As 13 entidades selecionadas da rede de geofísica podem
começar a contribuir com novos projetos imediatamente. Isso
não exclui outras entidades que trabalhem com geofísica de
participar da rede no futuro”, salientou o gestor. As
universidades que não enviaram projetos e ainda não estão
na rede terão tempo para fazê-lo. “Será um processo contínuo,
constante e estável”, disse.
Foto: Fernando Zaider
Petrobras cria Rede de Geofísica Aplicada
7
Empresas
Landmark patrocina anuidade de estudantes
Pe l o t e r c e i r o a n o c o n s e c u t i vo, a L a n d m a r k
G ra p h i c s C o r p o r a t i o n , d o G r u p o H a l l i b u r t o n ,
patrocina as anuidades da SBGf para estudantes de
g ra d u a ç ã o. A i n i c i a t i va d a e m p r e s a p e r m i t e o
ingresso dos futuros profissionais do setor na
Sociedade Brasileira de Geofísica. Terão direito à
gratuidade os alunos do último período de Geologia
e de todos os períodos de Geofísica.
Foto: Fernando Zaider
Os estudantes interessados em se associar à SBGf e
usufruir da gratuidade devem procurar o respectivo
coordenador do departamento de seu curso de graduação.
Apenas este poderá solicitar o benefício. A SBGf e a
Landmark não irão atender solicitações feitas diretamente
por alunos.
“Nossa iniciativa permite aos
estudantes, antes de se
formarem, terem contato com as
empresas e com os profissionais
de geofísica através da SBGf.
Nosso maior ativo são as pessoas.
Estamos
constantemente
investindo nelas, dentro e fora da
nossa organização”, explicou
Álvaro Abrão, gerente regional
da Landmark no Brasil.
Além disso, há outros investimentos da empresa que
geram benefícios para o setor acadêmico, como o projeto
GRANT, um convênio, envolvendo 14 universidades
brasileiras, através do qual é disponibilizado acesso
gratuito à tecnologia Landmark.
“É um programa mundial realizado em todos os países
onde a Landmark tem atividades – explica Álvaro.
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Oferecemos uma suíte completa de softwares que vai
desde o processamento sísmico, passando por
interpretação geofísica, geológica, petrofísica, engenharia
de poço, simulação de reservatório e análise de risco. Cada
coordenador de curso escolhe os programas com base
nas suas áreas de concentração”.
Os softwares cedidos só podem ser utilizados para
ensino e pesquisa, nunca para fins comerciais. Com isso,
segundo o gerente, os alunos se formam já sabendo
operar os programas mais atualizados da indústria do
petróleo e, quando contratados, precisarão de menos
tempo de treinamento.
“Temos que acompanhar o desenvolvimento desses
recursos até chegar o momento certo de trazê-los para a
companhia”, destacou.
Álvaro considera bom ver o nome da Landmark nas
pesquisas das universidades e nos papers dos laboratórios.
Por isso, é possível que no fim do ano a empresa venha a
patrocinar uma publicação com os melhores projetos.
“Gostamos de saber como os nossos softwares são
utilizados pelos estudantes”, explicou.
O relacionamento da Landmark com a SBGf,
segundo Álvaro Abrão, só tende a aumentar. Não
somente por causa da forte ligação da Sociedade com
a indústria do petróleo no Brasil, mas também pelo
lado acadêmico que precisa ser prestigiado. “Temos
participado de eventos como o Congresso Internacional, a Semana da Geofísica, apresentado papers,
feito patrocínios, enfim, executamos o nosso plano de
marketing para atingir o pessoal da indústria e os
setores acadêmicos. O momento é bom e vamos
continuar participando”, finalizou.
Informe regional
Fórum Desafios em Águas Profundas
(continuação da página 1)
Foto: Arquivo SBGf
"O cenário mundial para atividades de E&P em águas
profundas e ultra-profundas", será o tema da palestra
de abertura do encontro, a ser ministrada pelo geólogo
Pedro Zalán, do setor de Novas Áreas da Unidade de
Negócios de Exploração da Petrobras. Será no dia 7 de
agosto, às 17 horas, seguida do coquetel de inauguração
do evento.
Além de Zalán, foram confirmados mais quatro
palestrantes: Len Srnka, da Exxon, falará sobre o
método eletro-magnético de aquisição em águas
profundas (CSEM); Rodney Calvert, da Shell, discorrerá
sobre os métodos 4D para melhor recuperação e
caracterização de reservatórios; Paulo Johann, do
P r o g ra m a Te c n o l ó g i c o d e
Re c u p e ra ç ã o Ava n ç a d a d e
Pe t r ó l e o,
da
Pe t r o b ra s ,
apresentará as experiências de
monitoramento de reservas em
sísmica 4D em águas profundas
brasileiras; Paulo de Tarso
Martins Guimarães, gerente
geral de Exploração da Petrobras,
também
será
um
dos
palestrantes.
O Fórum foi concebido para promover discussões
sobre diferentes tópicos: Imageamento sub-sal;
Inversão / AVO; Aquisição eletromagnética marinha com
fonte controlada (CSEM); Eliminação de múltiplos 3D;
Sísmica Multicomponentes (OBC / OBS); Sísmica 4D /
Lapso de tempo; Imageamento de alta resolução;
Perfilagem sísmica vertical (3D VSP); Modelo de
velocidade e Análises de atributos múltiplos. Um dos
objetivos do evento é aproximar e promover a
integração entre geocientistas e engenheiros de
diferentes companhias.
Durante o fórum os participantes apresentarão
tecnologias de ponta que ainda estão em fase de
desenvolvimento e teste. Os trabalhos não são
registrados, copiados ou documentados para circulação
entre os participantes, visando estimular a apresentação
de casos e dados de natureza sigilosa. O objetivo
principal deste tipo de fórum é discutir soluções para
os desafios que surgem em todos os estágios da
produção em águas profundas de óleo e gás, em um
ambiente de cooperação e aprendizagem. "Algumas
idéias até podem ser reavaliadas e algumas pesquisas
chegam a ser reorientadas após os debates realizados
nestes fóruns", salientou Patrícia de Lugão, secretária
da Divisão Centro-Sul da SBGf.
A escolha do Brasil para a realização do fórum D&P
este ano, segundo Patrícia, não poderia ser mais
apropriada, principalmente pelo fato de no Rio de Janeiro
estarem localizadas as duas maiores unidades de
exploração da Petrobras, inclusive a que é responsável
pela exploração em águas profundas. "Além disso,
outras operadoras estrangeiras como Shell e Chevron,
com atividades em águas profundas no Brasil também
possuem escritórios no Rio de Janeiro", complementou.
Foto: Fernando Zaider
João Batista toma posse na ABC
O professor João Batista
Corrêa da Silva, da
Universidade Federal do
Pará, tomará posse no dia 6
de junho na Academia
Brasileira de Ciências como
membro titular na área de
Ciências da Terra. A
cerimônia será realizada no
Auditório Gilberto Freyre, do
Palácio Gustavo Capanema,
no Rio de Janeiro.
Paulista
de
Novo
Horizonte, João Batista
Corrêa da Silva, de 57 anos,
graduou-se em Geologia em
1972 pela UFRJ. Obteve o grau de Mestre em Geofísica em
1976 pela UFPA e de Doutor em Geofísica em 1982 pela
University of Utah (EUA). Admitido na UFPA como auxiliar
de ensino em 1974, hoje é professor titular.
Recebeu o prêmio “Geofísico do Ano” conferido pela SBGf
em 1999, a menção honrosa na categoria “Best Paper” da
Society of Exploration Geophysicists (SEG) em 2002 e as
distinções “Outstanding Reviewer” em 1999 e “Outstanding
Associate Editor” em 2004 pela SEG.
Suas principais linhas de pesquisa atualmente são:
“Aplicações da Teoria da Inversão na interpretação geofísica”
e “Desenvolvimento de softwares interativos em ambiente
amigável para a interpretação geofísica”. Orientou 15
dissertações de mestrado e 5 de doutorado.
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Informe regional
II SimBGf: Prazo para submissão de trabalhos é prorrogado
Foi prorrogado para o dia 30 de junho o prazo para a
entrega dos trabalhos do II Simpósio Brasileiro de
Geofísica (SimBGf) que a SBGf promoverá de 21 a 23
de setembro. A informação é do secretário da Divisão
Nordeste Setentrional da SBGf, Aderson Farias do
Nascimento, responsável pela organização do evento.
Aderson confirmou ainda que o encontro será
realizado no Hotel Parque da Costeira, em Natal (RN).
Localizado no KM 07 da Via Costeira, no Parque das
Dunas, o hotel conta com uma estrutura composta por
330 apartamentos, área de lazer completa,
restaurantes e centro de convenções.
O Simpósio tem por objetivo reunir a comunidade
geofísica brasileira nos anos pares, contrapondo-se ao
Congresso Internacional da SBGf realizado nos anos
ímpares. Apesar do seu caráter nacional, diversos
palestrantes internacionais foram convidados e já
confirmaram presença. Entre eles, a doutora Rebecca
Lunn, da Universidade de Strathclyde, Glasgow, que
falará sobre modelagem numérica de evolução de
bandas de deformação e seu impacto na prospecção
de água e hidrocarbonetos.
Por sua vez, o pesquisador israelense Hillel WustBloch, da Universidade de Tel-Aviv, demonstrará
técnicas de nanosísmica desenvolvidas por ele e o
seu potencial de utilização na indústria. Wust-Bloch
busca detectar e analisar eventos sísmicos de
magnitude muito pequena – menores que -2.7m_b.
Mais um convidado internacional virá da
Escócia. O dr. Mark Chapman, da British Geological
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Survey, de Edimburgo, fará palestra sobre sua
teoria de atenuação sísmica no meio geológico,
associada à reflexão das ondas em interfaces.
Segundo Aderson Nascimento, esta teoria tem se
revelado bastante promissora para discriminar os
diferentes fluidos (água, óleo ou gás) que
preenchem os poros das rochas.
O encontro terá caráter científico. Serão
a p r e s e n t a d o s t ra b a l h o s t é c n i c o s e d i s c u s s õ e s
acadêmicas sobre temas variados, tais como estudos
da Crosta, Sismicidade Natural e Induzida, Geofísica
aplicada à água subterrânea, Meio Ambiente e
Geotecnia, GPR – Métodos e Aplicações,
Métodos Sísmicos, Métodos Potenciais e
Métodos Eletromagnéticos. Também
serão discutidos temas gerais como
o exercício da profissão de
geofísico no Brasil e o
workshop Diagnóstico da
Geofísica.
Petrobras resgata história da geofísica do petróleo
Quando começou a geofísica no Brasil? Quem foram
os pioneiros? Quais os principais marcos dessa história?
Para responder a estas e outras questões, a Petrobras
desenvolveu um projeto que resgata a memória da
geofísica brasileira. O resultado foi surpreendente. O
objetivo inicial era destacar 50 anos de geofísica na
Petrobras, mas a pesquisa foi além e acabou levantando
fatos desde a década de 1930, com a aquisição dos
primeiros instrumentos geofísicos importados, até os
primeiros levantamentos de sísmica 4D no Complexo de
Marlim, na Bacia de Campos, em 2004 e 2005. São mais
de 70 anos de história.
Duas historiadoras foram contratadas para fazer a
pesquisa. Elas visitaram as bibliotecas da CPRM, do MME,
do DNPM, da Petrobras (Rio, Salvador, São Paulo) e do
Museu Histórico Nacional e fizeram um levantamento
minucioso das principais personalidades dessa história. Elas
descobriram, por exemplo, que o Serviço Geológico e
Mineralógico do Brasil, chefiado na época por Euzébio Paulo
de Oliveira, contratou o geofísico norte-americano Mark C.
Malamphy para ensinar aos dois primeiros geofísicos
brasileiros. Na primeira edição da revista Geophysics, em
1936, Malamphy publicava um artigo técnico intitulado
Magnetic Prospecting in Santa Catarina, marcando a
presença brasileira nesse ramo das Ciências da Terra.
Com formação em engenharia, Décio Savério
Oddone e Irnack Carvalho do Amaral foram treinados
por Malamphy e, posteriormente, participaram da primeira
campanha geofísica brasileira realizada em Lavras do Sul
(RS) para prospecção de ouro. Pioneiros da geofísica no
Brasil, Oddone e Amaral se tornariam mais tarde diretores
da Petrobras, sendo que Amaral, inclusive, chegou à
presidência, em 1966.
Os dois pioneiros, lembra Paulo Johann, coordenador
da pesquisa, emprestam seus nomes aos prêmios da
SBGf oferecidos em reconhecimento aos profissionais
que se destacam no setor. "Criamos um elo com a origem
da geofísica no Brasil, aplicada à mineração e ao
petróleo", acrescentou.
Da pesquisa resultou um filme com depoimentos de 33
aposentados da Petrobras que vivenciaram diretamente a
história da geofísica. A seqüência de quase três horas é
dividida em três partes: começa na década de 1930 com
os pioneiros da era analógica. A segunda parte cobre a
revolução da tecnologia de registro digital, até a chegada
dos grandes computadores. O terceiro bloco tem inicio nos
primeiros levantamentos geofísicos marítimos, a partir de
1968, com Carlos Walter comandando a descoberta de
Garoupa, na Bacia de Campos. A pesquisa registra a
primeira sísmica 3D em 1978 no campo de Cherne e finaliza,
em 2004, com os levantamentos sísmicos 4D, no Complexo
de Marlim.
Segundo Johann, o projeto está inserido em um contexto
de gestão do conhecimento técnico do E&P da Petrobras.
Os depoimentos de pessoas que testemunharam as
evoluções tecnológicas e o contexto das decisões gerenciais
são conhecimentos que, segundo o coordenador da
pesquisa, os relatórios em papel sozinhos não conseguem
transmitir. “São depoimentos de profissionais que realmente
escreveram uma página de sucesso: a da história da
geofísica brasileira do petróleo”.
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Agenda
Eventos
Fórum: Desafios da Exploração, Desenvolvimento
e Produção em Águas Profundas
Promoção: SBGf/SEG/ULG
07 a 11 de agosto de 2006
Rio de Janeiro – RJ
Informações: www.sbgf.org.br/eventos/eventos.html
[email protected]
Jakarta 2006
Conferência Internacional de Geociências
Promoção: Indonesian Association of Geophysicists
(HAGI)
14 a 16 de agosto de 2006
Jacarta - Indonésia
Informações: www.jakarta2006.org
43º Congresso Brasileiro de Geologia
Promoção: Sociedade Brasileira de Geologia
03 a 08 de setembro de 2006
Aracaju – SE
Informações: www.43cbg.com.br
Rio Oil & Gas 2006
11 a 14 de setembro de 2006
Rio de Janeiro – RJ
Informações: (21) 2532-1610 / [email protected]
II Simpósio Brasileiro de Geofísica
Organização: SBGf
21 a 23 de setembro de 2006
Natal – RN
Informações: http://simposio.sbgf.org.br/
EAGE Research Workshop 2006
From Seismic Interpretation to Stratigraphic
and Basin Modelling - Present and Future
25 a 27 de setembro de 2006
Grenoble - França
Informações: www.eage.org
Palestras e bolsas
Bolsas de Mestrado e Doutorado em Geofísica
Espacial
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) está
com inscrições abertas para o Curso de Pós-Graduação
em Geofísica Espacial. Disponibilidade imediata de três
bolsas Capes de mestrado e um excelente histórico de
projetos Fapesp para bolsas de doutorado e pós-doutorado.
Mais informações em www.inpe.br/pos_graduacao/cursos/
geofisica_esp/
Bolsa PCI para a Coordenação de Geofísica
A Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional
- ON dispõe de duas bolsas de pesquisa do Programa
de Capacitação Institucional - PCI do MCT com duração
de dois anos (prorrogáveis por mais dois), iniciando
em 1º de agosto. Elas são destinadas para a realização
de projetos em diversas áreas de pesquisa. Os
interessados, jovens até 35 anos, portadores do título
de doutor em Geofísica ou área afim, deverão enviar
Curriculum Vitae (CV Lattes se o candidato for
brasileiro), principal colaborador no ON (caso este
e x i s t a ) e p l a n o d e t ra b a l h o ( 2 - 3 p á g i n a s ) , a o
c o o r d e n a d o r D r. I r i n e u F i g u e i r e d o ( e - m a i l :
[email protected], telefone: (21) 2580-7081) até 20 de
junho de 2006. O valor da bolsa é da ordem de R$
2.600,00 mensais.
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SEG - 2006 Annual Meeting
01 a 06 de outubro de 2006
New Orleans - Louisiana – EUA
Informações: www.seg.org
XIII Congreso Venezuelano de Geofísica
Promoção: Sociedade Venezuelana de Engenheiros
Geofísicos (SOVG)
22 a 25 de outubro de 2006
Caracas - Venezuela
Informações: www.congresogeofisica-sovg.org
12º Abu Dhabi International Petroleum
Exhibition & Conference
Promoção: SPE International / Emirates Society of
Geoscientists (ESG)
5 a 8 de novembro de 2006
Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos)
Informações: www.adipec.com
Brazil Onshore Conference and Exhibition
Promoção: IBP e SPE Seção Brasil
28 a 30 de novembro de 2006
Natal - RN
Informações: www.spe.org
Workshop sobre Sísmica Passiva
Aplicativos de monitoramento e exploração
Promoção: IBP e SPE Seção Brasil
10 a 13 de dezembro de 2006
Dubai (Emirados Árabes Unidos)
Informações: www.eage.org
1º Simpósio de Geofísica Espacial
Com patrocínio da Sociedade Brasileira de Geofísica
(SBGf), do CNPq e da Fapesp, será realizado entre 23
e 26 de outubro, no Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), o
primeiro Simpósio Brasileiro de Geofísica Espacial e
Aeronomia (SBGEA).
O evento tem o objetivo de debater temas
científicos relevantes à área das ciências espaciais e
atmosféricas. Durante o simpósio estão previstas
palestras plenárias, contribuições orais, sessões de
painéis e visitas a laboratórios. O evento será
caracterizado como um fórum científico para discussão
dos temas como a relação Sol-Terra, magnetosfera,
ionosfera, e alta e média atmosfera terrestre.
Serão abordadas áreas como Aeroluminescência,
Física e Química da atmosfera, Geomagnetismo,
Pesquisas espaciais na Antártica, entre outras.
O SBGEA pretende atingir um público formado por
pesquisadores, professores, profissionais atuantes e
pessoas interessados nas Ciências Espaciais, além de
estudantes de pós-graduação e de graduação. Para a
professora Inez Staciarini Batista, do INPE, uma das
responsáveis pelo comitê organizador, o SBGEA será
o primeiro simpósio de uma série que deverá ser
realizada anualmente.
Mais informações pelo correio eletrônico
[email protected] ou pelo telefone: (12) 3945 7180.
O INPE fica na Av. dos Astronautas, 1.758 - Jd. Granja,
São José dos Campos, CEP 12227-010, SP.
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Número 2