PROVA NACIONAL ESCRITA DE LÍNGUA PORTUGUESA 12º ANO
Equipa Responsável pela Elaboração e Correção da Prova:
Prof. Doutor Rui Estrada
Prof.ª Doutora Elsa Simões
Prof.ª Doutora Sandra Tuna
Duração da Prova: 120 minutos. Tolerância: 30 minutos
Cotação: 200 PONTOS
Escola de Proveniência dos Concorrentes: ………………………………………………………………………………………………….
Nome da Equipa: …………………………………………………………………………………………………………………………………………………
Nomes Completos dos Concorrentes:
N.º do Documento de
Identificação
1. ………………………………………………………………………………………………………….……….….
N.º ……………………………..………….
2. ………………………………………………………………………………………………………….……….….
N.º ……………………………..………….
3. ………………………………………………………………………………………………………….……….….
N.º ……………………………..………….
1/8
Identifique claramente os grupos e os itens a que responde.
Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.
É interdito o uso de «esferográfica-lápis» e de corretor nas folhas da prova.
As cotações estão disponíveis na página 8.
2/8
Grupo I
É constituído por 5 questões.
Indique claramente, na folha de respostas, o número do exercício e a letra que
considera correta em cada questão de escolhas opcionais.
Depois de uma leitura atenta deste excerto de Memorial do convento, de José Saramago,
responda às seguintes questões:
Ao outro dia, depois de el-rei partir para a corte, deitou-se abaixo a igreja sem ajuda do
vento, apenas chovia água que Deus a dava, puseram-se a um lado as tábuas e os mastros para
necessidades menos reais, andaimes, por exemplo, ou tarimbas, ou beliches, ou mesa de comer,
ou rastos de tamancos […]. Para os caboucos alagados tornam a descer os homens porque nem
em todos os lugares se alcançara a fundura requerida, sua majestade não viu tudo, e apenas
disse, por outras palavras, quando entrava no coche que o levaria, Agora despachem-se com
isto, há mais de seis anos que fiz o voto, não estou para andar com os franciscanos à perna todo
o tempo, então o nosso convento, por causa do dinheiro não sejam os atrasos, gasta-se o que
for preciso. Mas em Lisboa dirá o guarda-livros a el-rei, Saiba vossa real majestade que na
inauguração do convento de Mafra se gastaram, números redondos, duzentos mil cruzados, e
el-rei respondeu, Põe na conta, disse-o porque ainda estamos no princípio da obra, um dia virá
em que quereremos saber, Afinal, quanto terá custado aquilo, e ninguém dará satisfação dos
dinheiros gastos, nem faturas, nem recibos, nem boletins de registo de importação, sem falar de
mortes e sacrifícios, que esses são baratos.
Quando o tempo levantou, passada uma semana, partiram Baltasar Sete-Sóis e Blimunda
Sete-Luas para Lisboa, na vida tem cada um sua fábrica, estes ficam aqui a levantar paredes, nós
vamos a tecer vimes, arames e ferros, e também a recolher vontades, para que com tudo junto
nos levantemos, que os homens são anjos nascidos sem asas, é o que há de mais bonito, nascer
sem asas e fazê-las crescer, isso mesmo fizemos com o cérebro, se a ele fizemos, a elas faremos,
adeus minha mãe, adeus meu pai. Apenas disseram adeus, nada mais, que nem uns sabem
compor frases, nem os outros entendê-las, mas, passando tempo, sempre se encontrará alguém
para imaginar que estas coisas poderiam ter sido ditas, ou fingi-las, e, fingindo, passam então as
3/8
histórias a ser mais verdadeiras que os casos verdadeiros que elas contam, ainda que já seja
difícil pôr palavras diferentes no lugar destas, que é quando Marta Maria diz, Adeus, que não os
torno a ver, e isto sim, vai ser verdade estreme, ainda as paredes da basílica não terão um metro
acima do chão e já Marta Maria estará enterrada.
Saramago, J. (1982). Memorial do convento. Lisboa, Círculo de leitores, pp. 116-117.
Ortografia atualizada
1. Em que época se situa a ação narrada neste romance de José Saramago?
a) Século XVI;
b) Século XVII;
c) Século XVIII;
d) Século XIX;
2. Com base em elementos do texto, caraterize D. João V.
3. Explicite os efeitos de sentidos da imagem convocada por Baltasar: «[…]os homens são anjos
nascidos sem asas, é o que há de mais bonito, nascer sem asas e fazê-las crescer.» (último
parágrafo).
4. Defina quem será e qual será (de acordo com o texto) o papel desse «alguém para
imaginar», referido no último parágrafo.
5. Memorial do convento é isso mesmo: um memorial àqueles que, com esforço e sacrifícios,
erigiram o convento de Mafra. Demonstre, num pequeno texto de 100 a 200 palavras, esta
preocupação do narrador em dar voz a esses homens e mulheres que a História parece
esquecer e que Saramago pretende homenagear.
4/8
Grupo II
É constituído por 5 questões.
Indique claramente, na folha de respostas, o número do exercício e a letra que
considera correta em cada questão de escolhas opcionais.
Leia o seguinte texto e responda às questões formuladas:
A ausência de uma contabilidade organizada e racional torna difícil verificar se o rei
gastou na verdade muito mais do que as suas rendas lhe permitiam. O ouro do Brasil, mesmo
na fase de maior abundância na produção, não começou logo a ser arrecadado de maneira
eficiente pelos funcionários régios e no fim do reinado as quantidades enviadas para Lisboa
tinham diminuído. Seria assim necessário verificar em que medida D. João V se viu obrigado,
em momentos de crise, a lançar novos impostos ou, pelo menos, a exigir donativos.
Sem indicar a fonte, como era habitual nos historiadores de século XIX, Oliveira Martins
forneceu alguns números acerca da massa de metais e pedras preciosas recebidas do Brasil
durante este reinado: 130 milhões de cruzados; 100000 moedas de ouro; 315 marcos de prata;
24500 marcos de ouro em barra; 700 arrobas de ouro em pó; 392 oitavas de peso e mais 40
milhões de cruzados de valor em diamantes. Como ele chegou a estes valores, não sabemos,
mas é preciso lembrar que nem todo o ouro nem todos os diamantes chegados a Portugal
pertenciam à coroa; alguns destinavam-se a particulares.
Mesmo sem haver a certeza dos quantitativos que entravam nas várias repartições da
Fazenda Real, o problema a resolver pelos historiadores, e esse afigura-se-nos de mais fácil
resolução para os especialistas deste reinado, é saber se as rendas da coroa foram bem ou mal
gastas pelo rei.
Silva, M.B. N. (2006) D. João V. Lisboa, Círculo de Leitores, pp.163-164.
1. Complete as seguintes sequências de modo a construir afirmações verdadeiras:
a) A palavra números (linha 8) é acentuada graficamente porque…
b) O pronome pessoal lhe (linha 2) refere-se a…
5/8
2. O grupo preposicional pelos funcionários régios (linha 4) desempenha a função sintática de
a) Complemento oblíquo;
b) Complemento indireto;
c) Modificador do grupo verbal;
d) Complemento agente da passiva.
3. A locução acerca de (linha 8) é sinónima de:
a) À volta de;
b) Aproximadamente;
c) Sobre;
d) Para.
4. A sequência […] que entravam nas várias repartições da Fazenda Real é uma oração
a)
Subordinada adjetiva relativa;
b)
Subordinada adverbial consecutiva;
c)
Subordinada adverbial causal;
d)
Subordinada substantiva completiva.
5. A palavra foram (penúltima linha) pertence à classe/subclasse de:
a) Verbos transitivos diretos;
b) Verbos copulativos;
c) Verbos auxiliares;
d) Verbos intransitivos.
6/8
Grupo III
“A origem última das nossas dificuldades está em largas franjas da sociedade portuguesa
que retiram dela muito mais do que contribuem. O mecanismo central deste processo é
indiscutivelmente o Orçamento de Estado, que inchou até metade do PIB. Isso bloqueia o
crescimento e desequilibra a balança.”
Neves, J. C. (2011). As Soluções. In: Portugal e o futuro. Lisboa, Vida Económica, p. 164.
A partir desta citação e do que conhece da realidade do país, reflita sobre a ideia de que os
portugueses, ao longo dos tempos, gastaram mais do que aquilo que produziram. Nesta
reflexão deve apresentar dois argumentos que fundamentem o seu ponto de vista e ilustrar
cada um deles, pelo menos, com um exemplo adequado.
7/8
Cotações
Nota: o conteúdo, a correção e organização linguísticas e a coerência textual são fatores a
tomar em conta na avaliação das respostas.
GRUPO I
1.
10 pontos
2.
20 pontos
3.
20 pontos
4.
20 pontos
5.
30 pontos
Total Grupo I: 100 pontos
GRUPO II
1.
10 pontos
2.
10 pontos
3.
10 pontos
4.
10 pontos
5.
10 pontos
Total Grupo II: 50 pontos
GRUPO III
Estruturação temática e discursiva ..................................................................... 30 pontos
Correcção linguística .......................................................................................... 20 pontos
Total Grupo III: 50 pontos
Total da Prova: 200 pontos
8/8
Download

PROVA NACIONAL ESCRITA DE LÍNGUA PORTUGUESA 12º ANO