1 aula Objetivos SOCIOLINGUÍSTICA: SURGIMENTO, OBJETO E OBJETIVOS Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: • saber onde e quando surgiu a Sociolinguística; • identificar as razões de seu surgimento; • reconhecer o objeto e os objetivos dessa disciplina; • definir variação e variantes linguísticas. 1 Aula AULA 1 SOCIOLINGUÍSTICA: SURGIMENTO, OBJETO E OBJETIVOS 1 INTRODUÇÃO Como você viu na disciplina “Introdução aos estudos linguísticos”, a Linguística é uma ciência que apresenta diferentes escolas teóricas que se diferenciam na sua maneira de explicar o fenômeno da linguagem. Uma dessas escolas vai se preocupar, especificamente, das relações entre linguagem, sociedade e cultura. Trata-se da Sociolinguística, que tem como objetivo principal estudar a língua em seu uso real, efetivo, compreendendo-a como uma entidade heterogênea, variável, mutável, influenciada por fatores diversos. Nesta aula, você conhecerá o objeto e objetivos dessa disciplina. Antes, porém, verá quando e onde surgiu essa corrente da linguística. UESC Letras Vernáculas 17 Linguística II: sociolinguística Sociolinguística: surgimento, objeto e objetivos 2 O SURGIMENTO DA SOCIOLINGUÍSTICA ATENÇÃO Vale relembrar que imanente, em termos saussureanos, significa tratar o objeto apenas pelas relações internas dos elementos, excluindo toda preocupação transcedente (extralinguística). Você deve lembrar que, para o mestre genebrino, o que interessava era o caráter formal e estrutural do fenômeno linguístico. Quem segue essa mesma linha de pensamento é Chomsky, que se preocupa basicamente em compreender a competência linguística do falante. O recorte teórico adotado pelos dois linguistas não dá conta, todavia, das outras partes de suas respectivas dicotomias: a fala (Saussure) e o desempenho (Chomsky). E é justamente para essa outra parte que a Sociolinguística volta a sua atenção. Com o objetivo de estudar aquilo que Saussure deixou de fora dos seus estudos, a fala, a Sociolinguística surge num contexto em que vários pesquisadores buscavam estabelecer relações entre linguagem e aspectos de natureza social e cultural, procurando instituir uma abordagem diferente daquela instaurada pelos estruturalistas, a chamada abordagem imanente. O fundamento básico da Sociolinguística é que não há sociedade sem linguagem, nem sociedade sem comunicação. Os indivíduos e a sociedade se definem e se constroem na e pela lingua(gem) mediante processo de interação verbal. Logo, lingua(gem) e sociedade estão indissoluvelmente entrelaçadas, uma influenciando e determinando o comportamento da outra . Pensando dessa forma, e insatisfeitos com as correntes (estruturalismo e gerativismo) que abstraíam a língua de seu uso real, estudiosos como Willian Bright, Dell Hymes e Willian Labov contribuíram para a fixação da Sociolinguística como corrente. Isso ocorreu nos Estados Unidos, na década de 1960, quando esses e outros autores, num congresso VOCÊ SABIA? Embora o surgimento da Sociolinguística esteja associado à década de 1960, vale destacar que a preocupação de relacionar linguagem e sociedade aparece na reflexão de vários autores no início do século XX. Antoine Meillet, um dos mais ilustres alunos de Saussure, opôs-se explicitamente a vários aspectos das concepções contidas na obra se seu mestre (Curso de linguística Geral), preconizando a necessidade de uma abordagem interna e externa dos fatos linguísticos. André Martinet, por sua vez aluno de Meillet, é considerado um dos precursores da Sociolinguística por se ter interessado pela questão das mudanças linguísticas, principalmente as de natureza fonética. Entretanto, jamais considerou os fatos sociais como verdadeiramente determinantes nos fenômenos linguísticos, chegando a ser um grande crítico da teoria proposta por Labov. 18 realizado na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, passaram a defender que não era possível estudar a língua sem levar em consideração a sociedade em que é falada. Conforme Calvet (2002), apud Carboni (2008, p. 86), todos os participantes do referido congresso tinham como objetivo apresentar uma “alternativa ao crescente prestígio e predomínio mundial de uma lingüística cada vez mais formal e menos humana e social”, representada principalmente pelos trabalhos de Chomsky, defensor da concepção racionalista dos estudos da linguagem, em oposição direta à concepção empirista. Alguns participantes do congresso destacaram, sobretudo, a importância de se considerar as comunidades linguísticas e seus repertórios, em detrimento da estrutura da língua. A propósito, em sua conferência “As dimensões da Sociolingüística”, Bright defende que o papel dessa corrente é demonstrar que existe uma covariação (variação simultânea) sistemática entre as estruturas linguísticas produzidas em uma comunidade e as diferenciações existentes na estrutura social desta mesma comunidade. Segundo o autor, para Módulo 2 I Volume 5 EAD 1 compreender a diversidade linguística, deve-se levar em consideração fatores sociais, tais como: identidade social do emissor e do receptor; Aula contexto social; e julgamento social que os falantes fazem do usos da língua (ALKMIM, 2001). Dell Hymes, como antropólogo, propõe a chamada Etnografia da Comunicação que, com o apoio da Etnologia (ramo da antropologia que estuda a cultura dos povos naturais), da Psicolinguística e da Linguística, procura definir as funções da linguagem a partir da observação da fala e das regras sociais próprias a cada comunidade. Conforme o autor, as atitudes linguísticas são fundamentais para se traçar uma Etnografia da Comunicação, ou seja, para descrever a cultura material de um determinado povo (ALKMIM, 2001). Willian Labov, no entanto, é o nome mais conhecido na área da Sociolinguística, pois foi ele quem criou a “Sociolinguística Variacionista” ou “Teoria da Variação”, a partir dos trabalhos que revelou os padrões sociais dos falantes da ilha de Martha’s Vineyard, no litoral de Massachusetts, e a estratificação social (definida como PARA CONHECER William Labov é professor de Linguística na University of Pennsylvania, diretor do Atlas of North American English e membro da National Academy of Science. Para saber um pouco mais sobre o seu pensamento, recomendo ler a entrevista publicada em: http://www.revel. inf.br/site2007/_pdf/9/ entrevistas/revel_9_entrevista_labov.pdf o produto da diferenciação e da avaliação sociais) do inglês em New York. Seu trabalho sobre Martha’s Vineyard correspondeu a sua dissertação de mestrado, e o estudo sobre New York, a sua tese de doutorado, ambos orientados por Uriel Weinreich, que, segundo Labov, antecipou ao seu pensamento em vários anos: a linguagem e a sociedade estão intimamente relacionadas; logo, se uma língua serve a uma comunidade complexa, a heterogeneidade é consequência Figura 1 - Willian Labov. Fonte: http:// www.ling.upenn.edu/~wlabov/ natural. Para captar as mudanças de uma língua, é preciso considerar esse caráter heterogêneo, bem como identificar os fatores que as condicionam. No trabalho sobre Martha’s Vineyard, Labov demonstrou que o mecanismo da mudança linguística não pode ser compreendido fora da comunidade na qual ela ocorre. Aprimorando as técnicas desenvolvidas no primeiro trabalho, o pesquisador realizou o outro estudo, em lojas de departamentos na cidade de New York, observando a estratificação social (classe alta, média e baixa) na emissão da consoante /r/ pós-vocálica, em palavras como: car, card, four, fourth (“carro”, “cartão”, “quatro”, “quarto”). Constatou que a preservação da vibrante era mais recorrente em loja frequentada por pessoas das classes alta e média. Por outro lado, a ausência foi constatada em loja frequentada por pessoas da classe baixa, evidenciando, assim, que a manutenção do /r/ era considerada uma forma de prestígio. VOCÊ SABIA? A ilha de Martha’s Vineyard foi escolhida pelo pesquisador pelos seguintes motivos: era uma comunidade separada do continente norte-americano e era dividida em duas partes, uma com características rurais, inclusive com algumas aldeias indígenas, e a outra, com características urbanas. Seu objetivo era compreender se as mudanças sociais que haviam ocorrido naquela comunidade (seja por influência de fatores como sexo, idade e escolaridade, seja por fatores político-sociais, como culturas externas, por exemplo) influenciavam na centralização ou não dos ditongos [ay] e [aw]. Para a realização desse tipo de pesquisa, Labov e os seus seguidores recorreram a modelos matemáticos capazes de quantificar UESC Letras Vernáculas 19 Linguística II: sociolinguística Sociolinguística: surgimento, objeto e objetivos a influência de várias categorias que ocorrem simultaneamente sobre uma categoria específica. Essa metodologia constitui-se numa “ferramenta poderosa e segura que pode ser usada para o estudo de qualquer fenômeno variável nos diversos níveis e manifestações lingüísticas” (NARO, 2003, p. 25). Além disso, esses modelos permitem trabalhar com um grande número de dados, bem como vislumbrar não só a variação linguística, mas também analisar e explicar as mudanças que ocorrem numa língua. Essa nova forma de estudar a língua possibilitou revelar que a variação e a mudança são sistemáticas e motivadas por fatores diversos; que a variação linguística corresponde a um princípio universal, próprio do sistema de qualquer língua, e é passível de ser descrita e analisada cientificamente. 3 SOCIOLINGUÍSTICA: OBJETO E OBJETIVOS Como você está vendo, a Sociolinguística surgiu com o propósito de dar conta daquilo que outras correntes não deram: estudar a língua em seu uso concreto, real. Nessa concepção, a língua é vista como uma instituição social, não devendo ser estudada fora de um contexto, de uma comunidade linguística influenciada pela cultura e pela história dos indivíduos que a usam como meio de comunicação. A noção do que seja uma comunidade linguística é fundamental nessa nova concepção. Conforme Alkmim (2001, p. 31), “é um conjunto de pessoas que interagem verbalmente e que compartilham um conjunto de normas com respeito aos usos lingüísticos”. Uma constatação imediata, quando se observa ou analisa qualquer comunidade de fala, é a de que a língua é heterogênea, é representada por um conjunto de variedades que caracteriza os diferentes modos de falar das pessoas, o chamado repertório verbal. Na perspectiva dos sociolinguistas, a língua deve ser vista como uma entidade heterogênea, que muda constantemente. É como afirma Bagno (2007, p. 36): “ao contrário de um produto pronto e acabado, de um monumento histórico feito de pedra e cimento, a língua é um ‘processo’, um fazer-se permanente e nunca concluído”. Compreender a heterogeneidade linguística e relacioná-la com a heterogeneidade social é o objetivo principal da Sociolinguística. Seu objeto de estudo é a língua falada em situações reais, concretas, onde “supostamente o falante se preocupa mais com o que dizer do que o como dizer” (CEZARIO; VOTRE, 2008, p. 149). 20 Com a língua em uso, naturalmente a variação linguística se Módulo 2 I Volume 5 EAD 1 manifesta. E é para esta última que a Sociolinguística volta a atenção. Estudá-la nos permite, por exemplo: conhecer os falantes de uma Aula determinada comunidade de fala; identificar os traços linguísticos que caracterizam os seus falares; reconhecer que as estruturas produzidas pelos falantes não são aleatórias, mas são resultantes de um uso regular e sistemático permitido pelo sistema linguístico; compreender como ocorrem as mudanças linguísticas. 3.1 Variação e variantes linguísticas: SAIBA MAIS noções básicas Se estamos falando de variação, é preciso, portanto, defini-la. Não é verdade? Conforme Dubois et al (1997, p. 609), denomina-se variação “o fenômeno no qual, na prática corrente, uma língua determinada não é jamais, numa época, num lugar e num grupo social dados, idêntica ao que ela é noutra época, em outro lugar e em outro grupo social”. Conforme Bagno (2007, p. 39), Sobre a variação, vale destacar as palavras de Camacho (2001, p. 55): Se as línguas naturais humanas consistem em sistemas organizados de forma e conteúdo, seria estranho que a variação não fosse uma de suas propriedades mais marcantes e significativas. Na realidade, a diversidade é uma propriedade funcional e inerente aos sistemas lingüísticos e o papel da Sociolingüística é exatamente enfocá-la como objeto de estudo, em suas determinações lingüísticas e não-lingüísticas. (...) dizer que a língua apresenta variação significa dizer (...) que ela é heterogênea. A grande mudança introduzida pela Sociolingüística foi a concepção de língua como um ‘substantivo coletivo’: debaixo do guarda-chuva chamado ‘língua’, no singular, se abrigam diversos conjuntos de realizações possíveis dos recursos expressivos que estão à disposição dos falantes. Como você deve perceber, o pressuposto de que a língua é variável, heterogênea, é que vai guiar os trabalhos de cunho sociolinguístico. Quem os desenvolve deve se preocupar em observar, descrever e interpretar as diferenças linguísticas como sendo provenientes de fatores diversos; além disso, destacar que a variação linguística não deve ser vista como um “caos” linguístico, mas como um objeto passível de ser descrito e analisado. Nas palavras de Tarallo (1999, p. 5), (...) o aparente ‘caos’ se configura como um campo de batalha em que duas (ou mais) maneiras de se dizer a mesma coisa (doravante chamadas ‘variantes lingüísticas’) se enfrentam em um duelo de contemporização, por sua subsistência e co-existência, ou, mais fatalisticamente, em um combate sangrento de morte. UESC Letras Vernáculas 21 Linguística II: sociolinguística Sociolinguística: surgimento, objeto e objetivos Definindo melhor o que sejam variantes linguísticas, Taralo (p. 8) afirma: “são diversas maneiras de se dizer a mesma coisa em ATENÇÃO Vale relembrar que os clí- um mesmo contexto, e com o mesmo valor de verdade”. E ainda ticos complementa: “a um conjunto de variantes dá-se o nome de variável correspondem aos chamados pronomes átonos (me/te/lhe/se/nos/ vos/lhes/o(s)/a(s)), critos pelas des- gramáticas lingüística”. Vamos compreender isso com dois fatos do português brasileiro. Primeiro: a realização do objeto direto, selecionado pelo verbo tradicionais como aqueles pronomes que podem ser colocados antes do verbo transitivo direto. Lembra-se dele? (próclise), no meio do verbo (mesóclise) e depois do (1) a. João viu Maria. verbo (ênclise). b. João a viu. c. João viu ela. d. João viu Ø. SAIBA MAIS Para saber mais sobre a realização variável do objeto direto, recomendo que leia o artigo de Essas construções também não lhe são estranhas. Estou certa? Em se tratando de objeto direto, o português permite quatro representações: como sintagma nominal (Maria, em 1a); como clítico FREIRE, G. C. A realização (a, em 1b); como pronome tônico (ela, em 1c); e como objeto nulo do acusativo anafórico de (apagado, em 1d). Pois é, temos aí uma variável linguística. A essa terceira pessoa na escrita semiformal brasileira e portuguesa, disponibilizado no seguinte endereço: variável correspondem quatro variantes linguísticas, semanticamente equivalentes. http://www.filologia. org.br/viiicnlf/anais/ Segundo: a realização do sujeito: caderno10-04.html. (2) a. Maria saiu apressada. Maria estava atrasada para a festa. SAIBA MAIS Para conhecer mais sobre a variação do sujeito no português brasileiro, recomendo ler o artigo de SANTOS, A. M. B. dos. Sujeito pronominal de terceira pessoa: um estudo em tempo real, em: http://www.filologia. org.br/xcnlf/4/14.htm b. Maria saiu apressada. Ela estava atrasada para a festa. c. Maria saiu apressada. Ø Estava atrasada para a festa. Como você pode ver, o sujeito pode ser representado explicitamente (como sintagma nominal (2a) e como pronome tônico (2b)) ou não (sujeito nulo (2c)). Assim como o objeto direto, o sujeito pode ser representado por diferentes formas, variantes que ocorrem num mesmo “campo de batalha”. Na verdade, esse também é um pressuposto básico da Sociolinguística, pois o que ela evidencia é justamente isto: que as estruturas competem entre si, num mesmo campo, podendo resistir ou não à “batalha”. Ela revela que as variantes linguísticas, também definidas como variáveis dependentes, não ocorrem aleatoriamente, mas são influenciadas por grupos de fatores (ou variáveis independentes) externos ou internos à língua, sendo a influência determinante na “luta” das variantes, podendo favorecer o aumento ou a diminuição da frequência de ocorrência. 22 Módulo 2 I Volume 5 EAD 1 Segundo Mollica (2003, p. 11), Aula (...) o termo ‘variável’ pode significar fenômeno em variação e grupo de fatores. Estes consistem nos parâmetros reguladores dos fenômenos variáveis, condicionando positiva ou negativamente o emprego de formas variantes. As variantes podem permanecer estáveis nos sistemas (as mesmas formas continuam se alternando) durante um período curto de tempo ou até séculos, ou podem sofrer mudança, quando uma das formas desaparece. Neste caso, as formas substituem outras que deixam de ser usadas, momento em que se configura um fenômeno de mudança em progresso. Cabe, portanto, à Sociolinguística investigar quais fatores têm efeito positivo ou negativo sobre os usos das variantes e, consequentemente, sobre o mecanismo da mudança linguística. A propósito dos fatores e da mudança, eles serão objetos de outras aulas. Para encerrar esta nossa primeira aula, vamos destacar quando a Sociolinguística começou a ser implementada no Brasil. Foi basicamente na década de 1970, por meio de alguns grupos de pesquisadores, tais como: grupo do projeto Mobral Central, grupo do projeto da Norma Urbana Culta do Rio de Janeiro (NURC), projeto Censo da Variação Linguística no Estado do Rio de Janeiro (Censo), tendo como coordenadores os professores Miriam Lemle, Celso Cunha e Anthony Naro, respectivamente (CEZARIO; VOTRE, 2008). Atualmente, há vários grupos, espalhados pelo Brasil, que coletam ou já coletaram dados (de língua falada e de língua escrita) com o propósito de estudar a variação e a mudança linguísticas. Os mais conhecidos são: o grupo do NURC (Norma Urbana Culta), do PEUL (programa de Estudos sobre o Uso da Língua), do VARSUL (Variação Linguística da região Sul do Brasil), e do VALUNORTE (Variação Linguística Urbana da Região Norte). SAIBA MAIS Para saber mais sobre esses grupos, acesse os seguintes sites: NURC http://www.fflch.usp.br/ dlcv/nurc/index.html PEUL http://www.letras.ufrj.br/ peul/ VARSUL http://www.pucrs.br/fale/ pos/varsul/index.php VALUNORTE http://www.unama. b r / Va l u n o r t e / p a g i n a s / valunorte.htm Agora, vamos às atividades! UESC Letras Vernáculas 23 Linguística II: sociolinguística Sociolinguística: surgimento, objeto e objetivos ATIVIDADES 1. Você deverá explicar o caráter inderdisciplinar da Sociolinguística. Para tanto, deverá ler o texto em anexo: Sociolinguística: parte I, de Tânia Maria Alkmim, publicado em MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (Orgs.). Introdução à lingüística: domínios e fronteiras. A leitura do mesmo lhe possibilitará ampliar o que foi apresentado nesta primeira aula, bem como o auxiliará na compreensão de alguns termos que serão estudados na aula seguinte. 2. A partir do que foi exposto nesta aula e do que foi lido, responda: 2.1 Onde e quando surgiu a Sociolinguística? Quem é considerado o “pai da Sociolinguística variacionista”? Qual é o pressuposto básico da corrente? 2.2 Qual foi o principal motivo que impulsionou a criação da Sociolinguística? 2.3 Qual é o objeto da Sociolinguística? Quais são os seus objetivos básicos? 2.4 Conceitue variação e variante linguísticas, exemplificando. RESUMINDO Nesta aula, você viu que: • • • • • • A Sociolinguística é definida como área da Linguística que trata basicamente das relações entre linguagem, sociedade e cultura. A Sociolinguística surgiu a partir de um congresso, realizado na Universidade da Califórnia, onde vários pesquisadores defendiam a proposta de se abordar o fenômeno linguístico relacionado ao contexto social e cultural. Dentre os pesquisadores mais conhecidos estão: Willian Bright, Dell Hymes e Willian Labov, sendo este último considerado como uma figura fundamental para o desenvolvimento da Sociolinguística, em particular, da Sociolinguística Variacionista ou Teoria da Variação. Para a Sociolinguística, só interessa falar de língua se levar em consideração o contexto social no qual o falante está inserido, uma abordagem diferente daquela implementada por Saussure e por Chomsky. Compreender a heterogeneidade linguística e relacioná-la com a heterogeneidade social é o objetivo principal da Sociolinguística. Variação e variantes são termos essenciais no universo da Sociolinguística. LEITURA RECOMENDADA Para complementar esta nossa aula, bem como auxiliar na compreensão de outros tópicos a serem estudados na disciplina, recomendo a leitura do livro de BAGNO, M. A língua de Eulália: novela sociolingüística. São Paulo: Contexto, 2008. É uma leitura super agradável, pois são diálogos informativos, por meio dos quais professoras de curso primário reciclam seus conhecimentos linguísticos, numa espécie de atualização pedagógica, coordenada pela professora Irene. Figura 2 - Fonte: http://www.marcosbagno.com.br/conteudo/arquivos/liv_lingua_eulalia.htm 24 Módulo 2 I Volume 5 EAD BAGNO, M. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação lingüística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007. BELINE, R. A variação lingüística. In: FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à lingüística: objetos teóricos. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2003, p. 121-140. CAMACHO. R. G. Sociolingüística. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (Orgs.). Introdução à lingüística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001, p.49-75. 1 REFERÊNCIAS BAGNO, M. A língua de Eulália: novela sociolingüística. São Paulo: Contexto, 2008. Aula ALKMIM, T. Sociolingüística. In: MUSSALIM, F.; BENTES, A. C. (Orgs.). Introdução à lingüística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001, p. 21- 47. CARBONI, F. Introdução à lingüística. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. CEZARIO, M. M.; VOTRE, S. Sociolingüística. In: MARTELOTA, M. E. (Org.). Manual de lingüística. São Paulo: Contexto, 2008, p. 141155. DUBOIS, J. et al. Dicionário de lingüística. Tradução de Barros et al. São Paulo: Cultrix, 1997. ELIA, S. Sociolingüística. Rio de Janeiro: Padrão, 1987. LABOV, W. Padrões sociolingüísticos. Tradução de Marcos Bagno et al. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. MOLLICA, M. C. Fundamentação teórica: conceituação e delimitação. In: MOLLICA, M. C.; BRAGA, M. L. (Orgs.). Introdução à Sociolingüística Variacionista. Rio de Janeiro: UFRJ, 1992, p. 9-14. NARO, A. J. Modelos quantitativos e tratamento estatístico. In: MOLLICA, M. C.; BRAGA, M. L. (Orgs.). Introdução à Sociolingüística Variacionista. Rio de Janeiro: UFRJ, 1992, p. 15-25. SAUSSURE, F. de. Curso de lingüística geral. Tradução de Antônio Chelini; José Paulo Paes; Izidoro Blikstein. 20. ed. São Paulo: Cultrix, 1995. TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolingüística. 6. ed. São Paulo: Ática, 1999. UESC Letras Vernáculas 25 ANEXO I Linguística II: sociolinguística 28 Sociolinguística: surgimento, objeto e objetivos Módulo 2 I Volume 5 EAD Suas anotações ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ _________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________