– São Paulo, 118 (214) Diário Oficial Poder Legislativo opinião quarta-feira, 12 de novembro de 2008 expediente Verdadeiro herói Presidente: Vaz de Lima 1º Secretário: Donisete Braga 2º Secretário: Edmir Chedid Olimpio Gomes* Foto de arquivo / Ag. Assembléia Perdi um amigo. A sociedade, um escudo. A família, um exemplo de pai, filho, esposo, irmão... Sou policial militar e após quase 31 anos de profissão já deveria ter me acostumado a enterrar os “amigos de profissão”. Mas não, ainda continuo me emocionando muito quando ouço o clarim soar o toque fúnebre e mais um herói baixar sepultura no Mausoléu dos Heróis da Polícia Militar, no cemitério do Araçá, na capital paulista. E não foi diferente às 17h do último sábado, 8/11, quando foi sepultado o corpo do soldado Lamas, do 43º BPM/M, morto a tiros de fuzil, na guerra travada entre assaltantes de banco e policiais nas ruas da zona norte, que resultou também na morte de um jovem cidadão, que estava em sua moto, parado num farol, e deixou dez policiais militares e um bandido morto. Lamas veio ao mundo com uma missão: proteger vidas e trazer vidas ao mundo. Tanto que era o nosso recordista de partos realizados em viaturas, 14 no total. Sujeito agradável, bom de conversa, sempre com um sorriso amigo no rosto. Cativava pela sua naturalidade. Tratava a todos muito bem e com cortesia habitual. Eu o encontrava mais com um jaleco de farmácia onde trabalhava na hora de folga do que uniformizado, pois a farmácia fica no caminho de casa e dia sim dia e dia não eu o via, buzinava ou dava uma rápida parada para ouvir dele um “tudo bem chefe? Por aqui sem novidades!” E eu seguia meu caminho como se o Lamas fizesse parte daquele cenário. Hoje, passei por lá, buzinei na porta da farmácia, mas o Lamas não apareceu. Meu olhar encontrou o do senhor João, proprietário da farmácia, não pronunciamos uma palavra, mas uma lágrima surgiu em seus olhos e outra nos meus. Lamas não estará mais lá fisicamente, mas estará para sempre na memória e no coração daqueles que com ele conviveram. Ele estava de serviço na Base Comunitária do Tremembé e foi para a morte, ao ouvir no rádio que haviam PMs baleados na ocorrência, não haveria jeito de ser diferente a história. Se o tempo voltasse 1000 vezes, nas mil vezes o Lamas procederia da mesma forma: jamais se omitiria ou avaliaria o seu risco pessoal deixando seus companheiros sem apoio. “Os covardes nunca tentam, os fracassados nunca terminam, os vencedores nunca desistem.” Você é vencedor Lamas! Você é meu herói! *Olimpio Gomes é deputado estadual pelo Partido Verde e major da Polícia Militar do Estado de São Paulo A greve da Polícia Civil, a mais mal paga do país Carlos Giannazi* Foto de arquivo / Ag. Assembléia A mobilização dos servidores integrantes da carreira da Polícia Civil em defesa de salários dignos, condições adequadas de trabalho e investimentos em Segurança Pública revelou, para todos nós, a falência das desastradas políticas salariais adotadas para os servidores públicos do Estado de São Paulo, que no geral não têm reajuste há mais de 14 anos. A falta de respeito à data-base salarial, garantida por lei estadual, e a falta de diálogo com os servidores e suas entidades representativas têm sido a marca do governo e as principais causas da greve da Polícia Civil, a mais mal paga do Brasil, que já dura mais de 50 dias. Como o governo não tem a menor intenção de atender as justas reivindicações dos servidores e valorizar a carreira, tornando-a mais atraente, ele vem desqualificando o movimento legítimo e constitucional dos policiais, ora dizendo que é dirigido por partidos da oposição com caráter eleitoral, ora argumentando que as entidades que representam os servidores são muitas e não chegam a um acordo entre elas. Ressaltamos também que há um caráter repressivo do governo estadual ao afastar e transferir vários delegados (de seus postos) que aderiram à greve, jogar a Tropa de Choque da Polícia Militar contra a manifestação pacífica que ocorreu nas imediações do Palácio dos Bandeirantes no dia 13 de outubro e, depois, tentar enganar a opinião pública dizendo que existe uma briga entre as duas polícias para tirar o foco das reivindicações dos servidores; até o caso da morte da menina Eloá, de Santo André, foi instrumentalizado pelo governo a fim de desviar a atenção da crise, que já se arrasta a níveis críticos por falta de gestão do Estado. Numa outra manobra palaciana, uma liminar na Justiça paulista foi ganha pelo governador José Serra e proibiu a veiculação de um informativo de 34 segundos no horário nobre da Rede Globo, redigido pelos servidores da Polícia Civil, para dar a versão deles sobre a verdade dos fatos em relação à paralisação. Esse procedimento se caracterizou num verdadeiro atentado à liberdade de expressão, de opinião e de manifestação. De que o Executivo tinha medo? Da voz dos servidores? A última tentativa para esvaziar o movimento soou patética quando o governo, sem dialogar mais uma vez com as entidades dos servidores e com todos os deputados da Assembléia Legislativa, apresentou uma proposta de antecipação de reajuste de 6,5% para novembro deste ano e outros 6,5% para novembro de 2009. Mesmo com um excesso de arrecadação em 2008 de quase R$ 8 bilhões e com apenas 38% de investimento na folha de pagamento dos servidores, distante ainda do limite prudente da Lei de Responsabilidade Fiscal que autoriza o investimento de 49%, o governador José Serra segue intransigente e só pensando em fazer caixa para as grandes obras de visibilidade política eleitoral a fim de tentar ser presidente em 2010. Os mais de 40 milhões de habitantes do nosso Estado, que tanto necessitam de uma polícia profissional, competente e bem remunerada, exigem investimento em segurança, que só existirá se houver a valorização dos seus verdadeiros protagonistas: os servidores da Segurança Pública. *Carlos Giannazi é deputado estadual e líder do PSOL na Assembléia Legislativa www.al.sp.gov.br Secretário-Geral Parlamentar Auro Augusto Caliman Departamento de Comunicação Antonio Rudnei Denardi Divisão de Imprensa Marta Rangel Edição Fabiano Ciambra e Marisa Mello Apuração, redação e revisão André Barros de Castro, Blanca Camargo, Daniela Camargo B. 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