Discurso de posse do Eng. Eduardo Rottmann na Presidência do IBAPE/SP
Centro Brasileiro Britânico
26/11/2015
Sr. Desembargador, Srs. Presidentes, Sr. Conselheiro, Sr. Vicereitor, componentes
desta mesa, em nome de quem cumprimento todas as autoridades e
representantes de entidades aqui presentes.
Caros colegas e amigos,
Uma pergunta que com frequência se faz é: o que há por trás de um nome?
É uma pergunta recorrente, que surge quando nasce um filho, quando se inicia
uma empresa ou um negócio, quando se conhece uma pessoa.
Há o provérbio latino: “nomen est omen”, o nome é o destino.
A etimologia, a psicologia, até a numerologia se ocupam em procurar desvendar o
que há por trás de um nome.
Não vou aqui explicar o que quer dizer o nome IBAPE.
Nem fazer um exercício numerológico, nem criar um novo acróstico.
O IBAPE, para muitas das pessoas aqui presentes, é a segunda (ou terceira, ou
quarta) casa, mas é a casa profissional, a nossa casa, na qual se compartilham
experiências, onde se buscam referências e atualização sobre aquilo que está
impactando o nosso dia-a-dia.
Uma casa de muita riqueza, não por que por lá corram rios de dinheiro – fui
tesoureiro da entidade durante muitos anos, garanto que os recursos disponíveis
resultam de trabalho sério e consciencioso – mas por se pautar pela única forma
efetivamente renovável de riqueza que existe, que é o conhecimento, bem
intangível que é a matéria-prima da sociedade moderna.
Conhecimento aplicado e pragmático: os chamados peritos – no nosso meio,
engenheiros e arquitetos que se ocupam de perícias e avaliações – são gente
ocupada e preocupada, com muitas questões a responder, pessoas cujas
responsabilidades são solitárias, ainda que as dúvidas possam ser coletivas.
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Os nossos profissionais respondem a perguntas que a um observador incauto
podem parecer básicas: O que é? Como isso aconteceu? Quando aconteceu?
Quanto mede? Quanto custa? Quanto vale?
A essência do nosso trabalho é exatamente a busca da essência, a análise correta,
a justa medida e o justo valor das coisas, frequentemente em meio a uma
situação de conflito latente ou deflagrado.
Ao contrario dos cínicos, que supostamente conhecem o preço de tudo, mas não
sabem o valor de nada, nós temos que saber o valor de tudo e de todos e
conhecer, ou ao menos intuir, a essência dos problemas.
Como nos ensina a “Ética dos Antepassados”, o “Pirkei Avot”, o mundo se
sustenta sobre a verdade, a justiça e a paz.
Colaborar para a busca da verdade, da justiça e da paz em meio aos conflitos,
negociações e disputas humanas é possivelmente a grande missão dos
profissionais que se ocupam de perícias e avaliações.
Isto é um desafio grande em qualquer local e época, mas particularmente
assombroso no Brasil de hoje, em que somos cotidianamente surpreendidos pela
existência de descalabros ou desequilíbrios de toda a natureza, que já teriam feito
um país mais limitado ou mais pobre de recursos naturais fechar as portas.
Parece uma grande (ou talvez pequena) conspiração, que objetiva deixar o país
cada vez mais pobre e menos inteligente.
A decorrência imediata, todos a conhecemos: a perda de talentos pela emigração
da juventude, o desperdício de recursos, a crescente desigualdade social.
O IBAPE/SP, por outro lado, é um exemplo de que “o Brasil pode dar certo”, que a
sociedade civil tem força e capacidade para resolver seus problemas.
Ao longo das últimas décadas, em um esforço contínuo, promovemos e estamos
promovendo a produção técnica, de forma coletiva e aplicada.
É um processo muitas vezes penoso e desgastante, em que, sem desfazer dos
preciosos patrocínios a eventos e publicações dados por nossos conselhos
profissionais, a imensa maioria dos recursos financeiros aplicados é sempre
própria.
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Esse esforço é construído exclusivamente sobre o trabalho de voluntários
apaixonados, e reflete o “zeigeist”, o “espírito do dia” da demanda emergente e
urgente da sociedade maior.
O IBAPE/SP produz muito, e bem, através de suas câmaras técnicas, autênticas
caixas de ressonância abertas à participação do público (inclusive não associado)
e sempre conduzidas por profissionais compromissados. E sempre abertas aos
colegas afastados ou desgarrados que queiram se reaproximar.
Levam-se meses ou até anos para se produzir uma norma, um manual, uma
cartilha, em um trabalho dedicado e metódico, ao longo de exaustivas reuniões e
“lições de casa”. Mas sempre resultando em uma contribuição significativa e
frequentemente original.
E o IBAPE/SP também sabe difundir esse conhecimento, pela promoção de
dezenas de encontros técnicos, seminários e cursos livres que atravessam o ano
calendário, e um já consolidado curso de pós-graduação, hoje muito bem
abrigado na secular e ao mesmo tempo dinâmica Universidade Mackenzie.
Tudo isso se faz possível pela construção permanente de um coletivo, em que, em
um efeito sinérgico de associados apaixonados, funcionários e colaboradores
dedicados e empenhados, resulta uma soma maior do que as partes, um daqueles
mistérios que, na época do colégio, os professores nos tentavam explicar, e que
nos era, então, difícil de entender.
O IBAPE/SP é uma grande contraposição à irônica máxima de Nelson Rodrigues,
de que “o subdesenvolvimento não se improvisa, é a obra de séculos”.
É possível, sim, lutar contra a mediocridade e a pobreza de espírito.
É possível, sim, produzir e difundir conhecimento técnico aplicado e de qualidade.
É possível, sim, colaborar para que o Brasil melhore.
Isso será sempre possível com a participação e a contribuição de todos vocês.
Espero continuar a vê-los, participando e contribuindo, ao longo do próximo
biênio.
Muito obrigado!
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