Sindicato do Ministério Público acusa ministra da Justiça de “farsa” inqualificável MARIANA OLIVEIRA 09/06/2015 - 22:47 Comunicado diz que as consequências da não aprovação do estatuto dos procuradores serão “demolidoras” e poderão “liquidar a investigação criminal” e “afectar gravemente o sistema de protecção de menores”. O sindicato do Ministério Público é presidido pelo procurador António Ventinhas. NELSON GARRIDO O verniz estalou de vez entre a direcção do Sindicado dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) e a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz. A possibilidade de o Governo não concretizar a revisão do estatuto dos procuradores, que estava prevista no âmbito da reforma do mapa judiciário, levou o SMMP a emitir esta terçafeira um violento comunicado, no qual acusa Paula Teixeira da Cruz de protagonizar uma “farsa” que qualifica como “incompreensível e inqualificável”. O SMMP avisa que as consequências da não aprovação do seu estatuto “serão demolidoras”, já que “poderão liquidar a investigação criminal e afectar gravemente o sistema de protecção de menores”. “O Governo não compreendeu ainda que o que está em causa não são questões remuneratórias individuais, mas sim o próprio funcionamento do Ministério Público”, defende o sindicato, presidido pelo procurador António Ventinhas. E insiste: “A reforma do sistema judiciário não pode ficar incompleta, sob pena de colocar em causa o funcionamento de uma área central da actividade do Estado”. A direcção do sindicato acusa a ministra de tentar manipular a informação e de máfé. “A campanha suja que foi desencadeada coloca em causa a seriedade dos magistrados, unicamente com propósitos políticos”, sustentam. Na semana passada, Paula Teixeira da Cruz disse no Parlamento numa audição da Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias, que as exigências remuneratórias dos magistrados estavam a dificultar muito a aprovação dos estatutos dos procuradores e o dos juízes. “A farsa protagonizada pela ministra da Justiça é incompreensível e inqualificável”, considera a direcção do SMMP. Numa longa declaração, o sindicato insiste que a ministra deu a entender que não tinha qualquer relação com os grupos de trabalho que realizaram o projecto de revisão dos Estatutos. “Tal realidade é completamente falsa”, diz o sindicato. E recorda que os membros dos grupos de trabalho foram nomeados pela ministra, os trabalhos foram presididos pelo secretário de Estado da Justiça e que as reuniões ocorreram no salão nobre do ministério. “Como é óbvio, o andamento dos trabalhos foi determinado pelo ritmo imposto pelo secretário de Estado ou por adjuntos do gabinete da ministra da Justiça, pelo que só ao Ministério da Justiça pode ser assacada a responsabilidade pelo momento em que foram concluídos”, refere o sindicato a propósito da referência da ministra a atrasos na entrega das propostas. “Em suma, só por máfé se pode fazer crer que o Ministério da Justiça não teve responsabilidade no atraso do processo de revisão dos Estatutos das Magistraturas”, conclui. Quanto à questão das exigências remuneratórias, os sindicalistas dizem ter ficado “perplexos com tais afirmações” da ministra e insistem que o sindicato “não efectuou quaisquer exigências remuneratórias que inviabilizem a aprovação da reforma do seu estatuto”. A direcção do SMMP admite ter abordado algumas reivindicações salariais, numa reunião com a ministra no passado dia 5 de Maio, tendo já nessa altura a governante informado os dirigentes “que não tinha margem para aprovar as valorizações remuneratórias resultantes do grupo de trabalho”. Os sindicalistas garantem ter transmitido à ministra nessa audiência que consideravam “absolutamente essencial para o Ministério Público a aprovação do seu estatuto”, já que a respectiva orgânica interna se encontra desajustada da nova organização judiciária. “E deixámos bem claro que as questões remuneratórias não eram condição essencial para a aprovação do estatuto”, sublinha. Por isso, a direcção do SMMP insta a ministra a dizer “quem lhe fez as exigências remuneratórias ou a que admita, pura e simplesmente, que inventou tal realidade”. COMENTÁRIOS Jose Otto Demolidoras porque impedem subidas salariais da ordem dos 20 e tal por cento. Para aquilo que fazem estão extremamente bem pagos! 11/06/2015 12:37 remexido Eles alegam sempre falta de meios e de pessoas(sobretudo), pois querem ter um contingente maior e assim se transformarem numa classe ainda mais poderosa. 10/06/2015 13:42 Jorge Rodrigues Se um procurador fala assim desta maneira, o que não fará nos processos... ou melhor, nos processos ele e muitos outros fazem pouco e por isso demoram meses e anos a investigar, investigar e as 09/06/2015 23:16 pendências a subir todos os anos... enfim, fico-me por aqui, por ora.