XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
DIAGNÓSTICO DA GESTÃO DOS
PROCESSOS DE PROJETOS DE
ARQUITETURA E ENGENHARIA:
ESTUDO DE CASO EM EMPRESAS DE
SÃO CARLOS-SP
Raquel Ragonesi Permonian (UFSCAR)
[email protected]
Jose da Costa Marques Neto (UFSCAR)
[email protected]
Atualmente, a grande demanda por empreendimentos, aliada ao tempo
para concepção, desenvolvimento e acompanhamento dos projetos,
exige dos profissionais maior aperfeiçoamento para melhoria da
qualidade da gestão dos seus processos. Neste contexto, o presente
artigo apresenta diagnóstico das etapas e dificuldades que podem
ocorrer no desenvolvimento do processo de projeto, visando propor
alternativas para melhoria da qualidade do seu gerenciamento por
meio de ferramentas de modelagem BIM. Trata-se de uma pesquisa de
mestrado em andamento e é justificada pela importância de se manter
um projeto adequado, evitando divergências entre projetistas e
trabalhadores no canteiro de obras. O método utilizado na pesquisa
constou de um questionário qualitativo para avaliar o atual estágio da
gestão dos processos de projeto e a tecnologia BIM em escritórios de
projetos de arquitetura, estrutura e de sistemas prediais com sede na
cidade de São Carlos-SP. Como resultados, destacam-se as opiniões
dos profissionais destes escritórios quando à situação da gestão do
processo de projeto nos aspectos que dizem respeito à implantação,
operação e manutenção da tecnologia BIM nas diferentes etapas do
seu desenvolvimento. Foi possível observar que implantar a tecnologia
BIM nos escritórios objetos de estudo requer maior conhecimento por
parte dos projetistas que ainda não aplicam a tecnologia, o que
representaria uma nova forma de pensar e planejar o projeto com
consequente melhoria da qualidade das etapas construtivas.
Palavras-chave: Gestão do Processo de projeto, Building Information
Modeling (BIM), Melhoria da qualidade;
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1. Introdução
Na atualidade, muitas empresas e profissionais projetistas de arquitetura e engenharia tem
procurado atualizar seus métodos de gerenciamento e desenvolvimento de projetos decorrente
do crescimento do setor da construção civil nos últimos anos. Além disso, a complexidade dos
empreendimentos aliada à concorrência no setor de serviços técnicos têm levado as empresas
trabalharem seus projetos com maior eficiência, qualidade e prazos cada vez menores. Apesar
do grande avanço dos anos 1980 decorrente da mudança das pranchetas convencionais pela
adoção de softwares de representação gráfica em 2D, no presente momento uma nova forma
de pensar e gerenciar projetos começa invadir escritórios projetistas instigando, de imediato, a
curiosidade em conhecer as melhorias apresentadas pelas novas plataformas colaborativas.
O uso de novas tecnologias da informação, em especial do Building Information Modeling
(BIM) no processo de produção de projetos de arquitetura e engenharia tem como objetivo
facilitar o entendimento dos profissionais das áreas de projeto do empreendimento da
construção civil, além de contribuir com sua qualidade, uma vez que a modelagem do edifício
em 3D e a integração dos atores intervenientes de projeto permitem melhor desenvolvimento
e racionalidade das informações armazenadas em um único modelo digital.
Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi caracterizar e diagnosticar a gestão dos
processos de produção implantados por empresas e profissionais projetistas de arquitetura, de
estruturas e de sistemas prediais atuantes na cidade de São Carlos
A metodologia do trabalho envolveu revisão bibliográfica abordando aspectos conceituais
relacionados a softwares de representação gráfica, aos processos de produção tradicional de
elaboração de projetos de arquitetura e engenharia e aos processos de modelagem 3D em
BIM. O estudo de caso foi realizado a partir de levantamentos de informações, de dados, e de
tipologias de obras por meio de entrevistas e questionário desenvolvido na ferramenta Google
Docs.
O principal problema apontado na pesquisa diz respeito às rotinas de trabalho dos escritórios
de projeto. Ainda nos dias atuais, os profissionais de projeto utilizam rotinas de trabalho
muito tradicionais e ultrapassadas e, muitas vezes, optam em não alterar esses padrões
estabelecidos, embora saibam da importância dessas mudanças para a qualidade dos projetos e
da materialização dos mesmos. Outro problema visível é que muitos profissionais acreditam
que estão em um nível do BIM bem avançado, porém quando é estudado sobre o assunto, é
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possível perceber que estas empresas estão no estágio inicial de implantação, portanto, muito
longe da situação ideal.
Para estudar esses cenários de implantação do BIM, foram pesquisados: os tipos de softwares
de representação gráfica utilizados pelas empresas e profissionais; os tipos de projetos
geralmente executados e; os processos de produção dos projetos desenvolvidos pelas
empresas. Na formulação das questões foram avaliados vários aspectos, entre eles: quais as
melhores opções de softwares para produção projetual em 3D; que tipos de projetos são
produzidos na tecnologia BIM; o custo dos projetos de arquitetura e engenharia utilizando
softwares BIM.
Com os dados obtidos da entrevista, foi possível discutir os resultados referentes à situação
atual da gestão do processo de produção dos projetos das empresas entrevistadas e conectar
com os estudos e pesquisas bibliográficas relacionadas ao tema.
2. Referencial teórico
Todo e qualquer projeto passa por processos em que o engenheiro, arquiteto ou desenhista
responsável adota parâmetros importantes. O desenvolvimento do produto projeto é de
extrema importância para resultar na qualidade final da construção, desde que chegue ao
canteiro de obras com as interferências resolvidas e em tempo hábil para sua execução.
Por esta razão, surge à necessidade da introdução de novas tecnologias para ganhos de
produtividade, troca de informações e mais agilidade na produção do projeto. Quanto maior a
complexidade do projeto, maior a necessidade do uso de tecnologia da informação para
visualização dos conflitos dos subsistemas e plug-ins que facilitam várias saídas de
documentos. Alguns autores reforçam o significado da palavra projeto assim como sua
definição.
Para Eastman et. al. (2014, p.152) o projeto é “atividade em que a maior parte da informação
sobre um empreendimento é inicialmente definida”.
Rezende (2008, p.21) afirma que a atividade projetual “consiste em um processo cujo
resultado deve ser um conjunto de informações suficientes para a realização da produção”.
Na gestão do processo de produção do projeto é necessário um tempo entre o cliente e o
projetista para que ambos decidam sobre a estética, a funcionalidade e a qualidade do
empreendimento. Projetos bem elaborados facilitam sua comercialização no futuro. Chermont
(2001 p.16) afirma que a “avaliação da competitividade das características dos produtos é
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essencial, pois os clientes efetuam essas avaliações quando decidem que produtos irão
comprar”.
A cada dia que passa surge no mercado novas tecnologias capazes de gerar a visualização
total do empreendimento. Neste contexto, o BIM é reconhecido não só por sua capacidade
projetual, mas, principalmente, como processo de projeto inovador. Neste sentido, a gestão do
processo do BIM tende a melhorar o desenvolvimento do projeto como um todo. Neste
contexto os autores afirmam as qualidades que a ferramenta apresenta.
O termo BIM para Eastman et. al. (2014, p.15) “é uma palavra em voga usada pelos
desenvolvedores de software para descrever as capacidades que seus produtos oferecem”. A
utilização do BIM na construção “traz grandes vantagens, que poupam tempo e dinheiro”
(EASTMAN ET. AL. 2014, p.205).
A definição de BIM para Monteiro (2011, p.16) é “o processo de geração, utilização e
manutenção do modelo de informação do edifício”.
O software BIM, segundo Witicovski (2011) permite a integração entre projetistas e possuem
uma série de recursos como arquivos com saída em 2D, detecção de interferências, concepção
projetual, planejamento, orçamento e a visualização da futura construção.
Atualmente, o setor da construção encontra-se em plena expansão. Todas as fases do ciclo do
empreendimento, desde a concepção do projeto até sua realização, têm exigido maior
qualidade e sustentabilidade. Neste cenário, o BIM surge para inovar e contribuir, controlando
os prazos de execução das obras (4D) e os custos dos empreendimentos (5D) (AZEVEDO,
2009).
3. Método da pesquisa- estudo de caso
Para estudar a gestão dos escritórios de projeto de São Carlos-SP, foram utilizadas pesquisas
documentais e qualitativas, pelas quais foi possível diagnosticar e caracterizar os modelos de
gestão do processo de projeto das empresas de arquitetura e engenharia civil da cidade.
Também foi possível identificar o nível de utilização da tecnologia BIM (Building
Information Modeling - Modelagem de Informação da Construção) pelos profissionais da
área.
A cidade de São Carlos está localizada no interior de São Paulo, a 230 km da capital paulista e
possui uma população em torno de 225 mil habitantes. Possui duas grandes universidades
públicas (USP e UFSCAR), além de um Centro Universitário privado que oferecem cursos de
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arquitetura e engenharia civil. Por isso, a cidade possui um número muito grande de
profissionais de projeto, o que favorece o método adotado.
Para poder aplicar o questionário, inicialmente foi realizada busca de profissionais e empresas
atuantes no setor da construção civil local. Estes dados foram solicitados a Prefeitura
Municipal de São Carlos por meio de ofício enviado ao chefe do Sistema Integrado do
Município (SIM), que forneceu documentos digitais com nomes de profissionais e escritórios
de projetos cadastrados, assim como telefones e endereços.
As buscas por estes escritórios foram remetidas também na internet em sites eletrônicos
relacionados na área. Estas buscas foram documentadas no excel, resultando em uma lista de
503 escritórios divididos em: escritórios de arquitetura, de engenharia, de design de interiores,
de paisagismo, de projetos de luminotécnica, construtoras e incorporadoras.
Com as buscas pelos escritórios concluídos, as questões foram criadas e formuladas no
sentido de obter conhecimento do cenário atual da cidade de São Carlos-SP em relação ao
setor de projetos. Para dividir e organizar o questionário, foram criadas 4 (quatro) seções,
dispostos em:
Na seção 01 do questionário, as perguntas foram baseadas nas empresas em que os
profissionais trabalham.
Na seção 02, os entrevistados responderam qual processo de projeto suas empresas utilizam e
suas impressões em relação às fases de desenvolvimento dos projetos.
Na seção 03, as perguntas foram relacionadas à tecnologia BIM (Building Information
Modeling - Modelagem de Informação da Construção).
Por fim, a seção 04 reservou perguntas exclusivas aos recursos e softwares implantados pelas
empresas, assim como os investimentos para melhoria no processo de projeto e no ambiente
de trabalho.
4. Resultados parciais da pesquisa
Após a caracterização do setor de projetos da cidade de São Carlos-SP, o questionário foi
enviado a todos profissionais e escritórios com endereços identificados. Porém, do total
apurado, apenas 18 deles contribuíram com a pesquisa.
Na seção 01, as questões foram baseadas nas empresas em que os profissionais trabalham. Os
maiores escritórios da cidade possuem mais de 10 anos de mercado e são consideradas
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empresas de pequeno porte, ou seja, possuem menos de 10 funcionários. A figura 1 apresenta
informações sobre as empresas entrevistadas.
Figura 1 – Respostas sobre as informações das empresas entrevistadas
Fonte: Elaborada pelo autor com ajuda da ferramenta Google Docs (2015)
Quanto à pergunta relacionada à fase que a empresa trabalha em um empreendimento, 28%
dos profissionais responderam desenvolver somente projetos, enquanto 11% somente
acompanham obras e 61% trabalham com projetos e obras (fig.2).
Figura 2 – Respostas sobre as informações das empresas entrevistadas
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Fonte: Elaborada pelo autor com ajuda da ferramenta Google Docs (2015)
Quanto à pergunta referente a diferentes funções para cada profissional (fig.3), é possível
afirmar que como as maiorias das empresas entrevistadas são de pequeno porte, os
profissionais atuam em diversas funções no dia a dia, ou seja, produzem os seus projetos,
executam a maquete eletrônica, fazem o projeto executivo, a compatibilização com outros
subsistemas, acompanham obra, devido às demandas de projeto e custo dos mesmos. É
possível notar que apenas 11% dos entrevistados possuem gerente de projetos, 6¨ é
responsável pela compatibilização, 61% não possui cargo específico e 22% responderam
outros.
Figura 3 – Respostas sobre as informações das empresas entrevistadas
Fonte: Elaborada pelo autor com ajuda da ferramenta Google Docs (2015)
Os tipos de projetos que os profissionais costumam trabalhar foram divididos em: projetos
educacionais, projetos residenciais unifamiliares, projetos residenciais multifamiliares,
projetos de interesse social; projetos comerciais; projetos governamentais, projetos
institucionais, projetos da área de saúde, projetos hoteleiros, projetos de design de interiores;
projetos paisagísticos, projetos luminotécnicos, projetos urbanísticos, projetos legais de
prefeitura, projetos executivos de obras; orçamentos de obras; estudos de compatibilização de
projetos, estudos de layout, representações e detalhamentos; projetos estruturais; projetos de
instalações elétricas; projetos de instalações hidráulicas sanitárias; projetos de instalações
especiais; memoriais descritivos e de atividades industriais.
Entre os escritórios pesquisados, os tipos de projetos executados frequentemente foram assim
descritos: 78% dos projetos contratados são projetos residenciais unifamiliares; 67% elaboram
projetos legais para aprovação na prefeitura, 78% desenvolvem projetos executivos; 50%
lidam com orçamentos, 50% com arquitetura (disposição do layout), 61% com representação
e detalhamentos e 67% lidam com memoriais descritivos.
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Já os projetos que os escritórios e seus profissionais são contratados, porém com pouca
frequência apresentaram os seguintes percentuais: 61% dos projetos se constituem de edifícios
multifamiliares; 56% representam serviços de compatibilização de projetos; 50% dos projetos
são comerciais e 50% projetos institucionais.
Os tipos de projetos que os profissionais descreveram nunca trabalharem foram assim
descritos: 44% estão relacionados a projetos educacionais; 72% caracterizam-se por projetos
populares ou de interesse social; 56% são projetos governamentais; 56% projetos de edifícios
de saúde, 78% projetos de hotéis, 56% projeto de design de interiores, 67% projetos
paisagísticos, 67% projetos luminotécnicos, 78% projetos urbanísticos, 39% com projetos
estruturais, 61% com projetos elétricos, 44% com projetos hidráulicos, 56% com projetos de
instalações e 56% cálculos estruturais.
Com relação à questão sobre o aprendizado de uma nova tecnologia, foi possível notar que as
empresas influenciam seus funcionários quanto a inovar, contribuindo no custeio de cursos e
qualificações. Também dizem aplicar o devido treinamento aos funcionários, além de discutir
sobre atualizações do ambiente de trabalho e sobre formas de trabalhar. Em alguns casos, as
empresas efetuam compra de um novo software.
A próxima questão aos profissionais conceituava a tecnologia BIM, indicando o que a mesma
poderia melhorar o desenvolvimento do processo de projeto. Neste contexto, as empresas
foram questionadas sobre o atual estágio de implantação do BIM com base nas atividades
envolvidas com a tecnologia BIM. As respostas foram que 33% já começaram a implantar
contra 67% que ainda não iniciaram. No caso dos 67% que ainda não iniciaram as atividades é
um valor considerável. Este fato pode ser explicado pela falta de conhecimento das
potencialidades da tecnologia, assim como pela opção de não alterar as rotinas de trabalho do
escritório. Essa inércia a mudanças pode estar relacionada ao receio de perder projetos em um
mercado tão fragmentado e competitivo ou por receio do aprendizado da nova tecnologia
(fig.4).
Figura 4 – Respostas sobre as informações das empresas entrevistadas
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Fonte: Elaborada pelo autor com ajuda da ferramenta Google Docs (2015)
Na seção 02, coube ao entrevistado responder qual processo de projeto a empresa utiliza. Das
empresas entrevistadas, 33% utilizam somente programas 2D, ou seja, processos tradicionais
de projeto; 56% utilizam tanto programas 2D como também as tecnologias do BIM e apenas
11% modelam projetos em BIM. Esses dados podem representar um grande avanço na gestão
de processo de projeto, uma vez que os profissionais já iniciaram a utilização da tecnologia.
Cabe observar que muitas empresas possuem entendimento que já utilizam o BIM, porém
quando são estudados seus conceitos, é possível verificar que estão em um nível bem inicial
do uso da tecnologia. Este resultado demonstra desconhecimento dessas empresas no que diz
respeito às verdadeiras potencialidades do BIM.
Com relação apenas 11% das empresas entrevistadas utilizarem BIM para modelagens 3D, as
respostas podem ter dois sentidos: as empresas utilizam o BIM somente para visualização do
empreendimento em 3D ou utilizam somente a tecnologia BIM desde o início do
desenvolvimento do processo de projeto. Para os modelos 4D e 5D, empresa nennhuma utiliza
essas tecnologias (fig.5).
Figura 5 – Respostas sobre o processo de projeto das empresas entrevistadas
Fonte: Elaborada pelo autor com ajuda da ferramenta Google Docs (2015)
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Na seção 03, os profissionais foram questionados sobre os ambientes que tiveram informações
sobre a tecnologia BIM (fig.6). Para 11% dos entrevistados, o BIM foi descoberto no emprego
atual; 22% conheceu a tecnologia na faculdade e/ou Pós Graduação; 17% em eventos e/ou
Congressos e 50% em outros casos (publicações da área em geral, amigos, propaganda de
empresas da área, etc).
A próxima questão estava relacionada às fases do processo de projeto nas quais as empresas
passaram a utilizar a tecnologia BIM. Pelas respostas obtidas foi possível perceber que os
profissionais iniciam o desenvolvimento dos projetos na tecnologia BIM, em especial nas
etapas que necessitam de muitos detalhes, ou seja, na elaboração do projeto executivo. Esta
etapa exige detalhes de projeto que irão subsidiar a execução das obras. Para isso, a tecnologia
BIM possui a visualização simultânea do 2D para o 3D, o que facilita a visualização das
interferências entre os projetos, identificando conflitos, organizando os detalhes e todos os
planos automaticamente.
Figura 6 – Respostas sobre o processo de projeto das empresas entrevistadas
Fonte: Elaborada pelo autor com ajuda da ferramenta Google Docs (2015)
Na última seção do questionário, foram questionados os recursos e os softwares que a
empresa investe e que os profissionais utilizam ou conhecem, tanto para obter melhoria nos
processos de projeto, no ambiente de trabalho como na qualidade final da entrega do mesmo.
Foram destacados os softwares: Revit Architecture, Archicad (Graphisoft), Auto Cad (3D),
TQS, Auto Cad MEP e o Cypecad MEP. Esses softwares são as tecnologia chave para os
projetos, que no caso o Auto cad é padrão para todos profissionais. Já o Revit e Archicad
englobam a tecnologia BIM, assim como o TQS que é próprio para cálculo estrutural, porém
possui extensão .ifc, capaz de conectar com arquivos BIM.
A última pergunta para finalizar o questionário e a seção 04, questionou as dificuldades
encontradas pelas empresas da cidade para implantar a tecnologia BIM. Para 61% dos
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entrevistados há falta de incentivo e treinamentos das empresas. 44% atribuem os custos dos
equipamentos como a principal dificuldade de implantar a tecnologia. Para 50% dos
entrevistados, o investimento na tecnologia BIM é extremamente alto e que não pode ser
absorvido pelo valor dos projetos. Por fim, 72,2% dos profissionais acreditam que não são
todos escritórios que possuem iniciativa de mudar a rotina do ambiente de trabalho.
5. Implicações da pesquisa
Este trabalho é parte de um mestrado acadêmico em andamento e possui várias etapas a serem
desenvolvidas, como por exemplo, um fluxograma de desenvolvimento de processo projetual
em um escritório de pequeno porte na cidade de São Carlos. Com os resultados do
questionário e o cotidiano de um escritório será possível desenvolver um projeto piloto para
aplicar a tecnologia BIM em escritórios de pequeno porte. Assim as empresas que possuem
interesse em aplicar a tecnologia poderão utilizar parâmetros necessários para inovar o
ambiente de trabalho e obter melhoria contínua em seus projetos futuros. Os profissionais da
área da construção civil poderão visualizar os resultados obtidos e fazer a escolha pela
tecnologia mais adequada para sua demanda de trabalhos, no caso a tecnologia BIM que pode
ser trabalhada de forma integrada com diversos profissionais, evitando vários conflitos por ter
o 3D simultâneo e plugins, já o processo tradicional os desenhos são produzidos de maneira
manual, podendo ter falhas.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, O. J. M. (2009). Metodologia BIM – Building Information Modeling na Direcção Técnica de Obras.
114f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil, Reabilitação, Sustentabilidade e Materiais de Construção).
Universidade do Minho. Guimarães: Portugal, 2009.
CHERMONT, G. S. de. A qualidade na gestão de projetos de sistemas de informação. Dissertação (Mestrado em
Engenharia de Produção). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001.
EASTMAN, Chuck; TEICNHOLZ, Paul; SACKS Rafael; LISTON, Katheleen. (2014) MANUAL DO BIM: Um
guia de modelagem da informação da construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e
incorporadores. Tradução: Cervantes Gonçalves Ayres Filho, Kléos Magalhães Lenz César Júnior, Rita Cristina
Ferreira, Sérgio Leal Ferreira. Revisão técnica: Eduardo Toledo Santos. Porto Alegre: Bookman, 2014.
MONTEIRO, A. (2011). Projeto para produção de vedações verticais em alvenaria em uma ferramenta CADBIM. 2011. 111f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil. Setor de Construção Civil e Urbana) Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo: USP, 2011.
REZENDE, P. E. Integração projeto-produção no processo de desenvolvimento de projeto: uma alternativa para
melhoria da qualidade no setor da construção de OAE. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção).
Escola de Engenharia da UFMG, Belo Horizonte, 2008.
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VISITE SÃO CARLOS. Disponível em: http://www.visitesaocarlos.com.br/infapres.htm. Acessado em abril de
2015.
WITICOVSKI, L. C. (2011). Levantamento de quantitativos em projeto: Uma análise comparativa do fluxo de
informações entre as representações em 2d e o modelo de informações da construção (BIM). 199f. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Civil). Universidade Federal do Paraná. Curitiba: UFPR, 2011.
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