Estados". TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Fuvest 98) Os dados sobre a educação dos brasileiros revelados pelo minicenso do IBGE permitem várias leituras - todas elas acusando uma tendência positiva, apesar de alguns números absolutos causarem preocupação. Ainda há perto de 2 milhões e meio de crianças sem escolas no País, não tanto, tudo leva a crer, por deficiência da rede física. De fato, pode ler-se no censo que, embora esteja longe da ideal, a expansão quantitativa das escolas já permite ao governo redirecionar investimentos para a expansão qualitativa do ensino. (O Estado de S. Paulo, 10/08/97, A3) 1. "... todas elas acusando uma tendência positiva, apesar de alguns números absolutos causarem preocupação." A expressão que evita uma contradição, no excerto anterior, é: a) "todas elas". b) "tendência positiva'. c) "apesar de". d) "alguns". e) "números absolutos". TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Fuvest 2001) Um dos traços marcantes do atual período histórico é (...) o papel verdadeiramente despótico da informação. (...) As novas condições técnicas deveriam permitir a ampliação do conhecimento do planeta, dos objetos que o formam, das sociedades que o habitam e dos homens em sua realidade intrínseca. Todavia, nas condições atuais, as técnicas da informação são principalmente utilizadas por um punhado de atores em função de seus objetivos particulares. Essas técnicas da informação (por enquanto) são apropriadas por alguns Estados e por algumas empresas, aprofundando assim os processos de criação de desigualdades. É desse modo que a periferia do sistema capitalista acaba se tornando ainda mais periférica, seja porque não dispõe totalmente dos novos meios de produção, seja porque lhe escapa a possibilidade de controle. O que é transmitido à maioria da humanidade é, de fato, uma informação manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde. (Milton Santos, POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO) 2. Observe os sinônimos indicados entre parênteses: I. "o papel verdadeiramente DESPÓTICO (=tirânico) da informação"; Il. "dos homens em sua realidade INTRÍNSECA (=inerente)"; III. "são APROPRIADAS (=adequadas) por alguns Considerando-se o texto, a equivalência sinonímica está correta APENAS em. a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) I e III. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Unifesp 2002) Uma feita em que deitara numa sombra enquanto esperava os manos pescando, o Negrinho do Pastoreio pra quem Macunaíma rezava diariamente, se apiedou do panema e resolveu ajudá-lo. Mandou o passarinho uirapuru. Quando sinão quando o herói escutou um tatalar inquieto e o passarinho uirapuru pousou no joelho dele. Macunaíma fez um gesto de caceteação e enxotou o passarinho uirapuru. Nem bem minuto passado escutou de novo a bulha e o passarinho pousou na barriga dele. Macunaíma nem se amolou mais. Então o passarinho uirapuru agarrou cantando com doçura e o herói entendeu tudo o que ele cantava. E era que Macunaíma estava desinfeliz porque perdera a muiraquitã na praia do rio quando subia no bacupari. Porém agora, cantava o lamento do uirapuru, nunca mais que Macunaíma havia de ser marupiara não, porque uma tracajá engolira a muiraquitã e o mariscador que apanhara a tartaruga tinha vendido a pedra verde pra um regatão peruano se chamando Venceslau Pietro Pietra. O dono do talismã enriquecera e parava fazendeiro e baludo lá em São Paulo, a cidade macota lambida pelo igarapé Tietê. (Mário de Andrade, "Macunaíma, o herói sem nenhum caráter".) 3. Os vocábulos "muiraquitã" e "tracajá" têm os seus significados desvendados pelo contexto lingüístico interno, porque são substituídos, no próprio texto, por vocábulos ou expressões equivalentes. Os equivalentes para "muiraquitã" e "tracajá" são, respectivamente, a) "passarinho" e "tartaruga". b) "talismã" e "tartaruga". c) "pedra verde" e "mariscador". d) "joelho" e "barriga". e) "talismã" e "pedra verde". TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufmg 2003) ENTREVISTA COM ROBERTO DA MATTA 1 - Por que o caos no trânsito virou tema tão relevante para a sociedade brasileira? 2 - O tema é relevante porque o trânsito é uma das linguagens da sociedade democrática. Uma outra linguagem é a estabilidade monetária, ou seja, a consistência dos meios de troca. O que nós sentimos no caso brasileiro é exatamente a inconsistência do trânsito. 1 Se você está preocupado em obedecer às suas regras, é natural que fique tenso. Afinal, você está sendo consistente, e as outras pessoas não. 3 - E o pedestre, como é que fica? 4 - Esse é um erro grave dos nossos administradores, que não costumam citar os pedestres. E o trânsito inclui necessariamente os direitos do pedestre, que obviamente estão relacionados com os daquele cidadão que, por acaso, está dentro de um automóvel. Mas, como somos uma sociedade de mentalidade hierárquica, quem está dirigindo um automóvel se sente superior a quem, por exemplo, pedala uma bicicleta, ou àquele que está a pé. 5 - Como funciona essa hierarquia no trânsito? 6 - Na realidade, eu hierarquizo o espaço público e, dentro dele, o trânsito, de acordo com os meus interesses particulares. Se, por exemplo, vou pegar um avião e estou atrasado, começo a ziguezaguear na frente dos outros carros, porque as pessoas devem compreender, obviamente, que eu estou com pressa. Falta ao motorista que pensa assim um componente importante em qualquer democracia, que é a agenda. Se você precisa chegar ao aeroporto a uma determinada hora, tem que se programar e não, pôr em risco a sua vida e a dos outros. 7 - O senhor examina o trânsito como "fato social total". O que significa isso? 8 - Significa, por exemplo, que o novo Código Nacional de Trânsito, quando da sua entrada em vigor, deveria ser acompanhado de debates, discussões, seminários que envolvessem esses aspectos em que estamos tocando agora. Uma das questões fundamentais do trânsito é que ele coloca, de forma muito nítida, a questão da igualdade. Ninguém pode ter privilégio. Qualquer tipo de veículo tem que obedecer ao sinal. Se muitas pessoas não respeitam as regras do trânsito, o caos está instalado. É a subversão total da ordem pública. 9 - Qual é a simbologia da rua para o brasileiro? 10 - No Brasil, a rua é negativa em relação à casa. É o mundo da competição, do salve-se-quem-puder, é o lugar onde você pode ser assaltado, ou morrer. Então, você já sai de casa prevendo que alguma coisa ruim vai acontecer. O motorista fica agressivo. E, no Brasil, também se criou o mito de que o bom motorista é o agressivo, o esperto. Nesse ponto, entra o outro mito brasileiro, que é o da malandragem: se o sinal fechou em cima de mim, eu vou furar; se a estrada está entupida, vou pelo acostamento ou corto os outros carros, porque eu não sou trouxa. A agressividade passa a ser uma moeda, um valor, porque o trânsito coloca para todo brasileiro uma condição fundamental: viver num mundo hierarquizado e, de repente, se defrontar com uma igualdade inapelável. 11 - Essa pode ser, então, a chave para se entenderem os problemas do trânsito no Brasil e em toda a América Latina? 12 - Exatamente. São sociedades de formação hierárquica. No caso do Brasil, isso é ainda mais patente, porque nós tivemos um rei e dois imperadores. A hierarquia era moeda corrente. Tínhamos barões, duques, condes. Quem se destacava na sociedade recebia um título. Era uma sociedade mais coerente do que a de hoje, porque a regra da igualdade não era suscitada como valor. Hoje você tem, praticamente, uma competição entre a mentalidade hierárquica e uma outra igualitária, que ainda estamos conquistando. É por isso que o trânsito deve ser estudado como uma questão democrática, porque, pela sua própria estrutura, ele tem que ser igualitário. Imagine, por exemplo, se os sinais de trânsito ficassem permanentemente abertos só para carros de luxo. Isso é impensável. 13 - No país do sabe com quem está falando?, o problema se complica... 14 - "O senhor sabe com quem está falando?" é usado justamente nesses ambientes de igualdade, por quem não quer obedecer às regras. E o mais grave é que a escola no Brasil não conscientiza os alunos para o mundo público, que é de todo mundo e não é de ninguém. O grande pacto que está faltando no Brasil é o de as autoridades dizerem não a elas mesmas. 15 - A falta de credibilidade de quem pune é outro complicador? 16 - É. O que nós internalizamos, até agora, foram as regras da desigualdade. 17 - Mas, afinal, como estamos? Há melhoras em relação a esse aspecto? 18 - Eu tenho sentido uma melhora muito grande. Aqui na minha área, onde eu dirijo, vejo as pessoas muito mais obedientes às regras. É por isso que a gritaria aumentou. Há mais pessoas se sentindo mal com a desobediência dos outros. O comportamento "bandalha" é cada vez mais odiado. (TABAK, Israel. "Jornal do Brasil", Rio de Janeiro, 13 ago. 2000. p.12. (Trecho adaptado)) 4. Em todos os seguintes trechos, a palavra ou expressão destacada pode ser substituída pelo termo entre colchetes, sem se alterar o sentido original do texto, EXCETO em a) Quem se destacava na sociedade recebia UM TÍTULO. (par.12) [UMA HONRARIA] b) ... viver num mundo hierarquizado e, de repente, se defrontar com uma igualdade INAPELÁVEL. (par.10) [IMPLACÁVEL] c) Falta ao motorista [...] um componente importante em qualquer democracia, que é A AGENDA. (par.6) [A RESPONSABILIDADE] d) O tema é RELEVANTE porque o trânsito é uma das linguagens da sociedade democrática. (par.2) [IMPORTANTE] TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ita 95) As questões a seguir referem-se ao texto adiante. Analise-as e assinale, para cada uma, a alternativa incorreta. 2 [brasileiros? Hino Nacional Carlos Drummond de Andrade 05 10 15 Precisamos descobrir o Brasil! Escondido atrás das florestas, com a água dos rios no meio, o Brasil está dormindo, coitado. Precisamos colonizar o Brasil. Precisamos educar o Brasil. Compraremos professôres e livros, assimilaremos finas culturas, abriremos 'dancings' e [subconvencionaremos as elites. O que faremos importando francesas muito louras, de pele macia alemãs gordas, russas nostálgicas para 'garçonettes' dos restaurantes noturnos. E virão sírias fidelíssimas. Não convém desprezar as japonêsas... Cada brasileiro terá sua casa com fogão e aquecedor elétricos, piscina, salão para conferências científicas. E cuidaremos do Estado Técnico. 20 25 30 35 Precisamos louvar o Brasil. Não é só um país sem igual. Nossas revoluções são bem maiores do que quaisquer outras; nossos erros [também. E nossas virtudes? A terra das sublimes [paixões... os Amazonas inenarráveis... os incríveis [João-Pessoas... Precisamos adorar o Brasil! Se bem que seja difícil caber tanto oceano [e tanta solidão no pobre coração já cheio de [compromissos... se bem que seja difícil compreender o que [querem êsses homens, por que motivo êles se ajuntaram e qual a [razão de seus sofrimentos. Precisamos, precisamos esquecer o Brasil! Tão majestoso, tão sem limites, tão [despropositado, êle quer repousar de nossos terríveis [carinhos. O Brasil não nos quer! Está farto de nós! Nosso Brasil é o outro mundo. Êste não é o [Brasil. Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os 5. a) 'dos rios' (v.3) é sinônimo de 'pluvial'. b) 'difícil' (v.27) em relação a 'oceano' (v.27) pode ser substituído por 'impossível', ainda que o sentido seja alterado. c) O antônimo de 'incríveis' (v.25) é 'críveis'. d) 'Incredibilíssimos' dá idéia superlativa de 'incríveis' (v.25). e) 'tanto' e 'tanta' (v.27) estão com valor de 'tamanho' e 'tamanha'. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Unb 98) 1 Inegável tem sido o emprego da música como terapia, através dos tempos. A princípio os magos, depois os monges e, finalmente, os professores de arte, os terapeutas ocupacionais, os médicos e os musicoterapeutas.. 2 A mitologia exemplifica o poder da música sobre os irracionais, quando nos fala de Orfeu amansando as feras com os sons executados pelas suas mãos de artista e emitidos pela sua voz melodiosa. Orfeu - poeta e músico - fascinava os animais, as plantas e até os rochedos! 3 Através dos tempos, vemos a cura do Rei Saul, que sofria de depressão neurótica, e que, ouvindo a harpa tocada por Davi, se recuperava facilmente. Eis uma das primeiras notícias que temos da influência musical no ser humano. 4 Pitágoras - filósofo, cientista, matemático - era considerado na Grécia Antiga quase um semideus para seus conterrâneos. Atribuía à música efeitos curativos, quer como fator educativo, quer como sedativo para as doenças do corpo e da alma. Os meios práticos para atuar no homem a viva harmonia eram, para Pitágoras e seus discípulos, a ginástica rítmica e a música. 5 Entre os hebreus, as escolas dos profetas de Israel recorriam ao canto para memorização das suas leis. 6 Os esquimós, segundo narra a História, possuíam fórmulas musicais especializadas para cura de doentes mentais. 7 Ora, medicina e música têm vivido irmanadas desde os tempos mais remotos. Mas, na realidade objetiva dos fatos atuais, observar-se que muitos musicistas, presos da aprendizagem técnica, de um lado, e de outro, soltos às emoções inebriantes da arte, vivem alheios aos problemas da medicina de recuperação. Por sua vez, muitos médicos, acostumados ao estudo de dados concretos, limitam-se a sorrir, indulgentemente, quando falamos de terapia musical, ou melhor, de musicoterapia. 8 O êxito ou o fracasso da musicoterapia - sim, porque existem efeitos negativos da música - depende de fatores humanos, tanto quanto de fatores musicais. A música pode criar fantasias mentais de muitas classes: realistas, caprichosas, oníricas, fantásticas, místicas ou alucinatórias. 3 VEJA, 2 de julho, 1997, p.17.) (F.R.C. Florinda. O ROSACRUZ, abr./maio/jun./94, p. 2-3 (com adaptações). 6. Julgue os itens abaixo, acerca da morfossintaxe do texto. (1) Na linha 9, a palavra "até" destaca e dá maior força argumentativa ao último elemento da coordenação. (2) O substantivo abstrato "fracasso" vem do verbo fracassar por derivação imprópria. (3) A inserção da oração entre os travessões das linhas constitui um recurso sintático com a função retórica de intensificar a comunicação com o leitor. (4) A palavra "oníricas" pertence ao campo de significação de sonho. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES. (Ufrs 98) 1 A deterioração dos centros urbanos tomou conta dos noticiários. A cidade é a demência. A cidade é a selva. Mas a televisão sempre oferece compensações e, para aliviar o "show" do caos urbano, ela exibe o idílio da vida campestre. É assim que, na ficção e na publicidade, reina o ¢videobucolismo, esse gênero de fantasia em que a grama não tem formiga, as cobras não têm veneno e as mulheres não têm vergonha. Chinelos, cigarros, margarinas e cartões de crédito buscam os cenários de praias vazias, fazendas inocentes e montanhas íngremes para aumentar sua promessa de gozo. E há também caminhonetes enormes, as tais "offroad", que se anunciam rodando sobre escarpas, pântanos e rochas cortantes. A felicidade mora longe do asfalto. 2 Mas é curioso: essa mesma fabricação imaginária que santifica a natureza contribui para agravar ainda mais a selvageria nas cidades. Basta observar. Transeuntes se trajam como quem vai enfrentar o mato, os bichos, o desconhecido. Relógios de mergulhadores são ostentados por garotos que mal sabem ver as horas; botas de vaqueiro, próprias para pisar currais, freqüentam cerimônias de casamento; fardas militares de guerrilheiros amazônicos passeiam pelos shoppings. No trânsito, jipes brucutus viraram a última moda. Com pneus gigantescos e agressivos do lado de fora, e estofamento de couro do lado de dentro, são uma versão sobre quatro rodas dos condomínios fechados. Em breve, começarão a circular com pára-choques de arame farpado. 3 A distância entre um motorista de vidros lacrados e o mendigo que pede esmola no sinal vermelho é maior do que a distância entre aquele e as trilhas agrestes das novelas e dos comerciais. Nas ruas esburacadas das metrópoles, ele talvez se sinta escalando falésias. No coração desses dois homens, que se olham sem ver através dessa estranha televisão que é o vidro de um carro, a cidade embrutecida é a pior de todas as selvas. (Fonte: BUCCI, Eugênio. CIDADES DEMENTES. 7. Considere as seguintes sugestões de substituição de palavras do texto. I - Substituição da palavra "fardas" por "uniforme" II - Substituição da expressão "fabricação imaginária" por "mitos fabricados". Tais substituições acarretariam ajustes de concordância nas frases em que ocorressem. Assinale a alternativa que apresenta o número de outras palavras do texto que deveriam ser obrigatoriamente modificadas nos casos I e II, respectivamente. a) 1 - 2 b) 1 - 3 c) 2 - 3 d) 2 - 4 e) 4 - 4 8. Considere a relação que existe entre as palavras em maiúsculo da seguinte enumeração: a GRAMA não tem formiga, as COBRAS não têm veneno e as MULHERES não têm vergonha (par.1) Leia os seguintes trechos do texto: I - os cenários de PRAIAS vazias, FAZENDAS inocentes e MONTANHAS íngremes (par.1). II - o MATO, os BICHOS, o DESCONHECIDO (par.2) III - BOTAS de vaqueiro, próprias para pisar CURRAIS, freqüentam CERIMÔNIAS de casamento (par.2) Em quais deles a relação entre as palavras em destaque é a mesma da enumeração acima? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas I e II d) Apenas II e III e) I, II e III TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Fuvest 99) De todos esses periquitinhos que tem no Brasil, tuim é capaz de ser o menor. Tem bico redondo e rabo curto e é todo verde, mas o macho tem umas penas azuis para enfeitar. Três filhotes, cada um mais feio que o outro, ainda sem penas, os três chorando. O menino levou-os para casa, inventou comidinhas para eles; um morreu, outro morreu, ficou um. (Rubem Braga) 9. Das afirmações sobre o verbo assinalado em "que TEM no Brasil", qual a única INCORRETA? a) É um uso típico da variante popular da língua. b) Pode ser corretamente substituído por HÁ. c) Seu valor semântico difere daquele que apresenta nas 4 demais ocorrências. d) É um verbo impessoal cujo objeto direto é o pronome QUE. e) Pode ser corretamente substituído por EXISTE. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES. (Ufc 2002) Texto: 1 "O armênio começou a falar. 2 (...) 3 "Estudar o mundo e os homens, observando-os pela enfezada lente do pessimismo é tão perigoso e falaz, como estudá-los, observando-os pelo imprudente prisma do otimismo. 4 "O velho misantropo, o homem ressentido e ¥odiento que por terem sido vítimas de enganos, de ingratidões e de traições, caluniam a humanidade, na turbação do espírito doente, vendo em todos e em tudo o mal, prejudicam não só a própria, mas a felicidade de quantos se deixam levar por essa prevenção sinistra que envenena e enegrece a vida. 5 "E no seu erro encontram eles duro castigo; porque em seus corações e em seu viver mergulham-se no dilúvio de lodo escuro e infecto do mal que vêem ou adivinham em todos e em tudo; e no furor de enxergar maldades, de condenar e aborrecer os maus, tornam-se por si mesmos, ¤proscritos da sociedade, selvagens que fogem da convivência humana. 6 "Eis aí o que te ensinei na visão do mal. 7 "Dando-te a primeira luneta mágica, eu fui o que sou Lição; observando pela visão do mal, tu foste o que és Exemplo. 8 "O mancebo generoso e inexperiente, a jovem donzela criada entre sedas, sorrisos e flores, educada santamente com as máximas de benevolência, com o mandamento do amor do próximo, e ainda mesmo aqueles velhos que nunca deixaram de ser meninos, vêem sempre a terra como céu cor-de-rosa, têm repugnância em acreditar no vício, deixam-se iludir pelas aparências, enternecer por lágrimas fingidas, arrebatar por exaltados protestos, £embair por histórias preparadas, e dominar pela impostura ardilosa, e vêem por isso em todos e em tudo o bem - na prática do vício imerecido infortúnio, - no perseguido sempre um inocente, - no mal que se faz, indignidade, na trapaça e até no crime sempre um motivo que é atenuação ou desculpa. 9 "E também esses têm no erro da sua inexperiência a sua cruel punição; porque cada dia e a cada passo tropeçam em um desengano, ¢caem nas redes da fraude e da traição, comprometem o seu futuro, e muitas vezes colhem por fruto único da inocente e cega credulidade a desgraça de toda sua vida. 10 "Eis aí o que te ensinei na visão do bem. 11 "Dando-te a segunda luneta mágica eu fui o que sou Lição; observando pela visão do bem, tu foste o que és Exemplo. 12 "Escuta ainda, mancebo. 13 "Na visão do mal como na visão do bem houve fundo de verdade; porque em todo homem há bem e há mal, há boas e más qualidades, e nem pode ser de outro modo, porque em sua imperfeição a natureza humana é essencialmente assim. 14 "Mas a primeira das tuas lunetas mágicas não te mostrou senão o mal, e a segunda te mostrou somente o bem, e para mais viva demonstração da falsidade e das funestas conseqüências de ambas as doutrinas, ou prevenções, as tuas duas lunetas exageraram. 15 "Ora exagerar é mentir. 16 "Mancebo, a verdadeira sabedoria ensina e manda julgar os homens, aceitar os homens, aproveitar os homens, como os homens são. 17 "A imperfeição e a contingência da humanidade são as únicas idéias que podem fundamentar um juízo certo sobre todos os homens. 18 "Fora dessa regra não se pode formar sobre dois homens o mesmo juízo. 19 (...) 20 "Mancebo! para te levar à verdade já te lancei duas vezes no caminho do erro. 21 "Erraste acreditando no mal, erraste acreditando no bem, que te mostraram tuas duas lunetas, que exageraram o mal e o bem, ostentando cada uma o exclusivismo falaz do seu encantamento especial. 22 "Erraste pelo exclusivismo; porque o exclusivismo é o absurdo do absoluto no homem. 23 "Erraste pela exageração; porque exagerar é mentir." MACEDO, Joaquim Manoel de. "A luneta mágica". São Paulo: Ática, 2001. 10. Marque V ou F, conforme seja verdadeiro ou falso o que se afirma. ( ) "embair" (ref. 2) significa enganar. ( ) "proscritos" (ref. 3) significa desterrados, expulsos. ( ) "odiento" (ref. 4) pode ser substituído, sem prejuízo do sentido, por odiado. A seqüência correta é: a) V - F - V b) V - V - F c) V - V - V d) F - V - F e) F - F - V 11. Assinale a alternativa em que o termo destacado tem o mesmo significado de FALAZ (par. 21). a) A felicidade do ser humano parece FUGAZ. b) O individualismo das pessoas é TRANSITÓRIO. c) É ENGANOSO achar que o homem sincero é feliz. d) Parece INGÊNUO achar que todos nascem felizes. e) É ABSURDO acreditar que a criação divina é única. 12. Assinale a alternativa em que todas as palavras pertencem ao mesmo campo semântico de "infecto" (par. 5): 5 a) fedido - putrefação - contaminação b) exalação - impotente - infecundado c) contágio - fetologia - infrutífero d) insípido - virulento - fúria e) feitor - bodum - fétido TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Udesc 96) RIQUEZA 1 Foi problema que sempre me interessou, esse de ser rico - quer dizer, ter em mãos as possibilidades de poder e os privilégios que o dinheiro dá - é o sonho universal das criaturas. Todo o mundo precisa, quer dinheiro, o pobre para enganar a miséria, o rico para ficar riquíssimo, o pecador para satisfazer seus desejos, o santo para as suas caridades. E isso não é para admirar, pois o dinheiro representa realmente o denominador comum de tudo que tem valor material nesta vida, inclusive coisas de caráter subjetivo, como o poder, o prestígio, o renome, etc. Diz que até o amor. 2 Tudo isso é o dinheiro. E contudo não há coisa mais limitada do que o dinheiro, a riqueza. Pois que ele só nos vale até certo ponto, ou seja, até se chocar com os limites dessa coisa intransponível que se chama a natureza humana. 3 Você, por exemplo, que tem o seu contadíssimo orçamento mensal, para você dinheiro é um sonho, representa mundos impossíveis - conforto, luxo, viagens, prazeres - o ilimitado. 4 Querer uma coisa e simplesmente assinar um cheque para obter. Um jardim, um apartamento de luxo, um grande automóvel, ou mesmo o seu avião particular. Boites, teatros, Nova Iorque, Paris! A roda da grãfinagem internacional, que também se chama cafésociety ou os ídle-rich, os ricos ociosos, Jogar bridge com a Duquesa de Windsor, dançar com o Ali Khan. 5 Entretanto é bom notar que isso tem um limite bastante rígido. Fora uma cota de prazeres e conquistas sociais, no fundo mais subjetivas do que objetivas, além não se pode ir. A riqueza, sendo capaz de nos proporcionar apenas o que está à venda, não nos pode dar nada de genuíno, de autêntico, de natural. Se você perde a perna num acidente, o dinheiro lhe dará a melhor perna artificial do mundo - mas artificial. Tanto no milionário como no pobrezinho com perna de pau, o coto mutilado é o mesmo, porque a natureza não se vende. E assim, quem compra cabelos supostos não pode esperar razoavelmente senão uns postiços, como já dizia José de Alencar. E quem fura um olho, possua embora o dinheiro do Rockefeller, terá que se arranjar com um olho de vidro, como qualquer de nós. 6 Moralidade: Não tenha inveja dos ricos. Não tenha inveja de ninguém, que é melhor. Mas se quer invejar, inveje o simples abastado que pode satisfazer as suas necessidades e, na medida do possível, alguns dos seus sonhos. E quando nem a abastança pode ser atingida, um bom consolo para o pobre é pensar que, quer com o seu salário mínimo, quer com as rendas vertiginosas do tubarão, tanto um como o outro estão trancados nesta nossa mesma prisão de carne, este "saco de tripas" de que falava o velho Gorki; e se dentro dele pouco podemos, fora dele, então, nada nos adianta, nem dinheiro, nem grandeza, nem poderio. Aí, só a terra fria, nada mais. (Raquel de Queiroz. CEM CRÔNICAS ESCOLHIDAS. São Paulo, Siciliano, 1993, p.151-3.) 13. Marque a proposição VERDADEIRA em relação ao sentido atribuído às palavras no texto. a) No parágrafo 2, "dinheiro" e "riqueza" não foram empregadas com equivalência de sentido. b) A expressão "coisa intransponível", (par.2), é sinônimo da expressão "natureza humana". c) A palavra "sonho" (par.3), é antônimo de "mundos impossíveis". d) A palavra "genuíno" (par.5), foi empregada como sinônimo de "autêntico" (par.5). e) A expressão "cabelos supostos" (par.5), é uma forma pejorativa de cabelos "postiços" (par.5). TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufrs 96) Lá pela metade do século 21, já não haverá superpopulação humana, ¢como hoje. Os governos de todo o mundo - presumivelmente, todos democráticos - poderão ¤incentivar as pessoas à reprodução. E será melhor que o façam com as melhores pessoas. A eugenia humana - a escolha dos melhores exemplares para a reprodução, de modo a aprimorar a média da espécie, como já se fez com cavalos encontrará o período ideal para sair da prancheta dos cientistas para a vida real. Pessoas selecionadas por suas características genéticas serão empregadas do Estado. O funcionalismo público terá uma nova categoria: a dos reprodutores. Este exercício de futurologia foi apresentado seriamente pelo professor do Instituto de Biociências da USP Oswaldo Frota-Pessoa, em palestra no colóquio Brasil-Alemanha - Ética e Genética, quarta-feira à noite. [...] Nas conferências de segunda e terça, a eugenia £foi citada como um perigo das novas tecnologias, uma idéia que não é cientificamente - e muito menos eticamente defensável. (Teixeira, Jerônimo. Brasileiro apresenta a visão do horror. ZERO HORA, 6.10.95, p. 5, 2¡ Caderno) 14. Considere as seguintes afirmações sobre a estrutura do texto. I - A expressão 'como hoje' (ref. 1) poderia aparecer no início da frase sem acarretar alterações de significado. II - Dado que as conferências de segunda e terça ocorreram antes da já citada conferência de Frota-Pessoa, a forma verbal 'foi' (ref. 2) poderia ser substituída por 'tenha sido'. III - A substituição de 'incentivar' (ref. 3) por 'estimular' 6 não alteraria as condições para o uso da crase na oração. Quais estão corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas II e III e) I, II e III TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Fatec 2002) Texto I Então Macunaíma pôs reparo numa criadinha com um vestido de linho amarelo pintado com extrato de tatajuba. Ela já ia atravessando o corgo pelo pau. Depois dela passar o herói gritou pra pinguela: - Viu alguma coisa, pau? - Via a graça dela! - Quá! quá! quá quaquá!... Macunaíma deu uma grande gargalhada. Então seguiu atrás do par. Eles já tinham brincado e descansavam na beira da lagoa. A moça estava sentada na borda duma igarité encalhada na praia. Toda nua inda do banho comia tambiús vivos, se rindo pro rapaz. Ele deitara de bruços na água rente dos pés da moça e tirava os lambarizinhos da lagoa pra ela comer. A crilada das ondas amontoava nas costas dele porém escorregando no corpo nu molhado caía de novo na lagoa com risadinhas de pingos. A moça batia com os pés n'água e era feito um repuxo roubado da Luna espirrando jeitoso, cegando o rapaz. Então ele enfiava a cabeça na lagoa e trazia a boca cheia de água. A moça apertava com os pés as bochechas dele e recebia o jato em cheio na barriga, assim. A brisa fiava a cabeleira da moça esticando de um em um os fios lisos na cara dela. O moço pôs reparo nisso. Firmando o queixo no joelho da companheira ergueu o busto da água, estirou o braço pro alto e principiou tirando os cabelos da cara da moça pra que ela pudesse comer sossegada os tambiús. Então pra agradecer ela enfiou três lambarizinhos na boca dele e rindo muito fastou o joelho depressa. O busto do rapaz não teve apoio mais e ele no sufragante focinhou n'água até o fundo, a moça inda forçando o pescoço dele com os pés. Ele ia escorregando sem perceber de tanta graça que achava na vida. Ia escorregando e afinal a canoa virou. Pois deixai ela virar! A moça levou um tombo engraçado por cima do rapaz e ele enrolou-se nela talqualmente um apuizeiro carinhoso. Todos os tambiús fugiram enquanto os dois brincavam n'água outra vez. (Mário de Andrade, "Macunaíma". O herói sem nenhum caráter) Texto II ilustrar, De outras e muitas grandezas vos poderíamos senhoras Amazonas, não fora persignar demasiado esta epístola; todavia, com afirmar-vos que esta é, por sem dúvida, a mais bela cidade terráquea, muito hemos feito em favor destes homens de prol. Mas cair-nos-iam as faces, si ocultáramos no silêncio, uma curiosidade original deste povo. Ora sabereis que a sua riqueza de expressão intelectual é tão prodigiosa, que falam numa língua e escrevem noutra. Assim chegado a estas plagas hospitalares, nos demos ao trabalho de bem nos inteirarmos da etnologia da terra, e dentre muita surpresa e assombro que se nos deparou, por certo não foi das menores tal originalidade lingüística. Nas conversas utilizam-se os paulistanos dum linguajar bárbaro e multifário, crasso de feição e impuro na vernaculidade, mas que não deixa de ter o seu sabor e força nas apóstrofes, e também nas vozes do brincar. Destas e daquelas nos inteiramos, solícito; e nos será grata empresa vo-las ensinarmos aí chegado. Mas si de tal desprezível língua se utilizam na conversação os naturais desta terra, logo que tomam da pena, se despojam de tanta asperidade, e surge o Homem Latino, de Lineu, exprimindo-se numa outra linguagem, mui próxima da vergiliana, no dizer dum panegirista, meigo idioma, que, com imperecível galhardia, se intitula: língua de Camões! De tal originalidade e riqueza vos há-de ser grato ter ciência, e mais ainda vos espantareis com saberdes, que à grande e quase total maioria, nem essas duas línguas bastam, senão que se enriquecem do mais lídimo italiano, por mais musical e gracioso, e que por todos os recantos da urbs é versado. (Mário de Andrade, "Macunaíma". O herói sem nenhum caráter) 15. As palavras "epístola", "terráquea" e "etnologia", extraídas do Texto II, associam-se pelo sentido, respectivamente, a a) arma, terra e humanidade. b) carta, terra e civilização. c) instrumento, planeta e raça. d) carta, Terra e povo. e) escrita, planeta e raça. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Pucsp 2002) POÇAS D' ÁGUA As poças d'água são um mundo mágico Um céu quebrado no chão Onde em vez de tristes estrelas Brilham os letreiros de gás Néon. (Mario Quintana, viagem", São Paulo, Globo, 1994.) "Preparativos de 16. De acordo com o dicionário Novo Aurélio 2000, POÇA significa depressão natural do terreno, de pouca fundura, com água. No texto, tal designação relacionada a um mundo mágico produz um determinado efeito de sentido. ldentifique-o nas alternativas abaixo. 7 a) As poças d'água são simplesmente água acumulada no chão. b) As poças d'água, bem como o mundo mágico, são cheias de mistério, estimulando, assim, a imaginação. c) As poças d'água são um terreno quebrado, logo refletem só pedaços de céu. d) As poças d'água são buracos no céu cheios de estrelas. e) As poças d'água, por serem depressões do piso, revelam umidade no terreno. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Unb 98) Duas horas da manhã. Vejo esta cena. No leito grande, entre linhos bordados dormem marido e mulher. As brisas nobres de Higienópolis entram pelas venezianas, servilmente aplacando os calores do verão. Dona Laura, livre o colo das colchas, ressona boca aberta, apoiando a cabeça no braço erguido. Braço largo, achatado, nu. A trança negra fui pelas barrancas moles do travesseiro, cascateia no álveo dos lençóis. Concavamente recurvada, a esposa toda se apoia no esposo dos pés ao braço erguido. Sousa Costa completamente oculto pelas cobertas, enrodilhado, se aninha na concavidade feita pelo corpo da mulher, e ronca. O ronco inda acentuar a paz compacta. Estes dois seres tão unidos, tão apoiados um no outro, tão Báucis e Filamão, creio que são felizes. Perfeitamente. Não ¢tem raciocínio que invalide a minha firme crença na felicidade destes dois cidadãos da República. Aristóteles ... me parece que na Política afirma serem felizes os homens pela quantidade de razão e virtude possuídas e £na medida em que, por estas, regram a norma do viver ... Estes cônjuges são virtuosos e justos. Perfeitamente. Sousa Costa se mexe. Tira um pouco, pra fora das cobertas, algumas ramagens do bigode. Apoia melhor a cara no sovaco gorducho da esposa. Dona Laura suspira. Se agita um pouco. E se apoia inda mais no honrado esposo e senhor. Pouco a pouco Sousa Costa recomeça a roncar. O ronco inda acentua a paz compacta. Perfeitamente. Mário de Andrade. AMAR, VERBO INTRANSITIVO. São Paulo, Ática, p.83. Na(s) questão(ões) a seguir assinale os números dos itens corretos. 17. Ainda com relação ao texto, julgue os itens a seguir. (1) A expressão "no álveo dos lençóis" corresponde a "nos lençóis alvos", assim como "no plúmbeo das nuvens" corresponde a "nas nuvens plúmbeas". (2) Assim como "inda" é uma forma reduzida de "ainda", a palavra "onde" é uma forma reduzida de "aonde". (3) O emprego do verbo "ter" (ref.1) é indubitavelmente um registro de uso popular. (4) A locução "na medida em que" (ref.2) pode ser substituída, sem prejuízo para a escrita culta, por "na medida que". TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufv 99) ESSAS MÃES MARAVILHOSAS E SUAS MÁQUINAS INFANTIS 1 Flávia logo percebeu que as outras moradoras do prédio, mães dos amiguinhos do seu filho, Paulinho, seis anos, olhavam-na com um ar de superioridade. Não era para menos. Afinal o garoto até aquela idade - imaginem - se limitava a brincar e ir à escola. Andava em total descompasso com os outros meninos, que já desenvolveram múltiplas e variadas atividades desde a mais tenra idade. O recorde, por sinal, pertencia ao garoto Peter, filho de uma brasileira e um canadense, nascido em Nova Iorque. Peter, tão logo veio ao mundo entrou para um curso de amamentação ("Como tirar o leite da mãe em 10 lições"). A mãe descobriu numa revista uma pesquisa feita por médicos da Califórnia informando sobre a melhor técnica de mamar (chamada técnica de Lindstorm, um psicanalista, autor da pesquisa, que para realizar seu trabalho mamou até os 40 anos). A maneira da criança mamar, afirmam os doutores, vai determinar suas neuroses na idade adulta. 2 Uma tarde, Flávia percebeu duas mães cochichando sobre seu filho: que se pode esperar de um menino que aos seis anos só brinca e vai à escola? Flávia começou a se sentir a última das mães. Pegou o marido pelo braço dizendo que os dois precisavam ter uma conversa com o filho. 3 - O que você gostaria de fazer, Paulinho? perguntou o pai dando uma de liberal que não costuma impor suas vontades. 4 - Brincar... 5 O pai fez uma expressão grave. 6 - Você não acha que já passou um pouco da idade, filho? A vida não é uma eterna brincadeira. Você precisa começar a pensar no futuro. Pensar em coisas mais sérias, desenvolver outras atividades. Você não gostaria de praticar algum esporte? 7 - Compra um time de botão pra mim. 8 - Botão não é esporte, filho. 9 - Arco e flecha! 10 Os pais se entreolharam. Nenhum dos meninos do prédio fazia curso de arco e flecha. Paulinho seria o primeiro. Os vizinhos certamente iriam julgá-lo uma criança anormal. Flávia deu um calção de presente ao garoto e perguntou por que ele não fazia natação. 11 - Tenho medo. 12 Se tinha medo, então era para a natação mesmo que ele iria entrar. Os medos devem ser eliminados na infância. Paulinho ainda quis argumentar. Sugeriu alpinismo. Foi a vez de os pais tremerem. Mas o medo dos pais é outra história. Paulinho entrou para a natação. Não deu muitas alegrias aos pais. Nas competições chegava sempre em último, e as mães dos coleguinhas continuavam olhando Flávia com uma expressão superior. As mães, vocês sabem, disputam entre elas um 8 torneio surdo nas costas dos filhos. Flávia passou a desconfiar de que seu filho era um ser inferior. Resolveu imitar as outras mães, e além da natação colocou Paulinho na ginástica olímpica, cursinho de artes, inglês, judô, francês, terapeuta, logopedista. Botou até aparelho nos dentes do filho. Os amiguinhos da rua chamavam Paulinho para brincar depois do colégio. 13 - Não posso, tenho aula de hipismo. 14 - Depois do hipismo? 15 - Vou pro caratê? 16 - E depois do caratê? 17 - Faço sapateado. 18 - Quando poderemos brincar? 19 - Não sei. Tenho que ver na agenda. 20 Paulinho andava com uma agenda Pombo debaixo do braço. À noitinha chegava em casa mais cansado do que o pai em dia de plantão. Nunca mais brincou. Tinha todos os brinquedos da moda, mas só para mostrar aos amiguinhos do prédio. Paulinho dava um duro dos diabos. "Mas no futuro ele saberá nos agradecer", dizia o pai. O garoto estava sendo preparado para ser um super-homem. E foi ficando adulto antes do tempo, como uma fruta que amadurece de véspera. Um dia Flávia flagrou o filho com uma gravata à volta do pescoço tentando dar um laço. Quando fez sete anos disse ao pai que a partir daquele dia queria receber a mesada em dólar. Aos oito anos abriu o berreiro porque seus pais não lhe deram um cartão de crédito de presente. Com oito anos, entre uma aula de xadrez e de sânscrito, Paulinho saiu de casa muito compenetrado. Os amiguinhos da rua perguntaram onde ele ia: 21 - Vou ao banco. 22 Caminhou um quarteirão até o banco, sentou-se diante do gerente, pediu sugestões sobre aplicações e pagou a conta de luz como um homenzinho. A façanha do garoto correu o prédio. A vizinhança começou a achálo um gênio. As mães dos amiguinhos deixaram de olhar Flávia com superioridade. Os pais, enfim, puderam sentir-se orgulhosos. "Estamos educando o menino no caminho certo", declarou o pai batendo no peito. Na festa de 11 anos, que mais parecia um coquetel do corpo diplomático, um tio perguntou a Paulinho o que ele queria ser quando crescesse. 23 - Criança! 24 Paulinho cresceu. Cresceu fazendo cursos e mais cursos. Abandonou a infância, entrou na adolescência, tornou-se um jovem alto, forte, espadaúdo. Virou Paulão. Entrou para a faculdade, formou-se em Economia. Os pais tinham sonhos de vê-lo na Presidência do Banco Central. Casou com uma jornalista. Paulão respirou aliviado por sair debaixo das asas da mãe, que até às vésperas do casamento queria colocá-lo num curso de preparação matrimonial. Na lua-de-mel, avisou à mulher que iria passar os dias em casa dedicando-se à sua tese de mestrado. A mulher ia e vinha do emprego e Paulão trancado no seu gabinete de estudos. Uma tarde, o marido esqueceu de passar a chave na porta. A mulher chegou, abriu e deu de cara com Paulão sentado no tapete brincando com um trenzinho. (NOVAES, Carlos Eduardo. "A cadeira do dentista & outras crônicas." 7. ed. São Paulo: Ática, 1997. p.15-17.) Glossário Caratê - luta corporal em que o indivíduo se serve de meios naturais para atacar ou defender-se. Espadaúdo - que tem ombros largos. Hipismo - esporte que compreende equitação, corrida de cavalos, etc. Logopedista - pessoa que se dedica à ciência de corrigir defeitos de pronúncia. Sânscrito - antiga língua sagrada e literária da Índia. Sapateado - dança que se caracteriza por bater os tacões dos sapatos no chão. Terapeuta - pessoa que se aplica a tratar de doenças. 18. O autor se utiliza diversas vezes do verbo "dar", bastante comum na linguagem oral, o qual pode assumir muitos significados distintos. A alternativa em que se apresenta ERRADAMENTE uma palavra ou expressão sinônima da que aparece em destaque é: a) "perguntou o pai DANDO UMA de liberal..." (par.3) dando uma = assumindo ares b) "Flávia DEU um calção DE PRESENTE AO GAROTO..." (par.10) deu de presente ao garoto = presenteou o garoto com c) "Não DEU muitas alegrias aos pais." (par.12) deu = proporcionou d) "Paulinho DAVA UM DURO DOS DIABOS." (par.20) dava um duro dos diabos = trabalhava arduamente e) "A mulher chegou, abriu e DEU DE CARA com Paulão..." (par.24) deu de cara = se chocou TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Faap 97) AS POMBAS Vai-se a primeira pomba despertada... Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas De pombas vão-se dos pombais, apenas Raia sangüínea e fresca a madrugada E à tarde, quando a rígida nortada Sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas Ruflando as asas, sacudindo as penas, Voltam todas em bando e em revoada... 9 Também dos corações onde abotoam, Os sonhos, um por um, céleres voam Como voam as pombas dos pombais; No azul da adolescência as asas soltam, Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam E eles aos corações não voltam mais... (Raimundo Correia) 19. "... um por um, CÉLERES voam" ou seja: a) ... um por um, magoados voam b) ... um por um, rebeldes voam c) ... um por um, velozes voam d) ... um por um, frustrados voam e) ... um por um, cordiais voam TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Unb 98) (...) Soropita levava a mão, sem querer, à orelha direita: tinha um buraco, na concha, bala a perfurara; ele deixava o cabelo crescer por cima, para a tapar dum jeito. Que não lhe perguntassem de onde e como tinha aquelas profundas marcas; era um martírio, o que as pessoas acham de especular. Não respondia. Só pensar no passado daquilo, já judiava. "Acho que eu sinto dor mais do que os outros, mais fundo..." Aquela ¢sensiência: quando teve de agüentar a operação no queixo, os curativos, cada vez a dor era tanta, que ele já a sofria de véspera, como se já estivessem bulindo nele, o enfermeiro despegando as envoltas, o chumaço de algodão com iodofórmio. A ocasião, Soropita pensou que nem ia ter mais ânimo para continuar vivendo, tencionou de se dar um tiro na cabeça, terminar de uma vez, não ficar por aí, sujeito a tanto machucado ruim, tanto desastre possível, toda qualidade de dor que se podia ter de £vir a curtir, no coitado do corpo, na carne da gente. Vida era uma coisa desesperada. Doralda era corajosa. Podia ver sangue, sem deperder as cores. Soropita não comia galinha, se visse matar. Carne de porco, comia; mas, se podendo, fechava os ouvidos, quando o porco gritava guinchante, estando sendo sangrado. E o sangue fedia, todo sangue, fedor triste. Cheiros bons eram o de limão, de café torrado, o de couro, o de cedro, boa madeira lavrada; angelimumburana - que dá essência de óleo para os cabelos das mulheres claras. (...) Mas, quando estavam deitados em cama, Doralda ¤repassava as mãos nas grossas costuras, numa por uma, ua mão fácil, surpresas de macia, passava a mão em todo o corpo, a gente se estremecia, de cócega não: de ser bom, de ânsia. Mel nas mãos, nem era possível se ter um mimo de dedos com tanto meigo. (...) João Guimarães Rosa. DÃOLALALÃO (O Devente). NOITES DO SERTÃO. In: CORPO DE BAILE. Ficção Completa - Volume I. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, p.811-2, 1994. Na(s) questão(ões) adiante, assinale os números dos itens corretos. 20. A compreensão da obra de arte literária passa, primeiramente, pelo estágio de entendimento vocabular. Com relação ao emprego das palavras no texto, julgue os itens que se seguem. (1) Pode-se inferir do texto que "sensiência" (ref.1) significa SENSIBILIDADE EXACERBADA. (2) O vocábulo "curtir" (ref.2) significa USUFRUIR, SENTIR PRAZER. (3) O texto encerra-se com uma passagem marcada por docilidade, apesar da rudeza traduzida pela oração "repassava as mãos nas grossas costuras" (ref.3). TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Uerj 99) TEXTO I 1 Escreverei minhas "Memórias", fato mais freqüentemente do que se pensa observado no mundo industrial, artístico, científico e sobretudo no mundo político, onde muita gente boa se faz elogiar e aplaudir em brilhantes artigos biográficos tão espontâneos, ¢como os ramalhetes e as coroas de flores que as atrizes compram para que lhos atirem na cena os comparsas comissionados. 2 Eu reputo esta prática muito justa e muito natural; porque não compreendo amor e ainda amor apaixonado mais justificável do que aquele que sentimos pela nossa própria pessoa. 3 O amor do eu é e sempre será a pedra angular da sociedade humana, o regulador dos sentimentos, o móvel das ações, e o farol do futuro: do amor do eu nasce o amor do lar doméstico, deste o amor do município, deste o amor da província, deste o amor da nação, anéis de uma cadeia de amores que os tolos julgam que sentem e tomam ao sério, e que certos maganões envernizam, mistificando a humanidade para simular abnegação e virtudes que não têm no coração e que eu com a minha exemplar franqueza simplifico, reduzindo todos à sua expressão original e verdadeira, e dizendo, lar, município, província, nação, têm a flama dos amores que lhes dispenso nos reflexos do amor em que me abraso por mim mesmo: todos eles são o amor do eu e nada mais. A diferença está em simples nuanças determinadas pela maior ou menor proporção dos interesses e das conveniências materiais do apaixonado adorador de si mesmo. (MACEDO, Joaquim Manuel de. "Memórias do sobrinho de meu tio". São Paulo: Companhia das Letras, 1995.) TEXTO II Já dois anos se passaram longe da pátria. Dois anos! Diria dois séculos. E durante este tempo tenho contado os dias e as horas pelas bagas do pranto que 10 tenho chorado. Tenha embora Lisboa os seus mil e um atrativos, ó eu quero a minha terra; quero respirar o ar natal (...). Nada há que valha a terra natal. ¢Tirai o índio do seu ninho e apresentai-o d'improviso em Paris: será por um momento fascinado diante dessas ruas, desses templos, desses mármores; mas depois falam-lhe ao coração as lembranças da pátria, e trocará de bom grado ruas, praças, templos, mármores, pelos campos de sua terra, pela sua choupana na encosta do monte, pelos murmúrios das florestas, pelo correr dos seus rios. Arrancai a planta dos climas tropicais e plantai-a na Europa: ela tentará reverdecer, mas cedo pende e murcha, porque lhe falta o ar natal, o ar que lhe dá vida e vigor. Como o índio, prefiro a Portugal e ao mundo inteiro, o meu Brasil, rico, majestoso, poético, sublime. Como a planta dos trópicos, os climas da Europa enfezam-me a existência, que sinto fugir no meio dos tormentos da saudade. (ABREU, Casimiro de."Obras de Casimiro de Abreu". Rio de Janeiro: MEC, 1955.) TEXTO III LADAINHA I Por se tratar de uma ilha deram-lhe o nome de ilha de Vera Cruz. Ilha cheia de graça. Ilha cheia de pássaros. Ilha cheia de luz. Ilha verde onde havia mulheres morenas e nuas anhangás a sonhar com histórias de luas e cantos bárbaros de pajés em poracés [batendo pés. Depois mudaram-lhe o nome pra terra de Santa Cruz. Terra cheia de graça Terra cheia de pássaros Terra cheia de luz. A grande Terra girassol onde havia [guerreiros de tanga e onças ruivas [deitadas à sombra das árvores [mosqueadas de sol. Mas como houvesse, em abundância, certa madeira cor de sangue cor de brasa e como o fogo da manhã selvagem fosse um brasido no carvão noturno da [paisagem, e como a Terra fosse de árvores vermelhas e se houvesse mostrado assaz gentil, deram-lhe o nome de Brasil. Brasil cheio de graça Brasil cheio de pássaros Brasil cheio de luz. (RICARDO, Cassiano. "Seleta em prosa e verso". Rio de Janeiro: José Olympio, 1975.) 21. O termo "ufanismo" aplica-se a uma atitude, posição ou sentimento dos que, influenciados pelo potencial das riquezas nacionais, pelas belezas naturais do país, etc., dele se vangloriam, desmedidamente. O fragmento em que podem ser identificadas características do "ufanismo" é: a) "Escreverei minhas Memórias, fato mais freqüentemente do que se pensa observado no mundo industrial, artístico, científico e sobretudo no mundo político..." (texto I) b) "... do amor do eu nasce o amor do lar doméstico, deste o amor do município, deste o amor da província, deste o amor da nação..." (texto I) c) "Tirai o índio do seu ninho e apresentai-o d'improviso em Paris: será por um momento fascinado diante dessas ruas, desses templos, desses mármores..." (texto II) d) "Como o índio, prefiro a Portugal e ao mundo inteiro, o meu Brasil, rico, majestoso, poético, sublime." (texto II) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Uff 2000) PERO VAZ DE CAMINHA a descoberta os Seguimos nosso caminho por este mar de longo Até a oitava da Páscoa Topamos aves E houvemos vista de terra os selvagens Mostraram-lhes uma galinha Quase haviam medo dela E não queriam pôr a mão E depois a tomaram como espantados primeiro chá Depois de dançarem Diogo Dias Fez o salto real as meninas da gare Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis Com cabelos mui pretos pelas espáduas E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas 11 Que de nós as muito olharmos Não tínhamos nenhuma vergonha (ANDRADE, Oswald. "Poesias reunidas". Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978, p.80.) 22. Sobre as palavras destacadas nos versos a seguir, assinale a afirmativa correta: E suas VERGONHAS tão altas e tão saradinhas (v.18) Que de nós as muito olharmos (v.19) Não tínhamos nenhuma VERGONHA (v.20) a) Seus sentidos são diferentes, mas têm a mesma classe gramatical. b) Seus sentidos são distintos e suas classes gramaticais são diferentes. c) Ambas têm o mesmo sentido, mas as classes gramaticais são diferentes. d) Ambas têm o mesmo sentido e a mesma classe gramatical. e) Tanto seus sentidos quanto suas classes gramaticais são correspondentes. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Unirio 2003) Declaração Devia começar, como o sabe de cor e salteado a maioria dos leitores, que é sem dúvida nenhuma muito entendida na matéria, por uma declaração em forma. Mas em amor, assim como em tudo, a primeira saída é o mais difícil. Todas as vezes que esta idéia vinha à cabeça do pobre rapaz, passava-lhe uma nuvem escura por diante dos olhos e banhava-se-lhe o corpo em suor. Muitas semanas levou a compor, a estudar o que havia de dizer a Luizinha quando aparecesse o momento decisivo. Achava com facilidade milhares de idéias brilhantes: porém, mal tinha assentado em que diria isto ou aquilo, já isto ou aquilo lhe não parecia bom. Por várias vezes, tivera ocasião favorável para desempenhar a sua tarefa, pois estivera a sós com Luizinha; porém, nessas ocasiões, nada havia que pudesse vencer um tremor nas pernas que se apoderava dele, e que não lhe permitia levantar-se do lugar onde estava, e um engasgo que lhe sobrevinha, e que o impedia de articular uma só palavra. Enfim, depois de muitas lutas consigo mesmo para vencer o acanhamento, tomou um dia a resolução de acabar com o medo, dizer-lhe a primeira coisa que lhe viesse à boca. Luizinha estava no vão de uma janela a espiar para a rua pela rótula: Leonardo aproximou-se tremendo, pé ante pé, parou e ficou imóvel como uma estátua atrás dela que, entretida para fora, de nada tinha dado fé. Esteve assim por longo tempo calculando se devia falar em pé ou se devia ajoelhar-se. Depois fez um movimento como se quisesse tocar no ombro de Luizinha, mas retirou depressa a mão. Pareceu-lhe que por aí não ia bem; quis antes puxar-lhe pelo vestido, e ia já levantando a mão quando também se arrependeu. Durante todos esses movimentos o pobre rapaz suava a não poder mais. Enfim, um incidente veio tirá-lo da dificuldade. Ouvindo passos no corredor, entendeu que alguém se aproximava, e tomado de terror por se ver apanhado naquela posição, deu repentinamente dois passos para trás, e soltou um - ah! - muito engasgado. Luizinha, voltando-se, deu com ele diante de si, e recuando espremeu-se de costas contra a rótula: veio-lhe também outro - ah! - porém não lhe passou da garganta e conseguiu apenas fazer uma careta. A bulha dos passos cessou sem que ninguém chegasse à sala; os dois levaram algum tempo naquela mesma posição, até que Leonardo, por um supremo esforço, rompeu o silêncio, e com voz trêmula e em tom o mais sem graça que se possa imaginar perguntou desenxabidamente: - A senhora... sabe... uma coisa? E riu-se com uma risada forçada, pálida e tola. Luizinha não respondeu. Ele repetiu no mesmo tom: - Então... a senhora... sabe ou... não sabe? E tornou a rir-se do mesmo modo. Luizinha conservou-se muda. - A senhora bem sabe... é porque não quer dizer... Nada de resposta. - Se a senhora não ficasse zangada... eu dizia... Silêncio. - Está bom... Eu digo sempre... mas a senhora fica ou não fica zangada? Luizinha fez um gesto de quem estava impacientada. - Pois então eu digo... a senhora não sabe... eu... eu lhe quero... muito bem... Luizinha fez-se cor de uma cereja; e fazendo meia volta à direita, foi dando as costas ao Leonardo e caminhando pelo corredor. Era tempo, pois alguém se aproximava. Leonardo viu-a ir-se, um pouco estupefato pela resposta que ela lhe dera, porém, não de todo descontente: seu olhar de amante percebera que o que se acabava de passar não tinha sido totalmente desagradável a Luizinha. Quando ela desapareceu, soltou o rapaz um suspiro de desabafo e assentou-se, pois se achava tão fatigado como se tivesse acabado de lutar braço a braço com um gigante. (Manuel Antônio de Almeida. "Memórias de um Sargento de Milícias".) 23. O vocábulo "Enfim", utilizado na última frase do segundo parágrafo, apresenta valor semântico: a) conclusivo. b) explicativo. c) concessivo. d) contrastivo. e) comparativo. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO 12 (Uepg 2001) Delírio de voar 16) "mirabolante" "surpreendente". Nos dez primeiros anos deste século havia uma mania pop em Paris - voar. As formas estranhas dos aeroplanos experimentais invadiam as páginas dos jornais. Cada proeza dos aviadores era narrada em detalhe. Os parisienses acompanhavam fascinados as audácias dos aviadores, uma elite extravagante de jovens brilhantes, cultos e elegantes, realçada por vários milionários e pelo interesse das moças. Multidões lotavam o campo de provas de Issy-les-Molincaux. Os pilotos e os inventores eram reconhecidos nas ruas e homenageados em restaurantes. Todo dia algum biruta apresentava uma nova máquina, anunciava um plano mirabolante e desafiava a gravidade e a prudência. Paris virara a capital mundial da aviação desde a fundação do Aéro-Club de France, em 1898. Depois da difusão dos grandes balões, em 1880, e dos dirigíveis inflados a gás, em 1890 - os chamados "mais leves que o ar", chegara a hora dos aparelhos voadores práticos, menores e controláveis - os "mais pesados que o ar". Durante muito tempo eles foram descartados como impossíveis, mas agora as pré-condições haviam mudado. A tecnologia da aerodinâmica, da engenharia de estruturas, do desenho de motores e da química de combustíveis havia chegado a um estágio de evolução inédito. Combinadas, permitiam projetar máquinas inimaginadas. Simultaneamente, por caminhos paralelos, a fotografia dera um salto com a invenção dos filmes flexíveis, em 1889. Surgiram câmeras modernas, mais sensíveis à luz, mais velozes e fáceis de manejar. Em conseqüência, proliferaram os fotógrafos profissionais e amadores. Eles não só registraram cada passo da infância da aviação como também popularizaram-na. Transportados pelos jornais, os feitos dos pioneiros estimularam a vocação de muitos jovens candidatos a aviador. A mídia glamourizou a ousadia de voar. ......................................................................................... Inventar aviões era um ofício diletante e nada rendoso - ainda. Exigia recursos financeiros para construir aparelhos, contratar mecânicos, oficinas e hangares. Dinheiro nunca faltou ao brasileiro Alberto Santos-Dumont, filho de um rico fazendeiro mineiro, ou ao engenheiro e nobre francês marquês d'EcquevilleyMontjustin. Voar era um ideal delirante e dândi. Uma glória para homens extraordinários. (SUPERINTERESSANTE, junho/99, p.36) 24. Escolha as alternativas corretas quanto à significação dos vocábulos no texto. 01) "difusão" significa "desaparecimento". 02) "inimaginadas" tem o mesmo sentido "inimagináveis". 04) "diletante" significa "difícil", "complicado". 08) "pop" é forma abreviada de "popular". que caracteriza algo "espantoso", TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES. (Unitau 95) "A teoria da argumentação é a parte da semiologia comprometida com a explicação das evocações ideológicas das mensagens. Os novos retóricos aproximam-se, assim, da proposta de Eliseo Verón, que, preocupado com as condições ideológicas dos processos de transmissão e consumo das significações no seio da comunicação social, chama de semiologia os estudos preocupados com essa problemática, deixando como objeto da teoria lingüística as questões tradicionais sobre o conceito, o referente e os componentes estruturais dos signos. Essa demarcação determina que a semiologia deve ser analisada como uma teoria hermenêutica das formas como se manipulam contextualmente os discursos". (ROCHA & CITTADINO, "O Direito e sua Linguagem", p.17, Sérgio Antonio Fabris Editor, Porto Alegre, 1984) 25. As palavras "argumentação", "manipulação" e "hermenêutica" significam, respectivamente: a) ato de debater; ato de criticar; ato de agir com ponderação. b) ato de produzir falácias; ato de fazer remédios; ato de significar. c) ato de enganar; ato de pressionar; ato de atribuir significado a teorias. d) ato de apresentar raciocínios; ato de conservar alguma coisa ou alguma situação; ato de interpretar textos e sentidos das palavras. e) ato de elaborar idéias; ato de forçar alguém, ato de questionar. 26. No texto, aparecem palavras que são específicas do esquema da comunicação. Indique-as: a) ideológica, consuma b) mensagem, referente c) transmissão, problemática d) lingüística, semiológico e) signo, hermenêutica TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Cesgranrio 94) 1 A fisionomia da sociedade brasileira neste final de século está irreconhecível. A violência e a crueldade viraram fenômenos de massa. Antes, e até há não muito tempo, elas apareciam como sintoma de patologias individuais. Os "monstros" - um estuprador e assassino de crianças, uma mulher que esquartejou o amante - eram motivo de pasmo e horror para uma comunidade onde a violência ficava confinada a um escaninho de modestas proporções. Hoje, é uma guerrilha e faz parte do nosso cotidiano. 2 Em pouco tempo a imagem do Brasil, para uso externo e sobretudo para si mesmo, ficou marcada pela 13 reiteração rotineira da crueldade. A onda não é o simples homicídio, é o massacre. E, para não ficarmos no saudosismo dos anos dourados, ressurge uma forma de massacre que tem raízes históricas profundas: o genocídio, essa mancha na formação de uma nacionalidade argamassada pelo sangue de índios e negros. 3 Os episódios brutais estão aí. (...) 4 A violência costuma ser associada à urbanização maciça, que gera miséria, desordem e conflitos. 5 Não vamos procurar desculpa invocando símiles de outros países - no Peru, na Bósnia ou onde quer que seja. Estamos dizendo "adeus" ao mito da cordialidade brasileira, da "índole pacífica do nosso povo". Estamos transformados - irreconhecíveis. Convertida em face do monstro, desfigurou-se a nossa fisionomia de povo folgazão, inzoneiro, que tem como símbolos o carnaval, o samba e o futebol. (...) 6 A miséria e a fome do povo são um caldo de cultura a favorecer a disseminação da violência, que se torna balcão de comércio nas mãos de empresários inescrupulosos. (Moacir Werneck de Castro. Jornal do Brasil, 28/08/93, p. 11.) 27. Na frase: "... ficou marcada pela REITERAÇÃO rotineira da crueldade.", (2Ž parágrafo), o termo em destaque só NÃO apresenta o valor semântico de: a) confirmação b) ratificação c) reafirmação d) retificação e) repetição TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Unirio 2000) A bola não é inimiga como o touro, numa corrida e embora seja um utensílio caseiro e que se usa sem risco, não é o utensílio impessoal, sempre manso, de gesto usual: é um utensílio semivivo, de reações próprias como bicho, e que, como bicho, é mister (mais que bicho, como mulher) usar com malícia e atenção dando aos pés astúcias de mão. João Cabral de Melo Neto 28. De acordo com o texto, o par em que NÃO há relação de sinonímia é: a) "utensílio" (v.3) - instrumento. b) "impessoal" (v.5) - original. c) "usual" (v.6) - corriqueiro. d) "mister" (v.9) - necessário. e) "astúcias" (v.12) - manhas. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES. (Ufrs 96) Pais e adultos em geral são incompetentes para entender ¥o que vai pela cabeça das crianças; estas, por sua vez, são incapazes de detectar ¦o que se esconde sob os gestos e as frases dos mais velhos. Na zona cinzenta que reúne essas duas conhecidas limitações, reside o objeto de "Quarto de Menina", estréia literária da psicanalista carioca Livia Garcia Roza. Luciana, oito anos, filha única de pais separados, é inteligente, sapeca, sem papas na língua e mora com o pai, intelectual, pacato, caladão, professor de filosofia. É ela a narradora do livro. Ao longo de 180 páginas, relata o seu cotidiano,§ que se ¢limita, aqui, ao próprio quarto, à biblioteca do pai, à sala e à casa da mãe. [...] Apesar disso, não se trata de uma obra para crianças. A construção híbrida da narrativa descarta episódios mais banais ou preocupações que seriam em tese mais comuns às crianças, dando destaque para os £diálogos, seja entre Luciana e os pais, seja entre a garota e suas bonecas. No primeiro caso, Luciana freqüentemente não entende certas insinuações dos pais, enquanto estes ficam perplexos diante de reações ou perguntas da filha. Já nas "conversas" com seus amigos de quarto, a narradora expõe seu estranhamento, desabafa, chora, faz planos e, ao mesmo tempo, revela indireta e inconscientemente a dificuldade de captar o significado dos eventos que ela mesma narra, significado que nós, ¤leitores presumivelmente maduros, enxergamos logo de cara. Nessa capacidade de explicar ao mesmo tempo uma história e a não-compreensão dessa mesma história pelo seu próprio narrador, aí está um dos pontos mais interessantes de "Quarto de Menina". [...] (Ajzenberg B. A ABISSAL NORMALIDADE DO COTIDIANO, Folha de São Paulo, 15.10.95, p. 5-11) 29. A seguir são apresentadas cinco possibilidades de substituição da expressão 'se limita'(ref.1). Qual delas manteria as crases no fim do parágrafo? a) consiste b) se constitui c) compreende d) não ultrapassa e) se restringe 30. Caso a expressão 'a narradora' (quarto parágrafo) fosse substituída por 'o narrador', quantas outras palavras daquela mesma frase deveriam sofrer modificações devidas à concordância? a) Nenhuma b) Uma c) Duas d) Três e) Cinco 14 31. A pronúncia das palavras na linguagem coloquial por vezes se distancia bastante de sua representação escrita. Em alguns casos, essa diferença chega a determinar uma quantidade diferente de sílabas entre a palavra escrita e sua pronúncia na linguagem coloquial. Este é o caso de todas as palavras a seguir, COM EXCEÇÃO DE a) objeto b) psicanalista c) quarto d) captar e) significado TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Fei 94) "A frase 'Leve-me para cima, Scotty' pode ter ajudado a fixar a série 'Jornada nas Estrelas' na cabeça de toda uma geração, mas o teletransporte do qual o seriado serviu como arauto nunca foi levado a sério. Aquilo que era uma brincadeira, porém, já deixou de ser simples fantasia. Seis físicos descobriram como teletransportar matéria à velocidade da luz. Num trabalho que será publicado no periódico 'Physical Review Letters', intitulado 'Teletransportando um estado quântico desconhecido por canais dual clássico e de Einstein-Podolsky-Rosen', Charles Bennett, da IBM em Nova York, e seus colegas descrevem um método de teletransporte de partículas de um lugar para outro. Bennett afirma que a teoria é válida, que parte dos equipamentos para realizar o teletransporte já existe e é provável que o resto possa ser desenvolvido. O grande problema do teletransporte sempre foi o princípio da incerteza de Heisenberg, que afirma ser impossível medir exatamente todas as propriedades de uma partícula subatômica. Por isso sempre pareceu impossível recriar uma cópia exata de uma partícula em outro lugar." (William Bown, OESP, 23.05.93) 32. No fragmento de texto a palavra "arauto" significa: a) assessor b) emissário c) mistério d) epíteto e) sequaz TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Unirio 98) TERRA 1 Tudo tão pobre. Tudo tão longe do conforto e da civilização, da boa cidade com as suas pompas e as suas obras. Aqui, a gente tem apenas o mínimo e até esse mínimo é chorado. 2 Nem paisagem tem, no sentido tradicional de paisagem. Agora, por exemplo, fins d'águas e começos de agosto, o mato já está todo zarolho. E o que não é zarolho é porque já secou. Folha que resta é vermelha, caíram as últimas flores das catingueiras e dos paus-d'arco, e não haveria mais flor nenhuma não fossem as campânulas das salsas, roxas e rasteiras. 3 No horizonte largo tudo vai ficando entre sépia e cinza, salvo as manchas verdes, aqui e além, dos velhos juazeiros ou das novatas algarobas. E os serrotes de pedra do Quixadá também trazem a sua nota colorida; até mesmo quando o sol bate neles de chapa, tira faísca de arco-íris. 4 E a água, a própria água, não dá impressão de fresca: nos pratos-d'água espelhantes ela tem reflexos de aço, que dói nos olhos. 5 A casa fica num alto lavado de ventos. Casa tão rústica, austera como um convento pobre, as paredes caiadas, os ladrilhos vermelhos, o soalho areado. As instalações rudimentares, a lenha a queimar no fogão, a água de beber a refrescar nos potes. O encanamento novo é um anacronismo, a geladeira entre os móveis primitivos de camaru parece sentir-se mal. 6 Não tem jardim: as zínias e os manjericões que levantavam um muro colorido ao pé dos estacotes, estão ressequidos como ramos bentos guardados num baú. Também não tem pomar, fora os coqueiros e as bananeiras do baixio. 7 Não tem nada dos encantos tradicionais do campo, como os conhecemos pelo mundo além. Nem sebes floridas, nem regatos arrulhantes, nem sombrios frescos de bosque - só se a gente der para chamar a caatinga de bosque. 8 Não, aqui não há por onde tentar a velha comparação, a clássica comparação dos encantos do campo aos encantos da cidade. Aqui não há encantos. Pode-se afirmar com segurança que isto por aqui não chega sequer a ser campo. É apenas sertão e caatinga as lombadas, o horizonte redondo e desnudo, o vento nordeste varrendo os ariscos. 9 Comparo este mistério do Nordeste ao mistério de Israel. Aquela terra árida, aquelas águas mornas, aqueles pedregulhos, aqueles cardos, aquelas oliveiras de parca folhagem empoeirada - por que tanta luta por ela, milênios de amor, de guerra e saudade? 10 Por que tanto suor e carinho no cultivo daquele chão que aparentemente só dá pedra, espinho e garrancho? 11 Não sei. Mistério é assim: está aí e ninguém sabe. Talvez a gente se sinta mais puros, mais nus, mais lavados. E depois a gente sonha. Naquele cabeço limpo vou plantar uma árvore enorme. Naquelas duas ombreiras a cavaleiro da grota dá para fazer um açudinho. No pé da parede caberão uns coqueiros e no choro da revência, quem sabe, há de dar umas leiras de melancia. Terei melancia em novembro. ........................................................................................... 12 Aqui tudo é diferente. Você vê falar em ovelhas - e evoca prados relvosos, os brancos carneirinhos redondos de lã. Mas as nossas ovelhas se confundem com as cabras e têm pêlo vermelho e curto de cachorro-domato; verdade que os cordeirinhos são lindos. 13 Sim, só comparo o Nordeste à Terra Santa. 15 Homens magros, tostados, ascéticos. A carne de bode, o queijo duro, a fruta de lavra seca, o grão cozido n'água e sal. Um poço uma lagoa é como um sol líquido, em torno do qual gravitam as plantas, os homens e os bichos. Pequenas ilhas d'água cercadas de terra por todos os lados e em redor dessas ilhas a vida se concentra. 14 O mais é paz, o sol, o mormaço. (Raquel de Queirós) 33. Nas passagens "Homens magros, tostados, ASCÉTICOS." (par.13) e "O mais é PAZ, o sol, o mormaço." (par.14), as palavras em maiúsculo podem ser substituídas, respectivamente, sem alterar o sentido, por: a) descrentes e descanso. b) místicos e sofrimento. c) místicos e silêncio. d) apáticos e tranqüilidade. e) desanimados e harmonia. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufjf 2002) O fragmento de texto a seguir foi selecionado do capítulo "A forma do livro", da obra de MANGUEL, Alberto. "Uma história da leitura." SP: Companhia das Letras, 1977. Nem todos os livros da Mesopotâmia destinavam-se a ser segurados na mão. Existem textos escritos em superfícies muito maiores, tais como o Código de Leis da Média Assíria, encontrado em Assur e datado do século XII a.C., que mede 6,2 metros quadrados e traz o texto em colunas de ambos os lados. Obviamente, esse "livro" não se destinava a ser carregado, mas erguido e consultado como obra de referência. Nesse caso, o tamanho devia ter também um significado hierárquico: uma tabuleta pequena poderia sugerir um negócio privado; um livro de leis nesse formato tão grande com certeza aumentava, aos olhos do leitor mesopotâmico, a autoridade das leis. 34. Releia: "... e, como acontece com todas as formas, esses TRAÇOS CAMBIANTES fixam uma qualidade precisa..." (1Ž parágrafo) A expressão TRAÇOS CAMBIANTES teria como SENTIDO OPOSTO: a) traços ambíguos. b) traços relevantes. c) traços permanentes. d) traços estrangeiros. e) traços flutuantes. A FORMA DO LIVRO Minhas mãos, escolhendo um livro que quero levar para a cama ou para a mesa de leitura, para o trem ou para dar de presente, examinam a forma tanto quanto o conteúdo. Dependendo da ocasião e do lugar que escolhi para ler, prefiro algo pequeno e cômodo, ou amplo e substancial. Os livros declaram-se por meio de seus títulos, seus autores, seus lugares num catálogo ou numa estante, pelas ilustrações em suas capas; declaram-se também pelo tamanho. Em diferentes momentos e em diferentes lugares, acontece de eu esperar que certos livros tenham determinada aparência, e, como ocorre com todas as formas, esses traços cambiantes fixam uma qualidade precisa para a definição do livro. Julgo um livro por sua capa; julgo um livro por sua forma. Desde os primórdios, os leitores exigiram livros em formatos adaptados ao uso que pretendiam lhes dar. As tabuletas mesopotâmicas eram geralmente blocos de argila quadrados, às vezes oblongos, de cerca de 7,5 centímetros de largura; cabiam confortavelmente na mão. Um livro consistia de várias dessas tabuletas, mantidas talvez numa bolsa ou caixa de couro, de forma que o leitor pudesse pegar tabuleta após tabuleta numa ordem predeterminada. É possível que os mesopotâmicos também tivessem livros encadernados de modo parecido ao dos nossos volumes: monumentos funerários de pedra neo-hititas representam alguns objetos semelhantes a códices - talvez uma série de tabuletas presas umas às outras dentro de uma capa -, mas nenhum livro desses chegou até nós. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES. (Uel 97) Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase apresentada. 35. A .......... do .......... emprego das verbas culminou em desentendimentos entre os diretores da firma. a) repercurção - mal b) repercurção - mau c) repercução - mau d) repercussão - mau e) repercussão - mal 36. De um movimento .......... , .......... das famílias carentes do bairro, resultou a grande festa .......... . a) espontâneo - em pró - beneficiente b) espontâneo - em prol - beneficente c) espontaneo - em prol - beneficiente d) expontaneo - em prol - beneficente e) expontâneo - em pró - beneficiente 37. Eis aí os motivos .......... ainda não .......... o planejamento da obra. a) por que - lhe foi enviado b) por quê - foi-lhe enviado c) por que - foi enviado-lhe d) porque - foi-lhe enviado e) porque - lhe foi enviado 16 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Pucsp 98) Leia os trechos a seguir da obra de Guimarães Rosa, A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA, e responda às questões: "E o camarada Quim sabia disso, tanto que foi se encostando de medo que ele entrou. Tinha poeira até na boca. Tossiu. - Levanta e veste a roupa, meu patrão Nhô Augusto, que eu tenho uma novidade meia ruim, p'ra lhe contar. E tremeu mais, porque Nhô Augusto se erguia de um pulo e num átimo se vestia. Só depois de meter na cintura o revólver, foi que interpelou. dente em dente. - Fala tudo! Quim Recadeiro gaguejou suas palavras poucas, e ainda pôde acrescentar: - ...Eu podia ter arresistido, mas era negócio de honra, com sangue só p'ra o dono, e pensei que o senhor podia não gostar... - Fez na regra, e feito! Chama os meus homens! Dali a pouco, porém, tornava o Quim, com nova desolação: os bate-pés não vinham... Não queriam ficar mais com Nhô Augusto... O Major Consilva tinha ajustado, um e mais um, os quatro, para seus capangas, pagando bem. (...) O cavalo de Nhô Augusto obedeceu para diante; as ferraduras tiniram e deram fogo no lajedo; e o cavaleiro, em pé nos estribos, trouxe a taca no ar, querendo a figura do velho. Mas o Major piscou, apenas, e encolheu a cabeça, porque mais não era preciso, e os capangas pulavam de cada beirada, e eram só pernas e braços. - Frecha, povo! Desmancha!" 38. Observe, com atenção, nos fragmentos a seguir, as expressões em maiúsculo: "...porque Nhô Augusto se erguia e NUM ÁTIMO se vestia." " - ...Eu podia ter arresistido, mas era negócio DE HONRA, COM SANGUE só p'ra o dono..." "- FEZ NA REGRA, E FEITO!" "... as ferraduras tiniram e DERAM FOGO no lajedo..." Aponte a alternativa que, respectivamente, substitui as expressões em maiúsculo, do ponto de vista do significado. a) Num abrir e fechar de olhos, de pureza, com morte, fez conforme o combinado, faiscaram. b) Em parte, de brio, com ferimento, agiu de acordo com o costume, brilharam. c) Em curto espaço de tempo, de brio, com morte, agiu de acordo com o costume, faiscaram. d) Em parte, de grandeza, com ferimento, desobedeceu às normas, riscaram. e) Em curto espaço de tempo, de glória, com resistência, fez conforme o combinado, acenderam. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufrs 2001) Até algum tempo atrás, imaginava-se que um cérebro jovem, em sua plena vitalidade biológica, £fosse muito mais poderoso e criativo do que um outro já maduro e desgastado pela idade. A matemática fornecia o maior dos ¤argumentos para os defensores dessa teoria: quase todas as grandes equações matemáticas foram propostas ou decifradas por gente com menos de 30 anos. Albert Einstein tinha apenas 26 anos "quando apresentou sua Teoria Geral da Relatividade - a mais revolucionária de todas as elaborações matemáticas, que lhe valeu o Prêmio Nobel de Física, quinze anos ¦depois. O argumento é forte, porém ele se baseia numa idéia ultrapassada __1__ respeito da mente humana. As novas §descobedas estão mostrando que a inteligência não se limita__2__ capacidade de raciocínio lógico, necessária para propor ou resolver uma ¨complicada equação matemática. Os testes de Ql, um dos antigos parâmetros usados para medir a inteligência, já não servem ©mais para avaliar a capacidade cerebral de uma pessoa. A inteligência é muito mais que ªisso. ¢¡É uma soma inacreditável de fatores, que inclui ¢¢até os emocionais. Uma pessoa excessivamente tímida ou muito agressiva terá problemas para conseguir um bom emprego, __3__ na profissão ou ter bom relacionamento familiar, por maior que seja seu Ql. O que os novos estudos estão mostrando ¢£no momeno é que ¢£um cérebro jovem ¢¤tende, sim, a ser mais ¢¥inovador e ¢¦revolucionário. Mas, como um bom vinho ou uma boa idéia, ¢§ele também ¢¨pode ¢©amadurecer e melhorar com o tempo. Basta ¢ªser estimulado. (Adaptado de: GUARACY, Thales; RAMALHO, Cristina. "Veja",19 de agosto de 1998.) 39. Assinale a alternativa que contém uma palavra que poderia substituir "complicada" (ref. 7) no texto, sem alteração do significado da frase em que ela se insere. a) intrincada b) estratificada c) imbricada d) diferenciada e) multifacetada TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufc 2001) MEIO-DIA (2) O sol tomba, vertical, dos edifícios. Ardem os muros perfilados. Os objetos vomitam cores, embriagados. 17 O vermelho dos sinais ri, em chamas, para os carros. Na calçada, a luz lambe as coxas da garota, penetra no blue-jeans os manequins, irriga de calor a angústia dos homens. (Tudo se queima, tudo se consome, tudo arde infinito.) Ó súbita revelação: o sol me aponta o carvão íntimo das coisas, negro coração batendo na claridade. (ESPÍNOLA, Adriano. "Beira-Sol". Rio de Janeiro: Topbooks, 1999. p.72-73) 40. Marque V ou F, conforme seja verdadeira ou falsa a relação entre a passagem do texto e sua interpretação. 1. ( ) O sol tomba, / vertical, (v.1-2) - O sol desaba no horizonte. 2. ( ) Os objetos vomitam cores, / embriagados. (v. 56) - O reflexo da luz é intenso e difuso. 3. ( ) O vermelho dos sinais ri, / em chamas, / para os carros. (v. 7-9) - Os semáforos congestionam o fluxo dos carros. A seqüência correta se encontra na alternativas: a) F - V - V b) F - V - F c) V - F - V d) V - V - F e) V - F - F TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Fuvest 98) Olhava mais era para Mãe. Drelina era bonita, a Chica, Tomezinho. Sorriu para Tio Terêz: - "Tio Terêz, o senhor parece com Pai ..." Todos choravam. O doutor limpou a goela, disse: - "Não sei, quando eu tiro esses óculos, tão fortes, até meus olhos se enchem d'água..." Miguilim entregou a ele os óculos outra vez. Um soluçozinho veio. Dito e a Cuca Pingo-de-Ouro. E o Pai. SEMPRE ALEGRE, MIGUILIM ... SEMPRE ALEGRE, MIGUILIM ... Nem sabia o que era alegria e tristeza. Mãe o beijava. A Rosa punha-lhe doces-de-leite nas algibeiras, para a viagem. Papaco-o-Paco falava, alto, falava. (in "Manuelzão e Miguilim"; João Guimarães Rosa) 41. "Não sei, quando eu tiro esses óculos, tão fortes, ATÉ meus olhos se enchem d'água..." O valor semântico de ATÉ coincide com o do texto em: a) Me disseram que na casa dele ATÉ cachorro sabe padre-nosso. b) Bebeu uma bagaceira, saiu para a rua, sob a chuva intensa, andou ATÉ a segunda esquina, atravessou a avenida... . c) ATÉ então, ele não inquietava os investidores, uma vez que era utilizado para financiar investimentos. d) Não sei se poderei esperar ATÉ a próxima semana. e) Foi ATÉ a sala e retornou. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES. (Unirio 99) Combate no escuro 1 É sempre surpreendente a capacidade de alguns enxadristas para visualizar, com várias jogadas de antecedência, aquilo que o comum dos mortais não enxerga nem mesmo quando a peça já foi movida no tabuleiro. Esse talento, comum a todos os profissionais de vários jogos e também compartilhado por alguns amadores brilhantes, é ainda mais surpreendente quando exercido sem ter sequer o apoio visual do tabuleiro, ou seja, inteiramente às cegas. 2 Nesse tipo de disputa, é comum um dos parceiros atuar normalmente, olhando e movendo suas peças, enquanto o adversário faz seus lances mentalmente. Este não pode nem observar as posições resultantes das jogadas. Trabalha o tempo todo no escuro. 3 Há, entretanto, uma modalidade que é quase um ultraje à capacidade de processamento de um cérebro comum. Trata-se da simultânea às cegas, isto é, um só jogador disputando, sem olhar, várias partidas diferentes ao mesmo tempo, contra oponentes que jogam individualmente, todos acompanhando os respectivos tabuleiros. 4 Confrontos de xadrez bizarros assim já foram várias vezes organizados, sobretudo para remunerar profissionais talentosos e necessitados, e a quantidade de partidas concomitantes começou a inflacionar. O americano Harry Nelson Pillsbury (1872 - 1906) jogou 21 partidas contra adversários dos bons, durante um torneio em Hannover, Alemanha, em 1902. Pillsbury deixava até que os outros jogadores se consultassem mutuamente sobre os melhores lances e os tentassem previamente, mexendo as peças sobre os tabuleiros. (...) 5 Isso, claro, é para poucos. Mas existe um curioso meio-termo entre a partida às cegas e a normal, bem mais palatável para gente como a gente. É uma variedade excêntrica do xadrez, chamada "Kriegspiel", 18 que você pode adaptar para outros jogos de tabuleiro, desde que conheça a idéia fundamental, muito simples. 6 Além de dois jogadores, é preciso uma terceira pessoa para atuar como juiz. Os dois primeiros sentam-se de costas um para o outro, cada qual com um tabuleiro e somente as suas próprias peças. Entre eles, posiciona-se o juiz, que terá um terceiro tabuleiro e as peças de ambos os contendores. 7 A cada lance, o juiz move a respectiva peça no seu tabuleiro e avisa ao adversário que o deslocamento foi feito. Se a jogada não estiver dentro das regras, limitase a dizer "não pode" - e solicita outra opção. (...) (Luis Dal Monte Neto - REVISTA SUPERINTERESSANTE) 42. "... visualizar, com várias jogadas de antecedência, "(par.1) implica, respectivamente: a) criatividade, raciocínio, conhecimento. b) criatividade, dedução, raciocínio. c) lógica, memória, observação. d) conhecimento, raciocínio, dedução. e) dedução, observação, lógica. 43. "e a quantidade de partidas concomitantes começou a INFLACIONAR". (par.4) Na passagem acima, a palavra destacada pode ser substituída, sem perda do sentido, por: a) viabilizar. b) surgir. c) aumentar. d) valorizar. e) dissipar. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ita 2003) (...) As angústias dos brasileiros em relação ao português são de duas ordens. Para uma parte da população, a que não teve acesso a uma boa escola e, mesmo assim, conseguiu galgar posições, o problema é sobretudo com a gramática. É esse o público que consome avidamente os fascículos e livros do professor Pasquale, em que as regras básicas do idioma são apresentadas de forma clara e bem-humorada. Para o segmento que teve oportunidade de estudar em bons colégios, a ¢principal dificuldade é com clareza. É para satisfazer a essa demanda que um novo tipo de profissional surgiu: o professor de português especializado em adestrar funcionários de empresas. Antigamente, os cursos dados no escritório eram de gramática básica e se destinavam principalmente a secretárias. De uns tempos para cá, eles passaram a atender primordialmente gente de nível superior. Em geral, os professores que atuam em firmas são acadêmicos que fazem esse tipo de trabalho esporadicamente para ganhar um dinheiro extra. "É fascinante, porque deixamos de viver a teoria para enfrentar a língua do mundo real", diz Antônio Suárez Abreu, livre-docente pela Universidade de São Paulo (...) (JOÃO GABRIEL DE LIMA. "Falar e escrever, eis a questão". VEJA, 7/11/2001, n. 1725) 44. Considerando que o autor do texto apresenta os fatos a partir da perspectiva daqueles que procuram um curso de língua portuguesa, aponte o sentido que a palavra "demanda" assume no texto. a) busca b) necessidade c) exigência d) pedido e) disputa 45. (Fuvest 2002) A frase em que a palavra destacada preserva o sentido com que foi empregada no texto é: a) Na mais sumária RELAÇÃO das virtudes humanas não deixará de constar a sinceridade. b) Sobretudo os POBRES sentem o peso do que seja banimento ou discriminação. c) É por vezes difícil a DISCRIMINAÇÃO entre tolerância e menosprezo. d) Enfrentar a CONTRADIÇÃO é sempre um grande passo para o nosso crescimento. e) Se TRADUZIR é difícil, mais difícil é o diálogo entre pessoas que se mascaram na mesma língua. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES. (Fuvest 2002) A característica da relação do adulto com o velho é a falta de reciprocidade que se pode traduzir numa tolerância sem o calor da sinceridade. Não se discute com o velho, não se confrontam opiniões com as dele, negando-lhe a oportunidade de desenvolver o que só se permite aos amigos: a alteridade, a contradição, o afrontamento e mesmo o conflito. Quantas relações humanas são pobres e banais porque deixamos que o outro se expresse de modo repetitivo e porque nos desviamos das áreas de atrito, dos pontos vitais, de tudo o que em nosso confronto pudesse causar o crescimento e a dor! Se a tolerância com os velhos é entendida assim, como uma abdicação do diálogo, melhor seria dar-lhe o nome de banimento ou discriminação. (Ecléa Bosi, "Memória e sociedade" Lembranças de velhos) 46. O termo ALTERIDADE liga-se, pelo radical e pelo sentido, a uma palavra que aparece no trecho: a) falta de reciprocidade. b) não se confrontam opiniões. c) que o outro se expresse. d) nos desviamos das áreas de atrito. e) abdicação do diálogo. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Fuvest 2000) Óbito autor do 19 Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. (Machado de Assis, "Memórias póstumas de Brás Cubas", Capítulo primeiro) 47. No texto, o particípio SUPOSTO expressa uma idéia de a) causa. b) finalidade. c) tempo. d) concessão. e) conformidade. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES. (Uel 2001) A cerveja A versão nacional de sexo, drogas e "rock and roll" é samba, suor e cerveja. A famosa loura gelada se configurou como a bebida número 1 quando as indústrias perceberam que era necessário associar um conceito que estimulasse as vendas. Como as marcas que patrocinam esportes, as campanhas publicitárias de cerveja agregaram ao ato de beber a idéia de lazer em grupo. Ao contrário da pinga, ela é uma bebida para ser compartilhada e, com isso, se traduziu como um instrumento de alegria coletiva, uma espécie de combustível que faz aflorar a característica da festividade do caráter nacional. "Cerveja é amizade, confraternização e descontração, enfim, valores muito próximos de nós brasileiros", define Marcos Mesquita, superintendente do Sindicerv, Sindicato das Indústrias Cervejeiras. Da década de 80 para a de 90, os fabricantes enterraram de vez o caráter artesanal da cerveja. Pequenas produtoras foram compradas e as marcas tradicionais investiram em sistemas de produção mais eficientes, o que ajudou a baratear o custo do produto e aumentar o volume de vendas. Colocá-la como patrocinadora das festas de carnaval foi a estratégia definitiva para alçá-la de vez a paixão nacional. A cerveja é hoje o produto nacional que mais contribui para as receitas públicas, cerca de R$5,5 bilhões por ano, superando os carros e o cigarro. ("Veja", Edição Especial, nŽ 1578, 29/12/99.) 48. "... as indústrias perceberam que era necessário associar um CONCEITO que estimulasse as vendas." Segundo o texto, esse conceito seria: a) A bebida número 1. b) A loura gelada. c) O "rock and roll." d) O samba. e) O lazer em grupo. 49. "Ao contrário da pinga, ela é uma bebida para compartilhada e, com isso, se traduziu como instrumento de alegria coletiva, uma espécie combustível que faz AFLORAR a característica festividade do caráter nacional." ser um de da "Colocá-la como patrocinadora das festas de carnaval foi a estratégia definitiva para ALÇÁ-LA de vez a paixão nacional." Observados ajustes necessários, as expressões AFLORAR E ALÇÁ-LA podem ser substituídas, sem alteração do sentido do texto, por: a) emergir - elevá-la à condição de b) delinear - torná-la alta c) reiterar - transformá-la d) vir à tona - divulgá-la e) enterrar - subestimá-la TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES. (Faap 96) OS DESASTRES DE SOFIA Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele. O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio de ouro encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com os colegas, interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia, vermelho: - Cale-se ou expulso a senhora da sala. Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar! Ele não mandava, senão estaria me obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o amava como a mulher que eu seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um adulto, com a cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão curvos. (...) Clarice Lispector 50. "Óculos sem aro ... ENCIMANDO o nariz grosso e romano." ENCIMANDO, no texto, é: a) colocando em cima b) escondendo parte de 20 c) ocultando o todo d) ornamentando e) tirando o brilho 51. EXASPERAVA, do verbo exasperar não é outra coisa, senão: a) humilhar b) vilipendiar c) obstar d) surpreender e) enfurecer TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Fatec 2002) AS COUSAS DO MUNDO Neste mundo é mais rico o que mais rapa: Quem mais limpo se faz, tem mais carepa; Com sua língua, ao nobre o vil decepa: O velhaco maior sempre tem capa. Mostra o patife da nobreza o mapa: Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; Quem menos falar pode, mais increpa; Quem dinheiro tiver, pode ser Papa. A flor baixa se inculca por tulipa; Bengala hoje na mão, ontem garlopa. Mais isento se mostra o que mais chupa. Para a tropa do trapo vazo a tripa E mais não digo, porque a Musa topa Em apa, epa, ipa, opa, upa. (Gregório de Matos Guerra, "Seleção de Obras Poéticas") 52. Devido quer aos hábitos lingüísticos quer às preferências literárias de sua época, o autor vale-se de algumas palavras e expressões que poderiam ser "traduzidas" para uma forma contemporânea e mais corrente. Assinale a alternativa em que aparece o equivalente de sentido adequado ao contexto: a) "[...] ao nobre o vil decepa"= o nobre corta o mal pela raiz. b) "[...] é mais rico o que mais rapa"= é tanto mais rico aquele que rouba mais. c) "Quem mais limpo se faz, tem mais carepa"= quem mais se limpa, mais perde cabelos. d) "O velhaco maior sempre tem capa"= idosos têm mais necessidade de agasalho. e) "A flor baixa se inculca por tulipa"= a flor rasteira teima em crescer mais alto. férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. 2 Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado, mesmo, é muito difícil. 3 Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda, decidida, ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição. 4 Quem não tem namorado não é quem não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim pode não ter namorado. (...) 5 Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d'água show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.(...) 6 Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e de medo, ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. (...) 7 Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. 8 Enlou-cresça." (ANDRADE, Carlos Drummond de. "Obra completa". Rio, Aguilar, 1982.) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufrrj 2001) "NAMORADO: TER OU NÃO, É UMA QUESTÃO 53. "Enlou-cresça." (par.8) O neologismo em questão sintetiza o seguinte pensamento: a) só é possível crescer se a vida não fizer nenhum sentido. b) o sentido da vida se constrói a partir do crescimento intelectual. c) crescimento e loucura são considerados processos incompatíveis. d) o sentido da vida se dá pela tensão entre crescimento e loucura. e) o sentido da vida é construído por meio da loucura. 1 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO Quem não tem namorado é alguém que tirou 21 (Fuvest 94) COCURUTO GOLS DE O melhor momento do futebol para um tático é o minuto de silêncio. É quando os times ficam perfilados, cada jogador com as mãos nas costas e mais ou menos no lugar que lhes foi designado no esquema - e parados. Então o tático pode olhar o campo como se fosse um quadro negro e pensar no futebol como alguma coisa lógica e diagramável. Mas aí começa o jogo e tudo desanda. Os jogadores se movimentam e o futebol passa a ser regido pelo imponderável, esse inimigo mortal de qualquer estrategista. O futebol brasileiro já teve grandes estrategistas cruelmente traídos pela dinâmica do jogo. O Tim, por exemplo. Tático exemplar, planejava todo o jogo numa mesa de botão. Da entrada em campo até a troca de camisetas, incluindo o minuto de silêncio. Foi um técnico de sucesso mas nunca conseguiu uma reputação no campo à altura de sua reputação no vestiário. Falava um jogo e o time jogava outro. O problema do Tim, diziam todos, era que seus botões eram mais inteligentes do que seus jogadores. (L. F. Veríssimo, O Estado de São Paulo, 23/08/93) 54. As expressões que retomam, no texto, o segmento "o melhor momento do futebol" são a) os times ficam perfilados - aí. b) é quando - então. c) aí - os jogadores se movimentam. d) o tático pode olhar o campo - aí. e) é quando - começa o jogo. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufba 96) O SINO DE OURO 1 Contaram-me que, no fundo do sertão de Goiás, numa localidade de cujo nome não estou certo, mas acho que é Porangatu, que fica perto do rio de Ouro e da serra de Santa Luzia, ao sul da serra Azul - mas também pode ser Uruaçu, junto do rio das Almas e da serra do Passa Três (minha memória é traiçoeira e fraca; eu esqueço os nomes das vilas e a fisionomia dos irmãos, esqueço os mandamentos e as cartas e até a amada que amei com paixão) -, mas me contaram que em Goiás, nessa povoação de poucas almas, as casas são pobres e os homens pobres, e muitos são parados e doentes e indolentes, e mesmo a igreja é pequena, me contaram que ali tem - coisa bela e espantosa - um grande sino de ouro. 2 Lembrança de antigo esplendor, gesto de gratidão, dádiva ao Senhor de um grã-senhor - nem Chartres, nem Colônia, nem S. Pedro ou Ruão, nenhuma catedral imensa com seus enormes carrilhões tem nada capaz de um som tão lindo e puro como esse sino de ouro, de ouro catado e fundido na própria terra goiana nos tempos de antigamente. 3 É apenas um sino, mas é de ouro. De tarde seu som vai voando em ondas mansas sobre as matas e os cerrados, e as veredas de buritis, e a melancolia do chapadão, e chega ao distante e deserto carrascal, e avança em ondas mansas sobre os campos imensos, o som do sino de ouro. E a cada um daqueles homens pobres ele dá cada dia sua ração de alegria. Eles sabem que de todos os ruídos e sons que fogem do mundo em procura de Deus - gemidos, gritos, blasfêmias, batuques, sinos, orações, e o murmúrio temeroso e agônico das grandes cidades que esperam a explosão atômica e no seu próprio ventre negro parecem conter o germe de todas as explosões - eles sabem que Deus, com especial delícia e alegria, ouve o som alegre do sino de ouro perdido no fundo do sertão. E então é como se cada homem, o mais pobre, o mais doente e humilde, o mais mesquinho e triste, tivesse dentro da alma um pequeno sino de ouro. 4 Quando vem o forasteiro de olhar aceso de ambição e propõe negócios, fala em estradas, bancos, dinheiro, obras, progresso, corrupção - dizem que esses goianos olham o forasteiro com um olhar lento e indefinível sorriso e guardam um modesto silêncio. O forasteiro de voz alta e fácil não compreende; fica, diante daquele silêncio, sem saber que o goiano está quieto, ouvindo bater dentro de si, com um som de extrema pureza e alegria, seu particular sino de ouro. E o forasteiro parte, e a povoação continua pequena, humilde e mansa, mas louvando a Deus com sino de ouro. Ouro que não serve para perverter, nem o homem nem a mulher, mas para louvar a Deus. 5 E se Deus não existe não faz mal. O ouro do sino de ouro é neste mundo o único ouro de alma pura, o ouro no ar, o ouro da alegria. Não sei se isso acontece em Porangatu, Uruaçu ou outra cidade do sertão. Mas quem me contou foi um homem velho que esteve lá; contou dizendo: " eles têm um sino de ouro e acham que vivem disso, não se importam com mais nada, nem querem mais trabalhar; fazem apenas o essencial para comer e continuar a viver, pois acham maravilhoso ter um sino de ouro ". 6 O homem velho me contou isso com espanto e desprezo. Mas eu contei a uma criança e nos seus olhos se lia seu pensamento: que a coisa mais bonita do mundo deve ser ouvir um sino de ouro. Com certeza é esta mesma a opinião de Deus, pois ainda que Deus não exista ele só pode ter a mesma opinião de uma criança. Pois cada um de nós quando criança tem dentro da alma seu sino de ouro que depois, por nossa culpa e miséria e pecado e corrupção, vai virando ferro e chumbo, vai virando pedra e terra, e lama e podridão. BRAGA, Rubem. A BORBOLETA AMARELA: CRÔNICAS. 3 ed. Rio de Janeiro: Ed. do Autor, 1963. p.64-7. Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parênteses a soma dos itens corretos. 22 55. Há correspondência entre as expressões transcritas e o sentido sugerido, em: (01) "... fundo do sertão..." (p.1); "... deserto carrascal..." (p.3) - isolamento, grande distância. (02) "Lembrança de antigo esplendor..." (p.2); "... tempos de antigamente." (p.2) - passado remoto e indefinido. (04) "... murmúrio temeroso e agônico..." (p.3); "... ventre negro..." (p.3) - revolta e protesto. (08) "... olhar aceso de ambição..." (p.4); "... voz alta e fácil..." (p.4) - insensibilidade e esperteza. (16) "... olhar lento e indefinível sorriso..."(p.4); "... modesto silêncio." (p.4) - ironia e falta de comunicação. Soma ( ) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Unirio 2002) LUZ DO SOL Luz do sol, Que a folha traga e traduz Em verde novo, em folha, em graça, Em vida, em força e em luz Céu azul, Que vem até aonde os pés tocam a terra E a terra expira e exala seus azuis. Reza, reza o rio, Córrego pro rio, O rio pro mar. Reza a correnteza, Roça a beira, Doura a areia. Marcha o homem sobre o chão, Leva no coração uma ferida acesa. Dono do sim e do não Diante da visão da infinita beleza Finda por ferir com a mão essa delicadeza, A coisa mais querida: A glória da vida. (Caetano Veloso) 56. No verso "Que a folha TRAGA e TRADUZ", os vocábulos destacados correspondem, semanticamente, a: a) absorve e transforma b) interage e insere c) engloba e exala d) dissipa e reflete e) dizima e capta TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Cesgranrio 2000) ANTES DO NOME Não me importa a palavra, esta corriqueira. Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, os sítios escuros onde nasce o "de", o "aliás", o "o", o "porém" e o "que", esta incompreensível muleta que me apóia. Quem entender a linguagem entende Deus cujo Filho é Verbo. Morre quem entender. A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surdamuda, foi inventada para ser calada. Em momentos de graça, infreqüentíssimos, se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão. Puro susto e terror. (Adélia Prado - "Bagagem") 57. "Não me importa a palavra, esta corriqueira." (v.1) No contexto do poema, CORRIQUEIRA pode ser entendida como: a) fugaz. b) ligeira. c) fugidia. d) trivial. e) veloz. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Fei 99) "Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de FINADO. Escrevi-a com a pena da GALHOFA e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse CONÚBIO. Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências de puro romance, ao passo que a gente FRÍVOLA não achará nele seu romance usual; ei-lo aí fica PRIVADO da estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião". 58. Observe as palavras em destaque no texto: "finado", "galhofa", "conúbio", "frívolo" e "privado". Assinale a alternativa que oferece sinônimos INCORRETOS ao significado que as palavras possuem no contexto em que aparecem: a) finado: defunto, falecido b) galhofa: gracejo, zombaria c) conúbio: aliança, união d) frívola: fútil, volúvel e) privado: pessoal, particular TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES. (Cesgranrio 95) Por amor à Pátria 23 1 O que é mesmo a Pátria? 2 Houve, com certeza, uma considerável quantidade de brasileiros(as) que, na linha da própria formação, evocaram a Pátria com critérios puramente geográficos: uma vastíssima porção de terra, delimitada, porém, por tratados e convenções. Ainda bem quando acrescentaram: a Pátria é também o Povo, milhões de homens e mulheres que nasceram, moram, vivem, dentro desse território. 3 Outros, numerosos, aprimoraram essa noção de Pátria e pensaram nas riquezas e belezas naturais encerradas na vastidão da terra. Então, a partir das cores da bandeira, decantaram o verde das florestas, o azul do firmamento espelhado no oceano, o amarelo dos metais escondidos no subsolo. Ufanaram-se legitimamente do seu país ou declararam, convictos, aos filhos jovens, que jamais hão-de ver país como este. 4 Foi o que fizeram todos quantos procuraram a Pátria no quase meio milênio da História do Brasil, complexa e fascinante História de conquistas e reveses, de "sangue, suor e lágrimas", mas também de esperanças e de realizações. Evocaram gestos heróicos, comovedoras lendas e sugestivas tradições. 5 Tudo isso e o formidável universo humano e sacrossanto que se oculta debaixo de tudo isso constituem a Pátria. Ela é história, é política e é religião. Por isso é mais do que o mero território. É algo de telúrico. É mais do que a justaposição de indivíduos, mas reflete a pulsação da inenarrável história de cada um. 6 A Pátria é mais do que a Nação e o Estado e vem antes deles. A Nação mais elaborada e o Estado mais forte e poderoso, se não partem da noção de Pátria e não servem para dar à Pátria sua fisionomia e sua substância interior, não têm todo o seu valor. 7 Por último, quero exprimir, com os olhos fixos na Pátria, o seu paradoxo mais estimulante. De um lado, ela é algo de acabado, que se recebe em herança. 8 Por outro lado, ela nunca está definitivamente pronta. Está em construção e só é digno dela quem colabora, em mutirão, para ir aperfeiçoando o seu ser. Independente, ela precisa de quem complete a sua independência. Democrática, ela pertence a quem tutela e aprimora a democracia. Livre, ela conta com quem salvaguarda a sua liberdade. E sobretudo, hospitaleira, fraterna, aconchegante, cordial, ela reclama cidadãos e filhos que a façam crescer mais e mais nestes atributos essenciais de concórdia, equilíbrio, harmonia, que a fazem inacreditavelmente Pátria - e me dá vontade de dizer, se me permitem criar um neologismo, inacreditavelmente Mátria. 9 Pensando bem, cada brasileiro, quem quer que seja, tem o direito de esperar que os outros 140 milhões de brasileiros sejam, para ele, Pátria. Dom Lucas Moreira Neves (adaptação) JORNAL DO BRASIL - 08/09/93 59. No texto, as expressões "Ainda bem" (parágrafo 1) e "Então" (parágrafo 2) podem ser substituídas, respectivamente, sem prejuízo semântico, por: a) Finalmente e Portanto. b) Felizmente e Por isso. c) Embora e Por conseguinte. d) Por sorte e Conquanto. e) Malgrado e Porquanto. 60. Os termos a seguir: "telúrico" (parágrafo 5) e "paradoxo" (parágrafo 7) poderiam ser substituídos, sem que se alterasse o sentido do texto, respectivamente, por: a) relativo ao sangue / eixo. b) relativo à magia / dualidade. c) relativo à energia / alternativa. d) relativo ao solo / contra-senso. e) relativo ao positivismo / contraposição. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Puc-rio 99) A TERCEIRA MARGEM DO RIO 1 Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas pessoas sensatas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava ¢no diário com a gente - minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa. 2 Era a sério. §Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada, escolhida forte e arquejada em rijo, própria para dever durar na água por uns vinte ou trinta anos. Nossa mãe jurou muito contra a idéia. Seria que, ele, que nessas artes não vadiava, se ia propor agora para pescarias e caçadas? ¦Nosso pai nada não dizia. Nossa casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da outra beira. E esquecer não posso, do dia em que a canoa ficou pronta. 3 Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez nenhuma recomendação. Nossa mãe, a gente achou que ela ia ¥esbravejar, mas persistiu somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou: "-Cê vai, ocê fique, você nunca volte!" ©Nosso pai suspendeu a resposta. Espiou manso para mim, me acenando de vir também, por uns passos. Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito. ¨O rumo daquilo me animava, chega que um propósito perguntei: - "Pai, o senhor me leva junto, nessa sua canoa?" ¥Ele só retornou o olhar em mim, e me £botou a bênção, com gesto me mandando para ¤trás. Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato, para saber. Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a 24 canoa saiu se indo - a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida longa. (Guimarães Rosa, J. FICÇÃO COMPLETA. Rio de Janeiro, Ed. Nova Aguilar, 1994, p.409.) 61. I - "No diário" (ref.1) é o mesmo que "no cotidiano". II - "Botou" (ref.2) é um antônimo informal de "deu". III - "Trás" (ref.3) tem um homônimo de classe diferente. IV - "Esbravejar" (ref.4) é sinônimo perfeito de "irritarse". Assinale a opção que apresenta as afirmações corretas. a) I, II e III, somente. b) II, III e IV, somente. c) II e IV, somente. d) Todas estão corretas. e) I e III, somente. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufpe 96) A língua é a nacionalidade do pensamento como a pátria é a nacionalidade do povo. Da mesma forma que instituições justas e racionais revelam um povo grande e livre, uma língua pura, nobre e rica, anuncia a raça inteligente e ilustrada. Não é obrigando-a a estacionar que hão de manter e polir as qualidades que porventura ornem uma língua qualquer; mas sim fazendo que acompanhe o progresso das idéias e se molde às novas tendências do espírito, sem contudo perverter a sua índole a abastardar-se." (José de Alencar) Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parênteses (V) se for verdadeiro ou (F) se for falso. 62. Em "...raça inteligente e ILUSTRADA." e "...PERVERTER a sua índole e ABASTARDAR-SE.", os termos em destaque podem significar, respectivamente: ( ) que tem gravuras ou ilustrações / desvirtuar / abastecer-se; ( ) instruída / corromper / degenerar-se; ( ) digna de louvor / transtornar / prover do necessário; ( ) distinta / complicar / fazer perder a genuinidade; ( ) nobre / estabelecer / corromper-se. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Uerj 2001) RIOS SEM DISCURSO Quando um rio corta, corta-se de vez o discurso-rio de água que ele fazia; cortado, a água se quebra em pedaços, em poços de água, em água paralítica. Em situação de poço, a água equivale a uma palavra em situação dicionária: isolada, estanque no poço dela mesma, e porque assim estanque, estancada; e mais: porque assim estancada, muda, e muda porque com nenhuma comunica, porque cortou-se a sintaxe desse rio, o fio de água por que ele discorria. O curso de um rio, seu discurso-rio, chega raramente a se reatar de vez, um rio precisa de muito fio de água para refazer o fio antigo que o fez. Salvo a grandiloqüência de uma cheia lhe impondo interina outra linguagem, um rio precisa de muita água em fios para que todos os poços se enfrasem: se reatando, de um para outro poço, em frases curtas, então frase e frase, até a sentença-rio do discurso único em que se tem voz a seca ele combate. (NETO,João Cabral de Melo. "Antologia poética." Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.) 63. "Em situação de poço, a água equivale a uma palavra em situação dicionária:" Se, no poema, "poço" equivale a "dicionário", "rio" equivale ao seguinte elemento lingüística: a) texto b) verso c) regência d) vocabulário TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Uel 2001) Do riso ao trote Andamos cansados de assassinatos em escolas, aqui e nos Estados Unidos, de guerras estúpidas e de trotes violentos que, de vez em quando, terminam tragicamente. Mas acho que deveríamos ser menos cínicos, e começar a considerar normais essas coisas, a não ser que decidamos ir fundo e pôr em questão também outras formas de relacionamento humano que tendemos a considerar não problemáticas. Para começar, considere o caro leitor as piadas. Podem ser piadas relativas aos portugueses ou às loiras, mas as relativas aos homossexuais ou aos negros são exemplos mais evidentes. Freud acha que, quando fazemos uma piada, estamos de alguma maneira substituindo uma agressão física por uma agressão verbal, mesmo que a piada obrigue essa agressão a ser indireta. Se seguirmos Freud, admitiremos que o desejo de destruição do outro de qualquer um que seja diferente - só não é posto em prática por repressão, dito de outra maneira, como efeito de civilização, que é em grande parte um conjunto de tecnologias para controlar pulsões, instintos. A distância entre uma guerra e uma piada racista é grande, certamente, mas ambas pertencem à mesma linhagem: são uma forma de agredir o outro, de expressar a certeza de que o outro não é como nós. 25 Jogar calouros que não sabem nadar numa piscina, durante um trote - ou convidados em festas caseiras - é, para muitos, apenas uma diversão. Pode ser verdade que não haja nenhuma intenção - consciente - de provocar a morte de alguém. Mas fica uma pergunta incômoda: por que divertir-se jogando os outros na água? Mudo de cena, sem trocar de tema. Nos domingos à tarde, num dos programas mais assistidos da televisão brasileira, um ponto alto são as "vídeo-cassetadas": em geral são cenas domésticas nas quais ocorre pequeno acidente inesperado. A sagrada família brasileira se diverte, o povo mais pacífico do mundo chora de tanto rir. Ri de alguém que se arrebenta, que corre risco de ferimentos, que sofre humilhações diante de platéias que se tornaram multidões por via da televisão. Um espetáculo de puro - pequeno? - sadismo. Depois alguém dá um tiro em alguém por nada (por dá cá aquela palha, dir-se-ia) e todos nos horrorizamos, não entendemos de onde vem tanta violência. Ora, vem de dentro de nós, de todos nós. Se não cuidamos disso todos os dias, se não cultivamos a leveza e a delicadeza, só nos divertiremos com muito álcool, algum pó e alguém jogado na água. E se ele morrer, diremos que só estávamos nos divertindo um pouco. Não sabemos mais nada. Nem a semântica de "só". (Adaptado de: POSSENTI, Sírio. " Mal comportadas línguas". Curitiba: Criar Edições, 2000. p.117-9.) 64. "Pode ser verdade que não haja nenhuma intenção consciente - de provocar a morte de alguém." O autor destaca a palavra CONSCIENTE na frase acima para: a) Indicar que pode haver aí, na verdade, uma intenção inconsciente de destruir outras pessoas. b) Enfatizar a idéia de que devemos estar conscientes dos nossos atos. c) Reforçar a idéia de negação expressa em "não haja" e "nenhuma". d) lndicar que as pessoas agem de forma leviana em festas e trotes. e) Destacar um comportamento inesperado em ocasiões festivas. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Pucpr 2001) Samba triste A bossa nova ficou mais triste com a partida de mais um dos seus mestres. Depois de Antônio Carlos Jobim e Vinícius Moraes, Baden Powell deixou o mundo em saudade. Faleceu, no passado dia 26, vítima de uma septicémia, após dois meses de internamento, numa clínica no Rio de Janeiro. A sua música ficou. Portugal tem Carlos Paredes, o Brasil tem Baden Powell. Comparáveis pelo virtuosismo, pela criatividade, pelo sentimento. Powell tinha a arte na ponta dos dedos. Revolucionou a forma de tocar violão, acrescentando-lhe saudade, beleza e ritmo. Deu de beber jazz ao samba e, na senda de Vinícius, Tom Jobim, João Gilberto, Stan Getz, entre outros, ajudou a criar a bossa nova. Está assim na gênese do movimento mais importante da música brasileira deste século. É, de certa forma, pai de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa, entre tantos outros. (HALPERN, Manuel. "Jornal de Letras, Artes e Idéias". Lisboa, 4 a 17 out. 2000, p. 5) (Nota: O texto SAMBA TRISTE, que presta homenagem ao sambista brasileiro Baden Powell, foi publicado em Portugal e por isso traz algumas novidades em relação ao português que se fala e se escreve no Brasil. No texto apresentado, as principais diferenças se encontram na acentuação gráfica: ANTÔNIO, SEPTICÉMIA, GÉNESE. Essas e outras discordâncias entre o português de Portugal e o do Brasil não serão, porém, objeto de questionamento nesta prova.) 65. Considerando apenas o sentido próprio, denotativo, e não o sentido figurado, conotativo, assinale a alternativa que contenha um sinônimo para a palavra SENDA: a) vereda. b) casa. c) banda. d) turma. e) companhia. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufrs 98) 1 Os processos da história mítica são francamente irracionais. Como se explica que, apesar do seu lúgubre estalinismo, Che Guevara tenha adquirido uma aura romântica que £ofusca a de qualquer outro herói do século 20, culminando hoje na sua santificação entre camponeses bolivianos? 2 Essa aura romântica ¤começou a se formar quando, abandonando uma prestigiosa posição no regime cubano, ¥se internou no Congo para lutar contra uma corrupta e sanguinária ditadura neocolonialista. E ¦tornou-se legendária em decorrência de sua trágica aventura na Bolívia. 3 Che Guevara morreu antes das duas idéias e, graças a isso, não só §escapou do eclipse histórico, como se transformou num dos símbolos e ícones da nossa época. Seus métodos eram autoritários, sua base teórica, extremamente superficial, e seu projeto econômico-social ¨fracassou miseravelmente. Imortalizou-o uma das qualidades mais raras e admiradas entre os homens - uma nobre e indômita coragem, exatamente o fascinante traço essencial do herói. O Che foi um herói do nosso tempo um tempo feito de mesquinho egoísmo e opaca 26 mediocridade. É natural que seja ¢especialmente venerado por jovens de classe média, da qual também ele provinha: encarna o herói que a maioria desses jovens gostaria de encarnar, mas não consegue. (Adaptado de: FREITAS, Décio. O PROFETA DA GUERRILHA. ZERO HORA, 13 de julho, 1997, p.19.) 66. Assinale a alternativa que apresenta sinônimos convenientes para as palavras "romântica", "indômita" e "venerado". a) poética - invencível - reverenciado b) fictícia - insensível - reverenciado c) amorosa - invencível - imitado d) poética - insensível - reverenciado e) amorosa - insensível - imitado TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Fuvest 91) - Primo Argemiro! E, com imenso trabalho, ele gira no assento, conseguindo pôr-se de-banda, meio assim. Primo Argemiro pode mais: transporta uma perna e se escancha no cocho. - Que é, Primo Ribeiro? - Lhe pedir uma coisa... Você faz? - Vai dizendo, Primo. - Pois então, olha: quando for a minha hora você não deixe me levarem p'ra o arraial... Quero ir mais é p'ra o cemitério do povoado... Está desdeixado, mas ainda é chão de Deus... Você chama o padre, bem em-antes... E aquelas coisinhas que estão numa capanga bordada, enroladas em papel-de-venda e tudo passado com cadarço, no fundo da canastra... se rato não roeu... você enterra junto comigo... Agora eu não quero mexer lá... Depois tem tempo... Você promete?... - Deus me livre e guarde, Primo Ribeiro... O senhor ainda vai durar mais do que eu. - Eu só quero saber é se você promete... - Pois então, se tiver de ser desse jeito de que Deus não há-de querer, eu prometo. - Deus lhe ajude, Primo Argemiro. E Primo Ribeiro desvira o corpo e curva ainda mais a cara. Quem sabe se ele não vai morrer mesmo? Primo Argemiro tem medo do silêncio. - Primo Ribeiro, o senhor gosta d'aqui?... - Que pergunta! Tanto faz... É bom p'ra se acabar mais ligeiro... O doutor deu prazo de um ano... Você lembra? - Lembro! Doutor apessoado, engraçado... Vivia atrás dos mosquitos, conhecia as raças lá deles, de olhos fechados, só pela toada da cantiga... Disse que não era das frutas e nem da água... Que era o mosquito que punha um bichinho amaldiçoado no sangue da gente... Ninguém não acreditou... Nem o arraial. Eu estive 1á com ele... - Primo Argemiro o que adianta... - ... E então ele ficou bravo, pois não foi? Comeu goiaba, comeu melancia da beira do rio, bebeu água do Pará e não teve nada... - Primo Argemiro... - ... Depois dormiu sem cortinado, com janela aberta... Apanhou a intermitente; mas o povo ficou acreditando... - Escuta! Primo Argemiro... Você está falando de-carreira, só para não me deixar falar! - Mas, então, não fala em morte Primo Ribeiro!... Eu, por nada que não queria ver o senhor se ir primeiro do que eu... - P'ra ver!... Esta carcaça bem que está agüentando... Mas, agora, já estou vendo o meu descanso, que está chega-não-chega, na horinha de chegar... - Não fala isso Primo!... Olha aqui: não foi pena ele ter ido s'embora? Eu tinha fé em que acabava com a doença... - Melhor ter ido mesmo... Tudo tem de chegar e de ir s'embora outra vez... Agora é a minha cova que está me chamando... Aí é que eu quero ver! Nenhumas ruindades deste mundo não têm poder de segurar a gente p'ra sempre, Primo Argemiro... - Escuta Primo Ribeiro: se alembra de quando o doutor deu a despedida p'ra o povo do povoado? Foi de manhã cedo, assim como agora... O pessoal estava todo sentado nas portas das casas, batendo queixo. Ele ajuntou a gente... Estava muito triste... Falou: - 'Não adianta tomar remédio, porque o mosquito torna a picar... Todos têm de se, mudar daqui... Mas andem depressa pelo amor de Deus!' -... -Foi no tempo da eleição de seu Major Vilhena... Tiroteio com três mortes... - Foi seis meses em-antes-de ela ir s'embora... De branco a mais branco, olhando espantado para o outro, Primo Argemiro se perturbou. Agora está vermelho, muito. Desde que ela se foi, não falaram mais no seu nome. Nem uma vez. Era como se não tivesse existido. E, agora... João Guimarães Rosa, "Sarapalha", do livro SAGARANA. 67. 'Você está falando de-carreira, só para não me deixar falar!' Qual o sentido da expressão de-carreira no contexto? a) repetindo as coisas b) de muita coisa ao mesmo tempo c) sem parar d) com muita pressa e) devagar demais TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Puccamp 97) Tribalização O continente africano, que tantas vezes e por tanto tempo já foi o espelho sombrio e espoliado dos 27 progressos da civilização ocidental, infelizmente continua sujeito a um processo que, no limite, resume-se a uma implosão civilizatória. Se os tempos são de globalização, o espelho de horrores africano coloca-nos diante da antítese mais extrema, a da tribalização. Chegam-se ao fim do século 20 com o mais velho continente mergulhado em conflitos étnicos, miséria, endemias e estagnação econômica. A situação tornou-se agora extremamente grave, e entre Zaire e Ruanda parece inevitável uma guerra aberta. Tudo sob o olhar distante e pouco interessado das grandes potências ocidentais. A própria ONU admite não ter acesso a 600 mil refugiados hutus no leste do Zaire e pediu fotos de satélite para identificar onde eles estariam. Segundo a comissária da União Européia, 1 milhão de pessoas podem morrer. Seria patético, se não fosse absolutamente trágico. A responsabilidade do Ocidente é inegável. Basta lembrar o antigo nome do Zaire, Congo Belga, para tomar consciência do passado colonialista que em muitos casos criou divisões geopolíticas e unidades de governo pouco ou nada coerentes com tradições tribais, étnicas ou mesmo territoriais. Infelizmente, uma parte relativamente grande da mídia e dos governantes dos países "civilizados" retrata os conflitos como puramente tribais, como se o genocídio africano não tivesse começado faz alguns séculos, sob o comando de potências colonialistas. Mais, parece evidente que a "tribalização", ou seja, a predominância de fatores locais, étnicos e de disputa territorial, nada mais é que o resultado de uma situação de estagnação e fome epidêmica em que boa parte do continente continua mergulhada em decorrência de seus sistemas econômicos, totalmente marginalizados da globalização. Lamentavelmente, a dívida em vidas, riqueza e cultura do Ocidente com a África tende apenas a crescer. (Adaptado da Folha de São Paulo, 31/10/96, 1-2.) 68. O continente africano, que tantas vezes e por tanto tempo já foi o espelho sombrio e ESPOLIADO dos progressos da civilização ocidental, infelizmente continua SUJEITO A um processo que, no limite, resume-se a uma IMPLOSÃO CIVILIZATÓRIA. Os termos em maiúsculo podem ser substituídos, sem prejuízo do sentido do texto, respectivamente, por a) despojado - vassalo - destruição do progresso. b) herdeiro - obediente a - extinção da civilização. c) cheio de restos - tema de - matança de toda uma civilização. d) roubado - o agente de - devastação de todas as civilizações. e) privado - submetido a - destruição do próprio cerne da civilização. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Fuvest 96) Em nossa última conversa, dizia-me o grande amigo que não esperava viver muito tempo, por ser um "cardisplicente" - O quê? - Cardisplicente. Aquele que desdenha do próprio coração. Entre um copo e outro de cerveja, fui ao dicionário. - "Cardisplicente" não existe, você inventou triunfei. - Mas se eu inventei, como é que não existe? espantou-se o meu amigo. Semanas depois deixou em saudades fundas companheiros, parentes e bem-amadas. Homens de bom coração não deveriam ser cardisplicentes. 69. Conforme sugere o texto, "cardisplicente" é a) um jogo fonético curioso, mas arbitrário. b) palavra técnica constante de dicionários especializados. c) um neologismo desprovido de indícios de significação. d) uma criação de palavra pelo processo de composição. e) termo erudito empregado para criar um efeito cômico. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufrn 2001) 1 Ouço muito: um bom texto deve ser claro e conciso. Não há dúvida de que a clareza é a principal qualidade do texto. Ser conciso, entretanto, é uma luta muito árdua. 2 Ser conciso é dizer o necessário com o mínimo de palavras, sem prejudicar a clareza da frase. É ser objetivo e direto. 3 E aqui está a nossa dificuldade. Nós, brasileiros, estamos habituados a falar muito e dizer pouco, a escrever mais que o necessário, a discursar mais para impressionar do que comunicar. 4 Para muitos, esse hábito começa na escola. É só fazer uma "sessão nostalgia" e voltarmos aos bons tempos de colégio, às gloriosas aulas em que o professor anunciava: "Hoje é dia de redação." Você se lembra da "alegria" que contagiava a turma? Você se lembra de algum coleguinha que dizia estar "inspirado"? Você se lembra de algum tema para a redação que tenha deixado toda a turma satisfeita? A verdade é que não aceitávamos tema algum. Pedíamos outro tema. Se o professor apresentasse vários temas, pedíamos "tema livre". E se fosse tema livre, exigíamos um. Era uma insatisfação total. Depois de muita briga, o tema era "democraticamente imposto". E aí vinha aquela tradicional pergunta: "Quantas linhas?" A resposta era ¢original: "No mínimo 25 linhas." Eu costumo dizer que 25 é um número traumático na vida do aluno. £A partir daquele instante, começava um verdadeiro drama na sua vida: "Meu reino pela 25• linha." Valia tudo para se ¤chegar lá. Desde as ridículas letras que "engordavam" repentinamente até a famosa "encheção de lingüiça". 28 5 E aqui pode estar a origem de tudo. Nós nos habituamos a "encher lingüiça". Pelo visto, há políticos que fizeram "pós-graduação" no assunto. São os mestres da prolixidade. Falam, falam e não dizem nada. Em algumas situações não têm o que dizer, às vezes não sabem explicar e muitas vezes precisam "enrolar". 6 O problema maior, entretanto, é que a doença atinge também outras categorias profissionais. 7 Vejamos três exemplos retirados de bons jornais: 1. "A largada será no Leme. A chegada acontecerá no mesmo local da partida." Cá entre nós, bastava ter escrito: "A largada e a chegada serão no Leme." 2. "O procurador encaminhou ofício à área criminal da Procuradoria determinando que seja investigado..." Sendo direto: "O procurador mandou investigar." 3. "A posição do Governo brasileiro é de que esgotem todas as possibilidades de negociação para que se alcance uma solução pacífica." Enxugando a frase: "O Brasil é a favor de uma solução pacífica." Exemplos não faltam, mas espaço sim. Por hoje é só. Prometo voltar ao assunto. (DUARTE, Sérgio Nogueira. "O Caso". Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 16 jan.2000. cad. BRASIL, p.14. [coluna LÍNGUA VIVA]) 70. No contexto em que está inserido, o vocábulo ORIGINAL (ref.1) indica o contrário de sua significação mais comum. Com base nessa constatação, pode-se afirmar que a resposta do professor era a) previsível. b) taxativa. c) exagerada. d) desestimulante. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufrs 98) "O futebol é muito maior do que a criação artística" 1 Por que cargas d'água o futebol não tem na literatura brasileira a correspondência de sua verdadeira dimensão na nossa sociedade? Na verdade, pode-se ... (I) ... essa questão ¨para todas as demais manifestações artísticas - música, cinema, teatro e artes plásticas. De ...(II)... muito, o futebol £se infiltrou de tal forma no ¤tecido social brasileiro que está presente no nosso dia-adia de maneira sufocante. Respirarmos futebol e falamos de futebol, quer gostemos ou não de futebol. Ele já faz parte da própria natureza do brasileiro. Mas isso não está devidamente expresso na poesia ou na prosa, nem impresso nas obras espalhadas pelas galerias de arte, tampouco projetado nas telas de cinema, representado devidamente nos palcos ou ¥capturado em seu rico gestual pelas coreografias de balé. 2 Talvez a resposta esteja com o professor, ensaísta, poeta, escritor e gênio em geral, Décio Pignatari, que, ©a propósito, me disse certa vez: "É que o futebol é muito maior do que a criação artística". 3 O que o mestre queria dizer, se ¦entendi, é que o futebol incorpora a graça do balé, a dinâmica do cinema, a expressão do ser e dos movimentos das artes plásticas; ele cria os mais inverossímeis personagens, tece as tramas mais insólitas que a ficção possa conceber e nos §derrama um belo verso, ªao menos, ... (III) ... cada partida. Assim, criou sua própria semântica, uma linguagem que dispensa as demais. (Adaptado de: HELENA JR., Alberto. O FUTEBOL É MUITO MAIOR DO QUE A CRIAÇÃO ARTÍSTICA. "Folha de São Paulo", 03 de setembro, 1997, p. 12, 3° caderno.) 71. Em muitas passagens do texto, o autor explora um uso mais abstrato de palavras que têm um significado mais concreto em outros contextos. Um exemplo disso é a utilização do verbo "esmagar" para dizer que um time esmagou outro, significando que venceu o outro com larga vantagem; nesse caso, o verbo não tem o significado concreto de destruição ou pressão física sobre um objeto. Este fenômeno ocorre com todas as palavras listadas a seguir, À EXCEÇÃO DE a) se infiltrou (ref.2) b) tecido (ref.3) c) capturado (ref.4) d) entendi (ref.5) e) derrama (ref.6) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufmg 95) O termo "Política", em qualquer de seus usos, na linguagem comum ou na linguagem dos especialistas e profissionais, refere-se ao exercício de alguma forma de poder e, naturalmente, às múltiplas conseqüências desse exercício. Toda maneira pela qual o poder é exercido, se reveste de grande complexidade, às vezes não aparente à primeira vista. Por exemplo, se o governo decreta um novo imposto, esse ato não consiste numa decisão que "vai e não volta". Ao contrário, a criação de um novo imposto, cuja decretação constitui obviamente um ato de poder, ou seja, um ato político, é precedida, de forma variável conforme o caso, por uma série de outros atos em que tomam parte diversos detentores de alguma espécie de poder, tais como governantes, técnicos, assessores, grupos de interesse, indivíduos ou entidades influentes e assim por diante. E também se desencadeia uma inter-relação entre a "fonte do poder" (a que criou e implantou o imposto) e os submetidos a esse poder (os que, direta ou indiretamente, são afetados pelo imposto). Basta pensar um pouco para ver como qualquer ato de poder é complexo e cheio de 29 implicações. E é este o terreno da Política. Contudo, definir a Política apenas como algo relacionado ao poder não chega a ser satisfatório. Se pensarmos bem, veremos que a frase "a Política tem a ver com o exercício do poder" não quer dizer muita coisa, principalmente porque há inúmeras dificuldades para que se saiba o que é "poder". Nada impede, por exemplo, que se diga que o poder é um fluido mágico, como já se acreditou e ainda se acredita até hoje. Que significa "ter poder"? Não pode ser simplesmente estar investido em algum cargo, pois acontece com freqüência que os ocupantes de um cargo qualquer se submetam à vontade de outras pessoas, não ocupantes de cargo algum - as chamadas "eminências pardas". Não basta, também, usar expressões como "carisma" ou "magnetismo" ou "poder do dinheiro", pois isto tampouco explica muita coisa, ou não explica nada. E, pior ainda, o poder só pode ser visto, sentido, avaliado, ao exercer-se. Antes do momento em que se exerce, ele é somente uma conjectura, uma presunção, algo que se acha que vai acontecer. Para usar uma comparação fácil, a situação é como a que existe antes do jogo de um grande time de futebol com um clubezinho do interior. O time grande tem "poder" de sobra para vencer os desconhecidos obscuros da cidade pequena. Não obstante, pode ocorrer que, num jogo decisivo, o poderoso perca. Claro que não é uma coisa "normal", é uma exceção explicável de mil formas. Mas acontece, da mesma maneira que em situações equivalentes na vida social, na coletividade, na administração pública. A tarefa de procurar entender o que é realmente o poder deve ser deixada a cargo de gente como os filósofos e teóricos, que têm por ocupação examinar a realidade para além dos interesses imediatos das pessoas. É uma tarefa muito importante (...). Entretanto, para quem está preocupado com problemas mais próximos, como nós, deve-se levar em conta que é inútil, em termos práticos, a curto prazo, discutir sobre o que é o poder, pois este só se torna visível ao manifestar-se. Ou seja, é em ação que se analisa o poder. É no processo, na interrelação, não na elaboração intelectual abstrata. Estendendo a analogia futebolística, neste caso muito ilustrativa: só se sabe quem ganhou depois que o jogo acaba. Antes, tudo está sujeito a fatores no mais das vezes imprevisíveis. Assim é também, em tudo, o jogo disso que chamamos vagamente de "poder". RIBEIRO, João Ubaldo. POLÍTICA; quem manda, por que manda, como manda. 2• ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.13-15. 72. Todas as alternativas apresentam expressões que se referem a PODER, EXCETO a) complexo e cheio de implicações b) fluído mágico c) uma conjectura, uma presunção d) tarefa muito importante e) visível ao manifestar-se TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES. (Faap 97) Quando Pedro I lança aos ecos o seu grito histórico e o país desperta esturvinhado à crise de uma mudança de dono, o caboclo ergue-se, espia e acocora-se, de novo. Pelo 13 de maio, mal esvoaça o florido decreto da Princesa e o negro exausto larga num uf! o cabo da enxada, o caboclo olha, coça a cabeça, imagina e deixa que do velho mundo venha quem nele pegue de novo. A 15 de novembro troca-se um trono vitalício pela cadeira quadrienal. O país bestifica-se ante o inopinado da mudança. O caboclo não dá pela coisa. Vem Floriano: estouram as granadas de Custódio; Gumercindo bate às portas de Roma; Incitatus derranca o país. O caboclo continua de cócoras, a modorrar... Nada o desperta. Nenhuma ferretoada o põe de pé. Social, como individualmente, em todos os atos da vida, Jeca antes de agir, acocora-se. Monteiro Lobato 73. " ...e o país desperta ESTURVINHADO..." O adjetivo em maiúsculo, embora de uso popular, é pouco conhecido dos jovens de vida urbana. Contudo não é difícil saber, no contexto, seu significado: a) alegre - saltitante - risonho b) atordoado - aturdido - estonteado c) fiduciário - solidário - fiel d) acre - azedo - amargo e) abjeto - vil - desprezível 74. "O país bestifica-se ante o INOPINADO da mudança.": a) inusitado b) imprevisto c) incomum, estranho d) esperado e) golpe 75. "O caboclo continua de cócoras, A MODORRAR...". Ou seja, a: a) cantar b) contemplar c) imaginar d) espreguiçar e) cacarejar TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES. (Ufc 2003) Os moradores do casarão (...) 1 Consultando o relógio de parede, que bate as horas num gemer de ferros, ela chama uma das pretas, para que lhe traga a chaleira com água quente. Toma banho dentro da bacia no quarto, cujos tacos já estão podres. Demora-se sentada no banco de madeira com medo da corrente de 30 ar, os cabelos soltos e os ombros protegidos pela toalha. 2 A única amiga que a visita diz que a vida dela dá um romance. O casarão. A posição social de outrora. A educação dela: o piano, a aula particular de francês, o curso de pintura com irmã Honorine. Tudo se foi acabando. Os mortos são retratos no alto das paredes. Galeria de retratos, o do pai, imponente, o cabelo partido ao meio, certa ironia nos olhos, ao tempo em que foi secretário de estado e diretor do grande hospital. Foi por esse tempo que ela se casou com o bacharel recente. As tias fizeram oposição forte. Aquelas tias magras, de nervuras nos pescoços, as blusas de colarinho de renda, os bandós. A mais renitente delas era tia Matilda. A sobrinha merecia coisa melhor, homem já projetado na vida, com carreira feita, que a família era nobre, quisessem ou não: vinha de boa cepa portuguesa, com barão na origem. O moço era filho de comerciante, com pequena loja de tecidos: 3 - E um menino! Em começo de vida. 4 Mas casaram. Foi decidido que ficassem no casarão, que dava para todos, e ninguém queria separar-se de Violeta, que tinha muitas mães, todas mandando nela. Violeta, governada, sem vontade própria, como se ainda fosse menina, ouvindo uma e outra: 5 - Estou bem com este vestido? 6 A nervura das tias: 7 - Horrível! Ponha o de organdi. 8 Ela voltava ao grande quarto, de forro alto, e mudava a roupa na frente do marido, marginalizado e em silêncio. Concessão maior só do pai, que era meio boêmio, apreciava uma roda de cerveja e de pôquer. O pai soltava gargalhada na cadeira de balanço e garantia ao genro que aquelas velhas, e a própria mulher dele, eram doidas. 9 A pressão. O ¢reparo para qualquer deslize tolo ou gafe: 10 - Filho de comerciante. 11 E Violeta, que nunca teve filhos, engordava, lambia os dedos e os beiços untados de manteiga. Muita banha, preguiça de sair de casa, uma ou outra nota no piano de cauda, com o jarro de flores, onde as moscas dormiam e cagavam. 12 Veio o desquite. O marido mudou-se para São Paulo. Fez carreira brilhante, é advogado de prestígio e, faz muito tempo, vive com a outra. Mas fixou pensão para a mulher e escrevia-lhe, talvez por pena dela: a gordura disforme. Foram cartas que raramente recebeu, e uma ou outra que ela própria tivesse escrito, tia Matilda, a renitente, tomava do jardineiro, lia e rasgava. 13 Quando essa tia morreu, porque afinal todos morreram, Violeta encontrou no quarto dela dentro da gaveta da cômoda, lá no fundo, algumas dessas cartas do marido, amarradas com o fitilho. Trancou-se, leu-as à luz do abajur e chorou. 14 O casarão, com a torre, é ninho de morcegos, que voejam na tarde. Tudo é silêncio. O gradil do muro, enferrujado. Secou a fonte, onde o vento rodopia folhas mortas. De resistente apenas a hera, que sobe pelas velhas paredes, uma ou outra vez aguada por Seu Vicente, jardineiro, ou pela preta mais nova, também cria da família. 15 A única amiga que a visita volta a assegurar que a vida dela dá um romance. 16 - Acho que sim. 17 E Violeta se levanta, pesada, envolvida no cachecol, para fechar a janela por onde vem a corrente de ar e já se aproxima a noite. (MOREIRA CAMPOS, José Maria. "Dizem que os cães vêem coisas". Fortaleza: Edições UFC, 1987) 76. O sentido do termo destacado no fragmento "O REPARO para qualquer deslize" (ref. 1) corresponde ao dos termos da alternativa: a) defesa, ajuda b) desculpa, pretexto c) perdão, absolvição d) reparação, desagravo e) comentário, observação 77. Marque V ou F, conforme seja verdadeiro ou falso o que se afirma acerca do emprego das palavras NERVURAS (par. 2) e NERVURA (par. 6). ( ) NERVURA equivale a nervosismo. ( ) NERVURAS é uma referência metafórica a rugas. ( ) NERVURA caracteriza um estado comum às tias. A seqüência correta, de cima para baixo é: a) F - F - V b) F - V - F c) V - F - F d) V - V - V e) F - V - V TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Unitau 95) "Vivemos numa época de tamanha insegurança externa e interna, e de tamanha carência de objetivos firmes, que a simples confissão de nossas convicções pode ser importante, mesmo que essas convicções, como todo julgamento de valor, não possam ser provadas por deduções lógicas. Surge imediatamente a pergunta: podemos considerar a busca da verdade - ou, para dizer mais modestamente, nossos esforços para compreender o universo cognoscível através do pensamento lógico construtivo - como um objeto autônomo de nosso trabalho? Ou nossa busca da verdade deve ser subordinada a algum outro objetivo, de caráter prático, por exemplo? Essa questão não pode ser resolvida em bases lógicas. A decisão, contudo, terá considerável influência sobre nosso pensamento e nosso julgamento moral, desde que se origine numa convicção profunda e inabalável Permitam-me fazer uma confissão: para mim, o esforço no sentido de obter maior percepção e compreensão é um dos objetivos independentes sem os quais nenhum ser pensante é capaz de adotar uma atitude 31 consciente e positiva ante a vida. Na própria essência de nosso esforço para compreender o fato de, por um lado, tentar englobar a grande e complexa variedade das experiências humanas, e de, por outro lado, procurar a simplicidade e a economia nas hipóteses básicas. A crença de que esses dois objetivos podem existir paralelamente é, devido ao estágio primitivo de nosso conhecimento científico, uma questão de fé. Sem essa fé eu não poderia ter uma convicção firme e inabalável acerca do valor independente do conhecimento. Essa atitude de certo modo religiosa de um homem engajado no trabalho científico tem influência sobre toda sua personalidade. Além do conhecimento proveniente da experiência acumulada, e além das regras do pensamento lógico, não existe, em princípio, nenhuma autoridade cujas confissões e declarações possam ser consideradas "Verdade " pelo cientista. Isso leva a uma situação paradoxal: uma pessoa que devota todo seu esforço a objetivos materiais se tornará, do ponto de vista social, alguém extremamente individualista, que, a princípio, só tem fé em seu próprio julgamento, e em nada mais. É possível afirmar que o individualismo intelectual e a sede de conhecimento científico apareceram simultaneamente na história e permaneceram inseparáveis desde então. " (Einstein, in: "O Pensamento Vivo de Einstein", p. 13 e 14, 5a. edição, Martin Claret Editores) 78. No primeiro parágrafo, o autor repete as palavras "tamanha" e "convicções" para dar ao leitor a idéia de a) dúvida. b) ênfase. c) condição. d) proporção. e) efeito. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES. (Ufsm 2002) MARCELO BERABA Desejo de matar 1 RIO DE JANEIRO - A TV Globo estreou mais uma série importada que enaltece os ¤grupos de ¢¥extermínio. Esta agora chama-se "Angel" e conta a história de um vampiro bom que sai pela cidade eliminando vampiros maus. Para isso, o herói vampiro conta com a ajuda de três pessoas, uma delas ¨delegada de polícia. 2 Parece que esta série é apenas um ªtapa-buraco na programação da emissora, que nem fez muito alarde com o filme. Mas não é a primeira vez que a TV explora o tema. Teve uma, "Justiça Cega", em que um juiz, inconformado com as amarras da lei, fazia justiça com as próprias mãos. 3 O justiceiro passava o dia de toga examinando processos e à noite montava numa moto e saía matando os ©bandidos que tinha sido obrigado a inocentar por falta de provas. 4 A mensagem desses filmes é sempre a mesma. Não é ¢¤possível combater o ¢crime com os instrumentos que a sociedade coloca à disposição da £Justiça e das polícias. É preciso montar polícias e ¢¢justiças paralelas, que usem as mesmas armas e recursos imorais dos criminosos. 5 "Angel" e seus vampiros permitem várias interpretações. Uma delas é simples: o combate ao crime já não é tarefa para homens comuns. Os criminosos estão cada vez mais sofisticados. São seres mutantes. ¦Juízes e policiais comuns, por mais bem preparados que estejam, não dão conta do recado. 6 A série é ¢¡lixo e não tem a menor importância. O problema é na vida real, quando as empresas acham normal buscar formas de convivência com o ¥narcotráfico. Quando o Estado acha normal que o §crime organizado monte banquinhas de apostas no meio das calçadas. E quando o ¢£sistema penitenciário ajuda a organização dos presos para evitar rebeliões. 7 Pensando bem, não ¢¦há por que se espantar com "Angel" e similares se as deformações que procuram legitimar fazem parte do nosso cotidiano. ("Folha de São Paulo", 9 de março de 2001.) 79. Para falar sobre criminalidade, o autor selecionou palavras comumente associadas a essa temática, como "crime" (ref.1) e "Justiça" (ref.2). Esse procedimento NÃO ocorreu na seleção de a) "grupos de extermínio" (ref.3) e "narcotráfico" (ref.4) b) "Juízes e policiais comuns" (ref.5) e "crime organizado" (ref.6) c) "delegada de polícia" (ref.7) e "bandidos" (ref.8) d) "tapa-buraco" (ref.9) e "lixo" (ref.10). e) "justiças paralelas" (ref.11) e "sistema penitenciário" (ref.12) 80. Analise os seguintes fragmentos: A) "[...] estreou MAIS UMA série [...]. Esta agora chama-se Angel [...]" B) "Mas NÃO É A PRIMEIRA VEZ que a TV explora o tema. Teve uma, "Justiça Cega" [...]" C) "Angel e seus vampiros permitem várias interpretações. Uma delas é simples [...]" Assinale verdadeira (V) ou falsa (F) em cada uma das afirmações relacionadas a esses fragmentos. ( ) Os segmentos destacados funcionam como itens antecipadores de informações a serem fornecidas posteriormente. ( ) Em B, o segmento destacado é complementado somente por informações relacionadas ao tempo presente. ( ) Em C, o compromisso do autor de complementar suas idéias foi parcialmente atendido. 32 Trevisan) A seqüência correta é a) V - F - F. b) V - V - F. c) V - F - V. d) F - F - V. e) F - V - F. 82. "Um senhor gordo, de branco, sugeriu que ele devia sofrer de ATAQUE." 81. "PENSANDO BEM, não há por que se espantar com Angel e similares SE as deformações que procuram legitimar fazem parte do nosso cotidiano". Os segmentos destacados podem ser substituídos, sem alterar o significado do texto, respectivamente, por a) Reconsiderando, já que. b) Resumindo, quando. c) Finalizando, caso. d) Reconsiderando, de modo que. e) Resumindo, contanto que. A palavra em destaque pode ser substituída por: a) pneumonia b) epilepsia c) dispnéia d) hemofilia e) erisipela TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES. (Uel 2001) A revista "Ciência Hoje" 28 teve como tema central o Projeto Genoma Humano. Abaixo estão alguns trechos da reportagem que servem de base para as questões seguintes. Genoma decifrado, trabalho dobrado TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Faap 96) "UMA VELA PARA DARIO" Dario vinha apressado, o guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Foi escorregando por ela, de costas, sentou-se na calçada, ainda úmida da chuva, e descansou no chão o cachimbo. Dois ou três passantes rodearam-no, indagando se não estava se sentindo bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, mas não se ouviu resposta. Um senhor gordo, de branco, sugeriu que ele devia sofrer de ataque. Estendeu-se mais um pouco, deitado agora na calçada, o cachimbo a seu lado tinha apagado. Um rapaz de bigode pediu ao grupo que se afastasse, deixando-o respirar. E abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou pela garganta e um fio de espuma saiu do canto da boca. Cada pessoa que chegava se punha na ponta dos pés, embora não pudesse ver. Os moradores da rua conversavam de uma porta à outra, as crianças foram acordadas e vieram de pijama às janelas. O senhor gordo repetia que Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede. Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao lado dele. Uma velhinha de cabeça grisalha gritou que Dario estava morrendo. Um grupo transportou-o na direção do táxi estacionado na esquina. Já tinha introduzido no carro metade do corpo, quando o motorista protestou: se ele morresse na viagem? A turba concordou em chamar a ambulância. Dario foi conduzido de volta e encostado à parede - não tinha os sapatos e o alfinete de pérola na gravata. (Dalton Cinco anos antes do previsto, foi anunciado o término do seqüenciamento do genoma humano. A corrida atrás da identificação de todos os genes do "Homo sapiens" envolveu laboratórios de 18 países, liderados por instituições dos Estados Unidos e do Reino Unido, e consumiu estimados US$3 bilhões, sem contar a injeção final de recursos, necessária para apressar o fim dessa primeira etapa e fazer frente a grupos privados que ameaçavam terminar antes a "façanha do século". Tratase, sem dúvida, de uma primeira etapa, porque o Projeto Genoma Humano representa, na verdade, apenas uma enorme base de dados, que os cientistas precisam entender em detalhe para um dia chegar a manipulá-los. Para os geneticistas, há trabalho para mais de um século de pesquisa. O seqüenciamento, a identificação e a interpretação de genes já vinham sendo feitos há mais de 10 anos, mas em ritmo considerado lento diante das possibilidades abertas com o desenvolvimento de equipamentos que amplificam o DNA e lêem milhares de seqüências genéticas ao mesmo tempo. A criação do Projeto Genoma Humano visou financiar o uso dessa tecnologia e "acelerar e antecipar em décadas os achados que, de um jeito ou de outro, seriam realizados", diz a geneticista Maria Rita Passos Bueno, da Universidade de São Paulo (USP). Muitos resultados são imprevisíveis, mas os dados já obtidos, diz a pesquisadora, "sem dúvida permitirão um desenvolvimento extraordinário, tanto na medicina e na biotecnologia quanto na bioinformática" - essa nova área vem se desenvolvendo em função da necessidade de análise de toda a informação biológica que está sendo gerada. Vários pesquisadores analisaram os possíveis desdobramentos dessa descoberta. Destacamos, por exemplo, a seguinte declaração de Ronald M. Green, 33 diretor do Dartmouth College (USA). São três os principais benefícios trazidos pelo seqüenciamento do genoma humano para a área médica: 1) aperfeiçoar o diagnóstico de doenças, incluindo os distúrbios hereditários conhecidos e muitas condições geneticamente influenciadas, como a hipertensão e diversos cânceres; 2) aprimorar o tratamento, com o desenvolvimento de drogas que seriam elaboradas sob medida (de acordo com as características genéticas do paciente) para maximizar sua eficácia e reduzir sua toxicidade; e 3) desenvolver intervenções diretas no DNA (terapias gênicas), para corrigir "falhas" genéticas associadas às doenças. (CIÊNCIA HOJE, nŽ 28, nov. 2000. p.22-3.) 83. No trecho "e consumiu estimados US$3 bilhões", a palavra ESTIMADOS poderia ser substituída, sem alteração do significado do texto, por: a) declarados b) aproximadamente c) indispensáveis d) com certeza e) apreciados 84. O comentário de Ronaldo M. Green sobre o seqüenciamento do genoma humano faz uma enumeração de benefícios. Se o primeiro item dessa enumeração fosse alterado para "1) aperfeiçoamento do diagnóstico...", os demais deveriam ter a forma: a) 2) aprimorado o tratamento...; 3) desenvolvidas intervenções... b) 2) aprimorar o tratamento...; 3) desenvolvimento de intervenções... c) 2) prioridade para o tratamento...; 3) desenvolvimento para intervenções... d) 2) aprimoramento do tratamento...; 3) desenvolvimento de intervenções... e) 2) aprimoramento do tratamento...; 3) desenvolver intervenções... TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Pucsp 95) If there's one aspect of the Internet that I've both enjoyed and feared, it's the socializing on-line. I enjoy talking in e-mail and in Usenet newsgroups but I've never had the slightest interest in trying to find romance on-line. Trying to arrange romantic encounters on-line with strangers is generally held to be a really bad idea. So many ugly stories abound about people arranging liaisons with Net dates and having horrifying results that I'm not even going to spend much time detailing them. Let me just give you an example: the guy who started chatting with a female character on-line, got to be friend with her, talked about real life matters, and over time developed a certain fondness for the woman he thought he was talking with. Things eventually got to the point that the guy fell in love, decided that he wanted to marry her, proposed, was accepted, and made plans to meet his fiancée. They met and instead of finding the blonde dancer he thought he was there to meet, he found a strong, bearded computer programmer, holding a pink carnation. (Excerpt and adapted from Furr, Joel "Internet Today", March 1996, p.39) 85. No trecho do poeta em questão, há algumas palavras que têm valor de "modo". Indique a alternativa em que todas as palavras têm valor: a) estilhaçada, espessa, confusos. b) sereno, suave, amorosamente. c) sereno, espessa, confusos. d) confusos, redimidos, sereno. e) mal, suavemente, amorosamente. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufba 96) RESTOS DO CARNAVAL 1 NÃO, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa ia se aproximando, como explicar a agitação íntima que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu. 2 No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé da escada do sobrado onde morávamos, olhando ¢ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com ¤avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de ¥coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz. 3 E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu 34 mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim. 4 Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto e tinha então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça - eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável - e pintava minha boca de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapava da meninice. 5 Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia era no figurino Rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com as quais, suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando. Embora de pétalas o papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais belas que jamais vira. 6 Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de minha amiga - talvez atendendo a meu apelo mudo, ao meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel - resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com o que restara de material. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser ¦outra que não eu mesma. 7 Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão ocupada: minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamos de algum modo vestidas - à idéia de uma chuva que de repente nos deixasse, nos nossos ¨pudores femininos de oito anos, de combinação na rua, morríamos previamente de vergonha - mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria! Quanto ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola. 8 Mas por que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão melancólico? De manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem. Mas os minutos não passavam, de tanta ansiedade. Enfim, enfim! chegaram três horas da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa. 9 Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa - mas o rosto ainda nu não tinha a ©máscara de moça que cobriria minha tão ªexposta vida infantil - , fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava. 10 Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma ¢¡simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha £fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria. 11 Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim significava um rapaz, ¢£esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos, já lisos, de confete: por um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, §mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa. (LISPECTOR, Clarice. FELICIDADE CLANDESTINA: CONTOS. 7 ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1991. p.31-5.) Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parênteses a soma dos itens corretos. 86. Expressões que se aproximam pelo sentido estão agrupadas em: (01) "ávida" (ref.1) e "fome de sentir êxtase" (ref.2 no parágrafo 10) (02) "com avareza" (ref.3) e "de coração escuro" (ref.4) (04) "outra que não eu mesma" (ref.5) e "mulherzinha de 8 anos" (ref.6 no parágrafo 11) (08) "pudores femininos" (ref.7) e "máscara de moça" (ref.8) (16) "exposta vida infantil" (ref.9) e "simples menina" (ref.10) (32) "um palhaço pensativo" (ref.11) e "nesse menino muito bonito" (ref.12) Soma ( ) 35 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufmg 94) MINAS É A MÃE. BENÇA, MÃE. Herbert de Souza O jeito mineiro de ser é o quê? E por quê? O ser mineiro é um modo particular de ser que se pode descrever mas que é difícil de se entender. É mais para calado que falante. Quem fala muito dá bom-dia a cavalo, dizia minha mãe para conter meu ímpeto falatório. Quem fala se expõem, se arrisca, pode parecer bobo, meio idiota, exibido, ridículo. Mineiro morre de medo do ridículo, de ser gozado, criticado. Quer matar um mineiro? Ria dele! Por isso todo mineiro toma a iniciativa da gozação. Chega, fica num canto e arranja logo alguém para gozar. É capaz até de tomar a iniciativa de gozar de si próprio para não ser gozado por outrem. Falar mal de alguém é um modo de se proteger da fala do outro. Mas falar mal pode até ser um modo de falar bem, porque o pior é não ser falado. Cair no olvido. Fica calado e fica quieto. Gesticular também não dá, pode parecer espalhafato, teatro, representação. Quem se mexe desperta atenção, instiga a caça, fica vulnerável, na mira do ataque. Ficar quieto, fingir de morto, no silêncio, na tocaia de si mesmo, protegido do outro. Mineiro que veio do mato sabe de caça e caçador. Milton já cantou, o caçador de mim. Mineiro não abre a guarda, não mostra a casa, não exibe riqueza, não grita da janela, não sai correndo de jeito nenhum e de lugar nenhum. Chega devagar, fica devagar e sai mais devagar ainda. Tem que se proteger de algo. Mineiro olha de cima mas não por cima. Mineiro falante veio de fora. Mineiro direto, aberto e agressivo é desvio de rota, não é caminho normal. Mineiro é ético, não se arrisca no roubo, no assalto, na aventura. O erro pode não dar certo. Mineiro é mais da ordem, do caminho percorrido, conhecido, estabelecido. É mais status quo que mudança do status. É mais terno que manga curta, mais sapato que tênis, mais automóvel que carro esporte. Mais casamento que caso fora de casa. Mais café preto que chás variados. Já a mineira é tudo isso que mineiro é e muito mais. Se pede com olhar, se esconde na recusa. É mãe mesmo quando não tem filhos. Até os 20 é um pecado. Depois é muito mais. Transpira todos os pecados numa virtude só. Surpreende e depois te esquece. Te ama com paixão e te deixa sem dó nem piedade. Basta pôr os óculos escuros ou mesmo ray-ban que vira outra, sem remorso. Porque a mineira não se reduz ao mineiro, foi muito além. Mineira é ótimo, diferente dos demais seres humanos, vem de um fundo que ninguém sabe, de um interior que não tem mapa, fronteiras desconhecidas. E tudo isso pode ser visto e sentido, não explicado. Pode ser descrito mas não fundamentado. É porque veio do interior ou nunca saiu de lá. É porque sempre foi camponês e se escondeu detrás das serras e dos montes. É porque foi judeu-novo, migrante corrido, foragido desconfiado do que chega atrás de suas origens. É porque teme a Deus e conversa com o Diabo. É porque não tem certeza do certo e duvida até do duvidado. Gosta do reverso e começa tudo pelo contrário torcendo para dar certo. É porque se ri do moderno porque sabe que tudo no fundo mesmo é mesmo muito antigo, sempre renovado. Mas por que tudo isso, de onde veio e para onde vai? Ninguém vai saber por que não se fala, se olha e se ri como se tudo já tivesse sido dito. O sabido do ignorado. Se um dia o Brasil acabar, Minas continua. Tem horizonte para tal, tem substância para durar, tem ainda muitos casos para contar, distâncias a percorrer, pecados a expiar, contas a fazer, saudades a matar. (...) Minas vive em dívida consigo mesma, fazendo promessas para pagar. É sua forma de ser eterna nesse trivial do cotidiano. Vive sangrando minério, exportando seu ser para o mundo, em silenciosos trens que não param de ir sem nunca mais voltar. Levando Itabirito, Itabira, Conselheiro Lafaiete. Montanhas. Minas é o único lugar do mundo que exporta montanhas e não fica rica. Por tudo isso é que quando tenho vontade de rever o Brasil vou a Minas Gerais. (...) E volto cheio de mim, carregado de coisas, como se tivesse mergulhado no tempo e me perdido no espaço, virado de repente um ser planetário vivendo no interior do mundo. Minas para mim tem várias cidades e poucos endereços: é Bocaiúva, Neves e Belo Horizonte. É rua Ouro Preto e Ceará. A primeira mudou de nome, na segunda sumiram com minha casa. Minas na verdade hoje é mil amigos que não vejo e minha mãe. Bença, mãe. ISTO É MINAS - 30109/92 87. " ... Já a mineira é tudo isso que mineiro é e muito mais. SE PEDE COM O OLHAR, SE ESCONDE NA RECUSA." A alternativa que melhor interpreta o tipo de relação de idéias presente na frase destacada é a) conclusão. b) contradição. c) enumeração. d) explicação. e) finalidade. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Uff 2001) 1 Working women in Japan are more likely to be married than not these days, a sharp reversal of the traditional pattern. But for most of them, continuing to work after the wedding is an easier choice than having children. 36 2 Despite some tentative attempts by government and business to make the working world and parenthood compatible, mothers say Japan's business culture remains unfriendly to them. Business meetings often begin at 6 p.m. or later, long hours of unpaid overtime are expected, and companies routinely transfer employees to different cities for years. 3 As a result, many women are choosing work over babies, causing the Japanese birthrate to fall to a record low in 1999 - an average 1.34 babies per woman an added woe for this aging nation. "THE WASHINGTON POST NATIONAL WEEKLY EDITION", August 21, 2000 88. No fragmento "O meu FIM evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência." (par.1), pode-se substituir a palavra em destaque, sem alteração de sentido, por: a) limite b) momento final c) término d) objetivo e) ponto extremo TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES. (Ufscar 2002) Para responder às questões, leia o texto a seguir: Selinho, sim, mas só para poucos Primeiro, Hebe Camargo, toda animada, pediu a Sílvio Santos um "selinho" (beijinho). Não ganhou, "Nem selinho, nem selo, nem selão", ouviu dele, categórico. Em seguida, Gilberto Gil entrou no palco, de mão estendida para cumprimentá-lo. O que fez o apresentador? Disse "selinho", esticou os lábios e zás - tascou um beijinho na boca do músico. A cena foi ao ar de madrugada, no encerramento do "Teleton", a Maratona beneficiente exibida pelo SBT. Gil ficou surpreso. Hebe fingiu brabeza e Sílvio riu muito. "Tirei uma onda, foi só uma bicotinha", diz ele. "Tudo tem uma primeira vez". ("Veja", 07.11.2001, pág. 101.) 89. O termo "selinho" é bastante utilizado na linguagem atual. O diminutivo no uso da palavra serve para enfatizar que se trata de um beijo a) indiscreto. b) demorado. c) engraçado. d) indecente. e) breve. 90. O vocabulário do texto mostra que o jornalista optou por uma expressão mais à vontade e informal. Essa opção pode ser comprovada pelo emprego de a) "toda animada" e "categórico". b) "categórico" e "tascou". c) "esticou" e "tascou". d) "beijinho" e "encerramento". e) "encerramento" e "beneficiente". TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Uerj 98) Texto I A*** Falo a ti - doce virgem dos meus sonhos, Visão dourada dum cismar tão puro, Que sorrias por noites de vigília Entre as rosas gentis do meu futuro. Tu m'inspiraste, oh musa do silêncio, Mimosa flor da lânguida saudade! Por ti correu meu estro ardente e louco Nos verdores febris da mocidade. Tu, que foste a vestal dos sonhos d'ouro, O anjo-tutelar dos meus anelos, Estende sobre mim as asas brancas... Desenrola os anéis dos teus cabelos! (20/08/1859) (ABREU, Casimiro. "Obras". Rio de Janeiro: MEC, 1955, p. 49-50.) Vocabulário: estro = imaginação criadora vestal = mulher casta ou virgem anelo = desejo ardente Texto II Sempre que se agita esta questão das "reivindicações", escovam-se os velhos chavões, e, com um grande ar de importância, os ¢filósofos decidem sem apelação que a mulher não pode ser mais do que o anjo do lar, a vestal encarregada de vigiar o fogo sagrado, a £depositária das tradições da família... e das chaves da despensa. Todo esse dispêndio de palavras ¤inúteis serve apenas para encobrir a ¥fealdade da única razão séria que podemos apresentar contra as pretensões das mulheres: o nosso egoísmo, o receio que temos de que nos despojem das nossas prerrogativas seculares - o medo de perder as posições, as regalias, as honras que o preconceito bárbaro confiou exclusivamente ao nosso século. Compreendese: quem se habituou a empunhar o bastão do comando não se resigna facilmente a passá-lo a outras mãos: é mais fácil deixar a vida do que deixar o poder. (18/08/1901) (BILAC, Olavo. VOSSA INSOLÊNCIA. São Paulo: Cia. das Letras, 1997, p. 313.) Texto III 37 O mal de Isaías é ser ambíguo. Ser e não-ser. Não é índio, nem cristão. Não é homem, nem deixa de ser, ¢coitado. Ser dois é não ser nenhum. Mas está acima de suas forças. Ele não pode deixar de participar de um nós comigo que é excludente dos mairuns e que quase me ofende. Também não pode sentir consigo mesmo que ele é apenas um mairum entre os outros. O pobre não pára de escarafunchar a cuca, se aclarando e se confundindo cada vez mais. Este casamento com Inimá. Será que ele gosta dela? (...) Outro dia fiquei muito tempo atrás dele, no pátio, confundida com toda gente que se junta ali, na hora do pôr do sol, para comer e conversar. Vi bem que ele não falava com ninguém e que ninguém falava com ele. Nem Inimá. Ouvi depois, ouvi bem que ele murmurava sozinho. Cheguei mais perto e ouvi melhor; era uma ladainha em latim, como as de meu pai: Tra-lá-lá, ora pro nobis Tre-lé-lé, ora pro nobis Vamos ver se, agora de noite, nesse balanço de rede, eu me esqueço dos outros para pensar em mim. Preciso me concentrar no meu problema. Tentei pensar o dia inteiro, sem conseguir. Há dias que é assim. Até parece que já não sou capaz. Será a gravidez que me deixa lânguida? De onde virá essa lassidão? Estou grávida e não sei de quem. Vou parir aqui entre os mairuns, este é problema. Se problema existe, porque isto bem pode ser uma solução. Com um filho crescendo mairum eu não me integraria mais nesse mundo que eu quero fazer meu? Ser a mãe de fulaninho não será para mim como para um homem ser o pai de fulano? Os homens aqui mudam de nome quando têm um filho homem. Maxihú é o pai de Maxi. Teró por muito tempo Jaguarhú. Eu seria Iuicuihí se minha filha se chamasse Iucui? Ou Mairahú se meu filho pudesse chamar-se Maíra? Será que pode? Melhor é que seja menina: Iuicui. (RIBEIRO, Darcy. "Maíra". Rio de Janeiro: Record, 1990, p. 372-3.) 91. "Mimosa flor da LÂNGUIDA saudade!" (texto I verso 6) Será a gravidez que me deixa LÂNGUIDA?" (texto III). Observe os significados dados no Dicionário Aurélio Eletrônico, versão 2.0, para o verbete "lânguido": LÂNGUIDO: adj. 1. Sem forças; sem energia; frouxo, fraco, abatido, debilitado, extenuado, langoroso. 2. Mórbido, doentio. 3. Voluptuoso, sensual, langoroso. O significado desse adjetivo, nos dois trechos transcritos, é, respectivamente: a) voluptuosa - doentia b) sensual - extenuada c) frouxa - debilitada d) abatida - mórbida TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Uel 95) Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase apresentada. 92. A visão ..... dos fatos explica ..... apenas alguns alunos foram premiados. a) destorcida - porque b) distorcida - por que c) distorcida - porque d) destorcida - por que e) destorcida - porquê TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Unifesp 2002) TEXTO I: "O Vale de Santarém é um destes lugares privilegiados pela natureza, sítios amenos e deleitosos em que as plantas, o ar, a situação, tudo está numa harmonia suavíssima e perfeita; não há ali nada grandioso nem sublime, mas há uma como simetria de cores, de sons, de disposição em tudo quanto se vê e se sente, que não parece senão que a paz, a saúde, o sossego do espírito e o repouso do coração devem viver ali, reinar ali um reinado de amor e benevolência. (...) Imagina-se por aqui o Éden que o primeiro homem habitou com a sua inocência e com a virgindade do seu coração. À esquerda do vale, e abrigado do norte pela montanha que ali se corta quase a pique, está um maciço de verdura do mais belo viço e variedade. (...) Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um claro das árvores a janela meio aberta de uma habitação antiga, mas não dilapidada - (...) A janela é larga e baixa; parece mais ornada e também mais antiga que o resto do edifício, que todavia mal se vê..." (Almeida Garrett, "Viagens na minha terra".) TEXTO II: "Depois, fatigado do esforço supremo, [o rio] se estende sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza formou, e onde o recebe como um leito de noiva, sob as cortinas de trepadeiras e flores agrestes. A vegetação nessas paragens ostentava outrora todo o seu luxo e vigor; florestas virgens se estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das arcarias de verdura e dos capitéis formados pelos leques das palmeiras. Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza, sublime artista, tinha decorado para os dramas majestosos dos elementos, em que o homem é apenas um simples comparsa. (...) Entretanto, via-se à margem direita do rio uma casa larga e espaçosa, construída sobre uma eminência e protegida de todos os lados por uma muralha de rocha cortada a pique." 38 (José de Alencar, "O guarani".) TEXTO III: "Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço De estar a ela um dia reclinado: Ali em vale um monte está mudado: Quanto pode dos anos o progresso! Árvores aqui vi tão florescentes, Que faziam perpétua a primavera: Nem troncos vejo agora decadentes." (Cláudio Manuel da Costa, "Sonetos-VII".) 93. Há correspondência ou equivalência de sentido entre os segmentos transcritos em: a) "sítios amenos e deleitosos em que as plantas, o ar, a situação, tudo está numa harmonia suavíssima e perfeita;"="florestas virgens se estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das arcarias de verdura e dos capitéis formados pelos leques das palmeiras."="Árvores aqui vi tão florescentes,/Que faziam perpétua a primavera:" b) "não parece senão que a paz, a saúde, o sossego do espírito e o repouso do coração devem viver ali, reinar ali um reinado de amor e benevolência."="A vegetação nessas paragens ostentava outrora todo o seu luxo e vigor;"="Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço/De estar a ela um dia reclinado:" c) "O Vale de Santarém é um destes lugares privilegiados pela natureza, sítios amenos e deleitosos em que as plantas, o ar, a situação, tudo está numa harmonia suavíssima e perfeita;"="Depois, fatigado do esforço supremo, [o rio] se estende sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza formou,"="Ali em vale um monte está mudado: / Quanto pode dos anos o progresso!" d) "não há ali nada grandioso nem sublime, mas há uma como simetria de cores, de sons, de disposição em tudo quanto se vê e se sente,"="Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza, sublime artista, tinha decorado para os dramas majestosos dos elementos,"="Nem troncos vejo agora decadentes." e) "Imagina-se por aqui o Éden que o primeiro homem habitou"="protegida de todos os lados por uma muralha de rocha cortada a pique."="Ali em vale um monte está mudado:/Quanto pode dos anos o progresso!" TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Enem 2000) O autor do texto abaixo critica, ainda que em linguagem metafórica, a sociedade contemporânea em relação aos seus hábitos alimentares. "Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava Ieite em garrafa, ira leiteira da esquina? (...) Mas vocês não se lembram de nada, pô? Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando isso porque agora mesmo peguei um pacote de leite - leite em pacote, imagina, Tereza! - na porta dos fundos e estava escrito que é pasteurizado, ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau. Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite é outra coisa: 'Líquido branco, contendo água, proteína, açúcar e sais minerais'. Um alimento pra ninguém botar defeito. O ser humano o usa há mais de 5.000 anos. É o único alimento só alimento. A carne serve pro animal andar, a fruta serve pra fazer outra fruta, o ovo serve pra fazer outra galinha (...) O leite é só leite. Ou toma ou bota fora. Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais água do que leite, tem serragem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse negócio. Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite. Mas, como não gostam? Não gostam como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!" (FERNANDES, Millôr. "O Estado de S. Paulo", 22 de agosto de 1999) 94. A palavra EMBROMATOLOGIA usada pelo autor é: a) um termo científico que significa estudo dos bromatos. b) uma composição do termo de gíria "embromação" (enganação) com bromatologia, que é o estudo dos alimentos. c) uma junção do termo de gíria "embromação" (enganação) com lactologia, que é o estudo das embalagens para leite. d) um neologismo da química orgânica que significa a técnica de retirar bromatos dos laticínios. e) uma corruptela de termo da agropecuária que significa a ordenha mecânica. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufrs 98) UMA OUTRA EUCARISTIA 1 Em 1592, inspirado nas descrições do viajante Hans Staden, o alemão De Bry desenhou as cerimônias de canibalismo de índios brasileiros. São documentos de £alto valor histórico (...). Porém, não podem ser vistos como retratos exatos: o artista, sob a influência do Renascimento, mitigou a violência ¢antropofágica com imagens idealizadas de índios, que ganharam traços e corpos esbeltos de europeus. As índias ficaram rechonchudas como as divas sensuais do pintor holandês Rubens. 2 No século XX, o pintor brasileiro Portinari trabalhou o mesmo tema. Utilizando formas densas, 39 rudes e nada idealizadas, Portinari evitou o ângulo do colonizador e procurou não fazer julgamentos. A Antropologia persegue a mesma coisa: investigar, descrever e interpretar as culturas em toda a sua diversidade desconcertante. 3 Assim, ela é capaz de revelar que o canibalismo é uma experiência simbólica e transcendental - jamais alimentar. 4 Até os anos 50, waris e kaxinawás comiam pedaços dos corpos de seus mortos. Ainda hoje, os yanomamis misturam as cinzas dos amigos no purê de banana. Ao observar esses rituais, a Antropologia aprendeu que, na antropofagia que chegou ao século XX, o que há é um ato amoroso e religioso, destinado a ajudar a alma do morto a alcançar o céu. A SUPER, ao contar toda a história para você, pretende superar os olhares preconceituosos, ampliar o conhecimento que os brasileiros têm do Brasil e estimular o respeito às culturas indígenas. Você vai ver que o canibalismo, para os índios, é tão digno quanto a eucaristia para os católicos. É sagrado. (Adaptado de: SUPERINTERESSANTE. Agosto, 1997, p.4.) 95. Assinale a alternativa em que o significado da palavra "alto" é equivalente ao significado que tal palavra tem na referência 2. a) Lúcio já estava um pouco alto no final da janta. b) Pedro é o mais alto dos meus quatro filhos. c) Dizem que ele é um alto executivo numa multinacional. d) Eu dei uma lida meio por alto no artigo que me passaste. e) Essa é uma manifestação de alto apreço e respeito da parte dele. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Uerj 2000) (...) publicou-se há dias o recenseamento do Império, do qual se colige que 70% da nossa população não sabem ler. 1 Gosto dos algarismos, porque não são de meias medidas nem de metáforas. Eles dizem as coisas pelo seu nome, às vezes um nome feio, mas não havendo outro, não o escolhem. São sinceros, francos, ingênuos. As letras fizeram-se para frases; o algarismo não tem frases, nem retórica. 2 Assim, por exemplo, um homem, o leitor ou eu, querendo falar do nosso país, dirá: 3 - Quando uma Constituição livre pôs nas mãos de um povo o seu destino, força é que este povo caminhe para o futuro com as bandeiras do progresso desfraldadas. A soberania nacional reside nas Câmaras; as Câmaras são a representação nacional. A opinião pública deste país é o magistrado último, o supremo tribunal dos homens e das coisas. Peço à nação que decida entre mim e o Sr. Fidélis Teles de Meireles Queles; ela possui nas mãos o direito a todos superior a todos os direitos. 4 A isto responderá o algarismo com a maior simplicidade: 5 - A nação não sabe ler. Há só 30% dos indivíduos residentes neste país que podem ler; desses uns 9% não lêem letra de mão. 70% jazem em profunda ignorância. Não saber ler é ignorar o Sr. Meireles Queles; é não saber o que ele vale, o que ele pensa, o que ele quer; nem se realmente pode querer ou pensar. 70% dos cidadãos votam do mesmo modo que respiram: sem saber porque nem o quê. Votam como vão à festa da Penha, - por divertimento. A Constituição é para eles uma coisa inteiramente desconhecida. Estão prontos para tudo: uma revolução ou um golpe de Estado. 6 Replico eu: 7 - Mas, Sr. Algarismo, creio que as instituições... 8 -As instituições existem, mas por e para 30% dos cidadãos. Proponho uma reforma no estilo político. Não se deve dizer: "consultar a nação, representantes da nação, os poderes da nação"; mas - "consultar os 30%, representantes dos 30%, poderes dos 30%". A opinião pública é uma metáfora sem base; há só a opinião dos 30%. Um deputado que disser na Câmara: "Sr. Presidente, falo deste modo porque os 30% nos ouvem..." dirá uma coisa extremamente sensata. 9 E eu não sei que se possa dizer ao algarismo, se ele falar desse modo, porque nós não temos base segura para os nossos discursos, e ele tem o recenseamento. (ASSIS, Machado de. "Obra Completa". Rio de Janeiro: Nova Aquilar, vol. 111, 1969.) 96. Observado o valor semântico do palavra "força" no 4° parágrafo, é correto afirmar que ela tem o mesmo sentido que: a) vigor b) motivo a) robustez b) obrigação TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufrs 2001) A notícia saiu no "The Wall Street Journal": a "ansiedade ¢superou a depressão como problema £de saúde mental predominante nos EUA". Para justificar o absurdo, o autor da matéria recorre a ¤um psicoterapeuta e a um ¥sociólogo. O primeiro descreve "ansiedade como ¦condição dos privilegiados" que, livres de ameaças reais, se dão ao luxo de "olhar para dentro" e criar medos irracionais; o segundo diz que "vivemos na era mais segura da humanidade" e, no entanto, "desperdiçamos bilhões de dólares §em medos bem mais ampliados do que seria ¨justificável". Sem meias palavras, ©os peritos dizem algo mais ou menos assim: os americanos estão nadando em ªriqueza e, como não têm do que se queixar, adquiriram o costume neurótico ¢¡de ¢¢desentocar medos ¢£irracionais para projetá-los no ¢¤admirável mundo novo ao redor. A explicação impressiona pela ingenuidade ou pela má40 fé. Ninguém contrai o ¢¥"Mau hábito" ¢¦de olhar para ¢§dentro de si do dia para a noite. A obsessão consigo não é um efeito colateral ¢¨do modo de vida atual; é um dos seus mais ¢©indispensáveis ingredientes. O crescimento exagerado do interesse pelo "mundo interno" e pelo ¢ªcorpo é a £¡contrapartida do desinteresse ou hostilidade pelo "mundo externo" e pelos outros. Diz o £¢catecismo: só confieem seu corpo e sua mente. ££O resto é £¤concorrente; o resto está sempre cobiçando e disputando seu emprego, seu sucesso, seu patrimônio e sua saúde. Sentir medo e ansiedade, em condições semelhantes, é um estado emocional perfeitamente racional e inteligível. Em bom português, sentir-se condenado a £¥jamais ter repouso físico ou £¦mental, sob pena de perder a saúde, a £§longevidade, a forma física, o desempenho £¨sexual, o emprego, a casa, a segurança na velhice, pode ser um inferno em vida para os pobres ou para os ricos. Os £©candidatos à ansiedade são, assim, bem mais numerosos e bem menos ociosos do que pensam o £ªpsicoterapeuta e o sociólogo. (Adaptado de: COSTA, J.F. A ansiedade da opulência. "Folha de São Paulo", 19 de março de 2000.) 97. Assinale a alternativa em que a palavra proposta constitui um sinônimo adequado para a palavra do texto, considerando o contexto em que ocorre. a) superou (ref.1) - destruiu b) desentocar (ref. 11) - desembestar c) contrapartida (ref.20) - exclusão d) catecismo (ref.21) - ideologia e) longevidade (ref.26) - maturidade TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Fuvest 2000) As duas manas Lousadas! Secas, escuras e gárrulas como cigarras, desde longos anos, em Oliveira, eram elas as esquadrinhadoras de todas as vidas, as espalhadoras de todas as maledicências, as tecedeiras de todas as intrigas. E na desditosa cidade, não existia nódoa, pecha, bule rachado, coração dorido, algibeira arrasada, janela entreaberta, poeira a um canto, vulto a uma esquina, bolo encomendado nas Matildes, que seus olhinhos furantes de azeviche sujo não descortinassem e que sua solta língua, entre os dentes ralos, não comentasse com malícia estridente. (Eça de Queirós, "A ilustre Casa de Ramires") 98. Há, no texto, analogia entre o sentido da expressão "gárrulas como cigarras" e o sentido de a) "tecedeiras de todas as intrigas". b) "olhinhos furantes". c) "azeviche sujo". d) "sua solta língua". e) "entre os dentes ralos". TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufrs 97) ¢Quando tratavam de maneiras ........ mesa, os manuais de civilidade medievais - ou talvez devamos dizer "manuais de cortesia", tendo em vista a época - condenavam as manifestações de gula, a agitação, a sujeira, a falta de consideração pelos outros convivas. £Tudo isso persiste nos séculos XVII e XVIII, porém novas prescrições se acrescentam ........ antigas. ¤Em geral, elas desenvolvem ........ idéia de limpeza - já presente na Idade Média -, ordenando que se usem os novos utensílios de mesa: pratos, copos, facas, colheres e garfos individuais. ¥O emprego dos dedos é cada vez mais proscrito, bem como a transferência dos alimentos diretamente da travessa comum para a boca. ¦Isso evidencia não só uma obsessão pela limpeza, como ainda um progresso do individualismo: o prato, o copo, a faca, a colher e o garfo individuais na verdade erguem paredes invisíveis entre os comensais. §Na Idade Média, levava-se a mão ao prato comum, duas ou três pessoas tomavam a sopa numa só escudela, todos comiam a carne na mesma travessa e bebiam de uma única taça que circulava pela mesa; facas e colheres, ainda inadequadas, passavam de um conviva a outro; e cada qual mergulhava seu pedaço de pão ou de carne em saleiros e molheiras comuns. ¨Nos séculos XVII e XVIII, ao contrário, cada comensal é dono de um prato, um copo, uma faca, uma colher, um garfo, um guardanapo e um pedaço de pão. ©Tudo que é retirado das travessas, molheiras e saleiros comuns deve ser pego com os utensílios adequados e depositado no prato antes de ser tocado com os próprios talheres e levado ........ boca. ªCada conviva é encerrado numa espécie de gaiola imaterial. ¢¡Por que tais precauções, dois séculos antes de Pasteur descobrir a existência dos micróbios? ¢¢O que vem a ser essa sujeira que tanto se teme? ¢£Não será principalmente o medo do contato com o outro? (Adaptado de FLANDRIN, Jean-Louis. A DISTINÇÃO PELO GOSTO. In: CHARTIER, Roger (Org.) HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA 3: Da Renascença ao Século das Luzes. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. p. 267-8) 99. Supondo que a palavra ESCUDELA (6Ž período) seja desconhecida para o leitor, são propostas as estratégias seguintes para determinar seu significado. I - Observar que o trecho do texto em que está inserida trata do uso de utensílios de mesa, e que a palavra escudela deve pertencer ao mesmo campo semântico. II - Pela análise morfológica da palavra, determinar que ela é formada a partir de escudo e portanto remete à guerra e às disputas da Idade Média. III - Pela análise sintática, determinar que, dada a função que exerce na frase, a palavra não necessita concordar em número com o sujeito. Quais são adequadas para a finalidade acima expressa? a) Apenas I 41 b) Apenas III c) Apenas I e II d) Apenas II e III e) I, II e III 100. (Faap 96) "Fez-se de triste o que se fez amante". O melhor sentido para AMANTE no texto: a) amásia b) adúltera c) concubina d) amor extramatrimonial e) aquele que ama TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES. (Faap 96) SONETO DE SEPARAÇÃO De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente. (Vinícius de Morais) 101. Releia com atenção a primeira estrofe: De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. BRUMA significa: a) a espuma branca do mar b) neblina c) algodão d) a semente de algodão e) neve - gelo 102. Releia com atenção a última estrofe: Fez-se de amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente. Tomemos a palavra AMIGO. Todos conhecem o sentido com que esta forma lingüística é usualmente empregada no falar atual. Contudo, na Idade Média, como se observa nas cantigas medievais, a palavra AMIGO significou: a) colega b) companheiro c) namorado d) simpático e) acolhedor TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Uel 97) Vivemos numa sociedade competitiva. As coletividades dotadas de indivíduos ambiciosos progridem mais, pois é evidente que o progresso do todo depende da intuição de progresso das partes. Mas essa valorização do senso competitivo, característica de nossos dias, torna-se condenável, quando o homem não se atém a concorrer limpamente com seus semelhantes. Quando os avilta, inveja, subestima. Devemos supor sempre que o concorrente nos inspire o máximo de respeito e, longe de ser inimigo, compõe conosco uma peça importante para a motivação do progresso geral. 103. Indique a alternativa em que se traduz corretamente o sentido de uma expressão do texto. a) dotados de indivíduos ambiciosos = providos de pessoas orgulhosas. b) senso competitivo = interesse egoísta. c) sociedade competitiva = comunidade competente. d) avilta, inveja, subestima = corrompe, trai, critica. e) não se atém a concorrer limpamente = o indivíduo não se limita a competir honestamente. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufrs 97) ¢Apesar de não termos ilusões quanto ao caráter das nossas elites, existia uma certa resistência a essa espécie de niilismo a que o Brasil nos leva. £Os escândalos na área financeira estão acabando até com isso. ¤Fica cada vez mais difícil espantar os burgueses. ¥Os burgueses não se espantam com mais nada. ¦Alguns talvez se surpreendam quando ouvem um filho pequeno ou um neto repetindo uma letra dos Mamonas, mas nestes casos o espanto é divertido, ou pelo menos resignado. §A necessidade de se ser absolutamente claro sobre que tipos de atividade sexual causam AIDS e como fazer para preveni-la acabou com qualquer preocupação da imprensa e da propaganda com o pundonor (grande palavra) alheio, embora ainda façam alguns rodeios. ¨A linguagem ficou mais leve, ficamos menos hipócritas. ©Burgueses epatáveis ainda existem, mas o acúmulo de agressões a seus ouvidos e pruridos os insensibilizou e hoje, se reagem, não é em público. (VERÍSSIMO, L. F. CONLUIO. Porto Alegre: Extra Classe, junho/julho de 1996. p.3). 104. Considere as seguintes afirmações. 42 I - A palavra 'pundonor' (6Ž período) poderia ser substituída por 'pudor' ou 'decoro', sem que o significado original do texto fosse alterado. II - O comentário parentético feito pelo autor logo após a palavra 'pundonor' (6Ž período) indica uma reflexão sobre escolhas lexicais do texto. III - Com o comentário parentético que aparece logo após a palavra 'pundonor' (6Ž período), o autor chama a atenção de seu leitor para um aspecto sintático do texto. Quais estão corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas I e II e) I, II e III TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Fuvest 96) "A triste verdade é que passei as férias no calçadão do Leblon, nos intervalos do novo livro que venho penosamente perpetrando. Estou ficando cobra em calçadão, embora deva confessar que o meu momento calçadônico mais alegre é quando, já no caminho de volta, vislumbro o letreiro do hotel que marca a esquina da rua onde finalmente terminarei o programa-saúde do dia. Sou, digamos, um caminhante resignado. Depois dos 50, a gente fica igual a carro usado, todo o dia tem uma coisa dando errado, é a suspensão, é a embreagem, é o radiador, é o contraplano do rolabrequim, é o contrafarto do mesocárdio epidítico, a falta de serotorpina folimolecular, é o que mecânicos e médicos disseram. Aí, para conseguir ir segurando a barra, vou acatando os conselhos. Andar é bom para mim, digo sem muita convicção a meus entediados botões, é bom para todos." (João Ubaldo Ribeiro, "O Estado de S. Paulo", 06/08/95) 105. Na frase "Aí, para conseguir ir segurando a barra, vou acatando os conselhos", aí será corretamente substituído, de acordo com seu sentido no texto, por: a) Nesse lugar. b) Nesse instante. c) Contudo. d) Em conseqüência. e) Ao contrário. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Faap 97) Durante este período de depressão contemplativa uma coisa apenas magoava-me: não tinha o ar angélico do Ribas, não cantava tão bem como ele. Que faria se morresse, entre os anjos, sem saber cantar? Ribas, quinze anos, era feio, magro, linfático. Boca sem lábios, de velha carpideira, desenhada em angústia - a súplica feita boca, a prece perene rasgada em beiços sobre dentes; o queixo fugia-lhe pelo rosto, infinitamente, como uma gota de cera pelo fuste de um círio... Mas, quando, na capela, mãos postas ao peito, de joelhos, voltava os olhos para o medalhão azul do teto, que sentimento! que doloroso encanto! que piedade! um olhar penetrante, adorador, de enlevo, que subia, que furava o céu como a extrema agulha de um templo gótico! E depois cantava as orações com a doçura feminina de uma virgem aos pés de Maria, alto, trêmulo, aéreo, como aquele prodígio celeste de garganteio da freira Virgínia em um romance do conselheiro Bastos. Oh! não ser eu angélico como o Ribas! Lembrome bem de o ver ao banho: tinha as omoplatas magras para fora, como duas asas! O ATENEU. Raul Pompéia 106. "Boca sem lábios, de velha CARPIDEIRA". Carpideira é uma mulher a quem se paga para: a) prostituir-se b) ir prantear os mortos c) executar tarefa de carpintaria d) rezar em voz alta nos templos e) divulgar boatos de terceiros para ofender-lhes a honra TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Cesgranrio 99) ROMARIA Os romeiros sobem a ladeira cheia de espinhos, cheia de pedras, sobem a ladeira que leva a Deus e vão deixando culpas no caminho. Os sinos tocam, chamam os romeiros: Vinde lavar os vossos pecados. Já estamos puros, sino, obrigados, mas trazemos flores, prendas e rezas. ...................................................................... Jesus no lenho expira magoado. Faz tanto calor, há tanta algazarra. Nos olhos do santo há sangue que escorre. Ninguém não percebe, o dia é de festa. No adro da janela há pinga, café, imagens, fenômenos, baralhos, cigarros e um sol imenso que lambuza de ouro o pó das feridas e o pó das muletas. Meu Bom Jesus que tudo podeis, humildemente te peço uma graça. Sarai-me, Senhor, e não desta lepra, do amor que eu tenho e que ninguém me tem. ...................................................................... Jesus meu Deus pregado na cruz, me dá coragem pra eu matar um que me amola de dia e de noite 43 e diz gracinhas a minha mulher ...................................................................... Os romeiros pedem com os olhos, pedem com a boca, pedem com as mãos. Jesus já cansado de tanto pedido dorme sonhando com outra humanidade. (Carlos Drummond de Andrade) 107. Assinale o par em que se verifica a oposição SAGRADO x PROFANO. a) "Os romeiros sobem a ladeira / cheia de espinhos, cheia de pedras," (v.1-2) b) "Vinde lavar os vossos pecados. / Já estamos puros, sino, obrigados," (v.6-7) c) "Os romeiros pedem com os olhos, / pedem com a boca, pedem com as mãos." (v.25-26) d) "e um sol imenso que lambuza de ouro / o pó das feridas e o pó das muletas." (v.15-16) e) "Nos olhos do santo há sangue que escorre. / Ninguém não percebe, o dia é de festa." (v.11-12) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Puccamp 95) A questão da descriminalização das drogas se presta a freqüentes simplificações de caráter maniqueísta, que acabam por estreitar um problema extremamente complexo, permanecendo a discussão quase sempre em torno da droga que está mais em evidência. Vários aspectos relacionados ao problema (abuso das chamadas drogas lícitas, como medicamentos, inalação de solventes, etc.) ou não são discutidos, ou não merecem a devida atenção. A sociedade parece ser pouco sensível, por exemplo, aos problemas do alcoolismo, que representa a primeira causa de internação da população adulta masculina em hospitais psiquiátricos. Recente estudo epidemiológico realizado em São Paulo apontou que 8% a 10% da população adulta apresentavam problemas de abuso ou dependência de álcool. Por outro lado, a comunidade mostra-se extremamente sensível ao uso e abuso de drogas ilícitas, como maconha, cocaína, heroína, etc. Dois grupos mantêm acalorada discussão. O primeiro acredita que somente penalizando traficantes e usuários pode-se controlar o problema, atitude essa centrada, evidentemente, em aspectos repressivos. Essa corrente atingiu o seu maior momento logo após o movimento militar de 1964. Seus representantes acreditam, por exemplo, que "no fim da linha" usuários fazem sempre um pequeno comércio, o que, no fundo, os igualaria aos traficantes, dificultando o papel da Justiça. Como solução, apontam, com freqüência, para os reconhecidamente muito dependentes, programas extensos a serem desenvolvidos em fazendas de recuperação, transformando o tratamento em um programa agrário. Na outra ponta, um grupo "neoliberal" busca uma solução nas regras do mercado. Seus integrantes acreditam que, liberando e taxando essas drogas através de impostos, poderiam neutralizar seu comércio, seu uso e seu abuso. As experiências dessa natureza em curso em outros países não apresentam resultados animadores. Como uma terceira opção, pode-se olhar a questão considerando diversos ângulos. O usuário eventual não necessita de tratamento, deve ser apenas alertado para os riscos. O dependente deve ser tratado, e, para isso, a descriminalização do usuário é fundamental, pois facilitaria muito seu pedido de ajuda. O traficante e o produtor devem ser penalizados. Quanto ao argumento de que usuários vendem parte do produto: é fruto de desconhecimento de como se dão as relações e as trocas entre eles. Duplamente penalizados, pela doença (dependência) e pela lei, os usuários aguardam melhores projetos, que cuidem não só dos aspectos legais, mas também dos aspectos de saúde que são inerentes ao problema. (Adaptado de Marcos P. T. Ferraz, Folha de São Paulo) 108. A questão da descriminalização das drogas se presta a freqüentes simplificações de caráter maniqueísta, que acabam por estreitar um problema extremamente complexo, permanecendo a discussão quase sempre em torno da droga que está mais em evidência. A alternativa que foge ao sentido do texto anterior, devido ao uso de palavras INADEQUADAS, é: a) A discussão acerca de excluir-se a criminalidade de fatos relacionados às drogas propicia freqüentes simplificações, que, frutos de atitude rígida, centram a questão em princípios absolutamente antagônicos, o que acaba por estreitar um problema extremamente complexo, permanecendo a discussão quase sempre em torno da droga mais em evidência. b) A questão de se discernir a diferença entre os diversos tipos de drogas implica que se analise o fato sob o ângulo do Bem × Mal, atitude que, com freqüência, acaba por simplificar um problema que é bastante complexo, fixando-se o debate em torno da droga que está mais em evidência. c) O problema de não se considerar culposo o que diz respeito às drogas favorece, constantemente, o desprezo de aspectos importantes relacionados à questão, próprio de atitude que centra a discussão em duas posições definitivamente irredutíveis; isso minimiza a complexidade do tema, permanecendo a discussão, quase sempre, em torno da droga mais em evidência. d) O debate acerca de não se considerar criminoso o que se refere às drogas admite freqüentemente que se analise o problema sob o enfoque simplificador de uma luta do bem contra o mal, o que implica uma redução da complexidade do tema, permanecendo a discussão, via de 44 regra, em torno da droga mais em evidência. e) A discussão sobre inocentarem-se as práticas relacionadas às drogas constantemente permite simplificações apoiadas em visões totalmente opostas e irredutíveis a outros termos, que acabam por limitar a análise de problema tão complexo, permanecendo o debate quase sempre em torno da droga mais em evidência. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufrs 97) Que mãe? 1 A mãe de hoje em dia é uma mulher esbaforida, a representar papel avesso ............... que lhe foi imposto até alguns anos atrás. Ela está às voltas com o problema de ter e criar filhos e de administrar uma carreira. Em muitos casos ela é parte importante, quando não a única fonte de renda da casa. Freqüentemente ela é a ponte para que a família de classe média ............... à classe média alta. [...] 2 No limite do raciocínio, a expectativa sancionada pela sociedade repele uma mulher que possa abandonar o trabalho, que tantas possibilidades ............... abriu, e trocá-lo pela atenção aos filhos. A mãe tradicional, a antes louvada rainha do lar, por assim dizer, está rechaçada. No pós-feminismo, a sensação é de que todas as chances existem para uma mulher forte e competente chegar ao ápice em qualquer terreno. [...] 3 A mãe que todas as gerações conheceram aquela que ficava em casa e tratava das tarefas da família, especialmente dos filhos - será no futuro objeto de relato histórico a provocar estranheza nos ouvintes. (Santos, Mário Vítor. QUE MÃE? São Paulo: Revista da Folha de São Paulo, 12.05.96) 109. Assinale a alternativa que apresenta sinônimos adequados para as palavras 'sancionada' (2Ž parágrafo), 'sensação' (2Ž parágrafo) e 'provocar' (3Ž parágrafo) respectivamente, considerando o contexto em que tais palavras ocorrem. a) aprovada, impressão, suscitar b) criada, impressão, suscitar c) criada, intuição, suscitar d) aprovada, intuição, incitar e) aprovada, impressão, incitar TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES. (Faap 97) BAILADO RUSSO Guilherme de Almeida A mão firme e ligeira puxou com força a fieira: e o pião fez uma elipse tonta no ar e fincou a ponta no chão. É o pião com sete listas de cores imprevistas. Porém, nas suas voltas doudas, não mostra as cores todas que tem: - fica todo cinzento, no ardente movimento... E até parece estar parado, teso, paralisado, de pé. Mas gira. Até que, aos poucos, em torvelins tão loucos assim, já tonto, bamboleia, e bambo, cambaleia... Enfim, tomba. E, como uma cobra, corre mole e desdobra então, em hipérboles lentas, sete cores violentas no chão. 110. O melhor sentido para DOUDAS ( ... em suas voltas doudas...): a) doente b) extravagante c) extraordinariamente afetuoso d) alienado e) sem juízo 111. As palavras a seguir realçam a vertiginosa velocidade do pião, exceto: a) teso b) paralisado c) parado d) cinzento e) cobra TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufu 2001) 1 "O rápido desenvolvimento da engenharia genética está forçando uma reavaliação da questão do controle da pesquisa científica pelos órgãos legislativos. Este controle foi praticamente perdido durante a década de 70, quando as primeiras experiências envolvendo a manipulação explícita de genes foram desenvolvidas. O que existia antes, 'cruzar' animais ou plantas para criar novas raças ou híbridos, é coisa bem diferente, pois não envolve a manipulação direta dos genes. Todos sabem que cães e gatos são espécies diferentes e que não se misturam: entretanto, por meio da manipulação genética direta, essas duas espécies podem, 45 em princípio, ser 'misturadas'. 2 Uma das técnicas mais comuns de manipulação genética é a passagem de genes de um organismo a outro usando vírus ou bactérias: os genes de um organismo são transplantados ao vírus, que, por sua vez, é implantado no organismo em que se deseja depositar o material genético. Esse organismo pode ser um peixe ou uma espécie de milho ou tomate. Com isso, os genes espalham-se pelo organismo, transformando seu material genético e, portanto, algumas de suas propriedades. Por exemplo, podem-se desenvolver espécies de milho resistentes a certos insetos que o usam como alimento, controlando geneticamente certas pragas agrícolas; ou um tipo de tomate que cresce mais rápido e é mais produtivo. Até aí tudo bem a ciência a serviço da população, como deveria ser. Podemos imaginar um futuro em que os alimentos modificados geneticamente irão solucionar um dos maiores problemas que afligem a humanidade, a fome. O dilema começa ao examinarmos os possíveis efeitos ambientais dos alimentos transgênicos. 3 Se microrganismos são usados como 'pontes' genéticas, transmitindo material de uma planta a outra ou de um animal a outro, como podemos nos certificar de que esse material não se espalhará para outras plantas ou animais? Para responder a essa questão, virologistas dos Institutos Nacionais de Saúde de (NIH) dos EUA desenvolveram experiência em que um gene causador de câncer em ratos foi transplantado para uma bactéria, que foi então implantada em outros animais, para observar se estes também desenvolveriam câncer. Em caso afirmativo, a experiência provaria que o câncer pode se tornar uma doença contagiosa por meio da manipulação genética. Os cientistas começaram errando, escolhendo uma bactéria frágil. Por quê? Por que eles não tinham nenhum interesse em comprovar os perigos da manipulação genética; existiam outros interesses em jogo - políticos, econômicos e também de controle da pesquisa científica. Mesmo assim, a bactéria infectou alguns animais com câncer, segundo os NIH. Esses resultados não foram publicados em jornais científicos, e o jornal 'The New York Times' anunciou, citando depoimento oficial dos NIH de 1979, que os 'riscos são menores do que o temido'. Caso encerrado! 4 Experiências recentes realizadas na Universidade de Cornell, nos EUA, mostraram que larvas da borboleta monarca que se alimentam de plantas impregnadas com o pólen de um tipo de milho transgênico morrem em grandes quantidades. Ainda é cedo para saber como os resultados se manifestarão fora do laboratório, mas o perigo existe. A verdade é que ainda não temos comprovação científica de que a manipulação genética de alimentos e animais não poderá gerar efeitos danosos à nossa saúde ou ao equilíbrio ecológico. Não acredito que seja possível impedir o desenvolvimento da pesquisa genética. Também jamais sugeriria tal coisa, que me parece absurda; a ciência precisa ter liberdade para progredir e uma legislação proibindo certos tópicos de pesquisa é, na minha opinião, equivalente à censura de imprensa ou à repressão da opinião pública. 5 Por outro lado, essa liberdade só pode funcionar se submetida a intensa supervisão da comunidade científica, aliada a órgãos governamentais, livre de interesses econômicos que possam comprometer os resultados. Existem questões éticas sérias que precisam ser debatidas abertamente com a sociedade, desde a criação de alimentos transgênicos até a manipulação de genes humanos. O Brasil deve tomar sua própria iniciativa, desenvolvendo critérios e experiências que testem os efeitos da manipulação genética dentro de seus vários ecossistemas. Só assim poderemos transformar a manipulação genética em um dos maiores benefícios da ciência - e não em um monstro." (Marcelo Gleiser, "Folha de S. Paulo", 3 de setembro de 2000) 112. Assinale a ÚNICA alternativa em que a palavra ou expressão em destaque NÃO está adequadamente interpretada de acordo com seu sentido no texto. a) "O que existia antes, 'cruzar' animais ou plantas para criar novas raças ou HÍBRIDOS, é coisa bem diferente..." (par.1)= mistura de espécies diferentes. b) "(...) mostraram que larvas da borboleta monarca que se alimentam de plantas IMPREGNADAS com o pólen de um tipo de milho transgênico morrem em grandes quantidades." (par.4)= imbuídas. c) "(...) os alimentos modificados geneticamente irão solucionar um dos maiores problemas que AFLIGEM a humanidade, a fome." (par.2)= atormentam. d) "(...) essa liberdade só pode funcionar se submetida a intensa SUPERVISÃO da comunidade científica..." (par.5)= inspeção. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufmg 98) Já que não basta ficarem mexendo toda hora no valor e no nome do dinheiro? Nos juros, no crédito, nas alíquotas de importação, no câmbio, na Ufir e nas regras do imposto de renda? Já não basta mudarem as formas da Lua, as marés, a direção dos ventos e o mapa da Europa? E as regras das campanhas eleitorais, o ministério, o comprimento das saias, a largura das gravatas? Não basta os deputados mudarem de partido, homens virarem mulher, mulheres virarem homem e os economistas virarem lobisomem, quando saem do Banco Central e ingressam na banca privada? Já não basta os prefeitos, como imperadores romanos, tentarem mudar o nome de avenidas cruciais, como a Vieira Souto, no Rio de Janeiro, ou se lançarem à aventura maluca de destruir largos pedaços da cidade para rasgar avenidas, como em São Paulo? Já não basta mudarem toda hora as teorias sobre o que engorda e o que emagrece? Não basta mudarem a capital federal, o número de estados, o número de municípios e até o nome 46 do país, que já foi Estados Unidos do Brasil e depois virou República Federativa do Brasil? Não, não basta. Lá vêm eles de novo, querendo mudar as regras de escrever o idioma. "Minha pátria é a língua portuguesa", escreveu Fernando Pessoa pela pena de um de seus heterônimos, Bernardo Soares, autor do "Livro do Desassossego". Desassossegados estamos. Querem mexer na pátria. Quando mexem no modo de escrever o idioma, põem a mão num espaço íntimo e sagrado como a terra de onde se vem, o clima a que se acostumou, o pão que se come. Aprovou-se recentemente no Senado mais uma reforma ortográfica da Língua Portuguesa. É a terceira nos últimos 52 anos, depois das de 1943 e 1971 - muita reforma, para pouco tempo. Uma pessoa hoje com 60 anos aprendeu a escrever "idéa", depois, em 1943, mudou para "idéia", ficou feliz em 1971 porque "idéia" passou incólume, mas agora vai escrever "ideia", sem acento. Reformas ortográficas são quase sempre um exercício vão, por dois motivos. Primeiro, porque tentam banhar de lógica o que, por natureza, possui extensas zonas infensas à lógica, como é o caso de um idioma. Escreve-se "Egito", e não "Egipto", mas "egípcio", e não "egício", e daí? Escreve-se "muito", mas em geral se fala "muinto". Segundo, porque, quando as reformas se regem pela obsessão de fazer coincidir a fala com a escrita, como é o caso das reformas da Língua Portuguesa, estão correndo atrás do inalcançável. A pronúncia muda no tempo e no espaço. A flor que já foi "azálea" está virando "azaléa" e não se pode dizer que esteja errado o que todo o povo vem consagrando. "Poder" se pronuncia "poder" no Sul do Brasil e "puder" no Brasil do Nordeste. Querer que a grafia coincida sempre com a pronúncia é como correr atrás do arco-íris, e a comparação não é fortuita, pois uma língua é uma coisa bela, mutável e misteriosa como um arco-íris. Acresce que a atual reforma, além de vã, é frívola. Sua justificativa é unificar as grafias do Português do Brasil e de Portugal. Ora, no meio do caminho percebeu-se que seria uma violência fazer um português escrever "fato" quando fala "facto", ou "recepção" quando fala "receção", da mesma forma como seria cruel fazer um brasileiro escrever "facto" ou "receção" (que ele só conhece, e bem, com dois ss, no sentido de inferno astral da economia). Deixou-se, então, que cada um continuasse a escrever como está acostumado, no que se fez bem, mas, se a reforma era para unificar e não unifica, para que então fazê-la? Unifica um pouco, responderão os defensores da reforma. Mas, se é só um pouco, o que adianta? Aliás, para que unificar? O último argumento dos propugnadores da reforma é que, afinal, ela é pequena - mexe com a grafia de 600, entre as cerca de 110.000 palavras da Língua Portuguesa, ou apenas 0,54% do total. Se é tão pequena, volta a pergunta: para que fazê-la? Fala-se que a reforma simplifica o idioma e, assim, torna mais fácil seu ensino. Engano. A representação escrita da língua é um bem que percorre as gerações, passando de uma à outra, e será tão mais bem transmitida quanto mais estável for, ou, pelo menos, quanto menos interferências arbitrárias sofrer. Não se mexa assim na língua. O preço disso é banalizá-la como já fizeram com a moeda, no Brasil. (Roberto Pompeu de Toledo - VEJA, 24.05.95. Texto adaptado pela equipe de Língua Portuguesa da COPEVE/UFMG.) 113. Em todas as alternativas, as palavras em maiúsculo estão corretamente interpretadas, EXCETO em a) o último argumento dos PROPUGNADORES da reforma (...) propugnadores = defensores b) (...) ficou feliz em 1971 porque "idéia" passou INCÓLUME (...) incólume = ilesa c) (...) quanto mais estável for, ou, pelo menos, quanto menos interferências ARBITRÁRIAS sofrer. arbitrárias = injustas d) (...) e a comparação não é FORTUITA. fortuita = acidental TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufmt 96) SE NÃO HOUVESSE montanhas! Se não houvesse paredes! Se o sonho tecesse malhas e os braços colhessem rêdes! Se a noite e o dia passassem como nuvens, sem cadeias, e os instantes da memória fossem vento nas areias! Se não houvesse saudade, solidão nem despedida... Se a vida inteira não fôsse, além de breve, perdida! Eu tinha um cavalo de asas, que morreu sem ter pascigo. E em labirintos se movem os fantasmas que persigo. (Canções - Cecília Meireles) Na(s) questão(ões) a seguir assinale nos parênteses (V) se for verdadeiro e (F) se for falso. 114. Julgue os itens. ( ) A oração principal das orações condicionais do texto encontra-se subentendida. ( ) Na quarta estrofe, há uma oração cujos termos estão em ordem inversa. ( ) Assim como "cavalo de asas" equivale a cavalo alado, água de chuva equivale à água fluvial. 47 TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES. (Ufes 2000) O amante de Capitu CARLOS HEITOR CONY Rio de Janeiro 1 Tornou-se um lugar-comum crítico: Machado de Assis jamais colocou em seus romances qualquer elemento autobiográfico. Recentemente, no centenário de "Dom Casmurro", houve uma enxurrada de celebrações e estudos, a ninguém ocorreu que o caso de Capitu podia ser confessional. 2 Conto o que li, em diários e crônicas daquele tempo, mantendo as iniciais por conveniência, há parentes vivos da pessoa em questão. 3 Todos sabiam da amizade filial de Machado por M. de A. - simples coincidência nas iniciais. Ao fundar a Academia, indicou-o como membro da primeira leva, o rapaz tinha então 20 e tantos anos, um único livro sem valor. Fisicamente, tinha traços de Machado, a mesma testa, o mesmo cabelo crespo, alguns tiques iguais. 4 Indo a um médico, por causa desses tiques, teve diagnosticada a epilepsia - doença hereditária que tanto maltratara Machado. Tão discreto quanto ao autor de "Helena", viveu na sombra, passou anos fora do Brasil. Ninguém entendia o amor que Machado tinha por ele. Ninguém entendia como os dois poderiam ser tão parecidos fisicamente. 5 Dos membros fundadores da Academia foi o último a morrer. Não fora a excepcional amizade de Machado, teria sido apenas um diplomata a mais. 6 Foram pouquíssimos os contemporâneos de Machado que notaram, nele, a mesma coincidência do filho de Capitu, que se parecia com o amante dela e não com o pai do rapaz. Há testemunhos disso: o médico Afonso Mac-Dowell, que cuidava de vários acadêmicos , e Goulart de Azevedo, que contou a história a Humberto de Campos. 7 Sendo verdadeira a suposição, fica encerrada a questão do adultério. O amante de Capitu era o próprio Machado. ("Folha de S. Paulo", 4-8-99) 115. Uma das substituições propostas abaixo implica alteração de sentido: a) a da expressão "lugar-comum" (par.1) pela expressão "argumento muito freqüente" b) a da "vírgula" pelo conector "porque" no segmento "... mantendo as iniciais por conveniência, há parentes vivos da pessoa em questão." (par.2) c) a do pronome "o" por "M. de A." em "indicou-o como membro da primeira leva, " (par.3). d) a da palavra "contemporâneos" (par.6) pela palavra "conterrâneos". e) a do "ponto simples" por "dois pontos" entre os períodos que compõem o último parágrafo do texto. 116. Preencha a segunda coluna de acordo com o SENTIDO que se atribui à palavra COISAS em cada uma das sentenças abaixo. COLUNA I (1) M. de A. assemelhava-se a Machado de Assis pelo cabelo, pela testa e por outras COISAS mais. (2) Para chegar às suas conclusões, Cony baseou-se em COISAS divulgadas em diários e crônicas. (3) Baseado na narrativa de Bentinho, o leitor é levado a fazer um julgamento de Capitu por seu procedimento leviano e infiel, contrário às COISAS da época. (4) Na Academia Brasileira, permanece o tradicional uso dos fardões, do chá às quintas-feiras, entre outras COISAS. (5) A Capitu interessava o conforto, o luxo e outras COISAS que Bentinho lhe poderia oferecer. COLUNA II ( ) moral e comportamento ( ) fatos e acontecimentos ( ) bens e valores ( ) características físicas e psicológicas ( ) hábitos e costumes A seqüência correta é a) 3, 2, 5, 1, 4. b) 1, 4, 3, 5, 2. c) 3, 2, 1, 4, 5. d) 2, 4, 1, 3, 5. e) 1, 2, 5, 4, 3. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufmt 96) Na(s) questão(ões) a seguir julgue os itens e escreva nos parênteses (V) se for verdadeiro ou (F) se for falso. 117. Com base no texto 1 Sinto muito 2 Agora o cinto é prá valer. (Campanha Detran - 1995) Julgue os itens. ( ) Este texto propaganda joga com a sonoridade de duas palavras homógrafas. ( ) A palavra "sinto" é um verbo, e a palavra "cinto" é um substantivo. ( ) A expressão "prá valer" remete à obrigatoriedade do uso do cinto. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Uel 98) Seja pela modorra causada pelo El Niño, seja por complacência com o rigor jornalístico, a verdade é que nossos jornais entregaram-se ao pseudodeterminismo "pesquisótico": obsessão pelas 48 sondagens de opinião pública. Estão erigindo o leitor desinformado em árbitro de nosso destino e fonte daquilo que o leitor mais exigente espera dos jornalistas: matéria informativa, elaborada, investigada além das aparências, com um mínimo de imparcialidade, para montar os seus próprios juízos. A pesquisa-blitz, de algibeira, é um "paredón" inapelável. O perdedor está ferrado, não pode argüir números, sempre infalíveis. Exemplo clássico do factóide, o pseudofato paramentado de numerologia e estatística, que os jornais despejam em cima do cidadão convertido em mero consumidor e retoma como fato consumado, por força da reiteração e repercussões. Exemplar, verdadeiro "case-study" clássico da malversação dos estudos de opinião pública, foi a sondagem (esse é o nome correto) recentemente publicada com estardalhaço por um jornal sobre certas medidas fiscais apresentadas pelo governo. Durante algumas horas da manhã e do princípio da tarde de um dia foram ouvidas 640 pessoas na cidade de São Paulo, escolhidas aleatoriamente, que sentenciaram em nome de toda a cidadania brasileira: o conjunto de medidas propostas não serve, os responsáveis por ele não são bons, bons são seus opositores. Obs.: Blitz = batida policial de improviso e que utiliza grande aparato bélico. Pesquisa-blitz = pesquisa improvisada realizada com grande ostentação. 118. "Seja pela MODORRA causada pelo El Niño, seja por COMPLACÊNCIA COM O rigor jornalístico, a verdade é que nossos jornais entregaram-se ao pseudodeterminismo "pesquisótico": obsessão pelas sondagens de opinião pública." As palavras em destaque acima significam, no texto, a) indiferença e prazer do. b) doença e benevolência para com o. c) má influência e boa vontade. d) apatia e condescendência com o. e) casmurrice e intransigência com o. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES. (Ufrs 96) TER CEM ANOS, SER CENTENÁRIA 1 Porto Alegre está ficando assim, quando e onde menos se espera aparece um centenário. [...] ¢Bem, £nós sabemos que uma ¦cidade centenária é muito mais que uma ¢¡cidade de cem anos, uma cidade onde meramente vivem figuras e centenários de cem anos. ¥Esta, basta deixá-la§ vagar ao sabor do ©calendário, ¨que mal ou bem corre¢¨; ªaquela, porém, precisa muito mais. Precisa, ¤por exemplo, da ¢£vibração que ¢¥só acomete os dispostos a segurar o tempo pelos cabelos e impor-lhe¢¢ um ritmo, para fazer história, consistência, com a matéria-prima trivial, dispersão. 2 Com seus mais de duzentos anos de existência, Porto Alegre se candidata ¢¦agora à honraria de ser centenária. Coisas, ambientes, filhos ilustres, artistas, instituições, ruas porto-alegrenses estão fazendo ¢¤acontecer, ¢§ao longo dos anos, a cidade -¢© este silencioso depósito de sucessivas camadas de heroísmo, covardia, ousadia, destempero, fracasso, vitórias, esperanças, desinteresses, contrariedades, e desejos, em combinações díspares,¢ª humanas. (Fischer, L.A. TER CEM ANOS, SER CENTENÁRIA. Porto & Vírgula, Porto Alegre, n° 26 agosto/1994, p.1) 119. Assinale a alternativa que contém sinônimos adequados para as palavras 'meramente' (par.1), 'acomete' (par.1) e 'díspares' (par.2), no contexto em que aparecem. a) geralmente, perturba, únicas b) simplesmente, assalta, desiguais c) comumente, assalta, desiguais d) simplesmente, perturba, desiguais e) comumente, perturba, únicas 120. Muitas vezes nesse texto duas expressões ou frases são colocadas lado a lado de tal forma que a segunda funciona como um aposto que dá à primeira um significado especial ou mais preciso. Assinale a alternativa em que essa NÃO é a relação entre as duas expressões retiradas do texto. a) ... uma cidade de cem anos, uma cidade onde meramente vivem figuras e cenários de cem anos. b) ... história, consistência... c) ... matéria-prima trivial, dispersão. d) ... filhos ilustres, artistas... e) ... a cidade - este silencioso depósito... TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Pucsp 96) Os trechos a seguir foram extrídos de diferentes capítulos da obra SÃO BERNARDO, de Graciliano Ramos. "RESOLVI estabelecer-me aqui na minha terra, município de Viçosa, Alagoas, e logo planeei adquirir a propriedade S. Bernardo, onde trabalhei, no eito, com salário de cinco tostões." (Cap.4) "AMANHECI um dia pensando em casar. Foi uma idéia que me veio sem que nenhum rabo de saia a provocasse. Não me ocupo com amores, devem ter notado, e sempre me pareceu que mulher é um bicho esquisito, difícil de governar. (Cap. 11) "CONHECI que Madalena era boa em demasia, mas não conheci tudo de uma vez. Ela se revelou pouco a pouco, e nunca se revelou inteiramente. A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste, que me deu uma alma agreste." (Cap. 19) 49 121. As palavras ou expressões oferecem, aos falantes de uma língua, multiplicidade de uso, definindo-se seus significados na situação em que ocorrem. Veja, a esse exemplo, a expressão "no eito", no primeiro trecho. Levando em conta: I) o verbete no dicionário, definido como "1. Seqüência ou série de coisas que estão na mesma direção ou linha. 2. Bras. Limpeza de uma plantação por turmas que usam enxadas. 3. Bras. Roça onde trabalhavam escravos. A eito = a fio; a seguir." (cf. Buarque de Holanda, 1• Ed., p. 501) II) o emprego no trecho apresentado,você poderia afirmar que ela se refere a: a) trabalhar com astúcia. b) trabalhar com afinco. c) trabalhar com resignação. d) trabalhar com prazer. e) trabalhar com revolta. 122. (Unitau 95) Em: I - CERTAS instituições encontram sua autoridade na palavra divina. II - Instituições CERTAS encontram caminho no mercado financeiro. As palavras, em destaque, são, no plano morfológico e semântico (significado) a) adjetivo em I e substantivo em II, com significado de "algumas" em I e "corretas" em II. b) substantivo em I e adjetivo em II, com significado de "muitas" em I e "íntegras" em II. c) advérbio em I e II, com significado de "algumas" em I e "algumas" em II. d) adjetivos em I e II, com significado de "algumas" em I e "íntegras" em II. e) advérbio em I e adjetivo em II, com significado de "poucas" em I e "poucas" em II. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES. (Unitau 95) "Certas instituições encontram sua autoridade na palavra divina. Acreditemos ou não nos dogmas, é preciso reconhecer que seus dirigentes são obedecidos porque um Deus fala através de sua boca. Suas qualidades pessoais importam pouco. Quando prevaricam, eles são punidos no inferno, como aconteceu, na opinião de muita gente boa, com o Papa Bonifácio VIII, simoníaco reconhecido. Mas o carisma é da própria Igreja, não de seus ministros. A prova de que ela é divina, dizia um erudito, é que os homens ainda não a destruíram. Outras associações humanas, como a universidade, retiram do saber o respeito pelos seus atos e palavras. Sem a ciência rigorosa e objetiva, ela pode atingir situações privilegiadas de mando, como ocorreu com a Sorbonne. Nesse caso, ela é mais temida do que estimada pelos cientistas, filósofos, pesquisadores. Jaques Le Goff mostra o quanto a universidade se degradou quando se tornou uma polícia do intelecto a serviço do Estado e da Igreja. As instituições políticas não possuem nem Deus nem a ciência como fonte de autoridade. Sua justificativa é impedir que os homens se destruam mutuamente e vivam em segurança anímica e corporal. Se um Estado não garante esses itens, ele não pode aspirar à legítima obediência civil ou armada. Sem a confiança pública, desmorona a soberania justa. Só resta a força bruta ou a propaganda mentirosa para amparar uma potência política falida. O Estado deve ser visto com respeito pelos cidadãos. Há um espécie de aura a ser mantida, através do essencial decoro. Em todas as suas falas e atos, os poderosos precisam apresentar-se ao povo como pessoas confiáveis e sérias. No Executivo, no Parlamento e, sobretudo, no Judiciário, esta é a raiz do poder legítimo. Com a fé pública, os dirigentes podem governar em sentido estrito, administrando as atividades sociais, econômicas, religiosas, etc. Sem ela, os governantes são reféns das oligarquias instaladas no próprio âmbito do Estado. Essas últimas, sugando para si o excedente econômico, enfraquecem o Estado, tornando-o uma instituição inane." (Roberto Romano, excerto do texto "Salários de Senadores e legitimidade do Estado", publicado na Folha de São Paulo, 17/10/1994, 1Ž caderno, página 3) 123. Numere a coluna com parênteses de acordo com os significados das palavras dacoluna numerada a seguir: 1 - prevaricação 2 - simoníaco 3 - carisma 4 - dogma 5 - anímica 6 - decoro ( ) dignidade, honradez ( ) força divina conferida a alguém ( ) psíquico, relativo à alma ( ) falta com o dever por interesse ou por má fé ( ) venda ilícita de coisas sagradas ou espirituais ( ) governo por poucos e poderosos ( ) ponto fundamental indiscutível de doutrina ou sistema a) 6, 4, 1, 2, 3, 5, 7. b) 6, 4, 2, 1, 3, 5, 7. c) 6, 3, 5, 1, 2, 7, 4. d) 5, 3, 6, 4, 2, 7, 1. 50 e) 4, 2, 5, 6, 1, 3, 7. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Fuvest 98) Detenho-me diante de uma lareira e olho o fogo. É gordo e vermelho, como nas pinturas antigas; remexo as brasas com o ferro, baixo um pouco a tampa de metal e então ele chia com mais força, estala, raiveja, grunhe. Abro: mais intensos clarões vermelhos lambem o grande quarto e a grande cômoda velha parece regozijar-se ao receber a luz desse honesto fogo. Há chamas douradas, pinceladas azuis, brasas rubras e outras cor-de-rosa, numa delicadeza de guache. Lá no alto, todas as minhas chaminés devem estar fumegando com seus penachos brancos na noite escura; não é a lenha do fogo, é toda a minha fragata velha que estala de popa a proa, e vai partir no mar de chuva. Dentro, leva cálidos corações. (Rubem Braga) 124. A mesma relação semântica assinalada pela conjunção E na frase "Detenho-me diante de uma lareira E olho o fogo" encontra-se também em: a) E a cada dia, você tem mais lugares onde pode contar com a comodidade de pagar suas despesas com cartões de crédito. b) Realizada pela primeira vez em outubro do ano passado, a Semana de Arte E Cultura da USP tenta conquistar seu espaço na agenda cultural de São Paulo. c) Carro quebra no meio da estrada E casal pode ajuda a um motorista que passa pelo local. d) Quisera falar com o ladrão, E nada fizera. e) E seu irmão Dito é o dono daqui? TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufpe 96) "Três semanas atrás, escrevendo aqui sobre a arrogância no jornalismo, eu dizia que muita gente hoje tem mais medo de ser condenada pela imprensa do que pela justiça, já que esta tem regras fixas e instâncias de apelação. O poder da imprensa é arbitrário e seus danos irreparáveis. "O desmentido nunca tem a força do mentido". Na justiça, há pelo menos um código para dizer o que é crime; na imprensa 'não há um código' - não há norma nem para estabelecer o que é notícia, quanto mais ética. 'Mas' a grande diferença é que, no julgamento da imprensa, as pessoas são culpadas até prova ao contrário." (Zuenir Ventura / JB - 26/05/95) ( ) NORMA / REGRA / LEI são, em alguns contextos, palavras sinônimas. ( ) "TRÊS SEMANAS ATRÁS ..." é uma expressão que pode ser substituída por HÁ TRÊS SEMANAS ... 126. (Fuvest-gv 91) "Busque Amor novas artes, novo engenho" Assinalar a alternativa que melhor contém o significado das palavras engenho e arte, no verso transcrito acima: a) gênio/experiência e inspiração/destreza; b) índole/recursos e natureza/perícia; c) talento/invenção e técnica/artifício; d) inclinação/tendência e engano/dolo; e) instinto/regras e discernimento/preceitos. 127. (Ufes 96) Assinale a afirmativa que NÃO condiz com a propaganda a seguir: a) É possível coordenar elementos em princípio incompatíveis semanticamente: "Você vai ficar de saco cheio. E muito feliz... " b) Para que a coordenação entre "Você vai ficar de saco cheio. E muito feliz..." se torne possível, é necessário que o valor semântico da expressão "de saco cheio" seja "abastecido". c) No texto da propaganda, a expressão "de saco cheio" equivale a "entediado", "molestado". d) A ambigüidade presente em propagandas é propositada e destina-se exatamente a permitir o jogo baseado nos textos verbal e não-verbal. e) "(... ) porque o São José faz questão de encher as sacolas amarelinhas com um montão de promoções como estas" é a causa de "Você vai ficar de saco cheio. E muito feliz". Na(s) questão(ões) a seguir escreva nos parêntesses (V) se a afirmação for verdadeira ou (F) se for falsa. 125. Quanto ao vocabulário: ( ) ARBITRÁRIO pode ser substituído por DESPÓTICO. ( ) AQUI, advérbio de lugar, refere-se à cidade do Rio de Janeiro. ( ) HOJE tem sentido estrito do dia 26 de maio. 51 categorias. c) As SANÇÕES previstas na lei eleitoral não exercem influências significativas sobre a paixão dos militantes. d) O novo diretor prefere SANÇÕES a diálogos. e) O contrato prevê SANÇÕES para os inadimplentes. 132. (Fuvest 98) Agora os parlamentares concluem sua obra com a anuência unânime àquele dispositivo inconstitucional. ("Folha de S. Paulo", 28/08/97,1-2) 128. (Uel 94) Os pares acidente/incidente; cheque/xeque; vultoso/vultuoso; verão/estio são, respectivamente: a) sinônimos, homônimos, parônimos e antônimos. b) parônimos, homônimos, parônimos e sinônimos. c) parônimos, parônimos, sinônimos e sinônimos. d) homônimos, homônimos, parônimos e sinônimos. e) sinônimos, parônimos, sinônimos e antônimos. 129. (Uel 95) Exemplos apresentados aos vestibulandos. ANÁLOGOS foram Assinale a alternativa que contém um sinônimo da palavra em destaque na frase acima. a) variados b) adequados c) ilustrativos d) semelhantes e) esclarecedores 130. (Fuvest 98) A negociação entre presidência e oposição é condição SINE QUA NON para que a nova lei seja aprovada. A expressão latina em maiúsculo, largamente utilizada em contextos de língua portuguesa, significa, neste caso: a) prioritária. b) relevante. c) pertinente. d) imprescindível. e) urgente. 131. (Fuvest 98) A palavra SANÇÃO com o significado de RATIFICAÇÃO ocorre apenas em: a) Aplicar SANÇÕES a grevistas não é direito nem dever de um presidente. b) Eventual SANÇÃO do presidente à nova lei, aprovada ontem, poderá desagradar a setores de todas as A paráfrase correta do texto é: a) A maioria dos parlamentares aprova um certo dispositivo inconstitucional. b) Os parlamentares, sem exceção, aprovam o dispositivo inconstitucional anteriormente mencionado. c) Todos os parlamentares reprovam o dispositivo inconstitucional anteriormente mencionado. d) A maioria absoluta dos parlamentares boicotou um certo dispositivo inconstitucional. e) A maioria dos parlamentares conclui sua obra com indiferença à aprovação ou não de um certo dispositivo inconstitucional. 133. (Pucmg 97) Examine os dois verbetes a seguir, transcritos do DICIONÁRIO DE SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS DA LÍNGUA PORTUGUESA (1989), de Francisco Fernandes. Em seguida, assinale a alternativa que possibilita o uso alternado das duas formas ESPIRAR e EXPIRAR. "ESPIRAR: Sin. Respirar, exalar: Flores que espiram delicioso aroma. Soprar." "EXPIRAR: Sin. Respirar, exalar, bafejar, espirar: O hálito de paz que tudo aí expirava (Herculano). Morrer, falecer, acabar. Terminar, finalizar, findar: O prazo ainda não expirou. Extinguir-se, desfazer-se, dissipar-se: Expirou seu prestígio, sua fama. Ant. - Inspirar." a) Quando expirará o prazo para o pagamento? b) Minha preocupação parece jamais expirar. c) O mandato do presidente expira na próxima semana. d) O paciente deu um gemido e expirou. e) Expirou a herança que o pai lhe deixara. 134. (Pucmg 97) Examine os dois verbetes a seguir, transcritos do DICIONÁRIO DE SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS DA LÍNGUA PORTUGUESA (1989), de Francisco Fernandes. Em seguida, assinale a alternativa que NÃO possibilita o uso alternado das duas formas ESPERTO E EXPERTO. "ESPERTO: Sin. Acordado, desperto. Inteligente, fino, agudo, ativo, enérgico; experimentado, versado, entendido, sabido, atilado. Vivo, estimulado, espevitado: Lume esperto (Séguier). Velhaco, manhoso, astuto, 52 finório, espertalhão. Ant. - Indolente, simplório." "EXPERTO: Sin. Sabedor, versado, entendido." perito, experimentado, a) Ele é experto quando se trata de matemática. b) Ele é um rapaz inteligente e esperto. c) Nada lhe passa despercebido, pois é um bebê muito esperto. d) Os detetives só foram enganados porque não eram expertos. e) Cada vez mais, o mercado de trabalho é dos espertos. 135. (Pucmg 97) Em todas as alternativas, o problema de ambigüidade que a primeira sentença apresentava foi satisfatoriamente eliminado, quando de sua reestruturação, EXCETO: a) A repórter deixou a cidade alarmada. A repórter saiu da cidade alarmada. b) O balconista atendeu o cliente nervoso. O cliente nervoso foi atendido pelo balconista. c) Vi o rapaz com o binóculo. Através do binóculo, vi o rapaz. d) Encontrei um velho conhecido. Encontrei um antigo conhecido. e) Homens e mulheres jovens eram vistos da janela. Mulheres jovens e homens eram vistos da janela. 136. (Uel 97) O jovem de hoje não quer ter sentimentos INDEFINIDOS. Assinale a alternativa que contém um antônimo da palavra em maiúsculo da frase anterior. a) próprios b) obscuros c) herdados d) determinados e) comuns 137. (Puccamp 97) O termo em destaque é adequado ao sentido geral da frase apenas em: a) Sua NOTÓRIA aversão por animais só se revelou hoje. b) Como ele sempre age de modo INSÓLITO, surpreendeu-nos que tenha acompanhado a decisão da maioria. c) A complexidade deste caso torna PRESCINDÍVEL o auxílio de um perito. d) Contrariado com o prolixo relatório, o diretor exigiu um documento menos SUCINTO. e) Muita água é fator IRRELEVANTE para plantas que não convivem bem com umidade excessiva. 138. (Mackenzie 97) I - Não farão a CESSÃO da sala para a SESSÃO de vídeo programada para hoje. II - Foi apreendida pela polícia uma VULTUOSA quantidade de drogas. III - Não estou AO PAR deste assunto. Quanto à correção dos termos em maiúsculo, assinale: a) se todas estão corretas. b) se apenas I está correta. c) se apenas II e III estão corretas. d) se todas estão incorretas. e) se apenas III está correta. 139. (Mackenzie 98) Assinale a alternativa INCORRETA. a) XENOFOBIA significa HORROR A ESTRANGEIROS. b) SINCRÔNICO significa O QUE É RELATIVO A FATOS SIMULTÂNEOS. c) OLIGARQUIA significa O GOVERNO DE POUCOS, PERTENCENTES A UM MESMO GRUPO. d) FOTOFOBIA significa HORROR À LUZ. e) PANTEÍSMO significa O ATO DE COMER INDISTINTAMENTE QUALQUER TIPO DE ALIMENTO. 140. (Uel 98) Por ser ele um SUBALTERNO, o juiz julgou-se no direito de exigir-lhe explicações. O termo em destaque significa, no texto, a) indivíduo de má índole. b) homem de mau caráter. c) subordinado. d) culpado em potencial. e) marginal. 141. (Puccamp 99) Na prática política, a palavra NEGOCIAÇÃO associa-se ora ao requisito clássico da democracia, que é a busca do "acordo entre partes", ora ao fundamento mercantilista dos "negócios", ou mesmo das "negociatas". Vários políticos valem-se dessa duplicidade de significados: sendo, de fato, espertos negociantes, justificam-se como hábeis negociadores. Considere as seguintes afirmações sobre o texto anterior: I - O tema explorado é o do duplo sentido que a palavra NEGOCIAÇÃO ganha no âmbito da prática política. II - A tese defendida é a de que a acepção mercantilista do termo NEGOCIAÇÃO pode ser maliciosamente encoberta pela acepção democrática. III - O tema é a prática da má política, e a tese é a de que as palavras deixam de ter sentido por causa dessa prática. Em relação ao texto, está correto o que vem afirmado em a) II somente. b) I e II somente. 53 c) I e III somente. d) II e III somente. e) I, II e III. 142. (Uel 99) DESPOJAR. V.t.d. 1. Roubar, saquear; defraudar. V.t.d. e i. 2. Privar da posse; espoliar, desapossar, despir. 3. Privar. V.p. 4. Despir, largar, abandonar. Assinale a alternativa em que o verbo DESPOJAR está INCORRETAMENTE utilizado. a) Despojou-se de todos os seus bens e entrou num convento. b) O tempo despoja as pessoas de suas grandes fantasias. c) No primeiro encontro depois da briga, despojou seu cumprimento e afastou-se. d) Depois da ventania, até as grandes árvores estavam despojadas de suas folhas. e) Invadiram a cidadezinha, despojaram as casas e exigiram tratamento solene. 143. (Uel 99) Ele foi REFRATÁRIO AO comportamento do irmão. Substituindo-se a expressão em destaque por seu ANTÔNIMO, teríamos, na frase, a) avesso ao. b) adepto do. c) resistente ao. d) opositor do. e) censor do. 144. (Ufes 99) A palavra em destaque dentro dos parênteses É INADEQUADA para preencher a lacuna do texto em a) "Numa ação inédita, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) impetra nesta semana _________________ de segurança contra nomeações de juizes feitas pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL) de setembro de 1995 a setembro do ano passado". (mandato - MANDADO) ÉPOCA - 27/7/98 b) "ÉPOCA: O senhor relatou coisas importantes no Senado, como a lei de patentes. Isso ajuda nas urnas? Suassuna: Serve para uma coisa específica: você fica amigo do ministro e depois é mais fácil pedir dinheiro para seu estado. ÉPOCA: O senhor é recordista em apresentação de ___________________ ao orçamento e consegue verbas para liberá-las. É resultado da amizade com ministros?" (ementas - EMENDAS) ÉPOCA - 27/7/98 c) em que no calendário cristão se comemora a festa da epifania, Cyro assiste ao coro de monjas beneditinas de um claustro numa ilha grega. Em todo esse tempo, ele tem sido o único _________________ do concerto, pois mais ninguém apareceu para a cerimônia." (espectador - EXPECTADOR) VEJA - 24/9/97 d) "É muito fácil entrar numa paranóia, pois, aparentemente, os ladrões evoluem muito mais depressa do que a informática. Outro dia, um ___________________ (...) em eletrônica me avisou: - Tome cuidado ao fazer pagamentos com o cartão do banco, no sistema redeshop. Tem gente que decodifica a senha." (esperto - EXPERTO) VEJA SP - 17/9/97 e) "Para a maioria dos adolescentes, este é o momento mais rico de suas existências, que permite experimentar universos a que só a sensação de vivê-los pode dar sentido. A cada dia surgem possibilidades novas, capazes de gerar fantasias intensas, que nem sempre encontram correspondência na expectativa de vivê-las, gerando frustrações decorrentes da permanente vigilância dos pais. Do querer e do (não) poder ser ou fazer, ________________ os conflitos com a família e as angústias reveladoras de que nem tudo são flores na adolescência." (imergem - EMERGEM) DOIS PONTOS - dezembro 1997 145. (Ufpr 2000) Leia o texto abaixo: A REFERÊNCIA a Xuxa, além de providencial, é PERTINENTE. Ela é pioneira nesse fenômeno, tão característico do Brasil de hoje, que é a erotização das crianças. Faz anos que, consciente ou inconscientemente, lhes dá aulas de sedução. Outras a seguiram na TV, entre louras que a imitam e reboladoras profissionais, mas Xuxa DETÉM a palma do pioneirismo. Merece ser considerada um símbolo DA PERMISSIVIDADE da televisão brasileira. (Veja, 18/08/99) Indique a(s) alternativa(s) em que todas as expressões são apropriadas para substituir as expressões em destaque, sem prejuízo para o sentido do texto. 01) menção - apropriada - interrompe - da licenciosidade 02) convocação - irritante - conserva - da abertura 04) observação - relevante - possui - da liberalidade 08) menção - apropriada - conserva - da falta de limites 16) saudação - obrigatória - interrompe - do vale-tudo 32) alusão - relevante - ostenta - da liberalidade "Há seis anos consecutivos, a cada 6 de janeiro, 54 146. (Enem 2000) Em uma conversa ou leitura de um texto, corre-se o risco de atribuir um significado inadequado a um termo ou expressão, e isso pode levar a certos resultados inesperados, como se vê nos quadrinhos abaixo. a) embalsama. b) infinito. c) amplidão. d) dormir e) sono. 148. (Enem 2001) Nessa historinha, o efeito humorístico origina-se de uma situação criada pela fala da Rosinha no primeiro quadrinho, que é: a) Faz uma pose bonita! b) Quer tirar um retrato? c) Sua barriga está aparecendo! d) Olha o passarinho! e) Cuidado com o flash! 147. (Enem 2001) O trecho a seguir é parte do poema "Mocidade e morte", do poeta romântico Castro Alves: O problema enfrentado pelo migrante e o sentido da expressão "sustança" expressos nos quadrinhos, podem ser, respectivamente, relacionados a a) rejeição / alimentos básicos. b) discriminação / força de trabalho. c) falta de compreensão / matérias-primas. d) preconceito / vestuário. e) legitimidade / sobrevivência. 149. (Pucpr 2003) Observe as frases: Oh! eu quero viver, beber perfumes Na flor silvestre, que embalsama os ares, Ver minh'alma adejar pelo infinito, Qual branca vela n'amplidão dos mares. No seio da mulher há tanto aroma... Nos seus beijos de fogo há tanta vida... - Árabe errante, vou dormir à tarde À sombra fresca da palmeira erguida. 1. A filha DISSIMULAVA seus sentimentos para com o estranho. (externava) 2. As crianças se ALVOROÇARAM com a chegada do médico. (aquietaram) 3. Agir daquela maneira era assumir uma postura em parte OBSOLETA. (ultrapassada) 4. O pai, EXTENUADO pelo novo trabalho, voltou ansioso para casa. (esgotado) Mas uma voz responde-me sombria: Terás o sono sob a lájea fila. (ALVES, Castro. "Os melhores poemas de Castro Alves." Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.) A palavra colocada entre parênteses é sinônima da palavra em destaque: a) apenas nas frases 3 e 4 b) apenas nas frases 1 e 2 c) apenas nas frases 1 e 3 d) apenas nas frases 2 e 4 e) em todas as frases Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a antevisão da morte prematura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece na palavra 150. (Mackenzie 98) Vamos viver no Nordeste, Anarina. Vamos viver no Nordeste. 55 Deixarei, aqui, meus amigos, meus livros, Minhas riquezas, minha vergonha. Deixarás, aqui, tua filha, tua avó, teu marido, Teu amante. Aqui, faz muito calor. No Nordeste, faz calor também. Mas lá tem brisa. Vamos viver de brisa, Anarina. Vamos viver de brisa. (Manuel Bandeira) Assinale a alternativa correta. a) No primeiro pólo da oposição AQUI vs. LÁ, está o peso; no segundo, a leveza, representados respectivamente pela brisa e pela liberdade. b) Do verso 3 ao 6 , é reforçada a idéia de movimentos semelhantes por meio do paralelismo sintático. c) O objeto direto de DEIXAR reúne, tanto na ação do eu, como na do tu, uma seqüência linear, previsível e absolutamente material de significados. d) Em LÁ TEM BRISA há um erro gramatical, que empobrece o texto, pois enfraquece o significado de busca de liberdade construído. e) O último verso desconecta a BRISA do valor LIBERDADE. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Ufrn 2000) Uma visão do futuro 1 Estamos ÀS PORTAS de um milênio £miraculoso. A pessoa tem a mão decepada por uma serra elétrica, e os médicos conseguirão fazer crescer uma ¤nova no mesmo lugar. Casas e carros serão feitos de ¥materiais que podem consertar-se a si próprios. Um alimento em pó incolor com 90% de proteína em sua fórmula poderá ser modificado para ter o sabor que se deseje. As previsões acima podem parecer ¢ousadas, mas, no fundo, são até conservadoras. Membros reimplantáveis? Os cientistas começaram a regenerar a pele humana ainda nos anos 70, e atualmente alguns laboratórios conseguem produzir válvulas cardíacas com base em algumas poucas células. O dia chegará em que substituir órgãos humanos defeituosos será rotina. No campo dos materiais, já existe um metal, o nitinol, que consegue desamassar sua própria superfície sem esforço. Basta aplicar um pouco de calor. A comida milagrosa? Já existe. É um ¦derivado da soja produzido pela empresa Archer Daniels Midland desde meados dos anos 80. 2 Pouca coisa se pode dizer sobre o futuro. Não sabemos se nossos bisnetos vão passear ou, um dia, viver em Marte. Também não sabemos se será possível reanimar alguém que já morreu. Não sabemos quando teremos robôs, escravos, máquinas de orgasmo ou naves para viajar no tempo. Sabemos apenas que, sejam quais forem os milagres que o próximo milênio trouxer, eles serão possíveis graças ao mesmo gênio: o computador. 3 Estamos chegando bem próximos de uma época em que os computadores serão capazes de desenhar cópias de si mesmos. Ou seja, eles não precisarão da ajuda humana para se reproduzir. Assustador? Talvez. Será uma época em que, pela primeira vez na história da humanidade, não seremos os seres mais inteligentes sobre a face do planeta. Para alguns cientistas, estaremos entrando no paraíso. Para outros, no inferno. Todos concordam que estamos cruzando rapidamente a fronteira do desconhecido. Computadores já ensaiam formas primitivas de pensamento autônomo. 4 Alguns §cientistas já se preocupam em garantir que os robôs do futuro tragam em sua programação um chip da bondade que ¨os impeça de fazer mal à humanidade. Assumem, assim, que não nos será possível sequer desligá-los©. Talvez estejam apenas sonhando. Talvez, não. [Adaptado de] Especial do Milênio (parte integrante da "Veja", ano 31, n.51, 23 dez. 1998, p.126.) 151. Assinale a opção em que o vocábulo traduz o sentido de "ousadas" (ref.1): a) audaciosas b) magníficas c) impulsivas d) duvidosas TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO (Unitau 95) "A questão central da pedagogia é o problema das formas, dos processos dos métodos; certamente, não considerados em si mesmos, pois as formas só fazem sentido na medida em que viabilizam o domínio de determinados conteúdos. O método é essencial ao processo pedagógico. Pedagogia, como é sabido, significa literalmente a condução da criança, e a sua origem está no escravo que levava a criança até o local dos jogos, ou o local em que ela recebia instrução do preceptor. Depois, esse escravo passou a ser o próprio educador. Os romanos, percebendo o nível de cultura dos escravos gregos, confiavam a eles a educação dos filhos. Essa é a etimologia da palavra. Do ponto de vista semântico, o sentido se alterou. No entanto, a paidéia não significava apenas infância, paidéia significava cultura, os ideais da cultura grega. Assim, a palavra pedagogia, partindo de sua própria etimologia, significa não apenas a condução da criança, mas a introdução da criança na cultura. A pedagogia é o processo através do qual o homem se torna plenamente humano. No meu discurso distingui entre a pedagogia geral, que envolve essa noção de cultura como tudo o que o homem constrói, e a pedagogia escolar, ligada à questão do saber sistematizado, do saber elaborado, do saber metódico. A escola tem o papel de possibilitar o acesso das novas gerações ao mundo do saber sistematizado, do saber metódico, científico. Ela necessita organizar processos, descobrir formas adequadas a essa finalidade. Esta é a 56 questão central da pedagogia escolar. Os conteúdos não apresentam a questão central da pedagogia, porque se produzem a partir das relações sociais e se sistematizam com autonomia em relação à escola. A sistematização dos conteúdos pressupõe determinadas habilidades que a escola geralmente garante, mas não ocorre no interior das escolas de primeiro e segundo graus. A existência do saber sistematizado coloca à pedagogia o seguinte problema: como torná-lo assimilável pelas novas gerações, ou seja, por aqueles que participam de algum modo de sua produção enquanto agentes sociais, mas participam num estágio determinado, estágio esse que é decorrente de toda uma trajetória histórica?" (SAVIANI, D. "A pedagogia histórico-crítica no quadro das tendências críticas da Educação Brasileira", adap. da fala em Seminário, Niterói, 1985). 152. Leia o significado das palavras a seguir e depois escolha a alternativa correta: I - Etimologia quer dizer "parte da gramática que trata do significado das palavras". II - Semântico quer dizer "algo relativo ao significado". III - Sistematização quer dizer "ato ou efeito de ser conforme um sistema". IV - Metódico quer dizer "algo ou alguém que tem como característica o caminho seguro para alcançar um fim". V - Viabilização quer dizer "realizável". a) somente I e IV são verdadeiras. b) somente I é falsa c) somente III, IV e V são verdadeiras d) somente IV é verdadeira e) somente I e III são falsas. 57 GABARITO 28. [B] 29. [E] 1. [C] 30. [C] 2. [D] 31. [C] 3. [B] 32. [B] 4. [C] 33. [C] 5. [A] 34. [C] 6. C E C C 35. [D] 7. [D] 36. [B] 8. [C] 37. [A] 9. [E] 38. [C] 10. [B] 39. [A] 11. [C] 40. [B] 12. [A] 41. [A] 13. [B] 42. [D] 14. [D] 43. [C] 15. [D] 44. [A] 16. [B] 45. [D] 17. E E C E 46. [C] 18. [E] 47. [D] 19. [C] 48. [E] 20. C E C 49. [A] 21. [D] 50. [D] ou [A] 22. [A] 51. [E] 23. [A] 52. [B] 24. 24 53. [D] 25. [D] 54. [B] 26. [B] 55. 02 + 04 + 08 = 14 27. [D] 56. [A] 58 85. [E] 57. [D] 86. 01 + 04 + 16 = 21 58. [E] 87. [B] 59. [B] 88. [D] 60. [D] 89. [E] 61. [E] 90. [C] 62. F V F F F 91. [B] 63. [A] 92. [B] 64. [A] 93. [A] 65. [A] 94. [B] 66. [A] 95. [E] 67. [C] 96. [D] 68. [E] 97. [D] 69. [D] 98. [D] 70. [A] 99. [A] 71. [D] 100. [E] 72. [D] 101. [B] 73. [B] 102. [C] 74. [B] 103. [E] 75. [D] 104. [D] 76. [E] 105. [D] 77. [D] 106. [B] 78. [B] 107. [E] 79. [D] 108. [B] 80. [C] 109. [A] 81. [A] 110. [B] 82. [B] 111. [E] 83. [B] 112. [B] 84. [D] 113. [C] 59 142. [C] 114. V V F 143. [B] 115. [D] 144. [C] 116. [A] 145. F F F V F V 117. F V V 146. [D] 118. [D] 147. [E] 119. [B] 148. [B] 120. [D] 149. [A] 121. [B] 150. [B] 122. [D] 151. [A] 123. [C] 152. [B] 124. [C] 125. V F F V V 126. [C] 127. [C] 128. [B] 129. [D] 130. [D] 131. [B] 132. [B] 133. [D] 134. [C] 135. [A] 136. [D] 137. [B] 138. [B] 139. [E] 140. [C] 141. [B] 60