Tatuapé está preparado para as chuvas de verão? Postado por Sergio Murilo Mendes Em janeiro de 2011, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Gilberto Kassab definiram ações com o objetivo minimizar os problemas causados pelas enchentes. Entre elas, a instalação de tendas para prestar à população informações de ações de higiene e limpeza nas áreas mais afetadas, inclusive com a distribuição de cloro. No âmbito do Programa Córrego Limpo os governos propuseram a aceleração das ações de despoluição, reurbanização e reflorestamento do entorno dos 100 córregos da cidade. DIQUE NO ARICANDUVA Na época o governo do Estado também informou que seria construído um novo dique, no Rio Tietê, na altura da Ponte Aricanduva, para conter o excesso de água. A partir daquele mês seriam investidos R$ 24 milhões para o desassoreamento do Rio Tietê. A verba seria somada ao orçamento previsto para o DAEE, totalizando R$ 64 milhões. Como logo chegará janeiro de 2013, moradores da Zona Leste, destacando bairros como Aricanduva, Penha, Carrão e Tatuapé, voltam a se preocupar com a lentidão no processo de desassoreamento do Rio Tietê e a falta de investimentos mais pesados da Prefeitura em recuperar as galerias de águas pluviais e também criar mais bocas de lobo nas ruas. Diversos pontos desses bairros tiveram de ser isolados na semana passada por conta de alagamentos. E, às vezes, as perdas ultrapassam o limite dos objetos domésticos, quando ambulâncias ficam presas no trânsito ou pessoas com pouca mobilidade ficam presas em casa. NEM METADE DA VERBA Ao investir 43% da verba destinada ao combate às enchentes na cidade, Kassab avisa aos moradores para eles se prepararem para o pior. Diante disso, esta Gazeta volta a mostrar que não é por falta de aviso que o prefeito se esquiva de gastar o necessário para tentar resolver a questão das cheias em locais mais críticos. Em dezembro de 2009, o engenheiro Roberto Massaru Watanabe alertou sobre os problemas na rede de drenagem do Tatuapé e que também atingem boa parte dos bairros da Zona Leste. Ele havia descoberto falhas em documentos da própria Prefeitura, que revelavam equívocos na coordenação dessas obras. Os planos relatavam a necessidade de se criar um sistema de drenagem bem projetado com guias e sarjetas, bocas de lobo, rede de galerias e canais de pequenas dimensões. ESCOAMENTO Para Watanabe, se este projeto tivesse sido aplicado pelo governo, significaria que toda a água da chuva seria imediatamente recolhida pela rede de coletores de água, evitando seu escoamento para a superfície das ruas. “Os pedestres poderiam andar tranquilamente, mesmo em dias de chuva forte, sem precisar fazer malabarismos para desviar da enxurrada que se forma nas ruas”, ironizou o engenheiro. Há quase quatro anos o engenheiro havia alertado, também, para o fato da Prefeitura ter acompanhado, sem muita preocupação com infraestrutura de escoamento de águas, a construção de mais de 200 novos prédios no Tatuapé e bairros vizinhos, nos últimos 15 anos. Tanto é que, em parte, a solução encontrada pela Secretaria da Coordenação das Subprefeituras foi a construção de sarjetões. “Essas obras não ajudaram o trânsito, dificultaram ainda mais o pedestre e mantiveram as enchentes”, completou Watanabe.