HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 74 HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 75 A origem do Palácio Nacional de Queluz remonta a finais do século XVI. Foi residência de veraneio da família real na segunda metade do século XVIII, passando a propriedade do Estado em 1908. Depois de algum tempo de incertezas sobre o destino deste monumento, as suas portas foram abertas ao público em 1940. O palácio e os seus jardins são hoje, pela sua riqueza histórica e cultural, um dos maiores atractivos do concelho de Sintra. Recuperação dos Jardins: o renascer de uma época A recuperação dos Jardins do Palácio Nacional de Queluz representa um vasto programa de intervenções, cruzando as áreas da gestão do património edificado, com o património móvel integrado e o património natural, num entendimento comum de salvaguarda de um conjunto monumental ímpar na herança cultural portuguesa. “As maiores exigências na recuperação de jardins desta dimensão e com tanto valor histórico surgem ao nível da manutenção dos percursos visitáveis que é necessária assegurar tendo em vista o adequado acolhimento dos nossos visitantes e a permanente conservação deste património cultural e paisagístico. A constante atenção à notável colecção de escultura ao ar livre JARDINS DO Palácio Nacional de Queluz Um museu a céu aberto Concebidos como um prolongamento natural das salas do palácio, os Jardins do Palácio Nacional de Queluz são um espaço privilegiado que convida a reviver histórias de outros tempos. Depois de algumas obras de requalificação, estes sumptuosos jardins foram recentemente devolvidos ao público para continuar a encantar quem por lá passa. HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 76 HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 77 que apresentamos ao longo do circuito é também importante, sem esquecer as intervenções de conservação e restauro em curso nos lagos e fontes”, refere a Dr.ª Isabel Cordeiro, directora do Palácio Nacional de Queluz. O plano de recuperação dos Jardins do Palácio Nacional de Queluz integra então um conjunto vasto de intervenções, do qual se destacam: UÊ A intervenção de conservação e restauro na escultura em chumbo, da autoria de John Cheere (1709-1787), promovida pelo World Monuments Fund (Britain e Portugal), que constitui um ponto decisivo no programa de recuperação dos jardins e no seu entendimento global. A recuperação desta escultura envolveu um esforço notável de especialistas de diversas áreas, desde a investigação em história da arte até à complexa intervenção de conservação e restauro, efectuada em seis grupos escultóricos e cinco esculturas em chumbo. UÊ A conservação, estudo e tratamento da escultura em pedra, mais concretamente contra a biocolonização invasiva da pedra, de musgos, líquenes e outros agentes, procurando dar uma aparência uniforme a estas peças centrais na marcação de planos e perspectivas dos jardins. Este trabalho também foi concretizado pelo World Monuments Fund. UÊ A recuperação do Canal de Azulejos, da responsabilidade do World Monuments Fund, envolveu a elaboração de extensos estudos de investigação sobre o Canal e os painéis de azulejos que o recobrem, bem como a reparação já efectuada do leito da ribeira do Jamor que percorre o Canal e a consolidação de troços da superfície azulejar danificada na sequência da infiltração de raízes de choupos nos muros de suporte. UÊ A recuperação de 18 lagos e fontes, grande parte da autoria do arquitecto Jean-Baptiste Robillion, que assumiu um papel central nas obras de ampliação do Palácio e desenho dos jardins entre 1760 e 1786. Uma intervenção também desenvolvida pelo World Monuments Fund, que já se encontra iniciada e que possibilita o acompanhamento por parte do público enquanto elemento importante de sensibilização para a salvaguarda do património cultural. UÊ A intervenção de recuperação do coberto vegetal dos jardins, bosquetes e parque, realizada em grande parte dos 16 hectares que compõem a antiga Real Quinta de Queluz. Um projecto em que se procurou, numa primeira fase, suster o decaimento em que se encontrava e assegurar operações de limpeza e manutenção continuadas, que tem vindo a ser prosseguido pelo Palácio Nacional de Queluz. HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 78 HORTO DO CAMPO GRANDE MAGAZINE 79 Jardim Pênsil e do Jardim de Malta; e a posterior introdução de espécies arbóreas, tendo em vista robustecer a protecção da cerca dos jardins. Um trabalho que decorrerá com o apoio de parcerias estratégicas que estão a ser desenvolvidas com empresas e entidades terceiras. Assumindo-se como um espaço de lazer, convívio e cultura, “os Jardins do Palácio Nacional de Queluz oferecem aos visitantes um percurso ímpar na fruição de um espaço com características únicas no património cultural português. Os jardins de aparato, as esculturas de John Cheere, os magníficos lagos e fontes que estruturam e ornamentam os jardins e, ainda, o Canal de Azulejos onde a família real passava momentos de lazer nas suas estadias, são alguns dos pontos mais característicos. O passeio pelos jardins, alamedas de buxo e parque, revela-se um momento único onde se privilegia o contacto com uma paisagem de grande beleza e importância histórica”, explica a directora, concluindo que “sendo o grande objectivo dos jardins proporcionar novas vivências, os mesmos são também palco de algumas iniciativas culturais. A programação contempla um conjunto de actividades que vão desde visitas guiadas a actividades específicas destinadas a famílias e a decorrer aos fins-de-semana, passando, também, pela organização de outro tipo de eventos, como os concertos.” “As maiores exigências na recuperação de jardins desta dimensão e com tanto valor histórico surgem ao nível da manutenção dos percursos visitáveis que é necessária assegurar tendo em vista o adequado acolhimento dos nossos visitantes e a permanente conservação deste património cultural e paisagístico.” A recuperação faseada da componente botânica do jardim envolve o tratamento de espécies mais envelhecidas, como as magnólias; a introdução de novas espécies de plantas (pautada pelo equilíbrio entre a possibilidade de introdução de espécies documentadas nos inventários de 1763 – documentos de despesas da Real Quinta de Queluz atestam que, neste mesmo ano, foram feitas largas encomendas de flores como o rainúnculo e as anémolas para preparar a residência de Verão para a chegada da família real – e de outras espécies que necessitem de manutenção mais esporádica); o tratamento das sebes de buxo e a recuperação gradual da topiaria característica do Palácio Nacional de Queluz Largo do Palácio – 2745 -1914 Queluz /i°\ÊÓ£{ÊÎ{ÎÊnÈäÊUÊ>Ý\ÊÓ£{ÊÎ{ÎÊnÇnÊ E-mail: [email protected] www.pnqueluz.imc-ip.pt Horários Palácio: De 4ª feira a 2ª feira, das 9h00 às 17h00 Jardins: Janeiro/Abril e Outubro/Dezembro: De 4ª feira a 2ª feira, das 9h00 às 17h00 Maio/Setembro: De 4ª feira a 2ª feira, das 9h00 às 18h00