MALVA Família Malvaceae Urena lobata, L. Planta herbácea anual, dispersa no continente europeu, africano e americano. A palavra malva, originária do latim, significa suave e emoliente ao tato. Clima e solo A Malva requer, para seu crescimento rápido e satisfatório, um clima quente e úmido com períodos alternados de sol e chuva. No seu ciclo que dura de 150 a 180 dias, exige-se uma precipitação pluvial de 125 a 250 mm mensais em uma temperatura entre 18 e 32 ºC. Vegeta com vigor nos solos leves, arenosos ou sílicoargilosos, humosos, frescos e férteis. Os solos de textura física solta e profundos são os mais indicados. A cultura A malva deve ser considerada em cultura como uma planta estritamente anual; economicamente, a rebrotação das soqueiras não deve ser aproveitada. Após a colheita dos caules, o terreno deve ser limpo, preparado e novamente semeado com a malva no ano agrícola seguinte. A aração deve ser necessariamente profunda.pois assim o rendimento na colheita é bem mais alto. A malva requer um solo rico em potássio e quantidade suficiente de fósforo e restrita de azôto. A sementes estão contidas em carpelos, cuja supercifie é recoberta de pelos moles que fazem aderir a si. Para conseguir uma semeação uniforme , é preciso submeter o material a um preparo prévio, com a finalidade de libertar as sementes desses invólucro. EXTRAÇÃO E PREPARO DAS FIBRAS Como no caso da juta e de outros têxteis similares, as fibras de malva são libertadas do tecidos que as envolvem submetendo-se os caules previamente separados do lenho por máquinas especiais, ao processo de maceração em água corrente ou parada, preferivelmente água corrente. A maceração consiste na libertação dos feixes fibrosos, após a destruição dos referidos tecidos, e na dissolução do cimento péctico que une os feixes entre si. Os feixes de caules são submersos em água durante 8 a 20 dias segundo a temperatura ambiente. Após completada a maceração, as filaças são facilmente separada, a mão, das medulas lenhosas ou varas, depois lavadas em água limpa e posta a secar. Foram inventadas diversas máquinas para executar a descascagem do caule macerado; elas porem, ou perdem muita fibra nos resíduos ou não limpam as fibras eficientemente. Existem máquinas para separar, no campo, as cascas das varas verdes recem-cortadas, procedendo-se, então à maceração apenas da casca. As filaças, depois de secas, são passadas em máquinas similares àquelas usadas para o cânhamo, a fim de serem eliminados os detritos vegetais ainda aderentes e tornar as filaças mais macias. Eliminam-se, também, as pontas duras ou mal maceradas. As filaças são reunidas em manojos não trançados, de 10 a 15 cm de diâmetro separando-se, antes, de acordo com qualidade, comprimento, cor e brilho. Os manojos são amarrados nas extremidade correspondentes aos pés das filaças e enfardados. PRODUÇÃO DE FIBRA A produção de fibras secas por unidade de área com diversos fatores, principalmente fertilidade do solo, condições climáticas, época de semeação, tratos culturais e processo de maceração. Em condições normais, pode-se esperar uma produção média de 1.300 a 1.500 quilos de fibras secas limpas por hectare. O rendimento da fibras sobre caules verdes enfolhados é, em média de 5 a 6 %. CARACTERISTICAS DA FIBRA DE MALVA A fibra de Malva assemelha-se na cor e textura e na resistência à de juta. Tem sido considerada superior em resistência à do “Kenaf” e há referencias de que os melhores tipos de fibra de U. lobata se equiparam ou mesmo superam à de juta. A Malva é uma fibra liberiana ocorrendo entre a camada do câmbio que a envolve a medula central lenhosa do caule e a camada externa da casca. Classifica-se no grupo das fibras ligno-celulósicas, juntamente com as fibras de juta, “Kenaf”, rosela, abroma etc., pela sua composição química assemelha-se bastante à juta. A juta e a malva produzem fibras têxteis similares às tradicionalmente utilizadas na fabricação de papel, vestuário, barbantes e tecidos para estofados e tapetes. É usada, sobretudo, na confecção de sacaria para acondicionar produtos como açúcar, café, castanha de caju e cacau. Análise química comparativa da fibra de U. lobata com a fibra de juta. Umidade Cinzas Hidrólise α Hidrólise β Purificação ácida Celulose MALVA % 9,3 0,7 10,2 18,2 1,9 JUTA % 9,6 0,7 9,1 13,1 2,0 76,0 77,7 EXAMES FÍSICOS (Malva-Laranja) Wissadula sp. COMPRIMENTO MÉDIO DAS FIBRAS (m) 2,35 Largura média das fibras (mm) 0,1115 Peso médio das fibras 10 cm (mg) 0,850 Resistência média à distensão (g) Em estado natural 107,77 Em estado úmido 101,45 Elasticidade média (mm) Em estado natural 0,761 Em estado úmido 0,765 Malva Portaria Número 150 Norma de Identidade e Qualidade Entende-se por fibra de malva, a fibra proveniente da espécie Urena Iobata, L. Conceitos Classificação Abaixo do Padrão CONCEITOS considera-se: Fibra Embonecada: Fibra amarrada em forma de boneca. Boneca: Porção de fibra com características uniformes, pesando até 2 kg levemente retorcida, dobrada ao meio e amarrada com cordas da própria fibra de malva. Fibra Prensada: Fibra classificada e isenta de aparas, agrupadas numa quantidade do mesmo tipo e prensada para formar o fardo. Aparas: Extremidades da fibra, normalmente duras, que são cortadas no tamanho de 10 a 40 cm para melhoramento do tipo da fibra de malva. Fardo: Unidade de comercialização da fibra de malva tanto embonecada como prensada. Amarrilho: Fibra retorcida, em forma de corda, que é utilizada para amarrar o fardo de malva e que será considerada para efeito de classificação em tipo. Umidade: Percentual de água encontrada na fibra de malva. Limpeza: Grau de ocorrência de matérias estranhas e de impurezas verificado na abertura do fardo para classificação. Matéria Estranha: Todo e qualquer detrito, ou sujidade, que não seja oriundo da própria planta (areia, pedra, madeira). Impureza: Todo e qualquer detrito, ou sujidade, oriundo da própria planta (casca, cutícula, sobras do caule). Casca: Película que reveste a fibra. Cutícula: Fragmentos da casca. Maceração: Separação da fibra dos demais tecidos da casca. Substâncias Pécticas: Substâncias gomosas oriundas da própria planta. Calosidades: Pontos endurecidos encontrados ao longo da fibra. Lote: Conjunto de fardos com características uniformes de peso bruto e tipo de fibra, além das portadoras da mesma contramarca. Contramarca: Identifica a origem, o produto e a safra. CLASSIFICAÇÃO A fibra de malva será classificada em 4 tipos, expressos pelos números 1 (um), 2 (dois), 3 (três) e 4 (quatro), definidos de acordo com os critérios que estão especificados no item abaixo. Qualquer que seja a forma de apresentação da fibra (Embonecada, Prensada ou em Amarrilhos), a definição dos tipos será feita comparativamente e de conformidade com as seguintes especificações / tipo de fibra: Tipo 1 Quando a fibra de malva apresentar como características: umidade de 13,5% resistência normal; coloração esbranquiçada à amarelada; limpeza; cutículas soltas no meio da fibra; brilho normal; maciez natural; e comprimento mínimo de 1m (um metro). Tipo 2 Quando a fibra de malva apresentar como características: umidade 13,5%; resistência normal; coloração amarela à ligeiramente pardacenta; defeitos de maceração ou beneficiamento, representados pela presença de cutículas esparsas e aderidas à fibra; brilho normal; leve aspereza nas extremidades da fibra e comprimento mínimo de 1 m (um metro). Tipo 3 Quando a fibra de malva apresentar como características: umidade de 13,5%; resistência normal; coloração amarelada à pardacenta; defeitos de maceração ou beneficiamento, representados pela presença de cutículas aderidas à fibra, esparsas concentrações de substâncias pécticas e calosidades; brilho normal; ligeira aspereza em toda a extensão da fibra; e comprimento mínimo de 1m (um metro). Tipo 4 Quando a fibra de malva apresentar como características: umidade de 13,5% ; resistência normal; coloração variada; defeitos de maceração ou beneficiamento, representados pela aderência de cutículas, concentrações de substâncias pécticas e calosidades; brilho normal; aspereza em toda a extensão da fibra; e comprimento mínimo de 1 m (um metro). ABAIXO DO PADRÃO A fibra da malva será classificada como Abaixo do Padrão, quando as suas características não atenderem às especificações que estão discriminadas nos itens anteriores. A fibra classificada como Abaixo do Padrão poderá ser comercializada como tal, desde que perfeitamente identificada; desdobrada ou recomposta, de modo a permitir o enquadramento em tipo. TABELA DE PREÇO DA FIBRA DE MALVA SAFRA 2002/2003 R$/KG CLASSIFICAÇÃO FIBRA EMBONECADA SECA E SOLTA FIBRA PRENSADA MSS 1 0,7200 0,8500 MSS 2 0,7200 (+) 0,8500 (+) MSS 3 0,6221 0,7495 MSS 4 0,4752 0,5987 (+) PREÇO MÍNIMO BÁSICO PRODUÇÃO DE MALVA EM 2004 Em Manacapuru (AM) e em Iranduba (AM), regiões de maior produção, há dois postos de compra da Empresa atendendo os ribeirinhos. A malva responde por mais de 90% do movimento comercial. A fibra tipo 2, embonecada, está sendo adquirida por R$ 1,00 (R$ 0,80 de preço mínimo mais subsídio do governo do estado de R$ 0,20) e a R$ 0,93, a prensada. A produção do Amazonas, que encerra o ciclo da safra neste mês(agosto), é a maior do país. Segundo o técnico de mercado da Conab, Julio D’Aparecida dos Santos, a estimativa de produção de cerca de 13 mil toneladas para 2004 está abaixo (menos 3%) do volume alcançado em 2003, quando chegou a 13,4 mil toneladas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COUTO, PIO. PLANTAS FIBROSAS DA FLORA MUNDIAL. CONAB www.conab.gov.br MINISTÉRIO DA AGRICULTURA www.agricultura.gov.br JORNAL DO COMÉRCIO (AMAZONAS)