FACULDADE DE TECNOLOGIA DA BAIXADA SANTISTA A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA E O ESTUDO DE CASO DA INDÚSTRIA DO ALUMÍNIO AUTORES: CARLOS ALBERTO DA SILVA E DIOGO DE ARAÚJO CARVALHO ORIENTADOR: PROFº LUÍS FERNANDO COSTA COMPIANI Santos 2007 FACULDADE DE TECNOLOGIA DA BAIXADA SANTISTA A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA E O ESTUDO DE CASO DA INDÚSTRIA DO ALUMÍNIO AUTORES: CARLOS ALBERTO DA SILVA E DIOGO DE ARAÚJO CARVALHO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia da Baixada Santista, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Tecnólogo em Logística. Orientador: Profº Luís Fernando Costa Compiani Santos 2007 FACULDADE DE TECNOLOGIA DA BAIXADA SANTISTA A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA E O ESTUDO DE CASO DA INDÚSTRIA DO ALUMÍNIO AUTORES: CARLOS ALBERTO DA SILVA E DIOGO DE ARAÚJO CARVALHO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no dia ____/____/2007 à Faculdade de Tecnologia da Baixada Santista – FATEC/BS, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Tecnólogo em Logística com ênfase em transportes. BANCA EXAMINADORA: 1. Profº Luís Fernando Costa Compiani:_____________________________________. 2. Profº Antonio Biz:____________________________________________________. 3. Profº Walter ??? Santos 2007 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações. “Artigo 225 da Constituição da República Federativa do Brasil” AGRADECIMENTOS A todos os membros de nossas famílias, pelo apoio e pela compreensão nos momentos em que não pudemos estar presentes. Ao Professor Luís Fernando Costa Compiani, por seu profissionalismo, competência e pela sua dedicação, orientando em todos os passos de nossa pesquisa. Aos Professores da FATEC, que participaram conosco nessa caminhada, culminando com a apresentação deste trabalho. E principalmente a Deus por nos proporcionar a oportunidade e alegria de conviver com todas essas pessoas. vi SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................viii LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. ix RESUMO .................................................................................................................................. xi ABSTRACT ............................................................................................................................. xii INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 13 1. ESCOPO DO ESTUDO ....................................................................................................... 14 1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 14 1.2 OBJETIVO ..................................................................................................................... 14 1.3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 15 2. LOGÍSTICA E O GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS .................... 16 2.1 CANAIS DE DISTRIBUICAO FISICA ......................................................................... 19 2.1.1 Objetivos e funções dos canais de distribuição ....................................................... 19 2.1.2 Tipos de canais de distribuição ................................................................................ 20 2.1.3 Propriedades dos Canais de distribuição ................................................................. 20 2.2 O PRODUTO E A LOGÍSTICA .................................................................................... 21 3. LOGÍSTICA REVERSA ...................................................................................................... 25 3.1 A VISAO DO PRODUTO NA LOGISTICA REVERSA ............................................. 26 3.2 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO REVERSOS ................................................................ 28 3.2.1 Canais de Distribuição de pós-consumo de bens duráveis e semi-duraráveis ......... 30 3.2.1.1 Canais de Distribuição reversos de reuso ......................................................... 30 3.2.1.2 Canais de Distribuição reversos de reciclagem ................................................ 31 3.2.2 Canais de Distribuição reversos de pós-venda ........................................................ 31 3.3 TIPOS DE COLETA E DESTINO DO PRODUTO PÓS-CONSUMO ........................ 32 3.3.1 Coleta Domiciliar do Lixo ....................................................................................... 32 3.3.2 Aterros sanitários e lixões ....................................................................................... 32 3.3.3 Coleta domiciliar seletiva ........................................................................................ 33 3.3.4 Coleta informal ........................................................................................................ 34 3.4 PROJETO DE REDE REVERSA .................................................................................. 34 3.4.1 O impacto do frete na rede reversa .......................................................................... 37 3.4.2 O impacto da coleta na rede reversa ........................................................................ 38 4. ESTUDO DE CASO: “RECICLAGEM DO ALUMÍNIO” ................................................. 39 4.1 RECICLAGEM DE ALUMÍNIO NO BRASIL ............................................................. 40 4.2 CLASSIFICAÇÃO DA SUCATA DE ALUMÍNIO ..................................................... 42 4.3 RECICLAGEM DAS LATAS DE ALUMÍNIO ............................................................ 44 4.4 PINDAMONHAGABA – A CAPITAL BASILEIRA DA RECICLAGEM ................. 47 4.5 A RECICLAGEM E A EXCLUSÃO SOCIAL ............................................................. 48 vii 4.6 COOPERATIVA DE TRABALHO DE PROFISSIONAIS DE SERVIÇOS DE COLETAGEM DE LIXO RECICLÁVEIS DO ESTADO DE SÃO PAULO COOPCOLRE ...................................................................................................................... 49 CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 53 viii LISTA DE FIGURAS Figura 1: Visão da Cadeia de Suprimentos ......................................................... 17 Figura 2: Componentes de uma Cadeia de Suprimentos .................................... 18 Figura 3: Ciclo de vida lata de alumínio ............................................................. 45 Figura 4: Marco da entrada da cidade de Pindamonhangaba ............................. 47 ix LISTA DE TABELAS Tabela 1: Porcentagem do fluxo reverso sobre o fluxo direto (Estados Unidos) 28 Tabela 2: produção brasileira de alumínio primário ........................................... 40 Tabela 3: Aspectos econômicos, sociais e ambientais da reciclagem ................ 41 Tabela 4: Classificação de sucatas de alumínio .................................................. 43 x LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1`: Ciclo de vida do Produto .................................................................. 23 Gráfico 2: Coleta de lixo na cidade de São Paulo ............................................... 25 Gráfico 3: Indice de reciclagem de latas de alumínio ......................................... 46 xi RESUMO Este trabalho de pesquisa relata a importância da “Logística Reversa” para a economia como um todo, seja para uma empresa com a diminuição de seus custos operacionais com o reaproveitamento de materiais descartados, bem como para o meio ambiente com a diminuição de dejetos do pós-consumo. A sociedade consumista dos dias atuais vive momentos de euforia em seu consumo, facilitada pela estabilidade econômica e pelo processo de globalização. Nunca se teve acesso a tantos produtos, e por conta da concorrência de mercado, diariamente vemos lançamentos de produtos, seja novo em sua concepção ou melhorias grandes ou pequenas nos já existente. Tais fatos induzem os consumidores de uma maneira em geral a buscarem estar atualizados. Por conta disto o ciclo de vida de um produto no pós-consumo começa a diminuir sensivelmente ocasionando grandes impactos, principalmente no meio ambiente. Hoje, muitas vezes por força de legislação, onde o fabricante pode ser responsabilizado criminalmente pelos impactos negativos causados por seus produtos, uma pergunta começa a fazer parte do dia-a-dia de algumas empresas, “o que fazer com o lixo gerado?”. A partir desta pergunta outras se criaram, como: “somos capazes de recuperar este produto, na cadeia de suprimentos, a um custo razoável depois do pósconsumo?”, ou ainda, “que destino dar a estes produtos?”. Este trabalho de pesquisa, para ter a correta compreensão de sua importância, segue uma ordem de exposição do assunto, onde inicialmente, abordar-se-á o conceito de cadeia de suprimentos e dos tipos de produtos gerados por ela, em seu sentido para o mercado de consumo. Pois é importante entendermos os fluxos a que os produtos estão sujeitos, de forma a pensar e criar o fluxo reverso, para criar-se o melhor destino e reaproveitamento deste material. A partir desta abordagem inicial, conceituar “Logística Reversa” seus diversos fluxos e sua importância para a sociedade em geral, e através do estudo de caso da “Indústria do Alumínio” demonstrar o benefício econômico alcançado pelo setor, através da reciclagem de latas de alumínio, diminuindo sensivelmente o consumo de energia para o setor, além da contribuição para o meio-ambiente, com a redução do lixo gerado. No mesmo estudo de caso, demonstra-se ainda, que a reciclagem pode vir a ser uma forma de sociabilização e de distribuição de renda, as camadas mais carentes da sociedade, pois de forma organizada, em regime de cooperativa, várias famílias têm encontrado na logística reversa uma forma de trabalho e remuneração. Palavras-Chave: logística reversa, reciclagem e meio ambiente. xii ABSTRACT This Research work explains the importance of “Reverse Logistics” to the economy as a whole, for a company to lower its operational costs through materials reusing, as well as, to the environment through a diminution of the post-consume residues. The society now days lives a period of euphoria in its own consumption, witch has gotten easier by economical stability and globalization process. It has never had access to so many products, and due to the market concurrence, we see daily new products casting, in its conception or short or big improvements in already existents products. This fact induces consumers to always search for new products. Due to this, the product life‟s cycle has been getting lower faster than ever causing greats impacts, mainly to the environment. Today, many times by legislation‟s force, where the manufacturer can be criminally responsible for negative impacts caused by its products, one question that begins to make part of some companies routines is, “What to do with the produced garbage?”. From this question another ones emerges like, “Are we capable of recuperating this product, on the supply chain, for a reasonable price, after post-consume?” or else, “Witch destiny to give to this products”. This research‟s work, to have a correct comprehension of its importance, follows an exposition order from the theme, where in the beginning, the supply‟s chain concept and the products types it produces will be expose, in its consumer‟s market direction, because its important for us to understand the fluxes witch products are subject, to think and create a reverse flux for developing the best destiny and material reusing. From this point, to concept “Reverse logistics” in its various fluxes and its importance for the society as a whole, and through a case‟s study of “ The aluminum Industry”, that shows the economical benefits achieved by the sector, through the recycling of aluminum cans, reducing the energy consumption as well as the contribution to the environment with the reduction of the produced trash. In the same case‟s study, its demonstrate that recycling can become a way of making people sociable and rend distribution to the poorest ones of society, in a cooperative regime, many families have found in reverse logistics a way of work and remuneration. Key-words: reverse logistics, recycling, envoronment A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 13 INTRODUÇÃO Este trabalho de pesquisa para ter a compreensão desejada segue uma ordem de exposição do assunto, onde inicialmente conceitua-se o assunto abordado, identifica-se a situação problema e suas implicações, e faz um fechamento direcionando para uma solução viável. No capitulo 1, os autores apresentam suas justificativas, os objetivos desta pesquisa e a metodologia utilizada para o estudo. No capitulo 2, os autores abordam os conceitos: da cadeia de suprimento, formas distribuição física, os tipos de produtos, relacionando-os, mostrando os fluxos, objetivos e características. No capitulo 3, os autores embasados por referencial teórico, discorrem sobre a “Logística Reversa”. No transcorrer do capítulo se percebe a íntima ligação entre os fluxos gerados na cadeia de suprimentos, abordados no capítulo 2 deste trabalho de pesquisa, com os fluxos reversos gerados pela “Logística Reversa”, com a definição dos tipos de produtos gerados e os canais de distribuição reversos. A partir destes canais de distribuição reversos, definidos neste capitulo, verificar os tipos de coletas de tais produtos e o destino dos mesmos. No capitulo 4, os autores deste trabalho de pesquisa apresentam um estudo de caso de sucesso de reciclagem de materiais, o da “Indústria do Alumínio”. Mostra os números mundiais da reciclagem do alumínio, seu início no Brasil e o reaproveitamento das latas de alumínio. Também nesse capítulo, através de uma cooperativa, está colocada a questão social, que leva um grande número de pessoas, por questão de sobrevivência, ajudam o Brasil a ser o campeão mundial da reciclagem desse material. E por fim, na conclusão final, os autores colocam suas perspectivas de futuro em relação à reciclagem e a importância da “Logística Reversa” para as empresas e a sociedade de maneira em geral. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 14 1. ESCOPO DO ESTUDO 1.1 JUSTIFICATIVA Hoje a logística reversa, quer pelo potencial econômico, quer pela sua importância na preservação de recursos e do meio ambiente, vem ocupando um espaço muito importante na operação logística das empresas. Com isso as indústrias de uma maneira em geral buscam reduzir os impactos gerados por seus produtos no pós-consumo, criarem diferenciais em mercados cada vez mais competitivos, mas principalmente, gerar economias em seus processos produtivos. Face ao sucesso obtido pela indústria do alumínio que através da reciclagem de latas de alumínio se destacam por terem obtido economias em seus processos, além melhorar a condição do meio ambiente, assunto que, aliás, tem sido extremamente discutido entre os profissionais da área de logística, dentro da chamada logística verde. Este novo mercado também tem propiciado que uma legião de pessoas encontrasse uma forma de remuneração, no inicio de forma desorganizada, amadora e exploratória, nos dias de hoje já mais organizada, realmente vem se transformando num meio de distribuição de renda e no futuro com a expansão e novas tecnologias vir a se transformar num grande mercado. 1.2 OBJETIVO Este trabalho de pesquisa tem por objetivos: Objetivo 1: abordar os conceitos da cadeia de suprimentos e produtos, em seu sentido A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 15 para o mercado de consumo; Objetivo 2: abordar os conceitos de logística reversa e os produtos gerados nela, e desta forma conceituar que a logística reversa deve fazer parte dos estudos da cadeia de suprimentos; Objetivo 3: demonstrar através do estudo de caso da indústria de alumínio, os benefícios econômicos, sociais e ambientais, proporcionados pela recuperação e reciclagem de materiais da cadeia de suprimentos. 1.3 METODOLOGIA Os métodos empregados neste estudo foram os seguintes: 1. Levantamento bibliográfico de conceitos: da cadeia de suprimentos, produtos e os fluxos gerados no sentido ao mercado consumidor, exposto no capítulo 2 deste trabalho de pesquisa, e também da logística reversa, o produto reverso e os fluxos gerados no sentido oposto ao mercado de consumo, exposto no capítulo 3 deste trabalho de pesquisa; 2. Estudo de caso da indústria de alumínio, exposto no capítulo 4 deste trabalho de pesquisa, que ajuda a compreender e a elucidar os benefícios gerados por um canal reverso. Assim, o objeto da pesquisa exploratória tende a buscar um melhor desempenho para a cadeia de suprimentos, quando levado em consideração os benefícios econômicos pela recuperação e reciclagem de materiais, objetivos propostos pela logística reversa. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 16 2. LOGÍSTICA E O GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS O conceito de logística surgiu durante a segunda guerra mundial onde os EUA precisavam transportar suas tropas e equipamentos no menor tempo possível e utilizando o mínimo de recursos. Para conseguir o êxito, além do planejamento operacional das rotas e dos modos de transportes, desenvolveram-se formas de unitização de vários tipos de cargas e também de múltiplas linhas de produção para atender a demanda, e isto resultou na necessidade de uma administração central mais eficiente. O sucesso da invasão determinou o curso final da 2ª Guerra Mundial, e o tema “logística” teve sua importância reconhecida. Nos anos seguintes ao fim da guerra até os dias de hoje, empresas e administradores deram continuidade ao processo de desenvolvimento de tecnologias e conceitos na área. Como toda inovação, causou impactos, positivos e negativos. Para determinados setores ela foi vista inicialmente como aumento de custos pelas inovações impostas, para outros se tratava apenas do transporte de um ponto a outro ao menor custo possível e hoje ela é vista como chave de sucesso e estratégico para as empresas. Em Ballou (1993) o estudo, da “Logística empresarial”, é conceituado como sendo a disciplina do futuro, onde é caracterizada pela “administração dos fluxos de bens e serviços e da informação associada que os põe em movimento”, e nos dias de hoje falamos em “Supply Chain Management”, ou gerenciamento da cadeia de suprimentos. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 17 Figura 1: Visão da Cadeia de Suprimentos Visão da Cadeia de Suprimentos Previsão e Gestão de Vendas Transporte Clientes Armazenagem e Expedição Gestão de Pedidos Canal de Distribuição Fabricante Planejamento e Controle da Produção Planejamento de Material Fornecedores Compras Transporte, Compras e Armazenagem Fonte: os autores. Quando adquirimos um produto não imaginamos o longo processo necessário para transformar a matéria-prima, energia e mão-de-obra em algo útil. Muitas vezes, produtos complexos, como o automóvel, requerem matéria-prima de natureza bastante variada (como metais, plásticos, borracha, tecidos) e são montados a partir de um número muito grande de componentes. Em outros casos, como uma bandeja de ovos, o produto é formado pelo elemento básico (ovos), mas há que se considerar também o suporte de plástico, a etiqueta e o código de barras. Tal processo ou caminho pode vir a ser muito longo. Uma geladeira, por exemplo, utiliza componentes fabricados por outras indústrias, como o caso do compressor. A fábrica de compressores, por sua vez, necessita de fios elétricos, metais e outros elementos para sua produção, componentes esses fornecidos por outras empresas. O longo caminho que se estende desde as fontes de matéria-prima passando pelas fábricas dos componentes, pela manufatura do produto, pelos distribuidores, e chegando finalmente ao consumidor através do varejista, constituí a cadeia de suprimento. Uma cadeia de suprimento típica é mostrada na figura 2, fornecedores de matériaprima entregam insumos de natureza variada para a indústria principal e também para os fabricantes dos componentes que participam da fabricação de certo produto. A Indústria fabrica o produto em questão, que é distribuído aos varejistas e, em parte, aos atacadistas e distribuidores. As lojas de varejo, abastecidas diretamente pelo fabricante ou indiretamente por atacadistas ou distribuidores, vendem o produto ao consumidor final. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 18 Figura 2: Componentes de uma Cadeia de Suprimentos Fonte: Novaes (2004); página 39 Há algumas décadas, as grandes indústrias produziam a maior parte dos componentes necessários à fabricação de seus produtos. Isto ocorria, em parte, porque era estratégico o controle de todo o processo e porque não gostavam de ficar na dependência de fornecedores para o fornecimento de componentes, visto com uma forma na época de driblar a concorrência e ter um diferencial para o consumidor final. Os custos envolvidos na produção e distribuição não era o fator ganhador de pedidos. A tendência então era a verticalização industrial. Hoje, os conceitos de vantagem competitiva estão presentes na definição das estratégias das grandes empresas. È mais proveitoso concentrar atividades naquilo que a empresa consegue fazer bem, diferenciando-a positivamente dos concorrentes, e adquirindo externamente componentes e serviços ligados a tudo que não estiver dentro de sua competência central (core competence). Assim não somente componentes e matérias-primas são adquiridos de outras empresas, como também serviços de variadas espécies: distribuição, armazenagem e transporte de produtos e insumos e outros. È claro que, nesse contexto, é muito importante o adequado entrosamento entre as empresas participantes, com um grau de confiança mútua muito elevada. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 19 2.1 CANAIS DE DISTRIBUICAO FISICA O processo de abastecer a manufatura com matéria-prima e componentes é denominado “Inbound Logistics” na literatura internacional, freqüentemente no Brasil é chamado de Logística de Suprimentos. Para as atividades de varejo é o segmento da logística que desloca os produtos acabados desde a manufatura até o consumidor final, denominado de distribuição, ou “Outbound Logistics”. Na prática, a distribuição de produtos é analisada sob diferente perspectiva funcional pelos profissionais de Logística, de um lado, e pelo pessoal de marketing e de vendas por outro. Especialistas em logística de distribuição física, definem como os processos operacionais e de controle que permitem transferir os produtos desde o ponto de fabricação, até o ponto em que a mercadoria é finalmente entregue ao consumidor. Assim, os responsáveis pela distribuição física operam elementos específicos, de natureza predominantemente material: depósitos, veículos de transporte, estoques, equipamentos de carga e descarga, entre outros. Já o pessoal de marketing e de vendas encara a cadeia de suprimentos focalizando mais os aspectos ligados à comercialização dos produtos e aos serviços a ele associados. 2.1.1 Objetivos e funções dos canais de distribuição A definição mais detalhada dos objetivos dos canais de distribuição depende essencialmente de cada empresa, da forma com que ela compete no mercado e da estrutura geral da cadeia de suprimento. No entanto, é possível identificar alguns fatores gerais, que estão presentes na maioria dos casos, são eles: Garantir a rápida disponibilidade do produto nos segmentos do mercado identificados como prioritários. Intensificar ao máximo o potencial de vendas dom produto em questão. Buscar a cooperação entre os participantes da cadeia de suprimento no que se refere aos fatores relevantes relacionados com a distribuição. Garantir um nível de serviço preestabelecido pelos parceiros da cadeia de suprimentos. Garantir um fluxo de informações rápido e preciso entre os elementos participantes. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 20 Buscar, de forma integrada e permanente, a redução de custos, atuando não isoladamente, mas da mesma forma, analisando a cadeia de valor do seu lado. 2.1.2 Tipos de canais de distribuição 1. Canais verticais: os canais de distribuição eram tradicionalmente vistos como estruturas mercadológicas verticais, aonde a responsabilidade ia sendo transferida de um segmento da cadeia de suprimentos para o seguinte. O fabricante envia um caminhão carregado (carga completa) ao armazém do atacadista, onde a carga é desconsolidada. O atacadista vende o produto a diversos varejistas. O varejista estoca a mercadoria nas lojas, e a vende ao consumidor final, serviços pós-venda são realizados diretamente pelo varejista quando solicitados pelos clientes finais; 2. Canais híbridos: neste tipo de estrutura, uma parte das funções ao longo do canal é executada em paralelo por dois ou mais elementos da cadeia de suprimento, quebrando o esquema vertical rígido; 3. Canais Múltiplos: uma forma de melhorar o desempenho no gerenciamento da cadeia de suprimento é utilizar mais de um canal de distribuição. Isso pode ocorrer razão da diversidade de tipos de consumidor. 2.1.3 Propriedades dos Canais de distribuição A extensão (lenth) de um canal de distribuição está ligada ao número de níveis intermediários na cadeia de suprimento, desde a manufatura até o consumidor final. Cada patamar de intermediação na cadeia de suprimento forma um nível do canal. A amplitude (width) definida para cada segmento intermediário da cadeia de suprimento, é representada pelo número de empresas que nela atuam, três tipos de amplitude são normalmente observados: Distribuição exclusiva (amplitude unitária); Distribuição seletiva (amplitude múltipla, mas controlada); Distribuição intensiva (amplitude múltipla, aberta). A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 21 A escolha de uma das alternativas descritas depende essencialmente do tipo de produto, três tipos básicos de produto podem ser considerados: 1. Produtos de consumo freqüente; 2. Produtos que envolvem pesquisa antes da compra; 3. Produtos especiais. 2.2 O PRODUTO E A LOGÍSTICA Segundo Ballou (2006), independente das características físicas e do grau de tangibilidade dos produtos, a estratégia de vendas das empresas está baseada em atender uma satisfação do cliente, assim elas buscam criar produtos ou serviços respeitando esta necessidade. Desta forma a estratégia logística necessária, para torná-lo disponível, tem que se moldar ao produto, assim o profissional em logística deve conhecê-lo a fundo e classificá-lo segundo critérios. Conforme Las Casas (2006), primeiro se este é tangível, em outras palavras, se o cliente pode tocá-lo ou experimenta-lo, e intangível se não o pode. Lãs Casas (2006) para facilitar a classificação e evitar confusão, relaciona as palavras: “produto” ao bem tangível e “serviço” ao bem intangível. Ao serviço, Las Casas (2006) citou a classificação de Aubrey Wilson relacionada a produto, conforme se segue: Serviços relacionados a produtos altamente intangíveis: segurança, comunicações, avaliações, agências de emprego, diversão e etc. Serviços que adicionam valores a produtos tangíveis: seguros, serviços de manutenção, tinturarias e etc. Serviços que tornam produtos tangíveis disponíveis: atacadista/varejista, armazenagem, transportes, mala direta, etc. O segundo critério, tanto para Ballou (2006) e Las Casas (2006), é relacionando o tipo de cliente ao uso que se destina o bem, tangível ou intangível, por “bem de consumo” chamase aquele destinado aos consumidores finais e por “bem industrial” aqueles destinados a empresas. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 22 1. Bens de consumo: Conveniência: relacionado a produtos ou serviços de uso freqüente, adquiridos com pouca pesquisa, tais como: tinturaria, sapatarias, itens de produtos de limpeza, maioria dos produtos alimentícios, etc. Escolha ou comparação: neste caso existe uma pesquisa intensa relacionada a preços, qualidade e desempenho, tais como: serviços bancários, seguros, móveis, vestuário, veículos, etc. Especialidade ou uso especial: relacionado a produtos ou serviços altamente técnicos e especializados, de compra ou uso não freqüente, onde se busca marcas ou especialistas renomados no mercado, tais como: serviços médicos, de advogados, produtos alimentícios finos, veículos “fora de série”, etc. 2. Bens industriais: Matéria-prima: aquele produto que entra diretamente no processo de produção de um bem final. Auxiliar: o produto que participa indiretamente no processo de produção de um bem final (Exemplo: óleo lubrificante de máquinas). Indireto: não participa do processo de produção, porém ele está inserido no processo diário da empresa (Exemplo: material de escritório). Equipamentos: serviços relacionados à instalação, montagem e manutenção industrial. Facilidade: serviços de natureza não produtiva, mas que facilitam as operações administrativas diárias da empresa (Exemplo: serviços financeiros). Consultoria: serviços especializados de pesquisa, educação e orientação que visa facilitar o processo de tomada de decisão nas empresas. Um terceiro critério de classificação está relacionado ao tempo, mais precisamente ao ciclo de vida do produto, conforme Ballou (2006) o bem desde o projeto de concepção, passa por estágios com diferentes níveis de consumo, onde seu o fim relacionado a uma substituição por outro bem. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 23 Gráfico 1`: Ciclo de vida do Produto Nível de Vendas do Produto Curva Generalizada do Ciclo de Vida do Produto Maturidade Declínio Crescimento Lançamento Tempo Fonte: Ballou (2006); página 76 Deste critério de classificação em relação ao ciclo de vida, Las Casas (2006) sugere que o produto ou serviço, seja para o consumidor final ou o industrial, e segundo estudos de Harry Greenfield, classificado em tempo estimado em função do consumo a que se destina, conforme se segue: Perecível: consumo em menos de seis meses; Semidurável: de seis meses a três anos; Durável: acima de três anos. Os critérios de classificação de produtos e serviços se tornam um facilitador ao profissional de logística para compreender, projetar e gerenciar a cadeia de suprimento, definindo a forma física de distribuição e vendas, estabelecendo, o que chamamos anteriormente de “Canal de Distribuição”, e este tem o seu sentido de atuação direcionado e em função do cliente. A sociedade organizada com o passar dos anos vem ganhando mais consciência, não se contentando mais só com o canal de distribuição do produto, mas passa gradativamente a exigir das empresas e governos responsabilidade com relação ao meio ambiente, de forma a dar destino correto a dejetos de processos industriais e de produto que tiveram seu consumo finalizado. O mundo está sentindo que os recursos naturais, além de estarem se esgotando, vêem sendo prejudicados pelo destino incorreto de lixos gerando poluição e contaminação A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 24 ambiental, e por conta de tal consciência crescente, algumas empresas, seja como diferencial de negócio ou obrigação por força de lei, vem desenvolvendo o gerenciamento da “Logística Reversa” de sua cadeia de suprimentos, de forma a criar os “Canais de Distribuição Reverso”. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 25 3. LOGÍSTICA REVERSA Segundo Antonio Galvão (2007), Logística reversa é todo caminho percorrido por um produto desde o ponto de consumo até o ponto de origem ou fabricante. Um exemplo típico é o visto na reutilização do alumínio, que por se tratar de um metal extremamente importante do ponto de vista econômico, sendo inclusive uma importante fonte de renda para muitas famílias, será tema principal de nosso trabalho. Quando compramos um produto, ele possui uma função inicial que foi o motivo de sua compra. Com o decorrer do tempo (que pode demorar dias ou anos) o produto perde sua função inicial e é jogado nos canais reversos para ser revalorizado de alguma forma ou levado a uma disposição final segura ou não. Um fato que merece ser comentado e que atesta o estudo da logística reversa é o aumento do lixo urbano, segundo dados da Prefeitura Municipal de São Paulo, por meio de seu departamento de limpeza pública, o Limpurb (Departamento de Limpeza Pública Urbana da cidade de São Paulo). De acordo com o órgão o lixo urbano cresceu de 4450 toneladas em 1985 para 16000 toneladas em 2000, ou seja, 260% a mais dentro desse período. Gráfico 2: Coleta de lixo na cidade de São Paulo Coleta de Lixo na cidade de São Paulo (mil/toneladas/ano) 6000 5000 4000 Coleta de Lixo na cidade de São Paulo (mil/tonelada s/ano) 3000 2000 1000 2000 1998 1994 1992 1990 1988 1986 1984 1982 1980 1978 0 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia Econômica - IBGE 2000 A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 26 Notamos então que o ciclo de vida dos produtos está cada vez mais curto, sendo descartados cada vez mais rapidamente, muitas vezes antes mesmo de perder sua função inicial, principalmente através do marketing, com a introdução de novos produtos no mercado em uma escala nunca vista, da tecnologia cada vez mais eficiente e mais barata, com a utilização de materiais como o plástico, da redução do custo dos produtos incentivo para o consumo de novos produtos e substituição dos antigos. Segundo Leite (2003) as empresas precisaram se adaptar rapidamente a essa realidade, tendo que tomar decisões importantes quanto ao canal direto a ser escolhido, como também rever o gerenciamento da distribuição física visando é claro diminuição dos custos e efetividade. Da mesma forma ocorre com os canais reversos, já que com a diminuição do ciclo de compra, o número de devoluções aumentou muito gerando a necessidade de um canal muito mais confiável. É importante lembrar que o canal reverso deve ser tão confiável quanto o direto. Ele deve se mostrar o mais prático e funcional possível sob pena de colocar todo o sistema em risco caso não cumpra com sua obrigação. Diversos autores fazem referências a esses canais reversos como tema de preocupação para o futuro, entre eles Ronald H Ballou, autor do livro logística empresarial, editado originalmente nos EUA em 1983 e adotado em vários cursos de logística empresarial em universidades brasileiras. O livro faz referências a esses canais reversos, com enfoque nos produtos de pós-consumo. 3.1 A VISAO DO PRODUTO NA LOGISTICA REVERSA Como já visto no item 2.2 deste trabalho de pesquisa, o ciclo de vida de um produto define na verdade, todo período de permanência de um produto no mercado até seu descarte ou reutilização através dos canais reversos. Leite (2003) classifica os produtos em três classes diferentes, uma vez que produtos diferentes possuem diferentes épocas de descartes, onde alguns produtos podem durar horas enquanto outros podem durar décadas, sendo elas: 1. Bens descartáveis: São aqueles que apresentam vida útil de semanas raramente seis meses (Ex: sorvete); 2. Bens duráveis: São bens que apresentam vida útil variando de alguns anos a algumas décadas. Constituem bens para satisfação da necessidade social e incluem os bens de capital em geral. Fazem parte dessa categoria os automóveis, os eletrodomésticos; A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 27 3. Bens semiduráveis: são bens que apresentam vida útil de alguns meses, raramente superior a alguns anos. São de uma categoria intermediária que assumem características de duráveis ou descartáveis à medida que entram nos canais reversos (Ex: baterias de celulares, computadores e etc.). Podemos também classificar o produto reverso em categorias segundo o tipo de retorno ao qual ele está sujeito, conforme se segue: 1. Categorias por retornos comerciais: podem ser contratuais ou não contratuais. As não contratuais são aquelas devoluções cumpridas pela empresa por imposição da lei, ou por livre e espontânea vontade, objetivando vantagem competitiva. As contratuais são formadas por acordos prévios entre as partes, visando uma responsabilidade obrigatória quando o estoque exceder os limites. Ex: material proveniente de consignação; 2. Categoria de retorno por garantia/ qualidade: nesse caso, os produtos são devolvidos devido a algum defeito (tornando a devolução obrigatória em alguns casos como, por exemplo, defeito intrínseco) ou por terem seus prazos de validade expirados. Quando o produto apresenta algum defeito ele é devolvido para posterior conserto e revalorização ou trocado por um novo. Quando a validade do produto expira, o fabricante é muitas vezes (através de contratos) responsável legalmente pela coleta do produto. Um bom exemplo são os produtos farmacêuticos; 3. Categoria de substituição de componentes: nessa categoria encaixam-se componentes retirados de diversos bens duráveis, e lançados nos canais reversos para posterior reaproveitamento, seja no mercado primário, bem como secundário, e em último caso, sua disposição final. Após a segunda guerra mundial os Estados Unidos contavam com um parque industrial ímpar para a produção de bens de consumo e duráveis. A população estava ávida para consumir novos produtos com ajuda principalmente dos profissionais de marketing que utilizavam a guerra para reforçar o conteúdo patriótico dos cidadãos. À medida que o tempo foi passando e as condições financeiras da população foram melhorando, novas aspirações foram surgindo, fazendo com que aumentassem o número de tipos de produtos. Para completar reforçou-se um das vedetes da economia atual: a concorrência.Desde então com a utilização de tecnologia em massa, e o aumento absurdo do número de inovações A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 28 e lançamentos, a obsolescência dos produtos aumentou muito, como conseqüência o número de descartes. Aliado a isso há a utilização de materiais alternativos na fabricação de produtos que proporcionam custos cada vez mais baixos e maior facilidade de produção proporcionando o aumento das vendas, e novamente a um grande aumento de descartes. Um exemplo claro dessa nova realidade são os computadores que atualmente são comprados “a preço de banana” em função da produção em escala, do material cada vez mais barato, da competitividade entre as empresas e do lançamento de novos processadores em um ritmo a alguns anos atrás impossível de acompanhar. O produto logístico de pós-venda é decorrente das devoluções que por algum motivo ocorrem dentro do canal direto e atualmente corresponde à boa parte das vendas totais, como veremos a seguir nos EUA. O aumento do número de devoluções ocorreu devido ao aumento da descartabilidade em geral, por motivos já comentados, gerando a necessidade de canais reversos cada vez mais bem elaborados para suportar o aumento do volume. O número de produtos devolvidos aumenta de acordo com características como sazonalidade, ciclo de vida, giro de estoques e etc. É muito importante lembrar que o canal reverso precisa ser tão confiável quanto o canal direto sob pena de colocar todo o sistema em risco. Tabela 1: Porcentagem do fluxo reverso sobre o fluxo direto (Estados Unidos) Setor editorial de revistas= 50% Setor editorial de livros= 20 a 30% Setor de distribuição de livros= 10 a 20% Distribuição de produtos eletrônicos= 10 a 12% Fabricação de computadores= 10 a 20% Fabricação de CD-ROM= 18 a 25% Peças automotivas= 4 a 6% Fonte: Logística reversa - meio ambiente e competitividade – 2003 3.2 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO REVERSOS As diferentes formas de processamento e de comercialização dos produtos pósconsumo ou de seus materiais constituintes, desde sua coleta até sua reintegração ao ciclo produtivo como matéria prima secundária, são denominadas neste livro de “canais de distribuição reversos de pós-consumo” (Leite, 1999). Os bens industriais classificados como A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 29 duráveis ou semiduráveis, após seu desembaraço pelo primeiro possuidor, tornam-se produtos de pós-consumo. Nos casos em que apresentam alguma condição de uso ainda podem ser destinados ao mercado com produtos de segunda mão sendo comercializados diversas vezes até atingir seu fim de vida útil. O caso mais comum desse tipo de canal é o de carros usados, que são comercializados diversas vezes enquanto tiverem vida útil. Após perderem de vez sua função inicial, os produtos podem passar por dois canais reversos de revalorização: o canal reverso de desmanche e o de reciclagem. Na impossibilidade de se utilizar qualquer um desses canais de revalorização os bens pósconsumo são colocados em uma locação final como aterros ou são incinerados. Desmanche, é um processo de revalorização onde o produto é desmontado tendo suas partes aproveitáveis enviadas à manufatura e o restante despejado em aterros. O termo “Disposição final” é o último lugar para onde vão os produtos, materiais e resíduos em geral. Tradicionalmente são consideradas disposições finais seguras, sob o ponto de vista ecológico, os aterros tecnicamente controlados nos quais os resíduos sólidos de diversas naturezas são estocados entre diversas camadas de terra, para que ocorra a absorção natural, ou são incinerados, obtendo-se a revalorização pela queima, e pela extração de sua energia residual. A disposição final não-controlada é constituída pela deposição desses resíduos em lixões não controlados e pelo despejo em córregos, rios e terrenos que acarreta poluição ambiental. Posteriormente serão detalhados todos os benefícios econômicos trazidos pela utilização dos canais reversos, porém só para se ter uma idéia na indústria de ferro/aço essa economia chega a 40% da cadeia produtiva direta e o alumínio, tema do trabalho, chega a 30% da respectiva cadeia produtiva direta. Os produtos pós-venda tratam-se dos produtos que são devolvidos por vários motivos dentre eles encontramos: término do prazo de validade, estoques excessivos, consignações, defeitos, etc... Após sua devolução o produto é destinado tanto ao desmanche como reciclagem ou mesmo aos mercados secundários após manutenção. Lembrem-se dos canais de desmanche e devolução citados anteriormente. Além disso, em último caso, assim como os produtos de pós-consumo, eles podem ir para uma disposição final segura ou não (Leite, 2002b). Eles podem ser entendidos como um sistema de distribuição reversa de acordo com a definição do Council of Logistics Management (CLM, 1993: 3). A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 30 3.2.1 Canais de Distribuição de pós-consumo de bens duráveis e semiduraráveis São constituídos pelo fluxo reverso de uma parcela de produtos e de materiais constituintes originados no descarte dos produtos após perderem sua funcionalidade original e que retornam ao ciclo produtivo de alguma maneira. Distinguem-se dois tipos de subsistemas reversos: os canais reversos de reciclagem e de reuso. Um canal de distribuição reverso de bens duráveis e semiduráveis difere dos demais pelo fato de haverem diferenças no ciclo de vida das peças que compõe o bem durável, um bom exemplo disso é a bateria de um carro que pode ser trocada a qualquer momento, sem que seja necessária a troca do produto, por essa razão, acabam se formando canais reversos próprios. A disponibilização do bem durável ou semidurável ou o seu fim de vida para o primeiro utilizador são motivados por obsolescência de natureza tecnológica ou de performance, pela moda ou pelo status adquirido pela aquisição de um novo bem etc... Assim as empresas industriais, por exemplo, disponibilizam seus produtos através de leilões que como já dito anteriormente constituem um importante canal reverso de reuso. Por outro lado, as pessoas físicas disponibilizam os bens duráveis por meio de coletas informais (carrinheiros ou catadores informais de porta em porta), de sistemas reversos organizados, ou ainda por meio de doação. O desembaraço dessa categoria tem sido dificultado, não sendo mais permitido o descarte em aterros devido à saturação dos mesmos. Um exemplo da crise nos aterros sanitários ocorreu nos EUA na década de 80, causada pela saturação em grande parte deles em diversos estados norte americanos, ilustra bem esse problema, pois deram origem a proibições legais de disposição final de aparelhos de televisão, pneus, baterias de veículos e outros bens nesses aterros. 3.2.1.1 Canais de Distribuição reversos de reuso Existindo condições para que o produto seja reutilizado, ele entrará em um canal reverso de reuso para sua revalorização e posterior re-entrada em um canal direto. Para isso existem empresas especializadas na compra desse tipo de mercadoria, como comerciantes A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 31 estabelecidos, empresas remanufaturadas, que compram esses produtos para manutenção e revenda. 3.2.1.2 Canais de Distribuição reversos de reciclagem Quando encerrado o ciclo de vida de um produto, ou seja, quando perder de vez sua função inicial, ele poderá passar por um processo de reciclagem, onde há a desmontagem do produto e o reaproveitamento das peças como matéria prima para a fabricação de novos produtos. Nesse caso será necessário o já citado canal de desmanche, onde serão extraídos seus materiais constituintes e outros resíduos. Nos casos em que não há a coleta organizada, o material é colhido informalmente e negociado diretamente com os intermediários sucateiros ou processadores. A revalorização dos componentes começa no desmanche onde são separadas as peças que serão destinadas ao reuso. As peças que não serão mais reusadas poderão ser entregues as indústrias para serem utilizadas na fabricação de outros produtos. As peças restantes por serem feitas de materiais de pouco valor econômico ou por não apresentarem mais utilidade alguma podem ser destinadas aterros ou serem incendiadas, nesse caso com o aproveitamento energético. 3.2.2 Canais de Distribuição reversos de pós-venda São constituídos pelas diferentes formas e possibilidades de retorno de uma parcela de produtos, com pouco ou nenhum uso, que fluem no sentido inverso do consumidor ao varejista ou ao fabricante, do varejista ao fabricante, motivados por problemas relacionados à qualidade em geral. Diferentemente dos produtos pós-consumo que possuem uma estruturação própria de coleta, boa parte dos produtos pós-venda voltam pelo mesmo lugar de onde vieram, ou seja, pelos canais diretos. consumidor e após isso ele é devolvido à fábrica. O produto é entregue aos varejistas pelo A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 32 3.3 TIPOS DE COLETA E DESTINO DO PRODUTO PÓS-CONSUMO 3.3.1 Coleta Domiciliar do Lixo Esse tipo de coleta ainda não existe em muitos países subdesenvolvidos e por essa razão nós facilmente encontramos rios, córregos e até mesmo ruas poluídas com lixo domiciliar. Essa é a principal fonte primária de obtenção de resíduos descartáveis pela sociedade que não tem uma coleta domiciliar bem estruturada. Todo lixo produzido em residências é despejado no lixo urbano, seja ele orgânico ou inorgânico, para ser recolhido posteriormente por um órgão público. Esse tipo de coleta acaba trazendo grandes transtornos para aterros levando ao acúmulo de lixo e estagnação dos mesmos. Com uma coleta seletiva o material é reciclado facilmente uma vez que ele entrará diretamente no canal reverso correspondente e será automaticamente revalorizado de alguma forma. Para se ter uma idéia da importância desse ponto, podemos pegar como exemplo dados da Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura de São Paulo), citado no inicio capítulo 3, onde se vê com clareza o aumento do lixo domiciliar nos últimos anos, dobrando no período entre 1985 e 2000. Esse aumento deve-se principalmente ao crescimento da população, a tendência a descartabilidade dos produtos já comentada anteriormente, a substituição de embalagens retornáveis pelas descartáveis etc. 3.3.2 Aterros sanitários e lixões Como já dito anteriormente, se não houver uma coleta desde o domicílio, os aterros sanitários e lixões serão os destinos de todos eles. No caso do Aterro Sanitário, se trata de um local projetado por engenheiros sanitários para disposição do lixo de maneira correta, de forma a não prejudicar os lençóis freáticos e nem a população vizinha. O lixo é disposto em camadas através do solo devidamente impermeabilizado contra todo tipo de agressão que ele possa vir a sofrer. É importante lembrar que o aterro sanitário não é uma obra definitiva, deve ser trocado de local com o decorrer do tempo. O problema é que como o lixo domiciliar é de alto custo, o ideal é que esses aterros sejam localizados próximos das cidades para gerar o máximo de economia possível. Com a saturação dos aterros devido ao grande volume de lixo a eles destinados, novos aterros estão sendo feitos cada vez mais longe das cidades, acarretando custos elevados. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 33 No caso dos lixões, se trata de um local economicamente viável, por não ter nenhuma precaução com o espaço ocupado. Como pontos negativos, temos a degradação do meio ambiente, por não haver preparação alguma do terreno para receber o lixo e o fato de ser prejudicial à população que mora ao seu redor. Porém ambos geram problemas para a população, pois são grandes concentradores de insetos transmissores de doenças, além disso, atraem pessoas conhecidas como „catadoras‟ que selecionam diversos materiais orgânicos, e posteriormente os repassam aos „sucateiros‟ em um canal reverso. O problema é que a separação é feita após a mistura dos materiais, acarretando esforços e custos desnecessários. Uma outra possível solução seria a utilização de incineradores, no entanto, esta também já foi descartada em função dos altos custos e da emissão de gases. Com o aumento do lixo, há a necessidade de novos aterros e lixões, só que novos terrenos não são tão fáceis assim, fazendo com que a coleta seletiva se apresente como a melhor solução possível. 3.3.3 Coleta domiciliar seletiva A denominação coleta seletiva compreende a seleção de materiais por tipos dentro dos domicílios lojas etc., à coleta seletiva em pontos de entrega voluntária (PEV), remunerada ou não, e a coleta seletiva em locais seletivos. A rigor qualquer coleta que contenha uma prévia seleção do material a ser captado, pode ser considerada seletiva. Com a coleta seletiva, o aproveitamento e a eficiência do canal reverso são muito maiores do que através dos „catadores‟, já que, através deles muito acaba se perdendo na bagunça do próprio lixão e vários materiais que poderiam ser reciclados deixam de ser coletados. A coleta seletiva tem ajudado e muito no equilíbrio do que é produzido, e o que realmente é reciclado índice chamado de „taxa de reciclagem‟ de um material. No Brasil ainda não há uma separação em muitas categorias, porém em países desenvolvidos como o Japão, já foram identificadas 32 categorias diferentes de produtos a serem reciclados. A Coleta Seletiva em Pontos de Entrega Voluntária, é sem sombra de dúvida um importante passo no processo de reciclagem. Trata-se da disposição, por qualquer pessoa, de produtos recicláveis em pontos de grande movimentação de forma voluntária ou através de remuneração. Os Produtos coletados dessas diversas maneiras são enviados a centrais de seleção ou centros de triagem, nos quais são separados pela natureza do material constituinte, se for necessário, sem preocupação com relação aos diversos tipos de vidros, plásticos e A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - outros critérios. 34 Esses materiais devidamente separados por categorias, são embalados em embalagens de adensamento, para baratear e facilitar o transporte e comercializados diretamente com as empresas reutilizadoras que realizarão a escolha e a separação dos materiais por tipo de vidro, de plástico de papel etc. 3.3.4 Coleta informal Trata-se de um importante meio de redução do lixo, muito praticado em países menos desenvolvidos, onde é um meio de sobrevivência para muitas famílias. Consiste basicamente na coleta de materiais em algum ponto qualquer, para posterior venda aos sucateiros, levando em consideração o valor do material a ser coletado. Para que a coleta seja possível, é preciso que o material tenha um valor considerável, pois normalmente ele é coletado por “carrinheiros” em quantidades relativamente pequenas, sendo para muitas famílias hoje em dia, uma fonte de sustento. 3.4 PROJETO DE REDE REVERSA O projeto de rede reversa tem características semelhantes ao planejamento (estratégico, tático e operacional), pois ambos são empreendimentos finitos com objetivos claramente definidos carregando consigo características como incerteza, objetivo singular, administração específica, relações com fornecedores e compradores. O planejamento controla, organiza, coordena e dirige recursos humanos e materiais no sentido de criar e manter um ambiente que assegure a obtenção dos melhores resultados com o máximo de eficiência e eficácia. Através do planejamento você administra o futuro através de decisões tomadas no presente com base em dados históricos para garantir um ambiente com o menor número de erros possíveis. È muito importante lembrar que a elaboração de um planejamento só é possível com objetivos claramente definidos de acordo com as melhores metas. Segundo Leite (2003) existem basicamente três formas de revalorização através da tecnologia, de produtos decorrentes do pós-consumo: o desmanche industrial, no qual os produtos de pós-consumo duráveis e semiduráveis são desmontados; a remanufatura industrial, na qual os produtos de pós-consumo processados são componentes usados ou provenientes do desmanche; a reciclagem industrial, na qual os produtos descartáveis são recicláveis, e os resíduos A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 35 industriais. Um canal reverso requer um planejamento com os objetivos claramente definidos são essenciais. Leite ressalta (2003) três objetivos principais, que devem ser definidos: Revalorização econômica: nesse caso o foco principal é a obtenção de lucro através do reaproveitamento de partes como matéria-prima ou revendo do produto em mercado secundário; Revalorização ecológica: nesse caso o interesse da empresa é puramente a manutenção de sua imagem corporativa, obtendo assim vantagem competitiva, através de antecipações a futuras legislações. Trata-se da já comentada empresa pró-ativa; Revalorização legal: são os casos em que a empresa se vê obrigada a cumprir a legislação sob pena de pagar algum tipo de multa. É a já citada empresa reativa. Uma vez definido o objetivo, a empresa precisará decidir o nível de integração, que dependerá basicamente do valor do material a ser reciclado e de suas quantidades disponíveis. No caso dos produtos de pós-consumo, quanto maior o valor agregado do produto mais fácil será a implantação de uma rede logística. No caso de produtos como automóveis e computadores, que possuem um alto valor agregado os custos com desmontagem são altos. Já no caso de produtos com baixo valor agregado como são os casos das embalagens em geral os custos de coleta é que são muito altos. Desta forma o projeto deve definir: 1. Seleção do tipo e locais de coleta: quanto mais o produto se aproxima do consumidor, maior a complexidade da distribuição, pois, aumenta também sua dispersão geográfica. Por isso segundo Leite (2003) algumas alternativas apresentamse como melhores opções, a saber: Coleta pela distribuição direta, ou seja, os meios utilizados na distribuição direta servem para o retorno dos bens de pós-consumo, como nos exemplos de redes de do fabricante para as embalagens retornáveis; Coletas postais quando não forem grandes volumes; Coleta realizada por empresas terceirizadas. 2. Localização dos centros de consolidação de desmanche e remanufatura: no caso dos produtos de baixo valor agregado, o ideal é que as empresas de consolidação estejam localizadas próximas dos locais de coleta para fazer com que se consiga atingir as cotas mínimas necessárias para valer a pena o transporte. No caso dos bens A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 36 de alto valor agregado, o ideal é que estejam próximas as fábricas de desmontagem e remanufatura com a original de bens. 3. Sistemas de mensuração e informação: os dados são uma representação convencionada de uma grandeza qualquer. Podem ser representados através de números. A informação é formada por um conjunto de dados relevantes. Serve para ser estudada analisada. A mensuração trata-se do levantamento de dados relevantes no sentido de se fazer um estudo sobre determinado tema ou área em uma empresa, È muito importante lembrar que quanto mais nos distanciamos dos números, mais difícil é a realização do controle e muitas vezes, o mesmo torna-se impossível. Por isso o controle é dividido em três partes: Estabelecimento dos padrões: toda empresa possui um objetivo principal. Esse objetivo pode ser fragmentado em objetivos menores que podem ter tanto valores subjetivos quanto monetários. Esses objetivos são os padrões de controle; Comparar os resultados obtidos com os pretendidos: caso os padrões tenham sido estabelecidos dentro de um patamar o mais próximo da realidade então serão muito mais fáceis as aplicações ações corretivas preventivas; Ação corretiva/ preventiva: trata-se da última fase do controle, onde será possível avaliar a eficiência dos pontos de controle. Quanto melhor estabelecidos os padrões melhor será o controle da empresa. Uma correta mensuração permitirá um bom controle sobre o inventário, sobre as empresas parceiras, disponibilidade de recursos tecnológicos e etc. Os objetivos estratégicos dos canais reversos de pós-venda não diferem muito dos de pós-consumo, são focados principalmente na revalorização econômica do material em questão, a obediência às leis e obtenção de vantagem competitiva por motivos já explicados aqui anteriormente. A tecnologia é um fator determinante para o sucesso ou fracasso de um canal reverso, pois, através dela que se conseguem as melhores formas de captação, desmontagem, e reaproveitamento de materiais. A tecnologia funciona portanto como um ponto impulsionador dos canais reversos, viabilizando-os muitas vezes, através da economia por ela gerada e da maior capacidade de captação de materiais. No entanto, somente esses fatores não são suficientes para garantir o funcionamento do canal reverso podendo haver desequilíbrios em algum ponto, ocasionando a parada do canal inteiro. Para isso, de acordo com Leite (2003), é vital que se elabore um projeto de revalorização tecnológica, que cuidará de todo o processo de criação do produto visando A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 37 principalmente sua facilidade de desmontagem e de reciclagem das partes facilitando assim o trabalho dos canais reversos, o autor cita uma série de tendências: 1. Redução de fixações de soldas ou colas: as soldas ou colas devem ser evitadas por dificultarem o processo de desmontagem e por inviabilizarem a reutilização de certos componentes. Com isso a desmontagem será mais rápida e conseqüentemente o custo de operação será menor; 2. Redução do uso de ligas ou mesclas de materiais: uma das maiores dificuldades do processo de reciclagem é a separação das ligas que em muitos casos são interessantes, mas, o custo de separação por muitas vezes inviabiliza o processo; 3. Redução do número de cores: as cores deveriam ser reduzidas em função do alto grau de dificuldade para retirá-las havendo a necessidade de uma reciclagem industrial. Esse processo acaba encarecendo a reciclagem; 4. Redução do número de plásticos constituintes: Os plásticos têm sido largamente utilizados tanto como embalagens de contenção como apresentação, devido as suas propriedades que garantem uma opção mais segura e mais eficiente. Só que por possuírem características físicas muito semelhantes sua separação é muito difícil gerando assim custos de revalorização técnica; 5. Redução dos constituintes de Caráter Perigoso: através dos estudos dos componentes de um produto antes de sua fabricação as empresas poderão identificar todos aqueles que forem nocivos ao meio ambiente e se possível eliminá-los ou buscar a melhor alternativa possível. 3.4.1 O impacto do frete na rede reversa Os produtos decorrentes de pós-consumo apresentam normalmente características muito heterogêneas entre si, apresentando uma relação peso/volume e peso/preço muito baixa entre si. Por isso são necessárias várias consolidações para tentar diluir ao máximo o custo fixo (frete) dos materiais reciclados tornando assim a operação viável. Nesse caso a logística trabalha em cima das características do produto determinando até onde vale a pena uma coleta de determinado produto, a distância máxima, o número de consolidações necessárias, a escala mínima etc. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 38 Alguns materiais como jornais, metais apresentam uma boa relação peso/volume, preço/peso e mesmo assim o raio de coleta não ultrapassa os 100 km. Os produtos de pósconsumo de origem durável que possuem rede reversa de take back prevista, espontânea ou por motivação legislativa constituem exceção a esse caso, ou seja, todos produtos duráveis que são recolhidos ao final do ciclo de vida pelos fabricantes constituem uma exceção a esses casos. 3.4.2 O impacto da coleta na rede reversa Como já estudamos anteriormente os produtos de pós-consumo podem ser tanto entregues a lojas que trabalham com material de segunda mão como serem descartados para posterior coleta de empresas especializadas em reciclagem ou caminhões de lixo. O problema é que quando ocorre à segunda opção, os materiais acabam ficando muito dispersos na malha urbana, normalmente nas próprias residências, e sua coleta acaba não valendo a pena. Para que o projeto não fracasse serão necessárias diversas consolidações para que as distâncias percorridas possam ser as mais longas possíveis. Outro fator determinante é a localização das indústrias que normalmente ficam muito longe dos centros urbanos acarretando mais custos com transporte. È importante lembrar que, conforme estudado em suplly chain, fatores como demanda, localização, decisões de transporte, decisões de estoque, características do produto determinam quando uma rede logística deve ser planejada (no caso de inexistência de uma) ou re-planejada (no caso de precisar de melhorias ou até mesmo uma revisão completa). No caso da localização o esboço logístico adequado deve incluir todos os movimentos desde a planta até o destino final. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 39 4. ESTUDO DE CASO: “RECICLAGEM DO ALUMÍNIO” Segundo dados da Associação Brasileira de Alumínio – ABAL, a história da mineração o alumínio é uma das mais recentes descobertas, é oriundo da Bauxita pois não é encontrado em estado nativo na natureza e foi descoberto em seis de fevereiro de 1854 pelo químico francês Saint-Claire Deville. Em1886 o também francês Toussant Herolt e o americano Charles Martin Hall, mesmo sem se conhecerem, foram simultaneamente responsáveis pela descoberta do método de produção do Alumínio através do processo eletrolítico por meio de corrente, que veio a substituir o método de produção utilizado por Deville. Este procedimento marcou o início da sua produção em larga escala. Por volta de 1928 à produção de Alumínio teve início no Brasil em Minas Gerais, é nesse período que foram identificadas as primeiras referências de bauxita na escola de Ouro Preto. A produção, ainda muito amadora e insuficiente, teve o apoio necessário para seu desenvolvimento somente no final da década de 30, durante o governo de Getúlio Vargas. Assim, iniciada a produção, as primeiras fábricas nacionais começaram a aparecer no cenário mundial, sendo utilizada a Bauxita em escala industrial no Brasil durante a segunda guerra mundial. Hoje os maiores produtores mundiais de Alumínio são os Estados Unidos e o Canadá, entretanto nenhum deles possui jazidas de bauxita em seu território. O Brasil possui a terceira maior reserva desse minério no mundo (localizada na região amazônica) perdendo apenas para Austrália e Nova Guiné. Além da Amazônia, o alumínio pode ser encontrado no sudeste do Brasil, na região de Poços de Caldas (MG) e Cataguases (MG). A bauxita é o minério mais importante para a produção de alumínio, contendo de 35% a 55% de óxido de alumínio. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 40 Tabela 2: produção brasileira de alumínio primário Nota 1: em 13 de fevereiro da produção de alumínio primário no mês de janeiro de 2007. Nos primeiros 31 dias do ano, a produção foi de 136,9 mil toneladas, 2,9% maior do que a verificada no mesmo mês de 2006 (133,0 mil toneladas). Nota 2: a partir do ano de 2004 os dados da BHP - Billiton e CVRD - take Valesul passaram a ser incorporados no volume total da Valesul e a partir de janeiro de 2005, entra em operação a empresa Novelis do Brasil, subsidiária da Novelis Inc., resultado da cisão dos ativos de produtos laminados da canadense Alcan Inc. 4.1 RECICLAGEM DE ALUMÍNIO NO BRASIL Os primeiros registros da produção de utensílios de alumínio no país datam da década de 20, nesse período iniciava-se o reciclagem do alumínio, pois era utilizada pelas indústrias do setor a sucata importada de outros países como matéria prima, porém, nos anos 90 a A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 41 reciclagem do material foi intensificada com o início da produção das latas no Brasil. A reciclagem do alumínio oferece muitas vantagens. Benefícios da atividade podem ser medidos não só pela economia de energia elétrica e da bauxita mas também pelo aspecto social, a geração de renda que esta atividade promove e o número de famílias atendidas por projetos sociais ligados à reciclagem. A reciclagem do Alumínio economiza 95% da energia elétrica que seria utilizada na produção do alumínio primário. Só em 2004 o volume de alumínio reciclado no Brasil foi de 270 mil toneladas e economizou cerca de 3.900 Gwh/ano, energia suficiente para atender a demanda anual do setor industrial da cidade de São Paulo. No aspecto ambiental a reciclagem de alumínio evitou a mineração de mais de um milhão de toneladas de bauxita e diminuiu o volume de lixo gerado, poupando espaço nos aterros sanitários. A reciclagem do alumínio também estimula a consciência ecológica, incentivando a reciclagem de outros materiais. Em 2004, mais de 16 mil escolas, creches e instituições cadastradas em programas de reciclagem de alumínio trocaram latas usadas por mais de 14 mil itens, entre equipamentos eletrônicos, mobiliário, kits escolares e cestas básicas (dados Associação Brasileira de Alumínio – ABAL). Tabela 3: Aspectos econômicos, sociais e ambientais da reciclagem A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 42 4.2 CLASSIFICAÇÃO DA SUCATA DE ALUMÍNIO Hoje as empresas que refundem a sucata, vêm aproveitando o avanço da tecnologia de reciclagem de alumínio tornando-se cada vez mais competitivas, fazendo com que todos os elos da cadeia promovam ajustes e melhorias em sua operação. Hoje é comum a sucata ser entregue já selecionada, enfardada ou prensada, garantindo importantes ganhos de produtividade no processo. Existem no mercado vários tipos de sucata de alumínio a serem reciclados, como forma de facilitar a comunicação e garantir a transparência nas operações comerciais da indústria da reciclagem de alumínio no Brasil, a Associação Brasileira do Alumínio, em 2005, por meio da Comissão de Reciclagem, publicou uma Tabela de Classificação das Sucatas de Alumínio. A tabela 4 traz as denominações e as características de 19 tipos de sucatas de alumínio que foram identificadas no mercado nacional. Como o mercado de sucata é globalizado, a Comissão de Reciclagem tomou como base, além da realidade brasileira, a classificação recomendada pelo Institute of Scrap Recycling Industries (ISRI), associação norte americana composta por empresas que atuam na área da reciclagem. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 43 Tabela 4: Classificação de sucatas de alumínio Nota: a correlação com as denominações adotadas pelo ISRI (Institute of Scrap Recycling Industries) dos Estados Unidos - versão 2004 - está indicada entre parênteses A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 44 4.3 RECICLAGEM DAS LATAS DE ALUMÍNIO As latas de alumínio para bebidas merecem destaque na reciclagem, por ter um alto consumo e um ciclo de vida bastante inferior ao apresentado por outros produtos de alumínio. A reciclagem da latinha tem levado o Brasil a ser, há cinco anos consecutivos, o líder mundial na atividade. Em 2005, o Brasil bateu novamente o recorde mundial de reciclagem de latas de alumínio para bebidas, com o índice de 96,2%, 127,6 mil toneladas de latas de alumínio foram recicladas em 2005, isso corresponde a cerca de 9,4 bilhões de latas no ano ou 26 milhões de latas por dia, ou, ainda, mais de um milhão por hora. Com os esforços desempenhados pela cadeia de reciclagem - fabricantes de chapas, de latas, envasadoras de bebidas, cooperativas e recicladoras - e pelo Governo, por meio da conscientização da população, o programa de reciclagem da lata de alumínio é, hoje, uma experiência de sucesso com grande influência social, econômica e ambiental. Somente a etapa de coleta (a compra das latas usadas) injeta anualmente R$ 490 milhões na economia nacional, volume financeiro equivalente ao de empresas que estão entre as 500 maiores do país - dados de 2005. Esse resultado é fruto da conjugação de vários aspectos. O principal deles é o fato de o país possuir um mercado de reciclagem já estabelecido em todas as suas regiões. Além disso, a facilidade na coleta, transporte e venda e o alto valor da sucata de alumínio, aliados à grande disponibilidade durante todo o ano, estimularam a reciclagem das latas de alumínio para bebidas, provocando também mudanças no comportamento do consumidor. Um dos fatores que mais contribui para o progresso da reciclagem no país é o engajamento da classe média. Entre 2000 e 2005, cresceu de 10% para 24% a participação de condomínios e clubes na coleta de latas usadas. Outro dado relevante é o surgimento de cooperativas e associações de catadores em todo o país nesse período. A participação dessas entidades na coleta de latas de alumínio passou de 43% para 52%. É notória a importância das latas de alumínio para a atividade reciclagem no Brasil, já que, por reforçar a consciência ecológica da população, acaba por estimular a coleta de outros materiais. O tempo médio de coleta de uma latinha de alumínio é de 42 dias e seu retorno ás prateleiras dos supermercados, na figura 3 podemos observar o processo. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 45 Figura 3: Ciclo de vida lata de alumínio Descritivo do fluxo: 1. Nos postos de venda, o consumidor compra o produto embalado; 2. Depois de usada, a lata de alumínio vazia é recolhida e chega ás postos de coleta ou vendida a compradores; 3. As latas são processadas e prensadas em fardos; 4. Em seguida seguem para um Centro de reciclagem; 5. Após a limpeza, retirada do verniz, tintas e óleos, as latas usadas são transformadas em alumínio liquido; 6. Transferido em cadinhos para área de refusão, o alumínio é solidificado em lingotes; 7. Os lingotes passam por um processo chamado laminação e as chapas resultantes são bobinadas; 8. As bobinas são a matérias prima para a fabricação de novas latas de alumínio; A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 46 9. Na fábrica de bebidas as latas de alumínio passam novamente pelo processo de envasamento; 10. As latas de alumínio retornam aos postos de venda. Gráfico 3: Índice de reciclagem de latas de alumínio A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 4.4 PINDAMONHAGABA – A CAPITAL BASILEIRA 47 DA RECICLAGEM Figura 4: Marco da entrada da cidade de Pindamonhangaba Fonte: Associação Brasileira de Alumínio – ABAL A Capital Nacional da Reciclagem do Alumínio é Pindamonhangaba, a cidade localizada no interior de São Paulo teve esse título concedido pela ABAL em 2003, foi o reconhecimento à importância da cidade para a atividade. Foi entregue na ocasião uma escultura feita em alumínio que representa o símbolo internacional da reciclagem do metal. A obra (criada pelo escultor Hans Goldammer), tem 4,5 metros de altura e foi confeccionada com chapas de alumínio, está instalada na entrada da cidade, às margens da Via Dutra (que liga São Paulo e Rio de Janeiro). As empresas de reciclagem sediadas em Pindamonhagaba tem juntas a capacidade para processar cerca de 170 mil toneladas de sucata de alumínio(aproximadamente 70% de toda a sucata recuperada no Brasil). A localização privilegiada da cidade se deveu, entre outros fatores, a escolha da cidade. Encravada entre os dois maiores centros urbanos do País São Paulo e Rio de Janeiro - e à infra-estrutura oferecida pelo município, que vem investindo forte na expansão industrial. Na década de 70, a Alcan (hoje Novelis) instalou sua fábrica no município para produzir chapas para latas de bebidas, em 1994 a empresa iniciou o uso de A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 48 alumínio reciclado na produção de suas chapas estimulando o surgimento do polo de reciclagem e iniciando a história da reciclagem do alumínio na cidade. Em 1996, chegou a Latasa (hoje, Aleris Latasa) com seu centro de reciclagem. Em 1997, a Recipar (Aleris Latasa) chegou ao município e, em 1998, foi a vez da Alcan (atual Novelis) instalar ali seu centro de reciclagem. 4.5 A RECICLAGEM E A EXCLUSÃO SOCIAL No Brasil a coleta de latas usadas envolve aproximadamente 130 mil sucateiros, que vivem exclusivamente desta atividade com renda média de dois salários mínimos - dados do Cempre (Compromisso Empresarial para a Reciclagem). São catadores que juntos são responsáveis por 50% do suprimento de sucata de alumínio à indústria. A outra parte é recolhida por supermercados, escolas, empresas e entidades filantrópicas. Pessoas, na maioria desempregadas, catam essas latinhas e as vendem posteriormente tendo nisso a única fonte de renda, esse número é devido ao alto valor do material no mercado de sucata e um imenso número imenso de latas usadas que é gerado pelo grande consumo de bebidas enlatadas. O estado do Paraná é o único do País que possui de um estudo detalhado sobre crianças envolvidas na atividade de catadoras. Um relatório da Procuradoria Regional do Trabalho de Curitiba, mostra um mapa das cidades onde o as crianças mais se envolvem nessa atividade; a cidade de Londrina, onde 145 crianças atuam irregularmente nas ruas, como “carrinheiros”. Em segundo lugar Campo Mourão, com 109 catadores infantis e, em terceiro Curitiba, com 108. Somando os números de todo o Estado, o resultado é alarmante: 3.370 meninos e meninas com menos de 14 anos estão nesta atividade em 177 municípios. A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo IBGE em 2000, mostrou 24.340 catadores de lixo em 1.548 municípios. Desses, 22,2% eram menores de 14 anos, ou seja, 5.393 crianças catavam sucata nos lixões. O item mais procurado são as latas de alumínio, por terem alto valor comercial. Já os dados do PNAD/2005 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram uma diminuição no trabalho infantil urbano em relação a 2004. Neste ano foram 916.690 crianças com idade entre 5 a 14 anos envolvidas com trabalhos não agrícolas, o equivalente a 1,425% do total de crianças. Em 2005, o número de crianças entre 5 e 14 anos trabalhando em centros urbanos no Brasil foi de 1.037.521, correspondendo a 1,277% do total de crianças. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 49 O resultado da Fiscalização do Trabalho realizado em 2006 pelo Ministério do Trabalho e Emprego descobriu 8.438 crianças de 0 a 16 anos, excluindo-se os aprendizes, trabalhando no setor formal ou informal da economia. Em 2005 esse número foi de 7.748. Não há uma distinção entre a natureza dos trabalhos realizados por essas crianças, os dados são gerais. Segundo Isa Maria de Oliveira, do Fórum Nacional de Erradicação Infantil, esses números são irrelevantes. As ações de fiscalização não percorrem todos os municípios brasileiros para ter uma avaliação exata sobre o trabalho infantil formal e informal. Os dados são voltados mais para a retirada de crianças do trabalho, por isso, não são fieis à realidade. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, o trabalho infantil tem diminuído. Esse fato pode ser em decorrência da criação, em 1996 do PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. Resultado da mobilização da sociedade, o principal objetivo do PETI é retirar crianças e adolescentes de 7 a 15 anos de trabalhos perigosos, penosos, insalubres e degradantes. O Programa atende atualmente 1.100.000 crianças em diversos municípios do País. As famílias atendidas recebem uma bolsa de R$ 20,00. As crianças, no horário oposto às aulas da escola, participam da Jornada Ampliada, onde aprendem a fazer arte, praticam esportes e recebem reforço escolar. De acordo com dados do IPEC – Programa Internacional para Erradicação do Trabalho Infantil os estados brasileiros onde há maior incidência do trabalho informal urbano infantil, onde se incluem crianças catadoras de latinhas, são a Paraíba, São Paulo e o Rio Grande do Sul. 4.6 COOPERATIVA DE TRABALHO DE PROFISSIONAIS DE SERVIÇOS DE COLETAGEM DE LIXO RECICLÁVEIS DO ESTADO DE SÃO PAULO - COOPCOLRE Em Agosto/2000, surgiu um projeto cujo nome dado foi “Defensores da Natureza”, que desenvolvia o ato da Coleta Seletiva de Lixo Reciclável e Conscientização aos moradores dos bairros Cota ( 400 – 200 – 95 ) de Cubatão, que foi financiado pelo FEHIDRO ( Fundos Hídricos do Estado de São Paulo ), com uma ajuda de custo no valor de R$ 180,00/mês para cada um dos 30 pais de famílias durante 12 ( doze ) meses, também um veículo Kombi, um caminhão kia, uma prensa de 200 kg, EPI‟S bem como todo material de consumo para execução do serviços ( sacos plásticos, panfletos, Containeres de Lixo Reciclável, etc ). E a A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 50 liberação da Estação Ecológica de Cubatão para o aperfeiçoamento do trabalho realizado e a triagem dos mesmos. Encerrando-se este projeto no ano de 2001, a Prefeitura Municipal de Cubatão, enxergando a seriedade e necessidade do mesmo continuar, fez uma nova aliança com os Defensores da Natureza por mais 06 (seis) meses. Ao término deste, os mesmos reuniram-se e formaram a COOPCOLRE. Em 05 de Outubro de 2001, foi fundada a COOPCOLRE – Cooperativa de Trabalho de Profissionais de Serviços de Coletagem de Lixo Recicláveis do Estado de São Paulo, com sede sito a Avenida 9 de Abril, 2.205 Sala 53 Cento – Cubatão, SP, inscrita sob o CNPJ n.º 04.831.452/0001-76. Onde suas atividades foram também concentradas inicialmente nos bairros Cota (400 – 200 – 95) de Cubatão, com apenas 30 sócio-cooperados desenvolvendo a Coleta Seletiva de Lixo Reciclável e Conscientização Ambiental aos moradores. Devido a importância do trabalho realizado pelos sócio-cooperados, houve a necessidade de expandir a Coleta Seletiva pelos demais bairros de nosso município, isso fez com que a COOPCOLRE viesse a associar um número maior de pais de famílias carentes, que outrora eram afastados do Meio Social pela falta de graduação, Idades Avançadas, etc. Com isso, abriu-se uma nova opção de trabalho na cidade de Cubatão, atualmente conta com 45 (Quarenta e cinco), pais de famílias, com os poucos recursos. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 51 CONCLUSÃO Este trabalho de pesquisa foi estruturado para responder a três objetivos, aos quais os autores colocam, a seguir: Objetivo 1: abordar os conceitos da cadeia de suprimentos e produtos, em seu sentido para o mercado de consumo, a este a pesquisa está embasada por um referencial bibliográfico no capítulo 2. A este, os autores concluem que a competitividade no mercado vem mudando sua forma, hoje as parceiras com os demais elementos da cadeia, seja através da melhoria contínua trabalhando na redução de custos, traz as vantagens competitivas que tem de ser agregadas ao longo de toda a cadeia de suprimentos. Objetivo 2: abordar os conceitos de logística reversa e os produtos gerados nela, e desta forma conceituar que a logística reversa deve fazer parte dos estudos da cadeia de suprimentos, a este a pesquisa está estruturada no capítulo 3; Os autores, embasados ao exposto no Capitulo 3, concluem que a Logística reversa pode ser considerada a área da Logística que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas que vão do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, que por meios de canais de distribuição reversos vai agregando valor de diversas naturezas. Objetivo 3: demonstrar através do estudo de caso da indústria de alumínio, os benefícios econômicos, sociais e ambientais, proporcionados pela recuperação e reciclagem de materiais da cadeia de suprimentos. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 52 Na Tabela 3 do capítulo 4, tem-se o resumo dos principais aspectos econômicos, sociais e ambientais conseqüentes da reciclagem de materiais, utilizando-se dados obtidos nessa pesquisa foi avaliado o peso do fator econômico para as empresas do setor, pois o processo de reciclagem de alumínio economiza o correspondente a 95% da energia elétrica utilizada para fabricação do alumínio primário. Na questão social é ressaltado o trabalho dos catadores, tanto dos adultos quanto das crianças, sendo percebida esta atividade mais ligada à exclusão social do que a consciência ambiental propriamente dita, a questão ambiental tem o aumento no lixo produzido, sendo que sua disposição final não-controlada é constituída pela deposição desses resíduos em lixões não controlados e pelo despejo em córregos, rios e terrenos o que acarreta poluição ambiental. Ao apresentado conclui-se que gerenciar uma cadeia de suprimentos nos dias de hoje, vai além de apenas entregar um produto/serviço, ou ainda, um valor ao cliente final, mas devido, e principalmente, a legislação ambiental, que nestes últimos anos vem estimulando a pressão de mercado por produtos ecologicamente corretos, por empresas responsáveis com os recursos e o ambiente onde atua, entre outros, provocou um movimento de repensar, onde não se apenas o sentido de mercado ao cliente, atendendo a demanda, mas estudar o que estes consumidores fazem com os produtos e como os descartam. As empresas perceberam que podem ser responsabilizadas criminalmente pelo uso ou o descarte incorreto, o que vem a gerar um ônus financeiro muito grande, de esta forma investir na cadeia reversa acaba saindo muito mais barata. A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing de Serviços - Alexandre Luzzi Las Casas - 4ª Edição – Editora Atlas, 2006 2. BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial – Ronald H. Ballou – 5ª Edição – Porto Alegre: Editora Bookman, 2006. 3. NOVAES, Antonio G. Logística e Gerenciamento da cadeia de distribuição – Antônio Galvão Novaes – 2ª edição – Rio de Janeiro: Editora Campos, 2004. 4. GOLDRATT, E.M.e Cox J. A Meta: um processo de melhoria contínua – Eliyahu M. Goldratt e Jeff Cox – 2ª edição - São Paulo: Editora Nobel, 2002. 5. 2006. DIAS, Guacyra Rosseto. Cooperativa de Reciclagem amparada pela Logística Reversa. TCC (graduação Tecnólogo em Logística com Ênfase em Transporte) – Faculdade de Tecnologia da Baixada Santista – FATEC-BS, São Paulo: 2006. 6. CARVALHO, Geraldo Camargo. Química Moderna – Geraldo Camargo de Carvalho – 1ª edição - São Paulo : Editora Scipione, 2000. 7. Associação Brasileira de Alumínio – ABAL, disponível em: www.abal.org.br acesso em abril, 2007 A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio - 8. 54 Associação Brasileira dos Fabricantes de latas de alta reciclabilidade – ABRALATAS, disponível em: www.abralatas.org.br acesso em abril, 2007 9. Compromisso empresarial para reciclagem – CEMPRE, disponível em: CODIC, disponível em www.cempre.org.br acesso em abril, 2007. 10. Coordenadoria dos direitos da cidadania – www.codic.pr.gov.br acesso em maio, 2007. 11. Instituto brasileiro de geografia e estatistica – IBGE, disponível em www.ibge.com.br acesso em maio, 2007.