FACULDADE DE TECNOLOGIA DA BAIXADA SANTISTA
A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA E O ESTUDO DE CASO
DA INDÚSTRIA DO ALUMÍNIO
AUTORES: CARLOS ALBERTO DA SILVA E
DIOGO DE ARAÚJO CARVALHO
ORIENTADOR: PROFº LUÍS FERNANDO COSTA COMPIANI
Santos
2007
FACULDADE DE TECNOLOGIA DA BAIXADA SANTISTA
A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA E O ESTUDO DE CASO
DA INDÚSTRIA DO ALUMÍNIO
AUTORES: CARLOS ALBERTO DA SILVA E
DIOGO DE ARAÚJO CARVALHO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Faculdade de Tecnologia da Baixada Santista, como
parte dos requisitos para a obtenção do título de
Tecnólogo em Logística.
Orientador: Profº Luís Fernando Costa Compiani
Santos
2007
FACULDADE DE TECNOLOGIA DA BAIXADA SANTISTA
A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA E O ESTUDO DE CASO
DA INDÚSTRIA DO ALUMÍNIO
AUTORES: CARLOS ALBERTO DA SILVA E
DIOGO DE ARAÚJO CARVALHO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no dia ____/____/2007 à Faculdade de
Tecnologia da Baixada Santista – FATEC/BS, como parte dos requisitos para a obtenção do
título de Tecnólogo em Logística com ênfase em transportes.
BANCA EXAMINADORA:
1. Profº Luís Fernando Costa Compiani:_____________________________________.
2. Profº Antonio Biz:____________________________________________________.
3. Profº Walter ???
Santos
2007
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os
presentes e futuras gerações.
“Artigo 225 da Constituição da República Federativa do Brasil”
AGRADECIMENTOS
A todos os membros de nossas famílias, pelo apoio e pela compreensão nos momentos
em que não pudemos estar presentes.
Ao Professor Luís Fernando Costa Compiani, por seu profissionalismo, competência
e pela sua dedicação, orientando em todos os passos de nossa pesquisa.
Aos Professores da FATEC, que participaram conosco nessa caminhada, culminando
com a apresentação deste trabalho.
E principalmente a Deus por nos proporcionar a oportunidade e alegria de conviver
com todas essas pessoas.
vi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................viii
LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. ix
RESUMO .................................................................................................................................. xi
ABSTRACT ............................................................................................................................. xii
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 13
1. ESCOPO DO ESTUDO ....................................................................................................... 14
1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 14
1.2 OBJETIVO ..................................................................................................................... 14
1.3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 15
2. LOGÍSTICA E O GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS .................... 16
2.1 CANAIS DE DISTRIBUICAO FISICA ......................................................................... 19
2.1.1 Objetivos e funções dos canais de distribuição ....................................................... 19
2.1.2 Tipos de canais de distribuição ................................................................................ 20
2.1.3 Propriedades dos Canais de distribuição ................................................................. 20
2.2 O PRODUTO E A LOGÍSTICA .................................................................................... 21
3. LOGÍSTICA REVERSA ...................................................................................................... 25
3.1 A VISAO DO PRODUTO NA LOGISTICA REVERSA ............................................. 26
3.2 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO REVERSOS ................................................................ 28
3.2.1 Canais de Distribuição de pós-consumo de bens duráveis e semi-duraráveis ......... 30
3.2.1.1 Canais de Distribuição reversos de reuso ......................................................... 30
3.2.1.2 Canais de Distribuição reversos de reciclagem ................................................ 31
3.2.2 Canais de Distribuição reversos de pós-venda ........................................................ 31
3.3 TIPOS DE COLETA E DESTINO DO PRODUTO PÓS-CONSUMO ........................ 32
3.3.1 Coleta Domiciliar do Lixo ....................................................................................... 32
3.3.2 Aterros sanitários e lixões ....................................................................................... 32
3.3.3 Coleta domiciliar seletiva ........................................................................................ 33
3.3.4 Coleta informal ........................................................................................................ 34
3.4 PROJETO DE REDE REVERSA .................................................................................. 34
3.4.1 O impacto do frete na rede reversa .......................................................................... 37
3.4.2 O impacto da coleta na rede reversa ........................................................................ 38
4. ESTUDO DE CASO: “RECICLAGEM DO ALUMÍNIO” ................................................. 39
4.1 RECICLAGEM DE ALUMÍNIO NO BRASIL ............................................................. 40
4.2 CLASSIFICAÇÃO DA SUCATA DE ALUMÍNIO ..................................................... 42
4.3 RECICLAGEM DAS LATAS DE ALUMÍNIO ............................................................ 44
4.4 PINDAMONHAGABA – A CAPITAL BASILEIRA DA RECICLAGEM ................. 47
4.5 A RECICLAGEM E A EXCLUSÃO SOCIAL ............................................................. 48
vii
4.6 COOPERATIVA DE TRABALHO DE PROFISSIONAIS DE SERVIÇOS DE
COLETAGEM DE LIXO RECICLÁVEIS DO ESTADO DE SÃO PAULO COOPCOLRE ...................................................................................................................... 49
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 53
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Visão da Cadeia de Suprimentos ......................................................... 17
Figura 2: Componentes de uma Cadeia de Suprimentos .................................... 18
Figura 3: Ciclo de vida lata de alumínio ............................................................. 45
Figura 4: Marco da entrada da cidade de Pindamonhangaba ............................. 47
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Porcentagem do fluxo reverso sobre o fluxo direto (Estados Unidos) 28
Tabela 2: produção brasileira de alumínio primário ........................................... 40
Tabela 3: Aspectos econômicos, sociais e ambientais da reciclagem ................ 41
Tabela 4: Classificação de sucatas de alumínio .................................................. 43
x
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1`: Ciclo de vida do Produto .................................................................. 23
Gráfico 2: Coleta de lixo na cidade de São Paulo ............................................... 25
Gráfico 3: Indice de reciclagem de latas de alumínio ......................................... 46
xi
RESUMO
Este trabalho de pesquisa relata a importância da “Logística Reversa” para a economia
como um todo, seja para uma empresa com a diminuição de seus custos operacionais com o
reaproveitamento de materiais descartados, bem como para o meio ambiente com a
diminuição de dejetos do pós-consumo. A sociedade consumista dos dias atuais vive
momentos de euforia em seu consumo, facilitada pela estabilidade econômica e pelo processo
de globalização. Nunca se teve acesso a tantos produtos, e por conta da concorrência de
mercado, diariamente vemos lançamentos de produtos, seja novo em sua concepção ou
melhorias grandes ou pequenas nos já existente. Tais fatos induzem os consumidores de uma
maneira em geral a buscarem estar atualizados. Por conta disto o ciclo de vida de um produto
no pós-consumo começa a diminuir sensivelmente ocasionando grandes impactos,
principalmente no meio ambiente. Hoje, muitas vezes por força de legislação, onde o
fabricante pode ser responsabilizado criminalmente pelos impactos negativos causados por
seus produtos, uma pergunta começa a fazer parte do dia-a-dia de algumas empresas, “o que
fazer com o lixo gerado?”. A partir desta pergunta outras se criaram, como: “somos capazes
de recuperar este produto, na cadeia de suprimentos, a um custo razoável depois do pósconsumo?”, ou ainda, “que destino dar a estes produtos?”. Este trabalho de pesquisa, para ter
a correta compreensão de sua importância, segue uma ordem de exposição do assunto, onde
inicialmente, abordar-se-á o conceito de cadeia de suprimentos e dos tipos de produtos
gerados por ela, em seu sentido para o mercado de consumo. Pois é importante entendermos
os fluxos a que os produtos estão sujeitos, de forma a pensar e criar o fluxo reverso, para
criar-se o melhor destino e reaproveitamento deste material. A partir desta abordagem inicial,
conceituar “Logística Reversa” seus diversos fluxos e sua importância para a sociedade em
geral, e através do estudo de caso da “Indústria do Alumínio” demonstrar o benefício
econômico alcançado pelo setor, através da reciclagem de latas de alumínio, diminuindo
sensivelmente o consumo de energia para o setor, além da contribuição para o meio-ambiente,
com a redução do lixo gerado. No mesmo estudo de caso, demonstra-se ainda, que a
reciclagem pode vir a ser uma forma de sociabilização e de distribuição de renda, as camadas
mais carentes da sociedade, pois de forma organizada, em regime de cooperativa, várias
famílias têm encontrado na logística reversa uma forma de trabalho e remuneração.
Palavras-Chave: logística reversa, reciclagem e meio ambiente.
xii
ABSTRACT
This Research work explains the importance of “Reverse Logistics” to the economy as
a whole, for a company to lower its operational costs through materials reusing, as well as, to
the environment through a diminution of the post-consume residues. The society now days
lives a period of euphoria in its own consumption, witch has gotten easier by economical
stability and globalization process. It has never had access to so many products, and due to the
market concurrence, we see daily new products casting, in its conception or short or big
improvements in already existents products. This fact induces consumers to always search for
new products. Due to this, the product life‟s cycle has been getting lower faster than ever
causing greats impacts, mainly to the environment. Today, many times by legislation‟s force,
where the manufacturer can be criminally responsible for negative impacts caused by its
products, one question that begins to make part of some companies routines is, “What to do
with the produced garbage?”. From this question another ones emerges like, “Are we capable
of recuperating this product, on the supply chain, for a reasonable price, after post-consume?”
or else, “Witch destiny to give to this products”. This research‟s work, to have a correct
comprehension of its importance, follows an exposition order from the theme, where in the
beginning, the supply‟s chain concept and the products types it produces will be expose, in its
consumer‟s market direction, because its important for us to understand the fluxes witch
products are subject, to think and create a reverse flux for developing the best destiny and
material reusing. From this point, to concept “Reverse logistics” in its various fluxes and its
importance for the society as a whole, and through a case‟s study of “ The aluminum
Industry”, that shows the economical benefits achieved by the sector, through the recycling of
aluminum cans, reducing the energy consumption as well as the contribution to the
environment with the reduction of the produced trash. In the same case‟s study, its
demonstrate that recycling can become a way of making people sociable and rend distribution
to the poorest ones of society, in a cooperative regime, many families have found in reverse
logistics a way of work and remuneration.
Key-words: reverse logistics, recycling, envoronment
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
13
INTRODUÇÃO
Este trabalho de pesquisa para ter a compreensão desejada segue uma ordem de
exposição do assunto, onde inicialmente conceitua-se o assunto abordado, identifica-se a
situação problema e suas implicações, e faz um fechamento direcionando para uma solução
viável.
No capitulo 1, os autores apresentam suas justificativas, os objetivos desta pesquisa e a
metodologia utilizada para o estudo.
No capitulo 2, os autores abordam os conceitos: da cadeia de suprimento, formas
distribuição física, os tipos de produtos, relacionando-os, mostrando os fluxos, objetivos e
características.
No capitulo 3, os autores embasados por referencial teórico, discorrem sobre a
“Logística Reversa”. No transcorrer do capítulo se percebe a íntima ligação entre os fluxos
gerados na cadeia de suprimentos, abordados no capítulo 2 deste trabalho de pesquisa, com os
fluxos reversos gerados pela “Logística Reversa”, com a definição dos tipos de produtos
gerados e os canais de distribuição reversos. A partir destes canais de distribuição reversos,
definidos neste capitulo, verificar os tipos de coletas de tais produtos e o destino dos mesmos.
No capitulo 4, os autores deste trabalho de pesquisa apresentam um estudo de caso de
sucesso de reciclagem de materiais, o da “Indústria do Alumínio”. Mostra os números
mundiais da reciclagem do alumínio, seu início no Brasil e o reaproveitamento das latas de
alumínio. Também nesse capítulo, através de uma cooperativa, está colocada a questão social,
que leva um grande número de pessoas, por questão de sobrevivência, ajudam o Brasil a ser o
campeão mundial da reciclagem desse material.
E por fim, na conclusão final, os autores colocam suas perspectivas de futuro em
relação à reciclagem e a importância da “Logística Reversa” para as empresas e a sociedade
de maneira em geral.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
14
1. ESCOPO DO ESTUDO
1.1 JUSTIFICATIVA
Hoje a logística reversa, quer pelo potencial econômico, quer pela sua importância na
preservação de recursos e do meio ambiente, vem ocupando um espaço muito importante na
operação logística das empresas.
Com isso as indústrias de uma maneira em geral buscam reduzir os impactos gerados
por seus produtos no pós-consumo, criarem diferenciais em mercados cada vez mais
competitivos, mas principalmente, gerar economias em seus processos produtivos. Face ao
sucesso obtido pela indústria do alumínio que através da reciclagem de latas de alumínio se
destacam por terem obtido economias em seus processos, além melhorar a condição do meio
ambiente, assunto que, aliás, tem sido extremamente discutido entre os profissionais da área
de logística, dentro da chamada logística verde.
Este novo mercado também tem propiciado que uma legião de pessoas encontrasse
uma forma de remuneração, no inicio de forma desorganizada, amadora e exploratória, nos
dias de hoje já mais organizada, realmente vem se transformando num meio de distribuição de
renda e no futuro com a expansão e novas tecnologias vir a se transformar num grande
mercado.
1.2 OBJETIVO
Este trabalho de pesquisa tem por objetivos:
 Objetivo 1: abordar os conceitos da cadeia de suprimentos e produtos, em seu sentido
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
15
para o mercado de consumo;
 Objetivo 2: abordar os conceitos de logística reversa e os produtos gerados nela, e
desta forma conceituar que a logística reversa deve fazer parte dos estudos da cadeia
de suprimentos;
 Objetivo 3: demonstrar através do estudo de caso da indústria de alumínio, os
benefícios econômicos, sociais e ambientais, proporcionados pela recuperação e
reciclagem de materiais da cadeia de suprimentos.
1.3 METODOLOGIA
Os métodos empregados neste estudo foram os seguintes:
1. Levantamento bibliográfico de conceitos: da cadeia de suprimentos, produtos e os
fluxos gerados no sentido ao mercado consumidor, exposto no capítulo 2 deste
trabalho de pesquisa, e também da logística reversa, o produto reverso e os fluxos
gerados no sentido oposto ao mercado de consumo, exposto no capítulo 3 deste
trabalho de pesquisa;
2. Estudo de caso da indústria de alumínio, exposto no capítulo 4 deste trabalho de
pesquisa, que ajuda a compreender e a elucidar os benefícios gerados por um canal
reverso.
Assim, o objeto da pesquisa exploratória tende a buscar um melhor desempenho para a
cadeia de suprimentos, quando levado em consideração os benefícios econômicos pela
recuperação e reciclagem de materiais, objetivos propostos pela logística reversa.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
16
2. LOGÍSTICA E O GERENCIAMENTO DA CADEIA DE
SUPRIMENTOS
O conceito de logística surgiu durante a segunda guerra mundial onde os EUA
precisavam transportar suas tropas e equipamentos no menor tempo possível e utilizando o
mínimo de recursos. Para conseguir o êxito, além do planejamento operacional das rotas e dos
modos de transportes, desenvolveram-se formas de unitização de vários tipos de cargas e
também de múltiplas linhas de produção para atender a demanda, e isto resultou na
necessidade de uma administração central mais eficiente. O sucesso da invasão determinou o
curso final da 2ª Guerra Mundial, e o tema “logística” teve sua importância reconhecida. Nos
anos seguintes ao fim da guerra até os dias de hoje, empresas e administradores deram
continuidade ao processo de desenvolvimento de tecnologias e conceitos na área.
Como toda inovação, causou impactos, positivos e negativos. Para determinados
setores ela foi vista inicialmente como aumento de custos pelas inovações impostas, para
outros se tratava apenas do transporte de um ponto a outro ao menor custo possível e hoje ela
é vista como chave de sucesso e estratégico para as empresas. Em Ballou (1993) o estudo, da
“Logística empresarial”, é conceituado como sendo a disciplina do futuro, onde é
caracterizada pela “administração dos fluxos de bens e serviços e da informação associada
que os põe em movimento”, e nos dias de hoje falamos em “Supply Chain Management”, ou
gerenciamento da cadeia de suprimentos.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
17
Figura 1: Visão da Cadeia de Suprimentos
Visão da Cadeia de Suprimentos
Previsão e Gestão
de Vendas
Transporte
Clientes
Armazenagem e
Expedição
Gestão de
Pedidos
Canal de
Distribuição
Fabricante
Planejamento e
Controle da
Produção
Planejamento
de Material
Fornecedores
Compras
Transporte,
Compras e
Armazenagem
Fonte: os autores.
Quando adquirimos um produto não imaginamos o longo processo necessário para
transformar a matéria-prima, energia e mão-de-obra em algo útil. Muitas vezes, produtos
complexos, como o automóvel, requerem matéria-prima de natureza bastante variada (como
metais, plásticos, borracha, tecidos) e são montados a partir de um número muito grande de
componentes. Em outros casos, como uma bandeja de ovos, o produto é formado pelo
elemento básico (ovos), mas há que se considerar também o suporte de plástico, a etiqueta e o
código de barras. Tal processo ou caminho pode vir a ser muito longo. Uma geladeira, por
exemplo, utiliza componentes fabricados por outras indústrias, como o caso do compressor.
A fábrica de compressores, por sua vez, necessita de fios elétricos, metais e outros elementos
para sua produção, componentes esses fornecidos por outras empresas. O longo caminho que
se estende desde as fontes de matéria-prima passando pelas fábricas dos componentes, pela
manufatura do produto, pelos distribuidores, e chegando finalmente ao consumidor através do
varejista, constituí a cadeia de suprimento.
Uma cadeia de suprimento típica é mostrada na figura 2, fornecedores de matériaprima entregam insumos de natureza variada para a indústria principal e também para os
fabricantes dos componentes que participam da fabricação de certo produto. A Indústria
fabrica o produto em questão, que é distribuído aos varejistas e, em parte, aos atacadistas e
distribuidores. As lojas de varejo, abastecidas diretamente pelo fabricante ou indiretamente
por atacadistas ou distribuidores, vendem o produto ao consumidor final.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
18
Figura 2: Componentes de uma Cadeia de Suprimentos
Fonte: Novaes (2004); página 39
Há algumas décadas, as grandes indústrias produziam a maior parte dos componentes
necessários à fabricação de seus produtos. Isto ocorria, em parte, porque era estratégico o
controle de todo o processo e porque não gostavam de ficar na dependência de fornecedores
para o fornecimento de componentes, visto com uma forma na época de driblar a concorrência
e ter um diferencial para o consumidor final. Os custos envolvidos na produção e distribuição
não era o fator ganhador de pedidos. A tendência então era a verticalização industrial.
Hoje, os conceitos de vantagem competitiva estão presentes na definição das
estratégias das grandes empresas. È mais proveitoso concentrar atividades naquilo que a
empresa consegue fazer bem, diferenciando-a positivamente dos concorrentes, e adquirindo
externamente componentes e serviços ligados a tudo que não estiver dentro de sua
competência central (core competence). Assim não somente componentes e matérias-primas
são adquiridos de outras empresas, como também serviços de variadas espécies: distribuição,
armazenagem e transporte de produtos e insumos e outros. È claro que, nesse contexto, é
muito importante o adequado entrosamento entre as empresas participantes, com um grau de
confiança mútua muito elevada.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
19
2.1 CANAIS DE DISTRIBUICAO FISICA
O processo de abastecer a manufatura com matéria-prima e componentes é
denominado “Inbound Logistics” na literatura internacional, freqüentemente no Brasil é
chamado de Logística de Suprimentos. Para as atividades de varejo é o segmento da logística
que desloca os produtos acabados desde a manufatura até o consumidor final, denominado de
distribuição, ou “Outbound Logistics”.
Na prática, a distribuição de produtos é analisada sob diferente perspectiva funcional
pelos profissionais de Logística, de um lado, e pelo pessoal de marketing e de vendas por
outro. Especialistas em logística de distribuição física, definem como os processos
operacionais e de controle que permitem transferir os produtos desde o ponto de fabricação,
até o ponto em que a mercadoria é finalmente entregue ao consumidor.
Assim, os responsáveis pela distribuição física operam elementos específicos, de
natureza predominantemente material: depósitos, veículos de transporte, estoques,
equipamentos de carga e descarga, entre outros. Já o pessoal de marketing e de vendas encara
a cadeia de suprimentos focalizando mais os aspectos ligados à comercialização dos produtos
e aos serviços a ele associados.
2.1.1 Objetivos e funções dos canais de distribuição
A definição mais detalhada dos objetivos dos canais de distribuição depende
essencialmente de cada empresa, da forma com que ela compete no mercado e da estrutura
geral da cadeia de suprimento. No entanto, é possível identificar alguns fatores gerais, que
estão presentes na maioria dos casos, são eles:

Garantir a rápida disponibilidade do produto nos segmentos do mercado identificados
como prioritários.

Intensificar ao máximo o potencial de vendas dom produto em questão.

Buscar a cooperação entre os participantes da cadeia de suprimento no que se refere
aos fatores relevantes relacionados com a distribuição.

Garantir um nível de serviço preestabelecido pelos parceiros da cadeia de suprimentos.

Garantir um fluxo de informações rápido e preciso entre os elementos participantes.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -

20
Buscar, de forma integrada e permanente, a redução de custos, atuando não
isoladamente, mas da mesma forma, analisando a cadeia de valor do seu lado.
2.1.2 Tipos de canais de distribuição
1. Canais verticais: os canais de distribuição eram tradicionalmente vistos como
estruturas mercadológicas verticais, aonde a responsabilidade ia sendo transferida de
um segmento da cadeia de suprimentos para o seguinte. O fabricante envia um
caminhão carregado (carga completa) ao armazém do atacadista, onde a carga é
desconsolidada. O atacadista vende o produto a diversos varejistas. O varejista estoca
a mercadoria nas lojas, e a vende ao consumidor final, serviços pós-venda são
realizados diretamente pelo varejista quando solicitados pelos clientes finais;
2. Canais híbridos: neste tipo de estrutura, uma parte das funções ao longo do canal é
executada em paralelo por dois ou mais elementos da cadeia de suprimento, quebrando
o esquema vertical rígido;
3. Canais Múltiplos: uma forma de melhorar o desempenho no gerenciamento da cadeia
de suprimento é utilizar mais de um canal de distribuição. Isso pode ocorrer razão da
diversidade de tipos de consumidor.
2.1.3 Propriedades dos Canais de distribuição
A extensão (lenth) de um canal de distribuição está ligada ao número de níveis
intermediários na cadeia de suprimento, desde a manufatura até o consumidor final. Cada
patamar de intermediação na cadeia de suprimento forma um nível do canal.
A amplitude (width) definida para cada segmento intermediário da cadeia de
suprimento, é representada pelo número de empresas que nela atuam, três tipos de amplitude
são normalmente observados:

Distribuição exclusiva (amplitude unitária);

Distribuição seletiva (amplitude múltipla, mas controlada);

Distribuição intensiva (amplitude múltipla, aberta).
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
21
A escolha de uma das alternativas descritas depende essencialmente do tipo de
produto, três tipos básicos de produto podem ser considerados:
1. Produtos de consumo freqüente;
2. Produtos que envolvem pesquisa antes da compra;
3. Produtos especiais.
2.2 O PRODUTO E A LOGÍSTICA
Segundo Ballou (2006), independente das características físicas e do grau de
tangibilidade dos produtos, a estratégia de vendas das empresas está baseada em atender uma
satisfação do cliente, assim elas buscam criar produtos ou serviços respeitando esta
necessidade. Desta forma a estratégia logística necessária, para torná-lo disponível, tem que se
moldar ao produto, assim o profissional em logística deve conhecê-lo a fundo e classificá-lo
segundo critérios.
Conforme Las Casas (2006), primeiro se este é tangível, em outras palavras, se o
cliente pode tocá-lo ou experimenta-lo, e intangível se não o pode. Lãs Casas (2006) para
facilitar a classificação e evitar confusão, relaciona as palavras: “produto” ao bem tangível e
“serviço” ao bem intangível. Ao serviço, Las Casas (2006) citou a classificação de Aubrey
Wilson relacionada a produto, conforme se segue:

Serviços relacionados a produtos altamente intangíveis: segurança, comunicações,
avaliações, agências de emprego, diversão e etc.

Serviços que adicionam valores a produtos tangíveis: seguros, serviços de
manutenção, tinturarias e etc.

Serviços que tornam produtos tangíveis
disponíveis:
atacadista/varejista,
armazenagem, transportes, mala direta, etc.
O segundo critério, tanto para Ballou (2006) e Las Casas (2006), é relacionando o tipo
de cliente ao uso que se destina o bem, tangível ou intangível, por “bem de consumo” chamase aquele destinado aos consumidores finais e por “bem industrial” aqueles destinados a
empresas.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
22
1. Bens de consumo:

Conveniência: relacionado a produtos ou serviços de uso freqüente,
adquiridos com pouca pesquisa, tais como: tinturaria, sapatarias, itens de
produtos de limpeza, maioria dos produtos alimentícios, etc.

Escolha ou comparação: neste caso existe uma pesquisa intensa relacionada a
preços, qualidade e desempenho, tais como: serviços bancários, seguros,
móveis, vestuário, veículos, etc.

Especialidade ou uso especial: relacionado a produtos ou serviços altamente
técnicos e especializados, de compra ou uso não freqüente, onde se busca
marcas ou especialistas renomados no mercado, tais como: serviços médicos,
de advogados, produtos alimentícios finos, veículos “fora de série”, etc.
2. Bens industriais:

Matéria-prima: aquele produto que entra diretamente no processo de
produção de um bem final.

Auxiliar: o produto que participa indiretamente no processo de produção de
um bem final (Exemplo: óleo lubrificante de máquinas).

Indireto: não participa do processo de produção, porém ele está inserido no
processo diário da empresa (Exemplo: material de escritório).

Equipamentos: serviços relacionados à instalação, montagem e manutenção
industrial.

Facilidade: serviços de natureza não produtiva, mas que facilitam as
operações administrativas diárias da empresa (Exemplo: serviços financeiros).

Consultoria: serviços especializados de pesquisa, educação e orientação que
visa facilitar o processo de tomada de decisão nas empresas.
Um terceiro critério de classificação está relacionado ao tempo, mais precisamente ao
ciclo de vida do produto, conforme Ballou (2006) o bem desde o projeto de concepção, passa
por estágios com diferentes níveis de consumo, onde seu o fim relacionado a uma substituição
por outro bem.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
23
Gráfico 1`: Ciclo de vida do Produto
Nível de Vendas do Produto
Curva Generalizada do Ciclo de Vida do Produto
Maturidade
Declínio
Crescimento
Lançamento
Tempo
Fonte: Ballou (2006); página 76
Deste critério de classificação em relação ao ciclo de vida, Las Casas (2006) sugere
que o produto ou serviço, seja para o consumidor final ou o industrial, e segundo estudos de
Harry Greenfield, classificado em tempo estimado em função do consumo a que se destina,
conforme se segue:

Perecível: consumo em menos de seis meses;

Semidurável: de seis meses a três anos;

Durável: acima de três anos.
Os critérios de classificação de produtos e serviços se tornam um facilitador ao
profissional de logística para compreender, projetar e gerenciar a cadeia de suprimento,
definindo a forma física de distribuição e vendas, estabelecendo, o que chamamos
anteriormente de “Canal de Distribuição”, e este tem o seu sentido de atuação direcionado e
em função do cliente.
A sociedade organizada com o passar dos anos vem ganhando mais consciência, não
se contentando mais só com o canal de distribuição do produto, mas passa gradativamente a
exigir das empresas e governos responsabilidade com relação ao meio ambiente, de forma a
dar destino correto a dejetos de processos industriais e de produto que tiveram seu consumo
finalizado. O mundo está sentindo que os recursos naturais, além de estarem se esgotando,
vêem sendo prejudicados pelo destino incorreto de lixos gerando poluição e contaminação
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
24
ambiental, e por conta de tal consciência crescente, algumas empresas, seja como diferencial
de negócio ou obrigação por força de lei, vem desenvolvendo o gerenciamento da “Logística
Reversa” de sua cadeia de suprimentos, de forma a criar os “Canais de Distribuição Reverso”.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
25
3. LOGÍSTICA REVERSA
Segundo Antonio Galvão (2007), Logística reversa é todo caminho percorrido por um
produto desde o ponto de consumo até o ponto de origem ou fabricante. Um exemplo típico é
o visto na reutilização do alumínio, que por se tratar de um metal extremamente importante do
ponto de vista econômico, sendo inclusive uma importante fonte de renda para muitas
famílias, será tema principal de nosso trabalho. Quando compramos um produto, ele possui
uma função inicial que foi o motivo de sua compra. Com o decorrer do tempo (que pode
demorar dias ou anos) o produto perde sua função inicial e é jogado nos canais reversos para
ser revalorizado de alguma forma ou levado a uma disposição final segura ou não.
Um fato que merece ser comentado e que atesta o estudo da logística reversa é o
aumento do lixo urbano, segundo dados da Prefeitura Municipal de São Paulo, por meio de
seu departamento de limpeza pública, o Limpurb (Departamento de Limpeza Pública Urbana
da cidade de São Paulo). De acordo com o órgão o lixo urbano cresceu de 4450 toneladas em
1985 para 16000 toneladas em 2000, ou seja, 260% a mais dentro desse período.
Gráfico 2: Coleta de lixo na cidade de São Paulo
Coleta de Lixo na cidade de São Paulo
(mil/toneladas/ano)
6000
5000
4000
Coleta de
Lixo na
cidade de
São Paulo
(mil/tonelada
s/ano)
3000
2000
1000
2000
1998
1994
1992
1990
1988
1986
1984
1982
1980
1978
0
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia Econômica - IBGE 2000
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
26
Notamos então que o ciclo de vida dos produtos está cada vez mais curto, sendo
descartados cada vez mais rapidamente, muitas vezes antes mesmo de perder sua função
inicial, principalmente através do marketing, com a introdução de novos produtos no mercado
em uma escala nunca vista, da tecnologia cada vez mais eficiente e mais barata, com a
utilização de materiais como o plástico, da redução do custo dos produtos incentivo para o
consumo de novos produtos e substituição dos antigos. Segundo Leite (2003) as empresas
precisaram se adaptar rapidamente a essa realidade, tendo que tomar decisões importantes
quanto ao canal direto a ser escolhido, como também rever o gerenciamento da distribuição
física visando é claro diminuição dos custos e efetividade.
Da mesma forma ocorre com os canais reversos, já que com a diminuição do ciclo de
compra, o número de devoluções aumentou muito gerando a necessidade de um canal muito
mais confiável. É importante lembrar que o canal reverso deve ser tão confiável quanto o
direto. Ele deve se mostrar o mais prático e funcional possível sob pena de colocar todo o
sistema em risco caso não cumpra com sua obrigação. Diversos autores fazem referências a
esses canais reversos como tema de preocupação para o futuro, entre eles Ronald H Ballou,
autor do livro logística empresarial, editado originalmente nos EUA em 1983 e adotado em
vários cursos de logística empresarial em universidades brasileiras. O livro faz referências a
esses canais reversos, com enfoque nos produtos de pós-consumo.
3.1 A VISAO DO PRODUTO NA LOGISTICA REVERSA
Como já visto no item 2.2 deste trabalho de pesquisa, o ciclo de vida de um produto
define na verdade, todo período de permanência de um produto no mercado até seu descarte
ou reutilização através dos canais reversos. Leite (2003) classifica os produtos em três classes
diferentes, uma vez que produtos diferentes possuem diferentes épocas de descartes, onde
alguns produtos podem durar horas enquanto outros podem durar décadas, sendo elas:
1. Bens descartáveis: São aqueles que apresentam vida útil de semanas raramente seis
meses (Ex: sorvete);
2. Bens duráveis: São bens que apresentam vida útil variando de alguns anos a algumas
décadas. Constituem bens para satisfação da necessidade social e incluem os bens de
capital em geral. Fazem parte dessa categoria os automóveis, os eletrodomésticos;
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
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3. Bens semiduráveis: são bens que apresentam vida útil de alguns meses, raramente
superior a alguns anos. São de uma categoria intermediária que assumem
características de duráveis ou descartáveis à medida que entram nos canais reversos
(Ex: baterias de celulares, computadores e etc.).
Podemos também classificar o produto reverso em categorias segundo o tipo de
retorno ao qual ele está sujeito, conforme se segue:
1. Categorias por retornos comerciais: podem ser contratuais ou não contratuais. As
não contratuais são aquelas devoluções cumpridas pela empresa por imposição da lei,
ou por livre e espontânea vontade, objetivando vantagem competitiva. As contratuais
são formadas por acordos prévios entre as partes, visando uma responsabilidade
obrigatória quando o estoque exceder os limites. Ex: material proveniente de
consignação;
2. Categoria de retorno por garantia/ qualidade: nesse caso, os produtos são
devolvidos devido a algum defeito (tornando a devolução obrigatória em alguns casos
como, por exemplo, defeito intrínseco) ou por terem seus prazos de validade
expirados. Quando o produto apresenta algum defeito ele é devolvido para posterior
conserto e revalorização ou trocado por um novo. Quando a validade do produto
expira, o fabricante é muitas vezes (através de contratos) responsável legalmente pela
coleta do produto. Um bom exemplo são os produtos farmacêuticos;
3. Categoria de substituição de componentes: nessa categoria encaixam-se
componentes retirados de diversos bens duráveis, e lançados nos canais reversos para
posterior reaproveitamento, seja no mercado primário, bem como secundário, e em
último caso, sua disposição final.
Após a segunda guerra mundial os Estados Unidos contavam com um parque
industrial ímpar para a produção de bens de consumo e duráveis. A população estava ávida
para consumir novos produtos com ajuda principalmente dos profissionais de marketing que
utilizavam a guerra para reforçar o conteúdo patriótico dos cidadãos. À medida que o tempo
foi passando e as condições financeiras da população foram melhorando, novas aspirações
foram surgindo, fazendo com que aumentassem o número de tipos de produtos.
Para completar reforçou-se um das vedetes da economia atual: a concorrência.Desde
então com a utilização de tecnologia em massa, e o aumento absurdo do número de inovações
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
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e lançamentos, a obsolescência dos produtos aumentou muito, como conseqüência o número
de descartes. Aliado a isso há a utilização de materiais alternativos na fabricação de produtos
que proporcionam custos cada vez mais baixos e maior facilidade de produção
proporcionando o aumento das vendas, e novamente a um grande aumento de descartes. Um
exemplo claro dessa nova realidade são os computadores que atualmente são comprados “a
preço de banana” em função da produção em escala, do material cada vez mais barato, da
competitividade entre as empresas e do lançamento de novos processadores em um ritmo a
alguns anos atrás impossível de acompanhar.
O produto logístico de pós-venda é decorrente das devoluções que por algum motivo
ocorrem dentro do canal direto e atualmente corresponde à boa parte das vendas totais, como
veremos a seguir nos EUA. O aumento do número de devoluções ocorreu devido ao aumento
da descartabilidade em geral, por motivos já comentados, gerando a necessidade de canais
reversos cada vez mais bem elaborados para suportar o aumento do volume. O número de
produtos devolvidos aumenta de acordo com características como sazonalidade, ciclo de vida,
giro de estoques e etc. É muito importante lembrar que o canal reverso precisa ser tão
confiável quanto o canal direto sob pena de colocar todo o sistema em risco.
Tabela 1: Porcentagem do fluxo reverso sobre o fluxo direto (Estados Unidos)
Setor editorial de revistas= 50%
Setor editorial de livros= 20 a 30%
Setor de distribuição de livros= 10 a 20%
Distribuição de produtos eletrônicos= 10 a 12%
Fabricação de computadores= 10 a 20%
Fabricação de CD-ROM= 18 a 25%
Peças automotivas= 4 a 6%
Fonte: Logística reversa - meio ambiente e competitividade – 2003
3.2 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO REVERSOS
As diferentes formas de processamento e de comercialização dos produtos pósconsumo ou de seus materiais constituintes, desde sua coleta até sua reintegração ao ciclo
produtivo como matéria prima secundária, são denominadas neste livro de “canais de
distribuição reversos de pós-consumo” (Leite, 1999). Os bens industriais classificados como
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
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duráveis ou semiduráveis, após seu desembaraço pelo primeiro possuidor, tornam-se produtos
de pós-consumo. Nos casos em que apresentam alguma condição de uso ainda podem ser
destinados ao mercado com produtos de segunda mão sendo comercializados diversas vezes
até atingir seu fim de vida útil. O caso mais comum desse tipo de canal é o de carros usados,
que são comercializados diversas vezes enquanto tiverem vida útil.
Após perderem de vez sua função inicial, os produtos podem passar por dois canais
reversos de revalorização: o canal reverso de desmanche e o de reciclagem. Na
impossibilidade de se utilizar qualquer um desses canais de revalorização os bens pósconsumo são colocados em uma locação final como aterros ou são incinerados. Desmanche, é
um processo de revalorização onde o produto é desmontado tendo suas partes aproveitáveis
enviadas à manufatura e o restante despejado em aterros. O termo “Disposição final” é o
último lugar para onde vão os produtos, materiais e resíduos em geral. Tradicionalmente são
consideradas disposições finais seguras, sob o ponto de vista ecológico, os aterros
tecnicamente controlados nos quais os resíduos sólidos de diversas naturezas são estocados
entre diversas camadas de terra, para que ocorra a absorção natural, ou são incinerados,
obtendo-se a revalorização pela queima, e pela extração de sua energia residual. A disposição
final não-controlada é constituída pela deposição desses resíduos em lixões não controlados e
pelo despejo em córregos, rios e terrenos que acarreta poluição ambiental. Posteriormente
serão detalhados todos os benefícios econômicos trazidos pela utilização dos canais reversos,
porém só para se ter uma idéia na indústria de ferro/aço essa economia chega a 40% da cadeia
produtiva direta e o alumínio, tema do trabalho, chega a 30% da respectiva cadeia produtiva
direta.
Os produtos pós-venda tratam-se dos produtos que são devolvidos por vários motivos
dentre eles encontramos: término do prazo de validade, estoques excessivos, consignações,
defeitos, etc... Após sua devolução o produto é destinado tanto ao desmanche como
reciclagem ou mesmo aos mercados secundários após manutenção. Lembrem-se dos canais de
desmanche e devolução citados anteriormente. Além disso, em último caso, assim como os
produtos de pós-consumo, eles podem ir para uma disposição final segura ou não (Leite,
2002b). Eles podem ser entendidos como um sistema de distribuição reversa de acordo com a
definição do Council of Logistics Management (CLM, 1993: 3).
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
30
3.2.1 Canais de Distribuição de pós-consumo de bens duráveis e semiduraráveis
São constituídos pelo fluxo reverso de uma parcela de produtos e de materiais
constituintes originados no descarte dos produtos após perderem sua funcionalidade original e
que retornam ao ciclo produtivo de alguma maneira. Distinguem-se dois tipos de subsistemas
reversos: os canais reversos de reciclagem e de reuso.
Um canal de distribuição reverso de bens duráveis e semiduráveis difere dos demais
pelo fato de haverem diferenças no ciclo de vida das peças que compõe o bem durável, um
bom exemplo disso é a bateria de um carro que pode ser trocada a qualquer momento, sem
que seja necessária a troca do produto, por essa razão, acabam se formando canais reversos
próprios.
A disponibilização do bem durável ou semidurável ou o seu fim de vida para o
primeiro utilizador são motivados por obsolescência de natureza tecnológica ou de
performance, pela moda ou pelo status adquirido pela aquisição de um novo bem etc... Assim
as empresas industriais, por exemplo, disponibilizam seus produtos através de leilões que
como já dito anteriormente constituem um importante canal reverso de reuso. Por outro lado,
as pessoas físicas disponibilizam os bens duráveis por meio de coletas informais (carrinheiros
ou catadores informais de porta em porta), de sistemas reversos organizados, ou ainda por
meio de doação. O desembaraço dessa categoria tem sido dificultado, não sendo mais
permitido o descarte em aterros devido à saturação dos mesmos.
Um exemplo da crise nos aterros sanitários ocorreu nos EUA na década de 80, causada
pela saturação em grande parte deles em diversos estados norte americanos, ilustra bem esse
problema, pois deram origem a proibições legais de disposição final de aparelhos de televisão,
pneus, baterias de veículos e outros bens nesses aterros.
3.2.1.1 Canais de Distribuição reversos de reuso
Existindo condições para que o produto seja reutilizado, ele entrará em um canal
reverso de reuso para sua revalorização e posterior re-entrada em um canal direto. Para isso
existem empresas especializadas na compra desse tipo de mercadoria, como comerciantes
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
31
estabelecidos, empresas remanufaturadas, que compram esses produtos para manutenção e
revenda.
3.2.1.2 Canais de Distribuição reversos de reciclagem
Quando encerrado o ciclo de vida de um produto, ou seja, quando perder de vez sua
função inicial, ele poderá passar por um processo de reciclagem, onde há a desmontagem do
produto e o reaproveitamento das peças como matéria prima para a fabricação de novos
produtos. Nesse caso será necessário o já citado canal de desmanche, onde serão extraídos
seus materiais constituintes e outros resíduos. Nos casos em que não há a coleta organizada, o
material é colhido informalmente e negociado diretamente com os intermediários sucateiros
ou processadores.
A revalorização dos componentes começa no desmanche onde são separadas as peças
que serão destinadas ao reuso. As peças que não serão mais reusadas poderão ser entregues as
indústrias para serem utilizadas na fabricação de outros produtos. As peças restantes por
serem feitas de materiais de pouco valor econômico ou por não apresentarem mais utilidade
alguma podem ser destinadas aterros ou serem incendiadas, nesse caso com o aproveitamento
energético.
3.2.2 Canais de Distribuição reversos de pós-venda
São constituídos pelas diferentes formas e possibilidades de retorno de uma parcela de
produtos, com pouco ou nenhum uso, que fluem no sentido inverso do consumidor ao
varejista ou ao fabricante, do varejista ao fabricante, motivados por problemas relacionados à
qualidade em geral. Diferentemente dos produtos pós-consumo que possuem uma
estruturação própria de coleta, boa parte dos produtos pós-venda voltam pelo mesmo lugar de
onde vieram, ou seja, pelos canais diretos.
consumidor e após isso ele é devolvido à fábrica.
O produto é entregue aos varejistas pelo
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
32
3.3 TIPOS DE COLETA E DESTINO DO PRODUTO PÓS-CONSUMO
3.3.1 Coleta Domiciliar do Lixo
Esse tipo de coleta ainda não existe em muitos países subdesenvolvidos e por essa
razão nós facilmente encontramos rios, córregos e até mesmo ruas poluídas com lixo
domiciliar. Essa é a principal fonte primária de obtenção de resíduos descartáveis pela
sociedade que não tem uma coleta domiciliar bem estruturada. Todo lixo produzido em
residências é despejado no lixo urbano, seja ele orgânico ou inorgânico, para ser recolhido
posteriormente por um órgão público. Esse tipo de coleta acaba trazendo grandes transtornos
para aterros levando ao acúmulo de lixo e estagnação dos mesmos. Com uma coleta seletiva o
material é reciclado facilmente uma vez que ele entrará diretamente no canal reverso
correspondente e será automaticamente revalorizado de alguma forma.
Para se ter uma idéia da importância desse ponto, podemos pegar como exemplo dados
da Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura de São Paulo), citado no inicio
capítulo 3, onde se vê com clareza o aumento do lixo domiciliar nos últimos anos, dobrando
no período entre 1985 e 2000. Esse aumento deve-se principalmente ao crescimento da
população, a tendência a descartabilidade dos produtos já comentada anteriormente, a
substituição de embalagens retornáveis pelas descartáveis etc.
3.3.2 Aterros sanitários e lixões
Como já dito anteriormente, se não houver uma coleta desde o domicílio, os aterros
sanitários e lixões serão os destinos de todos eles. No caso do Aterro Sanitário, se trata de
um local projetado por engenheiros sanitários para disposição do lixo de maneira correta, de
forma a não prejudicar os lençóis freáticos e nem a população vizinha. O lixo é disposto em
camadas através do solo devidamente impermeabilizado contra todo tipo de agressão que ele
possa vir a sofrer. É importante lembrar que o aterro sanitário não é uma obra definitiva, deve
ser trocado de local com o decorrer do tempo. O problema é que como o lixo domiciliar é de
alto custo, o ideal é que esses aterros sejam localizados próximos das cidades para gerar o
máximo de economia possível. Com a saturação dos aterros devido ao grande volume de lixo
a eles destinados, novos aterros estão sendo feitos cada vez mais longe das cidades,
acarretando custos elevados.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
33
No caso dos lixões, se trata de um local economicamente viável, por não ter nenhuma
precaução com o espaço ocupado. Como pontos negativos, temos a degradação do meio
ambiente, por não haver preparação alguma do terreno para receber o lixo e o fato de ser
prejudicial à população que mora ao seu redor. Porém ambos geram problemas para a
população, pois são grandes concentradores de insetos transmissores de doenças, além disso,
atraem pessoas conhecidas como „catadoras‟ que selecionam diversos materiais orgânicos, e
posteriormente os repassam aos „sucateiros‟ em um canal reverso.
O problema é que a separação é feita após a mistura dos materiais, acarretando
esforços e custos desnecessários.
Uma outra possível solução seria a utilização de
incineradores, no entanto, esta também já foi descartada em função dos altos custos e da
emissão de gases. Com o aumento do lixo, há a necessidade de novos aterros e lixões, só que
novos terrenos não são tão fáceis assim, fazendo com que a coleta seletiva se apresente como
a melhor solução possível.
3.3.3 Coleta domiciliar seletiva
A denominação coleta seletiva compreende a seleção de materiais por tipos dentro dos
domicílios lojas etc., à coleta seletiva em pontos de entrega voluntária (PEV), remunerada ou
não, e a coleta seletiva em locais seletivos. A rigor qualquer coleta que contenha uma prévia
seleção do material a ser captado, pode ser considerada seletiva. Com a coleta seletiva, o
aproveitamento e a eficiência do canal reverso são muito maiores do que através dos
„catadores‟, já que, através deles muito acaba se perdendo na bagunça do próprio lixão e
vários materiais que poderiam ser reciclados deixam de ser coletados. A coleta seletiva tem
ajudado e muito no equilíbrio do que é produzido, e o que realmente é reciclado índice
chamado de „taxa de reciclagem‟ de um material. No Brasil ainda não há uma separação em
muitas categorias, porém em países desenvolvidos como o Japão, já foram identificadas 32
categorias diferentes de produtos a serem reciclados.
A Coleta Seletiva em Pontos de Entrega Voluntária, é sem sombra de dúvida um
importante passo no processo de reciclagem. Trata-se da disposição, por qualquer pessoa, de
produtos recicláveis em pontos de grande movimentação de forma voluntária ou através de
remuneração.
Os Produtos coletados dessas diversas maneiras são enviados a centrais de
seleção ou centros de triagem, nos quais são separados pela natureza do material constituinte,
se for necessário, sem preocupação com relação aos diversos tipos de vidros, plásticos e
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
outros critérios.
34
Esses materiais devidamente separados por categorias, são embalados em
embalagens de adensamento, para baratear e facilitar o transporte e comercializados
diretamente com as empresas reutilizadoras que realizarão a escolha e a separação dos
materiais por tipo de vidro, de plástico de papel etc.
3.3.4 Coleta informal
Trata-se de um importante meio de redução do lixo, muito praticado em países menos
desenvolvidos, onde é um meio de sobrevivência para muitas famílias.
Consiste
basicamente na coleta de materiais em algum ponto qualquer, para posterior venda aos
sucateiros, levando em consideração o valor do material a ser coletado. Para que a coleta seja
possível, é preciso que o material tenha um valor considerável, pois normalmente ele é
coletado por “carrinheiros” em quantidades relativamente pequenas, sendo para muitas
famílias hoje em dia, uma fonte de sustento.
3.4 PROJETO DE REDE REVERSA
O projeto de rede reversa tem características semelhantes ao planejamento
(estratégico, tático e operacional), pois ambos são empreendimentos finitos com objetivos
claramente definidos carregando consigo características como incerteza, objetivo singular,
administração específica, relações com fornecedores e compradores. O planejamento controla,
organiza, coordena e dirige recursos humanos e materiais no sentido de criar e manter um
ambiente que assegure a obtenção dos melhores resultados com o máximo de eficiência e
eficácia. Através do planejamento você administra o futuro através de decisões tomadas no
presente com base em dados históricos para garantir um ambiente com o menor número de
erros possíveis. È muito importante lembrar que a elaboração de um planejamento só é
possível com objetivos claramente definidos de acordo com as melhores metas. Segundo Leite
(2003) existem basicamente três formas de revalorização através da tecnologia, de produtos
decorrentes do pós-consumo: o desmanche industrial, no qual os produtos de pós-consumo
duráveis e semiduráveis são desmontados; a remanufatura industrial, na qual os produtos de
pós-consumo processados são componentes usados ou provenientes do desmanche; a
reciclagem industrial, na qual os produtos descartáveis são recicláveis, e os resíduos
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
35
industriais. Um canal reverso requer um planejamento com os objetivos claramente definidos
são essenciais. Leite ressalta (2003) três objetivos principais, que devem ser definidos:

Revalorização econômica: nesse caso o foco principal é a obtenção de lucro através
do reaproveitamento de partes como matéria-prima ou revendo do produto em
mercado secundário;

Revalorização ecológica: nesse caso o interesse da empresa é puramente a
manutenção de sua imagem corporativa, obtendo assim vantagem competitiva, através
de antecipações a futuras legislações. Trata-se da já comentada empresa pró-ativa;

Revalorização legal: são os casos em que a empresa se vê obrigada a cumprir a
legislação sob pena de pagar algum tipo de multa. É a já citada empresa reativa.
Uma vez definido o objetivo, a empresa precisará decidir o nível de integração, que
dependerá basicamente do valor do material a ser reciclado e de suas quantidades disponíveis.
No caso dos produtos de pós-consumo, quanto maior o valor agregado do produto mais fácil
será a implantação de uma rede logística. No caso de produtos como automóveis e
computadores, que possuem um alto valor agregado os custos com desmontagem são altos. Já
no caso de produtos com baixo valor agregado como são os casos das embalagens em geral os
custos de coleta é que são muito altos. Desta forma o projeto deve definir:
1. Seleção do tipo e locais de coleta: quanto mais o produto se aproxima do
consumidor, maior a complexidade da distribuição, pois, aumenta também sua
dispersão geográfica. Por isso segundo Leite (2003) algumas alternativas apresentamse como melhores opções, a saber:

Coleta pela distribuição direta, ou seja, os meios utilizados na distribuição
direta servem para o retorno dos bens de pós-consumo, como nos exemplos de
redes de do fabricante para as embalagens retornáveis;

Coletas postais quando não forem grandes volumes;

Coleta realizada por empresas terceirizadas.
2. Localização dos centros de consolidação de desmanche e remanufatura: no caso
dos produtos de baixo valor agregado, o ideal é que as empresas de consolidação
estejam localizadas próximas dos locais de coleta para fazer com que se consiga
atingir as cotas mínimas necessárias para valer a pena o transporte. No caso dos bens
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
36
de alto valor agregado, o ideal é que estejam próximas as fábricas de desmontagem e
remanufatura com a original de bens.
3. Sistemas de mensuração e informação: os dados são uma representação
convencionada de uma grandeza qualquer. Podem ser representados através de
números. A informação é formada por um conjunto de dados relevantes. Serve para
ser estudada analisada. A mensuração trata-se do levantamento de dados relevantes no
sentido de se fazer um estudo sobre determinado tema ou área em uma empresa, È
muito importante lembrar que quanto mais nos distanciamos dos números, mais difícil
é a realização do controle e muitas vezes, o mesmo torna-se impossível. Por isso o
controle é dividido em três partes:

Estabelecimento dos padrões: toda empresa possui um objetivo principal. Esse
objetivo pode ser fragmentado em objetivos menores que podem ter tanto valores
subjetivos quanto monetários. Esses objetivos são os padrões de controle;

Comparar os resultados obtidos com os pretendidos: caso os padrões tenham sido
estabelecidos dentro de um patamar o mais próximo da realidade então serão
muito mais fáceis as aplicações ações corretivas preventivas;

Ação corretiva/ preventiva: trata-se da última fase do controle, onde será possível
avaliar a eficiência dos pontos de controle. Quanto melhor estabelecidos os
padrões melhor será o controle da empresa.
Uma correta mensuração permitirá um bom controle sobre o inventário, sobre as
empresas parceiras, disponibilidade de recursos tecnológicos e etc. Os objetivos estratégicos
dos canais reversos de pós-venda não diferem muito dos de pós-consumo, são focados
principalmente na revalorização econômica do material em questão, a obediência às leis e
obtenção de vantagem competitiva por motivos já explicados aqui anteriormente. A
tecnologia é um fator determinante para o sucesso ou fracasso de um canal reverso, pois,
através dela que se conseguem as melhores formas de captação, desmontagem, e
reaproveitamento de materiais. A tecnologia funciona portanto como um ponto impulsionador
dos canais reversos, viabilizando-os muitas vezes, através da economia por ela gerada e da
maior capacidade de captação de materiais.
No entanto, somente esses fatores não são suficientes para garantir o funcionamento
do canal reverso podendo haver desequilíbrios em algum ponto, ocasionando a parada do
canal inteiro.
Para isso, de acordo com Leite (2003), é vital que se elabore um projeto de
revalorização tecnológica, que cuidará de todo o processo de criação do produto visando
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
37
principalmente sua facilidade de desmontagem e de reciclagem das partes facilitando assim o
trabalho dos canais reversos, o autor cita uma série de tendências:
1. Redução de fixações de soldas ou colas: as soldas ou colas devem ser evitadas por
dificultarem o processo de desmontagem e por inviabilizarem a reutilização de certos
componentes. Com isso a desmontagem será mais rápida e conseqüentemente o custo
de operação será menor;
2. Redução do uso de ligas ou mesclas de materiais: uma das maiores dificuldades do
processo de reciclagem é a separação das ligas que em muitos casos são interessantes,
mas, o custo de separação por muitas vezes inviabiliza o processo;
3. Redução do número de cores: as cores deveriam ser reduzidas em função do alto
grau de dificuldade para retirá-las havendo a necessidade de uma reciclagem
industrial. Esse processo acaba encarecendo a reciclagem;
4. Redução do número de plásticos constituintes: Os plásticos têm sido largamente
utilizados tanto como embalagens de contenção como apresentação, devido as suas
propriedades que garantem uma opção mais segura e mais eficiente.
Só que por
possuírem características físicas muito semelhantes sua separação é muito difícil
gerando assim custos de revalorização técnica;
5. Redução dos constituintes de Caráter Perigoso: através dos estudos dos
componentes de um produto antes de sua fabricação as empresas poderão identificar
todos aqueles que forem nocivos ao meio ambiente e se possível eliminá-los ou buscar
a melhor alternativa possível.
3.4.1 O impacto do frete na rede reversa
Os produtos decorrentes de pós-consumo apresentam normalmente características
muito heterogêneas entre si, apresentando uma relação peso/volume e peso/preço muito baixa
entre si. Por isso são necessárias várias consolidações para tentar diluir ao máximo o custo
fixo (frete) dos materiais reciclados tornando assim a operação viável.
Nesse caso a logística
trabalha em cima das características do produto determinando até onde vale a pena uma coleta
de determinado produto, a distância máxima, o número de consolidações necessárias, a escala
mínima etc.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
38
Alguns materiais como jornais, metais apresentam uma boa relação peso/volume,
preço/peso e mesmo assim o raio de coleta não ultrapassa os 100 km. Os produtos de pósconsumo de origem durável que possuem rede reversa de take back prevista, espontânea ou
por motivação legislativa constituem exceção a esse caso, ou seja, todos produtos duráveis
que são recolhidos ao final do ciclo de vida pelos fabricantes constituem uma exceção a esses
casos.
3.4.2 O impacto da coleta na rede reversa
Como já estudamos anteriormente os produtos de pós-consumo podem ser tanto
entregues a lojas que trabalham com material de segunda mão como serem descartados para
posterior coleta de empresas especializadas em reciclagem ou caminhões de lixo. O problema
é que quando ocorre à segunda opção, os materiais acabam ficando muito dispersos na malha
urbana, normalmente nas próprias residências, e sua coleta acaba não valendo a pena. Para
que o projeto não fracasse serão necessárias diversas consolidações para que as distâncias
percorridas possam ser as mais longas possíveis.
Outro fator determinante é a localização das indústrias que normalmente ficam muito
longe dos centros urbanos acarretando mais custos com transporte.
È importante lembrar
que, conforme estudado em suplly chain, fatores como demanda, localização, decisões de
transporte, decisões de estoque, características do produto determinam quando uma rede
logística deve ser planejada (no caso de inexistência de uma) ou re-planejada (no caso de
precisar de melhorias ou até mesmo uma revisão completa). No caso da localização o esboço
logístico adequado deve incluir todos os movimentos desde a planta até o destino final.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
39
4. ESTUDO DE CASO: “RECICLAGEM DO ALUMÍNIO”
Segundo dados da Associação Brasileira de Alumínio – ABAL, a história da
mineração o alumínio é uma das mais recentes descobertas, é oriundo da Bauxita pois não é
encontrado em estado nativo na natureza e foi descoberto em seis de fevereiro de 1854 pelo
químico francês Saint-Claire Deville. Em1886 o também francês Toussant Herolt e o
americano Charles Martin Hall, mesmo sem se conhecerem, foram simultaneamente
responsáveis pela descoberta do método de produção do Alumínio através do processo
eletrolítico por meio de corrente, que veio a substituir o método de produção utilizado por
Deville. Este procedimento marcou o início da sua produção em larga escala.
Por volta de 1928 à produção de Alumínio teve início no Brasil em Minas Gerais, é
nesse período que foram identificadas as primeiras referências de bauxita na escola de Ouro
Preto. A produção, ainda muito amadora e insuficiente, teve o apoio necessário para seu
desenvolvimento somente no final da década de 30, durante o governo de Getúlio Vargas.
Assim, iniciada a produção, as primeiras fábricas nacionais começaram a aparecer no cenário
mundial, sendo utilizada a Bauxita em escala industrial no Brasil durante a segunda guerra
mundial.
Hoje os maiores produtores mundiais de Alumínio são os Estados Unidos e o Canadá,
entretanto nenhum deles possui jazidas de bauxita em seu território. O Brasil possui a terceira
maior reserva desse minério no mundo (localizada na região amazônica) perdendo apenas
para Austrália e Nova Guiné. Além da Amazônia, o alumínio pode ser encontrado no sudeste
do Brasil, na região de Poços de Caldas (MG) e Cataguases (MG). A bauxita é o minério mais
importante para a produção de alumínio, contendo de 35% a 55% de óxido de alumínio.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
40
Tabela 2: produção brasileira de alumínio primário

Nota 1: em 13 de fevereiro da produção de alumínio primário no mês de janeiro de
2007. Nos primeiros 31 dias do ano, a produção foi de 136,9 mil toneladas, 2,9%
maior do que a verificada no mesmo mês de 2006 (133,0 mil toneladas).

Nota 2: a partir do ano de 2004 os dados da BHP - Billiton e CVRD - take Valesul
passaram a ser incorporados no volume total da Valesul e a partir de janeiro de 2005,
entra em operação a empresa Novelis do Brasil, subsidiária da Novelis Inc., resultado
da cisão dos ativos de produtos laminados da canadense Alcan Inc.
4.1 RECICLAGEM DE ALUMÍNIO NO BRASIL
Os primeiros registros da produção de utensílios de alumínio no país datam da década
de 20, nesse período iniciava-se o reciclagem do alumínio, pois era utilizada pelas indústrias
do setor a sucata importada de outros países como matéria prima, porém, nos anos 90 a
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
41
reciclagem do material foi intensificada com o início da produção das latas no Brasil. A
reciclagem do alumínio oferece muitas vantagens. Benefícios da atividade podem ser medidos
não só pela economia de energia elétrica e da bauxita mas também pelo aspecto social, a
geração de renda que esta atividade promove e o número de famílias atendidas por projetos
sociais ligados à reciclagem.
A reciclagem do Alumínio economiza 95% da energia elétrica que seria utilizada na
produção do alumínio primário. Só em 2004 o volume de alumínio reciclado no Brasil foi de
270 mil toneladas e economizou cerca de 3.900 Gwh/ano, energia suficiente para atender a
demanda anual do setor industrial da cidade de São Paulo. No aspecto ambiental a reciclagem
de alumínio evitou a mineração de mais de um milhão de toneladas de bauxita e
diminuiu o volume de lixo gerado, poupando espaço nos aterros sanitários. A reciclagem do
alumínio também estimula a consciência ecológica, incentivando a reciclagem de outros
materiais. Em 2004, mais de 16 mil escolas, creches e instituições cadastradas em programas
de reciclagem de alumínio trocaram latas usadas por mais de 14 mil itens, entre equipamentos
eletrônicos, mobiliário, kits escolares e cestas básicas (dados Associação Brasileira de
Alumínio – ABAL).
Tabela 3: Aspectos econômicos, sociais e ambientais da reciclagem
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
42
4.2 CLASSIFICAÇÃO DA SUCATA DE ALUMÍNIO
Hoje as empresas que refundem a sucata, vêm aproveitando o avanço da tecnologia de
reciclagem de alumínio tornando-se cada vez mais competitivas, fazendo com que todos os
elos da cadeia promovam ajustes e melhorias em sua operação. Hoje é comum a sucata ser
entregue já selecionada, enfardada ou prensada, garantindo importantes ganhos de
produtividade no processo. Existem no mercado vários tipos de sucata de alumínio a serem
reciclados, como forma de facilitar a comunicação e garantir a transparência nas operações
comerciais da indústria da reciclagem de alumínio no Brasil, a Associação Brasileira do
Alumínio, em 2005, por meio da Comissão de Reciclagem, publicou uma Tabela de
Classificação das Sucatas de Alumínio.
A tabela 4 traz as denominações e as características de 19 tipos de sucatas de alumínio
que foram identificadas no mercado nacional. Como o mercado de sucata é globalizado, a
Comissão de Reciclagem tomou como base, além da realidade brasileira, a classificação
recomendada pelo Institute of Scrap Recycling Industries (ISRI), associação norte americana
composta por empresas que atuam na área da reciclagem.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
43
Tabela 4: Classificação de sucatas de alumínio

Nota: a correlação com as denominações adotadas pelo ISRI (Institute of Scrap
Recycling Industries) dos Estados Unidos - versão 2004 - está indicada entre
parênteses
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
44
4.3 RECICLAGEM DAS LATAS DE ALUMÍNIO
As latas de alumínio para bebidas merecem destaque na reciclagem, por ter um alto
consumo e um ciclo de vida bastante inferior ao apresentado por outros produtos de alumínio.
A reciclagem da latinha tem levado o Brasil a ser, há cinco anos consecutivos, o líder mundial
na atividade. Em 2005, o Brasil bateu novamente o recorde mundial de reciclagem de latas de
alumínio para bebidas, com o índice de 96,2%, 127,6 mil toneladas de latas de alumínio foram
recicladas em 2005, isso corresponde a cerca de 9,4 bilhões de latas no ano ou 26 milhões de
latas por dia, ou, ainda, mais de um milhão por hora.
Com os esforços desempenhados pela cadeia de reciclagem - fabricantes de chapas, de
latas, envasadoras de bebidas, cooperativas e recicladoras - e pelo Governo, por meio da
conscientização da população, o programa de reciclagem da lata de alumínio é, hoje, uma
experiência de sucesso com grande influência social, econômica e ambiental. Somente a etapa
de coleta (a compra das latas usadas) injeta anualmente R$ 490 milhões na economia
nacional, volume financeiro equivalente ao de empresas que estão entre as 500 maiores do
país - dados de 2005. Esse resultado é fruto da conjugação de vários aspectos. O principal
deles é o fato de o país possuir um mercado de reciclagem já estabelecido em todas as suas
regiões. Além disso, a facilidade na coleta, transporte e venda e o alto valor da sucata de
alumínio, aliados à grande disponibilidade durante todo o ano, estimularam a reciclagem das
latas de alumínio para bebidas, provocando também mudanças no comportamento do
consumidor.
Um dos fatores que mais contribui para o progresso da reciclagem no país é o
engajamento da classe média. Entre 2000 e 2005, cresceu de 10% para 24% a participação de
condomínios e clubes na coleta de latas usadas. Outro dado relevante é o surgimento de
cooperativas e associações de catadores em todo o país nesse período. A participação dessas
entidades na coleta de latas de alumínio passou de 43% para 52%. É notória a importância das
latas de alumínio para a atividade reciclagem no Brasil, já que, por reforçar a consciência
ecológica da população, acaba por estimular a coleta de outros materiais. O tempo médio de
coleta de uma latinha de alumínio é de 42 dias e seu retorno ás prateleiras dos supermercados,
na figura 3 podemos observar o processo.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
45
Figura 3: Ciclo de vida lata de alumínio
Descritivo do fluxo:
1. Nos postos de venda, o consumidor compra o produto embalado;
2. Depois de usada, a lata de alumínio vazia é recolhida e chega ás postos de coleta ou
vendida a compradores;
3. As latas são processadas e prensadas em fardos;
4. Em seguida seguem para um Centro de reciclagem;
5. Após a limpeza, retirada do verniz, tintas e óleos, as latas usadas são transformadas em
alumínio liquido;
6. Transferido em cadinhos para área de refusão, o alumínio é solidificado em lingotes;
7. Os lingotes passam por um processo chamado laminação e as chapas resultantes são
bobinadas;
8. As bobinas são a matérias prima para a fabricação de novas latas de alumínio;
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
46
9. Na fábrica de bebidas as latas de alumínio passam novamente pelo processo de
envasamento;
10. As latas de alumínio retornam aos postos de venda.
Gráfico 3: Índice de reciclagem de latas de alumínio
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
4.4
PINDAMONHAGABA
–
A
CAPITAL
BASILEIRA
47
DA
RECICLAGEM
Figura 4: Marco da entrada da cidade de Pindamonhangaba
Fonte: Associação Brasileira de Alumínio – ABAL
A Capital Nacional da Reciclagem do Alumínio é Pindamonhangaba, a cidade
localizada no interior de São Paulo teve esse título concedido pela ABAL em 2003, foi o
reconhecimento à importância da cidade para a atividade. Foi entregue na ocasião uma
escultura feita em alumínio que representa o símbolo internacional da reciclagem do metal. A
obra (criada pelo escultor Hans Goldammer), tem 4,5 metros de altura e foi confeccionada
com chapas de alumínio, está instalada na entrada da cidade, às margens da Via Dutra (que
liga São Paulo e Rio de Janeiro).
As empresas de reciclagem sediadas em Pindamonhagaba tem juntas a capacidade
para processar cerca de 170 mil toneladas de sucata de alumínio(aproximadamente 70% de
toda a sucata recuperada no Brasil). A localização privilegiada da cidade se deveu, entre
outros fatores, a escolha da cidade. Encravada entre os dois maiores centros urbanos do País São Paulo e Rio de Janeiro - e à infra-estrutura oferecida pelo município, que vem investindo
forte na expansão industrial. Na década de 70, a Alcan (hoje Novelis) instalou sua fábrica no
município para produzir chapas para latas de bebidas, em 1994 a empresa iniciou o uso de
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
48
alumínio reciclado na produção de suas chapas estimulando o surgimento do polo de
reciclagem e iniciando a história da reciclagem do alumínio na cidade.
Em 1996, chegou a Latasa (hoje, Aleris Latasa) com seu centro de reciclagem. Em 1997, a
Recipar (Aleris Latasa) chegou ao município e, em 1998, foi a vez da Alcan (atual Novelis)
instalar ali seu centro de reciclagem.
4.5 A RECICLAGEM E A EXCLUSÃO SOCIAL
No Brasil a coleta de latas usadas envolve aproximadamente 130 mil sucateiros, que
vivem exclusivamente desta atividade com renda média de dois salários mínimos - dados do
Cempre (Compromisso Empresarial para a Reciclagem). São catadores que juntos são
responsáveis por 50% do suprimento de sucata de alumínio à indústria. A outra parte é
recolhida por supermercados, escolas, empresas e entidades filantrópicas.
Pessoas, na maioria desempregadas, catam essas latinhas e as vendem posteriormente tendo
nisso a única fonte de renda, esse número é devido ao alto valor do material no mercado de
sucata e um imenso número imenso de latas usadas que é gerado pelo grande consumo de
bebidas enlatadas.
O estado do Paraná é o único do País que possui de um estudo detalhado sobre
crianças envolvidas na atividade de catadoras. Um relatório da Procuradoria Regional do
Trabalho de Curitiba, mostra um mapa das cidades onde o as crianças mais se envolvem nessa
atividade; a cidade de Londrina, onde 145 crianças atuam irregularmente nas ruas, como
“carrinheiros”. Em segundo lugar Campo Mourão, com 109 catadores infantis e, em terceiro
Curitiba, com 108. Somando os números de todo o Estado, o resultado é alarmante: 3.370
meninos e meninas com menos de 14 anos estão nesta atividade em 177 municípios. A
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo IBGE em 2000, mostrou 24.340
catadores de lixo em 1.548 municípios. Desses, 22,2% eram menores de 14 anos, ou seja,
5.393 crianças catavam sucata nos lixões. O item mais procurado são as latas de alumínio, por
terem alto valor comercial.
Já os dados do PNAD/2005 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram
uma diminuição no trabalho infantil urbano em relação a 2004. Neste ano foram 916.690
crianças com idade entre 5 a 14 anos envolvidas com trabalhos não agrícolas, o equivalente a
1,425% do total de crianças. Em 2005, o número de crianças entre 5 e 14 anos trabalhando em
centros urbanos no Brasil foi de 1.037.521, correspondendo a 1,277% do total de crianças.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
49
O resultado da Fiscalização do Trabalho realizado em 2006 pelo Ministério do
Trabalho e Emprego descobriu 8.438 crianças de 0 a 16 anos, excluindo-se os aprendizes,
trabalhando no setor formal ou informal da economia. Em 2005 esse número foi de 7.748.
Não há uma distinção entre a natureza dos trabalhos realizados por essas crianças, os dados
são gerais.
Segundo Isa Maria de Oliveira, do Fórum Nacional de Erradicação Infantil, esses
números são irrelevantes. As ações de fiscalização não percorrem todos os municípios
brasileiros para ter uma avaliação exata sobre o trabalho infantil formal e informal. Os dados
são voltados mais para a retirada de crianças do trabalho, por isso, não são fieis à realidade.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, o trabalho infantil tem diminuído.
Esse fato pode ser em decorrência da criação, em 1996 do PETI - Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil. Resultado da mobilização da sociedade, o principal objetivo do PETI é
retirar crianças e adolescentes de 7 a 15 anos de trabalhos perigosos, penosos, insalubres e
degradantes. O Programa atende atualmente 1.100.000 crianças em diversos municípios do
País. As famílias atendidas recebem uma bolsa de R$ 20,00. As crianças, no horário oposto às
aulas da escola, participam da Jornada Ampliada, onde aprendem a fazer arte, praticam
esportes e recebem reforço escolar.
De acordo com dados do IPEC – Programa Internacional para Erradicação do
Trabalho Infantil os estados brasileiros onde há maior incidência do trabalho informal urbano
infantil, onde se incluem crianças catadoras de latinhas, são a Paraíba, São Paulo e o Rio
Grande do Sul.
4.6 COOPERATIVA DE TRABALHO DE PROFISSIONAIS DE
SERVIÇOS DE COLETAGEM DE LIXO RECICLÁVEIS DO ESTADO
DE SÃO PAULO - COOPCOLRE
Em Agosto/2000, surgiu um projeto cujo nome dado foi “Defensores da Natureza”,
que desenvolvia o ato da Coleta Seletiva de Lixo Reciclável e Conscientização aos moradores
dos bairros Cota ( 400 – 200 – 95 ) de Cubatão, que foi financiado pelo FEHIDRO ( Fundos
Hídricos do Estado de São Paulo ), com uma ajuda de custo no valor de R$ 180,00/mês para
cada um dos 30 pais de famílias durante 12 ( doze ) meses, também um veículo Kombi, um
caminhão kia, uma prensa de 200 kg, EPI‟S bem como todo material de consumo para
execução do serviços ( sacos plásticos, panfletos, Containeres de Lixo Reciclável, etc ). E a
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
50
liberação da Estação Ecológica de Cubatão para o aperfeiçoamento do trabalho realizado e a
triagem dos mesmos.
Encerrando-se este projeto no ano de 2001, a Prefeitura Municipal de Cubatão,
enxergando a seriedade e necessidade do mesmo continuar, fez uma nova aliança com os
Defensores da Natureza por mais 06 (seis) meses. Ao término deste, os mesmos reuniram-se e
formaram a COOPCOLRE.
Em 05 de Outubro de 2001, foi fundada a COOPCOLRE – Cooperativa de Trabalho
de Profissionais de Serviços de Coletagem de Lixo Recicláveis do Estado de São Paulo, com
sede sito a Avenida 9 de Abril, 2.205 Sala 53 Cento – Cubatão, SP, inscrita sob o CNPJ n.º
04.831.452/0001-76. Onde suas atividades foram também concentradas inicialmente nos
bairros Cota (400 – 200 – 95) de Cubatão, com apenas 30 sócio-cooperados desenvolvendo a
Coleta Seletiva de Lixo Reciclável e Conscientização Ambiental aos moradores. Devido a
importância do trabalho realizado pelos sócio-cooperados, houve a necessidade de expandir a
Coleta Seletiva pelos demais bairros de nosso município, isso fez com que a COOPCOLRE
viesse a associar um número maior de pais de famílias carentes, que outrora eram afastados
do Meio Social pela falta de graduação, Idades Avançadas, etc. Com isso, abriu-se uma nova
opção de trabalho na cidade de Cubatão, atualmente conta com 45 (Quarenta e cinco), pais de
famílias, com os poucos recursos.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
51
CONCLUSÃO
Este trabalho de pesquisa foi estruturado para responder a três objetivos, aos quais os
autores colocam, a seguir:
Objetivo 1: abordar os conceitos da cadeia de suprimentos e produtos, em seu sentido para o
mercado de consumo, a este a pesquisa está embasada por um referencial bibliográfico no
capítulo 2.
A este, os autores concluem que a competitividade no mercado vem mudando sua
forma, hoje as parceiras com os demais elementos da cadeia, seja através da melhoria
contínua trabalhando na redução de custos, traz as vantagens competitivas que tem de ser
agregadas ao longo de toda a cadeia de suprimentos.
Objetivo 2:
abordar os conceitos de logística reversa e os produtos gerados nela, e desta
forma conceituar que a logística reversa deve fazer parte dos estudos da cadeia de
suprimentos, a este a pesquisa está estruturada no capítulo 3;
Os autores, embasados ao exposto no Capitulo 3, concluem que a Logística reversa
pode ser considerada a área da Logística que planeja, opera e controla o fluxo e as
informações logísticas que vão do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo
de negócios ou ao ciclo produtivo, que por meios de canais de distribuição reversos vai
agregando valor de diversas naturezas.
Objetivo 3:
demonstrar através do estudo de caso da indústria de alumínio, os benefícios
econômicos, sociais e ambientais, proporcionados pela recuperação e reciclagem de materiais
da cadeia de suprimentos.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
52
Na Tabela 3 do capítulo 4, tem-se o resumo dos principais aspectos econômicos,
sociais e ambientais conseqüentes da reciclagem de materiais, utilizando-se dados obtidos
nessa pesquisa foi avaliado o peso do fator econômico para as empresas do setor, pois o
processo de reciclagem de alumínio economiza o correspondente a 95% da energia elétrica
utilizada para fabricação do alumínio primário.
Na questão social é ressaltado o trabalho dos catadores, tanto dos adultos quanto das
crianças, sendo percebida esta atividade mais ligada à exclusão social do que a consciência
ambiental propriamente dita, a questão ambiental tem o aumento no lixo produzido, sendo que
sua disposição final não-controlada é constituída pela deposição desses resíduos em lixões
não controlados e pelo despejo em córregos, rios e terrenos o que acarreta poluição ambiental.
Ao apresentado conclui-se que gerenciar uma cadeia de suprimentos nos dias de hoje,
vai além de apenas entregar um produto/serviço, ou ainda, um valor ao cliente final, mas
devido, e principalmente, a legislação ambiental, que nestes últimos anos vem estimulando a
pressão de mercado por produtos ecologicamente corretos, por empresas responsáveis com os
recursos e o ambiente onde atua, entre outros, provocou um movimento de repensar, onde não
se apenas o sentido de mercado ao cliente, atendendo a demanda, mas estudar o que estes
consumidores fazem com os produtos e como os descartam. As empresas perceberam que
podem ser responsabilizadas criminalmente pelo uso ou o descarte incorreto, o que vem a
gerar um ônus financeiro muito grande, de esta forma investir na cadeia reversa acaba saindo
muito mais barata.
A importância da logística reversa e o estudo de caso da indústria de alumínio -
53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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4ª Edição – Editora Atlas, 2006
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Ronald H. Ballou – 5ª Edição – Porto Alegre: Editora Bookman, 2006.
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NOVAES, Antonio G. Logística e Gerenciamento da cadeia de distribuição – Antônio
Galvão Novaes – 2ª edição – Rio de Janeiro: Editora Campos, 2004.
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GOLDRATT, E.M.e Cox J. A Meta: um processo de melhoria contínua – Eliyahu M.
Goldratt e Jeff Cox – 2ª edição - São Paulo: Editora Nobel, 2002.
5.
2006.
DIAS, Guacyra Rosseto. Cooperativa de Reciclagem amparada pela Logística Reversa.
TCC (graduação Tecnólogo em Logística com Ênfase em Transporte) – Faculdade
de Tecnologia da Baixada Santista – FATEC-BS, São Paulo: 2006.
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CARVALHO, Geraldo Camargo. Química Moderna – Geraldo Camargo de Carvalho
– 1ª edição - São Paulo : Editora Scipione, 2000.
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disponível em: www.abralatas.org.br acesso em abril, 2007
9.
Compromisso
empresarial
para
reciclagem
–
CEMPRE,
disponível
em:
CODIC,
disponível
em
www.cempre.org.br acesso em abril, 2007.
10.
Coordenadoria
dos
direitos
da
cidadania
–
www.codic.pr.gov.br acesso em maio, 2007.
11.
Instituto brasileiro de geografia e estatistica – IBGE, disponível em www.ibge.com.br
acesso em maio, 2007.
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