Osvaldo E. Hoffmann 157 tomaria nas diversas situações que pude presenciar. O Rodrigo por sua vez, era o meu pai em pessoa; sua maneira especial de ser, suas opções. Era como se meus pais realmente estivessem comigo no Caminho. Para mim era tudo de bom, como se tivesse tirado a sorte grande. (Quando me propus a fazer o Caminho de Santiago, o z com a intenção de dedicá-lo às duas que me deram a vida, pessoas muito especiais, que amo muito. Convivemos por quarenta e oito anos e hoje já não estão em nosso convívio. Para mim foi uma separação muito dolorosa, principalmente porque partiram com espaço de apenas quatro meses um do outro. Em várias oportunidades, no Caminho, tive a sensação de sua presença comigo. Sempre que isto acontecia, agradecia a Deus e mentalmente conversava com eles e, por diversas vezes, eles é que me diziam algo sobre coisas relacionadas a mim e a minha família). Porém, algo de muito maior e superior pude ver em Rodrigo - de surpresa, agindo por impulso, naturalmente expressava sua enorme bondade, com o maior sorriso do mundo. E foram muitas as situações em que pude vê-lo agindo assim. Em uma delas estávamos andando próximo a um pueblo - estávamos em quatro, eu estava a frente e os outros logo atrás, a pouco passos, entre eles estava Rodrigo -, quando vi, sob uma castanheira, uma senhorinha de idade avançada, debruçada sobre um saco de castanhas que havia colhido. Olhei para o tamanho do saco e pensei 'será que ela vai conseguir carregar aquele peso?' Bom, como disse, só pensei em ajudá-la, mas não o z. Quando olhei para trás, Rodrigo já estava colocando o saco nas costas para carregá-lo. Fiquei envergonhado de não ter tomado aquela mesma atitude. A senhorinha imediatamente o abençoou: fez-lhe o sinal da cruz na testa e desejou que Deus lhe desse muita felicidade. Disse-nos, então, morar ali toda sua vida e que já viu milhares de peregrinos passarem e que nunca alguém a havia tratado daquela maneira.