Osvaldo E. Hoffmann
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tomaria nas diversas situações que pude presenciar. O Rodrigo
por sua vez, era o meu pai em pessoa; sua maneira especial de ser,
suas opções. Era como se meus pais realmente estivessem comigo
no Caminho. Para mim era tudo de bom, como se tivesse tirado a
sorte grande. (Quando me propus a fazer o Caminho de Santiago,
o z com a intenção de dedicá-lo às duas que me deram a vida,
pessoas muito especiais, que amo muito. Convivemos por
quarenta e oito anos e hoje já não estão em nosso convívio. Para
mim foi uma separação muito dolorosa, principalmente porque
partiram com espaço de apenas quatro meses um do outro. Em
várias oportunidades, no Caminho, tive a sensação de sua
presença comigo. Sempre que isto acontecia, agradecia a Deus e
mentalmente conversava com eles e, por diversas vezes, eles é que
me diziam algo sobre coisas relacionadas a mim e a minha
família).
Porém, algo de muito maior e superior pude ver em
Rodrigo - de surpresa, agindo por impulso, naturalmente expressava sua enorme bondade, com o maior sorriso do mundo.
E foram muitas as situações em que pude vê-lo agindo assim. Em
uma delas estávamos andando próximo a um pueblo - estávamos
em quatro, eu estava a frente e os outros logo atrás, a pouco passos,
entre eles estava Rodrigo -, quando vi, sob uma castanheira, uma
senhorinha de idade avançada, debruçada sobre um saco de
castanhas que havia colhido. Olhei para o tamanho do saco e
pensei 'será que ela vai conseguir carregar aquele peso?' Bom,
como disse, só pensei em ajudá-la, mas não o z. Quando olhei
para trás, Rodrigo já estava colocando o saco nas costas para
carregá-lo. Fiquei envergonhado de não ter tomado aquela mesma
atitude. A senhorinha imediatamente o abençoou: fez-lhe o sinal
da cruz na testa e desejou que Deus lhe desse muita felicidade.
Disse-nos, então, morar ali toda sua vida e que já viu milhares de
peregrinos passarem e que nunca alguém a havia tratado daquela
maneira.
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