OBRA ANALISADA
GÊNERO
AUTOR
DADOS BIOGRÁFICOS
BIBLIOGRAFIA
O Quinze
Romance
Rachell de Queiros
Nascida em 1910, em Fortaleza, era prima de
segunda geração de Alencar (sua mãe era prima de
Alencar). Falece em 2003, ao 93 anos, no rio de
Janeiro.
Romance
1930 – O quinze
1932 – João Miguel
1937 – Caminho das pedras
1939 – As três Marias
1975 – Dôra, Doralina
1986 – Galo de ouro
1992 – Memorial de Maria Moura
Crônica
1948 – A donzela e a moura morta
1958 – Cem crônicas escolhidas
1967 – O caçador de tatu
1964-1976 – Mapinguari
Teatro
1856 – Lampião
1957 – A beata Maria do Egito
Infantil
1983 – O menino mágico
1986 – Cafute e Pena-de-prata
1992 – Andira
RESENHA
O romance narra a história de Conceição e sua
família na fuga da seca de 1915, a mais severa da
história do sertão, intercalada à história de Chico
Bento, vaqueiro também em fuga.
Conceição era uma professora normalista de 22
anos. Regularmente passava as férias com a avó em
Quixadá.
Lá, vivia às voltas com p primo Vicente que junto
com a avó tocava a fazenda.
Paralela à narrativa de Conceição, temos a de Chico
Bento e sua família, vaqueiro pobre e sua luta para
sobreviver à seca.
No capítulo sete, temos a narrativa da fuga de Chico
Bento e sua família: mulher, cunhada e cinco filhos.
A viagem era longa e penosa. A fome assolava a
família. A certa altura, um dos momentos mais
comoventes da narrativa, quando o caçula pedia
comida: “Tô tum fome, dá tumê”.
A nova situação perturbava Chico Bento, que não
estava acostumado a pedir, mas sim a trabalhar.
Mocinha, cunhada de Chico, separa-se da família, a
fim de trabalhar num estação. Despediram-se às
lágrimas. Nesse momento, o fluxo narrativo é
interrompida e para narrar a nova condição de
Mocinha: que “vivia agora tão feliz”.
No capítulo 10, a narrativa do envenenamento de
Josias, um dos meninos de Chico Bento. Josias
comera mandioca crua e se envenenara. Os pais,
em desespero, tudo tentaram para salvar o menino,
tentativas em vão.
Intercalada a essa narrativa, voltamos à Conceição
que voltava para sua casa levando consigo a avó.
Mãe Nácia.
Em visita de Vicente, Conceição ouve os horrores da
seca.
Quando Vicente foi embora, Conceição ficou a
pensar no primo, nas diferenças entre eles. Pensava
no casal que seriam, e apesar da fascinação que
tinha por sua figura, compreendia que uma enorme
distância os separava – Conceição uma menina
instruída, normalista, Vicente, um vaqueiro sem
instrução, para quem livros “só o da nota do gado”.
No capítulo 16 a história de Conceição e Chico Bento
se cruzam. Após reencontrar um cumpadre, quando
procurava pelo mais velho que sumira na estrada
(disseram que o menino seguira um comboio de
cachaça*, Bento conseguiu passagens para a cidade
de Matadouro.
Em matadouro, alojaram-se no campo de refugiados
da seca, onde Conceição ajudava.
A jovem acolheu a família e arranjou-lhes casa.
Consegui emprego para Bento e ajudava-lhes com a
alimentação. Tempos depois, pediu a Crodulina que
lhe desse Manuel, afilhado da moça, para criar. Após
alguma ressalva dos pais, deram o menino: era
melhor que ficasse com a madrinha que morresse
como Josias.
Após algum tempo, Conceição ajudou a obter
passagens para São Paulo. Assim, partiram,
deixando com Conceição o caçula.
Em dezembro veio a chuva. A seca por fim acabara.
Suas marcar porém eram profundas.
Passaram se três anos, não se tinha mais notícias de
Bento e sua família, apenas o caçula que ficara com
Conceição, saudável, forte.
Lourdinha, irmã de Vicente, casara-se e tivera uma
filha. Conceição não conhecera o amor, nem a
maternidade, ao ver a felicidade da prima, enchia-se
de melancolia, sentimento acalmado pela presença
do afilhado, o caçula do Bento, a quem a moça
queria bem como a um filho.
O amor de Conceição e Vicente não se concretizara,
ficaram ambos sós. Talvez, mais uma marca da seca
de 1915, que os afastara, cada um em seu
sofrimento, em sua luta.
ESTILO DE ÉPOCA
• Comboio de vendedores de cachaça
Geração modernista de 1930.
A obra traz o regionalismo modernista de 1930.
INTERTEXTUALIDADE
Em 2007, O quinze foi filmado por Jurandir Oliveira
ganho muito prêmios em festivais de cinema.
VISÃO CRÍTICA
O romance faz severa crítica social, principalmente
pela voz de Chico Bento. Ao não conseguir as
passagens para ir para o Norte fugir da seca, o
vaqueiro afirma:
– Desgraçado! Quando a acaba [a seca],
andam espalhando que o governo ajuda os
pobres... Não ajuda nem a morrer!
E ainda, na mesma ocasião:
– Que passagens! Tem de ir tudo é por
terra, feito animal! Nesta desgraça quem é
que arranja nada! Deus só nasceu pros ricos!
As narrativas da fuga de Chico Bento e sua família
são as mais fortes do romance. A sensibilidade da
autora coloca toda a emoção e comoção possíveis.
A narrativa é sempre entrecruzada pela narrativa de
outras personagens. Assim, interrompe-se um
momento narrado para narrar o que se passa ora
com Chico Bento, ora com Conceição, ora com
Mocinha.
Tal estratégia permite à trama narrada maior
dinamismo, com características cinematográficas.
Os relatos da seca, da fome e da miséria, são
bastante pictóricos, imagéticos, contundentes. São
relatos secos, como vemos no seguinte fragmento:
– Contar o quê? Histórias da seca? Diz que
um negro lá pras andas de Morada Nova
matou um menino, salgou, e ficou comendo
os pedaços aos poucos.
Fragmentos como esses, sem apelo emotivo,
mostram, pela narrativa em si, os horrores da seca
e transmitem muito mais verossimilhança.
É a figura de Conceição que serve de pretexto para
introduzir a temática da emancipação feminina,
tema de As três Marias. A figura da moça serve
como pretexto para levantar o gene de uma
temática muito presente nas obras da autora.
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OBRA ANALISADA O Quinze GÊNERO Romance AUTOR Rachell