OBJETIVOS – A questão que atravessa o curso é: como as imagens documentais dos espaços urbanos trabalham a cidade e como a cidade é trabalhada por essas imagens documentais? Que estratégias expressivas estão presentes nas imagens documentais das cidades contemporâneas para produzir o que chamamos de “imagem de arquivo”? A proposta é discutir a relação entre imagem de arquivo, cidades, o espaço e o tempo no domínio do documentário e do cinema em geral, tendo como horizonte a variedade de suas implicações histórico-culturais, narrativas e estéticas. EMENTA – Módulo I: O cinema e a cidade Como o cinema, no começo do século passado, se relaciona com os novos estímulos e ambientes urbanos, atravessados por diferentes matrizes narrativas, sonoras e visuais. De que maneira se aproxima da cidade, enquanto sujeito, quais os fenômenos, aspectos e imagens privilegia. Módulo II: O cinema na cidade Quais os lugares e personagens ajudam a pensar a cidade como construção espaço-territorial. Arquitetura, aeroporto, periferia, guetos, centros comerciais, condomínios. Camelôs, prostitutas, policiais, moradores de rua, moradores de conjuntos residenciais, patrões, empregados, morro, asfalto, favela, prédios. Módulo III: As cidades do cinema Quando a cidade e suas imagens se tornam personagem. A Nova York de Woody Allen, a Roma de Nani Moretti, a Itália de Rossellini, os Estados Unidos de Robert Kramer, o Rio de Janeiro do Cinema Novo, o Nordeste da Caravana Farkas, a São Paulo do Olhar Eletrônico, Recife da nova cena contemporânea do cinema brasileiro. Módulo IV: Cidades de Cinema De que maneiras as novas formas de captura que envolvem dispositivos portáteis (celulares, tablets) renovam o imaginário urbano e até mesmo dissociam o próprio presente, na medida em que os acontecimentos são experimentados cada vez mais intensamente via as imagens de registro. Mídia ninja, imagens das manifestações, #vemprarua, You Tube, redes sociais, videologs. Renovação da noção de arquivo como memória do presente, instantâneo da história. PROGRAMA – 1. A matriz arquivista das imagens: para além do “gênero”, o “campo” e o “estilo” do documento, nas marcas das imagens documentais e do cinema. 2. A relação entre imagem de arquivo e os espaços urbanos, nas marcas do filme e do audiovisual. O fragmento como fato vinculante do lugar do espectador nas imagens documentais da cidade contemporânea. 3. Repensar a noção de arquivo na sua relação com o espaço e com as imagens documentais da cidade: a imagem de arquivo como preservação, recuperação e releitura. BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL (apenas 10, só pra constar aqui): BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas II: Rua de Mão Única. São Paulo: Brasiliense, 2012. BLÜMLINGER, Christa. Cinéma de seconde main: esthétique du remploi dans l’art du film et des nouveaux médias. Paris: Klincksieck, 2013. COMOLLI, Jean-Louis Comolli. Ver e Poder (a inocência perdida: cinema, televisão, ficção, documentário). Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. DIDI-HUBERMAN, Georges. Diante da Imagem: questões colocadas aos fins de uma história da arte. São Paulo: Editora 34, 2013 (1a edição) FARGE, Arlette. O sabor do arquivo. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2009. FOSTER, Hal. An Archival Impulse. In: October, volume 110 (outono, 2004), pp. 3-22. The MIT Press GAGNON, Paulette. O espírito dos lugares. In: Robert Polidori: Fotografias (catálogo). Rio de Janeiro: IMS, 2009. GONDAR, Jô. O que é memória social? Rio de Janeiro: Contracapa, 2005 JOUSSE, Thierry & PAQUOT, Thierry (org) La ville au cinema: encyclopedie. Paris: Cahiers du Cinéma, 2005. LEFEBVRE, Martin (org) Landscape and Film. New York & London: Routledge, 2006. WEBBER, Andrew & WILSON, Emma (org). Cities in transition: the moving image and the modern metropolis. London & New York: Wallflower Press, 2008.