Sumário: • • • • A origem do Universo Evidências a favor da Teoria do Big Bang Limitações da Teoria do Big Bang Reacções químicas e reacções nucleares A origem do Universo Até há muito pouco tempo pensava-se que o Universo era estático e ilimitado. No entanto, em 1913, o astrónomo Vesto Slipher verificou, através das suas observações, que as galáxias distantes se moviam no Espaço, afastando-se umas das outras. Alguns anos mais tarde, em 1929, o astrofisico americano Edwin Hubble realizou um estudo sistemático do desvio para o vermelho da radiação recebida de outras galáxias e da distância às mesmas, que confirmou as observações de Vesto Slipher: As galáxias afastam-se umas das outras com velocidades proporcionais à sua distância (quanto mais distantes estão umas das outras, mais depressa se afastam). Apesar de o Universo estar em expansão, verificou-se que as galáxias mantêm o seu tamanho: a expansão dá-se no espaço que separa as galáxias e não nas próprias galáxias. As observações de Hubble, a que se juntaram as contribuições de outros cientistas deram origem à Teoria da Expansão, ou Teoria do Big Bang. Segundo esta teoria, se o Universo está em expansão isso quer dizer que em algum momento do passado teria estado concentrado num único ponto, de densidade infinita. Ou seja, o Universo ter-se-á formado há aproximadamente 13,7 mil milhões de anos, a partir da "explosão” de um núcleo inicial, muito pequeno, muito denso e sujeito a temperaturas muito elevadas. A partir da explosão inicial, o Universo tem vindo a expandir-se, arrefecendo progressivamente. Apesar de haver alguns aspectos que continuam a ser contestados, esta teoria é a que está mais de acordo com os factos conhecidos, pelo que é a que tem maior aceitação nos meios científicos. Evidências a favor da Teoria do Big Bang 1-Expansão do Universo Um dos fundamentos da Teoria do Big Bang foi a constatação de que o Universo está em expansão. No início do sec.XX, alguns cientistas concluíram teoricamente que o Universo não podia ser estático mas que tinha de estar em expansão. Com o desenvolvimento dos meios de observação astronómica, astrónomos como Slipher e Edwin Hubble confirmaram esta teoria. Esta expansão ficou provada quando se verificou que, com o tempo, as riscas espectrais dos sistemas extragalácticos se foram desviando para o vermelho (comprimento de onda maior). Interpretando o desvio para o vermelho como efeito Doppler, isso significa que todos os sistemas estelares se estão a afastar de nós, tanto mais velozmente quanto maior é a distância a que se encontram. O efeito de Doppler pode ser explicado utilizando como exemplo as ondas sonoras e o que acontece com o apito de um comboio: o som é agudo (comprimento de onda menor) quando o comboio se aproxima e toma-se mais grave (comprimento de onda maior) quando este se afasta. As alterações na luz recebida das estrelas distantes podem ser interpretados de um modo semelhante. O facto de com o tempo as riscas espectrais dos sistemas extragalácticos se terem vindo a desviar para o vermelho (para um comprimento de onda maior) prova que estes sistemas se estão a afastar de nós e que, portanto, o Universo se está a expandir. Esta foi uma das primeiras evidências daquele que viria a ser conhecido como o modelo do Big Bang. 2-Radiação cósmica de fundo, na região espectral das microondas Após o Big Bang, o Universo primitivo deverá ter ficado extraordinariamente denso e extraordinariamente quente, de tal modo que não existiria qualquer região de espaço livre de matéria ou de radiação. A medida que o Universo se foi expandindo, a sua densidade e a sua temperatura diminuíram e a maior parte dos núcleos atómicos de hidrogénio, hélio e lítio juntaram-se aos electrões livres para formar os respectivos átomos. Consequentemente, a radiação deixou de interagir com a matéria, passando a poder propagar-se livremente. Por volta de 1948, George Gamov e os seus colaboradores sugeriram que os resíduos dessa radiação inicial do Big Bang deveriam continuar espalhados uniformemente por todo o Universo, com uma temperatura entre os 5 K e os 40 K. A radiação de fundo foi descoberta acidentalmente, em 1965, quando Amo Penzias e Robert Wilson tentavam resoIver o problema do ruído de fundo para um satélite de comunicações. A descoberta desta radiação de fundo (radiação de microondas), presente em todo o Universo, constitui outro forte argumento a favor da Teoria do Big Bang. 3-A abundância relativa de elementos leves As abundâncias relativas, observadas por métodos cada vez mais precisos, nomeadamente no que diz respeito aos elementos mais leves (hidrogénio e hélio), estão de acordo com os valores previstos pela teoria do Big Bang, oferecendo, assim, mais uma prova a favor desta teoria Limitações da Teoria do Big Bang Embora a teoria do Big Bang seja aceite por quase toda a comunidade científica, há ainda questões a que não consegue dar resposta: Como e por que ocorreu o Big Bang? Qual é o destino do Universo? Será que, daqui a muitos milhões de anos, a força da gravidade obrigará o Universo a contrair-se ou será que a expansão se prolongará indefinidamente? Todas estas questões, ainda sem resposta, estão na base da argumentação de todos os astrofísicos que não concordam com a Teoria do Big Bang, embora todos eles admitam que o Universo está em expansão. Existem três modelos diferentes que tentam descrever a expansão do Universo (aberto, plano ou fechado), todos eles baseados na relação que existe entre a força gravitacional e a velocidade à qual o Universo se expande. Universo fechado - Se a densidade média do Universo for superior à densidade crítica o Universo deixará, provavelmente, de se expandir e começará novamente a contrair-se. Esta contracção irá ser acelerada e, eventualmente, produzirá o Big Crunch, que é o inverso do Big Bang. Universo plano - Se a densidade média do Universo é exactamente igual à densidade rítica, a expansão do Universo não irá parar. Enquanto as galáxias se afastam umas das outras, formam-se novas galáxias, permanecendo constante a densidade do Universo. Universo aberto - Se a densidade média do Universo for inferior à densidade crítica do Universo, então a atracção gravitacional que lhe está associada deverá ser demasiado pequena para impedir a expansão do universo. Reacções químicas e reacções nucleares Reacções Químicas • • • • • • Reacções Nucleares Os núcleos dos átomos não são alterados ( os elementos químicos permanecem os mesmos); aparecem nos reagentes e nos produtos. O rearranjo dos átomos é feito por quebra e formação de novas ligações químicas; Só envolve os electrões de valência; São acompanhadas por absorção /libertação de quantidades de energia relativamente pequenas; Não há variações de massa. Os isótopos do mesmo elemento reagem do mesmo modo. • Os núcleos dos átomos são alterados (os elementos são convertidos uns nos outros); Podem estar envolvidos protões neutrões, electrões, etc; A energia posta em jogo é da ordem de grandeza de um milhão (106) de vezes superiores à energia libertada nas reacções químicas; Há variações significativas de massa. • Os isótopos reagem diferentemente. • • • Nas reacções nucleares é importante representar, para além dos elementos químicos, outras partículas intervenientes, tais como: H ou 11 p protão 1 1 Electrão ou radiação β positrão 0 −1 0 +1 1 0 neutrão radiaçãoα radiaçãoγ e e n 4 2 0 0 He γ A escrita das equações que traduzem as reacções nucleares obedece a duas regras específicas: Regra Z - A soma dos números atómicos das partículas reagentes é igual à soma dos números atómicos dos produtos da reacção. Regra A - A soma dos números de massa das partículas reagentes é igual à soma dos números de massa dos produtos da reacção. Reacções de fusão nuclear Nas reacções de fusão nuclear, dois núcleos leves fundem-se para dar origem a um núcleo mais estável e de menor massa que o conjunto inicial, com elevada libertação de energia São também designadas por reacções termonucleares pois só têm início a temperaturas muito elevadas. A energia produzida por fusão nuclear a partir do deutério ( hidrogénio-2) é barata e limpa, uma vez que produz isótopos não radiactivos. Um dos problemas levantados por este processo é a obtenção da temperatura necessária para a fusão e que é da ordem dos 108 K. Não se conhece nenhum processo realizado pelo ser humano que consiga atingir esta gama de temperatura por um período relativamente grande, nem material que aguente tais temperaturas. O controlo desta reacção é também um problema, objecto de estudo: quando for alcançado, os oceanos serão uma fonte interminável de energia limpa e barata. Exemplo de uma reacção de fusão nuclear. Reacções de fissão nuclear Núcleos maiores, de maior massa dão origem a núcleos mais leves e mais estáveis, com apreciável diminuição da massa e consequente libertação de grandes quantidades de energia. Podem ser espontâneas, se o núcleo for instável, ou provocadas pelo bombardeamento dos núcleos por neutrões. A energia libertada durante a fissão do urânio é de cerca de 6,8 x 1014 J por kg de urânio, muito maior do que a energia obtida na combustão de uma quantidade igual de carvão (5 x 107 J/kg). A energia libertada durante a fissão de 1kg de urânio é assim cerca de 107 vezes superior à libertada na combustão de 1kg de carvão. O facto de existirem três neutrões no final da reacção de fissão é muito importante, uma vez que estes podem atingir outros núcleos de urânio, originando uma reacção em cadeia em que se produz uma elevada quantidade de energia, sob a forma de calor. É esta energia que é produzida nas centrais nucleares e depois convertida em energia eléctrica. Enriquecimento do urânio Na química nuclear utiliza-se enriquecimento do material capaz de sofrer a fissão (processo de purificação de um determinado isótopo) para aumentar o rendimento dos produtos nas reacções. Um dos exemplos mais comuns é a destilação fraccionada do urânio: este é misturado com flúor para formar o gás UF6. A baixas pressões faz-se passar o composto por uma barreira de difusão, permitindo que o isótopo 235U, mais leve, passe mais depressa. Realiza-se esta operação centenas de vezes até se obter uma mistura mais rica em 235U. Reactores Os reactores de fissão nuclear dependem das reservas de urânio; este é muito caro e, mantendo-se o ritmo actual de utilização, estará esgotado dentro de 50 anos. Embora o 238U esteja presente no urânio enriquecido, não é passível de sofrer fissão; no entanto, pode vir a ser transmutado em 239Pu, material passível de fissão. Embora pareça que este sistema é o ideal para optimizar o rendimento da utilização de urânio, ele tem um contra muito importante: o plutónio é, dos materiais conhecidos, o mais tóxico para o ser humano. A radioactividade natural As reacções nucleares podem ser espontâneas (emissão espontânea de radioactividade), se o núcleo for instável A radioactividade natural foi descoberta pelo físico francês Henry Becquerel, em 1896, e estudada por Marie Curie e seu marido, Pierre Curie, a partir de 1 898, que descobriram o rádio e o polónio, dois elementos radioactivos. Aplicações da radioactividade Na radioterapia usam-se radioisótopos artificiais (isótopos radioactivos obtidos artificialmente. como, por exemplo. o cobalto) no diagnóstico e tratamento do cancro. O U-235 usa-se também para a produção de energia eléctrica nos reactores nucleares. O submarino Nautilus foi o primeiro submersível movido por energia nuclear. Como nos submarinos o espaço disponível é reduzido. o combustível nuclear representa economia de espaço e também tem a vantagem, entre outras, de não queimar o oxigénio do ar que o submarino transporta. Nos satélites artificiais também se podem usar radioisótopos, substituindo as células solares (que convertem luz em energia eléctrica), com a vantagem de não se deteriorarem quando passam nas chamadas cinturas de radiação ou quando são enviadas sondas a Vénus ou a Marte, em que atmosferas opacas dificultam o funcionamento das células solares.