UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
CONSTRUÇÃO DE SUBMARINO NUCLEAR NO BRASIL
Por: Hudson Sarmento Olivares
Orientador
Prof.ª Ana Claudia Morrissy
Rio de Janeiro
2010
1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
CONSTRUÇÃO DE SUBMARINO NUCLEAR NO BRASIL
Apresentação
Candido
de
Mendes
monografia
como
à
requisito
Universidade
parcial
para
obtenção do grau de especialista em Engenharia de
Produção.
Por: Hudson Sarmento Olivares
2
AGRADECIMENTOS
....aos amigos e parentes, colegas de
trabalho, colegas de turma, professores
da
Vez
do
Mestre,
orientadora,
familiares e em especial a Deus que
tem
me
fornecido
luz
e
força
necessárias para levar a cabo mais
esta empreitada em minha vida.
3
DEDICATÓRIA
.....dedico aos meus pais, filhos, esposa,
colegas de trabalho e de curso e em
especial ao meu falecido pai que foi, é e
sempre será meu maior amigo, ídolo,
herói e mais digno Homem que conheci
em toda a minha bem vivida existência e
que esteja ele onde estiver, estou certo
que está vibrando e me orientando em
mais esta empreitada.
4
RESUMO
Ao considerar e avaliar a vastidão do Atlântico Sul, nosso mais
importante teatro de operações navais, e a imensidão de nossa costa territorial
marítima, a Marinha do Brasil constatou que com apenas os aparelhamentos
navais ora disponíveis e a tecnologia a eles aplicada não eram suficientes para
cumprir a missão constitucional de defender a soberania, integridade territorial
e incomensuráveis interesses marítimos atuais e futuros do País no mar.
Desta forma, torna-se de vital e latente importância dispor de submarinos
nucleares em seu inventário de meios, pois estes possuem excepcional
mobilidade e grande poder de dissuasão e intimidação, resguardando e
protegendo nossas fronteiras mais distantes.
Para tal objetivo a Marinha do Brasil considerou e traçou metas
ambiciosas em seu próprio âmbito, mesmo a custa de enormes sacrifícios
orçamentários, ao associar-se a estaleiro estrangeiro de reconhecida
competência para a obtenção de tecnologia e materiais seguros e apropriados
a tal envergadura, além de capacitar pessoal para gerenciar e detalhar o
projeto de construção de submarinos de propulsão nuclear.
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METODOLOGIA
Para a elaboração deste trabalho de pesquisa foram utilizados livros,
revistas especializadas e consultas a artigos e matérias publicadas na internet.
Por se tratar de matéria muito própria e de restrito ao conhecimento, não
se utilizou o método de questionários.
Grande parte do trabalho de pesquisa foi executado e baseado em
informações colhidas junto aos artigos escritos por Carlos Emílio Di Santis
Junior. Di Santis é considerado no meio militar um expert, estudioso,
pesquisador, crítico, comentarista e grande entusiasta relacionado a assuntos
de armamentos, veículos de combate, sistemas de defesa, forças armadas
nacionais, mundiais e demais temas afins.
Di Santis presta serviço em três blogs correlatos, além de escrever para o
site da ALIDE, revista da FAER e artigos para a editora ABRIL.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.
08
CAPÍTULO I - A história dos submarinos.
12
CAPÍTULO II - A dissuasão submarina.
17
CAPÍTULO III - O futuro dos submarinos no Brasil.
23
CONCLUSÃO
31
ANEXOS.
34
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.
45
BIBLIOGRAFIA CITADA.
46
ÍNDICE
47
FOLHA DE AVALIAÇÃO.
49
7
INTRODUÇÃO
Submarino é qualquer embarcação capaz de realizar operações sob a
superfície da água.
Utilizados, sobretudo com fins militares, os submarinos são também
empregados em missões civis, como pesquisas do fundo dos oceanos.
Um submarino é um navio de guerra projetado com características
especiais que permitem que mergulhe e opere nas profundezas do mar, com o
propósito de manter-se invisível às buscas de seus oponentes, beneficiando-se
de um dos mais importantes princípios da guerra, que é a surpresa.
Assim, o submarino torna-se uma poderosa arma de guerra, de defesa
e ataque, que pretende negar o uso do mar aos opositores.
O submarino, a cada novo modelo, está capacitado a ser utilizado
como meio de reconhecimento de área e de espionagem, graças aos seus
sensíveis sensores e sistemas eletrônicos, assim como sozinho, definir os
desígnios de uma batalha.
Seus armamentos característicos são os torpedos, mísseis balísticos,
mísseis táticos ou estratégicos de longo alcance, minas e mergulhadores de
combate. Assim armado, o submarino pode executar uma variedade de
missões de guerra, sendo classificados em função do tipo básico de propulsão,
em convencionais ou nucleares; e quanto ao emprego, em submarinos de
ataque, submarinos lançadores de mísseis balísticos, submarinos especiais e
submarinos auxiliares.
Os principais equipamentos sensores dos submarinos são os sonares,
que permitem a localização, pelo som propagado no mar, dos obstáculos
submersos e dos demais navios e submarinos em sua vizinhança, contribuindo
para uma navegação segura, ainda que se deslocando no meio líquido
praticamente na escuridão.
Projetos para um submarino propelido a bateria para um motor a diesel
surgiram nos anos posteriores à guerra civil dos Estados Unidos.
8
Em 1867, um passo importante foi dado com o lançamento do primeiro
submarino movido a vapor do mundo, o Ictineo II, criado por Narcis Monturiol,
da Espanha.
E a principal diferença é que, nos submarinos nucleares, o vapor é criado
pelo superaquecimento de água com o uso de fissão nuclear.
O submarino convencional é muito discreto quando propulsado pela
energia de suas baterias, mas essa discrição é comprometida quando ele
navega na superfície ou próximo dela, de modo a aspirar da atmosfera e nela
descarregar pela tubulação esnorquel, sistema que consistia basicamente em
dois tubos que conectavam o submarino sob a água à superfície. Isso permitia
que o barco navegasse submerso mesmo usando o motor a diesel para
recarregar as baterias e poupar sua energia para as situações táticas de
interação com o adversário. Assim, embora o submarino convencional possa
ser mais discreto por curtos períodos, o nuclear é mais discreto no cômputo
geral, porque independe da atmosfera.
É flagrante a superioridade do submarino de propulsão nuclear, capaz de
alcançar área distante com rapidez e nela executar patrulha extensa, graças à
boa velocidade que pode manter por longos períodos. Essa vantagem também
existe no cenário tático, pois o nuclear assume posição de ataque e se evade
da reação com maior rapidez do que o convencional, que está sujeito às
limitações das baterias.
Foi a mobilidade dos submarinos nucleares que permitiu aos ingleses a
rápida implementação e a eficiente manutenção da zona de exclusão no teatro
das Malvinas, com poucos submarinos.
Grande vantagem do submarino nuclear é a distância que o submarino
pode navegar e a velocidade com que pode fazê-lo.
Outra vantagem é a possibilidade de o submarino nuclear operar por
longo tempo, já que o combustível é inesgotável, sob a perspectiva prática
operacional. Sua autonomia (tempo fora da base) é limitada apenas pela
resistência das tripulações e pela capacidade de transportar gêneros (ou pelo
consumo das armas), mas a do convencional é condicionada pela capacidade
e pelo consumo de combustível.
9
Antes da primeira guerra mundial os Estados Unidos concentravam sua
frota de submarinos na defesa costeira do país.
A corrida armamentista, ocorrida na virada do século XX, teve como fator
fundamental o uso e desenvolvimento de diversas versões de submarinos.
Os
engenheiros
continuaram
a
alterar
o
desenho
das
hélices,
desenvolveram novos sistemas para usar água como lastro e deram alguns
passos na direção do desenvolvimento de submarinos híbridos dieseiselétricos, que são de superfície e por motores elétricos quando mergulham.
A combinação permite economizar oxigênio precioso nos períodos
submersos e ajuda a manter a integridade do ar no interior do submarino.
Os Estados Unidos da América (EUA) perceberam que o projeto de seus
submarinos não se comparava favoravelmente ao dos demais combatentes da
primeira guerra mundial. Nas décadas entre as guerras, os EUA investiram em
pesquisa e desenvolvimento e melhoraram muito a qualidade de sua frota
submarina.
Uma das características mais importantes implementadas aos submarinos
dos EUA foi o ganho de velocidade, que lhes permitia acompanhar e proteger
suas frotas de superfície durante suas missões através do mundo.
A frota de submarinos de longo alcance dos EUA causaria muita
destruição à frota japonesa no teatro de guerra do Pacífico.
Depois da segunda guerra mundial, tanto os EUA quanto a União Soviética
estudaram o projeto dos submarinos nazistas, tecnicamente superiores, e
alteraram seus submarinos de modo a imitá-los.
Os U-Boats (como eram conhecidos os submarinos alemães) tinham
cascos com boa hidrodinâmica, o que os fazia operar em velocidades
superiores à dos barcos dos EUA e da URSS e também usavam um esnorquel.
No período do pós-guerra, submarinos dieseis-elétricos mais eficientes e
hidrodinâmicos surgiram. Devido ao seu baixo custo de construção e a
operação silenciosa, que permite boa tocaia e grande surpresa, há variantes de
submarinos dieseis-elétricos ainda em uso na maioria das marinhas mundiais.
10
No Capítulo I é apresentada a história dos submarinos no Brasil,
relatando desde a primeira aquisição deste tipo de artefato, sua introdução e
uso na Marinha, passando por aquisições de outros tantos convencionais e
tradicionais, até obtermos a tecnologia de construção e finalmente ousarmos ir
onde muitos almejam e poucos alcançam, que é a absorção do conhecimento e
experiência necessários para projetar e construir submarinos nucleares.
No Capítulo II é feita uma consideração sobre o valor que dissuasão
submarina pode causar, em especial, a constante ameaça a que um submarino
gera nos inimigos. Também neste capítulo temos uma pequena apresentação
dos poderes bélicos dos submarinos de algumas das principais potências
navais no mundo.
No Capítulo III é elaborado um relato sobre o futuro dos submarinos no
Brasil, desde o início do desenvolvimento do reator nuclear em 1970, a
fabricação de modelos convencionais sob licença alemã, culminando com a
construção de um diferenciado e arrojado estaleiro em Itaguaí visando à
exclusiva fabricação de submarinos frutos do ousado contrato de transferência
de tecnologia assinado entre o Brasil e a França.
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CAPÍTULO I
A HISTÓRIA DOS SUBMARINOS NO BRASIL
1.1- O início da operação dos submarinos no Brasil.
A Marinha do Brasil (MB) demonstrou, desde o final do século XIX,
interesse pelo novo tipo de embarcação que possibilitava atacar alvos de
grande valor sem ser detectado. Inicialmente, foram feitas tentativas de projetar
no Brasil uma nova embarcação, que por falta de recursos não lograram êxito.
O início da história dos submarinos brasileiros (quadro sinopse - anexo 1)
começa em 1914 com a aquisição de três submarinos italianos da classe Foca
(os FF como ficaram conhecidos). Estes primeiros submarinos eram muito
rudimentares, pois mergulhavam a apenas aproximadamente 40 metros e
navegavam a até 9 nós (nó é uma unidade de velocidade, 1 nó = 1,852 km/h)
submersos (deram baixa em 1933).
Para apoiar os novos meios, foram criadas a Base de Submersíveis e a
Escola de Submersíveis que serviram para capacitação da engenharia de
construção, treinamento, manutenção e salvamento. Após vinte anos de
serviço, seus cascos serviram para alicerçar os pilares da ponte de escaleres
da Escola Naval.
Até então, o Brasil se manteve somente como operador de projetos de
terceiros até os anos 1980, quando decidiu estabelecer uma estratégia para, a
longo prazo, tornar-se projetista e construtor de seus próprios submarinos.
12
O primeiro submarino brasileiro foi o Humaitá, construído ainda na
Itália, semelhante ao Balilla italiano. Entregue em 1929 esse submarino foi o
recordista em mergulho sendo o primeiro a imergir até 100m.
Em 1937, chegam os submarinos Tupy, Timbira e Tamoio, também
italianos. Esses submarinos da classe T/Perla foram encomendados pela Itália,
que acabou extinguindo a Flotilha de Submersíveis.
Os modelos então já fabricados participaram da WW II (Segunda
Guerra Mundial) na patrulha da costa brasileira.
Somente em 1957, após 20 anos de estagnação, houve uma
renovação da frota brasileira. Renovação que não era tão nova assim, pois
eram submarinos da classe Gato que participaram, pelos EUA, na WW II.
Os modelos eram os USS Muskalungee (Humaitá) e USS Paddle
(Riachuelo), encerrando a função dos classe T. Em 1963 foram recebidos os
S12 Bahia e S11 Rio Grande do Sul. Ambos eram também tipo Fleet, mas da
classe Balao e eram oriundos da WW II.
Entre os anos 60 e 70, foram adquiridos três submarinos ingleses da
classe Oberon (Humaitá, Tonelero e Riachuelo) além de sete submarinos da
classe Guppy americanos (Guanabara, Rio Grande do Sul, Bahia, Rio de
Janeiro, Ceará, Goiás e Amazonas). Esses submarinos foram sendo baixados
aos poucos, de acordo com o Programa de Reaparelhamento da Marinha
(PRM).
O Reaparelhamento da Marinha do Brasil ocorre através da construção
do Tupi (anexo II - foto nº1), submarino construído na Alemanha com
acompanhamento e treinamento de operários, técnicos, engenheiros e oficiais
do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) e Diretoria de Engenharia
Naval (DEN), além dos membros da futura tripulação, baseado no modelo IKL
209/1400 alemão. O primeiro submarino construído no Brasil da classe Tupi, o
Tamoio, teve seu casco resistente e alguns setores estruturais construídos na
Nuclep em Itaguaí com instalação e fabricação dos demais componentes
estruturais no AMRJ. Durante toda a fabricação destes componentes
estruturais resistentes à pressão do mar, a Marinha do Brasil teve todo o
cuidado para que estes itens fossem minuciosamente acompanhados e
inspecionados. Para tal, a Marinha do Brasil através do Arsenal de Marinha do
13
Rio de Janeiro, juntamente com um engenheiro vindo da HDW, estaleiro
sediado na cidade de Kiel na Alemanha, que os fabrica para a própria Marinha
Alemã, criou um grupo permanente de supervisão e inspeção, e foram
obedecidos todos os quesitos de qualidade que são exigidos pela marinha
alemã. Após ele, seguiram-se mais dois outros da mesma classe, o Timbira e
o Tapajó.
O sucesso e operacionalidade destes submarinos foram tão relevantes
junto a Marinha do Brasil, que um adendo ao contrato permitiu que mais um
submarino, o Tikuna, desta mesma classe fosse construído e incorporado ao
inventário de meios da Marinha do Brasil. Contudo, cabe ressaltar que neste
último submarino, as melhorias propostas pelos técnicos, engenheiros e
componentes das tripulações dos demais submarinos, fossem acatadas tanto
pelas autoridades navais brasileiras quanto pelos projetistas alemães. Estas
últimas alterações foram fundamentais para o melhoramento e conforto deste
último modelo construído. O Tikuna foi lançado ao mar em 2005. Desta forma,
o Brasil já teve 2 fases como construtor de submarinos. Na primeira delas,
produziu 3 IKL-209-1400 de 1.450 t no AMRJ (o primeiro dos 4 da classe na
MB, o Tupi, foi produzido na Alemanha), e a segunda fase foi concluída em
dezembro de 2005 com o Tikuna, um IKL-209 melhorado (209-1500).
Atualmente, o programa Tupi está sendo encerrado em favor do projeto
de construção de submarino similar no Brasil, o Scorpène (anexo II - foto nº2),
em função de um acordo técnico comercial firmado com a França. Com este
novo e revolucionário contrato, o Brasil parte agora para a terceira fase, com a
construção do Estaleiro Itaguaí (anexo II - foto nº3), localizado em Itaguaí,
região metropolitana do estado do Rio. No estaleiro Itaguaí serão produzidos 4
submarinos de propulsão convencional e 1 submarino de propulsão atômica,
visando em especial a transferência de tecnologia de projeto, além de também
fornecer suporte técnico durante o projeto de nosso próprio submarino nuclear.
Para garantir o aprendizado, tanto de projeto quanto de fabricação, a
exemplo do que foi executado com sucesso na fabricação dos modelos
alemães, já foi dado início de formação de grupos de Engenheiros, Técnicos e
Militares a serem enviados para a França. Após retornarem, esse pessoal, será
transferido para o Estaleiro Itaguaí.
14
O submarino nuclear brasileiro (anexo II - foto nº4) será um Submarino
Nuclear de Ataque (SNA) de versão média. Sua previsão de prontificação é
2024, podendo otimisticamente ser antecipado.
O programa, no entanto, sofre grandes restrições orçamentárias, que
está sendo equacionado, tendo em vista o prosseguimento deste considerável
e avançado aprendizado tecnológico.
Estima-se que para desenvolver um novo projeto de submarino nuclear,
há a necessidade de uma equipe aproximada de 750 engenheiros e técnicos, a
ser formada em torno de um núcleo de 200 especialistas num prazo de cerca
de 6 anos. Esta equipe permanece com sua capacidade máxima por 2 anos e,
nos próximos 3 anos se reduz para cerca de 250 engenheiros e técnicos. A
partir daí, até a entrega do primeiro submarino, a equipe fica constante,
reduzindo-se após esta data para aproximadamente 150 engenheiros, que
novamente permanece constante até o final do programa, onde finalmente a
equipe estará apta para projetar novas séries de submarinos nucleares e entrar
em definitivo para o rol dos projetistas e fabricantes de submarinos nucleares.
Estima-se um prazo de 15 a 20 anos de construção, desde que se parta
de um núcleo de engenheiros com experiência e qualificação já comprovada
em projeto de submarino. Este núcleo de engenheiros, de no mínimo 200
especialistas, deverá ser formado e integrado ao projeto dentro de um prazo
entre 5 a 7 anos.
A complexibilidade da matéria é tal que, de acordo com especialistas, as
disciplinas técnicas requeridas para projetos de submarinos nucleares incluem
no mínimo:
•
Arquitetura naval;
•
Engenharia mecânica;
•
Engenharia elétrica;
•
Engenharia de estruturas;
•
Som e vibrações;
•
Dinâmica de sistemas;
•
Engenharia de pesos;
•
Metalurgia e engenharia de solda;
15
•
Física de radiações nucleares e proteção;
•
Engenharia de sistemas;
•
Propulsão nuclear;
•
Engenharia de Sistemas de Controle;
•
Engenharia de segurança e operações;
•
Testes e comissionamento;
•
Gerenciamento de projeto;
•
Engenharia de aplicações;
•
Projeto detalhado: (elétrico, máquinas, casco);
•
Gerenciamento de detalhamento.
Com estas considerações é possível estimar uma equipe técnica para
projeto do primeiro submarino nuclear brasileiro, em 5 fases:
Fase
1: Formação do Núcleo: Evolui de 0 para uma composição de 200
pessoas em 5anos, com alta especialização. Fase 2: Evolui de 200 para 700
pessoas
em
Fase
Permanecem
3:
6
anos,
no
com
alta
máximo
700
e
média
pessoas
especialização.
durante
3
anos.
Fase 4: Reduz, em 4 anos, de 700 pessoas para 250 pessoas, com alta e
media, especialização. Fase 5: Permanece constante, com 250 pessoas, com
alta e média especialização, até a entrega do submarino.
Os custos para a formação do pessoal nos primeiros 5 anos (Fase 1),
onde se forma o núcleo de projeto do submarino, devem alcançar facilmente os
R$ 300 milhões. Nos 15 a 20 anos seguintes, período em que se projeta e
constrói o primeiro submarino nuclear nacional, a estimativa de investimento
necessário em pessoal (folha salarial, equipamentos, softwares, consultoria
etc) giraria em torno de R$ 2 bilhões (aplicando-se a estes valores o desvio
padrão de +/- 20% no custo do projeto).
16
CAPÍTULO II
A DISSUASÃO SUBMARINA
2.1 – O cenário mundial.
Em um mundo onde a desigualdade econômica dita o tamanho das
forças de cada país, muitos podem cair na tentação de avaliar erroneamente a
capacidade defensiva de uma nação, baseando-se apenas na sua força de
superfície naval, sua força aérea ou mesmo seu exército.
É claro que para se manter uma capacidade de dissuação ampla, é
necessário que o Estado mantenha suas forças armadas equipadas e
adestradas de forma a poder responder de forma eficaz a qualquer aventureiro
que queira optar pela força para conquistar seus objetivos frente à outra nação.
Porém, é fato que uma força de submarinos modernos, mesmo convencionais,
é capaz, a um baixo custo, impor uma grave ameaça a uma frota invasora.
Esse fato já foi comprovado em inúmeros treinamentos e exercícios
conjuntos que ocorrem anualmente entre marinhas de grande porte como a
norte-americana e marinhas de médio porte. Um exemplo disso foi o super
porta aviões USS Harry Truman que esteve em treinamento contra um
submarino classe Tupi e foi atingido duas vezes. Ou seja, um pequeno
submarino diesel-elétrico conseguiu, tecnicamente, “afundar” um super porta
aviões norte-americano e com ele sua ala aérea formada por cerca de 100
aeronaves.
Conforme descreve e afirma Di Santis (2008).
“O submarino é um sistema de armas que, devido a sua furtividade,
pode causar estragos sérios contra um grupo de batalha. Mesmo um
submarino pequeno, convencional, é capaz de levar a destruição a navios de
17
guerra de grande porte e maior sofisticação. Agora pense sobre se um
submarino pequeno é tão mortífero, mesmo com suas limitações de autonomia
de operação submerso, como seria um submarino que não tivesse,
virtualmente limitações de tempo de operação submerso? É para isso que
foram criados os submarinos movidos à propulsão nuclear “.
Esse tipo de poder de fogo (anexo II - foto nº5) pode colocar em xeque
marinhas de grande porte e assim produzir um efeito dissuasório tal que
impeça o acontecimento de uma guerra.
Qualquer força naval invasora ao saber que no cenário ao qual ela
deseja se aventurar existe um desconhecido número de submarinos, quer
sejam convencionais ou nucleares, os fará repensar e até mesmo recuar de
sua ambiciosa investida, pois sabem que os mesmos conseguem se manter
ocultos e à espreita, aguardando o momento mais propício para colocá-los a
pique. Em teoria, um submarino nuclear pode permanecer oculto e em silêncio
indefinidamente, dependendo apenas do quanto sua tripulação tenha sido
preparada para suportar as aflições e pressões psicológicas a que são
submetidos durante uma missão de tal envergadura. Com essa vantagem do
elemento surpresa e forte poder de dissuasão que apenas esse tipo de
embarcação é capaz de causar faz com que o inimigo reconsidere suas
atitudes.
18
2.2 – As tradicionais marinhas construtoras de submarinos.
2.2.1 – Alemanha.
A Alemanha é um dos mais tradicionais fabricantes de submarinos no
mundo, sendo também potenciais exportadores deste tipo de equipamento
bélico. O modelo mais conhecido como Tipo 209, ou U-209, construído pela
HDW, é um dos mais bem sucedidos submarinos convencionais da história
tendo sido exportados para pelo menos 12 países, entre eles o Brasil que
opera cinco unidades. Atualmente, a Alemanha desenvolveu o Tipo-214, que é
o sucessor do Tipo-209. O Tipo-214 é considerado um dos mais avançados e
modernos submarinos convencionais do mundo, pois tem a ele incorporado um
sistema de propulsão independente de ar, que permite ao submarino
permanecer por muito mais tempo submerso, cerca de 3 três semanas, sem ter
que emergir para captar ar para seus motores a diesel, sendo também um dos
mais silenciosos em operação, além de possuir um desenho de contorno com
soluções furtivas para dificultar sua localização por sonares inimigos. Podendo
operar em profundidade máxima de 400 metros.
Em função de acordos fixados após a segunda guerra mundial, a
Alemanha não está autorizada a desenvolver artefatos bélicos nucleares.
2.2.2 – França.
A França possui uma indústria militar bastante desenvolvida e é capaz
de projetar e construir todos os tipos de equipamentos de combate que
precisar, desde uma simples munição de pistola, até um submarino nuclear
armado com mísseis balísticos. Possui uma grande tradição na construção de
submarinos convencionais, exportando para muitos países.
19
No momento, o submarino convencional francês, o Scorpene, tem se
destacado com considerável sucesso, tanto técnico quanto comercial, sendo
adquirido pelas armadas do Chile, Índia e Malásia. Pode-se dizer que ele é o
concorrente mais próximo dos pares alemães, possuindo também seu próprio
sistema de propulsão independente de ar, tal qual aos similares alemães, com
a vantagem de possuir alta potência que permite alcançar altas velocidades
quando submerso, superando seus concorrentes diretos, além de operar em
profundidade máxima de 350 metros.
Quanto aos nucleares, entre outros, o responsável pela dissuasão
francesa é o submarino estratégico Lê Triophant com seus mísseis de longo
alcance.
2.2.3 – Rússia.
A Rússia figura entre os maiores fabricantes de material bélico do
planeta. Esta nação, como integrante da extinta União Soviética, em meados
do século passado, foi um dos principais protagonistas da corrida
armamentista, conhecida como guerra fria. Hoje, com o fim desta era, a grande
capacidade da engenharia russa se mantém ativa produzindo submarinos
convencionais e nucleares, sendo que muitos países com laços históricos com
os russos mantém forte relação de comércio de materiais de defesa.
Atualmente, o submarino convencional classe Amur é o produto mais
avançado disponível para exportação pelos russos. Este submarino possui
como característica uma construção modular, que permite modificar sistemas
de acordo com o desejo do cliente. Assim como seus principais concorrentes
internacionais, ele também possui um avançado sistema de propulsão
independente de ar que lhe permite permanecer submerso até quarenta e cinco
dias. Este modelo possui velocidade compatível com o modelo francês e opera
em profundidade máxima de 300 metros.
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A Rússia possui diversas classes de submarinos nucleares, sendo que a
sua melhor é a classe Akula, considerado um dos mais silenciosos e rápidos
em operação no mundo. É um dos poucos equipados com sistema de mísseis
antiaéreos guiados pelo calor emitido pelo alvo.
A Rússia possui, ainda, o maior submarino nuclear do mundo o
Typhoon (anexo II - foto nº6).
2.2.4 – Suécia.
A Suécia é outra nação com grande capacidade técnica na área de
construção naval. Alguns de seus produtos são de referência em termos de
tecnologia naval. A Suécia produz com sucesso o submarino de ataque Tipo A19, classe Gotland. Estes submarinos são propulsados por um dos mais
eficazes sistemas de propulsão independente de ar conhecidos. O Gotland é
um dos mais silenciosos submarinos já construídos. Essa característica é tão
marcante que os Estados Unidos alugaram por um ano um dos submarinos
dessa classe com o intuito de testar as defesas anti-submarinas dos seus
navios de guerra contra a ameaça de pequenos submarinos convencionais
equipados com esse sistema de propulsão. Seus sistemas de combate podem
ser letais contra qualquer tipo de oponente. Possui velocidade compatível com
o modelo russo e opera em profundidade máxima de 300 metros.
2.2.5 – China.
A China tem apresentado um desenvolvimento militar muito rápido e
consistente nos últimos anos e dentro deste crescimento, não poderia faltar o
submarino nuclear como parte do poderoso arsenal que está sendo construído.
A China já possui submarinos atômicos desde 1974, quando entrou em
serviço o submarino tipo 091 Han, que se encontra em operação até hoje.
21
Este submarino é bastante ruidoso em serviço, contudo esta deficiência
é aceitável, levando-se em consideração, por ser o primeiro desenvolvido na
Ásia à 30 anos atrás.
O sucessor dessa classe é Tipo 093 Shang que foi desenvolvido com
tecnologia e assistência russa em áreas críticas como o casco e reator nuclear.
A última palavra em submarinos chineses é o Tipo 094 Jin, que em
muito já se assemelha aos modernos e eficazes modelos russos.
Os submarinos chineses têm suas informações técnicas envoltas em
cortinas de segredos, gerando muitas especulações.
Embora o salto chinês no poderio bélico tenha ocorrido nos últimos 15
anos, ainda assim, eles foram um dos últimos países, dentre os países
construtores a desenvolver a tecnologia nuclear.
2.2.6 – Estados Unidos.
A principal característica dos Estados Unidos é seu pioneirismo, e
foram eles os primeiros a desenvolverem um submarino nuclear cujo nome foi
Nautilus. O Nautilus (Foto nº7) foi lançado em 1954 e foi também a primeira
embarcação movida à energia nuclear no mundo. Foi quando pela primeira vez
um submarino alcançou a façanha de operar submerso por meses e ainda
navegar mais rápido que muitos navios de superfície.
Tal fato foi revolucionário para a guerra naval.
Os EEUU possuem o maior orçamento para a defesa no mundo, e
assim pode contar com uma fantástica velocidade na evolução tecnológica em
seus meios de combate.
A poderosa armada norte-americana conta com 3 classes de
submarinos de ataque, os classe Los Angeles, Sea Wolf e Virgínia, e uma
classe de submarinos estratégicos, classe Ohio.
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O submarino americano mais moderno e sofiscado, o Sea Wolf (anexo II
– foto nº8), teve seu custo unitário em torno de US$ 2.1 bilhões. Seus sistemas
de sonares, tão sensíveis, permitem monitorar longas distâncias, como, por
exemplo, é possível no oceano Atlântico, na costa da Inglaterra, monitorar um
“alvo” que esteja se aproximando da costa leste dos Estados Unidos.
2.2.7 – Inglaterra.
A Inglaterra se encontra entre as nações européias mais bem armadas,
tendo como grande rival, a França. Sua relação estreita e de longo tempo com
os EEUU lhe assegura acesso à quase todos sistemas tecnológicos ligados
aos armamentos mundiais. Esta amizade de mútua cooperação permite à
Inglaterra a utilização de mísseis balísticos internacionais de fabricação
americana, fato considerado raro, uma vez que nenhuma nação se propõe a
exportar armamentos nucleares para outros países.
O mais moderno submarino nuclear inglês é o classe Astute. Esta
versão teve seu primeiro submarino incorporado já em 2007.
O governo inglês pretende construir até 8 novas unidades deste
modelo, que juntamente com outros submarinos de outras classes elevará
substancialmente o poderio naval inglês.
2.2.8 – Índia.
A Índia a exemplo da China, também tem apresentado ultimamente um
vultoso orçamento com fins militares.
Ela possui uma considerável força naval implementada com bom e
significativo número de submarinos Tipo-209, adquiridos na Alemanha e com
alguns do mesmo modelo fabricados em próprio solo. Recentemente a índia
anunciou o término da fabricação de seu primeiro submarino nuclear, o Arihant.
23
Com esta façanha a Índia tentou se equilibrar com o poderio chinês em
regiões de interesse mútuo.
A embarcação foi construída inteiramente na Índia, mas com ajuda da
Rússia, e passará por testes nos próximos anos antes de ser utilizada em
operações militares.
Com esse anúncio, a Índia entra para o seleto clube dos países com
capacidade de projetar e construir submarinos nucleares, formados por
Estados Unidos, Rússia, França, Grã-Bretanha e China (anexo II - foto nº9).
24
CAPÍTULO III
O FUTURO DOS SUBMARINOS NO BRASIL
3.1 – O início do projeto nuclear no Brasil
Desde o final da década de 1970, a MB desenvolve, nas dependências
de seu Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), um programa
de desenvolvimento de tecnologia nuclear, visando, por um lado, o domínio do
ciclo do combustível nuclear, que logrou êxito em 1982, com a divulgação do
enriquecimento do urânio com tecnologia desenvolvida pela MB. Por outro, o
desenvolvimento de um protótipo de reator nuclear capaz de gerar energia para
fazer funcionar a planta de propulsão de um submarino nuclear.
Paralelamente, para capacitar-se a construir submarinos, a MB, na
mesma época, cuidou de adquirir da Alemanha a transferência de tecnologia
de construção de submarinos, empregando, para tanto, o projeto do submarino
IKL-209 (à época o modelo mais vendido no mundo). Foram assim, construídos
quatro submarinos no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ),
colocando a MB no limitado rol dos países construtores desses engenhos.
As principais pendências, no que tange à capacitação do País para
construir um submarino nuclear, considerando já alcançada a meta do
combustível nuclear, incluem:
a) O término da construção, a operação experimental do reator nuclear e da
respectiva planta de propulsão, com o compromisso do presente governo de
aportar recursos para que sua operação ocorra em 2014; e
b) A capacidade de desenvolver projetos de submarinos, a partir do pleno
domínio do projeto de convencionais, evoluindo, por etapas, para um
submarino nuclear.
Assim, o caminho natural para o Brasil seria da mesma forma, o de
desenvolver sucessivos protótipos, até que se chegasse a um projeto razoável,
para abrigar uma planta nuclear.
25
Como não se dispõe do tempo nem dos recursos necessários, a solução
encontrada pela MB, no intuito de – com segurança – saltar etapas, foi a de
buscar parcerias estratégicas com países detentores de tais tecnologias e que
estivessem dispostos a transferi-la, tendo em vista, que normalmente, as
principais potências mundiais excluem e barram o caminho dos países que
buscam o domínio da tecnologia nuclear.
Restaram, então, aos países que buscam o domínio desta tecnologia ou
perder muito tempo e envolver vultosos gastos em pesquisas com a
indispensável transição entre os projetos de submarinos convencionais e
nucleares ou queimar essas etapas, associando-se a já quem produz a ambos
e que esteja disposto a transferir a tecnologia a troco de vantajosos acordos e
significativas cifras.
Naquele momento, apenas dois países no mundo que desenvolviam e
produziam, simultaneamente, ambos os tipos de submarinos, a Rússia e a
França, estavam dispostos a negociar artefatos nucleares.
A Rússia desenvolveu sua tecnologia nuclear e possui um projeto de
submarino convencional, mas apresenta alguns problemas: não possui
qualquer cliente no mundo ocidental nessa área e seu projeto de submarino
convencional ainda não encontrou, pelo que se conhece, algum comprador,
além de não possuir um apoio logístico eficiente e de não estar disposta a
transferir tecnologia. A Rússia só se interessa por vender submarinos, o que
está muito longe das pretensões brasileiras, desqualificando-a definitivamente.
A França, por outro lado, também desenvolveu sua própria tecnologia.
Emprega métodos e processos típicos do Ocidente e de mais fácil absorção
por nossos engenheiros e técnicos, além de ser um fornecedor tradicional de
material de defesa para o mundo ocidental, estando ainda disposta a transferir
tecnologia.
No momento, a França exporta submarinos convencionais Scorpène para
países como o Chile, a Índia e a Malásia.
26
3.2 – A estratégia de construção no Brasil.
A verdadeira estratégia a ser adotada pelo Brasil, no contrato com a
França, está baseada em um dos aspectos mais notáveis do programa de
construção do submarino convencional (anexo II - foto nº10) e de propulsão
nuclear (anexo II - foto 11) que é, sem dúvida, o salto tecnológico a ser vivido
pelo país, em função da transferência de tecnologia, que garantirá ao Brasil a
capacidade de desenvolver e construir seus próprios projetos no futuro, que em
linhas gerais seguirá o esquema abaixo:
1) A transferência de tecnologia do projeto de submarinos.
a) Ao entrar em eficácia o contrato, serão enviados para a França alguns
projetistas navais brasileiros que, juntamente com os franceses, introduzirão
ajustes no projeto do submarino convencional brasileiro que é a versão
nacional do modelo “Scorpène” francês (anexo II - foto nº12). A idéia é atender
determinados requisitos operacionais da MB relativamente a maior autonomia e
a maiores intervalos entre os períodos de manutenção. Isso tornará suas
características mais compatíveis com as vastidões do Atlântico Sul;
b) A partir de seis meses depois da data de eficácia do contrato, serão
enviados à França outros engenheiros navais brasileiros, que farão cursos de
projeto, culminando com um trabalho constituído de um projeto real de
submarino convencional depois de retornarem ao Brasil;
c) Um pequeno grupo de engenheiros fará estágios na empresa fabricante do
sistema de combate do submarino (sonares, direção de tiro etc), onde
receberão toda a tecnologia necessária ao desenvolvimento e manutenção do
sistema;
d) Da mesma forma, teremos engenheiros que permanecerão determinado
tempo na fábrica de torpedos, para absorção de tecnologia de projeto; e
e) Depois do retorno do segundo grupo (alínea b), engenheiros e técnicos
franceses
permanecerão
no
Brasil
por
cinco
anos,
participando
desenvolvimento do projeto do primeiro submarino nuclear brasileiro.
27
do
Vale ressaltar que, a parte referente ao reator nuclear e seu
compartimento, serão de responsabilidade do Brasil com assessoria francesa,
caso requerido.
2) A transferência de tecnologia de construção de submarinos.
a) O submarino será construído em 4 seções. A primeira seção do primeiro
submarino será construída no estaleiro de Cherbourg, na França, com a
participação da equipe de construção de submarinos do AMRJ, que absorverá
os
métodos, normas
e
processos franceses de
construção,
que é
conceitualmente algo muito diferente do sistema alemão a que o Brasil já está
acostumado;
b) De volta ao Brasil, esse grupo constituirá o núcleo de transferência de
tecnologia para a Sociedade de Propósito Específico (SPE), que será
constituída para operar o novo estaleiro para a fabricação dos novos
submarinos;
c) Depois dessa fase, o grupo atuará pela MB como fiscais das obras e
garantidores do controle de qualidade.
3) A transferência de tecnologia mediante a nacionalização.
a) Cerca de 20 por cento de todo o material a ser empregado nos submarinos
serão produzidos e comercializados no Brasil, inclusive sistemas complexos
(estimativa de 36.000 itens);
b) No curso das negociações, ficou acertado que tudo que pudesse ser
produzido no Brasil, a custo equivalente ou inferior ao da França, seria
fabricado aqui. Caso o produto já fosse comercializado, seria simplesmente
adquirido e incorporado ao conjunto de materiais, caso contrário, a tecnologia
de produção seria transferida à empresa selecionada que então o fabricaria;
28
c) Nesse processo, desde o início, a MB adotou a postura de não indicar
qualquer empresa, cabendo aos franceses selecioná-las de acordo com
critérios próprios, qualificando-as e homologando-as. A MB não privilegiaria ou
rejeitaria qualquer empresa, evitando intermináveis controvérsias futuras.
De outra forma, caberia abrir uma licitação pública, para o processo
seletivo que, no mínimo, demoraria em demasiado, dada a quantidade de
recursos e embargos legalmente possíveis de serem interpostos por empresas
desqualificadas ou perdedoras. O resultado foi tão bom que, um universo inicial
de mais de duzentas empresas se interessaram em participar (a França já
selecionou e está negociando com mais de trinta, e há outras dezenas de
candidatas).
O modelo de submarino, estrategicamente definido pelo Comando da
Marinha do Brasil, foi o Scorpéne, que utiliza propulsão diesel-elétrico e é
derivado de um modelo de submarino nuclear francês denominado Rubis
(anexo II - foto nº13).
A França, acima de tudo, está disposta a – contratualmente – transferir
tecnologia de projeto de submarinos convencionais, inclusive cooperando no
projeto do submarino de propulsão nuclear brasileiro, excluídos o projeto e a
construção do próprio reator e seus controles, que caberiam exclusivamente à
MB.
E são exatamente esses os termos que interessam ao Brasil.
O primeiro dos quatro submarinos Scorpéne, de tecnologia francesa,
negociados em 2008 pelo Brasil, começou a ser construído no dia 27/05/10,
quando a cerimônia de corte das chapas destinadas à proa foi realizada às
10h, no estaleiro DCNS, em Cherbourg. O relógio digital que marca a
contagem para a entrega do navio, no segundo semestre de 2016, será ativado
na mesma ocasião.
Os outros três submarinos deste mesmo tipo deverão estar prontos, até
2021, no novo estaleiro que a Marinha está construindo em Itaguaí, no litoral
sul do Rio.
O tempo previsto para construção do estaleiro que abrigará a construção
dos submarinos, tanto convencionais quanto o nuclear, é 2015 e no momento
está limitado ao primeiro movimento de terras na Ilha da Madeira, em Itaguaí,
29
Baía de Sepetiba, no litoral fluminense. Este estaleiro será dotado de alta
tecnologia para construir os submarinos da MB dentro dos padrões de
qualidade requeridos. Ao lado das instalações da Nuclebrás Equipamentos
Pesados (NUCLEP), o braço industrial do complexo nuclear do Brasil, o grupo
Odebrecht começa a obra da Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas
(UFEM).
As áreas envolvidas do estaleiro somam 980 mil metros quadrados, dos
quais 750 mil m² na água. O acesso ao conjunto se dará por um túnel
escavado em rocha de 850 metros de comprimento e uma estrada exclusiva de
1,5 km. Haverá 2 píeres de 150 metros cada um e 3 docas secas (duas
cobertas) de 170 m. No total, serão 27 edifícios.
A dragagem passará de 6 milhões de metros cúbicos. O plano da obra
prevê a geração de 700 empregos diretos. Pronta, a instalação poderá dar
apoio técnico a uma frota de 10 submarinos, e terá capacidade para construir
duas unidades novas simultaneamente.
30
CONCLUSÃO
O submarino é de longe a maior ameaça bélica existente no mar. Sua
presença, oculta no mar, acarreta tal grau de incerteza, que obriga os
adversários a construir forças consideráveis para – com discutíveis chances –
poder enfrentá-lo. Por essa superioridade intrínseca, o submarino vem sendo
empregado, por excelência, como a principal arma de dissuasão dos países
cuja estratégia global se insere num contexto defensivo, como é o caso do
Brasil. Eles não podem exercer o domínio do mar, mas impedem que alguém o
faça (negam o uso do mar).
Um submarino convencional desloca-se lentamente e depende do ar
atmosférico para, periodicamente, carregar suas baterias e renovar o ar
ambiente, ocasião em que se torna vulnerável. Um submarino de propulsão
nuclear, graças à sua fonte virtualmente inesgotável de energia, dispõe de
elevada velocidade que pode ser mantida indefinidamente e é capaz de
permanecer no mar enquanto durar a resistência humana. Além disso, tem total
independência do ar atmosférico, sendo, portanto, o submarino por excelência.
Assim, enquanto um submarino convencional é empregado segundo
uma estratégica de posição, o que requer um número elevado deles, o nuclear
é empregado segundo uma estratégia de movimento, cobrindo vastas zonas de
patrulha. Em outras palavras, do ponto de vista estratégico, um submarino
nuclear substitui com vantagem um número considerável de submarinos
convencionais taticamente, graças à elevada velocidade e à total capacidade
de ocultação (independência de atmosfera), o que torna sua superioridade
ainda mais contundente.
Em face disso e considerando a magnitude de nosso interesse mais
imediato, o Atlântico Sul, a Marinha passou a considerar a hipótese do
submarino nuclear como primordial, sem abandonar o emprego do submarino
convencional para as tarefas apropriadas a esse tipo de submarino.
31
A Marinha do Brasil criou este ano a Coordenadoria-Geral do Programa
de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear (COGESN) como
forma de proporcionar uma melhor integração e sinergia entre as Organizações
da Marinha (OM), com foco no desenvolvimento de um submarino com
propulsão nuclear.
Para construir os 5 submarinos, sendo 4 convencionais SBR, serão
gastos € 4,1 bilhões ou US$ 5,720 bilhões. Isso representará € 820 milhões, ou
US$ 1,144 bilhão em média por cada submarino francês. Para exemplificar,
um Submarino Nuclear Brasileiro (SNBR) custará US$ 1,8 bilhão e o
Submarino Convencional Brasileiro (SBR) US$ 980 milhões cada um.
Com as restrições orçamentárias que castigam as forças armadas do
Brasil há alguns anos, essa meta de construir um submarino nuclear, vinha
sendo postergada indefinidamente, criando a grave situação a qual se
encontram diversos projetos da Marinha. Com os últimos acontecimentos
políticos estratégicos na América do Sul e diante de uma onda de aquisições
bélicas de nossos vizinhos, uma nova postura política de defesa foi adotada.
Em dezembro de 2008, o governo federal anunciou nova Estratégia
Nacional de Defesa (END) que dentre outras determinações, acabou por liberar
mais recursos para dar continuidade ao processo de desenvolvimento e
engenharia e assim concluir o projeto do reator nuclear brasileiro que
impulsionará o primeiro submarino nuclear brasileiro.
É importante frisar que nossos maiores poços de petróleo estão
localizados no mar e que substancial parte de nosso comércio internacional se
faz pelas rotas marítimas. O domínio desta tecnologia trará enormes benefícios
tecnológicos em diversos segmentos da sociedade.
A política externa brasileira tem sido conduzida com base nos
princípios do direito de autodeterminação dos povos e de não intervenção nos
assuntos internos de outros países. Tal posição essencialmente pacifista,
entretanto, não é suficiente para garantir a paz permanente.
32
Os desentendimentos internacionais surgem, na maioria das vezes, de
forma inopinada, sem dar tempo para se começarem as providências a partir
de tais momentos. É preciso, pois, estar sempre preparado.
Lembra-se aqui uma conhecida citação: “Um país pode passar cem
anos sem se engajar em uma guerra, porém, não poderá passar um minuto,
sequer, sem estar preparado para a guerra”.
Um país para garantir sua soberania e ser respeitado pela comunidade
das nações, precisa construir e manter, pelo menos, uma razoável capacidade
bélica dissuasória. É necessário, pois, conceder excepcional prioridade para
atendimento ao Ministério da Defesa.
Certamente que o custo, desenvolvimento e posse deste meio é
considerado caro, porém o valor militar estratégico destes submarinos é
igualmente grande, acarretando um efeito positivo para a defesa de nossos
interesses sem o custo de uma aguerrida batalha.
Um país realmente preocupado com sua população tem que entender
que o maior serviço social que um governo pode prestar ao seu povo é
conservá-lo vivo e em liberdade.
O Brasil não tem e jamais teve qualquer ideal expansionista e sim o
forte intuito constitucional de manter a integridade da federação e defesa dos
interesses nacionais legítimos, além de proteger direitos individuais e de
propriedades de seus cidadãos. Portanto, a decisão de projetar, construir,
possuir, dominar e reter tecnologia levará o Brasil ao seleto grupo de países
detentores da mais alta tecnologia de segurança disponível no planeta,
conquistando respeito e admiração das nações desenvolvidas.
33
ANEXOS
ANEXO I: Quadro sinopse dos submarinos no Brasil.
ANEXO II: Fotos.
34
ANEXO I
Quadro sinopse dos submarinos no Brasil
Classe
Nome
Local de
Construção
“IKL-209-1400
Submarino
Arsenal do Rio
MOD A”
“Tikuna” (S34) de Janeiro – Rio
Brasil
Data de
Incorporação
Data de
Desincorporação
16/12/2005
-------
“IKL-2091400″
Submarino
Arsenal do Rio
“Tapajó” (S33) de Janeiro – Rio
de Janeiro,
Brasil
21/12/1999
———-
“IKL-2091400″
Submarino
Arsenal do Rio
“Timbira” (S32) de Janeiro – Rio
Brasil
21/12/1999
-------
“IKL-2091400″
Submarino
Arsenal do Rio
“Tamoio” (S31) de Janeiro – Rio
Brasil
12/12/1994
-------
“IKL-2091400″
Submarino
“Tupi” (S30)
Estaleiro HDW –
Kiel, Alemanha
06/05/1989
-------
“OBERON”
Submarino
“Riachuelo”
(S22)
Estaleiro da
Vikers Limited –
Barrowfurness,
Inglaterra
12/03/1977
12/11/1997
“OBERON”
Submarino
“Tonelero”
(S21)
Estaleiro da
Vikers Limited –
Barrowfurness,
Inglaterra
10/12/1977
21/06/2001
Submarino
Estaleiro da
“Humaitá” (S20) Vikers Limited –
Barrowfurness,
Inglaterra
18/06/1973
08/04/1996
“OBERON”
“GUPPY III”
Submarino
“Amazonas”
(S16)
Estaleiro Electric
Boat Company –
Grotton,
Connecticut,
EUA
19/12/1973
01/08/1992
“GUPPY III”
Submarino
“Goiás” (S15)
Estaleiro
Portsmouth
Naval Shipyard
– New
Hampshire, EUA
15/10/1973
16/04/1990
“GUPPY II”
Submarino
“Ceará” (S14)
Estaleiro Navy
Arsenal –
Boston, EUA
17/10/1973
21/12/1987
08/07/1972
16/11/1978
“GUPPY II”
Submarino “Rio
Estaleiro
de Janeiro”
Portsmouth
(S13)
Naval Shipyard
– New
Hampshire, EUA
35
Local de
Construção
Data de
Incorporação
Data de
Desincorporação
Estaleiro
Portsmouth
Naval Shipyard
– New
Hampshire, EUA
27/03/1973
14/07/1993
Submarino “Rio
Estaleiro
Grande do Sul”
Portsmouth
(S11)
Naval Shipyard
– New
Hampshire, EUA
07/09/1963
02/05/1972
Classe
Nome
“GUPPY II”
Submarino
“Bahia”
(S12)
GUPPY II”
“GUPPY II”
Submarino
“Guanabara”
(S10)
Estaleiro Electric 28/07/1972
Boat Company –
Grotton,
Connecticut,
EUA
10/10/1983
“FLEET TYPE Submarino
II”
“Bahia” (S12)
Estaleiro
07/09/1963
Portsmouth
Naval Shipyard
– New
Hampshire, EUA
19/01/1973
“FLEET TYPE Submarino “Rio Estaleiro
07/09/1963
II”
Grande do Sul” Portsmouth
(S11)
Naval Shipyard
– New
Hampshire, EUA
02/05/1972
“FLEET TYPE Submarino
I”
“Riachuelo”
(S15)
Estaleiro Electric 18/01/1957
Boat Company –
Grotton,
Connecticut,
EUA
14/10/1966
“FLEET TYPE Submarino
Estaleiro Electric 18/01/1957
I”
“Humaitá” (S14) Boat Company –
Grotton,
Connecticut,
EUA
02/10/1967
“TUPY”
Submarino
“Tamoio” (T-3)
Estaleiro Odero
– Terni, Itália
10/10/1937
26/08/1959
“TUPY”
Submarino
“Timbira” (T-2)
Estaleiro Odero
– Terni, Itália
10/10/1937
26/08/1959
“TUPY”
Submarino
“Tupy” (T-1)
Estaleiro Odero
– Terni, Itália
10/10/1937
26/08/1959
“HUMAITÁ”
Submarino
“Humaitá” (H)
Estaleiro Odero
– Terni, Itália
18/07/1929
25/08/1950
36
Classe
Nome
Local de
Construção
Data de
Incorporação
Data de
Desincorporação
“FOCA”
Submersível
(F5)
Estaleiro FIAT – 06/06/1914
San Giorgio,
Itália
30/12/1933
“FOCA”
Submersível
(F3)
Estaleiro FIAT – 16/03/1914
San Giorgio,
Itália
30/12/1933
“FOCA”
Submersível
(F1)
Estaleiro FIAT – 11/12/1913
San Giorgio,
Itália
30/12/1933
FONTE: Site da ForSub / do livro “Nosso Submarinos, Sinopse Histórica”, CC
Marco Polo Áureo Cerqueira de Souza, SDGM, 1986
37
ANEXO II
Fotos
Foto nº 1 – Submarino Convencional Tupi - Tipo 209
Foto nº2 – Desenho Esquemático do Submarino Convencional Francês
Scorpéne Escolhido pela Marinha do Brasil
38
Foto nº3 – Planta Esquemática do Estaleiro em Construção em Itaguaí
para Fabricação dos Submarinos Convencionais e Nucleares
Foto nº4 – Maquete do Submarino Nuclear Brasileiro
39
Foto nº5 – Navio de Guerra afundado por um Torpedo MK-48
disparado de um Submarino
40
Foto nº 6 - Modelo do gigantesco Typhoon,
herança soviética da Rússia.
Foto nº7 – USS Nautilus, Primeiro Submarino Nuclear Americano
41
Foto nº 8 – Submarino Nuclear Americano Sea Wolf
Foto nº9 – Quadro dos Países que Primeiro lançaram
Submarinos Nucleares e suas
Respectivas Datas de Incorporação
42
Foto nº10 – Fundamentos de um Submarino Convencional
Foto nº11 – Fundamentos de um Submarino Nuclear
43
Foto nº12 – Submarino Convencional Francês Modelo Scorpéne
escolhido pela Marinha do Brasil para Fabricação em Itaguaí
Foto nº13 – Submarino Nuclear Francês Classe Rubis,
Modelo escolhido como base para o Nuclear Brasileiro
44
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
www.naval.com.br, Poder Naval. Acessado em 29/03/2010.
www.defesanet.com.br, DefesaNet. Acessado em 29/03/2010.
www.defesabrasil.com, Defesa Brasil. Acessado em 29/03/2010
www.mar.mil.br, Comando da Marinha. Acessado em 29/03/2010.
www.mar.mil.br/ctmsp, CTMSP- Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo
Di Santis, Carlos Emílio Júnior em artigos para Forças Armadas em Revista –
Edições Ano 3 nº 09 e 10 de 2008, Ano 4 nº 14 de 2009.
Gabler, Ulrich, Projetos de Submarinos - 1ª edição traduzida por AMRJ/ETCN
em São Paulo, 1991.
www.defesabr.com/mb , Marinha do Brasil - MB
45
BIBLIOGRAFIA CITADA
Di Santis, Carlos Emílio Júnior em artigo para Forças Armadas em Revista – Edições
Ano 3, nº. 10 de 2008, pág. 22.
ÍNDICE
46
CAPA
1
FOLHA DE ROSTO
2
AGRADECIMENTO
DEDICATÓRIA
3
4
RESUMO
5
METODOLOGIA
6
SUMÁRIO
7
INTRODUÇÃO
8
CAPÍTULO I
12
A HISTÓRIA DOS SUBMARINOS.
12
1.1- O início da operação dos submarinos no Brasil.
12
CAPÍTULO II
17
A DISSUASÃO SUBMARINA.
17
2.1 – O cenário mundial.
17
2.2 – Tradicionais marinhas construtoras de submarinos. 19
2.2.1- Alemanha.
19
2.2.2- França
19
2.2.3- Rússia
20
2.2.4- Suécia
21
2.2.5- China
21
2.2.6- Estados Unidos
22
2.2.7- Inglaterra
23
2.2.8- Índia
23
47
CAPÍTULO III
25
O FUTURO DOS SUBMARINOS NO BRASIL.
25
3.1 – O início do projeto nuclear no Brasil.
25
3.2 – A estratégia de construção no Brasil.
26
CONCLUSÃO
31
ANEXOS
34
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
45
BIBLIOGRAFIA CITADA
46
ÍNDICE
47
FOLHA DE AVALIAÇÃO
49
48
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Instituto a Vez do Mestre
Título da Monografia: Construção de Submarino Nuclear no Brasil
Autor: Hudson Sarmento Olivares
Data da Entrega:
Avaliado por:
Conceito:
49
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universidade candido mendes pós-graduação “lato sensu” instituto