Página 1 de 3 Como Somar a Tendência com a Incerteza de Medição? Por Gilberto Carlos Fidélis Tenho recebido constantemente a seguinte pergunta: “devemos somar o erro/tendência com a incerteza de medição de forma linear ou quadrática?” O que essa soma representa?. A soma da tendência com a incerteza é denominado de erro máximo do instrumento de medição, e tem uma função muito importante: serve como parâmetro para a análise do certificado de calibração. O erro máximo do instrumento de medição, obtido com os resultados da calibração, é comparado com o erro máximo admissível para o instrumento de medição. Na figura 1 podemos observar o conceito de erro médio ou tendência, erro máximo e mínimo e incerteza de medição. O erro médio de medição ou tendência é definido como a distância da média das indicações até o valor convencional, sendo este último o valor de referência fornecido pelo padrão de calibração. A incerteza de medição quantifica a dispersão dos resultados em torno da média das indicações. Podemos afirmar que a incerteza de medição obtida Erro Médio ou na calibração é a dúvida que Tendência (Td) surge no valor da tendência. Assim, a incerteza faz com Média das tenhamos um erro mínimo e Indicações máximo possíveis, conforme mostra a figura 1. O erro mínimo é a diferença entre o erro médio e a incerteza de medição e pouco nos interessa. O erro máximo Incerteza Incerteza possível é a soma da Erro tendência com a incerteza de Mínimo medição, sendo este o erro que realmente nos interessa comparar com a tolerância Erro Máximo do produto ou processo. Valor Convencional Figura 1. Os conceitos de tendência e incerteza de medição. _______________________________________________________ Centro de Educação, Consultoria e Treinamento – CECT Rua José Chafi Chein Chaia, 61 CEP 88030-650 Florianópolis – SC Tel 48 3234 3920 / 48 9977 2827 [email protected] www.cect.com.br Página 2 de 3 Mas como o erro máximo admissível é estabelecido para um instrumento de medição? A resposta está em conhecermos a aplicação do instrumento de medição. Pergunte: “qual a tolerância do produto ou do processo para o qual o instrumento de medição é utilizado?”. A norma ISO 14253 foi a primeira norma a colocar no papel uma regra fundamental da metrologia: o instrumento de medição deve ter erros menores do que a tolerância admitida para o processo ou para o produto que será medido com o instrumento. A relação ideal recomendada pela norma é de um para dez, ou seja, o erro máximo admissível para o instrumento de medição deve ser um décimo da tolerância, do produto ou processo. Vamos analisar o caso simples de uma balança que é utilizada para medir a massa de um saco cujo valor especificado para o produto seja de (50,0 ± 0,2) kg. A tolerância para o produto é de 50,2 – 49,8 kg, ou seja, 0,4 kg. Assim, cumprindo a regra de um décimo, o erro máximo admissível para essa balança deve ser de ± 0,04 kg. Mas o que significa esse valor? Para nos ajudar nessa análise vamos observar o gráfico da curva de erros da figura 2. Este gráfico é conseqüência da calibração do instrumento de medição. Observe que no eixo das abscissas temos o valor indicado pelo instrumento de medição, enquanto que no eixo das ordenadas a tendência determinada na calibração do instrumento. As duas linhas vermelhas horizontais, uma acima e uma abaixo do eixo das abscissas, representam o erro máximo admissível para a balança, cujo valor foi definido anteriormente como sendo igual a ± 0,04 kg. Observe que o erro máximo da balança está menor do que o erro máximo admissível até o ponto denominado de “A” e após este, os erros ultrapassam o erro máximo admissível. Perceba que a análise se o instrumento de medição atende ou não ao erro máximo admissível é feita tomando-se a soma da tendência com a incerteza de medição, e de forma linear, conforme já discutido na figura 1. Incerteza de Medição Td Intervalo de Medição Intervalo de Indicações Figura 2. A curva de tendência e o erro máximo admissível. _______________________________________________________ Centro de Educação, Consultoria e Treinamento – CECT Rua José Chafi Chein Chaia, 61 CEP 88030-650 Florianópolis – SC Tel 48 3234 3920 / 48 9977 2827 [email protected] www.cect.com.br Página 3 de 3 Algumas pessoas somam a tendência e incerteza de forma quadrática, ou seja: Erro máximo = √ Td2 + Incerteza2 Pelo o que foi exposto na figura 1 essa não é a forma correta de definir o erro máximo. Outro aspecto importante é que a soma quadrática não é correta matematicamente entre a tendência, que é um efeito sistemático, com a incerteza que é um efeito aleatório. Um efeito sistemático é aquele em que o sinal da variável é bem definido. Uma tendência é somente positiva, somente negativa ou é zero. Uma variável aleatória é toda aquela que assume simultaneamente os sinais mais e menos. A soma quadrática somente deve ser utilizada quando somamos duas ou mais variáveis aleatórias. Portanto, o erro máximo deve ser a soma linear da tendência com a incerteza de medição. Gilberto Carlos Fidélis. Gerente de Capacitação do Centro de Educação, Consultoria e Treinamento – CECT. Moderador do Clube da Metrologia e Qualidade ([email protected]). _______________________________________________________ Centro de Educação, Consultoria e Treinamento – CECT Rua José Chafi Chein Chaia, 61 CEP 88030-650 Florianópolis – SC Tel 48 3234 3920 / 48 9977 2827 [email protected] www.cect.com.br