1 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DE CORUMBÁ Para o nome Corumbá, foram encontrados dois significados: um derivando do termo indígena curupah, onde curu = rugoso, como os índios chamavam a aroeira e pah = abundância; o outro significando é "lugar distante". Para além desses significados Corumbá tem outros codinomes: Cidade Branca, pela grande quantidade de calcário em seu solo, Capital do Pantanal por ter em seu território 60% do Pantanal sul matogrossense. O Município é o também o de maior extensão territorial do Estado de Mato Grosso do Sul. Possui uma das melhores infraestruturas turística do Estado. Além do comércio e mineração a pecuária também contribui para o desenvolvimento econômico do local. Historicamente o município foi explorado pela primeira vez em 1524 pelo português Aleixo Garcia que estava em busca de ouro. Alguns séculos mais tarde, a Coroa Portuguesa dará mais atenção para o município em decorrência de sua estratégia geográfica em relação ao Império Espanhol, que tinha interesses na região do Rio da Prata. Essa determinação culminou com a ordem do Capital General Luiz de Albuquerque Mello Pereira e Cáceres em criar fortes para proteger o território Português. Nesse contexto Corumbá foi fundada em 21 de setembro de 1778, com o nome de Arraial de Nossa Senhora da Conceição de Albuquerque, sob o comando de João Leme do Prado, as margens do Rio Paraguai, que se tornará uma importante via de navegação influenciado muito a história de Corumbá, principalmente em relação ao desenvolvimento comercial. Corumbá - Foto: Clovis Neto Perfil Socioeconômico de Corumbá Um pouco antes do surgimento da cidade, em 1775, tinha sido construído o Forte Coimbra que, juntamente como o arraial, tornou-se ponto estratégico para conter o avanço espanhol e dos índios Paiaguás e Guaicurus. O Forte de Coimbra foi o primeiro passo para a fundação de um povoado destinado a abrigar um destacamento militar. As condições geográficas e naturais permitiram que houvesse uma harmonia que contribuiu para fixação do homem em pontos estratégicos, seja na criação das fazendas, iniciando a exploração do gado, ou na área urbana com a implantação de um intenso comércio internacional. A partir de 1856 o Rio Paraguai passa ter livre acesso para o comércio de embarcações brasileiras e estrangeiras. Com isso Corumbá torna-se um importante centro comercial, chegando a ocupar o posto de 3º maior porto da América Latina, como também contribuiu para a fixação dos interesses portugueses na região do Prata. No ano de 1859, devido ao crescimento da cidade em virtude das atividades comerciais, o crescimento populacional e as construções urbanas eram inevitáveis. Fatores que impulsionaram o Presidente da Província de Mato Grosso Almirante Raimundo de Lamare, a planejar o traçado urbano de Corumbá, percebe-se isso nas praças e ruas do centro da cidade, principalmente no seu quadrilátero. Essa mudança eleva Corumbá à categoria de Vila de Santa Cruz. No ano de 1865 a cidade é invadida pelos paraguaios durante a Guerra do Paraguai que durou de 1864 a 1869. Período que a cidade foi destruída e o comércio pelo Rio Paraguai foi interrompido. Somente em 1867 com reforço vindo de Cuiabá, os paraguaios saem de Corumbá e o comércio marítimo retorna. A partir desse período começam a chegar imigrantes de várias nacionalidades. Junto com as mercadorias estrangeiras chegam também a cultura desses povos entre os quais destacam-se os europeus, argentinos, uruguaios, bolivianos e paraguaios. Em torno de 1870, ao final da Guerra do Paraguai, Corumbá recebe impulso governamental para ocupar essa fronteira, principalmente por meio de incentivos fiscais, beneficiando a instalação de empresas. Nesse mesmo ano inicia-se a reconstrução do centro urbano da cidade e o comércio retoma suas atividades. Iniciam-se também a reconstrução das fazendas que foram Perfil Socioeconômico de Corumbá devastadas pela Guerra. O momento é oportuno para a pecuária que se consolida como importante investimento, as fazendas começam a crescer e por consequência o comércio. As mercadorias internacionais que entravam pelo Rio Paraguai dinamizavam a economia local. Ao mesmo tempo vinham junto companhias de teatros da Europa que se apresentavam na cidade antes mesmo dos grandes centros urbanos. O comércio efetiva-se como uma atividade tão importante que Corumbá tinha naquele período vários bancos internacionais, chegando ao número de 25 agências bancárias internacionais, como o City Bank. Esse interesse econômico fez com que o governo brasileiro abrisse a 14ª agência do Banco do Brasil em Corumbá. O município possuía várias representações consulares e várias línguas se misturavam em diferentes idiomas. Em decorrência no ano de 1910, devido ao forte crescimento comercial, surge como entidade capaz de organizar esse desenvolvimento a Associação Comercial de Corumbá. Como um relevante registro desse período, em 1985, a Fundação de Cultura do Estado editou o trabalho Casario do Porto de Corumbá, com textos de Valmir Batista Corrêa, Lúcia Salsa Corrêa e Gilberto Luís Alves, um excelente trabalho destacando importância do comércio e dos comerciantes corumbaenses. Esse trabalho demostrou também as construções no porto de Corumbá, pela riqueza arquitetônica e cultural, levantando a necessidade de tombamento pela sua grandeza, o que aconteceria alguns anos mais tarde pelo Projeto Monumenta por meio do Ministério da Cultura. Esse conjunto arquitetônico se estende pela Avenida Marechal Rondon, Rua Antonio Maria Coelho, Frei Mariano, XV de Novembro e Sete de Setembro. Atualmente essa arquitetura está mesclada com a moderna, e suas antigas construções, que foram tombadas tem características baseadas em estilos art-noveau e no neoclássico italiano. Perfil Socioeconômico de Corumbá Foto: Kleverton Velasques O Àlbum Gráfico de Mato Grosso, que foi editado na cidade de Hamburgo, na Alemanha em 1914 retrata de forma sublime as casas comerciais do exterior que o comércio de Corumbá mantinha relações. Seu conteúdo demonstra em suas páginas a econômica de Corumbá no Estado de Mato Grosso, principalmente na movimentação de cargas, negócios e embarcações. Da Europa vinham vários produtos, dentre os quais, destacam-se cimento da Inglaterra, vinho de Portugal, tecidos da França, etc. Na volta os navios levavam couro, charque, sal, erva mate, borracha e outros. A partir de 1914 com a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil novos rumos serão dados à economia da cidade. O trecho entre Baurú e Porto Esperança era completado até a cidade com o navio Fernandes Vieira, até que em 31 de janeiro de 1952 foi concluída a Ponte de Porto Esperança para passagem do trem até Corumbá. Com a construção da BR 262 o comércio corumbaense toma um novo impulso, dinamizando suas atividades a partir de 1986. O turismo tem seus embriões por volta de 1970 de forma amadora, com ocupação de antigos prédios no Porto Geral, iniciando suas atividades com grande ênfase no turismo de pesca, gerando divisas e investimentos com barcos hotéis, característicos da região. Perfil Socioeconômico de Corumbá Essa atividade veio modificar a estrutura para atender o turista. Restaurantes, hotéis, pousadas e outros foram construídos ou adaptados para a nova demanda. A cidade tem um amplo potencial turístico notadamente o turismo cultural. Oferece aos visitantes belezas naturais exclusivas, biodiversidade da fauna e flora, além de um belíssimo patrimônio histórico e cultural. O turismo corumbaense vem se desenvolvendo com ênfase em outros setores como o ecoturismo, o turismo rural e de aventura, como também o turismo de negócios. O turismo de pesca é o mais segmentado, demandando serviços específicos como: transporte, hospedagem, alimentação, aluguel de barcos e equipamentos, trabalho dos piloteiros para condução de embarcações menores, iscas para os peixes além de outros. Foto: Clovis Neto A cultura corumbaense destaca-se pelas várias manifestações artísticas, seja nas artes plásticas, na literatura, dança, gastronomia e arquitetura. Destaca-se a influência de imigrantes de várias partes do que contribuíram para o enriquecimento cultural de Corumbá. Nesse sentido temos os árabes que fugiram da Guerra a partir de 1912. Vinham para cá: libaneses, turcos, armênios, sírios, que chegavam até Santos em São Paulo e de lá se deslocavam para Corumbá. Quanto a América da América de Sul, Perfil Socioeconômico de Corumbá relacionamos os paraguaios, bolivianos, índios, argentinos, uruguaios, etc. Corumbá é conhecida na região Centro Oeste pelas festas que se promove ao longo do ano. Tornando-se uma tradição pela hospitalidade com que recebe seus visitantes. Dentre essas festas está o carnaval considerado o melhor carnaval do interior e o maior do Centro Oeste. Sua origem e influência estão no carnaval do Rio de Janeiro. As escolas de samba desfilam divididas em dois grupos. Os blocos de sujos e blocos independentes fazem a alegria do corumbaense. Houve nos últimos anos uma valorização dos carnavais antigos com a revitalização do Carnaval Cultural, envolvendo, desfile dos Corsos, Bloco de Frevo, Ala das Pastoras, Bloco dos Palhaços, Bloco dos Marinheiros e Cordões Carnavalescos. Foto: Clóvis Neto O Arraial do Banho de São João de Corumbá é uma expressão cultural de uma tradição que se reporta aos primórdios da história da cidade, localizada à margem direita do Rio Paraguai, e que, apesar dos costumes contemporâneos, conserva muitos dos seus antigos hábitos.O dia mais importante acontece na noite do dia 23 para o dia 24, quando dezenas de andores descem a Ladéira Cunha e Cruz até a beira do rio Paraguai para dar Perfil Socioeconômico de Corumbá banho no Santo. O Porto Geral fica decorado com barracas vendendo comidas típicas. Na Festa de São João de Corumbá, são evidenciadas todas as manifestações culturais, tais como: o Cururu (tocado pela viola de cocho e dançado somente por homens); o Siriri (dança folclórica com músicas tocadas pelos cururueiros); as rezas nas casas; a gastronomia, com comidas e doces típicos; as músicas típicas da região, como a polca paraguaia e o chamamé, fogueira, dança de quadrilhas, hasteamento do mastro, etc. Foto – Momento do Banho do São João Autor: Marcos Boaventura Perfil Socioeconômico de Corumbá