Por: Marta Rodrigues e Priscila Vasconcellos
Orientação: Marcos Calil
O QUE ELES SÃO?
Os meteoritos são fragmentos de asteróides, planetas ou cometas que conseguem
penetrar a atmosfera sem serem completamente vaporizados, chegando ao solo. Todas
as peças aqui expostas formaram-se a partir deste fenômeno. Elas são pequenos indícios
que podem nos ajudar a compreender a origem e evolução do sistema solar, através de
processos geológicos.
Figura 1. Imagem de alguns meteoritos (não pertencentes à nossa exposição).
Primeiros indícios
Os primeiros meteoritos foram encontrados há muitos séculos na China. Os relatos
da época os descreviam como “pedras vindas do céu”. Para os filósofos gregos, os
meteoritos eram rochas terrestres lançadas para o espaço pela força de ventos ou de
erupções vulcânicas e que voltavam depois de um tempo a cair sobre a superfície
terrestre.
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De onde os meteoritos podem ter vindo?
Existe uma região conhecida por cinturão de asteróides, localizada entre os
planetas Marte e Júpiter. É lá que se encontra a grande maioria dos asteróides. Cientistas
conseguiram realizar cálculos das órbitas de certos meteoritos (do tipo condrito) e
concluíram alguns deles provém dessa região do sistema solar. Alguns, entretanto
surgiram das passagens de cometas e de impactos de meteoros com Marte e Lua.
Figura 2. Ilustração da região do Cinturão de Asteróides localizada entre Marte e Júpiter.
Os meteoros
Mas, não é sempre que todos os fragmentos com destino ao nosso planeta
conseguem “sobreviver” ao atrito no contato com a atmosfera. Alguns acabam por se
desintegrar antes de alcançar terra firme, por terem atingido altas temperaturas. O
resultado deste processo é a surpreendente observação de traços luminosos no céu,
formando um belo espetáculo. Estes são os chamados meteoros, conhecidos na
linguagem popular como “estrelas cadentes”.
Figura 3. Imagem com registro de alguns meteoros. Atente para o brilho intenso e no traço luminoso.
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Como classificamos os diferentes tipos de meteoritos?
Existem diferenças entre os meteoritos, o que levou à criação de tipos específicos,
como apresentamos a seguir:
AERÓLITOS: têm composição predominante de silicatos (tipo de rocha constituída de
silício e oxigênio). São os mais abundantes no nosso planeta e dividem-se em dois
grupos: os acondritos e condritos (figura 4).
SIDERITOS: são formados a partir de uma liga metálica, rica em ferro e níquel. São
conhecidos como meteoritos metálicos (figura 5).
SIDERÓLITOS: assemelham-se aos sideritos, todavia além do material metálico
possuem em sua composição minerais silicatos. Desta forma, acabam sendo uma
“mistura” entre pedra e metal (figura 6).
Figura 4. Aerólito.
Figura 5. Siderito.
Figura 6. Siderólito.
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Dentro de cada um destes grandes grupos, outras especificações foram criadas.
Observe na figura 7 que esquematiza as diversas “famílias” de meteoritos a porcentagem
indicada que corresponde à abundância de cada grupo de meteorito.
Classificação dos Meteoritos
Condritos
Aerólitos
(Stony)
92%
Acondritos
Hexaedrito
METEORITOS
Sideritos
(Irons)
Octaedrito
s
5,5%
Ataxitos
Mesosiderito
Siderólito
(Stony-iron)
1,5%
Pallasitos
Figura 7. Classificação dos meteoritos.
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Os maiores meteoritos do mundo
O maior meteorito encontrado até hoje é o Hoba West (figura 8), localizado próximo
de Grootfontein, Namíbia. Tem 2,7 metros de comprimento e 2,4 metros de largura. Sua
massa é estimada em 59 toneladas. O maior meteorito exibido em um museu é o Cabo
York (figura 9) que pesa aproximadamente 30 toneladas. Foi encontrado perto de Cabo
York, Groelândia, em 1897 pela expedição do Comandantete Robert Peary e está no
Museu Americano de História Natural, Nova Iorque, Estados Unidos.
Figura 8 Hoba West em detalhes, evidenciando o aspecto de sua superfície.
Figura 9. Cabo York no Museu Americano de História Natural, Nova Iorque, Estados Unidos.
Qual a chance de um meteorito nos atingir?
É bastante remota a possibilidade de sermos atingidos por um meteorito, mas
alguns acidentes já ocorreram. Há evidências que um cachorro foi morto em Nakhla
(Egito), uma mulher teve ferimentos na perna e um carro ficou amassado em eventos
envolvendo a queda de meteoritos.
Figura 10. Meteorito que atingiu uma casa em Sylacauga, EUA, ferindo uma mulher enquanto dormia
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Figura 11. Danos deixados em um veículo atingido pela queda de um meteorito, em Peekskill, EUA.
Conhecendo o Bendegó
Bendegó é o nome do maior meteorito já encontrado no nosso país (até o
momento). Seus números são de fato impressionantes:
- Massa de 5.360 quilos;
- Dimensões espaciais de 2,15 metros de comprimento, 1,5 metro de largura e 58
centímetros de altura.
A aparência deste meteorito é de uma massa compacta e irregular, com buracos
cilíndricos na direção paralela ao seu maior comprimento. Sua composição possui
principalmente ferro e níquel, além de outros elementos em menor proporção (como
enxofre e cobalto), por isso é classificado como do tipo siderito.
Do interior da Bahia à cidade maravilhosa
Ainda no século XVIII, especificamente em 1784, o Bendegó foi descoberto em
uma cidade do interior da Bahia. Um garoto percebeu, numa região próxima ao Rio Vaza
Barrís, nos sertões de Monte Santo, uma “pedra” de tamanho colossal e aspecto um tanto
diferente das demais. Logo tratou de avisar à família sobre seu achado, que
posteriormente comunicou as autoridades da região. A suspeita inicial era de que a
“pedra” conteria ouro e prata.
Desta forma, o então governador D. Rodrigo, providenciou seu transporte até a
capital baiana, Salvador. Para tanto, foi elaborada uma estratégia envolvendo cerca de 30
homens de maneira que o meteorito fosse posto sobre uma carreta apropriada e levado
até o riacho de Bendegó, de onde seguiria até o Porto de Salvador. Este plano contou
logo com alguns imprevistos durante o caminho: ao descer, a carreta junto com o
meteorito foram impulsionados de tal forma que ambos foram parar no leito do riacho
Bendegó!
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Figura 12. A criança sobre o meteorito de Bendegó nos dá a noção das dimensões avantajadas deste que é
o maior meteorito encontrado em solo brasileiro.
E a saga continua...
O desânimo abateu os planos de transporte do meteorito, mas a notícia sobre a
descoberta da enorme “pedra” correu o mundo e chamou a atenção dos cientistas, que
desconfiaram da verdadeira natureza do achado. Com estudos realizados a partir de
amostras do Bendegó, ficou comprovado que a gigantesca pedra era na realidade um
meteorito.
Passados mais de 100 anos da descoberta, em 1887, como comemoração ao
aniversário da Independência do Brasil, iniciou-se uma operação para retirada do
meteorito do riacho Bendegó. Ficou decidido que o transporte seria feito por terra firme,
conseqüentemente exigindo a construção de várias estradas pelo caminho. Muitas
dificuldades precisaram ser vencidas durante esta verdadeira odisséia que durou 126
dias, percorrendo uma distância média de 113km, até que o Bendegó chegasse à
Estação de Ferro em Jacuricy, com destino posterior à Salvador.
Em 1° de junho de 1888, ele embarcou no vapor “Arlindo”, seguindo para Recife e,
posteriormente, para o Rio de Janeiro. Finalmente, em 27 de novembro de 1888 o
meteorito chegava ao Museu Nacional do Rio de Janeiro.
O transporte do Bendegó é certamente um dos mais notáveis já realizados em
nosso país, contando com muita engenhosidade, planejamento e perseverança.
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Figura 13. Trabalhadores locais e o planejamento para transporte do Bendegó
Figura 14. Meteorito posicionado sobre a carreta que o levaria até Jacuricy.
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Agora é com você!
Estudar os meteoritos envolve uma investigação de amostras desses “pedaços de
astros” e nesta tarefa, você também pode colaborar! Para tanto, atente para alguns
fatores:
- Não confunda os meteoritos com qualquer pedregulho. Lembre-se que, vindos do
espaço, os meteoritos passam pela atmosfera da Terra e, pelo atrito com o ar, queimam
sua parte externa, ganhando uma fina casquinha de coloração escura.
- Em geral, esses pedaços de astros apresentam riscos e cavidades, que parecem
marcas de dedos em massa de modelar. A análise do interior da rocha, no entanto, é o
que definirá se você está diante de um meteorito ou não.
Até o presente foram encontrados oficialmente 56 meteoritos no Brasil. Faça o
teste do quadro 1 e descubra quais suas chances de se tornar o responsável por
descobrir o 57° meteorito brasileiro.
Quadro 1. Como identificar um meteorito.
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Meteoritos pelo Mundo
Hoba West
Meteorito: Hoba West
Data descoberta: 1920
Localidade: Grootfontein,
Namíbia - África
Peso: 60 toneladas
Localização Atual: Inalterada
Notas: O maior meteorito
encontrado até agora.
Campo del Cielo
Meteorito: Campo del Cielo ou El Chaco
Data descoberta: 1969
Localidade: Chaco - Argentina
Peso: 37 toneladas
Localização Atual: Perto do local de achado.
Notas: Famoso meteorito Haag pela polêmica
que esse colecionar em sua busca por
meteoritos. Segundo alguns pesquisadores
pesaria 33.4 toneladas.
Ahnighito
Meteorito: Ahnighito ou Cape York
Data descoberta: 1894
Localidade: West Greenland - Greenland
(Groenlândia)
Peso: 30.875 ton
Localização Atual: Museu Americano de
História Natural, Nova Iorque, E.U.A
Notas:
Armanty
Meteorito: Armanty
Data descoberta: 1898
Localidade: Xinjiang - China
Peso: 28.0 toneladas
Localização Atual: Centro de
exibição, Urumqui, Xinjian Uygur
Região Autônoma (Província de
Xinjiang), China
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Bacubirito
Meteorito: Bacubirito
Data descoberta: 1806
Localidade: Sinaloa México
Peso: 22.0 toneladas
Localização Atual:
Centro de Ciências Sinaloa - México
Agpalilik
Meteorito: Agpalilik ou Cape York
Data descoberta:1963
Localidade:Greenland OcidentalGreenland (Groenlândia)
Peso: 20.1 toneladas
Localização Atual:Museu geológico Universidade de Copenhague,
Copenhague - Dinamarca.
Mbosi
Meteorito: Mbosi
Data descoberta:1930
Localidade:Rungwe,
Tanzânia - África
Peso:16.0 toneladas
Localização Atual:
Inalterada
Willamette
Meteorito: Willamette
Data descoberta: 1902
Localidade: Clackamas Co. Oregon
-USA
Peso: 14.140 toneladas
Localização atual: Rose Center for
Earth and Space - Museu
Americano de História Natural,
Cidade de Nova Iorque - Estados
Unidos
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Chupaderos I
Meteorito: Chupaderos I
Data descoberta: 1852
Localidade: Chihuahua - México
Peso:14.114 toneladas
Localização atual: Palácio dos
Minerais da Cidade do México
Notas: Encontrado em dois
pedaços
Mundrabilla I
Meteorito: Mundrabilla I
Data descoberta: 1966
Localidade: Austrália Ocidental,
Austrália
Peso:11.5 toneladas
Localização atual: Museu
Australiano Ocidental, Perth, WA Austrália
Notas: O maior meteorito
encontrado na Austrália.
Morito
Meteorito: Morito
Data descoberta: 1600
Localidade: Chihuahua México
Peso: 10.0 toneladas
Localização atual: Palácio
dos Minerais da Cidade do
México
Campo del Cielo (Santiago del Estero)
Meteorito:Campo del Cielo ou Santiago del
Estero
Data descoberta: 1997
Localidade: Chaco - Argentina
Peso: 10.0 toneladas
Localização atual: Próximo do local onde
foi achado
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Um pouco mais
Se você acha que possui um meteorito, colabore com as pesquisas nesta área enviando
uma amostra para:
Profª Maria Elizabeth Zucolotto
Museu Nacional/S. Meteorítica
Quinta da Boa Vista – S. Cristovão, Rio de Janeiro – RJ. CEP: 20940-040
Tel: (21) 8828-5898
Quer saber mais sobre meteoritos?
Acesse:
http://www.meteoritos.com.br
http://www2.igc.usp.br/museu
Créditos:
Texto produzido por Marta Rodrigues e Priscila Vasconcellos com orientação de Marcos
Calil (chefe da Escola Municipal de Astrofísica) em setembro de 2010 para atender a
exposição METEORITOS do Planetário Prof. Aristóteles Orsini (Planetário Ibirapuera –
São Paulo).
Disponível em:
<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/planetarios/banco_de_
textos/index.php?p=401>
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Prefeitura de São Paulo
Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
Divisão de Astronomia e Astrofísica
Escola Municipal de Astrofísica
Av. Pedro Álvares Cabral, s/n - Pq Ibirapuera - São Paulo - (11) 5575-5425
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
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