SEMICONDUTORES – COMPONENTES ATIVOS Como já vimos, um condutor é qualquer material que permite o fluxo de corrente elétrica. Se juntarmos a palavra semi a condutor, podemos deduzir que seja qualquer material que possui um nível de condutividade que compreende um extremo de um isolante e um condutor. São chamados de cristais semicondutores. Alguns materiais como o silício e o germânio tem uma estrutura interna de forma geométrica bem definida, chamadas de estruturas cristalinas. Se em um material tivermos somente estruturas cristalinas repetidas, temos um monocristal, característica de um semicondutor. Os monocristais silício e germânio apresentam quatro elétrons em sua camada de valência, presos em sua estrutura por uma ligação covalente. Se acrescentarmos energia nesses elétrons, eles podem passar da banda de valência para a banda de condução. Na ilustração abaixo podemos compreender a diferença entre as bandas de energia entre condutor, semicondutor e isolante: Uma característica dos cristais semicondutores é o potencial de GAP bem definido, como por exemplo, o silício (1,1 eV) e o germânio (0,67 eV). Uma diferença bem definida entre condutores, semicondutores e isolantes esta relacionado à resistividade de cada um. Ex: - Resistividade do cobre = 0,000001 Ω.cm - Resistividade do germânio = 50 Ω.cm - Resistividade do silício = 50 kΩ.cm - Resistividade da mica = 1.000 GΩ.cm Estes valores são válidos a materiais como certo grau de pureza, chamados de materiais intrínsecos. Quando aplicamos impurezas nestes cristais, suas propriedades mudam totalmente. SEMICONDUTOR TIPO N E TIPO P: Quando acrescentamos impurezas em um material de base de germânio ou silício obtemos cristais semicondutores com características totalmente diferentes dos cristais puros (intrínsecos). São os materiais semicondutores do tipo N e tipo P chamados de materiais extrínsecos. Ao processo de inserção de impureza nos cristais semicondutores chamamos de dopagem. Semicondutor tipo N: Quando acrescentamos um elemento de impureza de 5 elétrons na camada de valência (impureza pentavalente), como o antimônio, arsênio, fósforo, obtemos o semicondutor do tipo N. Destes cinco elétrons, quatro se associam ao átomo de silício ou germânio, e o quinto fica livre na estrutura do material. Ao semicondutor do tipo N também chamamos de impurezas doadoras. Podemos associar N a negativo, onde os elétrons livres excedem as lacunas. Neste caso os elétrons são chamados de portadores majoritários e as lacunas, portadores minoritários. Abaixo podemos ver um semicondutor do tipo N com uma impureza de fósforo: Semicondutor tipo P: Quando acrescentamos um elemento de impureza de 3 elétrons na camada de valência (impureza trivalentes), como o boro, gálio ou índio, obtemos o semicondutor do tipo P. Quando associado com os tetravalentes em ligação covalente, temos um número insuficiente de elétrons, fazendo surgir uma vaga nas ligações, chamado de lacuna. Ao semicondutor do tipo P também chamamos de impurezas receptoras (ou aceitadoras). Podemos associar P a positivo, onde as lacunas excedem os elétrons livres. Neste caso as lacunas são chamadas de portadores majoritários e os elétrons livres, portadores minoritários. Abaixo podemos ver um semicondutor do tipo P com uma impureza de Boro: Tanto as impurezas do tipo N como as do tipo P alteram as características dos semicondutores, como por exemplo, o GAP do silício cai para 0,05 eV e do Germânio para 0,01 eV. Os materiais do tipo P e N são a base para construção dos dispositivos semicondutores. DIODO SEMICONDUTOR (DIODO RETIFICADOR) Quando unimos um semicondutor do tipo N com um semicondutor do tipo P, obtemos um dispositivo sólido simples de junção PN, denominado diodo semicondutor de junção. Na região da junção, ocorre uma difusão dos elétrons livres com a lacuna, onde, devido à repulsão mútua dos elétrons livres do lado N, estes se espalham por todas as direções e alguns atravessam a junção, combinando com as lacunas (figura 1,2). Quando isso ocorre, a lacuna desaparece e o átomo associado torna-se carregado negativamente (íon negativo). Para cada elétron que atravessa a junção cria-se um par de íons. À medida que o número de íons aumenta a região próxima à junção fica sem elétrons livres e lacunas. Esta região é chamada de camada de depleção. A intensidade da camada de depleção aumenta a cada elétron que atravessa a junção até que se atinja um equilíbrio, cirando uma barreira impedindo a continuação da difusão (figura 3). Figura 1 Figura 2 Figura 3 Nesta camada de depleção estabelece então uma barreira de potencial, que a 25°C, esta barreira é de 0,7 volts para o silício e 0,3 volts para o germânio. SIMBOLOGIA: De cada lado da pastilha (P e N), saem um terminal onde usamos para fixar o diodo em nosso circuito eletrônico (figura 1). Por convenção, o terminal ligado no material tipo N é denominado catodo (K) e o terminal ligado no material do tipo P, denominado anodo (A). a simbologia deste componente á a mostrada na figura 2. Figura 1 POLARIZAÇÃO DO DIODO: Figura 2 Polarizar um diodo significa aplicar uma diferença de potencial em seus terminais. Temos duas formas de polarizar um diodo, nas quais veremos a seguir. Polarização Direta: Quando o polo positivo da bateria é ligado ao terminal P do diodo e o negativo ao terminal N do diodo, a quantidade de elétrons aumenta consideravelmente do lado N, dando energia para os elétrons vencerem a barreira de potencial e se combinar com as lacunas do lado P, tornando elétrons de valência, caminhando assim, até atingir a outra extremidade do cristal e escoar para o lado positivo da bateria. Quando isso acontece, uma intensa corrente elétrica passará a circular pelo diodo. Dizemos então que o diodo se comporta como uma “chave fechada” e está polarizado diretamente. Polarização Reversa: Quando o polo positivo da bateria é ligado ao terminal N do diodo e o polo negativo ao terminal P do diodo, os elétrons livres da região N são obrigados a se afastarem da junção em direção ao terminal positivo da bateria. As lacunas do material P também se deslocam para o terminal negativo. Os elétrons que saem do terminal N deixam íons positivos próximos a junção, e as lacunas que saem do terminal P deixam íons negativos próximos a junção, aumentando a barreira de potencial, até que seu valor se iguale ao valor da fonte. Nessas condições, praticamente não ocorre nenhum fluxo de corrente pelo diodo e ele se comporta como uma “chave aberta” e está polarizado reversamente. CURVA CARACTERÍSTICA DO DIODO: A curva característica do diodo é um gráfico que relaciona cada valor da tensão aplicada com a respectiva corrente elétrica que atravessa o diodo. Nota-se pela curva que o diodo descreve não é um componente linear, ao contrário de um resistor por exemplo. A tensão de joelho é a tensão que ultrapassa a barreira de potencial do diodo, fazendo-o conduzir intensamente, quando polarizado diretamente. No diodo de Silício esta tensão é de aproximadamente 0,7 V e no diodo de Germânio, de 0,3 V. O diodo polarizado reversamente passa uma corrente elétrica extremamente pequena, chamada de corrente de fuga. Se a tensão reversa for aumentada passando o limite suportado pelo diodo, é atingida a tensão de ruptura, onde a corrente aumenta (avalanche) e o diodo é provavelmente danificado. APROXIMAÇÕES DO DIODO: Ao fazer analises ou projetos em circuitos com diodo é necessário conhecer as curvas características do diodo, mas dependendo da relevância do diodo no processo podemos usar algumas aproximações para simplificar seu dimensionamento. Temos três aproximações: 1ª Aproximação (Diodo Ideal): No diodo ideal associamos seu comportamento como uma chave liga/desliga, ou seja, um condutor ideal polarizado diretamente e um isolante ideal polarizado reversamente. 2ª Aproximação: Leva em conta que o diodo precisa de uma tensão mínima para conduzir (0,7 volts para o silício e 0,3 volts para o germânio). Podemos associar como um diodo em série com uma bateria. 3ª Aproximação: Na terceira aproximação consideramos a resistência interna oferecida pelo diodo em sua barreira de potencial. No diodo de silício esta resistência é de aproximadamente 7 Ω. Para a maioria dos trabalhos é usado como referência de análise a segunda aproximação. É a que vamos usar. ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA DE UM DIODO: Ao especificar um diodo devemos saber ao menos os seguintes itens: A capacidade de condução de corrente direta, a tensão reversa, a máxima potência de trabalho, a corrente de surto direta. Estas e outras informações são disponibilizadas em folhas de dados disponibilizados pelos fabricantes, onde podemos consultar em sites especializados na internet, como www.alldatasheet.com, www.datasheetcatalog.com, etc. Abaixo, as especificações técnicas da série de diodos retificadores 1N4001 a 1N4007, retirada do datasheet do fabricante PANJIT. POTÊNCIA DE UM DIODO: Para que a potência máxima não seja ultrapassada basta usarmos a fórmula de potência para este dimensionamento (P = U x I). Usualmente os diodos são divididos em duas categorias, os diodos de pequenos sinais com potência abaixo de 0,5 W e os retificadores com potência maior que 0,5 W. Para que o diodo não ultrapasse a potência máxima, já que o diodo polarizado conduz corrente como um curto circuito, devemos limitar a corrente usando um resistor chamado de resistor limitador de corrente (Rs). Quanto maior o valor do resistor, menor a corrente que atravessa o diodo. RETA DE CARGA: Como a curva característica do diodo não é linear torna-se complexo determinar o valor de corrente e tensão em cima do resistor e do diodo. Um método utilizado para este fim é o uso da reta de carga, que se baseia na curva característica do diodo e da curva do resistor. De acordo com a lei de ohm para determinar a corrente do circuito, determinado pelo ୰ୣୱ୧ୱ୲୭୰ ୲୭୲ୟ୪ିୢ୧୭ୢ୭ resistor limitador de corrente, temos: I = I= ୖ ୖ De acordo com a lei de Kirchhoff, em um circuito em série, a corrente será a mesma no diodo e no resistor. Por exemplo, se a resistência for de 100Ω e a tensão de alimentação for de 2 volts, temos: ଶିୢ୧୭ୢ୭ I= = -0,01 x Udiodo + 0,02 ଵ Se Udiodo = 0, substituindo na fórmula, I = 20 mA. Este ponto é chamado de ponto de saturação, pois este é o máximo valor que a corrente pode assumir (chave fechada). Se I = 0, substituindo na fórmula, Udiodo = 2. Este ponto é chamado de corte, pois representa a corrente mínima que atravessa o resistor e o diodo. Analisando o gráfico temos: Ponto de corte: Corrente mínima do circuito (I = 0A, U = 2V). Ponto de saturação: Corrente máxima do circuito (I = 20 mA, U = 0V). Ponto de operação ou ponto quiescente: Representa a corrente através do diodo e do resistor. Sobre o diodo temos uma tensão de 0,78V (I = 12mA, U = 0,78V). PRÁTICAS DE MEDIÇÃO DO DIODO: Podemos medir um diodo com um multímetro analógico ou digital. - Medição com multímetro analógico: Deve ser medido na escala de resistência (Ω). Deve apresentar em um dos sentidos (polarização direta) uma baixa resistência (em torno de 10 a 50 Ω) e no outro sentido (polarização reversa) uma alta resistência (próximo ao infinito). Se o diodo apresentar baixa resistência nos dois sentidos o diodo esta em curto e se apresentar alta resistência nos dois sentidos o diodo esta aberto. - Medição com multímetro digital: O multímetro deve ser ajustado para medição de semicondutores (normalmente representado pelo símbolo de um diodo). Na polarização direta deve apresentar um valor em torno de 0,7 (de 0,5 a 0,8) no display do multímetro. Na polarização reversa deve indicar infinito. Infinito dos dois lados o diodo está aberto e indicando valores dos dois lados o diodo esta em curto. Medindo com polarização direta (0.573) Medindo com polarização reversa ( 0L infinito)