II.6. IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS II.6.2. AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS A empresa optou por agrupar e descrever os impactos por fator ambiental, diferenciando sua descrição de acordo com o aspecto ambiental que o causa. No entanto, ao classificar alguns dos impactos, a empresa não os separou de acordo com os aspectos geradores, somente quanto às etapas da atividade. Solicita-se que os impactos sejam classificados em função de cada ação geradora, contudo a empresa pode manter a descrição dos impactos agrupando-os por compartimento, como realizado no estudo. Resposta: O item está sendo reapresentado ao final deste documento de respostas de forma a atualizar as informações sobre a atividade, e a atender as solicitações do Parecer Técnico 335/2013 CGPEG/IBAMA. Nessa nova versão do documento, os impactos foram classificados de acordo com os aspectos geradores e com as etapas da atividade. Vale mencionar, contudo, que alguns aspectos geradores foram agrupados na descrição e classificação dos impactos, em função dos efeitos semelhantes no fator ambiental afetado. A empresa ainda não definiu os fluidos a serem utilizados durante a fase com riser. Portanto, a descrição dos impactos de interferências com as comunidades biológicas têm que apresentar uma visão conservativa, não considerando somente a utilização de fluidos com baixa toxicidade. Esta consideração também deve ser adotada na classificação dos impactos. Resposta: Conforme as solicitações desta CGPEG/IBAMA, a classificação dos impactos sobre as comunidades biológicas foi realizada de forma bastante conservativa. Vale ressaltar, contudo, que todos os fluidos de perfuração previstos foram devidamente testados quanto à sua toxicidade - avaliada em todos os fluidos propostos; biodegradabilidade, teor de hidrocarbonetos poliaromáticos e potencial de bioacumulação - avaliados nos fluidos de base não aquosa, ressaltando-se que os resultados atendem às atuais práticas ambientais. Adicionalmente, cabe lembrar que a atividade tem curta duração (120 dias, prorrogáveis para mais 60 dias) está situada em lâmina d’água superior a 2.500 m, e a uma distância mínima superior a 60 km da costa. Os resultados da caracterização ambiental realizada na área do Bloco BM-CAL-13 indicaram que os parâmetros analisados apresentaram valores compatíveis com os limites esperados para a região (águas profundas), e que as concentrações obtidas para nutrientes classificam a região como altamente oligotrófica. (Vide Relatório de Caracterização Ambiental, encaminhado a esta CGPEG em 29/05/2013, através da correspondência S&OR-RC&E-13-001, protocolada sob o número 02.022.0000636/13-15). IMP 3 – Variação da Qualidade dos Sedimentos Este impacto não pode ser considerado de pequena magnitude, porque embora local, as condições do sedimento da região de deposição serão severamente alteradas e desta forma o impacto é de grande magnitude. Deve-se levar em consideração que estamos tratando de mais de 1.000m³ de cascalho impregnado de fluido de perfuração aquoso ou aquosos e parafínico concentrados na região do entorno da plataforma num raio entre 300m e 1400m da fonte. Setembro/2013 Revisão 02 II.6-1/7 Deve-se considerar ainda que a possibilidade de mobilização da acumulação de cascalho depositado é bem baixa, haja vista que as correntes de fundo na profundidade em questão não terão força suficiente para mobilizar o cascalho acumulado. Consequentemente, a alteração físico-química do sedimento torna-se praticamente irreversível. Sendo assim, solicita-se a revisão. Resposta: O impacto foi revisto, de acordo com o entendimento desta CGPEG, tendo sido classificado como de grande magnitude e irreversível. Vale ressaltar, contudo, que os resultados do relatório de caracterização ambiental (baseline) elaborado para a área do Bloco BM-CAL-13, encaminhado a esta CGPEG em 29/05/2013, através da correspondência S&OR-RC&E-13-001, protocolada sob o número 02.022.0000636/13-15, indicaram a inexistência de estruturas biogênicas, tais como recifes, algas calcárias e rodolitos, e uma macrofauna bentônica com baixos valores de riqueza e diversidade. IMP 5 - Interferência com as comunidades nectônicas Este impacto deve ser visto de forma mais conservativa e cuidadosa considerando os cetáceos, pois as mudanças de comportamento observadas indicam um impacto em si, ao provocar o afastamento dos indivíduos. Não se sabe ao certo que consequências adicionais pode ter este efeito. Como nem todos os indivíduos são observados, e não se tem uma ideia clara de quantos indivíduos são impactados, esta avaliação deveria ser ainda mais conservativa. Com relação ao período da atividade, ele não é insignificante em relação ao período de concentração reprodutiva, considerando que as baleias jubarte se concentram na região também num período relativamente curto (julho a novembro) equivalente à duração da atividade (120 dias ou 4 meses de contínua geração de ruído no local, podendo se estender ainda por mais dois meses). Desta forma, o período da atividade compreenderá até a totalidade do tempo em que as baleias jubarte estarão concentradas com fins reprodutivos, se executada nos meses de julho a novembro. Solicita-se a revisão da magnitude do impacto. Resposta: O impacto foi revisto, conforme a solicitação desta CGPEG, tendo sido classificado como de grande magnitude. Contudo, vale ressaltar, que a atividade no Poço Pitanga ocorrerá entre meados de setembro e meados de janeiro, coincidindo em apenas 2,5 – 3 meses do período de migração da jubarte. Quanto ao segundo poço, este dependerá dos resultados obtidos no Poço Pitanga, não tendo, portanto seu cronograma definido. IMP 6 – Interferência nas Comunidades Bentônicas Este impacto não pode ser considerado de pequena magnitude, mas sim de grande magnitude, porque embora local, as condições do sedimento da região de deposição serão severamente alteradas física e quimicamente, alterando tanto a composição como a estrutura da comunidade bentônica, com a mortalidade imediata de inúmeros organismos. Deve-se levar em consideração que estamos tratando de mais de 1.000m³ de cascalho impregnado de fluido de perfuração aquoso ou aquosos e parafínico concentrados na região do entorno da plataforma num raio entre 300m e 1400m da fonte. Setembro/2013 Revisão 02 II.6-2/7 Deve-se considerar ainda que a possibilidade de mobilização da acumulação de cascalho depositado é bem baixa, haja vista que as correntes de fundo na profundidade em questão não terão força suficiente para mobilizar o cascalho acumulado. Consequentemente, a alteração físico-química do sedimento torna-se praticamente irreversível e bem assim a alteração e perda de habitat para as espécies. Deve-se ter em mente ainda que a ingestão de sedimento contaminado por espécies detritívoras, é uma via de contaminação da biota por metais – teoricamente bioindisponíveis em sua maior parte – e hidrocarbonetos, o que é uma porta de entrada significativa para as cadeias alimentares. Considerando-se ainda que o fluido de perfuração parafínico pode ser usado, deve-se considerar que a degradação deste tipo de base é demorado e a presença dele no sedimento vai se prolongar, causando impacto de longo prazo. Sendo assim, solicita-se a revisão da análise deste impacto. Resposta: O impacto foi revisto de acordo com a solicitação desta CGPEG, tendo sido classificado, conservadoramente, como de grande magnitude, irreversível e de longa duração. Vale lembrar, mais uma vez, que os resultados do relatório de caracterização ambiental (baseline) elaborado para a área do Bloco BM-CAL-13, encaminhado a esta CGPEG em 29/05/2013, através da correspondência S&OR-RC&E-13001, protocolada sob o número 02.022.0000636/13-15, indicaram a inexistência de estruturas biogênicas, tais como recifes, algas calcárias e rodolitos, e uma macrofauna bentônica com baixos valores de riqueza e diversidade. IMP 7 – Variação de Biodiversidade decorrente da bioincrustação na plataforma Solicita-se a revisão deste item, pois, considerando que este impacto ocorra, não pode ser considerado de pequena magnitude. A baixa probabilidade de ocorrência não muda o fato de que a introdução de uma espécie é desastrosa e em geral de grande magnitude, pois pode levar à extinção de espécies nativas causando impactos irreversíveis alterando o ambiente natural. Aliás, a avaliação de impacto o considera como ocorrido e nesse caso, não se aplica sua probabilidade. Por outro lado, a presença da plataforma em águas brasileiras não implica em qualquer segurança no sentido de evitar a introdução de espécies exóticas, uma vez que certas regiões da costa brasileira já se encontram com infestação de espécies exóticas que podem contaminar o navio. Sendo assim, esta avaliação não está considerando conservativamente variáveis importantes em suas conclusões. Esta solicitação está também em consonância ao solicitado nas Reuniões Técnica e Públicas, como citado neste parecer técnico. Resposta: O impacto foi revisto, conforme recomendação desta CGPEG, tendo sido classificado como de grande magnitude, permanente e irreversível. Vale mencionar que, embora esse impacto tenha sido descrito como passível de ocorrência durante a operação normal da atividade, é na verdade um impacto potencial, bem como, o abalroamento de organismos e barcos de pesca, com as embarcações operantes na atividade, visto que estão vinculados a situações acidentais. Setembro/2013 Revisão 02 II.6-3/7 IMP 11 - Interferência na Pesca Transporte da unidade marítima de perfuração, para posicionamento e desativação. Restrição da área de pesca – Esse atributo, por mais que tenha a classificação de curto de duração e a localização da unidade marítima seja distante da costa, é de grande importância para os pescadores que exploraram os recursos pesqueiros daquela área de pesca impedida de ser utilizada. Desta forma, não cabe ser classificada como de pequena importância. Solicita-se alteração da classificação do atributo no que se refere ao quesito importância. Resposta: A classificação do atributo de pequena importância para o impacto da restrição de área de pesca em função da presença da unidade marítima e de sua zona de segurança foi baseada nos resultados gerados no âmbito do diagnóstico para os municípios de Salvador a Belmonte, em especial a partir da dinâmica espacial das frotas artesanais oriundas dos portos e comunidades desses municípios. Assim, não fora identificada a ocorrência de pescarias artesanais desses municípios na área do Bloco BM-CAL-13. Ao mesmo tempo, concorda-se com a colocação dessa Coordenação no sentido de incluir esta questão como sendo de grande importância para os pescadores. Assim, mesmo que a probabilidade seja remota a orientação foi acatada, alterando a classificação deste impacto para de grande importância. “No ANEXO A” – Análise Probabilidades Pesca, aponta-se que no período de dezembro a março as embarcações de pesca estão mais afastadas da costa devido aos recursos pesqueiros da época. Isso aumenta a probabilidade de ocorrer um encontro entre os barcos pesqueiros e as embarcações de apoio. Salienta-se a importância desta informação para os impactos na pesca artesanal. Resposta: A análise de probabilidade referida foi realizada a partir de informações sobre a frequência que as frotas de pesca dos municípios diagnosticados que atuam nas áreas em que os barcos de apoio e dedicados devem utilizar como rotas, fruto da sobreposição espacial entre estas duas atividades. Os dados analisados são provenientes de 1.564 amostras de desembarques ocorridos entre janeiro de 2009 e março de 2012, ou seja, abarcando uma variabilidade interanual de dinâmica espacial de pesca superior a 3 anos. No período de dezembro a março, a frota artesanal analisada, em especial que opera com espinhel e linha de mão, costuma atuar mais distante da costa em função das melhores condições de mar e da presença-aproximaçãoconcentração de espécies pelágicas (dourado, albacora, sororoca, cavala). Assim, essa informação é importante e foi devidamente considerada nas estimativas de probabilidades, as quais consideraram essa dinâmica-realidade para o período sinalizado. Setembro/2013 Revisão 02 II.6-4/7 II.6.2.2. Possibilidade de Ocorrência de Acidentes B. COMPARTIMENTO BIÓTICO IMP 4 – Interferência com a biota marinha Comunidades Planctônicas Solicitam-se esclarecimentos acerca da afirmação “O zooplâncton, particularmente, acumula hidrocarbonetos aromáticos parafínicos entre as partes do corpo..” (grifo nosso). Resposta: Essa informação foi retirada do trabalho “Avaliação de Impacto do Derramamento de Óleo na Baía de Todos os Santos em 16-04-92 – Relatório Final” produzido em 1992, pela Universidade Federal da Bahia, mas realmente está confusa, e por esse motivo foi retirada do texto. Mamíferos marinhos A afirmação de que os odontocetos são capazes de detectar e evitar áreas afetadas carece de base científica e deve ser revisada, pois não é o verificado no acidente de Macondo no Golfo do México, onde vários animais deste grupo morreram justamente por não poderem evitar a inalação do óleo e consequente intoxicação. Segundo dados de Williams et al. (2011) os números da mortalidade dos cetáceos (14 espécies de ondontocetos) foi subestimado, pois o total de 101 carcaças encontradas, corresponderia a cerca de apenas 2% do total de animais mortos pelo derrame. Wiiliams, R., Gero, S., Bejder, L., Calambokidis, J., Kraus, S.D., Lusseau, D., Read, A.J., & Robbins, J. 2011. Conservation Letters 0:1–6. Resposta: Alguns estudos realmente sugerem que os cetáceos podem detectar o óleo na superfície da água, e com isso evitá-lo. Isso pôde ser comprovado pelo estudo apresentado por St AUBIN (1992), no qual experimentos com golfinhos nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) em cativeiro mostraram que esses animais conseguem detectar visualmente uma lâmina de óleo cru de 1 mm de espessura na superfície da água do mar e evitam ir à superfície em locais onde a água do mar contém uma camada de 1 cm de óleo mineral. O mesmo resultado foi encontrado por SMITH et al. (1983). Estratégias similares têm sido observadas durante outros eventos de vazamento. Por exemplo, o que ocorreu com a população de boto-cinza (Sotalia guianensis) residente na Baía de Guanabara, que foi vista deixando a Baía após o incidente com vazamento que ocorreu em 2000. A população foi para mar aberto, retornando antes mesmo que as operações de limpeza estivessem finalizadas (BARCELLOS & SILVA, 2003; SHORT, 2003). Os indivíduos voltaram para as áreas de alimentação e apresentaram comportamentos normais. Vale ressaltar que as áreas de alimentação não foram atingidas por óleo e isso pode justificar as observações feitas (SHORT, 2003). Setembro/2013 Revisão 02 II.6-5/7 Entretanto, os comportamentos citados acima contrastam com observações feitas em campo por outros autores, com esses e outros cetáceos que aparentemente nadaram e se comportaram normalmente no meio de manchas de óleo (MATKIN et al., 2008; NOAA, 2010a). Durante o vazamento Mega Borg, no Novo México em 1990, foi reportado que indivíduos de um grupo de Tursiops, podiam provavelmente detectar a mancha, mas não evitaram o contato com ela, nadando através das áreas com óleo (WURSIG & SMULTEA, 1991). MATKIN et al. (2008) também observaram que orcas não tentaram evitar as áreas contaminadas por óleo após o vazamento Exxon Valdez no Alaska, mesmo sendo excelentes nadadoras e conseguindo permanecer submersas por 3 a 10 minutos contínuos, retornando à superfície para respirar após centenas de metros. Da mesma forma, após o acidente que ocorreu em Macondo no Golfo do México em 2010, WILLIANS et al. (2011), eu seu trabalho, citado por essa CGPEG, indica o elevado número de animais mortos, dentre eles odontocetos, por não conseguirem evitar a mancha de óleo. Isso demonstra que apesar da capacidade de alguns cetáceos em evitar áreas com óleo, o tamanho da mancha, a dependência por comida e uma interação social podem sobrepor essa estratégia de evitação, causando impactos sobre essas espécies. Ressalta-se que isso ocorre, principalmente, em espécies costeiras, que possuem fidelidade a determinadas áreas, lembrando que os impactos sobre estas populações residentes afetariam sua reprodução e saúde, além de comprometer a disponibilidade/captura de alimento e a coesão de grupo. Concluindo, espera-se que em casos de vazamentos pequenos e que não atinjam a região costeira ou áreas de reprodução, os odontocetos consigam evitar a região com presença de óleo, entretanto para vazamentos de grandes volumes e que gerem manchas de grandes proporções, ou ainda, que atinjam regiões importantes ecologicamente para as espécies (áreas de reprodução ou específicas de alimentação), tais animais não serão capazes de evitar a área e poderão ser impactados. II.6.3 SÍNTESE DOS IMPACTOS Este item deverá ser revisado em função das considerações e das revisões solicitadas neste parecer técnico. Resposta: O item foi integralmente revisado. II.6.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este item deverá ser revisado em função das considerações e das revisões solicitadas neste parecer técnico. Resposta: O item foi integralmente revisado. Setembro/2013 Revisão 02 II.6-6/7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARCELLOS, L. & SILVA F. O. R. P. 2003. Petrobras wildlife rehabilitation response at Guanabara bay oil spill. In: International Oil Spill Conference. 4p. MATKIN, C. O., SAUTILIS, E. L., ELLIS, G. M., OLESIUK, P. & RICE, S. D. 2008. Ongoing populationlevel impacts on killer whales Orcinus orca following the ‘Exxon Valdez’ oil spill in Prince Willian Sound, Alaska. Mar. Ecol. Prog. Ser., 356: 269-281. NOAA, 2010a. Impacts of Oil on Marine Mammals and Sea Turtles. US Department of Commerce. National Marine Fisheries Service. Disponível em: www.noaa.gov. Acessado em agosto de 2011. SHORT, M. K. J., 2003. Guanabara Bay Oil Spill 2000, Brazil – Cetacean Response. In International Oil Spill Conference. 3p. SMITH, T. R., GERACI, J. R., St AUBIN, D. J. 1983. Reaction of bottlenose dolphins, Tursiops truncatus, to a controlled oil spill. Can. J. Fish. Aquat. Sci., Vol. 40: 1522-1525. St. AUBIN, D. J. 1992. Overview of the effects of oil on marine mammals. 1992 MMS (Minerals Management Service) – AOCS Region Information Transfer Meeting. Disponível em: http://www.mms.gov/alaska/reports/1990rpts/92_0046.pdf#page=81. Acessado em agosto de 2011. WURSIG, B. & SMULTEA, M. A. 1991. Bottlenose dolphin reactions to the Mega Borg oil spill. Marine Mammal Research Program. Texas A&M University, Galveston. A seguir é apresentado integralmente o item II.6 – Identificação e Avaliação de Impactos Ambientais, incorporando todas as sugestões e solicitações desta CGPEG/IBAMA. Setembro/2013 Revisão 02 II.6-7/7