PARADISE NOW Israel/França/Alemanha/Holanda, 2005. Cor, 35mm, 90 min. Ficha Técnica direção HANY ABU-ASSAD roteiro HANY ABU-ASSAD, BERO BEYER e PIERRE HODGSON produção BERO BEYER música JINA SUMEDI fotografia ANTOINE HEBERLE edição SANDER VOS elenco HIYAM ABBAS, LUBNA AZABAL, ASHRAF BARHOM e MOHAMMAD BUSTAMI. Sinopse Amigos de infância, os palestinos Khaled e Said são recrutados para realizar um atentado suicida em Tel Aviv. A operação não ocorre como o planejado e eles acabam se separando. Distantes um do outro, com bombas escondidas em seus corpos, Khaled e Said devem enfrentar seus destinos e defender suas convicções. Oficina Cine-Escola, Europa Filmes e M. A. Marcondes apresentam PARADISE NOW Gênero: drama / Classificação: 14 anos. Prêmios Globo de Ouro 2006: Melhor Filme Estrangeiro. Festival de Berlim 2005: Melhor Filme concedido pela Anistia Internacional; Prêmio Blue Angel, Prêmio do júri do jornal Berliner Morgenpost. Indicado ao Oscar 2006 de Melhor Filme Estrangeiro. Hany Abu-Assad, nascido em 1961, em Nazaré, aos 19 anos se mudou para a Holanda para estudar engenharia aeronáutica. Segundo ele, tornou-se cineasta por conta de um amor não correspondido. Na Holanda, fez filmes como Nazareth 2000 (2002), Ford Transit (2002) e Rana's Wedding (2002) e atualmente filma nos EUA L.A. Cairo. Filmografia Recomendada PROMESSAS DE UM NOVO MUNDO (Promisses), de Justine Shapiro e B.Z. Goldberg e Carlos Bolado. Israel/EUA, 2001. CÓDIGO 46 (Code 46), de Michael Winterbottom. Inglaterra, 2003. MUNIQUE (Munich), de Steven Spielberg. EUA, 2005. Debate após a sessão com o professor de história Wanderley Quêdo. Agradecimento especial ao professor Helion Póvoa Neto. de Hany Abu-Assad Grupo Estação: 20 anos projetando a diferença. Oficina Cine-Escola é um programa permanente de formação de público, que desde 1985 desenvolve ações que exploram o cinema como instrumento educativo. www.estacaovirtual.com/oce Equipe Felicia Krumholz - coordenção geral Bia A. Porto - assistente de produção Informações: tel/fax: 2539-6142 www.estacaovirtual.com/oce e-mail: [email protected] Rua Voluntários da Pátria, 53 / 4º andar Botafogo - RJ Da China a Israel - e os muros que nos cercam por Ricardo Issáo Ito paredes de concreto ou marcas de pedra. Alguns pontos estratégicos são vigiados com rigor, usando-se de câmeras, luzes e sensores eletrônicos, controlados pela polícia de fronteira. As características que unem o indivíduo a grupos sociais têm naturezas diversas, criadas por convenções aceitas pela maioria. E são aspectos singulares destas convenções que determinam a diferença entre grupos, formando em situações ímpares, rupturas em diferentes níveis. Estudos da Universidade de Houston mostram que de 1994 até hoje morreram mais de 2,2 mil pessoas tentando atravessar a fronteira. (…) Em quase 30 anos de história, morreram entre 800 e 1 mil pessoas tentando atravessar o muro de Berlim. Tais rupturas podem ser representadas de maneiras diversas, tal como a vestimenta do clero, o tamanho das posses individuais, o segmento de valores culturais e corpontamentais adotados, a separação física de terrenos com a demarcação de territórios. Todos estes e vários outros aspectos se combinam de maneiras infindáveis, porém hierárquicas. Um necessariamente será predominante, possibilitando a formação de um grupo coeso que se identifique como tal, com consciência de seus atos e considerado único em relação aos demais. Com isto, identificamos famílias, grupamentos sociais e políticos, nações e civilizações. Em determinados momentos históricos, as rupturas se aprofundam, deflagrando conflitos, sejam eles internos ou externos às unidades sociais. Em casos nos quais a segurança esteja comprometida, as rupturas tendem a materializar-se em barreiras físicas, sendo o muro sua melhor representação. Os exemplos são inúmeros. No século III a.C., iniciou-se a construção da Grande Muralha da China, para defender as dinastias de incursões bárbaras vindas do norte. Na mesma linha de raciocínio, erigiu-se na província da Bretanha, atual Inglaterra, a Muralha de Adriano no século II d.C., como proteção militar e clara delimitação do Império com relação aos territórios não civilizados. No entanto, a construção de tais elementos nos trazem mais sensação do que real segurança. O muro, para os bárbaros ou para os que estão do outro lado, é um obstáculo a ser engenhosamente contornado, seja pela persistência ou perspicácia. A linha Maginot construída após a Primeira Guerra Mundial, com o intuito de defender a França de ataques germânicos não impediu a ocupação nazista; ela foi contornada pela invasão dos Países Baixos. A Muralha de Adriano foi inutilizada quando do enfraquecimento das instituições e poder romanos. O alívio e felicidade pela união, não apenas da Alemanha, mas de todos os povos, que se sentiu naqueles dias é constantemente desmentido. O mundo ocidental estaria degladiando em movimentos de xadrex em um tabuleiro invisível os radicais que não compartilham os mesmos valores que nós e se sentem ameaçados pelo poderio militar dos EUA. No Oriente Médio, a desconfiança entre as partes conflitantes não permite o diálogo, e a insegurança retorna com o ideal de separação física. Alguns partidários de Benyamin Netanyahu irão aceitar um Estado Palestino após a construção de um muro e a delimitação de uma região de segurança para impedir a entrada de terroristas palestinos em Israel. de Hany Abu-Assad PARADISE NOW Exemplo mais recente é o muro de Berlim. Símbolo maior da Guerra Fria, o muro da vergonha que dividia um povo em duas ideologias conflitantes veio abaixo em 1989 quando a União Soviética abriu sua economia ao resto do mundo e modificou sua política externa com relação aos demais países do bloco comunista. Para Castillo e Antas, o muro entre o México e os Estados Unidos é apenas a evidência concreta que separa o mundo subdesenvolvido do desenvolvido de modo geral. "É o caso mais grave, pois esse muro é uma absolutização de uma das maiores contradições do período atual: a maior concentração de riquezas já havida na história. O fato é que há, também, um muro entre Brasil e Estados Unidos. E entre nós e a Inglaterra, a França, a Alemanha etc". Para eles, enquanto a circulação de mercadorias, capitais, informações e fluxos financeiros fica liberada no contexto atual, a dos homens é cada vez mais restringida. MURO ÉTNICO. Já o muro localizado no Oriente Médio, que adentra territórios palestinos ocupados por Israel teria outra natureza. "Esse é um muro étnico, da recusa de integração entre povos, da recusa da paz", dizem os pesquisadores. Alegando questões de segurança, o governo de Israel está construindo uma barreira de mais de 700km na Cisjordânia. Com exceção do governo norte-americano, as principais lideranças internacionais têm condenado, com alguma veemência, Israel pela construção do muro. A fronteira que ele estabelece vai além da chamada linha verde, marco internacionalmente reconhecido como limite de Israel. (…) Após a pressão internacional, Israel anunciou que alterará o desenho atual do muro, aproximando-o – mas não o igualando – da linha verde". Outros Muros Coréia do Norte/Coréia do Sul: separa, desde 1953, as duas Coréias e é tão fortificado que o ex-presidente Bill Clinton citava-o como “o lugar mais assustador do mundo”. Belfast, Irlanda do Norte: construído nos anos de 1970, essa barreira de pedra, barras de aço e ferro, conhecida como A Linha da Paz divide as comunidades Protestantes e Católicas. Chipre: uma construção de 177km de arame farpado, concreto, minas enterradas etc. compõe a paisagem da ilha e divide desde 1974 os turcos dos gregos. O governo separatista turco cipriota, desde 2003, vem reduzindo as restrições para as travessias de fronteiras. Marrocos: o Muro da Vergonha separa por 2.375km de pedra e minas terrestres a região ocidental do Saara, na África. Foi construído na década de 1980 para evitar que guerrilheiros penetrem no território marroquino. Índia/Bangladesh: ao custo de mais de 1 bilhão de dólares, um muro de arame farpado percorre 2.300km de fronteira desde 1986. Índia/Paquistão: em 1989 a Índia iniciou a construção de um muro na região da Cachemira. Até agora já existem mais de 1.000km de barreiras eletrificadas nesta região de conflito. Kuwait/Iraque: Desde o final da guerra do Golfo, em 1991, soldados das Nações Unidas patrulham as fronteiras que vão desde a Arábia Saudita até o Golfo Pérsico numa largura de 190km de cercas eletrificadas. Passados séculos desde a construção da Muralha da China, a sociedade fragmenta-se cada vez mais, multiplicando os muros, tanto visíveis quanto invisíveis, que nos cercam. Botsuana/Zimbábue: para evitar a disseminação de doenças, o governo de Botsuana erigiu, em 2003, um muro ao longo de sua fronteira. Já os nativos do Zimbábue acreditam que essa divisa destina-se a dificultar a emigração do conturbado país para seu vizinho mais calmo. Os diferentes muros sociais que se erguem no mundo contemporâneo (trechos) por Rafael Evangelista Arábia Saudita/Iêmen: para evitar a entrada de terroristas, foi iniciado em 2003 um muro de mais 3m de altura na fronteira entre os dois países. Depois de protestos de iemenitas, a Arábia Saudita reiniciou o projeto com o apoio do governo do Iêmen. … "As fronteiras, obsoletas no conceito popular da globalização, estão longe de acabar, mas passam por uma profunda reformulação, avaliam os pesquisadores Ricardo Castillo (da Unicamp) e Ricardo Mendes Antas Junior (da Unifieo)". …"Pouco comentado, o muro do México (ou muro do Império, como preferem alguns) que separa este país dos Estados Unidos, vai da praia de Tijuana, no Oceano Pacífico, e se estende sem interrupção por toda a fronteira entre os dois países até chegar no rio Grande. Começa a 150 metros mar adentro, como uma armação de 8 metros de altura de barras de aço e concreto, e se transforma numa linha de alambrados, Fontes Da China a Israel - e os muros que nos cercam. Publicado em Revista Autor [On-Line]: Sociedade, Ano II, nº 12 - Junho de 2002: http://www.revistaautor.com.br Os diferentes muros sociais que se erguem no mundo contemporâneo. Ciência e Cultura [On-Line] : v.56 n.3 São Paulo jul./set. 2004: http://cienciaecultura.bvs.br Outros Muros. OneWorld.net, 06/10/05: http://www.oneworld.net/article/view/119995/1/