ARQUITECTURA EXTERIOR
NOTAS:
1) O rectângulo central do Palácio com as quatro torrinhas está assinalado a
vermelho
2) O Terraço ou Galeria das Artes está assinalado a roxo
3) A Capela, parte mais antiga, está assinalada a laranja
4) A Ala do século XVIII está assinalada a verde
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Desenvolvimento
O Palácio é constituído por um corpo principal do século XVII ao qual foi acrescentada
uma ala no século XVIII. O corpo principal consiste, em esquema, num rectângulo com
cerca de18m x 22m no qual se inserem quatro torres, ligeiramente projectados para o
exterior (cerca de 2m. nas fachadas Norte e Nascente e menos de 1m. na fachada Sul),
das quais duas existem realmente e são chamadas Torrinhas, a do canto Nordeste e a do
canto Sudeste, uma terceira, a do canto Noroeste é visível no exterior, mas foi alterada
no interior para fazer a ligação com a dita ala do século XVIII e a quarta, a do canto
Sudoeste, só existe no piso térreo e não no andar nobre, já que no espaço que lhe
competiria se encontra a zona mais larga do Terraço, descortinando-se apenas na
fachada Sul, já que na Poente não deixa vestígios.
É justamente no Terraço ou Galeria das Artes, que é rompido, e desde a época principal
da sua construção, o esquema base desta casa. De facto, a partir do rectângulo, de
aproximadamente 5,5X9,5m., que ocupa o lugar do que seria a Torrinha Sudoeste, além
de parte do espaço paralelo à loggia Nascente, prolonga-se em direcção à Capela. É
limitado a Sudeste por um muro, cujo comprimento é de aproximadamente 27m., tendo
um pouco menos do triplo de cada um dos muros que o limitam a Poente, no exterior da
Sala das Batalhas, e a Sul, no exterior da Sala dos Painéis, ambos com cerca de 9,5m. e
que forma com este último um ângulo obtuso de 135º. É esta ruptura com o esquema
base, perfeitamente tradicional, que se deve à pré-existência da Capela e ao arrojo de
quem a concebeu, que torna esta casa ímpar na história da arquitectura, além dos
revestimentos azulejares e, em menor grau, dos revestimentos de embrechados.
A fachada Norte é ligeiramente (cerca de 3,5m.) prolongada, após o primitivo remate da
Torrinha Noroeste antes de fazer um ângulo recto, de onde arranca a ala do século
XVIII, que é, portanto, perpendicular à Fachada Norte e, nesta fachada virada a
Nascente, tem cerca de 20m. de comprimento. No seu lado poente, a fachada da ala do
século XVIII é mais longa, tendo cerca de 32m, e, formando um ângulo obtuso de 140º,
ligeiramente convergente com o já referido muro do Terraço, prolonga-se por cerca de
23m..
A ala do século XVIII tem, ao nível do piso térreo da sua fachada Nascente, um
alargamento de cerca de 4m., que é duplicado no lado oposto, por uma construção
semelhante que oculta o Jardim Formal sendo um e outro lados rematados por Torreões,
cujo duplo telhado é tipicamente pombalino.
Há vários outros elementos arquitectónicos. As fachadas Nascente e Sul são
contornadas por terraços, no piso térreo, sabendo-se que na época de D. João
Mascarenhas, ou seja no século XVII, o terraço da Fachada Nascente era um fosso com
uma ponte em pedra, a meio da fachada, que dava acesso ao Jardim Formal e que, terá
sido transformado em terraço, provavelmente na campanha de obras do século XVIII. O
terraço da fachada Sul, que na sua parte mais longa tem cerca de 28m., é rematado no
lado Poente pela Fonte da Carranquinha, que é ornamentada com embrechados, e no
lado Sul, por um muro com cerca de 2,5m de altura, paralelo à fachada Sul da casa; no
lado Nascente, este terraço funde-se com o da Fachada Nascente, que na sua parte mais
longa tem cerca de 34m., sendo este último limitado por uma balaustrada a todo
comprimento, com excepção da interrupção, localizada frente ao meio da fachada
Nascente, que dá acesso a uma pequena escadaria que permite descer ao Jardim Formal.
No final do século XX, foi deslocada uma escada, já do século XX e embutida no muro
Sul do terraço da Carranquinha, que dá acesso ao Jardim de Cima.
Sala de Aparato do
Século XVIII e
Ala do Século XVIII
Capela
Loggia Norte
sobre o Átrio e
Loggia Nascente
Torreão
Poente e
Nascente
Pátio de
Entrada
Escadaria e
Entrada Principal
Casa do Fresco
ou da Água
e Tanque dos Ss
Torrinha Norte
e Sul
Terraço ou
Galeria das Artes
Sala dos Painéis e
Sala das Batalhas
Terraço Sul e Terraço Nascente
O Jardim Formal, cuja dimensão é aproximadamente de 67m. no sentido Norte-Sul e de
58m. no sentido Este-Oeste é limitado a Poente, Norte e Nascente, por 3 muretes com
azulejos; os muretes Norte e Nascente têm floreiras na sua parte superior, e o murete
Poente, um pouco mais alto que os anteriores, é sobrepujado por uma balaustrada que
separa o terraço, adjacente à fachada Nascente da casa, do Jardim Formal; a Sul, é
limitado pelo conjunto formado pelo Tanque dos Cavaleiros e Galeria dos Reis.
O, assim chamado, Jardim de Cima está dividido por um murete com floreiras, do
prolongamento do século XVIII da Galeria dos Reis, que se situa a Sul do Jardim e está
num nível ligeiramente superior àquele (3 degraus). Nos lados Poente e Sul, o Jardim de
Cima é limitado pelo muro do Ninfeu, que hoje contém a piscina, formando um muro
contínuo que descreve uma curva quando muda de direcção; paralelo a este muro, há
outro, a partir de certa altura, que se prolonga até ao tardoz da Casa da Água,
desenvolvendo-se entre ambos uma escada que dá acesso ao Ninfeu, com 14 degraus; o
muro que contorna os lados Poente e Sul do Jardim, contorna, consequentemente os
lados Nascente e Norte do Ninfeu, mas apresentando-se do lado do Ninfeu apenas como
um desnível, sem qualquer protecção significativa de carácter arquitectónico. O lado
Nascente, que separa o Jardim de Cima do Jardim Formal, com um desnível de cerca de
4,5m, e Norte, que o separa do terraço da Carranquinha, são limitados por um
pequeníssimo murete, de uns 40cm. de altura, revestido no topo com lajes de pedra lioz;
estes muretes tinham sido alterados em época anterior, provavelmente no século XIX,
tendo sido colocadas floreiras por cima do capeamento de lioz. Sensivelmente a meio do
murete Norte, há umas escadas que dão acesso ao referido terraço da Fonte da
Carranquinha, também revestidas de lioz; no fim do murete Norte, o limite do jardim
faz um ângulo de 90º, coincidindo, na sua primeira parte, com o tardoz da referida Fonte
e, na parte final, com o muro do andar térreo que fica por baixo do limite Poente da
parte larga da Galeria das Artes. Nessa altura, o muro inflecte, como inflecte o Terraço
que ele sustenta, formando um ângulo igual ao que o muro Sudoeste forma com o muro
Sul na referida Galeria, mas um piso abaixo; o muro Nordeste do Jardim, segue
paralelamente àquele, mas prolonga-se até incluir o muro da Capela, que está no
alinhamento do anterior e que inclui uma janela, ao nível do andar nobre, localizada na
Sacristia. Ao nível do Jardim de Cima, o muro interrompe-se para dar acesso a uma
escada bastante estreita, cuja cobertura forma um arco de cilindro sendo a totalidade do
espaço, com excepção dos degraus, revestido por azulejos azul e branco, que formam o
padrão camélia; esta escada dá acesso à Galeria das Artes. O Jardim de Cima apresenta
na sua generalidade uma forma que evoca a do Terraço da Capela, diferenciando-se dele
por a sua zona mais larga ser maior que a do Terraço e a sua zona mais estreita ser mais
pequena. O remate Sudoeste do Jardim é o espaço designado por Tanque dos Ss e Casa
da Água, mas na realidade, trata-se de um espaço que não tem hoje nome e que é
constituído por um lajedo, que remata o Jardim no lado Sudoeste e que pouco depois de
começar é ladeado por duas correntezas de bancos ornamentados com azulejos, tanto na
parte abaixo do assento como nas costas, que formam um arco de círculo e convergem
para a Entrada da Casa do Fresco, a que se acede por qualquer dos lados, por dois
degraus; por cima dos bancos há um espaço construído, mas aparentando uma pedra
porosa. No centro de todo este espaço desenvolve-se o Tanque dos Ss, rematando a
Casa do Fresco o referido espaço a Sudoeste.
O Ninfeu ou Tanque dos Pretos forma um trapézio irregular e é limitado a Noroeste e
Este Nordeste, aproximadamente, pelo acima referido muro do Jardim de Cima e a Sul e
Oeste, aproximadamente, por dois muros que formam um ângulo recto, com cerca de
3m de altura, cavados com 10 nichos nos quais se inserem esculturas em chumbo
representando divindades menores, das quais 7 no muro Sul e 3 no muro Oeste. O
Tanque original está, hoje divido em duas partes, mantendo-se uma como tanque e a
outra como piscina. No final do muro Sudoeste, mas inflectindo ligeiramente mais para
Sul, encontra-se um portão gradeado que dá acesso por uma rampa com degraus à Mata.
Há ainda outros elementos arquitectónicos no interior do recinto murado de que se
destacam vários anexos, primitivamente com funções agrícolas e de residência dos
criados, alguns dos quais foram já no século XX convertidos em elementos tão díspares
como um tentadero e um picadeiro que durante os anos 50 virou hangar; esses espaços
estão em geral alugados como residências ou com outras funções e constituem uma das
fontes de receitas da Fundação. Há também várias minas de água. Dos restantes
elementos arquitectónicos, destaca-se um Pombal do século XVIII, um riacho
canalizado que nalgumas partes é subterrâneo e uma conversadeira que é
simultaneamente uma ponte sobre esse riacho e se situa na zona Nascente da Horta, já
próxima do respectivo muro Norte.
Fernando Mascarenhas
Janeiro 2008
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