Em palavras iniciais, em nome dos 11 mil e oitocentos advogados sulmato-grossenses, saudamos os eminentes Desembargadores João Maria Lós (Presidente), Paschoal Carmello Leandro (Vice Presidente) e Julizar Barbosa Trindade (Corregedor-Geral da Justiça) que tomaram posse nesta Egrégia Corte Judiciária. Presidente João Maria Lós, Vossa Excelência ascende a mais um alto patamar em sua vida por conta da capacidade que desenvolveu em sua trajetória profissional e, sobretudo, pela intrínseca qualidade que distingue a grandeza do magistrado. Sua Excelência possui os atributos necessários a ocupá-la; responsabilidade institucional, independência, sentido de liderança, dinamismo, estima, segurança, lucidez e elegância. Tem o ponto ótimo entre a cordialidade no trato pessoal e a assertividade da autoridade que representa. Homem culto, inteligente, experiente e que tem revelado, desde seu ingresso no respectivo Tribunal em 05.06.97, um espírito público a toda prova que, ajudou a construir expressiva jurisprudência nas questões revestidas da maior transcedência social, política e jurídica. Senhor Presidente, O Tribunal atua em reciprocidade com os demais operadores do direito. Advogados, procuradores, defensores, promotores, compõem, junto com os magistrados e desembargadores desta casa, a mesma estrutura dirigida a fim único: revelar a mais adequada aplicação da lei como melhor forma de servir aos cidadãos sul-mato-grossenses. Todos têm direito a voz, que será sempre a do cidadão, titular do direito fundamental ao serviço jurisdicional. Os advogados e advogadas do Mato Grosso do Sul esperam que V.Exa., continue a demonstrar toda sua sensibilidade social e serenidade neste novo compromisso institucional e republicano assumido nesta data. Ao defender o livre exercício da advocacia, esteja certo de que V. Exa., intercede pela coletividade. Ela, a advocacia, é que perante a Justiça representa o jurisdicionado. Senhor Presidente, A melhor coisa registrada na história universal foi a DESCOBERTA DO DIÁLOGO. De minha parte penso que diálogo é tolerância, é o admirável hábito de supor que o interlocutor pode ter razão. Dialogar não representa abrir mão de deveres institucionais, tampouco da autonomia inerente a cada Poder. O diálogo é necessário à estabilidade institucional, de modo a permitir o avanço democrático. Ou seja, a permitir uma GESTÃO ESTRATÉGICA SUSTENTÁVEL DO PODER JUDICIÁRIO. Hoje se fala em construção do Estado Constitucional Sustentável. Tal noção preconiza que as atuais gerações exercitem o direito/dever fundamental de suprir suas necessidades sem prejudicar as gerações futuras. Neste momento, não posso deixar de registrar o amplo dialogo da atual gestão do OAB/MS com o Poder Judiciário, oportunizado pela gestão do então Presidente, Joenildo de Sousa Chaves, onde o diálogo foi aberto e franco. As tratativas foram objetivas e práticas. E essa conduta simples e compromissada resultou em várias melhorias para os advogados e cidadãos sul-mato-grossenses, inclusive, com a suspensão de prazos no período de 7 a 20 de janeiro deste ano, contribuindo com a melhoria da saúde dos advogados. Por isso, Presidente ora empossado, o diálogo franco, sincero e a crítica racional é a chave do entendimento e do fortalecimento da democracia. Desse modo, devemos promover juntos uma “UNIÃO INSTITUCIONAL”, em busca desses ideais. Aliás, a “VIDA É BREVE PERTO DA HISTÓRIA”. Senhor Presidente, Mostra-se impregnada de grande impacto, a precariedade crônica do sistema penitenciário brasileiro, com o seu terrível cortejo de iniquidade que ferem, profundamente, a dignidade da pessoa e lesa, de modo irreparável, os direitos básicos de que também os presos são titulares, comprometendo-se, gravemente, a própria eficácia ressocializadora da pena. E tal situação assume maior gravidade, quando se tem presente que vítimas desse verdadeiro abuso do Estado não são apenas os definitivamente condenados à prisão, mas, igualmente, aqueles sujeitos às diversas modalidades de prisão cautelar, que constituem, hoje, dentro do sistema prisional brasileiro que abriga 711 mil pessoas, 41% desse universo, que, embora presas cautelarmente, ainda não sofreram condenação penal transitada em julgado. Em Mato Grosso do Sul, a superlotação também é crítica, com 14.288 presos em uma capacidade de lotação de 7.357, o que representa um déficit de 6.931 vagas. Uma solução simples, moderna e justa é implementar urgentemente no Estado, a AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA (PL 554/11). A idéia é que, dentro de 24 horas, o juiz entreviste o preso e ouça manifestações do seu advogado ou da Defensoria Pública, além do Ministério Público. Ele vai analisar se a prisão é necessária e poderá conceder a liberdade, com ou sem a imposição de outras medidas cautelares. Também poderá avaliar eventuais ocorrências de tortura ou de maus-tratos. Por isso que, por proposição do Conselheiro Estadual Carlos Magno Couto, referendado pelo Conselho Seccional, o Presidente do CFOAB, Marcus Vinicius Furtado Coelho, acolheu a sugestão e recomendará a todos os Tribunais de Justiça do País, a AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA. Esses são em síntese os nossos desafios! Cumprimento Vossas Excelências, Desembargadores João Maria Lós (Presidente), Paschoal Carmello Leandro (Vice-Presidente) e Julizar Barbosa Trindade (Corregedor-Geral), desejando-lhes uma profícua missão nesta Egrégia Corte Judiciária, estendendo-lhes a solidariedade do integral apoio da OABMS na resolução dos problemas e na superação dos permanentes desafios com que se defronta esta Corte na garantia e defesa dos valores republicanos. Desejo reiterar minha confirmação do meu respeito pelo Poder Judiciário, pela nova diretoria empossada e, sobretudo de reafirmação de dialogo direto e permanente entre o Poder Judiciário e a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Mato Grosso do Sul, que congrega 11 mil e oitocentos advogados sul-mato-grossense. Concluo dizendo que “DA HUMILDADE NUNCA SE APRENDE O BASTANTE”. MUITO OBRIGADO!!!