Anos 1990 Caso Eliseu Resende O caso refere-se ao escândalo envolvendo o então Ministro da Fazenda Eliseu Resende, acusado de favorecimento à construtora de Norberto Odebrecht. Eliseu Resende assumiu o ministério da Fazenda no governo de Itamar Franco entre março e maio de 1993. Com menos de dois meses de posse (seu plano de ajuste econômico, o “Plano Resende”, ainda não havia completado nem um mês), o ministro foi envolvido em suspeitas de favorecer a empreiteira de Norberto Odebrecht, priorizando investimentos em obras de hidrelétricas ligadas à construtora e atuando em favor da mesma na tentativa de liberar um financiamento no valor de US$ 115 milhões para uma obra de irrigação no Peru. Também suspeitava-se de um segundo financiamento, obtido pela Odebrecht para a realização de um aqueduto no Equador, no valor de R$ 115 milhões. A concessão deste empréstimo aconteceu rapidamente na gestão de Eliseu Resende, mesmo depois de ficar parada durante anos no governo Collor. A Odebrecht emprestou, inclusive, dinheiro para o Equador, no valor de R$ 427 mil, para que o país honrasse sua dívida com o Brasil e, deste modo, fosse liberado o valor de US$ 108 milhões referentes à primeira parcela do financiamento. Ambos os empréstimos, do Equador e do Peru, não só infligiam as regras do próprio governo, como também desconsideravam as recomendações do Banco Central, que impedia a concessão de financiamentos destinados a países com débitos com o Brasil. As suspeitas do favorecimento à construtora por parte de Eliseu Resende aumentaram na medida em que se descobriu que o ministro havia trabalhado em altos cargos dentro do grupo 1 Odebrecht de 1983 a 1990, chegando a ocupar o Conselho Geral de Administração do grupo entre 1989 e 1990. Além disso, dias antes de as suspeitas virem à tona, Eliseu viajou a Nova York acompanhado do diretor da Odebrecht, Rubio Fernal Ferreira e Souza, ficando hospedado no Hotel Plaza, com reservas feitas e pagas pela empreiteira. No escândalo houve ainda o envolvimento de Wando Borges, secretário executivo do ministro, e Maria da Glória Rodrigues Teixeira, assessora do Ministério da Fazenda e mulher do lobista e ex-diretor da Odebrecht, Fernando Câmara. Foi Maria da Glória que, com a ajuda do escritório do marido, redigiu o voto que Wando Borges apresentou à CFE (Comitê de Financiamento às Exportações), defendendo aprovação do empréstimo à empreiteira. Na ocasião, Maria da Glória encontrava-se em licença médica, sendo requisitada exclusivamente para ajudar a elaborar o voto. Segundo denúncias, Wando Borges teria tentado apressar a concessão do empréstimo à Odebrecht, tomando a decisão unilateral de priorizar o pedido da empreiteira, pedido que já havia sido retirado de pauta na CFE no governo Collor por não atender a todos os requisitos legais e que, após ser recolocado na gestão de Eliseu Resende, estava até então parado e desprovido de prioridade. A pressa para a concessão do empréstimo, como foi depois descoberto, estava relacionada ao fato de que estava acabando o prazo para que a empreiteira oferecesse ao Peru a garantia de que contava com crédito, de cerca de US$ 136 milhões, sem o qual não poderia disputar a concorrência da obra de irrigação. Eliseu prestou depoimento ao Senado no dia 13 de maio de 1993, e seus esclarecimentos foram considerados satisfatórios pelos senadores. O caso foi posteriormente arquivado. Ainda sim, desgastado e com a credibilidade fragilizada, Eliseu Resende deixou o governo, com demissão acordada com Itamar Franco. No dia 12 de maio de 1993, através de portaria assinada pelo Ministro Eliseu Resende, a CFE foi extinta. Fontes: http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx. http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx. http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx. 2 http://acervo.folha.com.br/fsp/1993/05/05/2. http://acervo.folha.com.br/fsp/1993/05/05/2. http://acervo.folha.com.br/fsp/1993/05/13/2. http://acervo.folha.com.br/fsp/1993/05/13/2. http://acervo.folha.com.br/fsp/1993/05/20/2. Acessados em 28/08/11. 3