O BANCÁRIO Edição Diária 5154 | Salvador, sexta-feira, 29.06.2012 Filiado à Presidente Euclides Fagundes Neves Fotos João Ubaldo SISTEMA FINANCEIRO Enquanto em uma empresa pacote custa R$ 10,00, em outra o mesmo serviço vale R$ 17,00 Bancos cobram o que querem dos clientes Os bancos públicos, que deveriam prezar pelo desenvolvimento do país, estão pensando em engordar os cofres também. Mês passado, as carteiras de empréstimo e financiamentos estatais cresceram mais do que o dobro dos públicos Os bancos anunciaram a redução das taxas após intensa pressão do governo federal. No entanto, nem tudo são flores. As organizações financeiras cumpriram as exigências, mas não esqueceram da lucratividade. Com as tarifas menores, a opção foi atochar o cliente na cobrança pelos pacotes de serviço. Enquanto na Caixa os clientes pagam R$ 10,00, no Santander, por exemplo, os correntistas desenbolsam mensalmente R$ 17,00 pelo mesmo serviço. A pesquisa foi feita entre Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, HSBC, Itaú, Safra e Santander, comparando os índices de maio de 2011 e o mês passado. Mais uma prova de que os banqueiros só se preocupam mesmo é com os próprios bolsos. Página 2 Rede pública não cumpre o papel de desenvolvimento no país Página 3 Quase 21 milhões de pessoas no mundo vivem no trabalho escravo Página 4 www.b an car i os b ah i a.org .b r SISTEMA FINANCEIRO Diferença da taxa entre os bancos chega a 70%. Altíssima Bancos lucram mais com pacotes de tarifas Não é novidade que os bancos fazem de tudo para lucrar cada vez mais. Os valores cobrados para a prestação de serviços oferecidos aos clientes comprovam isto. Pode chegar a 70% a diferença de valor entre os pacotes padronizados de tarifas bancárias, segundo o Procon. Na Caixa, o pacote é de R$ 10,00, menor valor encontrado. O maior é o do Safra, R$ 17,00. Foram comparadas as tabelas de serviços prioritários e de pacote padronizado vigentes em 16/05/11 com as praticadas em 16/05/12 no Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, HSBC, Itaú, Safra e Santander. De acordo com a pesquisa, somente a Caixa reduziu o valor do pacote. Estão incluídos o cadastro para início de relacionamento, oito saques por mês, quatro extratos mensais, dois extratos do período referente ao mês imediatamente anterior e quatro transferências entre contas na própria instituição. O BB elevou os juros de seis tarifas, sendo que a maior variação verificada foi de 14,81% no depósito identificado. O Bradesco aumentou nove tarifas. A maior alta foi a do extrato mensal (43,75%). No Itaú, oito tarifas foram elevadas, com maior variação de 40,44% para a exclusão do cadastro dos emitentes de cheques sem fundos. Também houve mudanças na Caixa. A variação na concessão de adiantamento a depositante chegou a 59,26%. O HSBC e Santander mantiveram as taxas, enquanto o Safra reduziu cinco e aumentou 16. CTB cobra justiça para Colombiano e Catarina A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil realiza manifestação hoje, dois anos após a morte do sindicalista Paulo Colombiano e a esposa, Catarina Galindo, para pedir justiça no caso e punição aos criminosos. O ato será realizado às 9h, no Corredor da Vitória, em frente à residência do acusado Claudiomiro César Ferreira Santana, que ao lado de Cássio Miranda de Santana, é suspeito de ser um dos mandantes do crime. O BANCÁRIO Fundado em 30 de outubro de 1939. Edição diária desde 1º de dezembro de 1989 2 O Bancário Fundado em 4 de fevereiro de 1933 Os suspeitos estavam presos na Polinter desde o dia 17 de maio, mas foram soltos no dia 6 deste mês, após pedido de revogação de prisão ser aceito pela Justiça. Colombiano e Catarina foram mortos em 29 de junho de 2010, na porta de casa, em Brotas. Pela tarde, um novo protesto será realizado no Fórum Ruy Barbosa, em Nazaré, para pressionar a Justiça a dar celeridade ao caso. Os transtornos nossos de cada dia Renata Lorenzo* Quem me conhece sabe o quanto reclamo do transporte público de Salvador. Agora, os problemas estão cada vez piores, principalmente em Cajazeiras, onde eu sofro diariamente quando saio para trabalhar pela manhã. Sem falar nos quatro anos em que sofri para chegar até a faculdade, localizada na Luís Viana Filho, a Paralela. Contramão total, apesar de ser perto. Já que falei do meu querido bairro, aproveito para perguntar quem viu a linda propaganda da Prefeitura? Nela, podemos perceber que, dentre todas as melhorias feitas, a estrada que liga a Boca da Mata e a Estrada Velha do Aeroporto foi essencial para o trânsito de Cajazeiras. Um deboche total! Não é possível. Melhorou onde? Acho que filmaram no pistão, já que lá é o único lugar das “Cajás” que a pista não se encontra cheia de buracos. Única mesmo. Voltando aos recentes transtornos... Depois de pegar um belo engarrafamento desde o setor 3 da Cajazeira 10, tenho dois caminhos: Águas Claras ou Castelo Branco (lógico que não vou pela Paralela!). O problema é que ainda não escolhi o pior trajeto. A certeza é de que os dois são ruins. Quero deixar claro que há 8 anos o bairro não sofria com o trânsito caótico. Falo com conhecimento de causa. Levava exatamente uma hora do final de linha da Cajazeira 10 até a Lapa. Atualmente, depende da intensidade do engarrafamento. Para chegar à mesma estação de transbordo, hoje, os cajazeirenses podem levar até duas horas e meia. Até o momento, só falei do engarrafamento. Prefiro nem entrar no mérito das péssimas condições dos ônibus, que tenho de pagar R$ 2,80. São ônibus velhos e sujos (tendo baratas como moradoras). Um serviço totalmente precário. É um absurdo a gente pagar este reajuste, já que nunca somos beneficiados com nada. *Renata Lorenzo é jornalista Os textos para esta coluna têm de ter no máximo 1.900 toques Informativo do Sindicato dos Bancários da Bahia. Editado e publicado sob a responsabilidade da diretoria da entidade - Presidente: Euclides Fagundes Neves. Diretor de Imprensa e Comunicação: Adelmo Andrade. Endereço: Avenida Sete de Setembro, 1.001, Mercês, Centro, Salvador-Bahia. CEP: 40.060-000 - Fone: (71) 3329-2333 - Fax: 3329-2309 - www.bancariosbahia.org.br - [email protected] Jornalista responsável: Rogaciano Medeiros - Reg. MTE 879 DRT-BA. Chefe de Reportagem: Rose Lima. Repórteres: Maiana Brito - Reg. MTE 2.829 DRT-BA e Renata Andrade. Estagiários em jornalismo: Ana Beatriz Leal, Alexandre Veloso e Jeane Abreu. Projeto gráfico: Danilo Lima. Diagramação: Tiago Lima. Impressão: Muttigraf. Tiragem: 10 mil exemplares. Os textos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. www.bancariosbahia.org.br • Salvador, sexta-feira, 29.06.2012 SISTEMA FINANCEIRO As carteiras de créditos e financiamentos obtidas foram maior do que o dobro do registrado nos privados Bancos públicos podem fazer mais As organizações financeiras públicas estão em maior expansão do que os privados. Mais uma prova de que podem investir no real papel das empresas – o desenvolvimento do país –, e não só explorar os empregados. Em maio, as carteiras de em- préstimos e financiamentos dos estatais obtiveram 2,5% de crescimento. Resultado maior do que o dobro da taxa de expansão registrada pelos bancos privados. De acordo com o Banco Central, o saldo das operações do sistema financeiro privado teve elevação de 1% nos bancos de controle nacional e de 0,9% nos de controle estrangeiro. Com o empurrão do governo, a Caixa e Banco do Brasil têm anunciado redução nas taxas de juros, o que incentiva o aumento do consumo. No en- tanto, a ampliação de apenas 1% na carteira dos privados indica que, mesmo com a queda nos juros, os bancos não atenderam às expectativas do governo de que o crédito apresentaria aceleração também entre as instituições financeiras. Brasil é campeão de juros no cartão Quando o assunto é juro do cartão de crédito, o Brasil não fica atrás de ninguém na América Latina. Segundo a Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), a taxa média chega a 237,9% ao ano. O índice é absurdo, principalmente se comparado com países vizinhos como a Argentina, onde os juros médios são de 50%. No México, o juro médio é de 36,2%, na Venezuela 29% e na Colômbia 28,5% ao ano. Quem sofre com esse abuso são as pessoas que não pagam a totalidade da fatura do cartão e têm de refinanciar a dívida. Elas caem no crédito rotativo e, a partir daí, fica difícil de sair do vermelho. Por exemplo, um brasileiro que deve R$ 1 mil em um cartão que cobra taxa de 18% ao mês, depois de 12 meses vai dever R$ 7.287,59. Outro dado que preocupa é que, desde 2004, a taxa do cartão de crédito só faz crescer. Segundo os economistas, atualmente, há quem pratique juros de 600% ao ano, enquanto em 2009 o número não passava dos 400%. O aumento vai na contramão da Selic, que vêm reduzindo desde o final de 2011. As taxas cobradas pelos cartões de crédito são exorbitantes Negociação de saúde no Bradesco é frustrante O Bradesco não apresentou proposta concreta em relação aos problemas no Saúde Bradesco e no plano odontológico, o que frustrou a expectativa dos bancários. Sindicatos e federações participaram da negociação permanente com o banco na quarta-feira. A justificativa da organização financeira é de que uma nova proposta está sendo estruturada e outra reunião deve ser marcada na próxima semana. O tema é de extrema impor- tância e exige solução urgente por parte da empresa. A partir do dia 4 de agosto, o Bradesco não vai poder mais incluir novos funcionários na apólice de saúde vigente, conforme a Resolução Normativa (RN) 254 da Agência Nacional de Saúde (ANS). A apólice foi criada em 1989 e está defasada em atendimentos como psicológico, psiquiátrico e fonoaudiólogo. Uma nova apólice para receber os novos funcionários terá de ser aberta, caso o banco não se comprometa a fazer adaptação ou migração para as novas normas. O problema é que, com isso, vai gerar diferenciação de atendimento entre novos e antigos bancários. Outros pontos A inclusão de pais e mães no plano de saúde é outro ponto que teve destaque na reunião. O Bradesco reafirmou que esta possibilidade está fora de cogitação. Um absurdo. Sobre a manutenção do pla- no de saúde na aposentadoria, as entidades sindicais reivindicam que as mesmas condições atribuídas aos funcionários da ativa continuem vigentes. Mais uma vez, o banco não mostrou disposição para negociar o assunto. O movimento sindical não vai aceitar a postura intransigente da organização financeira. Os trabalhadores cobram seriedade do Bradesco no processo negocial, já que há muito tempo os empregados não vêm avanços nas propostas apresentadas. O Bancário Salvador, sexta-feira, 29.06.2012 • www.bancariosbahia.org.br 3 MUNDO Os dados revelam que os índices são maiores em países desenvolvidos Trabalho escravo atinge três em cada mil pessoas A OIT (Organização Internacional do Trabalho) aponta que em todo mundo existem cerca de 20,9 milhões de pessoas vítimas de trabalho escravo. Estes são alguns dados de diversos No mundo, 20,9 milhões são vítimas de trabalho escravo estudos, os quais muitos brasileiros preferem sofrer calados a perderem o emprego. Parte dos setores privados tem um número preocupante em vítimas da exploração de mão-de-obra. A organização ainda confirma que o trabalho escravo tem uma relevância maior em países de primeiro mundo do que nos mais desenvolvidos. Atualmente, a Ásia e o Pacífico são os que lideram o ranking em lucros e economia. Eles apresentam um grande número de trabalhadores forçados a este tipo de serviço, por enganação ou coação. SORTEIO Depois de perder o direito de sediar a solenidade de abertura da Copa do Mundo de 2014, a Bahia foi compensada com o sorteio dos grupos para o Mundial de Futebol a ser disputado no Brasil. A informação foi confirmada ontem pela Fifa. O local não será em Salvador, mas em Mata de São João, na Costa do Sauípe. O governo do Estado comemora o que chama de “conquista”. FATOR O clima esquentou em Brasília com a votação do fim do fator previdenciário, que impõe restrições para a aposentadoria dos trabalhadores. As centrais sindicais exigem que o projeto seja votado no máximo na próxima semana, antes do recesso do Legislativo. As entidades também estão contrariadas com a proposta do governo de estabelecer idade mínima de 65 anos para homens e 60 para mulheres. Ameaçam com manifestações e greves em setores estratégicos. REBAIXAMENTO Oito bancos brasileiros – Safra, Banco do Brasil, Santander Brasil, HSBC Brasil, Bradesco, Itaú, Itaú-BBA e Votorantim – tiveram rebaixada a nota, chamada de rating em inglês, pela agência de avaliação de risco Moody, que alega o nível de exposição dessas organizações bancárias à dívida pública brasileira. Detalhe é que essa tal de Moody esteve envolvida, anos atrás, em manobras no mercado financeiro que geraram prejuízos bilionários para investidores internacionais. Deveria ter sido não rebaixada, mas sim extinta. Mas, continua a dar nota para países e bancos. ALIANÇA Do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), que esteve ontem em Salvador, sobre o risco de a eleição municipal deste ano abalar o casamento do partido com o PT: “Não há hipótese de disputas regionais contaminarem a aliança nacional, agora ou no futuro. É a regra que estipulamos”, afirmou, citando conversas mantidas com a presidente Dilma Rousseff. SALVADOR Às vésperas do fim do prazo para a realização das convenções partidárias, que expira amanhã, a eleição municipal em Salvador começa a ganhar definição. Anteontem, o radialista Mário Kertész (PMDB) confirmou candidatura a prefeito, em uma chapa “puro sangue” peemedebista. Ontem, o PP retirou a pré-candidatura de João Leão e o PTB a de Edvaldo Brito. As duas siglas, juntamente com o PSB da senadora Lídice da Mata, anunciaram apoio à candidatura de Nelson Pelegrino (PT). O PCdoB mantinha, até a noite de ontem, o nome da deputada Alice Portugal como postulante ao Palácio Thomé de Souza. 4 O Bancário www.bancariosbahia.org.br • Salvador, sexta-feira, 29.06.2012 Paulo Ferraro, presidente interino Ferraro pode ser mantido na presidência do BNB O ex-superintendente regional para a Bahia e Minas Gerais do Banco do Nordeste do Brasil, Paulo Sérgio Rebouças Ferraro, tem grandes possibilidades de ser confirmado como presidente do BNB. Ele está respondendo, interinamente, pela presidência da instituição financeira, depois da saída do ex-presidente Jurandir Santiago, envolvido em denúncias de corrupção quando era secretário das Cidades do governo do Ceará. Esta semana, a AFBNB (Associação dos Funcionários do BNB) solicitou audiência com a presidenta Dilma Rousseff, a fim de reivindicar que o novo presidente do banco seja escolhido por critérios técnicos, com comprovada competência e retidão ética. Tradicionalmente, a presidência do BNB sempre foi ocupada por indicação do Ceará. Paulo Ferraro, que é baiano e funcionário de carreira da instituição, ocupa há mais de três anos a Diretoria de Operações do banco.