Inocência, de Visconde de Taunay
Análise da obra
Taunay tinha um agudo senso de observação e análise, aliado a uma vivência riquíssima da
paisagem e da História do Brasil. Foi um dos primeiros prosadores brasileiros a emprestar a
linguagem coloquial regional em suas obras.
Na época em que o autor se inspirava para escrever Inocência, publicado em 1872, acontecia
no país a aprovação da Lei do Ventre Livre, onde todos os filhos de negros que nascessem à
partir daquela data seria livre da escravidão brasileira.
É notável como o narrador nos apresenta o choque de duas concepções de mundo
extremamente diversas. Pereira, homem do sertão, preso a padrões estritos de
comportamento, mantém sua bela filha Inocência reclusa.
O autor conta com franqueza seu relacionamento com uma jovem que conheceu no Mato
Grosso, a partir daí percebemos a origem mais íntima da personagem-título de Inocência,
protótipo da mulher sertaneja imaginada pelo autor.
Foi um autor além da maioria dos romancistas, entre os quais se incluíam alguns que, embora
também usassem temas sertanistas, não tinham realmente muita experiência do interior
brasileiro. Taunay, ao contrário, escrevia sobre o que conhecera. Aliás o próprio Taunay se
manifestou sobre isso, embora não diminuísse de modo algum a importância e o valor dos
outros romancistas.
Nesse romance, o rigor do observador militar que percorreu os sertões mistura-se à
capacidade imaginativa do ficcionista. O resultado é um belo equilíbrio entre a ficção e a
realidade, raramente alcançado na literatura brasileira até então.
São trinta capítulos e um epílogo, em que poucos personagens se movem. Esses personagens
podem ser agrupados de acordo com a posição que lhes caberá no desenrolar da obra.
Inocência pode ser considerada a obra-prima do romance regionalista (Sertão do Mato Grosso)
do nosso Romantismo. Seu autor, Visconde de Taunay, soube unir ao seu conhecimento
prático do país, adquirindo em inúmeras viagens na condição de militar, o seu agudo senso de
observação da natureza e da vida social do Sertão brasileiro.
A qualidade de Inocência resulta do equilíbrio alcançado entre os aspectos ligados ao conceito
de verossimilhança – que muitas vezes chegava a comprometer a qualidade de obras
regionalistas –, como a tensão entre ficção e realidade, a linguagem culta e a linguagem
regional e a adequação dos valores românticos à realidade bruta do nosso Sertão.
Ao lado dos acontecimentos, que constituem a trama amorosa, há também o choque de
valores entre Pereira e Meyer, um naturalista alemão que se hospedara na casa de Pereira à
procura de borboletas, evidenciando as contradições entre o meio rural brasileiro e o meio
urbano europeu.
A atração pelo pitoresco e o desejo de explorar e investigar o Brasil do interior fizeram o autor
romântico se interessar pela vida e hábitos das populações que viviam distante das cidades.
Abria-se assim, para o Romantismo, o campo fecundo do romance sertanejo, que até hoje
continua a fornecer matéria à nossa literatura.
Aspectos temáticos
Sofrimento – A caminhada do sertanejo em busca de seus objetivos através de longas
distâncias, sendo que no percurso, existe a dificuldade do abrigo.
Simplicidade – É claramente observada através do comportamento e diálogos entre as
personagens típicas.
Contradições – Comprava-se entre o jeito de ser do sertão e a forma avançada da Europa
(Pereira e Meyer).
Amor impossível – Um amor tão puro e verdadeiro que por falta de condições de existência
preferiu a morte, ou pelo menos, foram levados a ela.
Honra – Pereira para manter a honra familiar, sacrificava sua própria filha, já que sua palavra
estava acima de tudo.
Beleza – É retratada através da paisagem do sertão e da jovem Inocência.
Escravidão – é representada por Maria Conga e outros.
O romance é ambientado na confluência dos Estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e
São Paulo.
Foco narrativo
O ponto de vista externo define o narrador de Inocência como um narrador onisciente, que é
tendência dominante na narrativa romanesca do século XIX. É o modelo clássico, que confere
plenos poderes a uma só focalização: tudo é apresentado a partir de um único ponto, com
onisciência e onipresença. Esse é, sem dúvida, um modelo narrativo que atende às
necessidades do romance regionalista, que focaliza a vida, os costumes, os valores sociais a
partir de um único ponto de vista.
Personagens
Inocência: Tem uma grande beleza e delicadeza de traços, nem parece moça do sertão. Isso
vai ser fundamental no despertar da paixão entre ela e Cirino e também na compreensão da
atitude que ela irá tomar posteriormente, afinal, de alguma forma, ela não era uma típica moça
do sertão. Essas características são importantes para a compreensão do desenrolar da
história. Inocência tem cabelos longos e pretos, nariz fino, olhos matadores, beleza
deslumbrante e incomparável, faces mimosas, cílios sedosos, boca pequena e queixo
admiravelmente torneado. Enfim, uma jovem de beleza deslumbrante e incomparável. Simples,
humilde, meiga, carinhosa, indefesa e eternamente apaixonada.
Cirino Ferreira de Campos: prático de farmácia, autopromovido a médico ambulante. Tinha
mais ou menos 25 anos, presença agradável, olhos negros e bem rasgados, barbas e cabelos
cortados quase à escovinha. Era tão inteligente quanto decidido. "Doutor" Cirino era caridoso,
bom doava a própria vida em defesa do amor.
Manecão: Homem rude, mas decente, trabalhador, sério e acumulou fortuna, era dotado
também de uma certa macheza. Alto, forte, pançudo e usava bigode. Enfim, vaqueiro bruto do
sertão. Pessoa fria que matava, se fosse preciso, em defesa de sua honra.
Martinho dos Santos Pereira (Pereira): Homem de mais ou menos 45 anos, gordo, bem
disposto, cabelos brancos, rosto expressivo e franco. Pessoa honesta, hospitaleiro, severo e
não trocava a sua palavra nem pela vida. Condensa em si desconfiança e ingenuidade, além
de ser durão e conservador.
Tico: Anão que vivia na fazenda, mudo, mas que foi capaz de entregar lnocência ao pai. Ele a
vigiava e detinha profundo respeito e admiração pela mesma. Guardião de Inocência. Mudo,
raquítico, esperto e fez por um momento, o papel de fofoqueiro.
Meyer: Um naturalista, que teve a sinceridade de elogiar Inocência, acabou por ser vigiado por
Pereira, mas era muito dedicado a profissão que exercia, portanto viajava muito.
Maria Conga: Escrava de Pereira que cuidava dos afazeres domésticos. Escura, idosa e
malvestida. Usava na cabeça um pano branco de algodão.
Major Martinho de Melo Taques: Homem que merecia influência na vila de Santana do
Parnaíba: Juiz de paz e servia de juiz municipal. Participou da Guerra dos Farrapos no Rio
Grande do Sul. Era comerciante e gostava de contar casos, ou seja, "prosear".
Antônio Cesário: Padrinho de Inocência. Homem respeitado, de palavra, honesto e justo.
Fazendeiro do sertão.
Guilherme Tembel Meyer: Alto, rosto redondo, juvenil, olhos claros, nariz pequeno e arrebitado,
barbas compridas, escorrido bigode e cabelos muito louros. Pessoa de boa índole, esperto em
sua função e simples ao pronunciar as suas palavras. Admirador da natureza e da beleza de
Inocência.
José Pinho (Juque): Ajudante de Meyer. Era muito intrometido em conversas alheias. Pessoa
boa e de confiança de seu patrão.
Enredo
O acaso no meio do caminho
Cirino não tinha um destino certo quando enveredou pela estrada que ligava a vila de Santana
do Parnaíba aos campos de Camapuã, sul da província de Mato Grosso, fronteira de Goiás,
Minas Gerais e São Paulo. Sua única certeza é que devia seguir “curando maleitas e feridas
brabas” (p.22), em lugares esquecidos, no sertão. Era igualmente levado pelo desejo de
conhecer terras novas, lugares perdidos nos mais diversos pontos do interior da província. Por
isso, não hesitou em acompanhar o falante Sr. Pereira, que, seguindo o mesmo caminho,
voltava para casa depois da frustrada tentativa de conseguir remédio para a filha doente. O
encontro casual com Cirino lhe trouxe não apenas um parceiro de prosa, mas também o
remédio que procurava.
Apesar da gravidade da doença, o Sr. Pereira demorou-se em conduzir o médico até o quarto
da filha. Hospitaleiro, ofereceu a Cirino comida farta e pouso. Depois, com muita hesitação,
dirigiu-se ao médico em sinal de alerta:
“- Sr. Cirino, eu cá sou homem muito bom de gênio, muito amigo de todos, muito
acomodado e que tenho o coração perto da boca, como vosmecê deve ter visto...
- Por certo, concordou o outro.
- Pois bem, mas... tenho um grande defeito; sou muito desconfiado. Vai o doutor entrar
no interior da minha casa e ... deve portar-se como...” (p.35)
Na mesma noite da chegada de Cirino, um naturalista alemão, Meyer, e seu camarada, pedem
abrigo na fazenda de Pereira. O entomologista trazia uma coleção de insetos e muitas cartas
de recomendação. Entre elas, uma, assinada por Francisco dos Santos Pereira, irmão
esquecido do Sr. Pereira. Esse feliz acaso foi suficiente para o bom matuto perder a cabeça de
alegria e se colocar totalmente à disposição do alemão. “Esta carta vale, para mim, mais que
uma letra do Imperador que governa o Brasil” (p.59), diz, emocionado, o matuto. Como prova
de sua satisfação, promete apresentar-lhe a filha Inocência assim que ela se recupere.
Os remédios de Cirino logo trazem a saúde de volta ao corpo de Inocência e, com ela, os
traços vitais de sua beleza.
Um dia, após o almoço na casa de Pereira, Inocência é apresentada a Meyer. Diferentemente
de Cirino, Meyer não consegue se controlar e faz muitos elogios a Inocência. Enquanto o
alemão fala, enrolando a língua, Pereira e Cirino não conseguem disfarçar o mal-estar causado
pelo discurso de Meyer. Um momento patético, que abala a todos.
“Tornou-se Pereira pálido [...]; Inocência enrubesceu quem nem uma romã; Cirino
sentiu um movimento impetuoso, misturado de estranheza e desespero, e, lá da sua pele de
tamanduá-bandeira, ergueu-se meio apavorado o anão.” (p.65)
Doutor enfeitiçado sem remédio para seu mal
Cirino percebe rapidamente que, à medida que cura Inocência, torna-se ele enfermo,
acometido pelo mal grave e incurável da paixão. Resolve retomar seu caminho, mas o bom
Pereira protesta. É que, quanto mais Pereira suspeitava de Meyer, mais confiava em Cirino.
Em nenhum momento percebe que o doutor está perdidamente apaixonado por sua filha,
embora o ache meio abatido às vezes. Para evitar que Cirino vá embora, Pereira arranja-lhe
muitos doentes. Quanto mais Cirino cura os males alheios, mais se conscientiza de seu triste
destino. Pereira jamais voltará atrás com a palavra dada a Manecão e, para isso, gasta todo o
seu tempo embrenhado na mata com o naturalista, que vai aumentando, a cada dia, sua
coleção de espécies raras de insetos.
Num desses dias, como fosse sair muito cedo com Meyer e Juca para a mata, Pereira
encarrega Cirino de medicar Inocência na hora certa. O doutor passa a manhã contando todos
os segundo até a hora de poder ver a moça.
Enquanto Tico vai chamar a criada para preparar café, Cirino conversa apaixonadamente com
Inocência. Ainda que não se declare abertamente, dá mostras mais que evidentes de seu
sentimento. Inocência demonstra igualmente um certo envolvimento. Depois disso, torna-se
cada vez mais difícil para Cirino encontrar-se com ela.
Apesar do cerco fechado em que vive a moça, Cirino, tomado pelo desespero, bate a sua
janela numa noite de luar e dá voz a sua paixão. Conversam os dois quase num sussurro e,
sem muito esforço, descobre que é amado por Inocência. A paixão já não é mais segredo para
eles.
Sem poder voltar atrás com sua palavra, Pereira enfiou na cabeça que Meyer queria se
aproveitar de Inocência. Passa a vigiar e a controlar os mínimos gestos e palavras de Meyer,
deixando a filha aos cuidados de Tico e do doutor.
Martinho dos Santos Pereira vivia só, com a filha, no mais calado sertão. Guardava a jovem
dos olhos dos viajantes, pois já havia dado sua palavra que Inocência seria mulher do tropeiro
Manecão, que viajava negociando gado e cuidado dos papéis para o casamento. Era grande a
responsabilidade de Pereira, já que, no seu entender, as mulheres eram frágeis, inconstantes e
incapazes de seguir leis da razão. Para ele, todos os homens representavam um grande risco
à sua doce e bela Nocência. Seus cuidados faziam-se ainda maiores porque Inocência era
dotada de beleza incomum. Por isso, Pereira dividia com Tico, um anão mudo, a tarefa de
guardar a filha. - Orgulhava-se o homúnculo de ser “uma espécie de cachorro de Nocência”
(p.41).
Contudo, quando Cirino entra no quarto escuro para examinar Inocência e, com a ajuda de
uma vela, vê a moça, fica profundamente desconcertado. Mesmo doente, a jovem demonstrava
uma beleza impressionante.
O perigo está muito perto
A ira de Pereira atinge o grau máximo no dia em que Meyer, vasculhando a mata perto de seu
roçado, cai em grande euforia ao descobrir uma borboleta de uma espécie totalmente
desconhecida. Pulando “como um cabrito” (p.103), anuncia que dará o nome de Inocência a
seu achado. Pereira recebe a notícia como uma grande ofensa: “Vejam só... o nome de
Nocência numa bicharada! ... Até parece mangação...” (p.104).
Depois do grande achado, Meyer, exultante e vitorioso, decide partir, deixando Pereira
duvidoso quanto ao excesso de suas desconfianças:
“- [...] Quem sabe se tudo que eu parafusei não foi abusão cá da cachola? [...] Hoje
estou convencido que o tal alemão era bom e sincero... Olhou para a menina... achou-a
bonitinha... e disse aquele despotismo de asneiras sem ver a mal ... Em pessoa que não
guarda o que pensa, é que os outros se podem fiar... Às vezes o perigo vem donde nunca se
esperou...” (p.111-2).
E a vida de Pereira retoma seu curso.
Sem nenhuma esperança, Inocência e Cirno se encontram mais uma vez às escondidas. No
laranjal, numa noite de luar, pensam numa solução para suas vidas. Cirino propõe-lhe fuga.
Inocência recusa com medo de tornar uma mulher perdida, amaldiçoada pelo pai. Diante do
pranto de Cirino, Inocência lembra de seu padrinho Antônio Cesário. Seu pai lhe devia dinheiro
e respeitava sua vontade; se Cirino conseguisse convencê-lo a falar com Pereira, talvez eles
estivessem salvos. Enquanto se abraçavam felizes e esperançosos, ouvem um assobio
seguido de uma gargalhada. Cirino pega Inocência nos braços e a leva para casa. Ao voltar ao
laranjal, sente algo cair sobre seus pés, pensa ser assombração. Aterrorizado, ouve um tiro
disparado por ordem de Pereira, que vistoriava o pomar junto com um escravo. Cirino corre de
volta para seu alojamento, aonde consegue chegar antes de Pereira. Finge não saber de nada.
Nesse mesmo dia, parte em busca da ajuda de Antônio Cesário. Manecão retorna com os
documentos prontos para o casamento. Inocência se assusta quando o encontra. Enfrenta o
pai e noivo, desafia a palavra que tinha força de lei.
“- Eu? ... Casar com o senhor?! Antes uma boa morte! ... Não quero... não quero...
Nunca... Nunca...
Manecão bambaleou.
Pereira quis pôr-se de pé, mas por instantes não pôde.
- Está doida, balbuciou, está doida.
E segurando-se à mesa, ergueu-se terrível - Então, você não quer? Perguntou com os
queixos a bater de raiva. - Não, disse a moça com desespero, quero antes...
- Não pode terminar.” (p.138)
Com a ajuda de Tico, que tudo sabia, o grande equívoco de Pereira é desfeito. Fulminado, mas
não liquidado. Pereira autoriza Manecão a lavar a honra de sua casa. O tropeiro parte
imediatamente.
Desfecho
Cirino, por sua vez, encontra Cesário e, com muita dificuldade, expõe a ele sua situação.
Cesário, desconfiado, lhe faz muitas perguntas e, por fim, pede-lhe que faça um juramento.
Cirino aceita imediatamente, e Cesário, impressionado com o caráter e os sentimentos nobres
do moço, que jurara sem saber o quê, promete-lhe pensar durante oito dias. Se resolvesse
ajudá-los, apareceria até o final desse período; caso contrário, valeria o juramento: Cirino
deveria desaparecer de suas terras e da vida de Inocência.
No último dia do prazo combinado, Cirino espera ansiosamente ver Cesário quando depara
com Manecão. Este lhe dirige algumas palavras desaforadas e, em seguida, pega sua arma e
atira impiedosamente no rival. Cesário aparece. Cirino ainda tem tempo de perdoar seu algoz e
de agradecer Cesário. Morre murmurando o nome de Inocência.
O destino de Inocência é revelado no último momento da história, quando Meyer apresenta sua
coleção com a espécie rara de borboleta à sociedade científica de seu país. Enquanto o
naturalista alemão fala euforicamente da jovem que dera o nome a seu achado, o narrador
comenta ironicamente que, havia dois anos, Inocência não existia mais.
O que se pode observar na obra
É o romance sertanista onde mais se percebe a divisão entre o enredo central - folhetinesco e
ultrarromântico - e as histórias secundárias, quase todas realistas.
Este mesmo descompasso é visível entre o tom trágico da intriga amorosa e as passagens
hilariantes das tramas paralelas.
Apesar do excesso melodramático final, os caracteres de Cirino e Inocência nos são mostrados
de forma muito mais verossímil que os personagens de outros romances românticos da época.
Há uma forte crítica de Taunay em relação ao implacável patriarcalismo do mundo rural. O
curioso é que durante quase toda a narrativa, o autor ironiza a visão machista, como nesta
cômica exposição de Pereira sobre o comportamento das mulheres: “Eu repito, isto de
mulheres, não há que fiar. Bem faziam os nossos do tempo antigo. As raparigas andavam
direitinhas que nem um fuso... Uma piscadela de olho mais duvidosa, era logo pau. (...) Cá no
meu modo de pensar, entendo que não se maltratem as coitadinhas, mas também é preciso
não dar asas às formigas...”
No final do relato, contudo, essa crítica amena e humorística transforma-se quase em um
panfleto contra o domínio absoluto que, dentro do código patriarcal, os pais tinham sobre os
filhos.
Importante ressaltar que o simplório Pereira, além de possuir boa índole, ama
desesperadamente a filha. Portanto, também ele nos é mostrado como vítima dos costumes
patriarcais.
Meyer, o naturalista alemão, sábio das coisas da ciência, porém incapaz de perceber a
estreiteza moral do mundo em que está metido, é um dos protagonistas mais engraçados da
ficção brasileira do século XIX. Suas trapalhadas são impagáveis.
O romance apresenta uma curiosa mescla de linguagem culta urbana e termos regionais
(arcaísmos, corruptelas, provérbios, expressões típicas). Estes "regionalismos", na sua maioria,
são explicados pelo próprio autor, em notas ao pé das páginas. O resultado dessa junção é
uma prosa bastante viva, colorida e com acentos humorísticos na sua formulação.
Download

Inocência, de Visconde de Taunay Análise da obra Taunay tinha um