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N.º 175 - Outubro 2006 - 2,00 euros
DIÁSPORA
MACAU
TERRA NOSSA
MONTEMOR
PERCURSOS
MOLEDO
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DESPORTO
a c t i v i d a d e s
b á s i c a s
JUDO
NATAÇÃO
GINÁSTICA
OUTRAS
M ODALIDADES
É UM CCD E ESTÁ FILIADO NO INATEL:
X
X
Está inserido no âmbito da actividade desportiva;
Tem um conjunto de associados que gostam de praticar desporto.
Se preenche estas condições, consulte na página www.inatel.pt os formulários necessários
para poder usufruir do apoio do INATEL e organizar a sua própria classe desportiva.
Contactos: 210 027 130 /1 - [email protected]
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Sumário
N.º 175 - Outubro 2006 - 2,00 euros
4
26
EDITORIAL
DIÁSPORA
MACAU
TERRA NOSSA
MONTEMOR
PERCURSOS
MOLEDO
48
DO PROVEDOR
O TEMPO E O MUNDO
7
49
NOTÍCIAS
Foto: José Frade
VIAGENS NA
12
BODAS DE FÍGARO
CONCURSO DE
EM PORTUGUÊS
NO TRINDADE
FOTOGRAFIA
Estreada em Setembro no
Trindade uma inédita versão da
famosa ópera de Mozart, cantada
em português, vai ser
apresentada, até Dezembro, em
vários pontos do país.
14
14
PATRIMÓNIO NA
DIÁSPORA
MACAU, A
CIDADE DA
DEUSA A-MA
Os portugueses
estiveram quase cinco
séculos na foz do Rio
das Pérolas e
estabeleceram um
particular
relacionamento com a
China. Desse tempo de
contacto entre Ocidente
e Oriente ficou um
património
arquitectónico cuja
importância é agora
sublinhada pela
classificação do centro
histórico de Macau
como Património
Mundial pela UNESCO.
20
PAIXÕES
Nelson Pombeiro, Os
comboios no coração
PERCURSOS
Moledo: uma aldeia
turística
6
CARTAS E COLUNA
NA CAPA
44
HISTÓRIA
26
TERRA NOSSA
MONTEMOR-ONOVO
Cidade de história e
memória e sede de
um dos maiores
concelhos do país, e
importante centro de
produção de cortiça,
cereais, azeite, gado e
vinho, Montemor-oNovo alberga um
vasto e rico
património
arquitectónico
32
DESPORTO
CCD de Cascais
aposta no golfe
36
50
OLHO VIVO
53
BOA VIDA
Consumo/ Livro
Aberto/Artes/
Músicas/Palco/
DVD/ Cinema/
À Mesa/ Saúde/
Informática/
Ao Volante/ Palavras
da Lei
70
CLUBE TEMPO LIVRE
79
A CHEFE SUGERE
Truta com amêndoas
(Inatel Luso)
81
O TEMPO E AS
ROTA DA LUSOFONIA
PALAVRAS
38
Maria Alice Vila
Fabião
SOLIDARIEDADE
Cova da Moura –
outro bairro dentro do
bairro
82
CRÓNICA
Baptista-Bastos
Revista Mensal: e-mail: [email protected] - Propriedade do INATEL (Instituto Nacional para Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores) Presidente: José Alarcão Troni VicePresidentes: Luís Ressano Garcia Lamas e Vítor Hugo da Rocha Ventura Sede do INATEL: Calçada de Sant’Ana, 180, 1169-062 LISBOA, Tel. 210027000 Fax 210027061, Nº Pessoa
Colectiva: 500122237 Director: José Alarcão Troni Editor: Eugénio Alves Grafismo: José Souto Fotografia: José Frade Coordenação: Glória Lambelho Colaboradores: Ana Santos, André
Letria, Carlos Barbosa de Oliveira, Carlos Blanco, Eduardo Raposo, Francisca Rigaud, Gil Montalverne, Helena Aleixo, Humberto Lopes, Joaquim Diabinho, Joaquim Durão, José
Jorge Letria, Maria Augusta Drago, Marta Martins, Paula Silva, Pedro Barrocas, Pedro Soares, Rodrigues Vaz, Sérgio Barrocas, Tharuga Lattas, Vítor Ribeiro.Cronistas: Alice Vieira,
Álvaro Belo Marques, Artur Queirós, Baptista Bastos, Maria Alice Vila Fabião, Fernando Dacosta, João Aguiar, Luís Miguel Pereira, Rogério Vidigal. Redacção:
Calçada de Sant’Ana, 180 – 1169-062 LISBOA Telef. 210027000 Fax: 210027061 E-Mail [email protected] Publicidade: Tel. 210027187 Pré-impressão e impressão –
Lisgráfica, Impressão e Artes Gráficas, SA. Casal Stª Leopoldina, 2730-052 Queluz de Baixo. Telef. 214345400 Dep. Legal: 41725/90. Registo de propriedade
na D.G.C.S. nº 114484. Registo de Empresas Jornalísticas na D.G.C.S. nº 214483. Preço: 2,00 euros Tiragem deste número: 170.880 exemplares
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Editorial
JOSÉ ALARCÃO TRONI
(Re)fundação do INATEL
Inicio estas linhas, informando, com a maior tristeza, os associados e leitores do
desaparecimento do nosso convívio, em Agosto, de António Gonçalves Ribeiro, o velho
Tarzan da Caparica, nadador-salvador do INATEL e nosso amigo e associado, ao longo de
mais de cinquenta anos.
ucessivas gerações de crianças e jovens, filhos
dos sócios, alojados nos Centro de Férias Um
Lugar ao Sol e Parque de Campismo da
Caparica, ficaram a dever ao velho Tarzan a
aprendizagem da natação e muitos a própria vida,
salva por este herói anónimo das ondas e correntes do
Atlântico, nas praias da margem sul do Tejo e do
distrito de Setúbal.
O velho Tarzan morreu como sempre vivera, com a
dignidade e modéstia dos heróis anónimos e das grandes
figuras do nosso imaginário de solidariedade humana.
Deus, em Sua infinita misericórdia, concedeu já o
eterno descanso, na Sua Divina Presença e entre os
resplendores da luz perpétua, a este velho homem
bom de Portugal.
À família do nosso querido amigo, especialmente à
sua viúva e companheira de mais de meio século,
transmito a minha sentida homenagem e dos 250 mil
associados do INATEL.
S
(RE)FUNDAÇÃO DO INATEL
Em paralelo com o processo legislativo da Reforma
Estatutária, a Direcção, a que tenho a honra de
presidir, desencadeou, em Setembro, os trabalhos do
Projecto Gestão da Mudança, tendente, com os
Estatutos, à refundação, do INATEL.
Na verdade, após a opção pelo sistema SAP, como
ferramenta da Organização e Informática do INATEL
nos próximos anos – os primeiros da futura Fundação
– iniciou-se a reengenharia dos sistemas e tecnologias
de informação e das estruturas orgânicas, formais e
informais, consolidadas em cerca de dezassete anos de
vigência do velho Estatuto de 1989.
A supervisão e consultadoria estratégicas do Projecto
Gestão da Mudança estão a ser negociados com um
instituto de investigação de referência, integrado em
prestigiada Universidade pública portuguesa.
TURISMO DE DESENVOLVIMENTO
No dia 29 de Setembro – dia de S. Miguel Arcanjo e
4 TempoLivre
Outubro 2006
feriado municipal de Fornos de Algodres – foi
assinado, em cerimónia pública, no salão nobre do
Município, o protocolo que define as condições de
gestão pelo INATEL do, no mesmo dia inaugurado,
Centro de Férias de Fornos de Algodres, sito no Solar e
Quinta da Vila Ruiva, o qual, segundo projecto
arquitectónico muito feliz, amplia em 26 quartos a Casa
de Turismo Rural existente.
O novo hotel social, de grande qualidade
arquitectónica, será, agora, equipado e decorado pelo
INATEL, e, na rota da Serra da Estrela e das Aldeias
Históricas, colocado ao serviço do nosso Turismo Social
e Sénior.
A memória do ilustre munícipe que foi o dr.
Armindo Barata – doador do Solar e Quinta de Vila
Ruiva ao Município de Fornos de Algodres para fim de
utilidade social, aliás cumprido com a Casa de Turismo
Rural – é, de novo, recordada e honrada, com a
afectação do seu antigo património ao Turismo de
Desenvolvimento e à coesão social entre o Portugal
urbano e litorâneo e o Portugal rural e interior.
TEATRO DA TRINDADE
O Prof. Doutor Carlos Fragateiro considerou concluído
o seu projecto, de nove anos, como director do Teatro
da Trindade, passando a dedicar-se, em exclusivo, à
presidência da sociedade anónima de capitais públicos,
proprietária e instituidora do Teatro Nacional de Dona
Maria II.
É de toda a justiça testemunhar ao Prof. Doutor
Carlos Fragateiro o reconhecimento do INATEL pelo
inovador brilhantismo do seu desempenho como
director do Teatro da Trindade.
A pouco mais de um ano do encerramento
temporário do Teatro da Trindade para obras de grande
restauro e manutenção – no óbvio respeito pela traça
oitocentista do edifício – e aprovada a respectiva
programação para a época 2006/2007 – em cujo segundo
semestre se inclui o programa especial, a integrar na
série de eventos culturais que marcará a terceira
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Presidência Portuguesa da União Europeia – não vejo,
para já, necessidade de nomeação de novo director.
Exercerei, assim, por avocação, no âmbito da
presidência do INATEL e do pelouro da Cultura, as
funções de director do teatro da Trindade, pelo menos
até 31 de Dezembro de 2007.
Sem prejuízo da programação aprovada para a
época teatral de 2006/07, o Teatro da Trindade – antes e
depois das obras de reabilitação do edifício e de
optimização do espaço – acentuará a sua natureza e
missão de espaço cultural, polivalente, do INATEL, ao
serviço dos Teatro, Cinema, Música, Canto, Dança e
Cultura Tradicional Portuguesa. Espero que, ainda no
4º trimestre de 2006, seja desbloqueado, pelo
Município de Lisboa e sua SRU- Sociedade de
Reabilitação Urbana, o licenciamento das obras de
pintura e reabilitação exterior da fechada do Teatro da
Trindade, que muito gostaria de ver concluídas no
primeiro semestre do próximo ano, antes da
Presidência Portuguesa da União Europeia.
A Direcção irá, ainda, equacionar a oportunidade da
refundação da Companhia Portuguesa de Ópera,
prestigiada escola profissional do canto lírico, sedeada
no INATEL e no Teatro da Trindade, criminosamente
extinta nos idos de 1975.
PATRIMÓNIO
No mês de Setembro foi, finalmente, assinada a
escritura pública de transmissão – do IGAPHE –
Instituto de Gestão e Alienação do Património
Habitacional do Estado para o INATEL – da
propriedade do prédio urbano, em Lisboa, onde está
sedeado o CCD – Centro de Cultura e Recreio do
Bairro da Calçada dos Mestres.
O edifício fora vendido, na década de sessenta, à
então FNAT pelo, também, então Fundo de Fomento
de Habitação, estando a situação patrimonial do
INATEL, relativamente a este imóvel, por regularizar
há cerca de quarenta anos. Pôs-se, assim, termo a mais
um triste exemplo de displicência na administração do
património imobiliário do Estado.
BRASIL E LUSOFONIA
A ABCMI – Associação Brasileira dos Clubes da Melhor
Idade, instituição com a qual o INATEL mantém um
protocolo de parceria e intercâmbio, quis honrar-me e
ao nosso Instituto, com a participação, como
convidado de honra e orador, no I Fórum Nacional de
Turismo para a Melhor Idade e I Oficina Nacional de
Capacitação de Lideranças para o Turismo Social,
congressos que tiveram lugar em João Pessoa, capital
do Estado da Paraíba, de 17 a 21 de Setembro.
A ABCMI integra os Clubes Seniores – no Brasil
designados por Clubes da Melhor Idade – dos 26
Estados membros da República Federativa e do
respectivo Distrito Federal, abrangendo mais de 300
mil associados.
A ABCMI considera o INATEL seu parceiro
estratégico, em Portugal, na União Europeia e na CPLP,
e instituição modelar, enquanto gestora dos Programas
Turismo Sénior, Saúde e Termalismo Sénior e Portugal
no Coração, que este importantíssimo parceiro social
brasileiro – dos Governos federal, estaduais e
municipais – pretende ver introduzidos no Brasil –
com a natureza e cofinanciamento de programas
governamentais de inclusão social – pela Presidência e
Governo, a constituir na sequência do acto eleitoral em
curso no grande país irmão.
Foi, assim, com o maior gosto, que participei, a convite
das presidências nacional e estaduais da ABCMI no seu
Conselho Nacional – a assembleia geral restrita entre
congressos – honra concedida pela primeira vez a um
convidado estrangeiro, incluindo os representantes dos
demais países do Mercosul, assim como fiz ao Fórum e a
este órgão estatutário comunicações sobre a experiência
portuguesa dos Programas Seniores e os trabalhos
preparatórios do Programa Eneias, o futuro Programa
de Turismo Sénior da União Europeia.
Às presidentes nacional e estadual da ABCMI –
Genilda Baroni e Nice Guedes – agradeço, em meu
nome pessoal e do INATEL, a honrosa parceria com
que nos distinguiram e as grande fidalguia e amizade
que puseram no meu acolhimento e participação,
como convidado, nos órgãos estatutários da
prestigiadíssima e grande instituição que dirigem.
IN MEMORIAN
A memória do velho Tarzan da Caparica será
recordada no espaço onde trabalhou e que toda a vida
amou, provavelmente através de um busto.
Entretanto, repristinarei, junto da Presidência da
República e das Chancelarias das Ordens Honoríficas
Portuguesas, a proposta de agradecimento deste herói
anónimo com uma condecoração nacional, o que, aliás,
já tinha feito em 2005, por ocasião do septuagésimo
aniversário do binómio FNAT-INATEL. I
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Cartas
[ Kalidás Barreto ]
COLUNA
DO PROVEDOR
As alterações estatutárias que se espera entrem
em funcionamento entre finais deste ano, ou,
imediatamente no limiar de 2007, são vistas,
pelos nossos associados, simultaneamente, com
esperança e com apreensão.
É perfeitamente compreensível esta atitude
porque inovação traz sempre esse estado de
espírito. Para mais em tempos de mudança como
os que o mundo atravessa, alimentando esperanças que logo a seguir são frustrações e amargas desilusões a quem luta e confia num mundo
Animais de Estimação
melhor; não será o caso do INATEL.
A vida dos Portugueses, e consequentemente a dos sócios do
Inatel, tem sofrido grandes mudanças de comportamento. O que
há 20 anos era excepção (ter um animal de companhia) hoje está
de tal modo generalizado que não compreendo (até por via dos
serviços prestados aos Seniores) a proibição de levar para os
Centros de Férias o animal de estimação.
Em todos eles existe espaço para construir algumas “boxs”.
Rentabilizava-se e tornava mais expedita a ideia de passar uns
dias nos centros de férias.
Sem ser fundamentalista acerca do tema animal, incomoda-me o
facto das Instituições Públicas não actuarem em consonância com
as novas ideias do social e não percebam que por via do isolamento a que todos, mais dia menos dia, estamos condenados, o
animal de estimação é uma companhia e o receptor/emissor de
ternura que nos vai escasseando ou em muitos casos não existe.
Porque o Instituto existe para servir os sócios, torna-se premente
analisar esta vertente.
TEL merecem crédito, até pelo cuidado técnico e
Ramiro Silva, Amadora
O INATEL manter-se-á assim, fiel à sua história e
As transformações que se anunciam para o INAa base científica com que as propostas têm sido
elaboradas e aprovadas com largo consenso.
A Instituição INATEL, conforme previsto no
organigrama do MTSS aprovado na Resolução do
Conselho de Ministros, de 21 de Abril de 2006,
sairá da Administração Central do Estado.
O INATEL passará a ser uma Fundação de direito
privado e de utilidade pública, mas com outra
agilidade funcional que só beneficiará os seus
associados e os seus trabalhadores, mantendo as
suas características de agente na economia
social.
Pela leitura das intenções, aliás confirmadas pelo
Ministro Vieira da Silva, “O INATEL continuará a
ser um pilar fundamental no apoio à cultura popular, ao turismo social e ao desporto para todos.”
às suas responsabilidades sociais “com elevado
Sócios há 50 anos
Completaram, este mês, 50 anos de ligação ao Inatel os associados: Manuel Antonio Salgueiro, Amoreira; Marciano Rosa
Cordeiro, Alhandra; Carlos José Estrela Casinhas, Algés.
grau de independência face a interesses sociais,
corporativos ou de natureza partidária” ainda no
dizer do Ministro.
É isso que todos esperam: Dirigentes, associados
e trabalhadores desta Instituição com os seus
jovens 71 anos. Portugal precisa de ser melhor?
Vamos contribuir para isso!
A correspondência para estas secções deve ser enviada para
a Redacção de “Tempo Livre”, Calçada de Sant’Ana, 180 - 1169-062
Lisboa, ou por e-mail: [email protected]
6 TempoLivre
Outubro 2006
I
Tel: 210027197 Fax: 210027179
e-mail: [email protected]
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Notícias
Estreia
no Trindade
de «As Bodas
de Fígaro»
A sala principal do Teatro da Trindade,
em Lisboa, foi palco da estreia nacional
da versão portuguesa da ópera “As
Bodas de Fígaro”, de Mozart, numa
encenação de Maria Emília Correia com
participação da Orquestra
Metropolitana de Lisboa, dirigida pelo
maestro Cesário Costa.
A qualidade dos intérpretes (nomes
destacados do nosso canto lírico,
alguns com carreira internacional em
países como Áustria, Holanda e
Inglaterra) e da inédita versão de uma
das mais célebres óperas de Mozart
mereceram o franco elogio de Serra
Formigal, director da Companhia
Portuguesa de Ópera (1962/1975) e da
sua Escola de Canto Lírico e antigo
José Alarcão Troni à conversa com alguns presentes na estreia, entre outros, o Ministro da
Agricultura, Jaime Silva
director do Teatro São Carlos, que fez
todos foram unânimes em assinalar o
de figuras nacionais amantes da ópera,
ainda questão de evidenciar o excelente
grande desafio que foi interpretar, pela
casos, entre outros, da Jaime Silva,
desempenho do maestro Cesário Costa
primeira vez, uma ópera na língua
Ministro da Agricultura,
e da OML. Também Rui Zink, autor do
materna, propondo mais iniciativas deste
Desenvolvimento Rural e Pescas, e
libreto da ópera portuguesa “Os
tipo de modo a aproveitar e estimular as
Mário Vieira de Carvalho, Secretário de
Fugitivos”, estreada no Trindade em
potencialidades dos cantores líricos
Estado da Cultura.
2002, salientou à ‘TL’ a feliz adaptação
portugueses nos palcos do nosso País.
O espectáculo vai estar em cena, até
da ópera, cantada em português,
Com lotações esgotadas, quer na
dia 7 de Outubro, no Teatro da Trindade,
permitindo um melhor
estreia quer nos espectáculos
seguindo-se representações no Porto,
acompanhamento por parte do público.
seguintes, a sala principal do Trindade
Cartaxo, Montijo, Figueira da Foz,
Em conversa com os actores/cantores,
registou a presença, no dia inaugural
Aveiro, Espinho e Guimarães.
O ex-director do Trindade, Carlos Fragateiro, com Serra Formigal, antigo
director da Companhia Portuguesa de Ópera e do Teatro de S. Carlos.
Rui Sérgio, director-interino do Trindade junto do Secretário de Estado da
Cultura, Mário Vieira de Carvalho
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Formação para Jovens Músicos
Seis dezenas de jovens músicos de várias bandas filarmónicas do continente e
da região autónoma dos Açores receberam formação intensiva durante o XXIII
Curso Nacional de Jovens Músicos que decorreu em Manteigas, de 21 de
Agosto a 3 de Setembro, uma iniciativa do Inatel Guarda, com apoio da
autarquia local e da Federação de Bandas do distrito.
A culminar este importante curso, já uma referência nacional, com 23 anos de
existência e peças de elevado grau de dificuldade, realizaram-se concertos em
Manteigas, Gouveia e S. Romão, onde os músicos puderam aplicar e mostrar a
qualidade dos conhecimentos adquiridos.
A formação esteve a cargo de Ana Maria Figueira, José Monteiro, Francisco
Ferreira, António Nogueira, Hermenegildo Campos, João Fatela Monteiro e
Tristão Nogueira.
Também em Peniche, mais de uma centena e meia de jovens, entre os 10 e 22
anos, representantes de vinte e nove filarmónicas locais, puderam aperfeiçoar
os seus conhecimentos musicais, no âmbito da décima edição do curso
Regional de Aperfeiçoamento para os Jovens Músicos de Bandas Filarmónicas,
levado a cabo em inícios de Setembro último, em conjunto com o Curso de
Maestros de Orquestras de Sopro, uma organização da Delegação de Leiria que
contou com parcerias de diversas entidades distritais.
Jornada Associativa na Guarda
Reflectir sobre o envolvimento juvenil nas Associações, a dinâmica associativa
e o seu financiamento, são alguns dos temas em foco na Jornada Associativa
que decorre, na Guarda, no Auditório dos Paços da Cultura, no próximo dia 14
pelas 9h30.
Trata-se de um importante debate entre representantes do movimento
associativo e entidades que os tutelam ou financiam, organizado pelo Inatel
Guarda, no sentido de dinamizar as acções de carácter associativo e
desbloquear os obstáculos que, actualmente, as condicionam.
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Outubro 2006
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Notícias
Viseu
Festa da Sopa
Dezenas de sopas diferentes, para os
mais variados paladares, vão estar à
prova durante o IV Festival do Caldo –
Festa da Sopa, que decorre no Pavilhão
do Inatel em Viseu, no próximo dia 28 de
Outubro, uma organização da Delegação
de Viseu em parceria com a Confraria de
Saberes e Sabores da Beira “Grão Vasco”
e apoios da Região de Turismo Dão
Lafões, Governo Civil, Câmara Municipal
e Associação Comercial. O certame abre
as portas às 17 horas e oferece, ainda, a
possibilidade de degustar saborosos
vinhos e outros produtos regionais da
Beira.
Hotel Vila Ruiva
Com a inauguração, no passado dia
29 de Setembro, do Hotel Vila Ruiva um novo edifício, concebido de raiz o Centro de Férias Inatel Fornos de
Algodres conta, a partir de agora,
com amplas e modernas
instalações, destinadas a servir os
inúmeros visitantes da Rota das
Aldeias Histórias, nomeadamente
Linhares da Beira, palco privilegiado
para os amantes do parapente. Mais
pormenores da nova unidade do
Inatel serão divulgados na próxima
edição da ‘Tempo Livre’.
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Sintra evoca Cesário Verde
“Se eu não morresse, nunca!” é a mais recente peça da
Companhia de Teatro de Sintra/Chão de Oliva, em cena na
Casa de Teatro de Sintra, de 19 de Outubro a 19 de
Novembro. Um espectáculo concebido a partir de poemas
e extractos de cartas de Cesário Verde, com a encenação de
João de Mello Alvim.
“Challenge 10Km”
O Departamento Desportivo do
Inatel apoiou mais uma edição da
maior prova nacional de natação
de águas abertas, intitulada
“Challenge 10Km”, que decorreu
no Parque Náutico de Recreio e
Lazer da Aldeia do Mato,
Barragem de Castelo de Bode, no
passado dia 9 de Setembro
último, uma organização do CCD
ANE - Associação de Nadadores
dos Estoris.
O torneio incluiu provas de
1.500m, 5.000m e 10.000m,
abertas a atletas de todos os
Prémios Gazeta 2005
níveis técnicos e idades,
Os Prémios Gazeta de Jornalismo foram entregues, no passado dia 13 de Setembro, em
incluindo populares, num total
cerimónia presidida pelo Chefe do Estado, Prof. Cavaco Silva, com a presença de duas
de 342 participantes. Registou-
centenas de convidados, na sua maioria jornalistas. Edite Soeiro (Gazeta de Mérito),
se ainda o contributo de 15
Alexandra Lucas Coelho e Cândida Pinto (Grande Prémio Gazeta), Inês de Almeida (Gazeta
cêntimos por km nadado de
Revelação, e semanário Barlavento (Gazeta de Imprensa Regional), foram os vencedores,
cada participante à Raríssimas –
em 2005, dos mais prestigiados troféus de jornalismo português, uma iniciativa promovida
Associação Nacional de
pelo Clube de Jornalistas, com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos.
Deficiências Mentais e Raras.
destinado a associados do INATEL
CONCURSO DE VÍDEO 2006
categorias:
“livre” e “gente
da minha terra”
www.inatel.pt
entrega de trabalhos:
de 01 de Setembro
a 31 de Outubro ‘06
na sede e delegações
distritais do INATEL
informações e regulamento:
INATEL Calçada de Sant’Ana, 180
1169-062 Lisboa
tel. 210 027 150
[email protected]
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MC e Câmara de Lisboa
recuperam espólio musical
O Ministério da Cultura e a Câmara Municipal de Lisboa assinaram um
protocolo para a aquisição do espólio fonográfico português em posse do
coleccionador inglês Bruce Bastins, constituído por cerca três mil discos, na
sua maioria de fado, e que inclui algumas das primeiras gravações de artistas
nacionais. O espólio vai ficar no futuro Museu da Música, a criar em Lisboa,
por iniciativa do ministério da Cultura.
60º aniversário do Inatel Beja
Jogos populares e um jantar-convívio, seguido de espectáculo musical,
assinalaram o 60º aniversário da Delegação de Beja do Inatel, no passado dia
16 de Setembro, em Aljustrel. Dezenas membros dos CCD’s do distrito
participaram activamente em várias modalidades, com destaque para os
torneios de damas e do pataco (jogo de malha mais pequena), um jogo de
kayac pólo na piscina municipal e, por fim, um jogo de futebol de 11 entre duas
equipas de CCD’s aljustrelenses, o Messejana e os Jungeiros.
Seguiu-se um jantar de convívio com todos os participantes da tarde
desportiva, com a presença do vice-presidente da Câmara, vereador Manuel
Camacho, e o presidente da Junta de Freguesia de Aljustrel, apoiantes da
iniciativa, o delegado distrital do Instituto, António de Maües-Collaço e o
representante da Direcção, Kalidás Barreto, Provedor do Associado, com
ligações afectivas e familiares a Aljustrel.
A encerrar as comemorações, teve lugar, no Auditório da Biblioteca Municipal,
uma sessão cultural, antecedida por intervenções de Manuel Camacho, do
Delegado do Inatel e de Kalidás Barreto, de uma homenagem ao Grupo Coral
do Sindicato dos Mineiros e da entrega de diplomas a novos CCD’s do distrito.
Seguiram-se duas belas actuações, do Grupo de Metais da Banda Filarmónica
de Instrução e Recreio Aljustrelense e do Grupo Coral do Sindicato dos
Mineiros, e um convívio-ceia final, animado pelo Cante às Vozes de boa parte
dos presentes.
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Notícias
Jogos populares Luso
Galaicos em Vila Real
O Jardim da Carreira, em Vila Real, foi
palco, em Junho último, da X edição dos
Jogos Populares Luso Galaicos, uma
iniciativa da Delegação Inatel de Vila Real.
Esta jornada de lazer e convívio atraiu
centenas de pessoas, muitas das quais
participaram nos diversos jogos tradicionais
das antigas feiras e romarias
transmontanas, entre eles o jogo do cepo,
das panelas, do sapo, das argolas, do burro
deitado, das varas e a corrida de sacos.
Galliano no CCB
com “Piazzolla Forever”
O acordeonista francês, Richard Galliano,
vai estar, no próximo dia 17 de Novembro,
no Grande Auditório do CCB, com seis
outros músicos, para o concerto “Piazzolla
Forever”, uma homenagem ao seu ídolo e
mentor argentino, por ocasião dos 10 anos
da sua morte. Com uma carreira
fulgurante ao serviço da música europeia
no início da década de 70, o músico
francês pegou nas raízes musicais do seu
país, misturou-as com o tango argentino e
o jazz e bop norte-americanos para criar
um estilo musical único. O seu
instrumento de eleição é o acordeão e
habituou-se cedo a conquistar o mundo do
jazz e da música clássica. Conheceu Astor
Piazzolla em 1983 e a amizade que cresceu
entre ambos durou até à morte do
argentino em 1992.
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“Um Barco
na Ponta da Língua”
“Um barco na ponta da língua” nova
exposição de pintura de Susana Neves
inaugurada no dia 13 de Outubro, às
22H30, na Galeria Gomes Alves, em
Guimarães. Depois da dupla ficção “O
Grande Descobridor de Pinguins”
(Centro Cultural de Cascais, Fev./Março
2006), a artista apresenta um conjunto
de 13 obras, onde se destacam dois
retratos de personagens em vias de
extinção, oito momentos de um
combate postal e ainda vários pares de
casais irrepreensíveis. “Pinto a
perspectiva do animal”, “pinto para me
iluminar” explica Susana Neves, na
entrevista realizada por A. Drummond,
biólogo e botanista escocês que assina
igualmente o texto (“O impulso
Barcelona homenageou
Mário Ventura Henriques
satírico”), de apresentação da mostra:
“Num verdadeiro teatro de “fauve-
O jornalista e escritor português Mário Ventura Henriques, falecido em Junho
nouveau”, todos estes personagens, em
passado, foi homenageado, em Setembro último, no Colégio de Jornalistas da
estado de calma ebulição, demonstram
Catalunha, em Barcelona. No encontro de cerca de 30 “amigos” e moderado
que ainda está viva a sombra da flauta
pelo decano do Colégio de Jornalistas, Joseph Maria Huertas, participaram,
e o espírito do bosque”.
entre outros, os jornalistas Mateo Madribejos, Mercè Ibarz e Rafael Vallbona, e
Horário: terça a sábado, das 10H30 às 13H e
das 15H30 às 19H30
Mais informações em
www.galeriagomesalves.blogspot.com
os portugueses Mário Zambujal, José Manuel Saraiva e José António Santos. O
secretário de Comunicação do governo catalão e amigo do escritor, Ramon
Font, relembrou o papel de Mário Ventura como anfitrião de “tantos e tantos”
jornalistas catalães que visitaram Portugal depois do 25 de Abril. Para Joseph
Huertas, Mário Ventura ficará sempre conhecido como “o Homem de Lisboa
(...) a pessoa com que tínhamos que falar para qualquer reportagem” em
Portugal. Madridejos referiu-se ao escritor português como uma homem
“extrovertido e cordial,” com um conhecimento “muito comprometido” da
realidade portuguesa, mas “intransigente nos princípios”. Mário Zambujal
evocou o homem “íntegro e integral”, pelo seu percurso de vida por saber ser,
ao mesmo tempo, “um intelectual profundamente devotado ao pensamento”, e
uma pessoa “tão simples, tão cordial, tão amigo de viver com alegria”.
FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE BERLIM
F i l m e s G a l a r d o a d o s Leiria Teatro Miguel Franco de 26 a 29 de Outubro’06
F
26 - 21h30 A CAMINHO DE GUANTANAMO
28 - 21h30 THUMBSUCKER - CHUPA NO DEDO de Mike Mills
de Michael Winterbottom & Matt Whitecross
2006 – Urso de Prata para Melhor Realizador
2005 – Urso de Prata para Melhor Actor
27 - 21h30 SOPHIE SCHOLL - OS ÚLTIMOS DIAS
de Marc Rothemund
2005 – Urso de Prata para Melhor Realizador / Prémio do Júri Ecuménico
29 - 15h30 VAI E VIVE de Radu Mihaileanu
2005 - Prémios do Público e do Júri Ecuménico / Label Europa Cinemas
estival Internacional de Cinema de Berlim
29 - 21h30 HEAD ON - A ESPOSA TURCA de Fatih Akin
2004 – Urso de Ouro / Prémio FIPRESCI
VENDA DE BILHETES: TEATRO MIGUEL FRANCO . PREÇO: €2,00 / ASSOCIADOS INATEL: €1,50 / PASSE 5 FILMES: €6,00
INFORMAÇÕES E RESERVAS: INATEL - DELEGAÇÃO DE LEIRIA – TEL: 244 832 319 . DIVISÃO DE CULTURA DA C. M. LEIRIA – TEL: 244 839 500
APOIO: CÂMARA MUNICIPAL DE LEIRIA – TEATRO JOSÉ LÚCIO DA SILVA www.inatel.pt
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Fotos Premiadas
[1]
[1 ] Estela Machado, Loures
[ 2 ] Silva Antunes, Lisboa
[ 3 ] Sara Figueiredo, Porto
Menções Honrosas
[ a ] Sérgio Guerra,
S. João do Estoril
[ b ] Alexandre Pinto,
Porto
[ c ] Fernando Panão,
Lisboa
[a]
[b]
[c]
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REGULAMENTO
1. Concurso Nacional de Fotografia da
revista Tempo Livre. Periodicidade
mensal. Podem participar todos os
sócios do Inatel, excluindo os seus funcionários e os elementos da redacção e
colaboradores da revista Tempo Livre.
2. Enviar as fotos para: Revista Tempo
Livre - Concurso de Fotografia, Calçada
de Sant’Ana, 180 - 1169-062 Lisboa.
3. A data limite para a recepção dos trabalhos é o dia 10 de cada mês.
4. O tema é livre e cada concorrente
pode enviar, mensalmente, um máximo
de 3 fotografias de formato mínimo de
10x15 cm e máximo de 18x24 cm., em
papel, cor ou preto e branco, sem qualquer suporte.
5. Não são aceites diapositivos e as
fotos concorrentes não serão devolvidas.
[2]
6. O concurso é limitado aos sócios do
Inatel. Todas as fotos devem ser assinaladas no verso com o nome do autor,
direcção, telefone e número de associado do Inatel.
7. A Tempo Livre publicará, em cada
mês, as seis melhores fotos (três premiadas e três menções honrosas), seleccionadas entre as enviadas no prazo
previsto.
8. Não serão seleccionadas, no mesmo
ano, as fotos de um concorrente premiado nesse ano
9. Prémios: cada uma das três fotos
seleccionadas terá como prémio um fim
de semana (duas noites) para duas pessoas num dos Centros de Férias do
Inatel, durante a época baixa, em
regime APA (alojamento e pequeno
almoço). O premiado(a) deve contactar
a redacção da «TL»
[3]
10. Grande Prémio Anual: uma viagem
a escolher na Brochura Inatel Turismo
Social até ao montante de 1750 Euros. A
este prémio, a publicar na revista
Tempo Livre de Setembro de 2007, concorrem todas as fotos premiadas e publicadas nos meses em que decorre o
concurso.
11. O júri será composto por dois
responsáveis da revista Tempo Livre e
por um fotógrafo de reconhecido
prestígio.
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PATRIMÓNIO NA DIÁSPORA
MACAU
A cidade da deusa A-Ma
Os portugueses estiveram quase cinco séculos na foz do
Rio das Pérolas e estabeleceram um particular relacionamento com a China. Desse tempo de contacto
entre Ocidente e Oriente ficou um património arquitectónico cuja importância é agora sublinhada pela classificação do centro histórico de Macau como Património
Mundial pela UNESCO.
erguntareis pelos Chins, e de que parte vêm, e de quão longe”. A
frase saiu da pena de D. Manuel, em 1508, por ocasião da largada de Lisboa de uma frota comandada por Diogo Lopes de
Sequeira, com o objectivo de explorar a região situada entre a Ilha
de São Lourenço (actual Madagáscar) e Malaca. Para as estratégias de expansão do monarca português tornara-se imperioso saber mais sobre
aquela gente que era avistada amiúde a sulcar os mares do sudoeste asiático.
Só sete anos mais tarde, contudo, sairia de Lisboa uma frota mandatada para
iniciar oficialmente as relações diplomáticas e comerciais com a China. Chefiada
por Fernão Peres de Andrade, a missão não teve o êxito desejado, designadamente no plano diplomático. A anterior boa recepção em Cantão, em 1517, de
uma embaixada chefiada por Tomé Pires tinha passado à história e os navegadores e comerciantes portugueses viram-se metidos em sérios sarilhos. As
relações luso-chinesas azedaram-se a tal ponto que chegou a haver confrontos
violentos que fizeram estragos de monta entre as hostes portuguesas. Além do
mais, os ventos mudaram subitamente de direcção: a China inaugurou nessa
altura um período de isolamento e de fechamento a todo o contacto com
estrangeiros.
A ruptura das relações entre a China e Portugal durou de 1522 até 1554, embora os portugueses tenham continuado a navegar e a estabelecer contactos comerciais não oficiais na região durante todo esse tempo. Em 1554 é assinado um acordo para regularizar as relações entre Portugal e a China e é por essa altura que se
registam também os primeiros contactos com uma aldeia de pescadores, localizada na foz do Rio das Pérolas, chamada Ho-Keang (“Baía do espelho em forma de
concha”) ou, entre mercadores e marinheiros conhecida por A-Ma-Kao, “Porto da
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CPLP > MACAU
CRITÉRIOS DA CLASSIFICAÇÃO
A zona abrangida pela clas-
do encontro entre o Oriente
Macau e do relacionamento
urbanos e exemplares
sificação pela UNESCO
e o Ocidente, nas suas
especial estabelecido entre
arquitectónicos aí preserva-
inclui edificado civil por-
dimensões estética, cultu-
os dois povos terem propor-
dos. Finalmente, porque
tuguês e chinês, ruas em
ral, arquitectónica e tec-
cionado um intercâmbio nos
Macau não só constituiu
que esse património surge
nológica.
domínios cultural, científico,
uma via através da qual o
harmoniosamente integra-
Os critérios que justificaram
tecnológico, artístico e
Ocidente recebeu um lega-
do, edifícios públicos e tem-
a inscrição de Macau na
arquitectónico, durante
do cultural, espiritual, cien-
plos construídos pelos dois
lista do Património Mundial
vários séculos. Depois,
tífico e técnico da China,
povos, além, ainda, de um
da UNESCO remetem
porque Macau é um teste-
como contribuiu também
farol, o mais antigo de toda
inequivocamente para o
munho singular do encontro
para a circulação de ideias
a China, e de uma fortaleza.
que ressalta de essencial
entre o Ocidente e a China,
que influenciaram profunda-
Como sublinham os técni-
em qualquer resenha
materializado na fusão de
mente o curso da história
cos da organização, o cen-
histórica do território. Em
culturas que caracteriza o
na China, e para, nomeada-
tro histórico de Macau re-
primeiro lugar, o facto da
centro histórico da cidade e
mente, pôr fim ao regime
presenta um testemunho
localização estratégica de
no conjunto de espaços
feudal naquele país.
Monumentos que integram o Centro Histórico de Macau
> Templo de A-Má
> Igreja de S. Lourenço
> Biblioteca Sir Robert Ho Tung
> Quartel dos Mouros
> Seminário e Igreja de S. José
> Edifício do Leal Senado
> Conjunto do Largo do Lilau
> Largo e Igreja de Santo Agostinho
> Conjunto do Largo do Senado
> Casa do Mandarim
> Teatro D. Pedro V
> Templo de Sam Kai Vui Kun
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Deusa A-Ma”. Os chineses ergueram no local um templo dedicado à deusa e terá
sido na sua proximidade que foi estabelecida uma primeira feitoria.
A cessão de Macau a Portugal só seria ratificada em 1557, primeiro pelas autoridades de Cantão, e depois, mais tarde, pelo imperador Chi-Tsung. Consta que a
cessão foi uma espécie de prémio pela erradicação da pirataria da região operada
pelos portugueses, mas a verdade é que, como é mais credível – e como fazem
notar vários historiadores –, o desenvolvimento do comércio externo era benéfico para ambas as partes e a localização estratégica da feitoria de A-Ma-Kao uma
mais valia que era imperioso potenciar e reconhecer oficialmente.
Em cima: Farol e Fortaleza
da Guia e Igreja de Santo
Agostinho
Em baixo: Ruínas de São
Paulo e Igreja de São
Lourenço
Página da esquerda: Teatro
D. Pedro V
UM TEMPO LONGO DE PROSPERIDADE
A oficialização e consolidação da presença portuguesa na região favoreceram o
desenvolvimento de uma actividade que já havia sido iniciada algum tempo
antes, quando os navios portugueses se tornaram intermediários privilegiados do
comércio entre o Japão, a China, Malaca, Sião, Índia e Europa. A primeira fase de
prosperidade de Macau durou 130 anos, até 1685, um período em que o território,
no dizer do historiador Joel Serrão, se transformou “num florescente e poderoso
empório marítimo-comercial, dos mais activos e importantes do mundo, na
época, e, simultaneamente, num não menos importante centro de intercâmbio
espiritual e cultural entre o Oriente e o Ocidente”.
Foi durante esse período que por ali passaram ou residiram expatriados como
Fernão Mendes Pinto ou Luís de Camões. E ali também, supõem os exegetas da obra
do autor de “Alma minha gentil”, ter-se-á o vate lusitano perdido de amores por uma
bela malaia (ou siamesa), e a ela dedicado os versos daquele célebre soneto.
A segunda fase de prosperidade macaense durou 160 anos, entre 1685 e 1845.
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CPLP > MACAU
Igreja de São José
Macau foi, durante esse tempo, um ponto de
passagem obrigatório nas relações entre os
povos ocidentais e os chineses. Uma terceira
fase abrange já parte da primeira metade do
século XX, período em que uma parte do
património arquitectónico (modernista) de
Macau toma forma.
A estrutura de Macau remonta aos
primeiros tempos de ocupação portuguesa,
com o primeiro casario e a malha urbana a
desenvolverem-se a partir de pólos constituídos pelas igrejas das ordens religiosas. É
plausível que as habitações construídas
então pelos portugueses tenham tido como
modelo as de Goa, com um ou dois andares
e pátios interiores. Lentamente vão surgindo
edificações mais duradouras, incluindo fortificações para deter os ataques da pirataria.
Já na primeira metade do século XIX, o
comércio do ópio sustenta o florescimento
da cidade, irrompendo nessa altura o surto
de construção dos casarões da Praia Grande.
O fim desse período inaugura um tempo de
crise, mas, ao mesmo tempo, de renovação. É
durante o consulado do governador Ferreira
do Amaral que, conquistada maior autonomia relativamente aos chineses, se elaboram
os primeiros planos de urbanização,
nomeadamente dos bairros da Mitra e de S.
Lázaro, onde hoje encontramos muitos das
realizações arquitectónicas que justificaram a
classificação do centro histórico de Macau
como Património Mundial, decidida pela
UNESCO na reunião que teve lugar recentemente em Durban, na África do Sul (ver caixa)
ARQUITECTURA MODERNISTA, IMODÉSTIAS ART DÉCO
Um passeio pelo centro histórico de Macau exige atenção particular a um mosaico
de expressões e a uma miríade de detalhes e ornatos. Os dois quilómetros da marginal, ao longo da baía, acolhem inúmeros casarões bem conservados, que vale a
pena admirar ao longo de uma caminhada. Também datadas dos anos 20 do século passado são muitas das edificações do Bairro de S. Lázaro, que conseguiram
sobreviver às maleitas do progresso que abateu, nos anos 50 do século XX, muitas
preciosidades arquitectónicas noutros pontos da cidade.
As ruas de arcadas, de feição comercial, são outro componente da identidade
do centro histórico. Elementos chineses, portugueses, sacadas e janelas arte nova,
ousadias modernistas (como o Mercado Vermelho) bem como imodéstias art
déco, a sublinhar o acompanhamento de Macau das correntes estéticas europeias
do primeiro quartel do século XX, encontram-se amiúde nas ruas da área classifi18 TempoLivre
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cada. E há, também, as igrejas (erguidas entre os séc. XVIII e XIX) e os palacetes;
as primeiras com inesperados pátios tropicais e labores apurados de madeira pintada, os segundos, testemunhando ainda a vontade de ostentação dos seus
prósperos construtores, passaram de residências luxuosas ao acolhimento de
novas funções. Dignos de admiração, entre outros, são o palacete ocupado pela
escola Leng Nam e o palacete de Lou Cau, hoje ocupado pela escola Pui Cheng.
Se muito património se perdeu ao longo do século passado, um conjunto significativo de edifícios interessantes foi, todavia, resgatado do abandono e da
semi-ruína. Esse trabalho de recuperação, iniciado depois do 25 de Abril de 1974,
permitiu restituir a dignidade perdida a construções que estão agora afectas a
serviços públicos. É o caso, por exemplo do nº 91 da antiga Avenida Conselheiro
Ferreira de Almeida, ou do notável edifício do Arquivo Histórico, exemplares
arquitectónicos que justificam bem a classificação decidida pela UNESCO. I
Templo de Kuan Tai e vista
do Largo do Senado
Jorge A. H. Rangel* [texto] Joaquim Castro [fotografias]
*Presidente do Instituto Internacional de Macau
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NELSON POMBEIRO
Os comboios no coração
“A coisa foi acontecendo a pouco e pouco, como quando arranca um comboio.” Comprou uma
máquina fotográfica e, meio por brincadeira, começou a captar imagens “especiais” do ambiente
ferroviário. Assim foi nascendo um hobby que lhe tomou conta do espaço: o seu arquivo
fotográfico ultrapassa já as 10.000 fotografias, e ainda tem meio país por descobrir.
MUITAS PESSOAS O CONHECEM E NEM
desconfiam da sua “mania”. Tem 34 anos, é discreto,
simpático para todos, animado para os mais próximos.
Trabalha numa instituição europeia, conhece bem a
actualidade da música contemporânea, até faz de DJ
quando lhe apetece, no bar de um amigo. Poucos
sabem, porém, como ocupa muitas das tardes livres, aos
fins-de-semana, férias e feriados.
Nelson Pombeiro nasceu em Lisboa mas foi morar
para a Amadora, em frente à Cometna, que fabricava as
rodas para os comboios, mas afirma que “não é daí que
vem” o gosto por estas máquinas, nessa altura não se
interessava particularmente por isso. Parece que tudo
começou quando comprou a máquina fotográfica, tinha
20 anos. Como tem família em Vendas Novas, já era
cliente frequente da CP. Um desgosto de amor deixou-o
com tempo livre e resolveu dedicar-se mais à fotografia;
os passeios de comboio “com a malta lá da rua” deram o
impulso; uma foto à luva esquecida do manobrador
aqui, uma composição espanhola ali, a roda de uma
locomotiva mais à frente...; via uma automotora e
fotografava-a 20 ou 30 vezes, mas nada disto era metódico ou mesmo sistemático. Até que uma amiga precisou
de fazer um trabalho sobre transportes e aceitou a sua
ideia de escrever sobre comboios. Ofereceu-se para o
ilustrar e foi à CP pedir autorização para fotografar as
máquinas. Foi-lhe concedida até ao final do ano.
Enquanto lhe passava a autorização, a Relações
Públicas da CP perguntou-lhe se conhecia a Associação
Portuguesa dos Amigos dos Caminhos de Ferro (APAC).
Num Sábado à tarde foi até lá e inscreveu-se, dando início a uma longa amizade e a muitos rolos gastos em
estações e comboios. Na APAC descobriu que não “era
só eu e mais dois” – afinal há muitos mais aficionados
por estas coisas da ferrovia do que pode parecer.
Há quem lhes chame “os malucos dos comboios”, por
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PAIXÕES
não compreender esta paixão, mas “eu acho que as
paixões não têm de se compreender”. E, ao contrário do
que se possa pensar, esta não é uma paixão de gente
idosa. “O ‘núcleo duro’ tem idades entre os 20 e os 40
anos.” E, embora a APAC não tenha a força de outros
tempos, quando alguns sócios eram ouvidos pela CP
como uma espécie de consultores (por exemplo, o Dr.
Américo Ramalho, durante anos Relações Públicas da
CP, foi presidente da Mesa da Assembleia da APAC),
“tem havido novos sócios e até mais senhoras sócias.”
Nas viagens que organizam, há quem só fotografe,
quem só filme, quem faça ambas as coisas e quem apenas capte sons – já chegaram a ser confundidos com
uma equipa de TV, tal a parafernália de equipamento.
Há sócios “generalistas” e outros “especialistas”, que se
dedicam exclusivamente a um tema, desde que ligado
aos carris: carruagens, automotoras, linhas, metros,
eléctricos, elevadores, funiculares, etc. – e sabem
mesmo tudo o que há para saber sobre o assunto.
“GUARDAR ESSAS MEMÓRIAS…”
No caso de Nelson, são as máquinas e as estações de comboios que o fazem mexer. No seu arquivo, em constante
crescimento, há secções dedicadas a locomotivas e automotoras diesel e eléctricas, a vapor, de via estreita, carruagens e vagões de via larga e estreita e estações, por
ordem alfabética, e por zona. O interesse começou pelas
locomotivas e já lhe valeu a publicação de fotos em alguns
artigos sobre comboios, no Bastão-Piloto (publicação da
APAC), em revistas ferroviárias espanholas e até numa
monografia sobre a locomotiva da série 5600, a primeira a
andar a 220km/h em Portugal. As estações vieram depois,
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com as viagens pelo país: começou a achar que eram
injustamente menosprezadas que, apesar do seu valor
estético e histórico, ninguém lhes dava o devido valor –
“todos por lá passam e ninguém olha para elas”.
A constatação de que muitas são assaltadas sem consequências – colunas de granito e painéis inteiros de
azulejos são levados para decorar casas particulares – fêlo querer guardar essas memórias antes que desapareçam por completo, e começou a fotografá-las também. Mas para documentar tudo isto é preciso muita
energia, paciência e gasolina. Gasolina? Então não vai de
comboio? Não, porque há muitos locais interessantes
que já foram desactivados ou estão quase desaparecidos,
aos quais só se chega com carro e muita preserverança.
Na verdade, é nestes passeios, por vezes quase “detectivescos”, que reside muito do encanto deste hobby.
Nelson tem um mapa de 1983 com a rede ferroviária,
onde assinala a caneta fluorescente as estações já visitadas – “de Abrantes para baixo falta apenas meia
dúzia”. O Norte está mais difícil, pela distância, porque
há linhas que desaparecem a meio e que apenas se
percebe que ali existiu em tempos alguma coisa – “às
vezes as dicas estão em cercas feitas a partir das travessas do carril, e temos de as seguir para descobrir onde
era a linha”. Algumas estações não aparecem nos
mapas, outras mudaram de nome, outras não são junto
à localidade (“Chegam a ficar a 18km!”), outras ainda
foram transformadas, em discotecas, por exemplo.
DESCOBRIR PORTUGAL
Mas nota-se que a paixão é pelo “todo” da experiência,
e não apenas pela fotografia. Os interesses cruzam-se,
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rificar a autorização por medo de que esteja algum
por vezes “a ferros”: “Quem estiver atento às juntas de
inspector a ver, mas também não custa dirigir-mo-nos ao
dilatação dos carris pode reconhecer lá muitas batidas
chefe de estação e informar, para evitar aborrecimende músicas, mais lentas ou mais rápidas”...
tos”. Assim tem descoberto grande parte do “Portugal
Vai muitas vezes acompanhado apenas pela namoraprofundo”, onde encontra saudades dos comboios e
da, mas os passeios com a “seita” (como gosta de
queixas sobre o “lobby do alcatrão”. Mesmo explicando
chamar à APAC) têm tido momentos inesquecíveis,
que não é da CP, ouve lamentos de todos os lados, dos
como a viagem ao ramal da Lousã, em que cerca de 400
utentes – actuais e antigos – aos trabalhadores, dos reviassociados atravessaram a baixa de Coimbra com escolsores aos maquinistas. Recebe muitos recados para a
ta policial, por se tratar de uma locomotiva a vapor.
empresa – “Peça-lhes lá para reactivarem a estação...” –;
Durante estas viagens aproveita-se para trocar
há muito quem considere que, ao
fotografias, falar das inovações
desactivar linhas e estações, a CP
nas linhas japonesas, contar aneestá a tirar algo que é por direito
dotas, trocar peças (a vertente de
organiza passeios reda população. Conhecer as
maquetismo tem muitos adepgulares a diversos pontos de interesse
povoações junto das paragens é
tos) ou apenas dormir. Com os
da rede ferroviária; sempre que possítambém uma grande mais-valia
turistas ingleses (que se deslovel é também organizado anualmente
deste hobby, que por vezes gera
cam a Portugal só para conhecer
um passeio a vapor. No final de cada
conversas quase surreais para
determinadas linhas e que “enano realiza ainda um Passeio de
quem não conhece o mapa de
chem sempre os comboios”)
Aniversário em CarruagensPortugal assim tão bem: “Coaprenderam a fazer a “photo
Restaurante especialmente alugadas
nheces ‘XXX’, a seguir a ‘WWW’?
line”, uma formação em que
para o efeito. Este ano, a Associação
Há lá um restaurante onde se
todos os entusiastas possam focomemora 25 anos de actividade, pelo
come um arroz de polvo excetografar o comboio sem que
que prepara uma série de actividades
lente!” Truques? “Quando paraninguém obstrua a visibilidade
culturais diversas. Destacamos apenas
mos em qualquer lado e não
dos vizinhos.
a exposição “1980-2005: 25 anos de
sabemos onde ir comer, esperaUma constante são os enconcaminhos-de-ferro – 25 anos de paixão”
mos que o maquinista ou o revitros com os seguranças das
e a mostra bibliográfica temática que
sor saiam do comboio e vamos
estações principais (para tirar
decorrerá na Biblioteca Nacional; a lista
atrás deles; muitas vezes acabafotografias a comboios é necompleta das actividades pode ser
mos todos na ‘palheta’.”
cessária uma autorização por
obtida no site http://apac.cp.pt, ou pelo
Em conversa surgem, como
escrito da CP). “Por vezes, o pese-mail [email protected] .
cerejas, temas relacionados com
soal não deixa tirar fotos sem ve-
A APAC
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Vehicles, que vieram substituir as
comboios, que passam despercecarruagens de 1929, barulhentas,
bidos ao passageiro comum,
, para assinalar 150
pouco cómodas, com janelas de
como as diferentes bitolas (a disAnos do Caminho de Ferro, a entrada
guilhotina, mas com imensa pertância entre um carril e o outro),
é grátis em todas as Áreas
sonalidade, um valor acrescentado
que passaram de 1,44m para
Museológicas da CP – Arco de Baúlhe,
para quem passeia de comboio.
1,67m em 1857, mas que ainda é
Bragança, Chaves, Estremoz, Lagos,
Conta, com nostalgia, uma viagem
possível ver em circulação (ou
Lousado, Macinhata do Vouga e
nesta linha: “Fizemos Tua - Minum museu – “destaque para o
Santarém. Mas, antes de ir, não deixe
randela e regresso, e a maior parte
Núcleo Museológico de Lousado,
de consultar os horários e condições
das pessoa que foram também
vale a pena ver, mesmo quem não
de abertura, muito variáveis e sui
voltaram, ou seja, estavam também
é grande fã de comboios vai apregeneris..
a passear, a conhecer a linha, como
ciar”); a importância dos ramais
nós. E, no regresso, quando alindustriais, como o extinto
guém perguntou qualquer coisa ao revisor, os passageiros
mineiro do Lena; o horário dos maquinistas, a chamada
juntaram-se em volta dele a ouvir as suas explicações e
“carta impressa” que tem todos os detalhes do comboio,
histórias antigas, como crianças na escola. São estas coisas
do peso à velocidade máxima autorizada, dos tempos de
que se vão perdendo, com o desaparecimento daquele tipo
paragem às ultrapassagens previstas, todos os dias, para
de comboios, substituídos por autocarros, que são uma
cada comboio; os pormenores das carruagens, como o
coisa muito fria, onde as janelas nem se abrem, não se conquase extinto tampo em madeira das sanitas (“Uma vez
segue sentir o ar e ouvir aquele silêncio, que é uma coisa
queria fotografar o tampo em madeira quando me caiu a
que também conta; na nossa viagem, enquanto estivemos
tampa da objectiva pela abertura...”); as “politiquices”
parados à espera do comboio que vinha em sentido consubjacentes à gestão das linhas de caminho de ferro: qual
trário, o silêncio quase que assustava, só se ouvia a máquina
é o comboio mais lucrativo da CP, as mudanças, por
a trabalhar e a água a correr, do rio Tua...”
vezes “contra o bom senso”, que os sucessivos governos
Tem a teoria de que “os comboios são um mundo à
introduzem na liderança da empresa, as suas perdas de
parte”. “Encontram-se muitas coisas e personagens inteeficiência e a evolução, nem sempre positiva, do negócio.
ressantes – uma das minhas secções de fotografia chamaMas também há bons augúrios, como o comboio na
se precisamente “Comboios, um mundo à parte”, só com
ponte 25 de Abril, de que é admirador confesso: “Ao
fotos curiosas.” Está, desde há alguns anos, a escrever
lado do maquinista é uma viagem espectacular, o paspequenos contos, histórias verídicas desta sua experiênsageiro normal não tem grande percepção, temos uma
cia, para eventualmente publicar num volume temático.
linha normalíssima, a céu aberto, de repente ficamos
Como a do “Comboio fantasma”, sobre a impressão,
com a malha de ferro da ponte à volta e depois entra-se
sobre uma linha abandonada, de sentir o comboio a
no túnel, por baixo da praça da portagem!”
aproximar-se. “Não sei explicar, mas é mesmo assim, uma
pessoa sente de tal forma que tem de olhar para trás,
“UM MUNDO À PARTE”
para ter a certeza de que não vem lá nada...” O mais certo
E quais são, afinal, as suas linhas preferidas? Os troços
é que só o sinta quem tem os comboios no coração. I
Régua-Pocinho, Abrantes-Ródão, e a linha do Tua. Aqui,
lamenta a perda de carisma dos chamados LRVs, Light Rail
Marta Martins
Em 2006
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DOMINO + TOCHAS.qxp
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DOMINÓem Derrocada
PELA PRIMEIRA VEZ EM PORTUGAL, UM EVENTO ÚNICO!
SÁBADO
9 DEZEMBRO 22h00 FIL-LISBOA
Envolva-se na Fantasia do Natal e assista à singularidade da derrocada de 125 000 peças de
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uma iniciativa
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MONTEMOR-
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O-NOVO
Levantado
da terra
Primeira e sugestiva imagem:
o castelo erguido no monte
maior, origem do topónimo,
qual veleiro de pedra, lugar
mágico com vista para
nascente e poente, guardião
primeiro de harmoniosas
colinas e férteis planícies,
palco de amores ancestrais e
memoráveis batalhas contra
invasores castelhanos e
franceses. Mais abaixo, o
abraço sereno do Almansor,
um rio singular e vital tanto
para a cidade como para o
concelho, um dos maiores do
país e importante centro de
produção de cortiça, cereais,
azeite, gado e vinho.
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TERRA NOSSA
idade e concelho de História e Memória,
Montemor alberga um vasto e rico
património arquitectónico – ermidas,
igrejas, cruzeiros, conventos, mosteiros,
casas senhoriais – como o antigo Convento de S. João de Deus, onde coexistem a Biblioteca
Municipal, o Arquivo Histórico e a Galeria Municipal.
Na Igreja Matriz (sécs. XVII-XVIII) sobressai um fresco
original, de rara beleza, que cobre a abóbada da nave.
Na cripta, inteiramente renovada, destaca-se a informação sobre a devoção de Montemor ao Santo que aqui
nasceu, fundador da Ordem Hospitaleira de S. João de
Deus, de que encontramos vestígios muito fortes no
Hospital da congregação.
No recinto do castelo, monumento de invulgar beleza
arquitectónica, destacam-se a Igreja de Santiago, a Torre
de Menagem, a Igreja de S. João Batista, o Paço dos
Alcaides, as ruínas da antiga Cadeia ou Paços do
Concelho, a Torre e Porta do Anjo, as ruínas da Igreja de
StªMaria do Bispo, a Casa da Guarda e a Torre do
Relógio - que serviu de pousada a vários monarcas e
onde se reuniam as Cortes, como as de 1496, que antecederam a primeira viagem marítima para a Índia.
C
No mesmo espaço, sobressai o Convento da
Saudação, monumento quinhentista de inestimável
valor artístico do concelho, alvo de transformações e
aditamentos até ao século XIX. Foi mosteiro da ordem
religiosa de S. Domingos e, posteriormente, abrigo de
infância desvalida. Alberga, desde o início deste século,
o Centro Coreográfico de Montemor-o-Novo/Rui
Horta, que, em estreita colaboração com o Município,
pôs a cidade na rota das programações internacionais
da dança. A sua associação “o Espaço do Tempo”, que
começa já a ter patrocínios de empresários locais, tem
um projecto de recuperação integral do Convento.
Visita obrigatória, ainda, ao Convento de S.
Domingos, erigido na transição do séc. XVI para o séc.
XVII. Encerrado em 1834, na sequência do decreto de
extinção das ordens religiosas, a sua Igreja ostenta belíssimos e raros azulejos do séc. XVII. É, actualmente, sede
do Grupo dos Amigos de Montemor-o-Novo e do
Núcleo Museológico do Convento de S. Domingos –
Museu de Arqueologia, com salas de olaria, arte sacra,
etnografia e tauromaquia.
Monumentos igualmente dignos de registo: a Igreja
da Misericórdia (século XVI), com um portal manuelino
1
1. Praça de Touros | 2. Convento de São Domingos | 3. Vestígios medievais na cércea do castelo | 4. Piscinas | 5. Pormenor de janela
Manuelina no centro histórico | 6. Actuação da Oficina do Canto, dirigida por Maria do Amparo | 7. Cine-Teatro Curvo Semedo | 8. Edifício
da Sociedade Círculo | 9. Desfile na feira medieval
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TERRA NOSSA
GUIA
Circuitos culturais
região tipicamente mediter-
poejo e granito dominam a
A MARCA organiza os
rânica, avultam impor-
boa gastronomia local, com
“Passeios da Primavera”,
tantes montados de sobro e
restaurantes de qualidade,
em saídas para o campo
azinho onde encontramos
como “A Ferrenha” e o
para reconhecimento das
ainda resquícios de carval-
“Azinheirinha”, no Escoural
plantas e leitura do ter-
hais de carvalho-cerquinho
, “ O Ciborro”, “Ao Pôr do
ritório e da realidade natur-
(Quercus faginea) e carval-
Sol”, na EN4, para Vendas
al do concelho, orientadas
ho-negral (Quercus pyre-
para a interpretação da
naica), naquele que é o lim-
das mais importantes do
na Herdade da Ameira,
paisagem e dos seus val-
ite Sul da sua distribuição
Alentejo, onde coexistem
junto à EN 114, à saída
ores naturais e humanos,
em Portugal continental.
as actividades lúdicas, os
para Évora, e na cidade “O
algumas delas guiadas
Ainda no Monfurado,
concursos de Mel e do
Arado”, na Av. Gago
pelo Mestre José Salgueiro,
destaca-se um conjunto
Rafeiro Alentejano,
Coutinho, a “Adega
que as 87 anos com grande
importante de apiários,
exposições, Feira do Livro,
Manjares da Nossa Terra”,
vigor e “rijo que nem um
com uma cuidada produção
tauromaquia, jogo de
na Rua do Pedrão e “A
pêro”, verdadeiro
de mel, uma actividade
malha e a música popular.
Prancha”, nas Piscinas
alquimista da natureza,
económica de grande
A Semana Gastronómica
Municipais.
conhece de “olhos fecha-
importância em todo o con-
da Vitela Tradicional do
dos”quatrocentas plantas
celho, num total mais de
Montado, decorre no mês
Dormir
utilizadas para cura das
4000 colmeias, distribuídas
de Julho, organizada pela
Diversidade e qualidade,
maleitas humanas (ver TL,
pelos cerca de 70 apicul-
ACOMOR – Agrupamento
desde e pensões e
nº 158, Março 2005).
tores, organizados na
dos Produtores de
hospedarias modestas, mas
O “Telheiro da Encosta do
MONTEMORMEL, presidi-
Montemor, em parceria
funcionais, no centro da
Castelo”, gerida pela
da por Alexandre Pirata.
com o Município/Turismo e
cidade, passando pelo
MARCA, produz artesanal-
Na Galeria 9Ocre, funciona
restaurantes do concelho, o
“Hotel da Ameira” – tel.
mente cerâmica para con-
o atelier de Manuel Casa
maior produtor de carne do
266898240, (60 quartos,
strução, como o tijolo burro,
Branca, pintor, com for-
país.
café, centro hípico, canil,
que depois de cosido é
mação académica na área e
Em Dezembro, decorre o
falcoaria), situado numa
seco ao sol.
uma intensa actividade de
Festival de Gastronomia de
herdade aprazível, junto à
Ao Encontro de Montemor-
produção e divulgação
Caça da Região de Turismo
EN114, até ao Turismo
o-Novo: Passeios na Cidade
artística na última década.
de Évora, organizado pela
Rural de grande qualidade
e no Campo, consiste numa
O artesanato de Montemor,
RTE e pelos Municípios de
como o “Monte do Chora
aliciante proposta de três
de grande beleza e diversi-
Montemor, Mora e Vila
Cascas” – tel. 266899690 (7
circuitos: um no centro
dade, abrange o mobiliário,
Viçosa e com a partici-
quartos, piscina e ténis) ou
histórico de Montemor,
cestaria, artes decorativas,
pação dos restaurantes
o Agro-Turismo no “Monte
para fazer a pé e dois no
pintura alentejana e em
montemorenses.
dos Arneiros” (Lavre), tel.
campo, para fazer de carro,
tecido, empalhamento,
possibilitando ao viajante
azulejaria, ferro forjado, tra-
Comer
apartamentos e casa da
conhecer o melhor do con-
balho em pele e em couro,
Os pratos de caça, as
malta, piscina e bicicleta)
celho.
pirogravura, com os diver-
empadas, enchidos, mel,
ou a “Herdade do Barrocal
No Sítio do Monfurado,
sos artesãos e artistas
cernelhas, queijadas,
de Baixo” – tel 266847319,
uma área total de 23.946
plásticos, organizados na
doçaria conventual, a vitela
na Courela da Frexeirinha,
hectares, dos concelhos de
CIRANDA.
tradicional do montado e o
Foros de Vale Figueira (12
Montemor-o-Novo e Évora,
No primeira fim de semana
borrego de Montemor, vin-
quartos).
com altitudes de 150 met-
de Setembro realiza-se a
hos regionais de qualidade,
Informações no Posto de
ros a 420 metros, numa
secular Feira da Luz, uma
licores tradicionais de
Turismo, tel: 266 898 103
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Novas, o “Café do Monte”,
265894254 (12 quartos,
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de mármore branco; a Casa do Despacho (XVII); o
Convento de S. Francisco, que teve origem na ermida
da N. Sra. da Graça, em 1495, e é actualmente sede da
Associação Cultural de Artes e Comunicação, “Oficinas
do Convento”; a Igreja do Calvário e Irmandade das
Almas, quinhentista e com exterior em linhas barrocas
dos inícios de setecentos; a Igreja de S. Pedro da Ribeira
(séc. XVI), com antigas composições murais de grande
valor histórico, artístico e simbólico, onde se destaca um
magnifico fresco de estilo gótico representando S. Pedro
e uma sucessão de cenas de agricultura e pastoreio, sem
esquecer o painel de azulejos de Querubim Lapa, existente nas escadarias de acesso ao Salão Nobre dos Paços
do Concelho.
O centro histórico inclui, a par da área monumental
histórica, uma zona habitacional de grande
significado arquitectónico e urbanístico, com
vielas empedradas e modestas casas, caiadas
de branco, a par de antigas mansões e solares
setecentistas, mandados construir pelos ricos
proprietários e fidalgos locais.
Fora do casco histórico, referência ainda
para a Ermida da N. Sra. da Visitação, do séc.
XVII, de estilo manuelino-mudéjar e com
painéis de azulejos do séc. XVIII alusivos à
vida de Maria, tem, na sacristia, uma curiosa
colecção de duas centenas de ex-votos.
património histórico de Montemor-o-Novo não se esgota,
porém, na cidade. O viajante
não pode ignorar outras realidades incontornáveis de um Escoural
vasto e multifacetado concelho, como o Roteiro do
Megalitismo, um conjunto apreciável de antas, menires
e cromeleques, ou os Itinerários do Fogo e Fornalhas em
Santiago do Escoural e S. Cristóvão, espaços e memórias de caeireiros, carvoeiros, forneiros e fogueiros.
E, ainda, os Percursos Pedrestes nos Sítios de Cabrela e
Monfurado, esta última serra constituída por um conjunto de colinas de uma grande beleza paisagística e
fauna e flora invulgares, com dezenas de espécies. Este
património natural de grande beleza, integrado na
Rede Natura 2000, para ser melhor compreendido, tem
ao dispor do viajante o Núcleo de Interpretação
Ambiental dos Sítios de Cabrela e Monfurado, entidade
municipal, que organiza os respectivos passeios, o
mesmo acontecendo com os Passeios da Primavera, de
responsabilidade da MARCA, Associação de De-
O
senvolvimento Local - em parceria com o Posto de
Turismo.
As gravuras paleolíticas da Gruta do Escoural, classificadas como monumento nacional, são outro dos pontos obrigatórios de uma visita atenta ao património
montemorense.
Concelho eminentemente rural, Montemor-o-Novo
tem, para além do património histórico, uma vida cultural própria e uma qualidade de vida ímpar. O grupo
cénico “Theatrom”, em franca actividade; a “Oficina da
Criança”, que desenvolve projectos em todas as escolas
básicas do concelho; a “Oficina do Canto”, onde Maria
do Amparo trabalha com centena e meia de jovens; a
pluridisciplinar livraria “Fonte de Letras”; o Coral S.
Domingos; o “Festival das Quatro Cidades”, parceria ar-
tística com o Fundão, Marinha Grande e Vila Real de
Santo António no âmbito do teatro, música e dança.
Cidade tranquila, com um parque urbano bem
equipado, piscinas, uma indústria em expansão,
desportos aquáticos geridos pelo “Sky Clube do
Alentejo”, na Barragem da Atabueira, Ciborro, e para o
lazer um grande espelho de água na Barragem dos
Minutos, ou ainda uma reserva natural com mais de 20
hectares e 200 animais domésticos e selvagens de mais
de 60 espécies, o “Monte Selvagem”, situado no Lavre,
local inspirador de “Levantado do Chão”, de José
Saramago.
No Lavre, registe-se, nasceram os famosos cavaleiros
tauromáquicos Simão da Veiga e seu filho Simão da
Veiga Júnior. I
Eduardo M. Raposo (texto) Alexandre Pirata (fotos)
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DESPORTO
CCD EM CASCAIS APOSTA NO GOLFE
Pancadinhas
populares
Portugal, país abençoado pelo sol, dispõe de magníficos campos de golfe, mas a modalidade permanece, ainda, restrita às horas de lazer de minorias privilegiadas, nacionais e estrangeiras. A
remar contra tal maré está o trabalho desenvolvido pelo CCD (Centro de Cultura e Desporto)
do Inatel em Cascais, onde o cabouqueiro e o juiz jogam lado a lado, qual aldeia gaulesa, num
reduto de golfe democratizado, à saída de Lisboa.
O GOLFE FIXOU-SE EM PORTUGAL EM FINAIS
do século XIX, embora sempre demarcado às classes
mais altas. A modalidade, com fortes ligações no nosso
País à indústria imobiliária e ao turismo, tarda ainda a
aproximar-se da maioria dos cidadãos. Não obstante, no
concelho de Cascais, região com tradição de golfe
graças ao campo do Estoril, em tempos uma grande
escola de caddies, a modalidade cresceu e chegou a um
maior número de pessoas.
Há cerca de 15 anos, a pedido de alguns associados
do CCD de Cascais, oito golfistas funcionários dos
serviços municipalizados do concelho deram origem à
secção de golfe, regida pela mesma filosofia comunitária e social da instituição, pretendendo-se, segundo
o presidente da direcção, António Silva, “que todos se
unam para poder jogar”.
“Desde logo foi grande a afluência, e pensou-se na
formação de um clube devidamente organizado e federado, tendo como objectivo a divulgação e a prática
do golfe”, diz António, sublinhando a importância do
envolvimento da Câmara de Cascais, que então
atribuiu ao clube a tarefa de organizar anualmente
cerca de seis torneios e gerir as prestações dos seus
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Masseneiro Vieira ao centro, rodeado por praticantes e familiares de membros do CCD.
associados: “O clube atingiu os 90 praticantes, todos
inscritos na Federação Portuguesa de Golfe (FPG).
Cresceu e prestigiou-se graças não apenas à sua organização, como também ao mérito desportivo de alguns
dos associados, que foram ganhando torneios nacionais
a nível individual e de clube. Tal se deve também ao
apoio dado pela Câmara e pelo clube da Quinta da
Marinha, que cedeu o seu campo como home club.”
DO CABOUQUEIRO AO JUIZ
O carácter inusitado de um número apreciável de
golfistas de todas as classes sociais e idades no CCD tem
uma explicação lógica: “Estes jogadores eram pessoas
que, na sua juventude, se iniciaram na prática do golfe
como caddies; pessoas de origem muito modesta que,
desde os anos 50, iam para o campo do Estoril apanhar
bolas ou levar os sacos. Outros, eram amigos de caddies
que se apaixonaram pela modalidade e, muitas vezes,
praticavam à noite, às escondidas, quando os campos
estavam fechados, porque não tinham dinheiro para
poder jogar”, constata António.
Muitas dessas pessoas viram no CCD uma oportunidade
de integração num clube não elitista, antes popular, acabando por se tornarem, por essa via, funcionários
camarários. E foi, de facto, um grande grupo de golfistas
antigos caddies, que deram origem à secção de golfe do
CCD. “Canalizadores e pedreiros foram muito bem integrados em termos sociais. Acho extremamente interessante
quando hoje os vejo com um enorme à-vontade num hotel
de cinco estrelas, por causa do golfe”, diz agora Masseneiro
Vieira, presidente da assembleia geral do clube, reiterando
a ideia de que “é ponto de honra da secção de golfe a heterogeneidade de níveis etários e sociais”.
“Temos – explica - desde o cabouqueiro ao juiz ou ao
administrador de uma grande empresa. E todos convivem
em harmonia e bem-estar. O desporto deve ter também
uma função de promoção das pessoas na sociedade.
Procuramos sempre ir aos melhores campos, mas de
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DESPORTO
CCD de Cascais:
uma missão social
forma a que as pessoas menos habituadas a esses meios
não se sintam diminuídas. Houve formação e um ensinamento de como estar nesses ambientes, e as pessoas, sem
se aperceberem, foram aprendendo, por exemplo, a comer
com a ‘ferramenta’ toda, como os próprios diziam”.
O CCD do Município de Cascais tem como
“COPIAR O PRESIDENTE…”
finalidade, desde a sua fundação, em 1954, o
“Quando se joga em campos de alto gabarito, nos quais o
preço ou green fee anda na ordem dos 150 euros, cujos
club houses e os hotéis são de cinco estrelas, normalmente
faz-se o almoço a seguir ao torneio e à distribuição dos
prémios nos restaurantes ou nos club houses desses campos. Como somos habitualmente cerca de 50 a 60
jogadores, é nossa missão fazer com que essas pessoas se
sintam bem, e isso passa por saber estar nesses espaços.
Inicialmente, as instruções que os jogadores tinham seriam
olhar e copiar os actos do presidente. Pegavam no garfo ou
na colher que o presidente pegava, ou seja, estava tudo a
olhar para o presidente”, recorda Masseneiro Vieira. O
mimetizado, alvo de todas as atenções, não se mostra, no
entanto, constrangido, dando por certo o objectivo do
CCD de proporcionar aos associados a possibilidade de
jogar em campos onde lhes seria impossível fazê-lo individualmente, dado serem “exageradamente caros”.
“Isto torna-se possível porque fazemos protocolos e
torneios, e, mesmo que os custos sejam muito elevados,
temos sponsors que nos possibilitam a presença»,
garante Masseneiro, para quem «o máximo que um
associado deve pagar, e já é muito, ronda os 50 euros»,
não só pelo green fee, licença que se adquire para fazer
os 18 buracos, como pelo almoço.
O golfe não deixa de ser um desporto de etiqueta e
fair play. Além da aprendizagem da etiqueta à mesa, dáse primazia à aprendizagem das regras e da etiqueta
que as serve, no que respeita à cortesia e aos cuidados a
ter com o campo, antes ainda do aspecto técnico. No
CCD, que já teve escola de golfe, são os associados que
se ensinam mutuamente. “Os melhores ensinam os
menos experientes”, afirma Masseneiro.
apoio ao trabalhador e uma profunda missão
social. A organização, dos e para os trabalhadores dos serviços municipalizados de
Cascais, contou sempre com o apoio da
Câmara Municipal, sendo subsidiada pelas
Águas de Cascais. Inicialmente, foi criado
um supermercado - cuja função seria a de
permitir aos operários comprar fiado e pagar
no final do mês -, um refeitório, e o compromisso de comparticipação medicamentosa.
Paralelamente, criaram-se secções desportivas como a pesca, o hóquei em patins, o
atletismo ou o futebol. Depois da revolução
de 25 de Abril é criada a Casa da Criança e o
Jardim Escola, face à necessidade de dar
apoio aos filhos dos trabalhadores, tendo em
vista a ocupação de tempos livres, numa vertente social de apoio pré-escolar.
Hoje mantém, em pleno funcionamento, apenas as modalidades da pesca, do golfe e do
atletismo. No passado, o clube chegou a
sagrar-se campeão nacional de hóquei em
patins, modalidade depois suspensa;
alcançou um 5.º lugar num Europeu de
pesca; foi pioneiro do triatlo em Portugal,
sendo organizador da prova Triatlo de
Cascais, e foi co-organizador do Europeu de
Triatlo, decorrido na Baía de Cascais. Outros
eventos, como a prova 20 km de Cascais,
este ano na sua 24.ª edição, e a também já
tradicional Rapidinha (9.ª edição) - um percurso de 5 km para os menos resistentes -,
foram criações do CCD, não esquecendo
GOLFE SOLIDÁRIO
ainda a organização do Concurso
A entreajuda e a solidariedade são pilares do clube, e
Masseneiro e António são disso exemplo. Os dois presidentes de assembleia e direcção fizeram percursos paralelos, tendo ambos começado no CCD como vogais. Antes,
conheciam-se dos então chamados SMAS (Serviços
Municipalizados de Águas e Saneamento). “Foi um amor
à primeira vista. Fomos grandes profissionais nos SMAS”,
diz Masseneiro, lançando um olhar cúmplice a quem o
Intermunicipal de Pesca de Mar e o Torneio
de Golfe Interclubes sem Campo.
Actualmente movimenta cerca de 150 atletas
(20 na pesca, 40 no atletismo e 90 no golfe.
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introduziu no CCD, António, então seu braço direito.
Os dois afirmam univocamente ter sido «a parte social,
o apoio aos trabalhadores», o maior argumento do CCD
para ainda hoje se lhe dedicarem de corpo e alma. Com
uma satisfação notória de sabor a dever cumprido, contam a história curiosa do associado mais idoso do clube,
um golfista de 73 anos que vive de uma modesta reforma:
“Como se pode calcular, com 200 euros não se consegue
viver e jogar golfe. Portanto, esse senhor, um apaixonado
pelo golfe, viu-se na iminência de não poder jogar, dado
que o valor de que vive mal chega para comer. Soubemos
que haviam dois ou três associados que se juntavam para
lhe pagar não só a quota como a inscrição nos torneios.
Pensámos então que era nossa obrigação colaborar e,
quando fazemos as contas, todos pagamos a parte do
nosso amigo associado. Ele não tem carro nem conduz,
mas há sempre alguém que o vai buscar e levar a casa.
Vemos a felicidade dele nos torneios e isso realiza-nos.”
Com cerca de 15 por cento de praticantes da classe
alta, 50 da média e 35 da baixa, a secção de golfe do
CCD consegue autogerir-se apenas com o dinheiro das
quotas dos associados. Os funcionários da Câmara de
Cascais pagam 75 euros por ano; outros associados
pagam 150, e os jovens até aos 14 anos pagam apenas
30, o valor da inscrição na FPG. Através de convénios
estabelecidos com diferentes campos, os sócios podem
reduzir significativamente as despesas e, consequentemente, a distância que os separa de um green.
“Normalmente, quanto mais altas são as habilitações
literárias, piores são os jogadores”, nota Masseneiro
Vieira, que exemplifica: “Do Ministério da Justiça temos
quatro juízes e um motorista. O melhor jogador é de
longe o motorista.”
Na verdade, o golfe tem vindo a ser conquistado, em
todo o mundo, por jovens oriundos de famílias pobres, o
que torna mais incompreensível ainda o facto de, em
Portugal, insistir-se em circunscrever o jogo a um grupo
restrito. Ao cobrar-se 100 ou 150 euros de fee para que se
possam bater umas bolas durante uma hora, afastam-se
inúmeros jovens que nunca terão a oportunidade de testar o seu talento. A título de exemplo, Vijay Singh,
número dois do ranking mundial, era cortador de lenha;
o pai de Tiger Woods, número um do mundo, era militar
de baixa patente; em Espanha, Sergio Garcia é filho do
empregado de um clube de golfe, e o grande Severiano
Ballesteros descende de empregados de mesa do restaurante de outro campo. A democratização do golfe passa
por popularizá-lo mais na vertente do praticante do que
do espectador, e a ninguém continuará a interessar a sua
elitização, que significa também a sua estirilização.
O futuro da modalidade em Portugal pode depender
de visões semelhantes àquela tornada prática pelo CCD
de Cascais, cuja grande ambição é possuir um campo de
18 buracos. A direcção acredita que, com o apoio da
Câmara e de outras entidades, poderá colaborar, a curto
prazo, na construção de um campo de golfe municipal.
A semente já foi lançada. I
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ROTA DA LUSOFONIA
MANUEL LUCIANO DA SILVA
O médico das descobertas fantásticas
A casa onde nasceu na pequena aldeia de Cavião, concelho de Vale de Cambra, promete perpetuar a memória do seu percurso ímpar, onde as facetas de médico, historiador, comunicador
e proeminente membro da comunidade portuguesa nos Estados Unidos ombrearam sempre.
COM 80 ANOS ACABADOS DE COMPLETAR,
Manuel Luciano da Silva afastou-se da prática médica
que exerceu durante mais de quatro décadas, mas continua firme na actividade de “cientista” da história,
investigando e defendendo teses polémicas como a de
que Cristóvão Colombo era português.
Para Manuel Luciano da Silva, que há mais de 50 anos
estuda as inscrições e a história da pedra de Dighton,
em Rhode Island, não restam dúvidas de que os portugueses foram os primeiros europeus a criar uma colónia na Nova Inglaterra e que
Cristóvão Colombo era português.
No livro “Portuguese Piligrims
and de Dihgton Rock”, publicado
em 1971, Luciano da Silva defende
que as inscrições portuguesas na
pedra foram gravadas por Miguel
Corte Real, em 1511, e sustenta a
sua teoria com as descobertas no
mesmo sentido feitas em 1918 pelo
o chefe do departamento de psicologia da Universidade de Brown
em Providence, o professor Delabarre, que identificou a data, o nome de Miguel Corte Real e um escudo português em forma de “V”.
Segundo Manuel Luciano da
Silva, quem terá chegado à Terra
Nova e à Nova Escócia foi o pai
de Miguel, João Vaz Corte Real, em 1472, ou seja, 22
anos antes do contacto de Colombo com as ilhas da
América Central.
Miguel Corte Real teria vindo em busca do pai em
1502, tendo deixando as marcas da sua presença na
Nova Inglaterra.
A fraca aceitação que esta tese tem tido entre a comunidade de investigadores e historiadores não preocupa,
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Manuel Luciano da Silva que depois de 80 anos volvidos sobre as descobertas do professor Delabarre não
encontra qualquer dado que permita a refutação do que
defende. E avança com a descoberta de três cruzes da
ordem de Cristo e o escudo português em forma de “U”
feitas em 1951 para reforçar a sua ideia.
O próprio Luciano da Silva diz ter encontrado uma
quarta cruz de Cristo na pedra, em 1960. Dessa descoberta se apressou a dar a conhecer ao mundo no primeiro
Congresso Internacional da História dos Descobrimentos
perante o cepticismo geral da
plateia de historiadores e investigadores.
Para Luciano da Silva, o cepticismo tem origem na ignorância
desses professores em interpretar
as inscrições originais portuguesas
na pedra e lamenta que nenhum
historiador de Portugal tenha
alguma vez analisado a pedra no
local.
Igualmente controversa é a tese,
também vertida em livro, de que
Cristóvão Colombo era um judeu
sefardita, 100 por cento português.
Nas suas investigações sobre este
tema, Manuel Luciano da Silva
descartou todas as teorias conhecidas sobre a origem de Cristóvão
Colón – erradamente conhecido
como Colombo, diz – e começou tudo de novo.
Analisou a sigla do navegador, descobriu um monograma com as iniciais de Salvador Gonçalves Zarco, nascido em Cuba, Portugal, descobriu no Vaticano duas
bulas papais de Alexandre VI, com o nome português
do descobridor e verificou que Colombo deixou nas
últimas 12 cartas que escreveu ao filho uma mensagem
em judaico, e constatou que o emblema de armas do
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navegador tinha as quinas de
Portugal.
TRATAR DA SAÚDE
À COMUNIDADE
Durante 41 anos, Manuel
Luciano da Silva foi médico das
comunidades portuguesas de
Rhode Island (RI) e Massachusetts (MA) fazendo a ligação
destas com o sistema de saúde
norte-americano. Formado em
Medicina pela Universidade de
Coimbra e em Ciências Biológicas pela de Nova Iorque, quando chegou ao bairro de Brooklyn, em 1946, era um jovem
desgostoso por ter sido obrigado a deixar Portugal.
Ainda hoje considera o dia da partida para os Estados
Unidos – 9 de Janeiro – como o mais triste da sua vida.
Com 19 anos, começou por trabalhar nas limpezas na
fábrica Westinghouse Electric International Company e
posteriormente como amanuense no consulado de
Portugal em Nova Iorque. Trabalhando de dia e estudando à noite, fez um curso de inglês e obteve um
bacharelato em Biologia. Era o único filho de emigrantes portugueses que frequentava a universidade.
Voltou a Portugal para concretizar o sonho de ser médico que o acompanhava desde os 12 anos e formou-se com
media de 17 valores na Faculdade de Medicina da
Universidade de Coimbra. Regressou aos Estados Unidos
onde estagiou no St. Luke’s Hospital em New Beford,
MA, e especializou-se em medicina interna na prestigiada
Lahey Clinic em Boston. A integração na comunidade
local e a guerra colonial que entretanto rebentara encarregaram-se de o manter afastado de Portugal.
A partir de 1963, trabalhou como médico associado do
Centro Médico do condado de Bristol, RI, fez parte do
corpo clínico do Roger Williams Medical Center, um dos
hospitais filiados da Universidade de Brown e durante
21 anos foi director clínico do Rhode Island Veteran’s
Home. Foi ainda médico chefe da União Portuguesa
Continental, a maior organização portuguesa da Costa
Leste dos Estados Unidos.
Em 1998, retirou-se da prática médica activa, mas
continuou com os seus programas de rádio e televisão
sobre saúde de que foi pioneiro ao promover informação médica na comunicação social numa linguagem
simples e acessível a todos.
“Perguntar ao Médico” e “Tribuna Médica” foram alguns dos
programas que animou, tendo
igualmente promovido na comunicação social a sua herança portuguesa com programas como
“Os portugueses na Nova Inglaterra”.
CENTENAS
DE CONFERÊNCIAS
A par da sua carreira médica e da
sua actividade como historiador
amador, Manuel Luciano da
Silva publicou mais de uma
dezena de textos quer sobre
medicina quer sobre as suas
descobertas históricas.
O livro “A electricidade do amor”, uma das suas
primeiras obras publicadas, surgiu depois da constatação de que, tanto portugueses como americanos,
desconheciam o “abc da sexualidade normal”.
No texto “As verdadeiras Antilhas: Terra Nova e Nova
Escócia”, publicado em versão americana e portuguesa
em 1987, o médico-historiador apresenta aquela que considera uma das suas maiores descobertas cartográficas.
Tendo como referência a latitude da sua aldeia, a 40 graus
norte, descobriu as linhas de latitude da Carta Náutica de
1424 que lhe permitiram concluir que as verdadeiras
Antilhas são a Terra Nova, Nova Escócia e Ilha do
Príncipe Eduardo, no Canadá, e não as ilhas existentes a
duas mil milhas de distância ao Sul, no Mar das Caraíbas.
Foi com base nestes textos que proferiu em todo o
mundo mais de 400 conferências em universidades,
instituições e sociedades históricas. Toda esta actividade
valeu-lhe igualmente distinções diversas nos Estados
Unidos e em Portugal, onde foi agraciado com Ordem
do Infante D. Henrique, depois de ter organizado o
Congresso Internacional de Medicina na Nova
Inglaterra, com a participação de médicos de língua
portuguesa de todo o mundo.
As suas descobertas e o seu percurso ímpar, estão
desde Junho de 2001 documentados na Biblioteca-Museu da Diáspora, instalada na casa que o viu nascer a 05
de Setembro de 1926, em Cavião, Vale de Cambra. É a
nova menina dos olhos de Manuel Luciano da Silva que
quer homenagear aqui a história dos emigrantes “feita
com sangue, suor e lágrimas”. I
Cristina Fernandes Ferreira
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SOLIDARIEDADE
COVA da
MOURA
Outro bairro dentro do bairro
Aperta-se a mão a quem passa, cumprimenta-se este e aquele, à medida do cruzar de caminhos,
trata-se cada um pelo nome de baptismo. Todos se conhecem, bem ou mal. Sobretudo para o
bem como não se cansa de referir Heidir, o nosso guia local e principal mentor da criação do passeio turístico pela Cova da Moura, um dos bairros de pior fama dos arredores de Lisboa
O ENCONTRO É MARCADO NA BOMBA DE
gasolina da Buraca, frente a uma das principais
entradas do bairro, construído encosta acima. Não se
vêem barracas. Nenhuma. De fora parece apenas um
subúrbio pobre de qualquer cidade do mundo. Do lado
esquerdo um edifício de pelo menos dois andares
chama a atenção pelas cores garridas. É a Associação
Moinho da Juventude, destino a ter em conta durante a
visita, até porque a instituição dá apoio, de uma forma
ou outra, à maioria dos habitantes daquele aglomerado.
Heidir chega, de passo decidido como quem já está
habituado a receber quem cá vem. A conversa, casual
vai decorrendo enquanto subimos a rua em direcção à
associação. Do lado esquerdo, vergonhosamente, jazem
os contentores de lixo que de tão repletos acabam por
transbordar para a rua, sacos encostados ao muro. Mais
tarde as críticas surgem de forma natural para a autarquia. “Vêm muito de vez em quando, não o suficiente
para a quantidade de pessoas que vivem no bairro e
limitam-se a fazer a ronda por fora. Nem sequer
entram”, afirma o guia do projecto Sabura.
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Sabura significa tudo o que existe de bom. É o que
Heidir quer transmitir. Dar uma volta de 180 graus à
fama da Cova da Moura, mostrar aos visitantes como se
pode andar à vontade pelas ruas sem se ser incomodado, o convívio são da maioria dos habitantes, dar a coxnhecer através das pessoas, dos restaurantes, dos
cabeleireiros, dos estabelecimentos comerciais, a cultura
do povo do bairro. Tudo para combater o estigma, a segregação. Diz quem já sentiu na pele os olhares esquivos
quando afirmou: “eu sou da Cova da Moura”.
As casas crescem feitas de todos os tamanhos, materiais, cores, acrescentos e anexos, sem planeamento. O
ambiente é o mesmo de quase todas as cidades caboverdianas. É a inevitabilidade de construir aos bocados,
à medida do pouco dinheiro que vai aparecendo, à
dimensão da família que vai crescendo. Pouco a pouco,
com o que se tem. Por isso, o ar um tanto ou quanto
labiríntico, entrecortado por ruas mais espaçadas, atravessado pela Rua Principal, segundo Heidir a «rua mais
filmada da cidade porque é aqui que acontecem todas
as rusgas, sempre que a polícia se lembra da Cova da
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SOLIDARIEDADE
Moura”. E o cimento à mostra, num dos últimos pormenores a cuidar no aspecto exterior das casas. Tal
como em Cabo Verde.
APOIO IMPRESCINDÍVEL
encontram em risco de abandonar a escola ou já desistiram. É a procura do preencher as horas livres, tirá-los
da rua, proporcionar-lhes actividades interessantes.
Os onze membros do grupo de rap também se juntam aqui. Dois ecrãs e um computador «próprios para
fazer som» absorvem os jovens músicos. Fazem maquetas que vão passando de mão em mão, dão concertos
nos cafés e restaurantes do bairro, mas ainda não têm
nada gravado. «Contam a sua vida numa letra, falam
dos problemas do bairro. Às vezes deixo-os aqui horas
e horas porque quando começas a fazer o som embalas
e esqueces», explica Heidir.
No pátio superior, estão pintados grafites e… António
Gedeão!
«Minha aldeia é todo o
mundo / todo o mundo me pertence / aqui me encontro e confundo / com gente de todo o
mundo / que a todo o mundo
pertence»
A Associação Moinho existe desde o início dos anos 80 e
presta apoio social, cultural e económico aos habitantes
do bairro. Emprega já mais de 70 pessoas que trabalham
para crianças, adolescentes e idosos.
Na creche os miúdos acorrem curiosos para observarem os visitantes. Tocam, querem mexer na máquina
fotográfica digital que julgam ser uma câmara de televisão. Gritam de excitação e acompanham a visita pelas
diversas salas. A sala de marcha é
para os que têm um ano, depois
há o berçário, a sala das crianças
de dois anos. Beti trabalha aqui. Já
viveu em Santiago do Cacém
(Alentejo), no Porto, na Cova da
Moura e há dois anos mudou-se
para Vila Franca de Xira «para ter
uma casa maior e dar outras
PROJECTOS E CULTURA
condições às filhas», explica. Mas
À MISTURA
custou-lhe deixar «o convívio, as
Noutro piso está o atelier de
pessoas, a amizade e a cultura» do
fotografia, dirigido por Dino, e
seu povo, o de Cabo Verde.
a secretaria que gere todos os
A Árvore é o nome desta creche
projectos e fundos de origem na
que acolhe crianças dos cinco
Santa Casa da Misericórdia e no
meses aos três anos. Depois existe
Fundo Social Europeu. Carlos
Godelieve Meersschaert, da Associação Moínho
o jardim-de-infância para os miú’Relha diz que são mais de vinte
dos entre os três e os cinco anos. E há ainda o conceito
e que abrangem desde a inserção de pessoas em situde creche familiar apoiado em amas que tomam conta
ação desfavorecida, o emprego, até programas como o
de quatro crianças cada. O refeitório onde a dona Joana
“Cegonha”, especialmente dirigido a mães adolesé uma das responsáveis, alimenta 400 crianças ao
centes.
almoço. As marmitas são preparadas e levadas aos seus
É também ele que explica a existência de um plano de
destinatários. Hoje é bacalhau à Brás, mas podia bem
requalificação do bairro, ratificado por uma resolução
ser caldo de peixe, cachupa ou qualquer outra ementa
do Conselho de Ministros e como esta intervenção goentre comida tradicional portuguesa e receitas tipicavernamental salvou a Cova da Moura da quase
mente africanas. Sim, é que apesar do bairro estar conoextinção, solução apoiada no passado pela Câmara
tado com os cabo-verdianos, a verdade é que cerca de
Municipal da Amadora. Agora é esperar mais um pouco
metade dos quase sete mil habitantes são brancos retoraté o estudo ficar concluído e acertado entre todas as
nados, que em 1977 começaram a ocupar a área.
entidades envolvidas, sendo que as associações do bairNo cimo de umas escadas, entra-se para uma sala de
ro terão sempre uma palavra a dizer.
convívio. É o Espaço Jovem, do qual Heidir também é
Ermelindo, mais conhecido por Mimi dá formação
responsável e que funciona das 19 às 21 horas. Sobressai
base em informática e cuida da sala onde o serviço de
o ambiente fresco e relaxado, a mesa de snooker, os
Internet é gratuito para todos, durante duas horas
matraquilhos e o bar, sem bebidas alcoólicas. «Tem de se
diárias. Qualquer pessoa pode vir, mesmo quem aqui
dar o exemplo». Mas de manhã o grupo «Bem passa ku
não vive, diz Heidir. Mas acrescenta que, devido à
nós» trabalha aqui com jovens dos 10 aos 19 anos que se
escassez de computadores, quando há muita procura
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SOLIDARIEDADE
tem de se fazer uma escala. Segue-se o polivalente. À
entrada, do lado direito, um piano velhinho dá-lhe um
ar de clube desportivo e sala de baile. Os funcionários
da associação almoçam aqui, mas a sala serve, sobretudo para as reuniões dos corpos gerentes, os ensaios do
grupo de dança tradicional e do grupo Finka-Pé (que
aqui se reúne aos fins-de-semana).
As Finka-Pé sugiram em 1988 e o conjunto é formado
exclusivamente por mulheres cabo-verdianas que
habitam na Cova da Moura. O batuque é género musical, património histórico da ilha de Santiago. Em círculo
as dançarinas tocam a tchabeta (pano enrolado que se
percute pousado entre as pernas) e cantam longas melodias em que falam das alegrias e tristezas, até chegarem
ao clímax, em que uma só palavra é repetida pelo todo,
em tudo semelhante a um mantra. O grupo já ultrapassou as fronteiras do bairro em muitas ocasiões e foi convidado inclusivamente para estar presente na Expo 92,
em Sevilha e nos encontros ACARTE.
QUEM É QUEM
Quem é da Cova da Moura trabalha
na construção civil, nas limpezas, ou
procura a Associação Moinho como
um apoio mais técnico para encontrar outras alternativas. No entanto,
há também quem, com a chegada de
traficantes e drogados vindos do
Casal Ventoso (aquando da sua
destruição), tenha encontrado no tráfico de estupefacientes, uma saída «fácil» e mais proveitosa, explica
Godelieve Meersschaert, belga de nascença, portuguesa desde 1984 (a viver em Portugal desde 1978). Foi ela
e o marido, Eduardo Pontes que com muitos sacrifícios
e dedicação conseguiram pôr de pé a Associação
Moinho da Juventude, num bairro onde metade dos
habitantes têm menos de 20 anos.
Em 1982, mudou-se para a Cova da Moura para um
quarto de uma colega do Sindicato das Empregadas
Domésticas, onde dava apoio, sem saber que esta seria
a sua morada por escolha própria. Envolveu-se com as
pessoas, a cultura o sentido de comunidade e, já em sua
casa, viveu três anos sem água. Conseguiu empréstimos
sem juros, apoios, mobilizar trabalho voluntário de
dentro e de fora das fronteiras do bairro. É a partir do
seu último feito, a biblioteca e centro de documentação
que caracteriza a comunidade por épocas e países.
«Vieram pessoas de outras terras de Portugal trabalhar
para Lisboa, depois apareceram os retornados, sobretu42 TempoLivre
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do de Angola, mas também de Moçambique. A seguir
muitos cabo-verdianos e nos anos 90 chegaram mais
angolanos e alguns são-tomenses.» Hoje, o principal
problema da Cova da Moura é ter cerca de sete mil
habitantes num bairro que nos anos 80 tinha metade da
população.
Durante o dia, o bairro tem a sua vida muito própria
com os restaurantes, cafés, cabeleireiros, uma agência
de viagens – que segundo Heidir arranja verdadeiras
pechinchas para África e ainda financia os clientes – e as
mercearias que vendem de tudo, sendo que alguns
itens como cigarros e fraldas chegam a ser vendidos à
unidade.
Nos cabeleireiros do bairro os estudantes de fora já são
clientes habituais. Fazem-se tranças em cabelos lisos e
escorridos, algo impensável em muitos outros locais. Os
desenhos com motivos florais, na base da nuca, são outro
«must». A comunidade exterior parece pouco a pouco
querer misturar-se. E a Cova da Moura também. I
Paula Carvalho [texto] José Frade [fotografias]
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PARCERIAS
Estabelecimentos com parcerias com
Beco da Tasca, 3, tel. 9664161494;
africana nos restaurantes; os frutos,
a Associação Moinho da Juventude:
Kok Bafa (Fogo) – Travessa de S.
legumes e especiarias africanos; a
Restaurantes: O Coqueiro (Santo
Vicente, 5, tel. 962403701; e ainda
música e o artesanato; a arte dos
Antão) – Rua dos Reis, 4, tel.
os restaurantes Chili e Luísa que
cabeleireiros africanos; o jogo do
963023438/918273199; Roque
não têm número de telefone.
Uril e as suas aplicações na apren-
(Santo Antão) – Rua do Moinho, 12,
dizagem da matemática; a literatu-
tel. 966836418; Cantinho do
Cabeleireiros: Lopes, Neusa, Deus
ra africana na biblioteca do Moinho;
Sossego (Santo Antão) – Rua de
Tem, Stalony e Pérola Negra.
as batuqueiras do Finka-Pé; o
São Tomé e Príncipe, 8, tel.
funaná tradicional e as danças com
214902260; Pedro Ramos (Santiago)
Outros: Mercearia Africana; empresa
Ta kai ta Rabida; curso de danças
– Rua S. Francisco Xavier, 2, tel.
de importação e exportação de
africanas; a exposição fotográfica
962475945; Passa Sabi (Santiago) –
grogue e ponche da ilha de Santo
«Crescer com Dignidade»; as plan-
Rua 8 de Dezembro, 29, tel.
Antão; Agência de Viagens Varanda.
tas medicinais que nascem espon-
963548226; Princesa do Bairro
taneamente no bairro; a comu-
(Santiago) – Rua dos Anjos, 3, tel.
Sugestões de roteiros no bairro Cova
nidade africana do bairro, a sua
966626736; Nôs Casa (Santiago) –
da Moura: Os sabores da cozinha
história e cultura.
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PERCURSOS
Uma aldeia turística
A Av. de Santana, uma rua estreita e comprida que desemboca na
antiga Estrada Nacional 13, é um repositório de memórias de uma
tradição balnear com mais de dois séculos em Moledo.
construção da maioria dos prédios
remonta ao final do século XIX e ao
início do século XX, quando alguns
membros das elites do Norte edificaram deslumbrantes casas de férias
a escassas centenas de metros do mar.
O arrojo arquitectónico de algumas destas moradias é um espelho dos gostos requintados das classes
abastadas da época. Militares, armadores de pesca,
políticos, comerciantes, industriais, médicos, artistas,
iniciadores de uma das mais antigas tradições balneares em Portugal, projectaram nestas casas de férias
uma beleza decorativa que ainda hoje surpreende. A
meia dúzia de casas de férias concentradas no início
da Av. de Santana, uma espécie de recanto da antiga
atmosfera aristocrática, desafia a imaginação a representar um estilo de vida que transformou uma pobre
aldeia de pescadores e agricultores
numa estância de turismo do jet-set
nortenho.
Moledo do Minho, como a povoação
era antigamente conhecida, mantém
ainda uma forte atracção sobre as elites
do Norte. Mesmo com a forte concorrência das águas tépidas do Algarve,
muitas famílias das classes média e alta
do Minho, do Porto e até do Centro,
que têm um lugar cativo no areal há
gerações, continuam a passar férias
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nesta praia de águas geladas. Quando chega a
Agosto, desde sempre o mês preferido dos banhistas,
Moledo enche-se de intelectuais, empresários e políticos conhecidos. O ambiente anima-se, os cafés e os
bares rebentam pelas costuras. A pacata aldeola de
ruas limpas, casas coloridas e árvores frondosas é,
durante um mês, um corrupio de gente.
AMBIENTE FAMILIAR
As personalidades mais notáveis continuam a encontrar-se no selecto Ínsua Club, centro da recatada vida
social elitista enraizada há décadas em Moledo.
Manuel Guardão era um adolescente quando alguns
dos veraneantes mais importantes da praia fundaram
o clube em meados da década de 40 e lembra-se como
tudo aconteceu. “Este clube, que apenas tem actividade na época balnear, é o continuador de dois gru-
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pos que se constituíam todos os anos no início do
Verão para organizarem encontros, reuniões e festas,
de que se destacavam as chamadas ‘Verbenas’, uma
espécie de arraial minhoto em que cada uma das
famílias tinha uma barraca de comes e bebes e tiro ao
alvo”.
A rivalidade entre estes dois grupos ultrapassava a
simples convivência social. Manuel Guardão recorda-se que “um grupo estava ligado à monarquia e
outro à ditadura” e “manifestavam-se separadamente segundo as suas ideologias, sem contudo se
digladiarem, e até frequentavam as festas que realizavam separadamente em locais e dias diferentes”.
Era o tempo em que estas famílias bem colocadas na
vida “faziam grandes passeatas de barco ao ilhéu da
Ínsua e organizavam lá grandes almoçaradas”.
O ambiente familiar, característica histórica desta
aldeia balnear, não mudou muito com o passar dos
anos. A praia de Moledo, mesmo com as suas manhãs
envoltas em nevoeiro e bruma e o areal pontuado de
sargaço, é uma espécie de segredo preciosamente
guardado pelos veraneantes habituais. As caras
nunca variam muito de ano para ano. Os turistas
estrangeiros, por desconhecimento ou desinteresse,
raramente param aqui. E, no entanto, a paisagem
costeira entre Moledo e a foz do rio Minho, com o
Forte da Ínsua e o monte de Santa Tecla no horizonte,
é uma agradável surpresa.
A aldeia conserva as suas casas baixas e estreitas à
beira-mar em perfeita harmonia com a paisagem,
sem grandes sinais de especulação imobiliária à vista,
e a praia, não sendo deslumbrante diante da
povoação, é um espanto junto à foz do rio Minho. É
nesta baía de areias finas, batidas pela ondulação
suave do mar e ladeadas pela mancha verde do pinhal do Camarido, que o cenário é mais encantador:
o Forte da Ínsua, construído numa ilhota de areia que
já foi península, fica mesmo em frente, no sítio da
junção de mar e rio, à entrada da barra de Caminha;
a praia de La Guardia espraia-se aos pés do pontiagudo monte de Santa Tecla, na outra margem da foz
do Minho, na Galiza; e a praia fluvial de Caminha,
com as suas águas mansas pontuadas de barcos de
pesca, está mesmo ali ao lado, apenas separada por
um vasto areal salpicado de vegetação esparsa.
Caminha bordeja a imensa foz do rio Minho,
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PERCURSOS
importante porto de pesca natural desde o século
XV. Por trás das muralhas fundadas pelos romanos e
ampliadas e reforçadas ao longo de vários reinados,
esconde-se uma cidade antiga primorosamente conservada. A mancha urbana, com as suas ruas estreitas e casas em granito rendilhadas de fachadas e
varandas artísticas, mantém-se praticamente intacta. As casas senhoriais evidenciam ainda o poder
desmesurado dos grandes proprietários dos séculos
XVII e XVIII.
O encanto da cidade adquire ainda maior
expressão no dia 19 de Junho de cada ano, quando
as ruas são atapetadas com flores para celebrar a
festa do Corpo de Deus. Hortênsias, pampilhos do
campo, cardos, rosas, cravos, geribérias, cascas de
batata, rodelas de cenoura, sal, lascas de madeira e
os mais diversos produtos vegetais, recolhidos e
conservados ao longo de três meses, são utilizados
na composição de frases, cálices e figuras religiosas
sobre o empedrado. É uma noite inteira de trabalho
árduo para deixar o cenário arrumado até ao ama-
nhecer. Cada rua tem a sua própria decoração e é
difícil seleccionar a mais bela. A surpresa estampada
nos rostos dos transeuntes revela isso mesmo. I
António Sérgio Azenha [texto e fotografias]
GUIA
A NÃO PERDER
através de uma língua de
são um sucesso. Com o
378/Caminha
O Forte da Ínsua, à entrada
areia que ligava a costa
empenhamento da popu-
Verde Pinho, Estrada
da barra de Caminha, é um
àquele ilhéu de areia e
lação local, durante três
Nacional 13, Moledo
excelente pretexto para
pedra. As provas documen-
meses recolhe-se um leque
passar um dia na praia do
tais registam esse aconteci-
variado de flores, a maioria
DORMIR
ilhéu da Ínsua. O forte, cuja
mento em 1582, 1629, 1708,
desviadas com discrição de
Hotel Porta do Sol, Av. dr.
muralha e interior benefi-
1895 e 1947. Milhares de
propriedades alheias
Dantas Carneiro, 1, Tel.:
ciou de algumas obras de
pessoas percorreram então
(ninguém leva a mal), para
258 722 340/ Caminha
restauro nos últimos anos,
a pé e em carros de bois os
compor um tapete lindíssi-
Residencial Ideal, Av. Engº
foi construído no século
cerca de quatro quilómetros
mo sobre o chão de pedra
Sousa Rego, 125, Tel.: 258
XVII, sob o reinado de D.
de distância. Há cerca de
das ruas estreitas da
721 505/ Moledo do Minho
João IV, para defender o
cinco anos, o fenómeno
cidade. É sobre esse tapete
Convento de Santa Maria
repetiu-se, ainda que o
colorido que a procissão
de Ínsua (edificado pela
nível da água desse pelo
desfila depois ao final da
Ordem dos Franciscanos no
joelho e pelo peito. O dia 19
tarde.
século XIV), que se encon-
de Junho é também uma
tra na praça de armas do
boa oportunidade para visi-
COMER
CONTACTOS
forte, e reforçar a defesa da
tar Caminha. É nessa data
A Primavera
Posto de Turismo: Rua
costa portuguesa durante a
que se realiza a festa do
Pç Constantino da Silva
Ricardo Joaquim de Sousa,
Guerra da Restauração.
Corpo de Deus: interrompi-
Torres, 99 – 101, Tel.: 258
Tel.: 258 921 952
O recuo do mar já permitiu
dos durante algum tempo,
921 306 /Caminha
Museu Arqueológico,
várias vezes o acesso ao
os festejos foram recupera-
Ínsua Club, Foz do Minho –
Travessa do Tribunal, Tel.:
Forte da Ínsua por terra,
dos há cerca de oito anos e
Vilarelho/ Tel.: 258 921
258 710 310
46 TempoLivre
Outubro 2006
INATEL CERVEIRA
Lovelhe
Tel.: 251 708 360
VIAGENS AMALIA 2.qxp
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RECORDAR AMÁLIA
VENHA ASSISTIR AO EVENTO
DOMINÓ em Derrocada
E REVISITE A DIVA DO FADO
VIAGENS
LISBOA
SÁBADO 9 DEZ ‘06
VIAGENS DAS CAPITAIS DE DISTRITO
RESERVAS: DELEGAÇÕES DO INATEL A PARTIR 16 OUT.
P rograma*
• Visita à Casa Museu Amália Rodrigues (antiga residência da fadista)
• Visita ao Panteão Nacional
• Jantar com “Fados de Amália”
• Visita à NATALIS (Feira de Natal de Lisboa)
• DOMINÓ EM DERROCADA e Best of PEDRO TOCHAS
Preço: €60 por pessoa
I
Info. 210 027 150 I Delegações Distritais do INATEL
[email protected] I www.inatel.pt
I
* O programa não inclui almoço.
uma iniciativa
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O TEMPO E O MUNDO | DUARTE IVO CRUZ
Tempos antigos no mundo de hoje
ACOMPANHO PELOS JORNAIS A REUNIÃO
cimeira da UE com os países asiáticos, em particular os
da ASEN, Associação dos Países do Sudeste Asiático,
que agrega Estados tão diferenciados como (por ordem
alfabética) Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia,
Mianmar, Filipinas, Singapura,Tailândia e Vietname.
Por cima disto tudo, pairam a China, o Japão e a Coreia
do Sul, como veremos. No conjunto, trata-se de facto
um grupo heterogéneo, em dimensão, em PIB e renda
per capita, em tradição histórica, em estatuto político.
Mistura monarquias e repúblicas, democracias relativas e ditaduras ocultas ou assumidas, de esquerda ou
de direita, ligadas aos PCs ou aos militares... E, para
além deste grupo, que ainda por cima não oculta diferendos e contenciosos políticos de curto e médio prazo,
paira a presença, sobretudo, da China (e dos outros
dois citados), a Norte, e da Austrália e da Nova
Zelândia, a Sul. Convenhamos que não é fácil.
MEMÓRIAS
Em 1991, representei o Governo português num Conselho
de Ministros dos Negócios Estrangeiros da ASEN que teve
lugar no Luxemburgo. Para já, não se tratava, como ocorreu em Setembro último, em Helsínquia, de uma cimeira
de Chefes de Estado e de Governo: o registo politico faz
toda a diferença. Depois, do lado europeu como do lado
asiático, os Estados membros eram em menor número.
Mesmo assim, ficam memórias que, pelo menos para mim,
continuam bem presentes.
E desde logo, no que diz respeito a Portugal, a presença, extremamente actuante, da Indonésia, na pessoa
do seu então célebre Ministro Ali Alatas, porta voz e
definidor político, para efeitos diplomáticos, da ocupação de Timor. Não era fácil para nós essa coexistência,
apesar da solidariedade dos
parceiros europeus e não só, e
da rigidez que a presidência
luxemburguesa impôs à agenda de trabalhos. Mesmo assim, o contacto pessoal, aliás
cortês e correcto como é uso
nestas grandes paradas diplomáticas, sem ser minimamente concludente no que
realmente nos importava,
continha todo o potencial do
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litigio que, na altura, opunha Portugal e a Indonésia.
Inclusive, recordo uma reunião que me foi proposta pelo
MNE das Filipinas, e que, sobretudo, incidiu sobre o problema de Timor. A posição portuguesa era clara:: cumprimento das Resoluções das Nações Unidas no que respeita à autodeterminação de Timor Leste, e direitos
humanos, sistemática e violentamente violados no
Território, como na altura se sabia já e de que maneira foi por esta época que se deu o massacre de Santa Cruz.
Curiosamente, o MNE filipino referiu-se ao problema de
Mindanao, separatismo de raiz islâmica, que dura até hoje.
Valha a verdade que a conversa pessoal e directa com
Alatas decorreu num local protocolar e politicamente neutro, e de significado histórico para Portugal – a saber, o
palácio do Grão Duque do Luxemburgo, que nos recebeu
a todos...
O que me impressionou na altura, foi o peso regional da
Indonésia ou, se quisermos, o peso do seu MNE.
Levantou-se o problema do regime politico e dos direitos
humanos no Minanmar, antiga Birmânia, então como hoje
dominada por uma ditadura militar. O país não participava na reunião: mas Alatas tomou-lhe veementemente a
defesa, insistindo na ideia de que se tratava de um problema regional que a ASEN resolveria internamente!
O PESO DA CHINA
Ora bem: neste contexto, é evidente que a China tem
um peso específico que obviamente não é de hoje, mas
se acentua com as reformas económicas em curso. Em
qualquer caso, em Maio de 2000, por iniciativa do
Governo de Beijing, os países ASEN assinaram com a
China, Japão e Coreia do Sul um ambicioso acordo de
cooperação financeira, que tenderá, a prazo, a uma verdadeira união económica, segundo os termos do tratado, reforçado aliás em 2003
pela criação de um Fundo de
Desenvolvimento.
China, Japão e Coreia somavam, em 2005, um total de
reservas da ordem de mais de
mil biliões de dólares, o que é
de facto astronómico. Se se juntar a isto o peso real das economias, percebe-se até que ponto
vale a ASEN em si, isto é, sem
os parceiros dominantes. I
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VIAGENS NA HISTÓRIA | JOÃO AGUIAR
O grande Senhor
O facto não está fielmente relatado em
documentos coevos, mas a tradição que o
narra persiste, teimosamente, através do
tempo: em finais do século XIV, em Braga, um
grande senhor, um ex-combatente de
Aljubarrota, observava o túmulo que
mandara fazer para si próprio e olhava com
especial atenção para a estátua jacente, que,
esperava, seria o seu fiel retrato.
MAS ALGO LHE DESAGRADOU NESSA ESTÁTUA;
faltava-lhe, pensou, um pormenor que ele considerava
essencial. Então — prossegue o relato tradicional —
desembainhou a sua espada e com ela feriu o rosto de
pedra, que era o seu, de modo a deixar-lhe um entalhe
bem visível e depois de o fazer declarou (ou terá declarado): «Agora, sim, que está ao natural!».
Porque este grande senhor fora ferido na face em
Aljubarrota e daí lhe ficara uma cicatriz que era o seu
orgulho.
É uma bela história, esta. Que se torna ainda mais
curiosa para quem souber que o senhor em questão era
um respeitável prelado: D. Lourenço Vicente, arcebispo
de Braga. E a crónica deste mês é-lhe dedicada.
A Lourinhã ainda hoje se orgulha dele, porque é a sua
terra natal. Mas todos nós, e não só os da Lourinhã,
deveríamos, para começar, conhecer-lhe a existência (e
quantos serão os Portugueses que a conhecem?) e, para
continuar, deveríamos ter-lhe, pelo menos, respeito.
Não propriamente porque, logo no início do Grande
Cisma do Ocidente, ele deu a sua fidelidade e apoio ao
Papa de Roma, contra o de Avinhão; essas são questões
eclesiásticas e políticas que, hoje, têm somente um
interesse histórico. Mas porque, desde a primeira hora,
aderiu à causa do Mestre de Avis, quando se iniciou, em
Lisboa, o encadeado de acontecimentos que viriam a
transformar-se na Revolução de 1383 – 1385.
Com efeito, devemos recordar que D. Lourenço não
era, então, um vago presbítero ou um cónego ambicioso
e ansioso por subir na hierarquia. Pelo contrário, era já
arcebispo de Braga quando se iniciou a Revolução;
nesses tempos, os prelados — e mormente os arcebispos de Braga — eram grandes senhores, não só no seio
da Igreja como nos meios políticos e militares. Ora, em
1383, poucos foram os grandes senhores no reino de
Portugal que não se declararam a favor de D. Beatriz e
de Juan I de Castela. Portanto, aquela opção política já é
suficiente, a meu ver, para justificar a nossa admiração
e a nossa simpatia. Mas há mais: D. Lourenço Vicente
não se limitou a fazer uma opção, antes fez aquilo a que
se chama «dar o corpo ao manifesto». De facto, acompanhou pessoalmente o Mestre de Avis nas acções militares e quando, em Março de 1385, se reuniram cortes
em Coimbra para cuidar da defesa do reino e escolher
um novo rei, o arcebispo de Braga esteve presente —
foi, de resto, a «cabeça» da representação do clero — e
colocou todo o seu peso na balança, a favor do Mestre.
Depois, como se sabe, às cortes de Coimbra seguiu-se,
em Agosto, a batalha de Aljubarrota — e o arcebispo lá
estava, combatendo e distribuindo bênçãos e absolvições aos que combatiam pelo novo rei.
Como ficou dito, a batalha deixou-lhe uma cicatriz no
rosto. E resta dizer que, mesmo em tempo de paz, fazemnos falta homens assim, sejam ou não arcebispos. I
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OlhoVivo
Marta Martins [ textos ] André Letria [ ilustrações ]
Contra a obesidade,
lutar, lutar
Embalagens
verdes
Já todos sabemos que a obesidade é uma epidemia a nível
Sainsbury procura cair nas boas
mundial mas, segundo a Associação Internacional para o
graças dos ambientalistas, anun-
estudo da Obesidade, ainda estamos muito
ciando que, a partir de Janeiro, 80%
aquém do que podemos fazer para a com-
das embalagens de produtos ali-
bater. Se é verdade que muitos países já
mentares da sua marca serão apre-
têm algum tipo de leis e regulamentos
sentados
para controlar o comércio e a dis-
degradáveis. Será o caso das frutas e
tribuição de “comida de plástico”,
legumes, mas também das refeições
em
embalagens
bio-
nomeadamente quando dirigida a cri-
prontas, num total de mais de 500
anças, também é verdade que a publici-
produtos. Esta alteração deverá evi-
dade não se deixa limitar facilmente. E é
tar o uso de 3.550 toneladas de plás-
precisamente o marketing alimentar infantil o
tico por ano. A medida foi, natural-
alvo do pedido elaborado no último congresso interna-
mente, bem recebida entre os “ver-
cional sobre Obesidade: que seja banido todo o tipo de
des”, que, no entanto, não deixam de
publicidade e marketing de alimentos de baixo valor
pedir a erradicação de todos os tipos
alimentar dirigidos a crianças. É que, segundo vários
de embalagens não recicláveis.
estudos apresentados neste congresso, se é relativamente fácil controlar a publicidade nos meios de comunicação tradicionais (imprensa, TV e rádio), o mesmo
não acontece com a Internet, onde as acções de marketing são tão numerosas e diversificadas que é muito
difícil evitá-las. Por isso, as entidades participantes
na reunião pediram a intervenção da Organização
Mundial de Saúde, a fim de enfatizar a necessidade de se imporem rapidamente regras a este
tipo de actividade, sob risco de se desperdiçarem milhões de euros em campanhas
preventivas… em vão.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Inconsequentes por natureza?
Segundo um estudo recentemente apresentado pela Drª
bastante menos do que os adultos esta parte do cérebro,
Sarah-Jayne Blakemore, do Institute of Cognitive
suportando a hipótese de que pensam menos nas con-
Neuroscience da University College de Londres, os ado-
sequências que os seus actos podem ter para os outros e
lescentes usam menos do que os adultos o córtex pre-
até para si mesmos. Segundo a investigadora, perante a
frontal, a área do cérebro envolvida nos pensamentos
mesma questão, um adolescente pensaria “O que faria
“elevados”, como empatia, culpa, a compreensão do que
eu nesta situação?”, enquanto um adulto pensaria “O
os outros podem estar a sentir e pensar. No seu estudo,
que faria eu, tendo em conta o que me poderia aconte-
quando questionados sobre as suas prováveis reacção
cer e como outras pessoas reagiriam às minhas
perante situações hipotéticas, os adolescentes usaram
acções?”.
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Mais segurança…
sem capacete???
Numa curiosa experiência, levada a cabo pelo Dr. Ian Walker,
psicólogo de trânsito da University of Bath (Reino Unido), revelou-se que os condutores de carros têm menos cuidado ao
ultrapassar ciclistas com capacete do que ciclistas sem
capacete. Segundo apurou o Dr. Walker, os carros ultrapassam em média 8,5 cm mais perto quando o
ciclista usa capacete do que quando não o usa (ou
14 cm mais longe, no caso de se tratar de uma
mulher ciclista), o que pode levantar a questão da
real utilidade desta protecção, uma vez que o risco
parece aumentar com o uso… A explicação para este comportamento parece estar na ideia de que um ciclista que
usa capacete será, em princípio, mais experiente e previsível do que um sem capacete, pelo que o cuidado na
condução pode ficar à sua responsabilidade. Esta ideia,
porém, não tem grande base de realidade, uma vez que
é bastante provável que condutores inexperientes também usem capacete. O Dr. Walker, aliás, afirma que um grande passo
para melhorar a convivência nas estradas seria fazer com que mais pessoas
experimentassem andar de bicicleta,
nem que fosse uma vez, para se
aperceberem do ponto de
vista dos outros.
Tele-trânsito
A empresa IntelliOne, de Atlanta (EUA), encontrou uma forma interessante
de utilizar os sinais constantemente emitidos pelos telemóveis. A
companhia faz uma monitorização permanente destes
sinais (duas vezes por minuto para cada telefone)
e assim consegue perceber a que velocidade se
movem, o que, por sua vez, permite detectar
engarrafamentos de trânsito em tempo real – o
sistema sabe distinguir entre uma paragem
num sinal vermelho e uma imobilização devida a
excesso de tráfego. A fase de testes, na Florida,
correu bem e o sistema está já a ser instalado em
Toronto, no Canadá.
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BOAVIDA
CONSUMO
LIVRO ABERTO
ARTES
A contrafacção e a
pirataria exercem um
efeito nefasto nas
empresas, na
economia e na
sociedade, mas
também nos
consumidores.
Para quem gosta de
animais e do mundo
fascinante em que
eles vivem, “O
Kamasutra das
Meninas”, de Marc
Giraud, é uma boa
surpresa.
Um início da
temporada, em
Lisboa, dominado
pelos artistas mais
novos, caso de Carla
Tavares, na Galeria
Novo Século, com
“Suave Acometida”.
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CINEMA EM CASA
MÚSICAS
NO PALCO
Se ainda vivesse,
Freddie Mercury,
completaria 60 anos
há cerca de um mês.
Pretexto para a
edição de 20 das suas
melhores canções.
Em foco, “Stabat
Mater”, encenado por
J. Silva Melo, nas
Mónicas, “Dois
Amores”, no Villaret;
e “O Homem
Almofada”, de M.
McDounagh, no
Maria Matos.
O regresso do Outono
traz novas ‘fitas’ para
os mais variados
gostos, como “Os
Edukadores”, “Maria
Madalena”, “Capote”
e “Nada a esconder”.
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FILMES MEMÓRIA
À MESA
SAÚDE
Lenta e
cautelosamente, a
ficção
cinematográfica
começou a voltar-se
para o neo-terrorismo
que, a partir de 11 de
Setembro de 2001,
mudou o mundo.
A produção de
alimentos, o seu
transporte e as suas
embalagens são hoje
reconhecidos como
grandes consumidores
de energia, de água…
Quando a idade aperta
e a insuficiência de
testosterona é
significativa, é
aconselhável consultar
um especialista das
doenças do
envelhecimento.
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INFORMÁTICA
AO VOLANTE
PALAVRAS DA LEI
As cópias de
segurança dos nossos
ficheiros libertam-nos
do drama que é a
perda de importantes
dados no computador.
Os carros têm que ser
grandes? Quanta
alegria de viver
consegue a inovação
gerar? Respostas nas
várias versões do
Smart.
A doação tem um
carácter pessoal e só
é plena, se houver
aceitação. Nenhum
donatário é obrigado
a receber um bem que
não queira.
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BOAVIDA
C O N S U M O
André Letria
CONTRAFACÇÃO
E PIRATARIA
A contrafacção e a pirataria são fenómenos de dimensão mundial, mas
mal conhecidos. A sua acção perniciosa é, no entanto, bem visível nos
planos económico e social, pelo que a Comissão Europeia decidiu actuar.
I
Carlos Barbosa de Oliveira
A
contrafacção e a pirataria exercem um efeito
nefasto nas empresas, na
economia e na sociedade, mas também nos consumidores, em especial no que concerne
à saúde e segurança pública. Para se
perceber um pouco a dimensão do
problema, refira-se apenas que pro-
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vocam a perda anual de mais de 100
mil postos de trabalho na União
Europeia, ou que os sectores de
actividade mais atingidos são a indústria áudio visual (25%), os
brinquedos (12%), perfumes (10%),
e informática de “software” (46%).
Por outro lado, estas actividades
clandestinas representam cerca de
7% do comércio global, gerando
prejuízos nas empresas da União
Europeia que ascendem a cerca
de três mil milhões de euros.
Em Portugal, estima-se
que cerca de dez mil famílias vivam à custa das
actividades de contrafacção e
pirataria, o que além de causar
prejuízos às empresas, pune severamente todos os cidadãos,
pois estas actividades permitem a fuga aos impostos (IVA
e IRS) e ao pagamento à Segurança Social.
Apesar de serem criminosas,
estas actividades são vistas com
alguma simpatia por muitos
consumidores*, que correm
para as feiras, na mira de encontrar “produtos de marca” a
preços reduzidos. Esta tolerância dos consumidores (que no
caso de produtos alimentares
e medicamentos lhes pode
acarretar graves problemas de
saúde...) constitui uma dificuldade
acrescida às autoridades para a
controlar.
A Comissão Europeia também
mostra preocupação, tendo elaborado um “Livro Verde” sobre esta
matéria, onde conclui que o alvo
dos infractores não se limita à contrafacção de produtos de luxo,
como perfumes, vestuário, adereços, ou relógios, estendendo-se
também “aos direitos de autor, registos fonográficos e videográficos,
ao sector informático, ao mobiliário,
biscoitos e baterias de cozinha”.
A Comissão reconhece a dificuldade no combate ao fenómeno. Por
um lado, porque muitas vezes o
“negócio” é de natureza estritamente familiar, não envolvendo o
“fabrico” mais do que o agregado
que a compõe. Por outro, os Estados-membros não têm uma definição comum dos conceitos de
“contrafacção” e “pirataria”.
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Assim, procurou no “Livro Verde” precisar os conceitos, englobando nestas actividades situações
como “fabrico, distribuição, detenção para fins comerciais, importação na Comunidade, ou exportação para países terceiros de
mercadorias, produtos ou serviços
que sejam objecto de uma violação
de um direito de propriedade intelectual (marca de fábrica ou de
comércio, modelo industrial, patente de invenção, modelo de utilidade, indicação geográfica) direito
de autor ou direito conexo (direitos
dos artistas, intérpretes ou executantes, direito dos proprietários de
fonogramas, de filmes e de organismos de radiodifusão) ou, ainda,
o direito do fabricante de uma base
de dados”. Este conceito permite
englobar na contrafacção não apenas os produtos copiados fraudulentamente, mas também produtos
idênticos ao original fabricados
sem o consentimento do titular do
direito e serviços ligados ao desenvolvimento da sociedade de informação.
A Comissão Europeia aponta
várias formas de combate a estas
actividades, com destaque para a
adopção de um “código penal
comunitário” que puna a violação
(deliberada) do direito de propriedade intelectual, com penas de
prisão até quatro anos, e multas até
300 mil euros.
Reconhecendo a dificuldade de
detecção da origem destes produ-
tos, vendidos essencialmente em
feiras e mercados, mas também em
armazéns e estabelecimentos considerados legais, a Comissão sugere “a obrigatoriedade de os
infractores (que sejam apanhados
na posse de produtos, ou comercializando serviços) revelarem
informações sobre a origem das
mercadorias, os circuitos de distribuição e a identidade de terceiros
implicados na distribuição ou produção”. Os que se recusarem a
fazê-lo, ficarão igualmente sujeitos
a sanções. I
* Em artigo publicado na TL nº 70,
expliquei as razões para a simpatia dos
consumidores pela contrafacção
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BOAVIDA
L I V R O
A B E R T O
LEITURAS VÁRIAS
PARA RECEBER O OUTONO
Para quem gosta de animais e do mundo fascinante em que eles vivem, sejam selvagens ou domésticos, minúsculos ou de grande porte, “O Kamasutra das Meninas”, do francês Marc Giraud, com a chancela da Ambar,
será, sem dúvida, uma agradabilíssima surpresa.
I José
Jorge Letria
T
rata-se de uma visita
guiada a esse mágico universo cujas regras desconhecemos e com o qual
temos sempre muito a aprender. O
autor, numa linguagem divertida,
lúdica mas sempre cientificamente
rigorosa, familiariza-nos com os
segredos dos ouriços, dos macacos,
das aranhas ou dos arganazes,
entre muitas outras espécies, mas
também com as suas estratégias de
sedução e acasalamento e de confrontação. Para além disso, fornece
ao leitor informações úteis sobre a
forma de criar um pequeno jardim
onde as aves e outras espécies possam sentir-se como se estivessem
em casa.
E há uma outra coisa que se
aprende e confirma: o Homem con56 TempoLivre
Outubro 2006
tinua a ser o pior de todos os
predadores, por ser o único animal
que mata sem ser para se alimentar
ou para se defender. Por todas estas
razões e por outras mais, trata-se de
uma obra a não perder.
Também da Ambar é o romance
de “O Silêncio do Patinador”, de
Juan Manuel de Prada, nascido em
Espanha, em 1970, e já considerado
como um dos mais interessantes
ficcionistas contemporâneos do
país vizinho. Há nesta narrativa,
pontuada pelo sarcasmo, uma visão
do mundo, das personagens e da
própria linguagem que, por certo,
irá alargar o número dos leitores
que Prada já conseguiu fidelizar. O
mesmo poderá ser dito de “ A
Herança de Eszter ”, obra-prima
incontestável de um grande escritor húngaro nascido em 1900. O
autor exilou-se nos Estados Unidos
em 1948, tendo a sua obra sido
proibida pelo regime comunista de
Budapeste. Márai suicidou-se em
San Diego, Califórnia, em 1989.
Destaque ainda, com a chancela
da mesma editora, para “Picasso e
as Mulheres”, de Paula Izquierdo, um fascinante ensaio biográfico e analítico
sobre a importância que as
mulheres tiveram na vida de
um dos maiores pintores de
sempre, estimulando nele o
torrencial processo criador. É
também um retrato polémico
de um homem que nem sempre soube tratar as mulheres
em pé de igualdade e com o respeito que lhes era devido.
“A FONTE NÃO QUIS REVELAR” é o
sugestivo e actualíssimo título de
um livro de Rogério Santos agora
editado pela Campo das Letras que
analisa com profundidade e rigor
académico as relações entre jornalistas e fontes de informação a partir da leitura de notícias e de um
vasto trabalho de campo. Da mesma editora é a segunda edição portuguesa de “História Breve da Literatura Portátil”, do espanhol Enrique Vila-Matas. Para milhares de
leitores em todo o mundo, este
livro tornou-se uma obra de culto,
tendo contribuído para que muita
gente descobrisse o talento e a originalidade de Vila-Matas, que vale
sempre a pena ler e reler.
“DUAS CRIANÇAS no Tecto do
Mundo”, de Nadine Delpech, é
uma interessante proposta de leitura de Publicações Europa-América,
que nos descreve um fascinante
“raid” efectuado pela autor e pela
sua família, com
duas crianças (seis e
oito anos), na região
de Zanskar, o mais
alto vale habitado
do mundo, com cumes de 5000 metros
de altitude. O relato
intenso de uma
aventura de alto risco que,
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muita gente, a começar pelos médicos, desaconselhava. Um livro que
se lê com gosto e emoção, por ser
também reflexão sobre a natureza
humana e os seus limites.
DE SÉRGIO LORRÉ é o romance “Veneno com Veneno”, da Oficina do
Livro, que tem como tema central o
complexo processo de descoberta
que se inicia em cada um de nós
quando o tempo da inocência termina e a realidade do mundo e da vida
nos confronta com problemas complexos e nem sempre superáveis. Este
é o segundo romance do autor, que
se estreou com “ A Cruz de Génio”.
“TEATRO PARA CRIANÇAS em
Portugal”, de Glória Bastos e com a
chancela da Editorial Caminho, é
um estudo de fundo sobre o teatro
para crianças escrito em Portugal ao
longo dos tempos, nele se efectuando uma análise rigorosa de obras,
autores, tendências e temas. Pode
ainda este livro de Glória Bastos
ajudar a perceber até que ponto as
companhias profissionais devem
apostar muito mais do que têm
apostado no teatro para a infância,
de preferência de autores nacionais.
ÚTIL, CERTEIRO E OPORTUNO é o
estudo “Os Inventores de Doenças”
(ed. Ambar), do jornalista científico
alemão Jorg Blech, que demonstra,
com base num rigoroso e bem estruturado trabalho de investigação, até
que ponto a indústria farmacêutica se
envolve na criação,
mais ou menos artificial, de quadros
clínicos que depois
tornem viáveis os
processos de comercialização
de
novos medica-
mentos. A área das depressões é das
mais reveladoras e preocupantes.
Livro desafiador e heterodoxo, “Os
Inventores de Doenças” ajuda a
fazer luz num domínio onde há,
quase sempre dificuldade, em gritar
“o rei vai nu”, até por ser da saúde
dos cidadãos que, efectivamente, se
trata.
“A CIDADE E O MAR na Poesia do
Algarve” é o título de uma antologia
organizada e apresentada pelo advogado algarvio Fernando Cabrita e
editada pela Sulscrito com o patrocínio de Faro-Capital Nacional
da Cultura, nela se podendo encontrar textos de poetas como João de
Deus, António Ramos Rosa ou
Nuno Júdice, entre muitos outros
que, pela escrita e pela vida, terão
sempre os nomes ligados àquela
região de Portugal. Da mesma editora é o romance “Sexo Entre
Mentiras”, de Fernando Esteves
Pinto, nascido em 1961 e autor de
mais um romance e de três recolhas
poéticas. Uma escrita ágil que revela
um bom domínio da técnica dos
diálogos.
Em matéria de ficção narrativa,
aqui ficam ainda algumas sugestões
de qualidade: a colectânea de contos “Os Peixes Voadores”, de Artur
Portela, com ilustrações de Luiz
Duran e a chancela de Publicações
Dom Quixote, “A Mulher de Neruda”, de Hugo Santos, Prémio
Albufeira de Ficção 2005, também
da Dom Quixote, “O Pequeno
Amigo”, de Donna Tartt, da mesma
editora, “A Ilha de Arcangel” ( Casa
das Letras), romance do português
Nuno Figueiredo, distinguido com
o Prémio Vasco Branco,e ainda “A
Incrível e Triste História do Espião
sem Nome” (Publicações EuropaAmérica), de Robert Littell, por alguns classificado como o John Le
Carré do outro lado do Atlântico.
“MARIA DULCE – A Verdade a
que Tem Direito”, escrito por
Luciano Reis e com a chancela da
Sete Caminhos, é uma obra memorialística e confessional da actriz de
teatro, cinema e televisão Maria
Dulce que faz o balanço, por vezes
amargo, de décadas de trabalho
artístico em Portugal e em Espanha.
PARA OS MAIS NOVOS, três sugestões de qualidade: “Anjos de Pijama”, de Matilde Rosa Araújo, autora fundamental da literatura infanto-juvenil portuguesa nas últimas
décadas, que conta com um conjunto de excelentes ilustrações da pintora Maria Keil, nome incontornável
das nossas artes plásticas; e ainda
“O Meu Primeiro Larousse de Contos” e “O Meu Primeiro Larousse de
Inglês”, ambos com a chancela da
Campo das Letras. I
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BOAVIDA
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T
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S
O TEMPO DOS MAIS NOVOS
Decididamente, o começo da temporada em Lisboa está dominado pelos artistas mais novos, o que é deveras
positivo. Carla Tavares, na Galeria Novo Século, apresenta “Suave Acometida”, num registo cheio de referências actuais, enquanto Paulo Damião, na Galeria Arte Periférica, mostra “Um lugar ao lado do coração”.
I Rodrigues
Vaz
M
anifestando uma evidente solidão pausada,
onde o silêncio se converte em companheiro
e confidente, Carla Tavares busca na
fragilidade a essência bela das
coisas, os mundos escondidos em
que habitam os sonhos, a música, a
literatura e, inclusivamente as
obsessões.
Por isso é que, em certa medida, a
sensibilidade das suas técnicas mistas parece não poder conter-se só
no entorno físico das mesmas, pelo
que Carla Tavares constrói um
mundo mágico, de inquietante fantasia, em criações cheias de mistério
que vão ganhando sentido à medida que se percebe em solidão o
rumor calado das vozes que
enchem os seus espaços.
Já Paulo Damião “trouxe para cima o que era preciso vertebrar, e o
lugar lavou-se por dentro, e eu ardia-me no outro lado. Desci até à
doença de chumbo, o que eu pensava ser outra coisa, uma mensagem
que chamaste relação, e lutei. Nunca
existiu. Acabou-se o metal, o branco, o chumbo, o amor, e reexiste,
nele, um outro, mais perigoso.”
Paulo Damião, que nasceu na
Bretanha, em S. Miguel, Açores, em
1975, e terminou recentemente o
curso de Pintura na Faculdade de
Belas Artes de Lisboa, com a classificação de 18 valores, tendo-se revelado ao vencer, no XVI Salão de
Primavera (2003), organizado pela
58 TempoLivre
Outubro 2006
Galeria de Arte do Casino Estoril, o
“Prémio Estoril Sol” (1º Prémio),
tinha sido já notado na ARCO’05,
em Madrid, e a sua presença foi
igualmente relevante na ARTE LISBOA do ano passado.
A sua obra retém o nosso olhar
Composição de Paulo Damião.
Página da direita: em cima,
técnica mista de Carla Tavares.
Em baixo, “Deambulações III”,
de Helena Justino
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pela sua grande riqueza plástica,
deleitando-nos em particular pela
sua forma de semear as cores
suaves, sempre sabiamente administradas e bem encaixadas entre si,
desenvolvendo-se com um carácter
muito gestual mas sem forçar nem
extremar a grafia. Neste estalido
vital, pleno de matizes informalistas, há algo de provocativo e contundente, algo que em nenhum
caso é gratuito mas sim
resultado do vigor da
expressão que este artista quer plasmar nas
suas obras.
Helena Justino na Artela
Por sua vez, Helena
Justino apresenta, na
Galeria Artela, igualmente em Lisboa, “Deambulações”, projecto
que continua, de forma
mais exuberante, a série
“Ninhos”, com que obteve um relativo êxito quando da
sua apresentação, no ano passado,
na Alemanha.
Helena Justino nasceu no Porto
em 1944. Curso Geral de Pintura
pela Escola Superior de Belas Artes
do Porto e licenciatura em Arquitectura pela Escola Superior de
Belas Artes de Lisboa. Fez a primeira exposição individual no
Museu de Angola, Luanda, em 1963,
e expõe regularmente desde 1985.
Conciliando a liberdade criativa de
Júlio Resende com o rigor do traço
de Lagoa Henriques, seus mestres
na Escola Superior de Belas Artes do
Porto, Helena Justino mantém a
essência neo-figurativista da sua
arte, em que o lirismo está sempre
presente, assim como as ligações
afectivas a África, que estão patentes no estilo de composição e
sobretudo nas cores vivas e fortes
que fazem a peculiaridade da obra.
Apresenta esta exposição o
Professor Rocha de Sousa, que
salienta: “Desde a proposta ‘Sei um
ninho’, aliás muito ligada ao seu
período criador no estrangeiro, conseguida internacionalização que
haveria de superar, na obra, os
habituais ostracismos nacionais,
Helena Justino como que retoma o
seu mistério inicial, o balanço entre
a força, a claridade, a sombra e o
sentido táctil da macieza e da
aspereza, a ordem submetida ao
convívio com diferentes devaneios
nocturnos. Entre este ponto e certos
limites já longínquos, a pintora
reivindica para o seu modo de formar origens temáticas, ou temas
aplicados posteriormente às formas
plásticas apresentadas, bem como a
ideia de mensagem, no sentido
próprio da comunicação com os
outros pela linguagem pictórica – a
par de uma frequente pontuação
africana indicadora de apelos por
aquelas terras efectivamente mágicas ou encantatórias. A autora não
deixa de referir, neste conjunto de
autoavaliações, dois sentidos fundamentais do seu trabalho – o factor
integrante da projecção poética, o
qual arrasta a vibração lírica do
próprio discurso, e o factor de reordenação dos sentidos coordenando
as expectativas abertas.” I
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I
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A PEQUENA-GRANDE
HERANÇA DE
FREDDIE MERCURY
Frederick Bulsara nasceu em 5 de Setembro de 1946, na ilha de
Zanzibar. Se fosse vivo, teria completado 60 anos há cerca de um mês. É
conhecido universalmente por Freddie Mercury e, em jeito de homenagem, 20 das suas canções acabam de ser editadas num CD, com o
óbvio título “The Very Best of Freddie Mercury Solo”.
I
Victor Ribeiro
L
íder incontestado do grupo “Queen”, Freddie Mercury distinguiu-se não só
enquanto criador de algumas das mais belas canções pop
/rock do século XX, mas também
(ou sobretudo) como cantor de voz
invulgar e intérprete de excepção.
A fantástica interpretação do tema
“Barcelona”, num dueto com Monserrat Caballé”, nos Jogos Olímpicos
de 1992, assinalou um dos pontos
mais altos da carreira de Mercury,
cuja voz está associada a cantigas
universalmente conhecidas, de entre as quais recordamos “We Are
The Champions”, “The Great Pretender”, “Made in Haven”, “A Kind of
Magic”, “Friends Will Be Friends”…
Com a colectânea agora publicada
foi paralelamente editado o DVD
“Freddie Mercury – The Untold Story”, enriquecendo-se, assim, a pequena-grande herança que Frederick Bulsara nos legou.
“Excessivo”, “provocador”, “chocante”, “exuberante”, Mercury tinha a capacidade de congregar
multidões que, em estádios de futebol ou noutros grandes recintos,
celebravam de forma impressionante o prazer e a alegria do canto
e da música.
Freddie Mercury morreu dia 24
de Novembro de 1991, 24 horas
após ter tornado público que era seropositivo. Uma estátua do cantor
foi erguida na cidade suíça de Montreux, junto ao Lago Léman. No
pedestal pode ler-se: “Lover of Life,
Singer of Songs”. O autor da frase é
o músico Brian May.
REGGAE EM PORTUGUÊS
“Comunicar” é o título do CD de
estreia do “Souls of Fire”, grupo do
Porto praticante de reggae. Com
participações consistentes em festi60 TempoLivre
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Muse no Campo
Pequeno
vais de referência (Ilha do Ermal,
Sudoeste, Sapo Surf Beats…), os
“Souls of Fire” buscam um lugar de
destaque no difícil “nicho de mercado” da música reggae, revelando
neste primeiro trabalho discográfico indubitável qualidade.
Propõem-se praticar “um estilo
musical entendido numa linguagem universal, sem nacionalidade,
sem idioma, sem etnia, sem estatuto social”. Posto de parte este algo
confuso propósito, vale a pena ouvir os “Souls of Fire”. I
O trio inglês, Muse apresentamse ao vivo no Campo Pequeno,
em Lisboa, no próximo dia 26.
Um concerto que dá a conhecer
o quarto álbum “Black Holes
And Revelations” e confirma a
força de uma das mais recentes
bandas de rock da actualidade.
Mariza e Jamie
Cullum no Coliseu
Mariza retoma os concertos em
Portugal, com duas actuações
nos Coliseus de Lisboa e Porto,
dias 1 e 2 de Novembro respectivamente.
Concertos que são uma oportunidade de rever a fadista na
companhia de Jaques Morelenbaum e da Sinfonietta de Lisboa.
Ainda no palco do Coliseu dos
Recreios, em Lisboa, poderá
apreciar no dia 9 de Novembro,
Jamie Cullum, o menino-prodígio dos ingleses que continua a
trilhar uma carreira de sucesso
com melodias simples onde a
harmonia do jazz marca forte
presença.
Glória Lambelho
GINÁSIO DA MOURARIA
GINÁSTICA - Abertas as inscrições para a época 2006/2007
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BOAVIDA
N O PA L C O
STABAT MATER
NAS MÓNICAS
Nesta nova produção dos Artistas Unidos, encenada por Jorge
Silva Melo, com estreia marcada para 12 de Outubro, no Convento
das Mónicas (Lisboa), não há lugar para alegrias, mas para a
angústia e tristeza.
imigrantes, de uma mistura de
dialectos, com ou sem verdades
absolutas e supremas, sobressai a
heresia, característica da vida, de
uma dor que não serve nem salva e
da história que impiedosamente
repete o seu ciclo sem evoluir.”
Ficha Técnica:
STABAT MATER, de Antonio Tarantino
Tradução: Tereza Bento; Intérprete: Maria
João Luis;Cenografia e figurinos: Rita
Lopes Alves; Luz: Pedro Domingos;
Encenação: Jorge Silva Melo. No Convento
das Mónicas a partir de 12 de Outubro de
2006.
I
Maria Mesquita
M
aria João Luís interpreta a difícil personagem
de Maria, uma mulher
que em busca do filho
desaparecido acaba por sucumbir
aos efeitos dessa mesma perseguição.
Vítima de uma sociedade à margem, Maria, ex-prostituta e pobre
encontra-se perante uma realidade
atroz e, como tal, sente-se revoltada
para com o mundo que a rodeia.
O texto, da autoria do escritor e
artista italiano Antonio Tarantino,
revela-se um espelho das sociedades actuais, principalmente daqueles cuja integração é vedada e só
lhes resta a alternativa de sobreviverem na base do que é física e
psicologicamente possível.
De uma “linguagem de rua de
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DOIS AMORES NO TEATRO VILLARET
Poder-se-ia tratar de uma canção de
Marco Paulo e, de certa forma, até
existe um certo paralelismo entre a
letra desta melodia e a comédia
encenada por António Feio.
Este trabalho conta a história de
João, taxista em Lisboa, o qual
aparentemente tinha uma vida perfeita. Para tal era feliz no casamento
com Maria e curiosamente, também
no seu matrimónio com Ana.
Com esta duplicidade tão bizarra
a vida ia decorrendo sem grandes
sobressaltos ou outro prejuízos até
à data em que, por obra do destino,
ou quem sabe, de outra circunstância mais complexa, a vida do João
dá uma volta de 180º. E agora vá-se
lá saber o motivo desta “rotação”?
Certo dia, João vê-se envolvido
num assalto onde heroicamente
salva uma velhinha e a confusão
instala-se. Com essa ocorrência
torna-se capa de jornal, trava conhecimento com dois inspectores
de polícia e, como se não bastasse,
os seus dois vizinhos de cima de
cada uma das suas casas, Simão e
Beto, em vez de o ajudarem, ainda
complicam mais o seu triângulo
amoroso aparentemente perfeito.
Desta feita tudo o que parecia ser
fácil passa a ser um pesadelo não só
na vida do pacato taxista João,
como igualmente na vida bígama
das duas amantíssimas esposas.
Sem alardes de grande teatro,
este trabalho de Ray Cooney oferece-nos divertidos e descontraídos
momentos, bem necessários nos
tempos que correm.
Ficha Técnica:
Teatro Villaret
Terça a Sábado, às 21h30 | Domingos às
16h30
Autor: Ray Cooney; Encenação: António
Feiro; Tradução: Ana Sampaio; Cenário:
Eric da Costa; Desenho de Luz: Manuel
Antunes; Figurinos: Bárbara Gonzalez Feio;
Música: Alexandre Manaia; Interpretação:
António Feio, António Machado, Claudia
Cadima, João Didelet, Joaquim Guerreiro,
José Pedro Gomes, Maria Henrique,
Martinho Silva
O HOMEM ALMOFADA
Da autoria de Martin McDounagh,
este conto escrito para teatro é dirigido por Tiago Guedes, na sua primeira
experiência como encenador.
The Pillowman narra a vida de
um escritor submetido a um interrogatório acerca do conteúdo algo
estranho dos contos que escreve e
dos quais resultam semelhanças,
como a sequência de homicídios
ocorrida com crianças e que acontecem na sua cidade. Tudo se passa
num regime totalitário e dessa
forma o escritor confronta-se com os
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José Frade
maiores obstáculos para conseguir a
sua liberdade pessoal, bem como
para encontrar a possibilidade de
poder continuar a expressar o seu
poder criativo de modo a que este
subsista nesta configuração.
Em síntese, poderá um artista ser
culpado pelos sentimentos que o
seu trabalho provoca? Por outro
lado, se alguém se comportar segundo esses mesmos sentimentos
também será ele o principal responsável? Estas são algumas das questões expostas e respondidas em The
Pillowman – O Homem Almofada..
Ficha Técnica:
Teatro Maria Matos; de 4ª a sábado,
21h30, domingo às 17h00;
Autor: Martin McDounagh; Encenador:
Tiago Guedes; Intérpretes: Albano
Jerónimo, Gonçalo Waddington, Marco
Vela
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BOAVIDA
CINEMA EM CASA
NOVIDADES DE OUTONO
I
Sérgio Barrocas
O
regresso do Outono traz novas ‘fitas’ para os
mais variados gostos. “Os edukadores”, sobre a
juventude actual, “Maria Madalena”, uma
intensa e complexa reflexão sobre a religião,
“Capote”, sobre o escritor Truman Capote que valeu a
Philip Seymour Hoffman o Óscar da Academia para o melhor actor e “Nada a esconder”, de Michael Haneke, uma
viagem perturbadora pela sociedade contemporânea.
OS EDUKADORES
CAPOTE
NADA A ESCONDER
(THE EDUKATORS)
O brutal homicídio, em
Novembro de 1959, de
uma família numa cidade
do Kansas, atrai a atenção
de Truman Capote (Philip
Seymour Hoffman), o
famoso escritor.
Capote decide investigar
o caso, fazendo-se
acompanhar pela sua
amiga de infância, Harper
Lee (Catherine Keener),
também escritora. Com o
decorrer da investigação,
ele acredita que pode
provar uma teoria antiga,
a de que,
pela arte
do escritor
certo, a
realidade
pode ser
tão
apaixonante como a
ficção.
Desempenho notável de
Philip Seymour Hoffman
na pele de Capote, que
lhe assegurou uma série
de prémios entre os quais,
o Óscar para melhor actor.
(CACHÉ)
Jan e Peter estão a viver a
sua juventude rebelde.
Unidos pela paixão
comum de mudar o
mundo, deixam, de forma
misteriosa e criativa, nas
casas dos mais ricos, diversas mensagens, como “Os
Vossos Dias de
Abundância
estão contados”. Jan
(Daniel
Brühl)
defende que
os mais ricos
devem ser
“edukados”. O seu companheiro de casa, Peter
(Stipe Erceg), partilha os
mesmos ideais, mas é mais
descontraído. Jule (Julia
Jentsch), a namorada de
Peter, muda-se lá para casa
porque já não consegue
sobreviver com o salário
de empregada.
Uma metáfora sobre o
inconformismo anticapitalista da juventude actual.
REALIZAÇÃO:
Hans
Weingartner; INTÉRPRETES:
Daniel Bruhl, Júlia Jentsch,
Stipe Erceg. DURAÇÃO: 128’
Cor 2005,Alemanha
Distr: Atalanta Filmes
64 TempoLivre
Outubro 2006
Bennett Miller
Com Philip Seymour
Hoffman, Catherine Keener.
DURAÇÃO: 110m, Cor, USA,
2005 DISTRIBUIDORA: Sony
Pictures
REALIZAÇÃO:
Georges, apresentador de
um programa televisivo
de crítica literária, recebe
pacotes anónimos
contendo vídeos dele
próprio com a sua família
– filmados da sua rua – e
desenhos de significado
obscuro. Georges e Anne
Laurent
sentem a
ameaça
pairar
sobre a
sua
família
mas,
devido à inexistência de
uma ameaça directa, a
polícia recusa-se a ajudálos. Um filme incómodo
que valeu a Haneke, o
prémio de realização no
último Festival de
Cannes.
Michael Haneke
Com Daniel Auteuil, Juliette
Binoche e Annie Girardot
DURAÇÃO: 114m, cor, França,
2005 DISTRIBUIDORA:
Atalanta Filmes
REALIZADOR:
MARIA MADALENA
(MARY)
Maria Madalena é inspirado na história da discípu-
la de Jesus. Três personagens ligadas pelo
espírito e pelo mistério
mas com relações distintas com a
religião: a
actriz
Mary
Palesi
encarna a
Maria
Madalena
no cinema, deixa-se
absorver pela personagem e parte para
Jerusalém; Tony
Childress, realizador,
interpreta Jesus Cristo;
Ted Younger, jornalista
célebre, apresenta um
programa sobre a fé. O
fascínio e a procura da
espiritualidade vão unilos …
Prémio Especial do Júri
em Veneza 2005, é assinado por um dos mais controversos realizadores
norte-americanos Abel
Ferrara e inclui um notável elenco.
Abel Ferrara
Com Juliette Binoche, Forest
Whitaker e Mathew Modine
DURAÇÃO: 83m,cor,
Itália/França/USA, 2005
DISTRIBUIÇÃO: Lusomundo
Audiovisuais
REALIZADOR:
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BOAVIDA
FILMES COM MEMÓRIA
TRIÂNGULO DE PÓ
Cautelosamente, lentamente, a ficção cinematográfica começou a voltarse para o neo-terrorismo que, a partir de 11 de Setembro de 2001, mudou
o mundo. Algumas das suas obras são já referências irrecusáveis
I
Fernando Dacosta
F
ilmes de invulgar qualidade e diversidade destacam-se, como consequência, hoje nas nossas salas
desvendando (pela sua essência criativa) um dos fenómenos mais perturbadores do tempo que vivemos.
A actualidade, a factualidade dos
seus acontecimentos tornaram-se,
entretanto, e por sua vez, objecto
exaustivo de toda a comunicação
social, através do documentalismo e
do comentarismo que lhe são
próprios. Várias televisões
têm, a propósito, realizado trabalhos de reconstituição e
investigação excepcionais – até
aqueles que põem em dúvida
a versão oficial divulgada
Nas salas portuguesas coincidem nesta altura três películas
(duas directamente, uma indirectamente) sobre o tema, ultrapassando sobreposições entre si - na intencionalidade, na
estrutura, na atmosfera, na
estética. As histórias que assumem complementarizam-se,
contrastando-se, surpreendendo-se.
Torna-se-nos por isso irresistível
situá-las, como em firmamento estrelado, sob a forma de uma pequena constelação triangular a ganhar,
num futuro breve, novas dimensões.
Os filmes que referimos são World
Trade Center de Oliver Stone, Voo 93
de Paul Greengrass e O Paraíso Agora
de Hany Abu-Assad (palestiniano).
O primeiro, o mais espectacular,
decorre após o desmoronamento
das Torres quando dois polícias da
Port Authority de Nova Iorque, os
sargentos John McLouglin e Will
Jomeno, interpretados por Nicolas
Cage e Michael Peña, tentam emergir do caos (o pó) para a luz (o sol)
com a ajuda dos vivos no exterior e
dos moribundos no interior. Entre
estes, sobressairá a figura de
António Rodrigues, português
nascido em Moçambique e emigrado nos Estados Unidos, onde se
tornou profissional num dos corpos
de agentes fardados da cidade, que
o realizador faz, em simbólica ho-
menagem aos socorristas desaparecidos, reviver aos nossos olhos.
O segundo filme é um pouco o contrário do de Oliver Stone. Austero,
objectivo, descarnado, elíptico dá-nos
a reacção dos passageiros do voo da
United Airlines de Nova Iorque para
São Francisco ao saberem que haviam
sido sequestrados, e ao perceberem,
através dos seus telemóveis, que três
outros aviões, igualmente desviados,
acabavam de se despenhar contra as
torres gémeas de Nova Iorque e o
Pentágono de Washington. Ao aparelho em que seguiam caberia destruir
ou a Casa Branca ou o Capitólio. A
percepção disso, e da inexorabilidade
do fim, determinou-os: em uníssono,
uniram-se e reagiram. Friamente,
implacavelmente – como que transmutados da luz para o pó – o pó em
que eles e os assaltantes se transformaram num campo despovoado de
Shanksville, na Pennsylvania.
O terceiro dá-nos o outro lado
dos anteriores, desocultando a génese do terrorismo suicidário, monstruosa arquitectura engendrada
(até agora) com êxito por diabólicos
entes do Mal.
Subtilmente, Hany Abu-Assad,
realizador e argumentista, atravessa as imagens do seu paraíso de fios
de humor que dessacralizam as
ênfases místicas dadas a comungar
aos escolhidos para as auto-imolações.
Formatados em fábricas
de mártires de pequenas
cidades palestinianas, dois
jovens, Saïd e Khaled, vivem as suas últimas 48
horas antes de executarem
um atentado suicida em
Telavive. Têm, no entanto,
dúvidas íntimas sobre o
acto que lhes destinam,
sobre a realidade em que se
movem (os movem), labirinto percorrido, cumprido
estonteantemente entre rituais de
absurdos, de delírios, de burlescos.
A barbárie e o riso são cumpliciados
até se tornarem (o que faz a excepcionalidade do filme) indizíveis. O
segredo está no iludir que se acredita no que tem de se acreditar – até
acreditar.
Nos écrans dos três filmes fica,
depois de terminados, uma névoa
de pó invisível. Poderão os lados do
seu triângulo ser alterados? I
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BOAVIDA
À
M E S A
BOM AMBIENTE À MESA
Recentemente, a União Europeia considerou que “um ambiente limpo e
saudável é essencial para o bem-estar e para a prosperidade da sociedade”
fixando como prioridade reduzir a poluição em todos os países europeus.
I
Pedro Soares
A
exposição aos poluentes
existentes no ar, na água
ou nos alimentos, ainda
que por tempo reduzido,
pode ter consequências dramáticas
na nossa saúde. Estima-se que cerca
de 20% das causas de doenças nos
países europeus possam ser atribuídas a factores ambientais afectando
particularmente as crianças. Apesar
desta situação, existem milhares de
substâncias químicas em circulação
que nunca foram sujeitas a uma
avaliação aprofundada dos riscos
associados, pois esta avaliação só
começou a ser efectuada a partir de
1981.
A alimentação, ou seja, a produção de alimentos, o seu transporte e as suas embalagens são hoje
reconhecidos como grandes consumidores de energia, de água, de
matéria-prima e de resíduos. O que
podemos fazer, como consumidores
para reduzir o impacte deste actividade no ambiente? Alguns gestos
simples, multiplicados por vários
milhares de pessoas podem fazer
toda a diferença. Por exemplo:
Identificar os locais perto da sua
casa onde se vendem alimentos. Os
frescos (frutos e hortícolas) e o pão
que desempenham um papel decisivo na nossa saúde devem ser consumidos diariamente. Um passeio a
pé até este local ao final do dia, permite-lhe fazer exercício físico,
reduzir os gastos de combustível,
reduzir embalagens, reduzir gastos
no armazenamento e adquirir estes
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Outubro 2006
alimentos com teores mais elevados
de nutrientes.
Se comprar no supermercado,
evite o excesso de embalagens.
Compre embalagens maiores, prefira o cartão ou o vidro. Depois de
utilizar, separe e recicle.
Aumentar o consumo de frutos,
hortícolas, leguminosas, cereais e
escolher o azeite como principal
gordura. Os produtos de origem
vegetal necessitam, de um modo
geral, de menores quantidades de
água e energia para originarem as
mesmas quantidades de calorias
e proteína, quando comparados com alimentos de origem
animal.
Sempre que possível escolher produtos provenientes da agricultura
biológica pois preservam os recursos
naturais, solo, água e
excluem a quase totalidade dos produtos
químicos de síntese como
adubos, pesticidas, reguladores de
crescimento e aditivos alimentares
para animais.
Esteja atento aos novos produtos
amigos do ambiente que vão aparecendo. Por ex. a produção de “aves
biológicas” garante uma área de
movimentação livre alargada para
os animais, reduzindo todas as formas de poluição do solo, das águas
superficiais e dos lençóis freáticos.
Estes animais têm ainda um crescimento lento, adequado a este modo
André Letria
de produção,
sendo abatidos com a idade
mínima de 81 dias.
Lute para que o seu município
forneça água potável de qualidade.
A utilização de água engarrafada,
que é uma excelente opção do
ponto de vista do sabor e qualidade,
deve ser uma alternativa e não a
primeira opção.
São pequenos gestos, ao longo da
semana, mas fazem toda a diferença
para as novas gerações. I
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BOAVIDA
S A Ú D E
SERÁ QUE A ANDROPAUSA EXISTE?
O Sr. F. veio pela primeira vez à minha consulta. Tem uma vida profissional e familiar sem grandes problemas
mas, desde há algum tempo, mais precisamente depois dos 60 anos, sente-se desinteressado por tudo. Dorme
mal, perdeu a vontade de conviver, isola-se e, em tom confessional, diz que se sente “menos homem”.
I
M. Augusta Drago
P
rocurei tranquilizá-lo. Disse-lhe que estava deprimido e que a depressão podia
ser a causa de todas as suas
queixas. Assegurei-lhe que o podia
ajudar. Os medicamentos existentes
hoje em dia para tratar a depressão
são muito eficazes. Precisava no
entanto de fazer alguns exames, para
poder descansar em relação a algumas doenças que afectam as pessoas
na “meia idade”.
Numa sociedade como a nossa,
onde ainda dominam os valores masculinos, torna-se difícil para a maior
parte dos homens falar das suas dificuldades. Foi com algum embaraço
que o Sr. F. falou de diminuição da
líbido e de impotência sexual.
Falámos da semelhança entre
aquilo que sentia e a menopausa
das mulheres. Não pareceu convencido. Muitos médicos também não
concordam com a existência de semelhanças. O assunto continua a
ser controverso.
A polémica sobre este
tema vem de longe,
mas só se tornou
visível no início do
séc. XX. Começou
por se falar de
“menopausa masculina”. A literatura
médica introduziu
então o termo “climatério masculino”,
para designar o período da vida dos homens em que se verifi-
ca um declínio na produção de
testosterona. Hoje é comum chamar
a este período da vida dos homens
“andropausa”.
A testosterona é a hormona masculina por excelência. É produzida
pelas glândulas supra-renais e pelos
testículos, após estimulação do eixo
hipotálamo-hipofisário. A testosterona é responsável pelo desenvolvimento das características sexuais masculinas e, porque aumenta a
massa muscular e diminui os depósitos de gordura, é por vezes
usada abusivamente pelos que querem aumentar rapidamente os seus
músculos.
Qualquer lesão ou doença que
afecte gravemente o desempenho
dos orgãos mediadores ou produtores de testosterona pode baixar a sua
produção e, independentemente da
idade, desencadear a “andropausa”.
Os homens de quem se pode dizer
que entraram na “andropausa” queixam-se de pensamentos depressivos,
ansiedade, perda de cabelo, diminuição da líbido, disfunção eréctil,
perda de memória e cansaço fácil.
Estas queixas, mais frequentes a
partir dos 60 anos, são para os defensores da existência de “andropausa”
sintomas suficientes para caracterizar
a síndrome e preconizar uma terapêutica hormonal de substituição
com testosterona.
Do outro lado, estão os que argumentam que as queixas dos homens
de “meia idade” são sinais normais
de envelhecimento que surgem
mais precocemente nuns do que
noutros. Entre outras diferenças, a
testosterona, ao contrário do estrogénio feminino, não protege o
homem da osteoporose. No entanto, o argumento mais poderoso contra o tratamento com testosterona é
que é caro e aumenta consideravelmente o risco de cancro da próstata.
Quando a idade aperta e a insuficiência de testosterona é significativa, com sintomas persistentes e
incapacitantes, é aconselhável consultar um especialista das doenças
do envelhecimento. Envelhecer é
um processo complexo e individual. O doente deve ser apoiado na
sua globalidade e não apenas num
único aspecto.
Se a disfunção eréctil se dever
apenas à diminuição de testosterona, existe no mercado um medicamento (sildenafil) que apresenta
bons resultados, desde que o doente
não tenha contra-indicações – como
estar a tomar medicamentos com
nitratos. O seu médico
de família poderá
aconselhá-lo.I
[email protected]
André Letria
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BOAVIDA
TEMPO INFORMÁTICO
RECUPERAÇÃO DE DADOS
Apesar dos conselhos em manter sempre cópias de segurança dos nossos ficheiros que se encontram no PC e de
as fazer regularmente, dependendo da frequência com que trabalha e os grava no seu disco rígido, acontece que
ouvimos constantemente casos de alguém que perdeu os seus importantes dados no computador.
I Gil
Montalverne
D
evido a ser atingido por
um vírus ou por simples
avaria num disco rígido,
de repente deixa de ter
acesso aos seus dados ou mesmo ao
disco rígido. As razões são várias e
pode até ter apagado sem querer
algum ficheiro ou imagem importante. Não é uma situação agradável
mas antes de entrar em pânico é
importante verificar se o PC funciona. Se liga à corrente e nada acontece pode ser até que seja avaria do
sistema ou do PC e o disco rígido
esteja mais ou menos em bom estado. Nesse caso, após a reparação do
hardware, esse disco será colocado
como disco secundário e encontra lá
os seus ficheiros, bastando copiá-los
para outro local. No caso de
ficheiros eliminados acidentalmente
ou corrompidos pode tentar-se a
recuperação com programas específicos. Importante é não gravar nada
nesse disco, a partir do momento em
que perdeu os dados. O Windows
não apaga ficheiros totalmente nem
mesmo depois de saírem do
Recycling bin ou Reciclagem.
Apenas liberta o local onde
estão gravados para usar de
novo e então sim os ficheiros
antigos desaparecem. Podemos
mesmo em certas circunstâncias
recuperar ficheiros de discos formatados por engano. É importante
para a recuperação que o disco não
esteja muito fragmentado e por isso
se recomenda a regular desfragmentação para que cada ficheiro esteja
68 TempoLivre
Outubro 2006
sequencialmente gravado. É também importante que se diga que são
os ficheiros de texto e as imagens
que se podem provavelmente recuperar, o que não acontece com
ficheiros de programas que pode
voltar a instalar.
Condição essencial é possuir uma
outra unidade de disco mesmo
amovível para gravar os dados recuperados. Existem na Internet vários
Sites onde se encontram programas
de recuperação. Aconselhamos para
ficheiros de texto o Drive Rescue.
Pode fazer o download da versão
gratuita e verificar a recuperação
dos ficheiros mas nem sempre os
pode gravar. Para isso terá de comprar a licença (cerca de 50 Euros).
Para as imagens, inclusive as que
tenham sido apagadas de um cartão
de memória, existe um bom programa Digital Image Recovery. Em
qualquer dos casos procure no Google algum Site que disponibi-
lize uma versão freeware com alguma possibilidade de gravação. De
vez em quando aparecem. Outros
programas que podem experimentar: File Scavenger e Active Undelete Data Recovery
Se for o caso de ter apagado um
ficheiro, mesmo da Reciclagem, acidentalmente ou não, existe de facto
um programa totalmente gratuito
para fazer a recuperação, chamado
Restoration. Pode fazer o download
do seguinte endereço:
http://www.download.com/Resto
ration/3003-2094_4-10322949.html
O programa é muito simples e
limita-se a apresentar uma janela
onde iremos dizer qual a drive
onde pretendemos fazer a busca e
depois clicar no botão “Search Deleted files”. O programa segundo
vários testes efectuados consegue
ressuscitar ficheiros, pastas ou clusters perdidos, apagados ou mesmo
até corrompidos. I
[email protected]
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BOAVIDA
A O
SMART: PEQUENO,
MAS EFICAZ
Os carros têm mesmo que ser grandes? De quanta razão precisa o
coração? Quanta alegria de viver consegue a inovação gerar? A fantasia
pode ter um lado prático?
I
Carlos Blanco
S
ão muitas as perguntas com
que a smart se depara. Com
base nestas questões foi criada uma Visão. O objectivo:
torná-la realidade. Passados mais de
sete anos e, na sua qualidade de
membro integrante do Mercedes Car
Group, a Smart oferece actualmente
três gamas de modelos. Para cada
necessidade e novo sentido da vida.
Entretanto, a Smart implantou-se
em 36 mercados espalhados em
todo o mundo. Tornou-se impensável a imagem das estradas sem a sua
presença.
E da Visão resultou o expoente máximo de uma conjugação sem igual
entre funcionalidade e alegria de viver.
De cima para baixo: SmartforTwo,
SmartforFour, Smart Roadster
V O L A N T E
O trânsito no século XXI: um automóvel por pessoa. Os lugares de
estacionamento escasseiam. Conduzir com prazer é caro. Uma pena,
concluíram também os engenheiros
da Smart. E assim nasceu o Smart
fortwo. Um exemplo de sucesso garantido, que com a mais recente
tecnologia Mercedes-Benz se adapta na perfeição à imagem da cidade
moderna. De tudo isso se irá aperceber quando encontrar um lugar
para estacionar a porta de casa.
A Smart pensou em termos
racionais, mas não deixou de se
dedicar de igual modo aos sentimentos. Aos mais profundos sentimentos. Que no Smart roadster se
encontram apenas a uns escassos 20
cm do asfalto. A não esquecer: o
mais recente membro da família - o
Smart forfour. Com o primeiro automóvel smart de 4 ou 5 lugares, o
condutor percorre a estrada em
estilo desportivo e de forma económica. Quer utilize este grande
automóvel compacto para ir às
compras ou para ir à praia, o Smart
forfour é o melhor companheiro do
seu dia-a-dia. I
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BOAVIDA
PA L AV RA S D A L E I
DOAÇÃO COM
RESERVA DE
PROPRIEDADE
Tenho 81 anos, casado, com dois filhos. Gostaria de
doar alguns imóveis aos meus filhos, e gostaria de
saber se, após a doação, e no caso de necessitar, poder
deixar os imóveis à minha esposa e vice-versa.
?
Sócio n.º 39463 – Porto
I
Pedro Baptista-Bastos
R
egra geral, os contratos
são onerosos, isto é, o
Direito entende que existe um valor, um preço,
uma quantia, caracterizadora das
prestações, ou actos, que as pessoas
efectuam, no cumprimento desses
mesmos contratos; exemplo máximo é a compra e venda.
No entanto, os contratos gratuitos
em que as pessoas, por generosidade, dispõem dos seus bens, ou
assumem uma obrigação, a favor de
outra pessoa, são as doações. A
nossa lei caracterizou as doações
nos artigos 940º a 979º do Código
Civil.
Tome-se em atenção que a doação
só é plena, se houver aceitação.
Nenhum donatário é obrigado a
receber um bem que não queira. Por
outro lado, a doação tem um carácter pessoal, isto é, não podemos
atribuir a alguém a capacidade para
doar por nosso intermédio; temos
que ser nós a realizar os actos de
doação.
Com estes bens são imóveis, a
doação tem que ser feita por escritura pública, de acordo com o n.º 1 do
artigo 947º do Código Civil.
70 TempoLivre
Outubro 2006
O pedido deste nosso leitor é esclarecido à luz do artigo 959º do
Código Civil, através do que a lei
chama de “Reserva do direito de
dispor de coisa determinada”. Esta
norma consiste no seguinte:
o doador pode doar um bem a alguém; no entanto,
para que o bem
não esteja imediatamente na propriedade do donatário, pode o
doador, no acto
da doação, querer
que o bem contenha
uma reserva legal. Essa reserva legal consiste na possibilidade
de, enquanto o doador for vivo, dispor desse bem como quiser a favor
de terceiros. Naturalmente que, se
houver alguma venda a terceiros, a
doação finda.
Como o âmbito da reserva legal
desta doação é para a esposa deste
sócio, não haverá problemas para os
filhos, dado que estes são herdeiros
legítimos. Assim, fica a família deste
sócio protegida, especialmente a
sua esposa.I
Toda a correspondência deve ser
dirigida à Redacção da «Tempo Livre»
André Letria
ACADEMIA JORGE DE SENA 906.qxp
26-09-2006
20:44
Page 1
Delegação do Porto
ACADEMIA JORGE DE SENA
Formação Sócio-Cultural
C U R S O S 2006 - 07 (Setembro - Junho)
HORÁRIO LABORAL E PÓS-LABORAL
LÍNGUAS E CIÊNCIAS HUMANAS / SOCIAIS
. Iniciação: Inglês; Alemão; Espanhol; Russo
. Inglês Nível I
. Língua Gestual Portuguesa
. Literatura Portuguesa
. Escrita Criativa
. Psicologia
. História da Arte
ARTES E OFÍCIOS
. Arte de Representar - Teatro
. Artes Plásticas: Iniciação à Pintura; Pintura Nível I
. Artes Florais
. Artes Aplicadas
. Tapeçarias
. Bordados
. Restauro
. Culinária
. Pastelaria / Panificação
. Reciclagem Artística
. Fotografia
EDUCAÇÃO MUSICAL
CULTURA TRADICIONAL PORTUGUESA
.
.
.
.
Viola
Cavaquinho
Canto (Rancho Orfeão)
Antropologia Tradicional Portuguesa
CULTURA POPULAR PORTUGUESA
INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES:
Delegação do Porto
SAÚDE, CORPO E MOVIMENTO
. Yoga
. Tai Chi Chuan
. Danças de Salão
. Natação
. Hidroginástica
. Ginástica de Manutenção
. Socorrismo
. Técnicas de Defesa Pessoal
INFORMÁTICA
. Informática Nível I
. Access (Base de Dados)
. Office Nível II
. Internet
. Design Gráfico
. Web Design
OFICINAS JUVENIS
. Expressão Dramática - Teatro
. Expressão Corporal - Hip Hop
. Capoeira
Descontos para estudantes,
desempregados e reformados
Rua do Bonjardim, 495/501 . Tel. 220 007 950 / 220 007 999
e-mail: [email protected]
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CLUBE TEMPO LIVRE PASSATEMPOS
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13
SOLUÇÕES
1-JANTARADA; ÁGAPE. 2-AVO; SEMOLA; RIOS. 3-COSE; SAM;
GRUDE. 4-OS; GA; R; DIETA; P. 5-B; CAIM; VALIA; CÁ. 6-SÓ; SELIM;
S; PAR. 7-TALO; SAMOS; SOÍA. 8-ODE; D; TOSÃO; ER. 9-CO; VELAS;
ORAR; C. 10-A; CAMUS; L; EM; VÁ: 11-BELOS; PÓS; ADIR. 12-DONO;
ÁRABES; OVO. 13-AMARO; ARAMEIROS.
Palavras Cruzadas > por Tharuga Lattas
Horizontais: I-Jantarão; Refeição entre amigos. 2-Insignificância;
Fécula de arroz; Correntes.3-Costura; São; Massa dos sapateiros. 4Anéis; Gálio (s.q.); Regime especial de alimentação. 5-Fratricida;
Socorria; Aqui. 6-Isolado; Sela pequena; Parceiro. 7-Caule; Ilha grega
do Arquipélago, pátria de Pitágoras; Solha. 8-Composiçao poética;
Rede para apanhar trutas (prov.); Aliás. 9-Cobalto (s.q.); Círios; Rezar.
10- … (Albert), escritor francês, autor de “A Peste”; Prep. de “lugar”;
Ande. 11-Lindos; Cinzas; Juntar. 12-Proprietário; Serracenos; Germe.
13-Amargo; Alambradores.
Verticais: 1-Patriarca hebreu filho de Isaac e de Rebeca, que teve 12
filhos; Burado; Entrega. 2-Antepassados; Rio que banha Alcácer do
Sal; Benevolente. 3-Laços apertados; Pegue; Palco. 4-Condessa por
quem Junot se apaixonou, quando este ocupou Portugal em 1807;
Merecimento. 5-Carta de jogar; Lamentos; Demónio. 6-Rente;
Período de tempo; Lusitana. 7-Idolatrar; Caixas feitas de folha; Nome
que os antigos Egípcios davam ao Sol. 8-Título nobiliárquico;
Assistimos; Casal. 9-Outra coisa; Oferecemos; Batina eclesiástica. 10Desembaraçado; Santo; Prep. indicativa de “carência”. 11-Soberanos;
Discurse; A si. 12-Caverna; Patroa. 13-Uma ópera de Verdi; Pôr (ant.);
Sofrimento. 14-Nome do escritor americano (1807-1849), autor de
“Histórias Extraordinárias”; Abater; Esperto. 15-Estás; Suspende o
andamento; Estimados.
Nota: Todos os termos da solução podem ser verificados nos Dicionários
“Língua Portuguesa”, “Sinónimos” (Porto Editora)
e “Prático Ilustrado” (Lello & Irmãos)
Xadrez > por Joaquim Durão
Tudo parece estar controlado pelas pretas, mas não está. Num ápice as
brancas demostram que estão bastante melhor… até ao mate.
AS BRANCAS JOGAM E GANHAM
John Nunn (25.04.1955) é um dos mais brilhantes mestres ingleses contemporâneos, com importante obra didáctica publicada, que lamentavelmente
deixou a alta competição por outros interesses ou anseios superiores.
Mas alguém o convenceu a voltar ao tabuleiro, há semanas, e parece que
a ausência não o destreinou, nem afectou as suas virtudes.
Brancas: Nunn (Inglaterra); pretas: J. Smeets (Holanda). Amesterdão,
22.08.2006. Abertura Ruy Lopez. 1.e4 e5 2.Cf3 Cc6 3.Bb5 Cf6 4.d3
(Paulatinamente. Preferência recente, “de alto nível” (?), é 4.0-0 Cxe4 5.d4
Cd6 6.Bxc6 dxc6 7.dxe5 Cf5 8.Dxd8+ Rxd8 e as pretas confiam que a perda
do roque – sem damas – não é perigoso e compensado pelo par de bispos)
4…. Bc5 5.0-0 d6 6.c3 0-0 7.Cbd2 Bd7 8.h3 a6 9.Ba4 Ba7 Te1 Ce7 11.Bb3 Cg6
12.Cf1 h6 13.Cg3 c6 14.d4 Dc7 15.Be3 Tfe8 16.Dd2 (Deixa latente um possível sacrifício do B em h6) 16….exd4 17.Bxd4 Bxd4 18.cxd4 c5 19.Tac1 b6 20.Dc3
Db7 21.dxc5 dxd5 22.e5 Cd5 23.Dd2 Cdf4 24.Tc4 Ce6? (Nesta posição aberta,
com figuras reciprocamente apontadas aos roques, as pretas deixam escapar
a oportunidade de indefinir o desfecho, com 24…., Cxh3+. Se 25.gxh3 Dxf3
e após 26.Dxd7 Cxe5 27.Txe5 Txe5 28.Dd2 com posição de mutuas possibilidades) 25.Ce4 Dc7 26.Cf6+!! gxf6 27.Dxh6 f5 (Única) 28.Ch4! Bb5 (A superioridade das forças atacantes e o congestionamento das defensivas são factores decisivos 28…. Cef8 29.Cxg6 Cxg6 30.Tg4 Be6 31.Txg6+ fxg6 32.Dxg6+
Rh8 33.Bxe6 Dg7 34.Dh5+ Rh7 35.Dxh7+ Rxh7 36.Bxf5+ Rg7 37.f4 e a
avalanche dos peões brancos será decisiva) 29.Cxf5 Tad8 30.Tg4 c4 31.Bc2
Td5 32.Th4! e as pretas abandonam (32…. Cxh4 33.Ce7+!! obriga à captura,
obstruindo a casa de fuga, e abre a diagonal ao Bc2, para Dh7+ e Dh8++.
Nunn é doutor em matemáticas; a partida teve um desfecho matemático.
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SOLUÇÕES
1.Tg5! Txf6 2.Dxf6 Dd4! 3.Tg6 Txg6 a perda da dama ou o mate
Cxf7 não tem defesa.
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73e74.qxp
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Viagens
Viagens surpreendentes!
PORTUGAL
PASSEIOS TEMÁTICOS
LOCAIS DE PODER
Palácio Nacional de Belém
Museu da Presidência da República
Jardins do Palácio – Assembleia da
República/Parlamento
Nº TSN2396 – 28 de Outubro de 2006
PARTIDAS: LISBOA
Preço por pessoa: € 40,00
CEMITÉRIO DOS PRAZERES
Trajecto até ao Cemitério efectuado de
eléctrico privativo
Uma visita que surpreende pela beleza das
construções das jazidas, pelas histórias das
diversas personalidades aí sepultadas ou pelos
conhecimentos que se podem adquirir ao
percorrer este espaço de Lisboa
Nº TSN2416 – 04 de Novembro de 2006
PARTIDAS: LISBOA
Preço por pessoa: € 50,00
ROTAS
ROTA DO OURO E DO LINHO - NO
CORAÇÃO DO VERDE MINHO
Museu do Ouro e oficinas de Filigrana.
Típico almoço minhoto no
restaurante preferido do
escritor Jorge Amado.
Prova de vinho verde com
actuação exclusiva de uma
Tuna Académica
Nº TSN2386 - 27 a 29 de Outubro 2006
PARTIDAS: BEJA/ÉVORA
Preço por pessoa em quarto duplo: € 240,00
PARTIDAS: LISBOA
Preço por pessoa em quarto duplo: € 230,00
SÃO MARTINHO À LAREIRA - lume,
castanhas e vinho
PARTIDAS: FARO/BEJA/ÉVORA
Nº TSN2686- 10 a 12 de Novembro de 2006
Preço por pessoa em quarto duplo: € 240,00
MAGUSTO SALOIO A SINTRA
festa deste Outono
FESTAS E ROMARIAS
SINTRA ROMÂNTICA DE EÇA DE
QUEIROZ
Inclui visita à Quinta da Regaleira e Lanche
Saloio (queijadas de Sintra)
Nº TSN2676 – 25 de Novembro
Partidas: LISBOA
Preço por pessoa: € 60,00
Vila de Sintra
Feira saloia de São Pedro de Sintra
Almoço saloio e lanche de magusto
Fados e música ao vivo para dançar
11 a 13 de Novembro de 2006
FEIRA DE CASTRO VERDE – a feira é
festa
Desde 1621 até aos nossos dias numa vila
luminosa perdida na imensidão do Alentejo
PARTIDAS: VIANA DO
CASTELO/BRAGA/PORTO
Nº TSN2346 – 13 a 15 Outubro 2006
Preço por pessoa em quarto duplo € 225,00
Nº TSN2426 - VIANA
CASTELO/BRAGA/AVEIRO
Nº TSN2356 COVILHÃ/GUARDA/VISEU/COIMBRA
Preço por pessoa em quarto duplo: €195,00
Nº TSN2666 – 12 de Novembro de 2006
PARTIDAS: SETÚBAL/LISBOA
Preço por pessoa: € 60,00
73e74.qxp
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Viagens
CIRCUITOS
24 a 29 de Novembro 2006
MONTES PINTADOS – cor, música e
vinho
Os tons quentes do Outono no Douro
PARTIDAS: LISBOA/COIMBRA/AVEIRO
Nº TSN2406 – 03 a 05 de Novembro de
PARTIDAS: BEJA/ÉVORA/LISBOA
Preço por pessoa em quarto duplo: €435,00
PARTIDAS: LEIRIA
Preço por pessoa em quarto duplo: €425,00
Preço por pessoa em quarto duplo: € 305,00
PARTIDAS: FARO/BEJA/ÉVORA
Preço por pessoa em quarto duplo: € 315,00
08 de Julho de 2007
PARTIDAS: SETÚBAL/LISBOA
Preço por pessoa (viagem de 1 dia): € 55,00
2006
ESPANHA
Preço por pessoa em quarto duplo: € 265,00
SAFARI AO GADO BRAVO
Toiros e cavalos lusitanos na pátria dos
campinos
Nº TSN2436 – 18 de Novembro de 2006
PARTIDAS: SETÚBAL/ LISBOA
Preço por pessoa: € 60,00
NOITE DAS BRUXAS
& CEIA DO DIABO
Nº TSN2446 – 24 a 26 de Novembro de
2006
PARTIDAS: SETÚBAL/ LISBOA
Preço por pessoa: € 200,00
ROTEIROS ECOLÓGICOS
OUTONO CELTA
FAMOSA MARISCADA & MEXILHÕES À
GALEGA
Nº TSN2456
Festa dos Tabuleiros 2007
TOMAR
Inscreva-se já, lugares limitados
Assista a uma das tradições mais belas de
Portugal!!!
Realiza-se de 4 em 4 anos. A sua origem
remonta ao Culto do Espírito Santo,
instituído no século XIV, com origens remotas
das antigas festas das colheitas.
O ponto alto da festa é no Domingo, com o
cortejo dos tabuleiros a percorrer as ruas da
cidade.
O Tabuleiro é o Símbolo e principal alfaia da
Festa dos Tabuleiros. Deve ter a altura da
rapariga que o carrega e em média pesam 22
kg.
A função dos homens é a de ajudarem as
mulheres mas nunca transportam os
tabuleiros.
Participe numa manifestação de rara beleza e
alto significado cultural.
PARTIDAS:
ESPECTÁCULOS
CIRQUE DO SOLEIL - MADRID
Nº TSI 2636 – 17 a 19 de Novembro de
2006
PARTIDAS: LISBOA e PORTO
Preço a divulgar oportunamente
FRANÇA
MAGIA DO NATAL NA ALSÁCIA OBERNAI
Nº TSI 2616 - 03 a 08 de Dezembro
PARTIDAS: Lisboa/Porto/Faro
Preço por pessoa em duplo: 1035,00 €
CRUZEIROS
CRUZEIRO 3 CONTINENTES
Nº TSI 2606
06 a 08 de Julho de 2007
23 Novembro a 11 de Dezembro
PARTIDAS: VISEU/GUARDA/COVILHÃ
Preço por pessoa em quarto duplo: € 300,00
PARTIDAS: VIANA DO
CASTELO/BRAGA/PORTO
Partida: Lisboa
Possibilidade de regresso a Lisboa e Porto
Preços disponíveis nas Delegações e na
Brochura de Turismo Social
Informações e reservas nos balcões de venda da Sede e Delegações
Sede/Loja do Turismo: Calçada de Sant’Ana 180, 1169-062 Lisboa
Telf. 210027160/61/62 fax: 210027170
e-mail: [email protected] endereço: www.inatel.pt
75.qxp
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CUPÕES CLUBE TEMPO LIVRE
NOTA: os cupões para aquisição de Livros são válidos até ao final do ano de 2006
DESCONTO
Este cupão só é válido na compra
de 1 livro constante da nossa secção “ Novos livros ”, onde está incluído o preço de venda ao público (PVP) e respectiva Editora
Clube
TempoLivre
2,74
Euros
VALIDADE
31de Dezembro/2006
DESCONTO
Este cupão só é válido na compra
de 1 livro constante da nossa secção “ Novos livros ”, onde está incluído o preço de venda ao público (PVP) e respectiva Editora
Clube
TempoLivre
DESCONTO
Este cupão só é válido na compra
de 1 livro constante da nossa secção “ Novos livros ”, onde está incluído o preço de venda ao público (PVP) e respectiva Editora
Clube
TempoLivre
2,74
Euros
VALIDADE
31de Dezembro/2006
2,74
Euros
VALIDADE
31de Dezembro/2006
DESCONTO
Este cupão só é válido na compra
de 1 livro constante da nossa secção “ Novos livros ”, onde está incluído o preço de venda ao público (PVP) e respectiva Editora
Clube
TempoLivre
2,74
Euros
VALIDADE
31de Dezembro/2006
Remeter para
Clube Tempo Livre –
LIVROS, Calçada de
Sant’Ana nº 180 –
1169-062 Lisboa, o
seguinte:
G Pedido, referenciando a editora e o título
da obra pretendida;
G Cheque ou Vale dos
Correios, correspondente ao valor (PVP)
do livro, deduzindo
2,74 euros de desconto do cupão.
G Portes dos Correios
referente ao envio da
encomenda, com
excepção do
estrangeiro, serão
suportados pelo Clube
Tempo Livre. Em caso
de devolução da
encomenda, os custos
de reenvio deverão ser
suportados pelo
associado.
76e77.qxp
02-10-2006
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CLUBE TEMPO LIVRE NOVOS LIVROS
CAMPO
DAS LETRAS
SUBJECTIVIDADE E
RACIONALIDADE - UMA
ABORDAGEM
FENOMENOLÓGICOHERMEN UTICA
Maria José Cantista
(Coord.)
340 pg. |15,12 (PVP)
A obra aborda a
perspectiva fenomenológica
do binómio SubjectividadeRacionalidade, confrontado,
antes de mais, com o
equacionamento moderno,
numa crítica denunciadora
dos seus “extravios”,
redutores de facetas
essenciais, quer do sujeito,
quer da razão, e,
consequentemente, da
realidade com que ambos
nos brindam.
ESTRUTURAS SOCIAIS DA
ECONOMIA
Pierre Bourdieu
340 pg. | 17,85 (PVP)
O carácter abstracto e
ilusório dos postulados
clássicos é aliás criticado
actualmente por alguns
economistas; mas é preciso
ir mais longe: a oferta, a
procura, o mercado e
mesmo o comprador e o
vendedor são o produto de
uma construção social, de
forma que não é possível
descrever adequadamente
os processos ditos
«económicos» sem recorrer
à sociologia.
Colibri
NO REINO DOS NABOS
Silvério Manata
157 pg. | 12,60 (PVP)
A partir da gastronomia
regional gandaresa, levada
à mesa pela Confraria
Nabos e Companhia de que
76 TempoLivre
Outubro 2006
é Grão-Mestre, o autor
propõe um retrato escrito
da Gândara, afamada pelos
seus grelos de nabo e da
sua gente anónima: a
personagem central destes
contos.
CARTAS AMORDAÇADAS
Deolinda da Ascensão
Morgado Milhano
142 pg. | 13 (PVP)
A autora tece subtilmente,
neste romance,
sensibilidades e afectos,
onde o amor e a morte
marcam presença e são
motivo de encontros e
desencontros, caminhos
que se cruzam, sonhos que
se desfazem. A gestão do
tempo e do espaço é
concedida pela abordagem
da paixão de Anita,
dolorosamente recordada
por Carolina, que questiona
o término da paixão e da
vida da sua melhor amiga.
EDITORIAL
PRESENÇA
DUAS IRMÃS, UM DESTINO
Shobhaa Dé
260 pg. |17,50 (PVP)
A autora, um dos maiores
ícones da literatura da
Índia, conta-nos, numa
prosa intensa, sensual e
glamorosa, a história de
duas irmãs, Mikki e Alisha,
que se movem no mundo
corrupto e trepidante das
altas esferas empresariais e
da finança, impulsionadas
pela ambição, pela luxúria e
pelo ódio. Um romance
sublime, que retrata de
forma admirável o papel da
mulher nos relacionamentos
afectivos.
O PORTÃO DE PTOLOMEU
Jonathan Stroud
432 pg. | 17,50 (PVP)
O autor desafia os
estereótipos do bem e do
mal nas suas personagens
e o que está em jogo é
ainda mais difícil:
Nathaniel, Kitty e
Bartimaeus vão ter de
confiar uns nos outros para
conseguirem vencer a teia
de altas conspirações e
traições que levarão a um
golpe de estado que por
sua vez conduzirá a um
clímax nunca antes visto.
EUROPA-AMÉRICA
AS CARNÍVORAS
Sabina Murray
312 pg. | 19,90 (PVP)
Um romance de contornos
góticos adaptado à nossa
era, que tem como
protagonista Katherine
Shea, uma jovem mulher de
23 anos, obcecada pela
temática do canibalismo e
que vagueia pelo mundo da
literatura, arte e história em
busca de respostas para as
suas obsessões.
POR QUE CASAM OS
HOMENS COM ALGUMAS
MULHERES E COM
OUTRAS NÃO
John T. Molloy
192 pg. | 16,91 (PVP)
Um estudo que dá a
conhecer como milhares de
mulheres conquistaram os
seus homens, que inclui
ainda informação sobre
como aumentar as
possibilidades de casar e
activar uma proposta; as
vantagens e perigos de
acompanhar homens
divorciados ou viúvos;
encontros através da
Internet e como lidar com
os filhos.
EVITA
David Lelait-Helo
152 pg. | 19,90 (PVP)
Mito ou porta-estandarte de
um regime ditatorial. Se
para muitos argentinos Eva
Perón (1919-1952) ficou para
a eternidade, para outros
ela não passou de uma
forma de propaganda do
regime político do seu
marido, Juan Perón.
Nesta vibrante biografia
poderá descobrir quem foi
realmente Eva Perón.
O JOGO DA NAVALHA
Ruth Rendell
196 pg. | 19,90 (PVP)
Uma história empolgante,
recheada com os
condimentos essenciais da
literatura policial.
Não havia cadáver nem
crime… apenas uma carta
anónima e o nome
intrigante de Smith.
Segundo a polícia, não era
caso, de maneira nenhuma,
para considerar a abertura
de um inquérito a um
assassínio.
PERGAMINHO
A BRUXA DE PORTOBELLO
Paulo Coelho
288 pg. | 16, 00 (PVP)
Um romance surpreendente
e cativante que relata a
história de Athena, uma
mulher invulgar e
misteriosa, em quem a
chama da espiritualidade
brilha intensamente.
Através do olhar das
pessoas cujas vidas
marcou, pode acompanhar
o crescimento espiritual
desta figura – desde a
infância marcada por uma
religiosidade intensa, até à
rebeldia e à descoberta de
uma forma própria de viver
que a tornará vítima de
perseguição por parte dos
poderes instituídos.
76e77.qxp
02-10-2006
21:02
CULTIVE AS SUAS
VENDAS - TUDO AQUILO
QUE PRECISO DE SABER
SOBRE VENDAS APRENDI
COM O MEU JARDIM
Alan Vengel e Greg Wright
140 pg. |12 (PVP)
O livro apresenta através de
uma divertida parábola,
técnicas e conselhos
práticos para ajudar os
vendedores de qualquer
sector a recuperar o
entusiasmo e as empresas a
manter uma equipa
comercial eficaz e feliz.
ROMA EDITORA
MALAMALA – VIDA E
SONHO DE UM CAÇADOR
DESTINO
Page 77
Manuel Oliveira Martins
271 pg. | 40 (PVP)
O autor relata a sua vida de
caçador em Moçambique. O
perigo que espreita, que
tanto pode ser o leão, ou a
cobra mais traiçoeira. Um
obra interessante, recheada
de fotografias de zebras,
búfalos, elefantes e outros
animais que autenticam as
histórias vividas e contadas
na primeira pessoa. Um
livro imprescindível para os
caçadores e amantes de
África.
357 pg. | 17 (PVP)
O facto singular da
expulsão da “classe” dos
jesuítas ocorrido na I
República também
singularmente é analisado
na obra, já que, até hoje,
sobre caso tão curioso,
nenhuma outra foi
produzida. A unificação
por “categorias”, por
“crenças”, religiosas ou
não, jamais constituiu
motivo para exílios
ocorridos posteriormente
no Estado Novo.
JESUÍTAS E ANTIJESUÍTAS
NO PORTUGAL
REPUBLICANO
António de Araújo
ANEDOTAS E OUTRAS
EXPRESSÕES DE
ANTICLERICALISMO NA
ETNOGRAFIA
PARADISÍACO NO
Aldeia do Piódão
tel. 235 730 100 . [email protected]
PORTUGAL
•
•
PORTUGUESA
Paulo Correia de Melo
348 pg. | 17 (PVP)
Sobre padres e freiras
bastaria uma crítica social
polvilhada de ditos e
expressões mais ou menos
inocentes para se
consubstanciar uma obra
que atraísse a curiosidade
do púbico leitor. Mas a
investigação do autor, com
finalidade académica, não
podia ficar por aí. Estudos
críticos sobre clero e
religião são tópicos que
transformam este livro num
interessantíssimo
anticlerical acervo
etnográfico.
PROFUNDO !
• • • • • • • •
Turismo de Montanha INATEL
78.qxp
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CLUBE TEMPO LIVRE ROTEIRO
Roteiro Inatel de actividades culturais e desportivas
BRAGA
Cultura
MUSICA: dia 1 às 15h30 Conjunto “Musicália” no Lar
de Santa Cruz em Braga; dia
8 às 15h30 - Domingos
Oliveira na Col. de Férias da
Seg. Social em Apúlia; dia 22
às 15h30 - Conjunto
“Picband” de Fafe na Col. de
Férias da Seg. Social em
Apúlia
FOLCLORE: dia 1 às 15h30 – R.
Folcl. de Mogege em Sande;
dia 8 às 15h – Gr. Folcl. de
Vila Nova de Sande no Centro
Social de Sande; dia 15 às 15h
– R. Reg. de Fradelos em
Fradelos; dia 15 às 16h – R.
Folcl. de Cabreiros em
Nogueiró.
TEATRO: dia 20 às 21h – peça
“Amo-te Rosinha” pelo Gr. de
Teatro da Coelima em S.
Torcato
Guitarra Clássica,
Cavaquinho e Reciclagem
Artística.
CINEMA: filme “Lolita” - dia 4
às 16h em Fermentões; dia 5
às 21h na União Desportiva
Bairrense; dia 6 às 21h em
Cavês; dia 7 às 21h em Lijó;
dia 11 às 21h em Balugães;
dia 12 às 15h em Cibões; dia
14 às 21h em Esperança; dia
15 às 21h em Moreira de
Cónegos; dia 18 às 15h no
C.C. Chorense; dia 19 às 21h
em Campelos; dia 20 às 21h
em Valdosende; dia 22 às 21h
em Milhazes; dia 25 às 10h
em Carvalhal; dia 26 às 21h
em S. Mateus da Ribeira; dia
27 às 21h no Centro de Anim.
Termal do Gerês; dia 28 às
21h no Centro Cult. de
Carvalheira.
ESCOLAS DE LAZER: cursos de
Danças de Salão e Latino
Americanas, Tapeçarias de
Arraiolos, Bordados Regionais
e Confecção, Artes
Decorativas, Pintura,
Educação Musical e Piano,
Canto.
COIMBRA
Cultura
MUSICA: dia 1 às 16h –
Encontro de Bandas em
Ançã, dia 8 às 15h em Serpins
e dia 15 às 15h em Maiorca;
dia 28 às 16h – Gr. de Música
Pop. do Coro dos Professores,
nas Comemorações do Dia
Intern. do Idoso em Miranda
do Corvo; dia 26 às 21h30 Recital de Canto e Piano no
Teatro Acad. Gil Vicente em
Coimbra; dia 28 às 21h30 Concerto a dois pianos no
Teatro Acad. Gil Vicente em
Coimbra.
ESCOLA DE LAZER: Inscrições
para os cursos de Cerâmica e
Iniciação à Pintura, Órgão,
Viola, Acordeão, Instrumentos
de Sopro e Formação Musical.
Desporto
ACTIVIDADES BÁSICAS:
Abertas inscrições para classes de Ginástica, Judo e
Natação.
COVILHÃ
Desporto
ATLETISMO: dia 15 - 8º GP do
CCD Amigos do Bairro
Municipal na Covilhã; dia 22 14º GP “Carlos Algueiro” do
CCD Gr. Recr. Refugiense, em
Refugio; dia 29 - 8º GD das
Castanhas do Gr. Desportivo
Sarzedense em Sarzedo.
GUARDA
Desporto
ESCOLA DE PARAPENTE: cursos de Piloto Autónomo e
Baptismos de Voo em bilugar, em Linhares da Beira
(telef. 271 776 590 ou 271
212730).
LISBOA
Salsa e Merengue, Artes
Florais, Reciclagem Artística,
Ginástica, Natação,
Hidroginástica e Inglês.
SANTARÉM
Cultura
FOLCLORE: dia 7 às 16h30 – R.
Folcl. “Os Camponeses” de S.
Vicente do Paul na Casa do
Povo de Montalvo.
MÚSICA: dia 14 às 21h - Gr. de
Música Pop. Portuguesa
“Cantares d’Outrora” no
Cine-Teatro de Mação.
DANÇAS SALÃO: dia 22 às 16h
- Gr. de Danças de Salão em
Ribeira de Cima.
VIANA DO CASTELO
Cultura
Teatro da Trindade
SALA PRINCIPAL: As Bodas de
Fígaro – Até ao dia 7
Erva Vermelha (Trilogia do
Cão) – a partir do dia 7
TEATRO BAR: Quem não trabuca não manduca! – dias 5 a
28.
ESCOLAS DE LAZER: cursos de
Bordados e Meias Rendadas,
Cavaquinho e Concertina,
informações na Delegação
PORTO
Festival do Caldo/Festa da
Sopa no Pavilhão do Inatel
FEIRA: dia 5 às 10h - Feira À
Moda Antiga no Mercado 2
Maio em Viseu. FESTA: dia 15
às 15h - Festa do Vinho em
Pereiras de Bodiosa.
Desporto
TIRO AO ALVO: dia 10 às 14h prova na Casa da Cultura de
St.ª Comba Dão; dia 21 às 14h
– Torneio Reg. no Gr. Desp. de
Penedono.
Cultura
EXPOSIÇÃO: dias 6 a 30 Individual de Pintura
“Máscara e Caretos” de
Maria Amália Soares, na
Delegação.
PASSEIO: dia 28 - Visita com
História
ESCOLAS DE LAZER: Abertas
as inscrições para Restauro,
Teatro, Tango Argentino,
VISEU
Cultura
FESTIVAL: dia 28 às 17h - IV
destinatários: associados do INATEL
entrega de trabalhos:
2 a 9 de Outubro’06
NA SEDE E E DELEGAÇÕES DISTRITAIS DO INATEL
Concurso
de
2006
Pintura
Escultura
Instalações
categorias:
Artes
mais informações: Sede e Delegações do INATEL . Tel. 210 027 148 / 150 . e-mail: [email protected] . www.inatel.pt
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26-09-2006
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O CHEFE SUGERE |LUÍS PETRONILHO | INATEL ALBUFEIRA
Caldeirada à Algarvia
O prato apresentado é rico por conter peixes de
espécies variadas, proporcionando uma excelente
fonte de proteínas de boa qualidade, ferro, fósforo,
iodo, magnésio, cálcio e vitaminas A, D, E e do
complexo B. Para além disso, e apesar dos peixes
utilizados para esta caldeirada serem
essencialmente peixes magros, trazem ainda um
pequeno aporte de ácidos gordos ómega-3,
INGREDIENTES PARA 4 PESSOAS: 1,5 kg de
pescado fresco (raia, cação, pescada, maruca,
linguado, amêijoa), 0,5 kg de tomates maduros,
200g de cebolas, 10g de alho, 100g de pimento
verde, 1 dl de azeite, 1,5 dl de vinho branco, 500g
de batatas, salsa q.b., pimenta q.b., piripiri q.b.,
noz-moscada q.b., sal q.b.
PREPARA-SE ASSIM: Amanhamse e lavam-se os peixes e amêijoas,
passando-os por várias águas.
Cortam-se os peixes em postas mais
ou menos regulares e temperam-se
com um pouco de sal grosso.
Cortam-se as cebolas, os tomates e
o pimento às rodelas, procedendo
de igual modo com as batatas,
depois de descascadas. Num tacho
coloca-se um pouco de cebola,
pimento, tomate e alho picado
numa primeira camada. Por cima,
estende-se uma camada de batatas,
seguida de outra de peixes e
amêijoas. Continuam a alternar-se
as camadas, tendo o cuidado de as
regar com o azeite e o vinho branco
e temperar com sal, pimenta,
piripiri e noz-moscada. Tapa-se o
tacho e leva-se a cozer em lume
brando, agitando de vez em
quando.
importantes pelos seus benefícios para a saúde. A
“carne” do peixe é macia e de fácil digestão, tendo
ainda vantagens quanto à qualidade da sua
gordura por esta ser do tipo insaturado, ao
contrário da que predomina na maioria das carnes.
A amêijoa é típica de regiões do litoral e muito
utilizada em preparações culinárias da região
Algarvia. A inclusão deste molusco como
ingrediente confere a este prato um cariz
tradicional do Centro de Férias no qual é servido.
COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL POR PESSOA: •
71,6 g de proteínas; • 6,7 g de gordura; • 33,3 g de
hidratos de carbono; • 5,4 g de fibra; • 470,7 kcal
INFORMAÇÕES E RESERVAS:
INATEL ALBUFEIRA
Av. Infante D. Henrique, 8200-862 Albufeira
Tels: 289 599 300 - Fax: 289 599 340
Email: [email protected]
Outubro 2006
TempoLivre 79
80_moradas.qxp
26-09-2006
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moradas
Sede
Calçada de Sant’Ana, 180
1169-062 LISBOA
Telf: 210 027 000
Fax: 210 027 027
e.mail: [email protected]
endereço: www.inatel.pt
Delegações e
Subdelegações
ANGRA DO HEROISMO
Beco do Pereira, 4
9701-868
ANGRA DO HEROISMO
Tel. 295 213 407 /215 038
Fax. 295 212 233
[email protected]
AVEIRO
Av. Dr. Lourenço
Peixinho,144/146
Edificio Oita - 4º E
3800-160 AVEIRO
Tel. 234 405 200 / 207
Fax.234 405 208
[email protected]
BEJA
Rua do Vale, 14,
7800 - 490 BEJA
Tel. 284 318 070
Fax. 284 323 163
[email protected]
BRAGA
Av. Central, 77,
4710-228 BRAGA
Tel. 253 613 320
Fax.253 214 202
[email protected]
BRAGANÇA
R. Alexandre Herculano,
111 - 1º,
5300-075 BRAGANÇA
Tel. 273 331 653
Fax. 273 326 947
[email protected]
COIMBRA
R. Dr. António Granjo, 6
3000 - 034 COIMBRA
Tel. 239 853 380
Fax.239 853 384
[email protected]
COVILHÃ
“Casa de Agostinho
Roseta”
Av. Frei Heitor Pinto, 16-B
6200-113 COVILHÃ
Tel. 275 335 893
Fax.275 327 276
[email protected]
ÉVORA
“Palácio Barrocal”
Rua Serpa Pinto, 6
7000-537 ÉVORA
Tel. 266 730 520
Fax. 266 730 521
[email protected]
FARO
“Casa Emílio Campos
Coroa”
Rua do Bocage, 54
8004 - 020 FARO
Tel. 289 898 940
Fax. 289 823 521
[email protected]
FUNCHAL
Rua Alferes Veiga Pestana,
1 L, sala 25
9050-079 FUNCHAL
Tel. 291 221 614
Fax.291 228 147
[email protected]
GUARDA
R. Mouzinho da Silveira, 1
6300-735 GUARDA
Tel. 271 212 730
Fax.271 215 779
[email protected]
HORTA
R. Comendador Ernesto
Rebelo, 10
9900 - 112 HORTA
Tel. 292 292 812
Fax.292 293 147
[email protected]
LEIRIA
“Casa Miguel Franco”
R. João XXI, 3-A r/c - Loja D
2410-114 LEIRIA
Tel. 244 832 319/834 017
Fax. 244 834 735
[email protected]
PONTA DELGADA
Rua do Contador, 73-A
9500 - 050 PONTA
DELGADA
Tel. 296 284 684
Fax. 296 283 166
[email protected]
PORTALEGRE
Largo de São
Bartolomeu, 2 e 4,
7300-101 PORTALEGRE
Tel. 245 203 675/207 593
Fax. 245 207 569
[email protected]
PORTO
Casa “Jorge de Sena”
Rua do Bonjardim, 495
4000-126 Porto
Tel. 220 007 950
Fax. 220 007 999
[email protected]
Tel. 265 543 800
Fax. 265 543 819
[email protected]
Tel. 231 930 358
Fax. 231 930 038
[email protected]
VIANA DO CASTELO
Rua de Stº António, 117
4900 - 492
VIANA DO CASTELO
Tel. 258 823 357
Fax. 258 811 644
[email protected]
INATEL MADEIRA
Madeira - Santo da Serra
9100-267 SANTA CRUZ
Tel. 291 550 150
Fax. 291 552 227
[email protected]
VILA REAL
Av. 1º de Maio, 70-1º D
5000-651 VILA REAL
Tel. 259 324 117
Fax. 259 372 592
[email protected]
INATEL
SERRA DA ESTRELA
Manteigas,
6260-012 MANTEIGAS
Tel. 275 980 300
Fax. 275 980 340
[email protected]
VISEU
Rua do Inatel
Urb. Quinta do Bosque
3510 - 018 VISEU
Tel. 232 423 762/428 727
Fax. 232 423 781
[email protected]
INATEL OEIRAS
Alto da Barra - Estrada
Marginal,
2780-267 OEIRAS
Tel. 210 029 800
Fax. 210 029 840
[email protected]
Centros de Férias
INATEL ALBUFEIRA
Av Infante D. Henrique,
8200-862 ALBUFEIRA
Tel. 289 599 300
Fax. 289 599 340
[email protected]
INATEL CASTELO
DE VIDE
Rua Sequeira Sameiro, 6
7320 - 138
CASTELO DE VIDE
Tel. 245 900 200
Fax. 245 900 240
[email protected]
INATEL
“UM LUGAR AO SOL”
Av. Afonso Albuquerque
- S. João de Caparica
2825-450 COSTA
DE CAPARICA
Tel. 212 918 420
Fax. 212 900 051
[email protected]
INATEL ENTRE-OS-RIOS
Torre
4575-416 PORTELA PNF
Tel. 255 616 059
Fax. 255 615 170
[email protected]
SANTARÉM
Prta. Pedro Escuro, 10-2º D
2000-183 SANTARÉM
Tel. 243 309 010
Fax. 243 309 014
[email protected]
INATEL FOZ DO ARELHO
R Francisco Almeida
Grandela, 17
2500-487 FOZ DO ARELHO
Tel. 262 975 100
Fax. 262 975 140
[email protected]
SETÚBAL
Praça da República
2900-587 SETÚBAL
INATEL LUSO
Rua Dr. Costa Simões
3050 - 226 LUSO
INATEL
SANTA MARIA DA FEIRA
Santa Maria da Feira
4520-306 SANTA MARIA
DA FEIRA
Tel. 256 372 048
Fax. 256 372 583
[email protected]
INATEL PALACE
Termas - São Pedro do Sul
3660-692 VÁRZEA SPS
Tel. 232 720 200
Fax. 232 720 240
[email protected]
INATEL CERVEIRA
Lovelhe
4920-236 VILA NOVA DE
CERVEIRA
Tel. 251 708 360 a 62
Fax. 251 795 050
[email protected]
INATEL PORTO SANTO
Cabeço da Ponta
9400 PORTO SANTO
Tel. 291 980 300
Fax. 291 980 340
[email protected]
INATEL PIODÃO
6285-018 PIODÃO
Tel. 235 730 100/1
Fax. 235 730 104
[email protected]
INATEL FORNOS
DE ALGODRES
6370-401 VILA RUIVA
Reservas: 232 720 243
(Inatel Palace)
[email protected]
INATEL MONTALEGRE
Lugar de Penedones
5470-069 CHÃ/PENEDONES
Reservas: 255 616 059
(Inatel Entre-os-Rios)
[email protected]
INATEL GAVIÃO
6040-999 GAVIÃO
Reservas: 245 900 243
(Inatel Castelo de Vide)
[email protected]
Parques
de Campismo
INATEL CABEDELO
Av. dos Trabalhadores Cabedelo
4900-056 VIANA DO
CASTELO
Tel. 258 322 042
Fax. 258 331 502
[email protected]
INATEL CAPARICA
Av. Afonso Albuquerque
- S. João de Caparica
2825-450 COSTA DE
CAPARICA
Tel. 212 900 306
Fax. 212 911 553
[email protected]
INATEL
SÃO PEDRO DE MOEL
Av. do Farol, 2430-502
MARINHA GRANDE
Tel. 244 599 289
Fax. 244 599 550
[email protected]
Teatro
da Trindade
R. Nova da Trindade
1200-301 LISBOA
Tel. 213 423 200
Fax. 213 432 955
[email protected]
Parque de Jogos
1º de Maio
Av. Rio de Janeiro
1700-330 LISBOA
Tel. 218 453 470
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MARIA ALICE VILA FABIÃO | O TEMPO E AS PALAVRAS
Deus, o homem e a guerra –
em dia de nevoeiro
Dois homens falavam um com o outro. / Então, como estão as coisas? / Bastante mal. / Quantos tem ainda? / Se tudo
correr bem, quatro mil. / Quantos pode dar-me? / No máximo, oitocentos. / Esses vão ser liquidados. / Então mil. /
Obrigado. / Os dois homens separaram-se. / Falavam de homens. / Eles eram generais. / Era a guerra.
Wolfgang Borchert*, Histórias de Antologia, in: Das Gesamtwerk, Rowohlt Verlag, 1970 Trad. do alemão: MAVF
No buraco que eles próprios escavaram na terra, os dois
homens têm uma arma. Os dois homens são soldados.
Um pouco mais longe, noutro buraco, que outros homens
escavaram, espreita uma cabeça, uma cabeça que tem
olhos para ver uma flor, um nariz para a cheirar e uma
boca para comer pão e dizer Maria ou mãe: a cabeça de
um homem. Um dos soldados, a quem, com a arma,
tinham dado ordem de disparar, dispara. A cabeça
desaparece. Nunca mais poderá ver, nem cheirar uma flor;
nunca mais poderá dizer Maria, nem mãe. Nunca mais!
Ao longo dos dias, os dois soldados fazem
desaparecer muitas cabeças, cabeças de homens que não
conhecem, tantas que com elas podiam fazer uma
montanha. E à noite, quando adormecem, as cabeças
começam a rolar, a rolar, como bolas em pista de bowling.
O ruído que fazem acorda os dois soldados. E eles não
conseguem dormir.
Os dois soldados falam um com o outro. Um
murmura: - Fizemo-lo porque nos mandaram fazê-lo! O
outro grita: - Mas fizemo-lo! – Pois fizemos, mas porque
Deus nos fez assim! – Pois é. Mas Deus tem uma desculpa:
é que Ele não existe! – Não existe? – pergunta o primeiro.
– Essa é a sua única desculpa! – responde o segundo. –
Mas nós… nós existimos! – Pois é: nós existimos!
Ao amanhecer, os dois soldados pegam de novo na
arma e disparam sobre todas as cabeças que vêem,
cabeças de alguém que não conhecem e que nunca lhes
fez mal. Mas para isso lhes tinham dado a arma – e
alguém lhes tinha dado ordem de a disparar. Era a
guerra.
Uma vez mais, onze de Setembro – que todos os dias
é algures onze de Setembro. Todas as janelas fechadas
pelo nevoeiro, treino na arte do esquecimento e da
serenidade: os meus olhos evitam as velhas e novas
imagens de horror e sofrimento que passam e repassam
no ecrã da televisão. Ontem à noite, porém, o telefone,
cordão umbilical que ainda me liga a todas as realidades,
traz alimento indesejado à minha imaginação: “Vamos
enviar tropas para o Líbano… As que estão na Bósnia…
Nos Balcãs…A Espanha já enviou. A Alemanha…” No
seu tabuleiro de xadrez, os políticos do mundo movem e
abatem peões, dão xeque-mate à paz.
Na madrugada breve, o texto** de Boches persegueme. Não como Boches o escreveu, mas como o guardo na
memória desde o tempo em que a sua leitura era uma
forma de luta pacífica contra a opressão policial, contra a
prepotência vestida de paz.
Sempre vivi a guerra à distância, no tempo e no
espaço. Vivi-a, na primeira infância, já em tempo de paz,
pela mão do meu pai, que, recolhido diante de uma
esburacada parede de um quartel espanhol – eram de
balas, as dezenas de orifícios, e a parede, parede de
fuzilamentos –, murmurava, como quem entoa um
magnificas: “Pelo menos alguns atiraram por cima das
cabeças”; vivi-a na solidão dos amigos a quem ela tinha
feito crescer ou envelhecer sem o conforto de uma voz
familiar; vivi-a no contacto do número tatuado nos
braços amigos que para mim se estenderam em gesto de
boas-vindas. Era a guerra, diziam. Chamavam-lhe War,
Orlog, Krieg, Krig, Guerre, Guerra – mas que interessava o
nome que lhe davam? Hoje falamos de “conflitos
armados”, o mesmo horror, foneticamente suavizado.
No séc. XVIII, Fénelon***, teólogo e escritor francês,
parte do princípio de que a necessidade de matar é um
elemento do Mal inerente à natureza humana, cujo
responsável é afinal, defendem outros, o próprio Criador.
Como “substituto moral da guerra” e processo de
preservar a paz internacional, Fénelon propõe,
consequentemente, a manutenção, “em regiões remotas”,
de reservas de animais ferozes, a luta com os quais
permitiria aos homens não só cultivar a sua destreza e
demonstrar a sua coragem, mas, sobretudo, libertar-se da
sua tendência para se matarem uns aos outros. E eis, de
súbito, a explicação – que não a justificação! – da existência
das touradas no nosso país! Apenas uma dúvida subsiste:
qual dos dois é o animal feroz: o touro ou o toureiro? I
* Poeta e escritor alemão, crítico da política belicista de Hitler. 1921-1947.
** “Die Kegelbahn” – “A Pista de Bowling”.
*** François de Salignac de la Mothe Fénelon, 1651-1715
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CRÓNICA | BATISTA-BASTOS
Dança dos verões antigos
Às vezes, ela dançava. Às vezes, pintava-se. Tudo em excesso. Rodava sobre si mesma, braços erguidos,
tronco hirto, cabeça levemente pendente para trás, sorriso indefinido.
OU UTILIZAVA O BÂTON E O ROUGE DE TAL
modo que o seu rosto ficava grotesco, patético e
trágico como o de um palhaço. Os lábios haviam
murchado. As faces, encovado. No entanto, ainda
mantinha a leveza antiga da sua figura, não
totalmente macerada pelos pelo tempo por ela
passado sem trégua nem clemência.
O desejo aturdido de reverter à época em que fora
nova e cobiçada, e a circunstância de abrir as
janelas de par em par, quando dançava sozinha, ao
som de músicas que só ela escutava, faziam com
todo aquele cenário expusesse algo de delicado e
de pungente.
«Era muito bonita, eu».
Dizia e sorria, levada por sentimentos, por
emoções e por recordações que se não poluíam
porque ela os alimentava permanentemente. Eu
nunca soube, creio que nenhum de nós, os do
bairro, o soube, as razões pelas quais ela se deixara
a si própria, moradora numa solidão construída na
Os rapazes do bairro continuavam a
dinastia proletária: filhos de serralheiros,
serralheiros seriam; filhos de
carpinteiros, carpinteiros seriam e por aí
fora. Coisas normais, coisas banais
distância e, até, na soberba.
Fora a rapariga mais bela do bairro. Era no tempo
em que, nos meses de verão, as sociedades de
recreio montavam verbenas ao ar livre, e as
campanuláceas emolduravam os muros, e os
perfumes provindos do Jardim Botânico deixavam
as raparigas inebriadas e os rapazes doidos por
elas, quando dançavam nos bailes de damas ao
bufete e troupes-jazz com cantores que imitavam
os brasileiros Dick Farney e Lúcio Alves, e o calor
estonteava, e alguns pares davam escapadelas para
os bosques de Monsanto, e estoiravam zaragatas, e
resolviam-se as coisas com casamentos rápidos.
«Era muito bonita, eu».
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Fora. Filha de um funcionário público, um homem
austero, grave e hirto, que aos domingos
envergava uma farda verde para desfilar ou
simplesmente para comparecer no quartel da
Legião Portuguesa, na Penha de França, ela
distinguia-se das outras raparigas porque usava
tranças loiras e longas, vestidos de tecidos frágeis,
nunca aparecia nos bailes populares, e permanecia
horas a fio apoiada no peitoril da janela do rés-dochão onde vivia, observando o longe, que longe?,
divisando coisas imponderáveis, que coisas?
A família vivia num ambiente concêntrico, não se
dava com ninguém e vigiava-a com minuciosa
eficácia. Mãe, pai, tios e tias nunca se descuidavam
na guarda da filha e sobrinha única. Os rapazes do
bairro continuavam a dinastia proletária: filhos de
serralheiros, serralheiros seriam; filhos de
carpinteiros, carpinteiros seriam - e por aí fora.
Coisas normais, coisas banais.
«Era muito bonita, eu».
Destinavam-lhe outro destino, a outra vida, a outro
futuro. E ela, linda, linda, loira, loira, longínqua e
remota, sempre debruada no peitoril da janela,
vigiada, resguardada, protegida, sem perceber o
fluir majestoso do tempo, as semanas enoveladas
noutras semanas, os anos arrastados uns pelos
outros. Nas verbenas dançava-se ao som de boleros
e de sambas, «Sabor a ti», «Copacabana», ela apenas
as ouvia, distante e longínqua, afastada de tudo, loira
e linda, já a janela era só ela, e ela era já a janela,
enliçadas uma na outra.
O tempo revoluteou. As verbenas desapareceram.
As pessoas dirigiram-se para os seus destinos
comuns e inexoráveis. O bairro desvaneceu-se nas
memórias. Morreram uns, traíram-se outros, todos
envelheceram com humilde tristeza, suportando
fardos e infortúnios vários. Só ela ficou, girando no
ar antigo, envolvida em odores de folha e de flor,
docemente tonta. E todos os verões, janelas
escancaradas, ela dança as músicas e as canções que
nunca dançou nem cantou. Todos os verões.
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