INTOXICAÇÕES AGUDAS POR DROGAS PERTURBADORES DA ATIVIDADE DO SNC (PSICOTOMIMÉTICAS) Roberto Moacyr Ribeiro Rodrigues Médico do CCI/SP Objetivo Diagnóstico e Terapêutica das Intoxicações por Drogas Psicotomiméticas. Análise resumida dos principais fatores envolvidos: Conceitos básicos. Drogas mais comuns em nosso meio. Mecanismo de ação das drogas e seus efeitos no organismo. Métodos diagnósticos e terapêuticos disponíveis. DROGA: “Qualquer substância capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento”. Origem do termo é incerta: Holandês antigo “droog vate” (folha seca). Árabe “droo” (bala de sorgo). MEDICAMENTO: “Qualquer substância ou associação de substâncias contida em um produto farmacêutico, empregada para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos em benefício do ser a que se administra”. (OMS) FÁRMACO: Origem grega = Droga, medicamento. DROGAS DE ABUSO: São drogas capazes de causar Dependência. FARMACODEPENDÊNCIA: Estado psíquico e às vezes físico causado pela ação recíproca entre um organismo vivo e um Fármaco, que se caracteriza por modificações de comportamento e por outras reações que compreendem sempre um impulso irreprimível de utilizar a droga de forma contínua ou periódica, a fim de experimentar seus efeitos psíquicos e às vezes evitar o mal-estar produzido pela sua privação”. (OMS) CONTEXTO SÓCIO-CULTURAL MOMENTO HISTÓRICO INDIVÍDUO DROGAS SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA: Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da falta de uma determinada droga em um usuário dependente. Pode colocar em risco a vida da pessoa. OVERDOSE: Termo da língua inglesa que denomina a exposição do organismo a altas doses de uma substância química qualquer. CLASSIFICAÇÃO 1) ASPECTO LEGAL. 2) POTENCIAL DE USO NOCIVO. 3) EFEITOS SOBRE O SNC. 4) USO PELA SOCIEDADE. 1) ASPECTO LEGAL: a) Lícitas (fumo, bebidas alcoólicas, Anorexígenos, etc) b) Ilícitas (maconha, cocaína,etc). Esta classificação é mais cultural que científica, pois os valores sustentados pela sociedade influem nas idéias formadas sobre as drogas. No Império Russo do (séc. XVIII), o uso do Café era punido com a Mutilação das Orelhas ! POTENCIAL DE USO NOCIVO: Federal Drug Enforcement Administration (DEA) Classe Substâncias Classe I: Nenhuma utilidade clínica Alto potencial de abuso e dependência Heroína Alucinógenos (LSD, mescalina) Maconha Classe II: Baixa utilidade clínica Alto potencial de abuso e dependência Ópio ou morfina Codeína Opiáceos sintéticos Barbitúricos Anfetaminas & derivados Cocaína Fenciclidina (PCP) Classe III: Alguma utilidade clínica Potencial moderado de abuso e dependência Paracetamol e codeína combinada Esteróides anabolizantes Classe IV: Grande utilidade clínica Potencial baixo de abuso e dependência Benzodiazepínicos Fenobarbital Classe V: Grande utilidade clínica Potencial muito baixo de abuso e dependência Misturas de narcóticos e atropina Misturas diluídas de codeína AÇÃO SOBRE O SNC: 1) Depressores do SNC. 2) Estimulantes do SNC. 3) Perturbadores do SNC. Adaptado de L. Chaloult, 1971 AÇÃO SOBRE O SNC: Depressores da Atividade do SNC: • Álcool • Hipnóticos: barbitúricos e alguns benzodiazepínicos • Ansiolíticos: As principais drogas pertencentes a essa classe são os benzodiazepínicos. • Opiáceos e opióides: morfina, heroína, codeína, meperidina, etc • Inalantes ou solventes: removedores, colas, tintas, etc. AÇÃO SOBRE O SNC. Estimulantes da Atividade do SNC: a) De origem Sintética: Anfetaminas e análogos: Anorexígenos, etc b) De origem vegetal: Cocaína Perturbadores da Atividade do SNC: a) De origem vegetal: • • • • b) Mescalina (cacto mexicano) THC (maconha) Psilocibina (certos cogumelos) Lírio (trombeteira, zabumba ou saia branca) De origem sintética: • • • • • LSD-25 Ecstasy(MDMA), DOB (Cápsula do vento) Quetamina, Fenciclidina Anticolinérgicos (Artane®, Bentyl®) Poppers USO PELA SOCIEDADE: 1) Drogas da noite (Designer drugs ou Club drugs) 2) Drogas facilitadoras de estupro (Rape drugs) Designer drugs ou Club Drugs (Drogas da noite): Modificadas em laboratório, com o intuito de potencializar ou criar efeitos psicoativos ou evitar efeitos indesejáveis Mais utilizadas: LSD, GHB, Quetamina, Anfetaminas e Metamfetaminas (Ecstasy, DOB, etc) e os Nitritos (Poppers). Rape Drugs (Drogas facilitadoras de estupro): GHB, Flunitrazepan e Quetamina. ESTATÍSTICA Intoxicações humanas – 2003 (n=9924) CCISP 45,0% 44,0% 40,0% 35,0% 30,0% 25,0% 20,0% 16,0% 15,0% 10,0% 10,0% 6,0% 5,0% 2,0% 0,3% 1,0% 6,0% 4,0% 4,0% 0,2% 4,0% 2,0% 1,0% 0,0% s s . s o is as tr. os so tro ntas in to os o s ic o d i a s d co i t t t r r u u i i n e e b e O e c n it á du la en en mét t ic M et óx A h n m h t P a I i m V n s . a R ro on ssa de Al d. m ic ço í s i Co esc o d e Ag e m P ga Pr Qu D M n. ro Do P. M Ag ed N/ ro ic D am tó x gr en ic os ot to óx s Ag ic r os íc Pr ol od Do as ut m os és t ic Ve os te rin ár io s Ra Do t ic m id is as sa ni tá Pr r io Co od s .Q sm uí ét m ic .In os du st r ia is Dr og M as et ai de s A bu so * Pl an ta Al s im en to Se s rp en te O ut s ro Ar An s an an im ha im ai s s ai n/ s Pe pe ço ç. nh en to s O ut ro Intoxicações humanas - CCISP Primeiro Semestre 2004 (n=5191) 40,00% 36,27% 35,00% 30,00% 25,00% 20,63% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% 11,50% 8,80% 6,01% 3,37% 1,60% 0,44% 4,01% 1,73% 0,37% 0,92%0,37%0,10%0,10%0,06%0,08%1,54% Motivo de uso de drogas de abuso - 2003 (n=436) CCISP Tentativa de suicídio - 11,7% Ignorada - 12,8% Acidente individual - 5,3% Acidente coletivo - 0,5% Abstinência - 0,2% Violência / hom icídio - 1,4% Uso indevido - 0,2% Outras - 1,4% Uso abusivo - 66,3% Intoxicações por drogas de abuso por sexo 2003 (n=9924) - CCISP masculino 62% feminino 22% ignorado 16% Intoxicações por drogas de abuso Faixa Etária x Sexo - 2003 (n=351) - uso abusivo 35,00% 32,19% 30,00% 25,00% masculino 20,00% feminino 15,00% 12,54% 10,83% 9,40% 10,00% 7,12% 6,55% 5,41% 4,56% 5,00% 2,85% 2,85% 0,28% 0,28% 0,28%0,00% 1,42% 0,28% 0,28% 0,28%0,00% 0,00% 59 a 0 69 a 0 1,42% 0,28% 0,00% < 0 de 1 0 09 a 5 1 14 a 0 1 19 a 5 2 29 a 0 3 39 a 0 4 49 a 0 5 6 7 79 a 0 ra o ign Brasil: Levantamento domiciliar – uso na vida 2001 - 2005 Algumas Constatações: Predomínio das intoxicações por medicamentos, praguicidas e saneantes, ficando as drogas de abuso num patamar de 4% em média, do total de casos atendidos/notificados. Predomínio marcante (mais de 50% dos casos notificados) em pacientes do sexo masculino na faixa de 15-39 anos de idade. Aumento consistente na notificação e atendimento das “Club Drugs”, notadamente Ecstasy. O álcool continua sendo o grande vilão, seguido pela cocaína e derivados e canabinóides. Sem dúvida, existe uma enorme subnotificação e falta de comprovação laboratorial de casos. CASO CLÍNICO M., sexo masculino, 21 anos , é levado ao serviço de emergência devido a uma mudança repentina Nível de consciência. Na noite da admissão, havia saído com amigos para consumir bebida alcoólica, e estes notaram que havia começado a agir de um modo estranho, tornando-se não comunicativo, com incontinência de fezes e urina e convulsão. Resolveram chamar o serviço de emergência. Previamente hígido, não estando em uso de medicamentos. EXAME FÍSICO • • • • • • • • • Geral: Aparência normal, sem sinais de ferimentos, boa perfusão periférica, respiração espontânea, incontinência fecal (fezes de cor marrom). Sinais vitais: TAx: 35,5 oC, PArt: 120/76 mmHg, FC: 108 bpm, FR: 36 irp, Sat. O2 a 100 % em ar ambiente, Dextro: 106 mg/%. Neuro: Alterna sonolência com agitação, abertura ocular espontânea, fala incompreensível, respondendo aos estímulos dolorosos, porém sem localizar (AO 4, MRV 2 MRM 4), movimenta igualmente os 4 membros. Cabeça e Pescoço: Pescoço com boa mobilidade, aparentemente não doloroso, sem massas palpáveis, Nariz e boca sem sangramentos ou corpos estranhos. Pupilas: Isocóricas, Foto-reagentes (5 mm de diâmetro). Abdômen Flácido, RHA presentes, sem massa palpáveis. Pulmões: ausculta limpa. Coração: Rcr2t, sem sopros. Pele: diaforese. O paciente recebeu oxigênio por máscara facial, foram colhidas amostras para exames de sangue, urina e toxicológico. O aceso venoso foi mantido com solução SF 0,9%. Um monitor cardíaco foi instalado e revelou taquicardia sinusal. Logo após a chegada, recebeu 1,25mg do droperidol IV. Dez minutos mais tarde tornou~se mais sonolento a ponto de questionar-se a necessidade de um TOT. Logo em seguida, tornou-se intensamente agitado sendo necessária contenção física. Vinte minutos após a admissão, foi intubado. Uma SNG foi colocada e 50 g do carvão ativado foram administrados. Um RX de tórax mostrou o posicionamento correto da SNG e pulmões normais. Sua freqüência cardíaca mostrou labilidade, caindo para 46 bpm. Um ECG foi realizado, mostrando: FC: 56 bpm, PR: 121 ms, QRS: 96 ms, QT: 388 ms. Sem ondas P antes dos complexos QRS. Sugerindo a presença de uma bradicardia juncional com ondas P retrógradas. A PArt. Permaneceu entre 150/60 a 166/84 de mmHg. Não houve necessidade de colocação de marca-passo. Os resultados de laboratório (sangue e urina) e uma CT de crânio foram normais. A análise toxicológica foi positiva para canabinóides na urina e negativa para álcoois, salicilatos, acetaminofem, teofilina, barbitúricos, benzodiazepínicos, ADT, opiáceos, anfetamínicos, cocaína, fenciclidina. Cinco horas após a admissão, o paciente acordou e já conseguia obedecer apropriadamente a comandos. Um novo ECG mostrou-se dentro da normalidade. Foi extubado 30 minutos mais tarde. Sete horas após a admissão, desconectouse do monitor cardíaco e exigiu ser liberado. Foi julgado apto para tomar suas próprias decisões, renunciando a toda avaliação adicional e Recebeu alta hospitalar. 1) Hipóteses Diagnósticas ? a) …………………………………….……. b) …………………………………….……. c) ........................................................... 2) As medidas iniciais adotadas e exames solicitados foram adequados? ................................................................................... .................................................................................... ..................................................................................... 3) A presença de canabinóides no exame toxicológico justifica o quadro clínico ? ............................................................................ ............................................................................ 4) Qual o motivo da não indicação ? ............................................................................ ............................................................................ 5) Havia alguma razão para manter o paciente no hospital ? ............................................................................ ............................................................................ INTERVALO Perturbadores da atividade do SNC PSICOTOMIMÉTICOS Maconha Cannabis sativa (Maconha) Cigarro de maconha www.erowid.com Cannabis indica (Hashish) Maconha • Substância: Delta 9 THC (tetrahidrocanabinol). • Sinonímia: Haxixe (Oriente Médio e África do Norte), Charas (Extremo Oriente), Marijuana(E.U.A), Baseado, fininho, bomba,fumo, erva, etc(Brasil). • Preparações surgidas recentemente: A.M.P: maconha embebida em formaldeído, seca e posteriormente fumada. Skunk: Seleção genética. Concentrações 7-10 vezes maiores de Delta 9 THC ("Super Maconha“). • Indicação terapêutica aprovada: Delta 9 THC sintético, como alternativa ao tratamento antiemético (Marinol ®). Maconha Mecanismo de ação: • Receptor canabinóide específico (família proteína G). • Especificidades distintas no corpo. • SNC: gratificação, cerebelo, hipocampo, córtex. • Efeitos psíquicos muito variáveis dependendo de expectativas individuais, do estado de espírito etc. • Não provoca efeitos cardiovasculares ou respiratórios graves em exposição a doses excessivas. Toxicocinética: • Absorção: via respiratória, minutos; via oral: 1 a 4 horas. • Meia-vida: 28 horas - 57 horas. • Armazenamento em tecido adiposo. • Subproduto principal: 11-hidroxi-THC. • Detecção laboratorial: 1 semana a 3 meses ou mais. Maconha Quadro clínico: • Taquicardia, hiperemia da conjuntiva ocular, hipotensão postural • Irritação de VAS. • Redução da ansiedade, euforia, hilaridade espontânea, aumento do apetite, prejuízo da memória de curto prazo, alteração na percepção espaçotempo, exacerbação de transtornos "neuróticos" e "psicóticos" pré-existentes. Tratamento: • Medidas de Descontaminação, sintomático e suporte. • Sintomas melhoram em Torno de 8 horas (exceto concentrados). • Risco de overdose letal é mínimo não há registro de óbitos por maconha e derivados exclusivamente . Anticolinérgicos Várias substâncias com ação ação anticolinérgica. Alguns exemplos são: Medicamentos: Anti-histamínicos, antiespasmódicos, antiparkinsonianos (Biperideno, Triexifenidil). Plantas: Lírio (Trombeteira, zabumba, Datura sp). Anticolinérgicos Mecanismo de ação: • Medicamentos: possuem ação anticolinérgica (antimuscarinica), levando ao bloqueio da ação da acetilcolina nos receptores muscarínicos. • Plantas: possuem substâncias denominadas de alcalóides tropânicos, sendo a atropina a principal representante deste grupo. Agem similarmente aos medicamentos. Anticolinérgicos Quadro clínico: Típica síndrome anticolinérgica: • mucosas secas, rubor facial, hipertermia, • hipertensão, delírios e alucinações, midríase, • arritmias cardíacas, convulsões. Diagnóstico: • Anamnese e exame físico. Tratamento: • Descontaminação G.I. quando cabível. • Sintomático e de suporte. Não desenvolvem tolerância no organismo e não há descrição de Síndrome de Abstinência. Drogas da noite “CLUB DRUGS”: Freqüentadores de festas “raves”. • MDMA: Ecstasy, pílula do amor. • • • • • • GHB: “Ecstasy líquido”. Quetamina: Special K, Kit kat. Methamphetamine: Speed, Crystal, DOB. LSD (Ácido, doce, ponto). Phencyclidine: PCP. Nitritos (Poppers). Date-rape drugs Utilizadas em assaltos e estupros. Efeitos: Incapacidade de reação e amnésia retrógrada. R o h y p n o l Flunitrazepam (FNZ) FNZ ilícito WWW.DEA.GOV GHB ECSTASY http://images.google.com/ Ecstasy Apreensões da Polícia Federal no Rio de Janeiro: Ano Quantidade de comprimidos apreendidos 2001 1909 2002 56655 2003 70859 2004 81951 Definição: Ecstasy • MDMA: 3,4 methylenedioxymethamphetamine). • Sintetizada em 1912, patenteada em 1914 pela Merck. • 1977: Psicoterapia. Começa também o abuso recreacional. • Brasil 2000: descoberto o 1º laboratório clandestino aqui. • Efeitos similares a anfetamina (estimulante) e mescalina (alucinógeno). Ecstasy Farmacocinética: • Pico plasmático após +- 2 horas. • Cruza a barreira hemato-encefálica. • Metabolizado pelo complexo CYP2D6. • Meia vida de +- 8 horas, 95% eliminados em 40 horas. • Excreção Renal (65%). • A acidificação da urina pode aumentar a eliminação. • MDA é um dos metabólitos ativos. Ecstasy Mecanismo de ação: • Aumenta a disponibilidade de monoaminas no axônio terminal. • Agonista pós-sináptico das vias serotoninérgicas. • Atua nos receptores adrenérgicos alfa 2. • Causa neurodegeneração. Ecstasy Quadro clínico e Toxicidade: • Geralmente ingerido (líquido ou comprimido). • Dose típica de 50 a 150 mg. • Poliabuso: álcool, inalantes, cannabis, LSD, cocaína, sildenafil. • Adulteração é muito comum e inconstante. • Aumento da energia, sociabilidade e da disposição sexual (?). • Ansiedade, pânico, agitação, delírios, cefaléia, sede intensa. • Pode ocorrer Hepatite fulminante (Idiossincrática). • Hipertensão, taquicardia, hipertermia. • Sudorese profusa + hiperatividade + secreção inapropriada de ADH Hemodiluição e hiponatremia convulsões + edema cerebral falência respiratória e circulatória. • Síndrome serotoninérgica. Rabdomiólise Mioglobinúria ( IRA). Diagnóstico: Ecstasy • Anamnese e exame físico • Toxicológico: CCD e Teste rápido de drogas de abuso positivos para MDMA. Tratamento: • Descontaminação G.I. quando indicado. • HMG seriados, eletrólitos, enzimas hepáticas, U/Cr. • Hidratação e reposição adequada de eletrólitos. • Tratar a hipertermia com medidas físicas. • Evitar neurolépticos e IRSS. • BZD ou relaxamento muscular (dantrolene). • Se necessário, assistência ventilatória e tratar convulsões • Arritmia cardíaca (metoprolol ou esmolol) GHB Gamma-hydroxybutyrate (Ecstasy líquido, GBL). http://images.google.com/imgres GHB Definição: • • • • • • • • • Gamma-hydroxybutyrate (Ecstasy líquido, GBL. Natural em SNC de mamíferos. Estrutura similar ao neurotransmissor GABA. Date rape drug (Relatos de uso em assaltos e estupros). Líquido ligeiram. Salgado, amargo e inodoro. Popularizado na década de 1980 - realçar o efeito do etanol . Uso crescente por todo o país. Recentemente aprovado pelo FDA como tratamento para narcolepsia. Alguns congêneres: gama-Butirolactona (GBL) e 1-4 butanediol (solventes industriais utilizados na limpeza de CDs, Impressoras). GHB Mecanismo de ação: Receptores só no SNC, principalmente hipocampo. • Liga-se fracamente em receptor GABA b. • Depressor do SNC. • Provoca liberação de opióides endógenos. GHB • Farmacocinética: • Início de ação: 15-30 min e pico plasmático em 25-45 min. Metabolizado em CO2 . • • • • GBL é convertido à GHB por via não enzimática. 1-4 butanediol é é convertido à GHB pela álcool desidrogenase. Efeito Bifásico. A ingestão concomitante de etanol, leva a uma inibição competitiva pela álcool desidrogenase, retardando a metabolização do 1-4 butanediol. Assim, pode haver uma depressão inicial do nível de consciência seguido por uma melhora quando o etanol é metabolizado e logo em seguida evolução para coma com a disponibilização da álcool desidrogenase. GHB Quadro clínico: • Intensidade de efeitos: dose dependente e • • • • co-ingestão de outras drogas. 10 mg/kg relaxamento muscular. 20-30 mg/kg induz euforia ou até mesmo sono. > 60 mg/kg Hipotermia, vômitos, confusão mental, bradicardia, tontura, hipersalivação, hipotonia, depressão respiratória, amnésia, sono profundo ou coma por 1 a 5 horas. Raramente convulsões tônico-clônicas, mais comum é mioclonia. Dose letal estimada em 5-15 vezes maior. Tratamento: • Sintomático e suportivo: melhora em 1-5 horas. Quetamina Definição: • Hidrocloridrato de Quetamina: Special K, Kit Kat, Vitamin K, Super cid, Ketalar®, Ketaset®. • Derivado da fenciclidina (PCP) criada em 1962 como anestésico dissociativo. • Facilitador de estupros e assaltos. • Aspirada ou fumada. Farmacocinética: • Dose total usual em abuso : 50 a 100 mg. • Lipossolúvel, metabol. via citocromo P-450. • Meia-vida de 2 h. • Efeitos agudos por +/- 3h. • Date-rape drug. Quetamina Mecanismo de ação: • Ativação do glutamato - receptor N-Metil-D-Aspartato. • Anestesia sem depressão respiratória. • Inibe recaptação de noradrenalina, dopamina, serotonina • Atua no sistema colinérgico e nos receptores opióides. Quadro clínico e Toxicidade: • Baixas doses Dissociação: alucinações, ilusões, despersonalização, desaceleração do tempo, estado onírico, percepções extra-corpóreas, atenção, aprendizagem e memória ficam prejudicados • Doses maiores: vômitos, distúrbios da fala, amnésia, taquicardia, hipertensão, midríase, agitação, delirium, intensa dissociação (K-hole, K-Land), experiências “near-death”, hipotermia, Distúrbios visuais e flash-backs. • Em casos mais graves, depressão respiratória, apnéia, convulsões, rabdomiólise. Quetamina Diagnóstico laboratorial: • Toxicológico (CCD) positivo para PCP. Tratamento: • Medidas de descontaminação G.I. quando indicado. • Sintomático e suporte ventilatório se necessários. Fenciclidina (PCP) Definição: • • • • • Sintetizado pelos laboratórios Parke & Davis em 1959, sendo depois comercializado como agente anestésico para uso humano e veterinário. Uso em humanos foi interrompido em 1965 devido aos seus efeitos secundários. Apareceu como droga de rua nos anos 70. Apresenta-se sob a forma de pó branco cristalino com sabor amargo, cápsulas ou líquido. Conhecido como Angel dust, pó de anjo, krystal, Ice ou peace pill. Facilitador de estupros e assaltos. • Inalado, fumado ou ingerido. Fenciclidina (PCP) Mecanismo de ação: • É um anestésico dissociativo. • Propriedades simpatomiméticas e alucinógenas. • Estimula os receptores alfa-adrenérgicos, potencializando os efeitos da norepinefrina, epinefrina e serotonina. • Não é indicado para uso humano. Farmacocinética: • Rapidamente absorvido • Sua ação é descrita pelos fumantes como 2 a 5 minutos “come on”, 15 a 30 minutos “high” e 4 a 6 horas “loaded”. • O tempo referido para a volta a normalidade é de 24 a 48 horas. • Metabolismo: Hidroxilação primária no fígado. • Excreção: Renal Fenciclidina (PCP) Quadro clínico e Toxicidade: • Letargia, desorientação, alucinações e • • • • inconsciência são relatados com doses de 1 a 3 mg (via inalatória), 2 a 6 mg (via oral), 1 a 3 mg (EV). Dose letal mínima: relato de óbito com ingesta de 150 a 200 mg. Doses de 1 a 5 mg normalmente resultam em euforia, similar à da intoxicação pelo metanol. Doses de 5 to 10 mg resultam em excitação, confusão, ataxia e disartria. Doses maiores que 20 mg podem levar a coma, convulsões e morte. Fenciclidina (PCP) Diagnóstico: • Anamnese e exame físico. • Laboratorial: CCD positivo para fenciclidina. Tratamento: • Descontaminação GI quando indicado. • Tratamento sintomático e medidas de suporte. Flunitrazepan (Rohypnol) Rohypnol Flunitrazepan ilícito WWW.DEA.GOV Flunitrazepan Definição: • • Benzodiazepínico (Rohypnol) de rápido início de ação. Proibido na América do Norte. • Facilitador de estupros e assaltos (“rape drug”). • Potencialização por álcool e outros depressores do SNC. Farmacocinética: • Absorção: Após a administração oral é quase total. Início de ação em 30 min, pico plasmático em 2 horas. • Metabolização: hepática. • Eliminação: Renal. • A meia-vida de eliminação após administração endovenosa é entre 16 e 35 horas. A meia-vida de eliminação do metabólito ativo é de 23 a 33 horas. Flunitrazepan Quadro clínico e toxicidade: • • • • Dose terapêutica: Adultos: de 0,5 a 1 mg; e em casos excepcionais, a dose pode ser elevada a 2 mg. Idosos: 0,5 mg; em circunstâncias especiais, a dose pode ser elevada para 1 mg. A dose tóxica estimada em crianças é de 0,1 mg/Kg. Há relato de óbito em um adulto, com a ingesta de 28 mg. Doses elevadas: amnésia, perda do controle muscular, perda de consciência, hipotensão, depressão respiratória, mais raramente, coma e morte Diagnóstico laboratorial: • Toxicológico (CCD). Tratamento: • Sintomático e suporte. • Antidotagem com flumazenil EV (antagonista BDZ). LSD Sinonímia: LSD-25 (dietilamida do ácido lisérgico): Ácido, doce, ponto, etc. Formas de Apresentação: Cartelas picotadas, selos ,etc. LSD Sinonímia: LSD-25 (dietilamida do ácido lisérgico): Ácido, doce, ponto, etc. www.usdoj.gov Formas de Apresentação: Cartelas picotadas, selos ,etc. www.usdoj.gov growabrain.typepad.com LSD Sinonímia: LSD-25 (dietilamida do ácido lisérgico): Ácido, doce, ponto, etc. Formas de Apresentação: Cartelas picotadas, selos ,etc. www.mind-surf.net LSD Definição: • LSD-25 (dietilamida do ácido lisérgico): Ácido, doce, etc. • Substância sintética, produzida em laboratório. • Descoberta acidentalmente pelo cientista suíço Hoffman, que ingeriu uma pequena quantidade da droga. • É comercializado em cartelas picotadas similares a um mata-borrão. Cada pequeno quadrado picotado recebe uma gota de LSD. Eles podem ser consumidos inteiros, divididos ao meio ou em quartos. • Há ainda apresentações em forma de pontos, gelatinosas, selos, etc. • O consumo se dá pela via sublingual, na dose de 20-80 microgramas por dose. LSD Mecanismo de ação: • Tem ação antagonista e agonista parcial da serotonina. • Absorção via sublingual, de 20-80 microgramas por dose. • Início ação em 30-60minutos, pico de efeito em 5 horas, perduram por 12 horas. • A metabolização é hepática e a excreção é renal e pelas fezes. Quadro clínico: • Dependem da expectativa de uso e do ambiente físico que o cerca. • Ilusões visuais, auditivas e táteis. • Flashback. Tratamento: • Sintomático e de suporte. DOB - (Cápsula do vento) (4-bromo-2,5-Dimetoxi-4bromoamfetamina www.baladacerta.com.br surforeggae.ig.com.br DOB - (Cápsula do vento) (4-bromo-2,5-Dimetoxi-4bromoamfetamina Derivado anfetamínico acrescido de um átomo de bromo ( responsável por potencializar o efeito da droga e por aumentar o tempo de ação). Primeiramente sintetizada por Alexander Shulgin (EUA) in 1967. Cápsula transparente com capacidade de 500 mg que contém cerca de 1 a 1,5 mg da substância. DOB - Toxicocinética: • Início da ação: 1 hora. • Período de ação máxima: 4 a 10 horas. • Duração da ação: 12 to 36 horas. • Meia vida de 12 horas. DOB - (Cápsula do vento) Quadro Clínico: • Doses habituais: 1 a 3 mg. • Seu efeito é bastante semelhante ao LSD. • Ocorrem também náuseas, vômitos, diarréia e sintomas de pânico e confusão mental. DOB - (Cápsula do vento) Diagnóstico Laboratorial: Anamnese e exame físico. Tratamento: Tratamento sintomático e medidas desuporte. Nitritos (Poppers) Definição: Poppers é o termo vulgar utilizado para denominar vários alquil nitritos (amil, butil e isobutil nitrito) utilizados com fins recreacionais por via inalatória. Estas substâncias são encontradas tanto em medicamentos (antídoto para intoxicação por cianeto, anti-anginosos) como em odorizadores de ambientes e limpadores de cabeças de vídeo cassete. Nitritos (Poppers) Mecanismo de ação: Os efeitos fisiológicos são conseqüência do óxido nítrico, produzido durante a degradação dos alquil nitritos no organismo. Farmacocinética: Absorção: rapidamente absorvido por via inalatória. Metabolismo: Rapidamente hidrolizados à íon nitrito. Excreção: Renal (60 % inalterado). Meia vida de eliminação: 2 a 3 segundos. Nitritos (Poppers) Quadro clínico e Toxicidade: • Quando inalados causam analgesia, euforia, sedação leve e por vezes sintomas psicodélicos. • A intoxicação aguda resulta em vasodilatação com cefaléia, visão borrada, palpitações, hipotensão postural, síncope, taquicardia (devido a vaso-constrição reflexa). • Exposições continuadas podem resultar em metahemoglobinemia e depleção de vitamina B12. Diagnóstico: Anamnese e exame físico. Tratamento: Tratamento sintomático e medidas de suporte. PREVENÇÃO DE SEQÜELAS E NOVAS OCORRÊNCIAS AVALIAÇÃO CLÍNICA EXAMES SUBSIDIÁRIOS MEDIDAS DE SUPORTE MEDIDAS ESPECÍFICAS SEGUIMENTO CLÍNICO SAÚDE MENTAL OBRIGADO [email protected] BIBLIOGRAFIA •http://www.unifesp.br/comunicacao/ass-imp/clipping/2002/jan02/jan01.htm#1 Acesso em 28/06/2007. •http://72.21.62.210/alcooledrogas/drogas_ecstasy.htm - Acesso em 28/06/2007. •http://www.unodc.org/pdf/brazil/II%20Levantamento%20Domiciliar%20Dr%20E lisaldo%20Carlini_alterado2.pdfr •http://www.unodc.org/brazil/programasglobais_avaliacao.html - Acesso em 28/06/2007. •http://www.unodc.org/brazil/programasglobais_avaliacao.html - Acesso em 28/06/2007. •http://www.unodc.org/pdf/report_1999-01-01_1.pdf - Acesso em 28/06/2007. •Tancredi, David N., Shannon, Michael W.Case 30-2003 - A 21-Year-Old Man with Sudden Alteration of Mental •Status N Engl J Med 2003 349: 1267-1275. •Albertson TE, Dawson A, Latorre F de, et al. 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N Engl J Med 2003; 348:1786-1795, May 1, 2003. Review Articles. •Stefanini, Edson; Kasinski, Nelson & Carvalho, Antonio Carlos Guias de medicina ambulatorial e hospitalar São Paulo, Manole, UNIFESP/EPM, 2004, p 285-309. •16 Rev. Bras. Psiquiatria 2001;23(2):96-9.