ESTRATÉGIAS PARA IMPLANTAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E VIRTUALIZAÇÃO NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM UMA ORGANIZAÇÃO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR Ana Maria Coelho Pereira Mendes – UNIFAE [email protected] Lucia Izabel Czerwonka Sermann – UNIFAE [email protected] Resumo: Estratégias decorrentes da gestão democrática na administração da inovação e da mudança tecnológica em organização de educação superior é o tema gerador do artigo que descreve a implementação e implantação de Programa EAD. Norteia-se na política pública de educação a distância e as ações estratégicas que uma organização de educação superior utiliza para desencadeá-la em seus cursos de graduação presencial. As estratégias descritas partem da experiência das autoras em programa de EAD, no âmbito de uma organização de Educação Superior, na qual desenvolveram os processos aqui descritos. Palavras-chave: gestão democrática; ações estratégicas; programa EAD A primeira estratégia aponta sistemicamente para como a organização planeja e projeta seu futuro. A visão estratégica, a missão e, principalmente, seu planejamento deve evidenciar esta direção para a Educação a Distancia, como veremos a seguir. A segunda estratégia define os parâmetros descritos no Projeto Pedagógico que favoreçam a flexibilização das relações pedagógicas, pela via do Contrato Didático. A gestão de estratégias emergentes das políticas institucionais e dos processos de gestão macro da organização, permitiu consolidar uma inovação com a regulamentação de um programa de EAD. Para tal, a ação de uma equipe de EAD, criada a partir destas determinações, é fundamental para viabilização do plano estratégico institucional. As terceira e quarta estratégias de gestão dos determinantes internos e externos, facilitadores ou dificultadores do Programa EAD remetem a que se enfatize o capital humano da organização. Um dos aspectos a ser considerado diz respeito a necessidade de criar um setor de Tecnologias Educacionais – TE que deve ter como escopo teórico reflexões que debatam a EAD nas tensões da cotidianidade de todo processo inovador. A abrangência das ações estratégicas desenvolvidas durante a implantação das tecnologias de informação e comunicação educacionais na organização pressupõe mudança e transformação complexas. Para tanto, a retomada de forma abrangente da implantação das TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação nos cursos de graduação como renovação pedagógica vai se construindo e se processando conforme os seus próprios determinantes históricos e situacionais. Por isso, um modelo ou uma metodologia específicos não dão conta da 2 complexidade deste contexto. São modelos e estratégias de gestão que vão emergindo da dinamicidade do real, que se reinventam nesse contato com a realidade, que convoca procedimentos específicos. Logo, tal análise aponta para construções segundo uma dada realidade que vai se dando a conhecer, vai se apresentando aos seus atores como uma rede de relações personalíssima, porquanto identidade única, e também única nas suas relações sociais. Vários questionamentos são postos em relação ao uso democrático das tecnologias de informação e comunicação – TICs. Uma das questões aponta para a necessidade da infraestrutura de um parque tecnológico que dê conta de atender as demandas dos usuários e acompanhe par-a-par o desenvolvimento científico da área. Outra questão é a elaboração de roteiros de estudos das disciplinas e a necessidade de capacitação dos professores e alunos para a utilização destas novas ferramentas de aprendizagem e as condições que são dadas para tal aprendizado. Por conta disso, o desenho do programa do setor de TE inicia com a sua apresentação e aprovação pelas autoridades decisórias. Mas vai adquirindo contornos específicos na medida em que a realidade vai sendo dimensionada e conhecida, com demandas também específicas. De uma sensibilização genérica e informativa, passa-se para abordagens específicas com os gestores e professores. Ora, toda quebra de paradigma depende de decisão política e processo participativo para promover mudança / transformação. Assim, o marco zero para desencadear a implantação da inovação tecnológica nos cursos de graduação da organização em foco, inicia com a decisão estratégica de se inovar o Projeto Pedagógico dos referidos cursos com metodologias de aprendizagem que valorizem o auto-aprendizado dos alunos. Nesse contexto cria-se e implementa-se um Programa de EAD que estabelece estratégias para a re-definição da relação didático-pedagógica nos cursos de graduação da organização. A implantação do Programa de EAD ocorre numa perspectiva transversal das manifestações nos múltiplos domínios da vida coletiva da organização, isto e, nas diferentes ações dos atores envolvidos para estímulo à criatividade, à capacidade de realização e inovação, competências necessárias a todos os perfis de potenciais usuários. Essa perspectiva pode contribuir para a qualidade da educação e, conseqüentemente, do aprendizado, ao facilitar a construção de uma organização mais aberta, inovadora, desburocratizada das exigências tradicionais do controle acadêmico. Nessa etapa de implementação & implantação o Programa EAD considera indispensável o conjunto de medidas que serão desencadeadas, 3 1. relacionadas aos recursos materiais: as condições de apetrechamento disponível para alunos e professores; 2. relacionadas aos conteúdos programáticos: analisar as transformações propostas para o conteúdo genérico, comum a todos os alunos da série, básico para a formação profissional determinada pelas diretrizes curriculares do curso e aquele construído na parceria da relação pedagógica; 3. relacionadas às estratégias e apoio pedagógico: como não se tem conhecimento de qualquer estudo ou relatório que esclareça com exatidão a utilização da Internet como atividade de complementação ou suporte pedagógico é necessário analisar as situações de suporte para além da relação aluno – professor (dados tais como os usuários, freqüência e tipo de utilização, relação com as práticas curriculares, dificuldades e problemas para sua integração na prática letiva); 4. relacionadas à capacitação dos professores: analisar os programas de capacitação e acompanhamento dos professores participantes do Programa EAD (equipe de suporte técnico-operativo, horários dos cursos de curta duração, distribuição estratégica de atendimento aos professores com dificuldades no uso da tecnologia digital e ambiente virtual, linguagem multimídia etc); 5. relacionadas ao currículo dos cursos envolvidos: em relação ao currículo oficial o MEC autoriza o ensino semi-presencial, embora os currículos não se refiram as ações pedagógicas com o uso das TICs, que vá além do mero reconhecimento de sua importância no processo de ensino e aprendizagem. Para tanto, deve-se analisar as disciplinas em relação a integração das TICs às situações de ensino aprendizagem, pois as disciplinas dos cursos de graduação devem fazer referência as TIC como integrantes dos trabalhos escolares; 6. relacionadas à avaliação das ações desencadeadas: interesse da comunidade acadêmica, experiências concretas, pressupostos e processos desencadeados, seus efeitos na aprendizagem e suas implicações na redefinição de papéis da organização, projetos subjacentes etc. Por enquanto, pode-se dizer que é sintomática a escassez de estudos de divulgação em termos de conclusões, produtos ou resultados, sobre projetos de EAD efetivados nos cursos de graduação nas IES brasileiras. Os professores continuam em geral a desempenhar suas funções de acordo com uma lógica pedagógica de caráter essencialmente disciplinar e presencial, constituindo-se, na maioria das vezes, em obstáculo 4 incontornável à utilização dos recursos disponibilizados e a novas formas de ensinar e aprender inerentes a EAD; 7. relacionadas a avaliação dos procedimentos: analisar o impacto do programa e criar condições para adaptações e redirecionamento das atividades, considerandose as especificidades das disciplinas e dos cursos. Uma questão levantada por NOGUEIRA (2002) e que também nos inquieta enquanto educadoras, planejadoras e executoras de programas de implementação das TICs nos cursos de graduação em uma organização com pretensões a EAD é que em uma época tão fortemente ‘tecnológica’, quer dizer, tão tomada pela razão instrumental, pela inovação e pela idéia de que as tecnologias são um fator de progresso e bem-estar, não se cansa de repor uma velha discussão, que nos inquieta mesmo quando vem à tona de modo velado e contido. Devemos nos voltar predominantemente para o mercado e para o trabalho? O que devemos almejar: ter entre nós bons profissionais ou bons cidadãos? Temos por que temer o império da técnica e da tecnologia, e nessa medida inventar formas sociais para controlar este, ou a técnica e a tecnologia são valores em si, recursos inofensivos, diante dos quais não há o que temer e só abrem perspectivas positivas? (p. 24 – 25). E, em nome desta revolução tecnológica, os executores do Programa EAD devem monitorar o desempenho da organização educacional da escola na direção da formação desenvolvida e dos resultados de impacto que essa formação desencadeou nas relações pedagógicas e estratégias de gestão. Mas, a luz de alerta aponta ainda para a forma como esta organização está assumindo as tecnologias como ferramenta para a capacitação docente, devendo isso constituir-se em importância estratégica para a qualidade da aprendizagem. Isso favorece o ingresso de seus alunos na sociedade do conhecimento, na cidadania plena dada pela igualdade de condições sociais para todos pela via das TICs. Referendados em NOGUEIRA (2002), que discute as soluções para a gestão da educação recusando o fatalismo contextual como determinante da direção da escola, apontamos para cinco dessas soluções com foco nas TICs: 1. decisão política: assumida pelo líder que está no comando e determinada pelos seus vínculos sociais com a comunidade acadêmica em questão, para que os problemas se estendam ou se abreviem, e que as soluções sejam em maior ou menor escala gerais; 2. correlação de forças: depende da disputa de forças pelos espaços políticos na academia entre os diversos protagonistas envolvidos no processo decisório – gestores, equipe de implementação; professores, alunos, funcionários; 5 3. capacidade social: todos os envolvidos devem “lutar e manusear recursos de poder, dentre os quais está a capacidade de se organizar e de apresentar projetos, portanto, de desenhar futuros e pressionar para viabiliza-los”; (idem, p.21) 4. institucionalidade política: são as ações dos envolvidos na estruturação de “arranjos legais e normativos que fornecem parâmetros para as disputas sociais e ‘civilizam’ os conflitos entre grupos e classes, tornando razoável o estabelecimento de algum ‘pacto’ social, a fixação de patamares de justiça” (idem, p.21); 5. disposição ética: “para conviver e encontrar formas acordadas de fazer com que o conflito, as contradições e as diferenças sociais operem como dínamos da vida coletiva, enriquecendo-a ao invés de dilacerá-la” (idem, p.21). A gestão de um Programa EAD é investimento macro-econômico estratégico na sociedade da informação/conhecimento, porém, mais importante é assumi-lo como investimento ético referido ao compromisso com o desenvolvimento pleno dos cidadãos e oferta igualitária de oportunidade a todos. Nesse sentido, os projetos de EAD não são decisões pontuais e isoladas e por isso precisam de conserto, de negociação e de ação coletiva, processos que exigem investimentos de longo prazo para a garantia de sua sustentabilidade. Para o gerenciamento do Programa EAD, deve-se potencializar frentes de enfrentamento, articuladas com o objetivo da implantação das TICs, com a criação de setores de atuação. São grupos de trabalho integrados e descritos a seguir. Uma Coordenação de Educação a Distância – CEAD – para organizar a oferta de cursos de extensão e pós-graduação a distância, bem como a administração de um ambiente de aprendizagem virtual institucionalizado. Também é condição de gestão a criação de um núcleo conceitual de capacitação, acompanhamento de desempenho, articulador entre os diversos níveis e interfaces acadêmicos da instituição, como um NTE – Núcleo de Tecnologias Educacionais. Sua função é operacionar e implantar do uso das TICs, como reforço ao ensino presencial. Com os vários desdobramentos das suas atividades, planejamento e execução de projetos de material didático multimídia constituem-se em banco de dados deste recurso a ser partilhado entre currículos afins. Um Serviço de Capacitação em Tecnologias Educacionais com o objetivo de melhorar a competência dos professores e alunos no uso das tecnologias educacionais, em situações de aula. 6 1 O MARCO ZERO DO PROGRAMA EAD As reformulações estratégicas do projeto pedagógico da organização, requer um desencadeamento de condições que favoreçam a criação e implantação do Programa EAD. Com vistas a flexibilizar a gestão dos cursos de graduação, mudanças devem focar diversos aspectos pedagógicos que tradicionalmente norteiam o ensino presencial. Tais aspectos descritos indicam o marco zero relevante para um Programa EAD. Aspecto pedagógico Antes regime de aprovação notas bimestrais foco do aprendizado nas informações docentes concepção de avaliação prova como produto objetivos de aprendizagem geografia do conhecimento informações / memorizações específico e fragmentado Depois avaliações processuais nas pesquisas discentes exercícios e trabalhos de pesquisa como processo de aprendizagem aptidões / competências partilhado e integrado 2 PLANO ESTRATÉGICO DA ORGANIZAÇÃO Cenários e ações que necessitam planejamento para que se processem gradativamente, nos atores e nas relações gerais da academia. Portanto, a opção estratégica da organização com vista a transformação do paradigma presencial para o semi-presencial fica, então, explicitada em seu plano estratégico, como expansão da Educação a Distância. Para tanto, as referências sobre o potencial educacional, considerando o crescimento de adultos não profissionais, aceleração das mudanças tecnológicas e a necessidade de aprendizado contínuo, são as melhores opções de leituras de cenários. 3 O PROGRAMA EAD E SEUS DESDOBRAMENTOS O Programa EAD tem o objetivo de desenhar e implantar as TICs nos processos educacionais. O início do programa demanda que se mapeiem as condições operacionais em recursos humanos e materiais, alem de avaliar o ambiente de aprendizagem virtual institucional. Conhecer a prática de professores já familiarizados com ambientes de 7 aprendizagem colaborativa, para, a partir daí, sistematizar uma proposta de implantação da educação semi- presencial nos cursos de graduação da organização, como condição necessária e estratégica para sua implantação. Os professores pioneiros, familiarizados com AVA – Ambientes Virtuais de Aprendizagem devem compor o Grupo de Trabalho, oficialmente constituído pela administração central. Este Grupo de Trabalho necessita avaliar as características dos alunos usuários em relação à cultura do ensino presencial, e como ela pode rebater contra o Programa EAD. Manifestações verbais, ou através de abaixo-assinados dos alunos, sobre o descontentamento pela aula semi-presencial, precisam de estratégias de enfrentamento, de convencimento, de espaços institucionais alternativos para acesso ao AVA (laboratórios de informática, terminais em pontos estratégicos com um funcionário genérico para as demandas burocráticas e acadêmicas. Outro desdobramento para este enfrentamento remete a uma proposta para que os calouros sejam entronizados no AVA institucional, como estratégia de aculturação a nova metodologia pedagógica. Para desenvolver a cultura do uso de ambiente de aprendizagem colaborativa, em alunos dos primeiros períodos, ou seja, criar a cultura da metodologia de EAD nos calouros, alguns dos professores de primeiro ano são prioridades para as capacitações. Nesse encaminhamento, não e obrigatório que todos os professores façam a capacitação, mas que, pelo menos, dois ou três flexibilizem suas disciplinas para a modalidade semi-presencial. Outra estratégia para desenvolver o Programa EAD apresenta o desafio de implantar o ensino semi-presencial para os alunos dependentes1 que não dispõem de tempo para cursar a dependência em horários ofertados em contra-turno do curso. A criação de turma especial com atendimento de pelo menos 75% do conteúdo da disciplina do curso do aluno, no formato presencial gera custos adicionais da organização, com pagamento de horas-extras docente, espaços de locação para atendimento etc. Quando a organização não dispõe de infraestrutura e de recursos humanos para a oferta de turmas especiais para dependentes, a oferta semi-presencial constitui-se em estratégia de gestão, incluindo-se ai, além da DP-AVA, as adaptações curriculares de transferidos ou de aberturas de matriculas para currículos já superados. Como a modalidade de operacionalização das repetências em cursos de graduação são replicações da mesma disciplina já cursada e reprovada, para a sua modalidade de aprendizado semi-presencial, não e contabilizada nos 20% semi-presenciais da integralização da carga-horária do curso de graduação. Para organizações com ingresso por semestre, sem conseguir gerar dupla entrada em turnos diferentes ou no mesmo turno, abre-se outro gargalo 8 administrativo que um Programa EAD dá conta de gerenciar. Geralmente, o aluno retorna a sala de aula, em turma de progressão subseqüente a sua turma regular e com o mesmo professor que ministrou o PA anteriormente, preferencialmente no contra-turno do seu horário regular. Outra dificuldade que o aluno enfrenta são os altos custos adicionados à mensalidade de sua turma regular, o que leva que eles solicitem o “trancamento” ou da DP, ou de seu período regular para cursar um ou outro, o que também favorece a evasão2. Os cursos noturnos têm outro agravante para que o aluno curse uma DP no contraturno: a jornada de trabalho no mundo do trabalho assalariado. O AVA, justamente por ser não-presencial, flexibiliza procedimentos pedagógicos diferentes e sem as limitações do tempo e do espaço reais. Quer dizer, o limite da hora-aula, do espaço da sala-de-aula, e da apresentação única do professor fica restrito à grade curricular de seu curso de graduação, já que são reais e relativos à realidade presencial. Ou seja, podemos dizer que o aluno é refém das situações de aprendizagem impostas por estas condições. Por isso, é que em um Programa EAD com AVA, o aluno/aprendiz passa a ser o responsável pelo seu aprendizado. O seu tempo e o seu espaço são administrados por ele. A sua necessidade de acesso à informação básica para a aptidão é regulada e replicada por ele, quantas vezes forem necessárias ao seu perfil de aprendiz. Logo, há uma individualização das aprendizagens, gerenciadas e dimensionadas pelo aprendiz. A abordagem junto aos professores e alunos da organização educacional de uma equipe de TE, com a meta de preparar as condições de operacionalização do Programa EAD, contém características e procedimentos comuns, tais como: 1. utilização de ambiente de aprendizagem colaborativa; 2. utilização de novas tecnologias educacionais; 3. re-elaboração das disciplinas para planejamento de estudo em tempo virtual, por aptidões e competências ao final das unidades; 4. recomposição das atividades pedagógicas para avaliações progressivas que possibilitem ao aluno revisá-las e refazê-las quantas vezes forem necessárias para o acúmulo do conhecimento, também progressivo ao planejado pelo contrato didático; 5. trabalho com foco na aprendizagem do aluno, ao se tornar aprendiz do “aprender a aprender”, “aprender a ser”, “aprender a fazer”, “aprender a saber”; 9 6. desempenho do professor como facilitador do processo de aprendizagem dos seus alunos. Aos responsáveis pelos cursos, hoje na figura do diretor de curso, compete: a) orientar os professores na elaboração do Plano de Estudo de cada disciplina do curso ou, mais especificamente, para a pratica EAD especial para as dependências, reprovações e adaptações; b) acompanhar os Planos de Estudo de cada aluno inscrito em EAD especial; c) acompanhar as atividades de um estagiário ou monitor, designado para seu curso, como equipe de suporte de atendimento para docentes e discentes; d) orientar o estagiário ou monitor quanto a correção de cada atividade programada dos Planos de Estudo por aluno, personalizando as dúvidas (o que determina que o perfil desse recurso humano seja especifico para as demandas emergentes dos conteúdos daquele curso); e) acionar os professores das disciplinas da pratica EAD especial; f) documentos de acompanhamento de cada aluno (o lançamento das notas pelos professores); g) elaboração de relatório de desempenho dos alunos participantes do Programa EAD especial; h) ampliação gradativa das ofertas segundo o perfil das disciplinas e dos conteúdos em seu curso, até que os alunos ingressantes tenham todos alcançado o aprendizado no AVA organizacional. Outro componente da equipe do Programa EAD é o supervisor pedagógico, geralmente selecionado entre o corpo docente da área de conhecimento que compõe os diferentes centros universitários da organização. Cabe a ele orientar a realização das atividades pedagógicas e provas/atividades de avaliação de aprendizagem presencialmente nas instalações da organização educacional, para todos os integrantes do Programa EAD. Também são atividades do supervisor pedagógico: 1. orientar a roteirizarão da disciplina de cada professor do Curso; 2. acompanhar o estagiário ou monitor em suas atividades de personalização dos Planos de Estudo nas salas virtuais sob sua responsabilidade; 3. preparar o professor para as avaliações periódicas dos alunos; 10 4. organizar a infra-estrutura de oferta das disciplinas: horário de laboratório, central de atendimento e orientação 5. programar a elaboração do diagnóstico educacional para cada desempenho das salas em AVA; 6. acompanhar o desempenho de estagiários ou monitores para a coordenação do projeto; 7. planejar as avaliações com os professores; 8. rever o sistema de inscrição para o Programa EAD com possibilidade de oferta de salões temáticos3; 9. acompanhar a operacionalização do Programa EAD sob sua responsabilidade; 10. divulgar as intercorrências em reuniões do grupo de trabalho do Programa EAD e, dependendo da urgência, contatar a coordenação do NTE para possíveis providências; 11. organizar relatório do desempenho das ações do Programa EAD da área de conhecimento sob sua responsabilidade, juntamente com o(s) professor(es) responsável(eis), quando for o caso. Quanto ao desempenho dos estagiários ou monitores, suas ações complementam o processo educacional gerado pelo professor responsável pela disciplina. As orientações aos estagiários são: 1. acompanhar a operacionalização dos Planos de Estudo de cada aluno das salas virtuais do curso sob responsabilidade; 2. preparar relatório de desempenho de cada aluno segundo o cronograma do plano de estudo e agendar encontros com o professor responsável; 3. apresentar relatórios semanais para o diretor de curso e supervisor pedagógico; 4. dependendo de sua área de formação e segundo as demandas do curso, o estagiário cumpre a função estabelecida pelo programa de monitoria – matemáticas especificas, áreas da saúde e laboratórios especificas etc. – para realizar atividades de reforço e aperfeiçoamento de aprendizado de alunos em relação ao desempenho na disciplina. 11 4 CONSIDERAÇÕES DE AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA EAD JUNTO AO CORPO DOCENTE Ao analisarmos as dificuldades que ocorrem na mudança paradigmática do processo educativo, algumas inferências são possíveis, tomando-se como referências os dados coletados junto ao público alvo do Grupo de Trabalho Programa EAD. Como a matéria-prima da educação é a informação que produz conhecimento, alguns problemas já podem ser identificados para que a transição paradigmática do processo educativo frente às TICs se efetive. Os estudiosos do fenômeno enunciam algumas características desse processo, com ênfase ainda no ensino tradicional presente no dualismo informar-formar, agindo diretamente na compreensão desta informação. Tais características são: 1. um professor especialista que estabeleceu uma complexa e densa teia de conexões articuladas entre si como acúmulo pessoal de sua trajetória acadêmica, mas que não tem linguagem acessível em seus argumentos de comunicação da informação em pauta, dificultando as próprias conexões do aluno; 2. a utilização de comparações adequadas em que o significado da informação se estabelece por analogia, desde que as comparações não sejam entre domínios intangíveis para o aluno ou mesmo entre elementos viáveis mas entre os quais não se estabelecem conexões tangíveis, tornando a informação incompreensível; 3. preciosismo de detalhes na informação que promove a memorização mas não a sua compreensão; 4. ênfase na memorização da informação, e não na compreensão. Logo, para fornecer elementos que permitam conhecer a trajetória de professores na operacionalização de um Programa EAD constata-se que emergem diferentes perfis, que, devidamente identificados e capacitados, passam a compor a equipe de desempenho do Projeto. Na descrição abaixo, pode-se observar esta personalização estratégica, considerandose a experiência do docente, seu repertório pessoal, sua disponibilização para o processo inovador. Todos eles precisam debater o desdobramento de sua ação docente, com o Grupo de Trabalho do Programa EAD. As características destes primeiros acompanhamentos sistemáticos são descritas a seguir. 12 Característica de desempenho no Programa EAD Toda a disciplina está formatada como material multimídia e executa procedimentos em EAD como reforço ao ensino presencial. Não programa atividades semi-presenciais dentro da carga horária. Considera que a EAD seja uma expansão da carga horária programada no currículo regular do curso. Não tem material multimídia mas insere roteiro de pesquisa, artigos teóricos e atividades colaborativas para complementar a carga horária da aula presencial. Os procedimentos semi-presenciais são acrescidos à carga horária regular da disciplina. Faz simulações de estudo de caso com previsão de atividades semi-presenciais, contadas para a integralização da carga horária da disciplina. Tem atividades pedagógicas semi-presenciais programadas dentro da grade curricular regular da sua disciplina. Observa-se que nesses professores a preparação das aulas ainda segue o modelo tradicional de aula expositiva, conteúdos teóricos repassados e organizados pelo professor, planilha de avaliação em relação direta com o plano de aula, que deve ser rigorosamente cumprido, e a Internet como repositório de conteúdos. Esse diagnósticos do desempenho docente permite identificar os professores envolvidos no Programa EAD em relação ao uso dos produtos disponíveis e dos recursos que deles derivam, para suas práticas docentes. E o momento de um programa continuado de preparação do ponto de vista das competências para manuseio em informática básica, como sobre o sistema AVA utilizado e sua exploração pedagógica articulada ao currículo. Outro aspecto de mudança a ser considerado é a definição de espaços para trabalhar, enquanto resultante dos grupos que lutam por mudanças, pessoas que já vinham pensando nisso. O processamento complexo dos grupos que negam, que criam parceria, os que não agüentam as mudanças, aparece de forma variada nos movimentos e modificações no quadro docente, conforme apresentado na configuração do cenário como ponto ou marco zero em que é deflagrado o processo de transição paradigmática na academia. A literatura aponta explicações para o maior ou menor acesso as novas tecnologias educacionais que indicam procedimentos de enfrentamentos para questões identificadas como facilitadoras ou não para essa democratização. Quais sejam: 1. explicações sobre a capacidade financeira e os recursos econômicos destinados para a infra-estrutura; 2. explicações sobre a velocidade do desenvolvimento tecnológico; 3. explicações políticas sobre a política de educação, tanto a pública quanto a da organização educacional; 4. explicações sobre as características psicológicas e culturais dos atores envolvidos. 13 Este breve inventário das estratégias não se propõe a esgotar a abordagem sobre os determinantes do acesso e do uso das TICs pelos docentes. Por outro lado, estas reflexões devem subsidiar as ações estratégicas necessárias para a trajetória dos gestores da educação empreendida nesta seara. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A comparação entre Projetos EAD em diferentes organizações educacionais com a disseminação das tecnologias fornece dados consistentes para a elaboração de estratégias de implantação com esta perspectiva. Outros aspectos endógenos à escola e que devem ser considerados no diagnóstico da exclusão/inclusão ao uso das tecnologias e referendar programas de intervenção no sentido da inclusão, referem-se ao uso e domínio da tecnologia. Atividades semi-presenciais necessitam ser incorporadas nos processos pedagógicos como metodologia de aprendizagem, nos Planos de Aula dos professores envolvidos no Programa EAD, considerando-se: 1. a defasagem entre o aprendizado que se opera dentro e fora da escola e entre esta educação formal e o desenvolvimento tecnológico; 2. as mudanças necessárias para reinscrever a educação na dinâmica do conhecimento socialmente produzido e sua indefinição sobre o uso das tecnologias na aprendizagem. Tais mudanças necessárias, evidenciadas do diagnostico dos professores e na análise dos dados no caso da organização educacional, para o acesso ao uso das tecnologias na educação, apontam para: 1. o deslocamento da aprendizagem centrada no professor para a aprendizagem construída pelo aluno; 2. a reformulação curricular para uma estrutura aberta e dinâmica superando a estrutura estática e fechada da educação tradicional; 3. do aprendizado coletivo para o aluno indivíduo, enquanto projeto pessoal a partir do coletivo; 4. de programas de aprendizagem dirigidas para o grupo de alunos a programas individuais de aprendizagem; 5. a superação do modelo derivado de que só um bom ensino é que possibilita uma boa aprendizagem. 14 O novo paradigma pedagógico estabelece a libertação do aprendizado para fora das salas de aulas tradicionais e da sincronicidade da relação do aluno e do professore. O que deve ficar claro, nesta reflexão sobre o processo, é que a inovação realizada tanto pode ser resultante de uma ambiência favorável à mudança, quanto pode contribuir para que ela ocorra de fato no contexto organizacional. Finalmente, uma transição paradigmática tem como objetivo imediato aprimorar a política, corrigir rumos, fazer recomendações. Todas elas devem ser obedecidas, e a maioria das recomendações precisam ser efetivamente consideradas – capacitação docente, disponibilização de recursos tecnológicos para fins pedagógicos etc. A implantação de um Programa EAD na dinâmica acadêmica de uma organização como processo de produção do conhecimento e garantia de qualidade na educação de graduação, cria cultura de inovação entre os atores deste cenário. Observa-se, também, o quanto ela se torna importante para o cenário e atores, através da adesão, voto de credibilidade e a seriedade com que consigna procedimentos para efetivar mudanças. 6 OS GANHOS DESTA REFLEXÃO 1. a descrição das estratégias necessárias para a implementação e implantação de um Programa EAD, desde o ponto de partida, no imediato da ação implementada, como ponto zero; 2. a apreensão obrigatória dos gestores educacionais do processo imediato, empírico desencadeado pelas ações do Grupo de Trabalho do Programa EAD com as aproximações e recuperações históricas do ocorrido; 3. a descrição das instâncias mobilizadas, engendradas a partir da elaboração do material com referência inicial dos procedimentos documentais; o significado do material – disciplinas, questionários e relatórios – e a análise dos dados de monitoramento e controle da empreitada; 4. a identificação das mudanças necessárias para implantar a EAD, a partir da implementação do Projeto; 5. a identificação da influência do Grupo de Trabalho do Programa EAD na participação pró-ativa dos atores envolvidos e na dinâmica pedagógica organizacional; 15 6. o reconhecimento das divergências e das convergências dos atores sobre a dinâmica pedagógica em sala de aula, demonstrada nas analises e avaliações dos atores envolvidos; 7. a identificação de fatores / situações acadêmicas que possam interferir nas condições estruturais de oferta, em relação aos recursos pedagógicos; 8. a identificação de situações da dinâmica acadêmica que possam interferir nas condições de desempenho dos atores, no que se refere à capacitação no uso de tecnologias educacionais e educação a distância; 9. a identificação de procedimentos pedagógicos como resultado do Programa EAD e metodologias de feedback, construindo bases para uma mudança efetiva nos processos educacionais; A necessidade de superação na educação pode ser historicamente lembrada através dos equívocos que foram cometidos em nome do conhecimento. “Não basta basear a educação em finalidades respeitosas da pessoa humana para evitar o risco de sua perversão. Em primeiro lugar, contra as alegações intelectualistas, é preciso lembrar que não basta conceber o bem para realizá-lo. Às vezes, perspectivas que respeitem a pessoa humana coexistem com uma ação educacional que as nega” (HANNOUN, 1998, p.167). Essa constatação insere-se nos princípios desencadeadores da enactação4. O Programa EAD é uma ação do processo de enactação. Como educadora datada e situada na PUCPR, as determinações do meio instigamnos à ação Por isso, recorremos a CARVALHO para referenciar o Programa EAD, ora apresentado para organizações educacionais. É um processo contínuo e permanente, que abarca o projeto desde sua concepção, sua implementação e seus resultados. É um processo participativo, envolvendo gestores, equipe executora e beneficiários da ação, assim como agentes externos (tanto especialistas em avaliação quanto financiadores e parceiros). É um processo de aprendizado social, ou seja, deve permitir aos envolvidos no projeto, a apropriação reflexiva da ação. (CARVALHO, 1998, p.3-4). Vale ressaltar que ao se falar em educação a distância entende-se que a distância em si não tem nada de educativo e ela também não é educadora, mas seu sentido remete a uma 16 modalidade de ação pedagógica que pode ser facilitadora no estilo de vida do aluno. Também a ferramenta como instrumentalizadora não é tomada como formativa ou mesmo educativa. A intenção é analisar aspectos de interesse sobre uma visão da organização, do funcionamento, da metodologia de aprendizagem, suas vantagens e desvantagens e, principalmente, as perspectivas do sistema de educação, que no caso é a educação a distância, e da implementação das TICs no processo educativo como deflagrador desta metodologia de aprendizagem. Toda transição paradigmática gera um banco de dados com informações que deverão ser usadas no planejamento e monitoramento contínuo da qualidade acadêmica, e por esse motivo são influenciadas por motivações gerenciais e políticas. E, justamente por isso, o potencial das TICs é ser um diferencial ao fornecer informações úteis sobre programas institucionais inovadores. Para que isto ocorra, é necessário que exista compromisso para o uso das informações como um instrumento democrático gerencial para aprimorar o conhecimento e auxiliar o processo decisório. 6 NOTAS 1. Alunos que não lograram êxito no desempenho acadêmico da disciplina regular presencial ou semipresencial. 2. Constatado mediante abordagens dos gestores de cursos e outros universitários por ocasião da desistência, registrados em dados pelos órgãos de desempenho organizacional. 3. Agrupamento de disciplinas com ementas até 75% semelhantes, mesmo que ofertadas em diferentes cursos. 4. HANNOUN (1998, p.131) refere o neologismo énaction que o inspirou, de F. Varela, que renomeia as duas faces da ação em Representação e Realização. “Não ficamos à espera de que o veredicto dos fatos confirme – ou infirme – a expectativa. Agimos de tal modo que esta não seja desmentida”. 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. Capacitação Solidária: Módulo avaliação. 1998. [Texto digitado] HANNOUN, Hubert. Educação: certezas e apostas. São Paulo: Fundação da Editora UNESP, 1998. – (Encyclopaidéia). NOGUEIRA, Marco Aurélio. Administrar e dirigir: algumas questões sobre a escola, a educação e a cidadania. In: MACHADO, Lourdes Marcelino; FERREIRA, Naura Syria Carapeto (Orgs.). Política e Gestão da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. p. 17 – 32.