Por exemplo, reduzindo o tamanho e/ou peso das aeronaves, fazendo com que elas aterrissem em pistas mais curtas de modo a que as pontas das pistas já existentes se transformem em áreas de escape, colocando pisos fofos ou muito atritastes que ajudem na desaceleração. É a solução mais factível e acredito que a mais desejável. Ou encompridando as pistas para criar as áreas de escape (e não, enfatizamos,criando a possibilidade das pistas serem utilizadas por aviões mais potentes e mais pesados). Porém isso significaria a necessidade de amplas desapropriações, a custo muito elevado além do trauma social que produzem, mas das quais poderiam resultar parques verdes e possíveis outros usos, melhorando os bairros vizinhos. 3 Mas essas questões parecem não sensibilizar muitos governantes, pois a proposta de revisão do Plano Diretor em curso, que entendo já era em grande medida um plano imobiliário, agora nas propostas de revisão em discussão pública quando se propõe a exclusão das políticas sociais de educação, saúde, cultura, bem estar e segurança como se fossem irrelevantes no devido cumprimento da função social da Cidade, prevista na Constituição Federal, o plano passa ser decididamente apenas imobiliário. Assim a manutenção da exclusão do equacionamento e encaminhamento de soluções dos grandes problemas da metrópole é outra diretriz adotada, de modo não explicito. Assim não se faz o equacionamento do maior problema que sofremos que é dos congestionamentos. Este problema afeta diretamente essa preferência por Congonhas por este se situar na região sul, que concentra a grande maioria de seus usuários; o problema da habitação não apenas popular é outro problema fundamental não equacionado, o qual é exacerbado pelo esvaziamento crescente do centro histórico, agora caminhando para o Centro Expandido, resultado dos congestionamentos também crescentes que vão se deslocando na cidade deixando um rastro de degradação urbana, traduzida no esvaziamento populacional e de atividades produtivas. Hoje situada no Centro Histórico e nos bairros em seus arredores imediatos. O aeroporto de Congonhas está já no Centro Expandido e por isso o seu acesso já está sendo afetado. Portanto uma malha de metrô e não apenas uma linha isolada, que conduza passageiros de toda a cidade para o Aeroporto e vice-versa tem que ser definida e ainda não o foi, pois o Plano Diretor não tem um Plano de Transportes, em coerência com o PITU-Plano Metropolitano de Transportes Urbanos, recentemente atualizados, e dimensionado em coerência com o zoneamento e o orçado em seus custos, embora tenha sido obrigado por lei para que fosse feito, em conjunto com a Nova Lei de Zoneamento aprovada pela Lei 13885/04. Esse transferi mento para a Lei Completamentar de Zoneamento também não resultou em nada até agora e o mesmo continua até o momento ausente, embora se pense em produzi-lo, nos próximos meses. Com esse quadro negativo de não planejamento ou dos planos insuficientes e ainda de desobediência sistemática histórica aos mesmos quando existem, como é o caso do zoneamento e do código de edificações, o futuro da cidade está ameaçado de um apagão generalizado. O centro histórico já se apagou, e estamos querendo reacende-lo com o projeto Nova Luz. Este, embora positivo, nesse sentido é insuficiente, pois não altera os congestionamentos crescentes, que causaram e continuam causando degradação urbana, de vias e bairros inteiros. Mas Congonhas deve continuar? Sim, pois um investimento público isto é, nosso, colossal produziu até há pouco tempo atrás um serviço imprescindível e com segurança razoável. Agora o que temos que fazer é readequá-lo as novas exigências quando isso for desejável não apenas pelos seus usuários, mas também pelos moradores e empresas que lhes são vizinhos. Sou totalmente contrário a que desse imbróglio surja um gigantesco negócio imobiliário, quando se percebe muitos atores se mobilizando em torno a essa idéia. Mas como já existiu no passado feita por arquitetos urbanistas de renome, proposta de negócio imobiliário por cima dos Cemitérios de São Paulo, como os da Consolação e Araçá, desrespeitando os mortos que lá estão, e suas famílias, não é de se espantar, que se usem os 200 mortos, do desastre da TAM, para alavancar esse possível negócio. Soluções factíveis existem: 2 São Paulo, 17 de agosto de 2007. Texto: Candido Malta Campos Filho O Aeroporto de Congonhas deve continuar como aeroporto urbano desde que readequado. Pode o aeroporto de Congonhas continuar funcionando ou deve ser fechado ou para seu espaço dado outro uso? Os aeroportos são em todo o mundo magnetos atratores de pessoas ao seu redor pelos empregos que geram e pela rapidez que oferecem, de transporte de longa distância para pessoas e mercadorias. Por isso essa área envoltória tende fortemente a se urbanizar. Tanto empresas como moradia ficando por perto minimizam o.custo de acesso de a essas qualidades. No capitalismo esse valor de uso gera valorização imobiliária, valor de troca. Mais um atrativo para que uma aglomeração se faça no seu entorno, embora uma retenção especulativa possa atrasar esse processo. À medida que o aeroporto cresce na oferta de seus serviços e com aeronaves mais potentes e mais barulhentas um conflito vai também crescendo: o ruído produzido. Outro conflito que nesse momento exacerba nosso ânimo: é o de acidentes aéreos que atinjam sua vizinhança que cresce em probabilidade na medida do aumento nos pousos e decolagens e também, se não há suficiente adequação entre as exigências dessa freqüência maior de vôos, com o aperfeiçoamento do controle do tráfego aéreo, e do aumento do tamanho e potência das aeronaves enquanto extensão e condições as pista. Ora tudo isso é perfeitamente lógico, previsível e, portanto planejável. É previsível tanto no que se refere ao planejamento do uso do espaço aéreo pelas aeronaves como no planejamento das alterações que são exigidas nos aeroportos, como no planejamento do uso do solo no entorno dos aeroportos. O que precisa ser destacado com toda a ênfase é que existem no Brasil técnicos perfeitamente capazes de desenvolver tais planejamentos e, sem sombra de dúvida, podemos dizer que estão entre os melhores que podem existir. Mas esse planejamento e sua obediência não são pratica corrente. De um lado temos na maioria das vezes a inexistência pura e simples de planos de longo prazo, de 10 a 20 anos, como anos meta necessários em casos de aeroportos e áreas urbanas em ser entorno. Outra ocorrência freqüente é o plano engavetado de uma administração para outra. A sua desobediência sistemática, quando existe é outra prática costumeira, acompanhada de impunidade pelo descumprimento, e até com a obtenção de anistia legal. No caso de Congonhas, o Movimento Defenda São Paulo sempre quis conhecer um dito Plano Aeroportuário Metropolitano, que mostrasse o papel destinado a cada um dos aeroportos que a servem e até a necessidade de outros. Nunca nos foi disponibilizado, se é que existe. Por outro lado o Plano Diretor Estratégico Municipal de São Paulo aprovado em 2002 apenas aprovou uma AIU no seu entorno, simplesmente admitindo a sua ampliação, sem avaliar a seu impacto ambiental. O impacto da perda de 200 vidas pelo impacto do avião da TAM por ironia da sorte em edifício seu, cheio de seus funcionários e usuários de seus serviços, muitos dos quais foram mortos, mostra a amplitude necessária desses estudos enquanto conseqüências de um impacto. 1