Expedição ~cieIltUica ,!\ooseveIt-}\oIldoIl RELA TQRIQ APRESENTADO AO Sr ,0 Goronol Ganmdo Mariano da SUva Rondon Chefe da Commissão Brasileira PELO Capitão Amilcar Armando Botelho de Magalhães Ajudante da Expedição RIO DE JANEIRO 1916 RELA TORIO Expedição pcieIl ririe&. 1\ooseileI r-1\ CIldrIl APHESF.:'fr ADO AO Sr. Coronel Candido Mariano da Silva Rondon Capitão Amilcar Armando Bo~~lho de Magalhãc~ ··'\iud~nle da E.petliç:\o .. ..~~ ~ BIO nE .'ANEIHO 1916 CA TALOGACION INTRODUCÇAO Por proposta vossa apn:sentada ao Sr. Ministro da Cuerra, por intermedio do Sr. Ministro do Extc rior, aquella autoridade, em aviso de I4 de Outllbro de 1913 ordenou él minha passagem Ú disposição do Ministerio da Viação como ajudante da Commissào de Linhas TcIegraphicas Estrategicas de MattoCrosso ao Amazonas, para () fim especial de tomar parte na expedi<;'ào que o Coverno o;-ganizaria, soo vossa chefia, com o objectivo de acompanhar o Sr. Theodore Rooscvelt através do sertão do Brasil. A 2 I desse mcsmo mez apresentei-me por tal motivo ao ('sni ptorio ccn traI daq ue IIa C omm issão, afim de aguardar vossas ordens. Dada a pressa ('om que era nccessario consegllir os c!ementos indispensaveis á projectada travessia c de accordo com as ordens tdegraphicas que transmittistes, quando em viagem ele :\1anÚos para o Rio de Janeiro, iniciei desde logo nesta ('apital as providencias mais urgentes em rela,'ào á ;}rquisi,'ão da munição de borra, material de acampanlC'nto c instrumentos de engenharia, etc" estahelecendo as 6 l'ulldÎ<~Ùes a que ckvia obedecer a respectiva emhalagem, visto que o official indicado para o servi<;o de intendencia achava-se em Matto-C;rosso, onde aguardava a passagem da expedi<;'ãu, sem tempo ahsolutamente de vir ao Rio de Janeiro. Assim é que em 25 de Novembro embarcavam nesta Capital alguns membros cia ('ommissào Brasileira e com elles seguiam 221 volume~ de carga pertencente á [~xpedi<;'ãu <¡ue ficara designada officialmente com o titulo de Expcdi<:ão Scientiti.ca Roosevelt-Rondon. O atrazo com que foi elltrt',~'uc parte do numerario destinado <is despesas da expedição, impedindo-vos de partir com os demais membros pelo ultimo paquete transatlantico que vos permittiria alcan\~ar Corumbá antes da chegada ali do Sr. Roo,..,eve]t. determinou a viagem expressa por terra, do Rio de ancirn ao rio Paraguay. utilisando-sc para l'sse fim das vias ferrèas Central do Brasil, Sorocabana e Noroeste, para cujo percurso era bem exiguo t, tempo disponivel. muito mais quando nesta ultima havia cerca de 40 Ieg:UélS de marcha a cavallo, além cc um grande tn'('ho apenas trafegado pplos trens de lastro. A. espc(·tati\'a dessa viagem por terra dcixaval10S entrever c1araml'nte que nos 'iubmetteriamos a Ilma clura prm'a ell' resistencia sol> as vossas vistas immediatas, mas não havia ('orno fug-ir a uma tal situa~'ão (' prcpar;ímos o ('spirito para subjugar as deflcencias do vigor physico que em :'aso algum poderia emparelhar o ('om o \'OSSo. pur mais arrogante que fossl' a nossa vaidade pessoal. :\ssim desenhou-se a perspectiva do primeiro trillllto que l'U pa~'aria pela enorme distinc\,ão com J 7 que fôra abalada a minha modestia ao ser cul1\'idado para tomar parte nessa Expedição. Cabe aqui meu sincero reconhecimento pela vossa lembrança do meu nome para auxiliar tão delicados trabalhos e podeis estar certo de que o meu desvanecimento na acccitação de tal convite sÓ fôra possivcl porque de envolta levava n'alma a certeza de qllC a influencia da vossa direcção nürtearia a minha acção, não permittindo que cu sllccumhisse ;1 pressão das minhas proprias falhas. ° C:\PITULO r Sob a vossa chefia irnrnediata Em ] de Ikzt'mbro dessc mesmo anno, obede ccndo a tão honrosa indicaç'ão parti em vossa com· panhia pelo nocturno de luxo; ás 2 I horas e 30 minutos do dia :; chegámos a S. Paulo com um atrazo dt, ::? horas l' 20 minutos l' ;1S 20 hor;ls (' ¡ 3 minutos partimos pela Estrada de Ferro Soroca»;:l1a: Ús 10 horas e 30 minutos do dia 4 chegámos á cstal,'ào Balln'¡ onde nos aguardava um trem especial posto ;i \"lJssa disposição; Ús I I hora's l~ .10 minutos partimos de BallrLI e ;is 2 I horas dcsemharcámos em :\ral,:atllba, onde pernoitámos visto não ('star em certo trecho consolidada a linha de modo a permittir que sC' viajasse Ú TIoute. Em caminho para Araçatuba fo-se uma pequena parada na cstal;ão provisoria « Ileitor I,eg-ruc )J, onde os indios Kai-gang-s, esses I111'SmOSconsiderados ferozes e cllja pacificação foi teita pessoalmente por V('lS em epocha bem reccnte, \"ieram documentar \'ivamcnte a inju<;tj<:a deqw' 8 :',am vlctlmaS, kstejando a nossa passagem pelas suas terras, A 's 3 hor;}s cio dia S partimos para ¡tapura onde apenas demodmos 20 minutos; ;ís l) horas desembarcámos na esta~'ã() pr()\'isoria df' J upiá: A's 12 horas desa tracou o " fer- boot cond uzi ndo-nos para a margem direita do rio Paraná, o que vale dizer, transport~ndo-nos do Estado de S, Paulo para () de Matto-Crosso, Reorganizado () trem sobre os trilhos da outra margC'm, partimos ás 14 horas para Tres l,agÔas onde almoçámos ás 14 horas c 30 minutos, A's I S horas e 30 minutos retomámos o trC'm C' ás 20 horas (' ,w minutos desC'mbarcámos na estal,'ão de RioVerde, ultima ('sta~'ão inaugurada nesse trccho (' na qual hZL'mos a nossa sc.g-unda f(·fei<;ão, A's) horas de () partimos para a ponta dos trilhos: ;lS B horas s;,ltámos do « wagon e ás <) horas l' 30 minutos partimos montados da ponta dos trilhos com destino élO rio Pardo, onde apeámos ás Ih horas c S minutos, Em Rio Pardo onde ás Il; horas fÏzemos a unjca refeição desse dia ag-uardámos a chf'gada d;t tropa, <[uc só apparec('u ás 22 horas, r('c('bendo ordem vossa de pro~eguir viagem, substituindo-se alguns anin1aes cargueiros que davam mostras de (';~nsa~'o 1\'S 2 horas do dia ï iniciámos a nova marcha aprovf'itanclo él claridade d"s f'strcllas e :ís 10 horas ( ¡ S minutos apf';ímos junto ao corrC'g'() Campo . .-\lcgrc onde tomámos a llnica rdci<:ão dess~' dia; ;lS le) horas e la minutos proseguimos viagem C' no di;.\ k :í.s 2 horas c 30 minutos apeámos em um sitio ¡wrtencf'nte ao ('orone! Sehastião df' I.ima, a uma leg'ua de ('ampo-Cranclc, ahi pernoitando. Il Il 9 A's X horas c 3~ minutos do mesmo dia dia X chq.;ámos á villa de Campo-Grande, onde aguardámos a vinda dos cargueiros que conduziam nossa bag-ag'cm, o que só se deu ás 13 horas. Nesse mesmo dia partimos ás 1 S horas c a 1 hora do dia () cheg{tmos ao acampamento da construcção do outro trecho da Estrada de Ferro Noroeste. Ainda a l), ;Is () horas e 1 ~ minutos partiu o trem especial posto <Í nos,:;~l disposição para vos conduzir él Porto¡~s¡)('ra nça. Adeante da villa de Aquidauana o trem parou alguns minutos, junto ;í. csta<,'ão provisoria " Visconde de Taunay ", onde um numeroso gTU[>O de indios " Terenas ", soltando foguetes e cantando na St:;~ ling'ua, dava mostras do (jllanto os alegrava él vossa pre~en\a ('I1tr(~ elles. N ão me posso furtar ao dc\'c:- dC' citar ('pisodios ('orno essc, visto envolver aS~llmpt() de tão g-rande interesse para a nossa Patria, ferindo o g-randc problema das rda\,õcs do homem civilizado com o homem (jut' habita as selvas. E t· curioso a~signalar, como not,,', probatoria do prestij.Óo em que (. tida a vossa pessôa entre elles, o farto de trazcrem as mães os seus filhinhos rccem .. nascidos para re('(:lwrem o osclllo affectuoso que J!ws imprimieis, facto a que tambem se lig'a o sentimento affcctivo do indio, I )csemb;;rc;'lmos ;lS 22 horas, em Port,) Espc ranl.;a, passando-nos com as nossas bag-ag-ens para ¡¡ordo do paquete Nyoac, onde afinal a urg-encia da marcha permittiu que fosse tom;:¡da uma rf'feil:ào l1(,S~C dia. A's 23 horas e 30 minutos partia () N\'lJ;}c rio Parug'uay abaixo com de'stino ;\. foz do rio Apa. ;\Jo 10 dia JO ás 4 horas parámos defronte ao nosso legendario forte de Coimbra, glorioso baluarte da honra nacional, theatro de um choque armado da bravu:-a p;lraguaya contra a br;,vura brasileira e onde St' immortalizaram Portocarrl'ro c o pequeno grupo de obscuros mas heroicos defensores da nossa Patria. A. 's S horas (' 30 minutos proseg'uimos viagem a hmdo elo :\I }'O<lC C no dia I I ,ís .) horas c 30 minutos ;,rri;ímos ferros em fr('ntc a Porto Murti;¡ho, peqlleno !)()\();~do mattogrosscnse da man.;cm esquerda do rio Paraguay. De Porto :Vll1rtinho partimos ;is H horas c ~ minutos (' :tS 9 lwras (' 50 minutos cncontrÚm(lS I'.avegando contra n(')5 o paljllcte « Brasil )) de CUjl) lJordo retidmos as nossas malas de fardamento fino, ('mbarcadas no Rio de Janeiro con junctamente com ;1 carga destinada ;Î r~xpl'dição, fazcnoo-!1os ao larg-¡J l10vamente ás 10 horas l' 30 minutos. Ancorámos ás 13 horas e 30 minutos do dia Il, ddronte á embocadura do rio Apa onde aguardá· mos él chegada do Sr. Roosevelt, olhando simulta iH:amcnte as terras brasileira~ da sua margem direita e as terras paragllayas de ~ua margem esquerda. Nessa cspectativa passámos a noite do dia I I, esta }wlccendo o serviço de vigilancia e conservando-nos de « promptidão » segundo a technologia militar. Nr¡ dia 12 ás 10 horas e 40 minutos foi assignalada, a jusante, a fumaça de um navio no extremo do cstirâo em que nos encontravamos c ;is I I horas e 10 minutos ancorava a bombordo a canhoneira paraguaya « Adolpho Rcquiclmc )), em que viajava () Sr. Roosevelt. Após os cumprimentos do estylo, levados a hordo da « Riquiclmc )), partimos ás 12 11 hura~ e 10 minutos comboiando com o Nyoa:..: aqudle navio de guerra, Durante o trajecto para CorumlJá, a mal~ ampla cordialidade orientou a nossa (l('(:ão rclativ,.! mente ao ex-presidente e sua comitiva, No dia I 3 á~ () horas e IS minutos, ancorámo:"> ao lado da canhoneira defronte ao forte Olympo, onde o ¡.!:overno dl) Parag-uay mantem uma guarnição militar. Em retribuição á visita que vus foi kit a ('m nome do Sr. Coronel Crisostomo Machucas, commandante dessa guarnição, a este fui levar pessoa: mente os agradecimentos apresentando-lhe os vos sos cumprimentos cordialissimos, bem como os da C'ommissão Brasileira sob vossa chefia. A's 10 horas e 45 minutos continuámos a suIJir o rio Paraguay, montando ás 13 huras e 55 minutos él pyramide de base quadrada <[ue, a p()uros metros da margem direita, assignala os limites do Brasil com a Bolivia, ,\'s ¡:; horas parámos junto ao porto de Coimbra. No dia 15 ás 12 horas e 50 minutos pas savamos pela povoação do l,adario e ás I:; horél~ estavamos junto ás altas barrancas de C:orumb;í. onde ás 16 horas desembarcámos acompanhando" Commissão Americana á terra. No dia I ï ás ï horas e 20 minutos partia L N yoac rio P aragua y abaixo com destino ao ne Taquary. em cuja bocea de jusante denominada " Riozinho penetdmos atl~ o porto da fazenda rias Palmeiras, atracando no mesmo dia (iS ¡9 horas c· ahi pernoitando. No dia 18 ás ï horas c 10 minutos partia él. comitiva ('om destino á fazenda das Palmeiras, ah; <1pcando ás 12 horas e 40 minutos t' tendo eu ex:'· ¡ II 12 ,'utado ('umvos('o o kvantamcnto expedito da estrada percorrida, através do pantanal. Desde () d ia I~ até 23 de Dezembro esteve a Expedi\'ào acantonada na rderida fazenda, onde as ('ommissões americana e brasileira adquiriram varias pe(:as zÓologicas para os museus respectivos de Ne\y-York e Rio de Janeiro, A 23, pelas Il horas (: T S minutos partiu a carreta conduzindo as bagagens ~' ;ís 14 horas t' 4S minutos partiu a comitiva da I'::':jl('di\ào através dos campos alag'ados. de reg'resso ao porto do Riozinho (bra(:o do rio Taquary) onde recmbarcou todo pes~oal no paquete i\yoac. que ahi aguardava essa cheg:ada. A 24, conforme ordem vo!:sa fiz tripular uma can<Îa e iniciei ao cbrear do dia Il levantamento expedito do Riozinho desde o P~)rt(1 cm que estavamos atracados, até sua fl'lZ no rio Par;¡,~'uay. tendo antes medido uma base de 600 :lletros ;Í margem direita e percorrendo-a tres ve%('s a favor da corrente, procurando :nanter quanto possi\'e! uma \'c!ocidade approximada da que emprc:.:,'aria na descida, afim de avaliar convenientemente :I~ rc!a\'õcs de tempo e distancia vencida. A's 8 horas alcancei o rio Paraguay, concluindo ahi o levanta'TIente e aguardando junto;í margem cS<juerda a descida do paquete N )'oac, para cujo bordo passei :í.s X horas e 20 minutos, continuando a subir o rio Paraguay. Quatro horas depois passavamos pela sq.(unda bucca do rio Taquar)', A's r 4 horas esta, vamos montando o Parag-uaymirim, ccle1lrt" pela pa!"sagem de tropas embarcadas, vindas d(' CuyabÚ, sob () commando do Ceneral JOS(~ Maria ('oclho e que, gré1<:é1sÚ ligação desse 1>ra(;o de rio ('Om o proprio 1,'urSO do Parag'lIay acima de ('orllmb;'¡, ('onsc- 13 g"uiram, com tal movimento retomar csta cidade das mãos do inimigo, ao tempo da gucrra com o Para guay. A's 16 horas e IS minutos passámos Ladaril' e ;ís J ï horas atraca vamos a Corumb;í. Cumprindo vossas determinaçÔC's saltei em terra acompanhando a pessÔa do Sr. Corond Roosevelt, regressando Ús Il) horas para bordo. A's 22 horas o N yoac suspC'ndC'u ferro e sC'g-uimos cm dC'stino á fazC'nda de S. João, onde se encontrava S. Exa. o Sr. Presidente do Estado de Matto-Crosso com o fim df' aguardar ahi a chf'gada do Sr. Coronel Roosevelt. No dia 26 ás 4 horas começámos a viajar em aguas do rio S. I.ouren<;"o e ás 2 I horas c l.:'i min utos encf't;ímos él subida do rio Cuyabá. A's 20 horas c 30 minutos parÚmos ddronte ao « Atcrradinho H, pequcna habita<;'ão;Í margem esquerda do rio Cuyab;í, onde agllardámos o tempo sufticiente para quc a chegada da Expcc1i<;'ào á L¡zenda de S. João não se verificass(' durante a noite. i':' muito interessante assignalar que o terreno, justit1cando perfeitamente o nome dado él essc log'aT, (~ahi constituido por camadas de aterro sUlwrpostas provavelmentt' pelos primitivos habitantes indigcnas dessa zona. J ustif)('a as hypotheses a exccp<:ão de qual id adt, (' posição das terras ncsse pon to, como em outras semclhant<'m('nte constituidas artificialmente, assim como a descoherta dC' fragmentos ek objectos da <"('ramica c]ementar dos aborig'clws, fragmentos ('sses encontrados nas excavaçÔt's loc;ws. A's h horas c 30 minutos dC' 2R partimos CI11 dinT(:ão a S. João, onde chegámos ;ís X horas (' 3(: minutos. Ahi !)('rmanCCClI a Expedição até: o dia 30, clata em <¡\It' partimos él bordo do Nyo;[(' ('om destine' 14 rio S. Lourt"nço, CUJO curso começámos a subir ;ís 13 horas (' 30 minutos. afim de levar él eHeito diversas caçadas em projecto. I~ffcctuadas estas, regressou c' Nyoac a 2 de Janeim de 1914. desccndo o rio ~. Lourenço c passando a subir li rio Paraguay ás JC) horas c 15 minu tos. em demanda de S. l.uis de Caceres, onde che~ámos ;'ts I ï hc)ras (' 30 minutos do dia S do mesmo élO me'! . .-\"s J.') horas elo di;) h partiu o ~:');;C, rio Par;] ~'uay ;[("¡ma, !)('n('trando ('m seg'uida pelo curso do ~er()tuha, (' no dia seguintr' ;ís 1.') horas c 4S minutos par;l\a junto ;'{ fazcnda do Porto do Campo, ollde pela primeira n~z [oram armadas as barracas d<' campanha. Da orckm do elia Il. J. d( ;, publicada por V(')S (m Porto do ('ampo, dando org-anização definitiva aos din'rsos scrvi(:os el;¡ I~.\:p('di\ão, consta a minha )]om('a(:ào para ('xcnTr o carg-o de secretario, na parte administrativa, assim como a incumbencia, na parle tC('hnic'a, dos ~('rvi\'os de meteorologia e topo~Taphia. Tenclo quc prosq.;uir no mesmo clia com ;¡ maior part(' do c·ontingcnte. CI seu respectivo commandante, assumi a ï cie Janeiro as funcçc)es de seu cargo em relação ao pessoal que ficou destacado nessa fazenda, como consta da ordem do dia n. I dac¡uella clata. Conforme as vossas ordens iniciei df>sde log-o os trahalhos de preparação do acampamento em uma faixa clo terreno de roo por 200 metrus, dimensões do rectangulo capinado para esse fim na vargem da fazenda. Foram assim armadas 14 barracas, duas de dupla cobertura, grandes, destinadas ao Sr. Corone} Roosevelt e a vós. occupando 15 centro do alinhamento euja ala direita era cOllsti tuida pela C:ommissão Americana, ficando a hrasi kira na ala esquerda, o qlle significa ;1 colloc<lc:ão daquella no logar de honra, de accordo com as disposiS'ões dos nossos reg'ulamentos em relac:ão á pre ('('dencia militar, estahelecendo que se deve dar <,cmpre a direita ao superior hicrarchico. Em frente ;'IS duas harracas-chefe tremulavëlm r('~pcctivanwnte o pavilhão americano e () Pé¡vilhão í )rasileiro. Nesse l." ;ltampamcntl! I)('rmanecemos att', o dia 13. ci;)ta ('m que ás 1 I horas partimos na lanc:ha « Anjo da Ventura e em uma ('hata a n-hoque, afim de proseg'uir o ;}('cesso du Sepotuba, em demanda de Tapirapoan. onde desembarcÚmos ;ís I I horas (. 30 minutos de 16 e acampámos pela seg-llncb VC7.. ,,\hi em Tapirapoan org'anizci, de ac('ordo ('om as vossas instrun:i)es as cargas que flélrtiriam com as tres tropas que se destinavam ;'1 l'xpediç?o do rio da Duvida e ao transporte de mercadorias (' hag-agcns das duas turmas em que r1ividistcs a (~xpcdição. Pelas I ~ horas de J g c pela marlrug-arla de It) sahi· ram os quatro lotes de tropa do rio da Duvida, com :)4 bois carg-ueiros conduzindo 136 \"olllmes dos quaes 99 da Commissão Amcric:ana, <) de barracas de campanha, 11m com as tabolctas desig'nativas dos rios Roosevelt <.: Kermit c 28 com g-eneros destinados él alimentação do pessoal da tropa (' com SII;J.S r('spectivas bagagens. Convem dizer aqui, a proposito, duas palavras em relação a esses 99 volumes americ:anos : Quasi todos elles eram constituidos de substancias alimenticias, acondicionadas de modo que él (I Il 16 ('ada um dos dias da semana ('orrespondia um ('erto encerrado em pequenos caixotes dentro dos quat's estavam as conservas e petrec.hos divididos em duas caixas de zinco hermeticamente soldadas, Exteriormente viam-se inscriptos os ns, r a ï para assig"nalar os dias da semana de domingo a sabbado, respectivamente, Os caixotes continham assim almo\'ü e jantar para dous dias, cada lata representando as duas rcfei~'ões de um sÓ dia para f) homens, l~cram calculadas de tal modo que a rcla<:ão de peso c de volume determinaria a sua ti uctuação se por a('aso cahissem n'ag'ua, JII(,lllf, No dia 21 pela manhã partiu a tropa ck :;4¡Flrros que conduziria as cargas de I," tlIrma soh él ('hefia de honra do Sr, ('(¡ronel Roosevelt. A's 13 horas partia o pessoal technico cI(~ \." turma ao qual ;lcompanhci até meia legua de distancia, retro('e" dendo então a Tapirapoan, depois de apresentar as minhas despedidas á ('ommissão Americana (demais membros componcntes da primeira llIrma Chefiando uma turma RegTcssando a Tapirapo,m comelTi desde ¡l¡g"O a activar os preparativos de oq.~"a!,iza<:ão da minha turma, desig"nada por lC sl',glInrla)) conforme fez publico a ordem do dia n, 2, de I () de J anl'iro de 1<}14. Mandei immcdiatamenlc ('hamar ;'1 Minha ¡n'" Se¡H:a o cncarn'g"ado g"eral das tropas de minha turma 17 Antcnor Rodrigues Gonçalves, e os arrieiros de cada uma das tropas, Pedra Augusto de Figueircdo, da de bois e João da Cruz Gomes da de burros, transmittindo-Ihcs ordcns terminantes para que tudo estivesse prompto no dia seguinte. Apesar, porém, dos meus esforços, só ás 16 horas de 22 partia o 1.° lote de 10 bois rargueiws, sahindo o derradeiro lote de tropa ás d~ horas c .10 minutos. A tropa que servia ás necessidades da minha turma era constituida de' 97 animaes quando sani df' Tapirapoan, sendo: TROPA DF: Bors ¡\ nimaes carguCIros (mansos) Il " "para ;¡dpxtrar adcstros para córte carreta. l\ l\ 23 S () 6 Total. TROPA DE MUARES Cavallo madrinha . Animaes cargueiros » para montada de offieiaes » "r.ampeio de gado Total. 40 12 4 57 Pouco antes da partida do 1.° lote de bois. partiram o tcnente Rcis (photographo e einematographista) e o Sr. Hoehne (botanieo) e pouco depois 18 os taxidermistas Blake e Reinisch e o addido Joaquim Horta _. todos com destino ao Salto. A's 12 horas e 20 minutos sahiu o 1.° lotc de burros com I I animaes e um tocador montado; ás 16 e 2S minutos o 2.° com outro tocador montado, ás 17 horas e 25 minutos partiu o 3° com I I animaes de cangalha c 2 tocadores montados e ás 17 horas e -+5 minutos o ultimo lote de muares com uma mula adestra; ás 19 horas sahiu finalmente a derradeira fracção da tropa __ o 2.° lote de bois cargueiros com ; 3 animaes, tocando-se quasi ao mesmo tempo os I ï hais adestras. Do que foi o inicio da minha marcha no dia 22 ;¡ carta que vos dirigi em 25 do mesmo mez, fornece ideia aproximada (V. s?lfl}lrlll{,ll!o II [). Verificando pessoalmente a situação de todas as tropas e mandando descarreg'ar um lotc em meio do cerrado, para que os prejuizos fossem menores, retrocedi et .fapirapoan acompanhado do medico da turma Dr. Fernando Soledadc c do Tenente Vieira de ;\{ello, commandante do de5tacam{'nto, ,~ombinando tudo de modo que ao clarear do dia seguinte pudessemos marchar com todas as tropes e concentraI-as em Salto da Felicidade, ponto naturalmente e!cito para primf'iro pouso (24 kilometros de Tapirapoan). Assim aconteceu; (tS :) horas e 30 minutos cio dia 23 estava sendo arriado o meu animal de montaria c em seguida partia eu acompanhado do Dr. So!cdade deixando em Tapirapoan o Tenente l\-1elloque fazia a rdag-uarda da columna para providenciar sobre o transporte, em carroça, de todas as cargas que fosse encontrando em caminho e que á heira da estrada seriam mandadas arrumar por mim. o 19 Taes carg-as ahi collocadas indicariam não ter sido encontmdo o animal cargueiro quc as havia derrubado, na vespera, corcoveando, A's ï horas chegámos ao pouso do lot<.: de burros que na vespera fizera acampar no œrrado e ahi esperei que terminassem os tropeiros os preparativos de marcha, assistindo ainda carregar os animaes, emquanto o Or. Solcdade proseguía viagem para o SaIto da Felicidade. A's 7 horas e 30 minutos puz-mc em marcha escoltando o lote agora reduzido a ~ animal's, e is 7 horas c 45 minutos encontrei a rarga de um dos cargueiros desapparecidos, mandando desmontar um dos tocadores para utilizar él sua montada ('orno cargueiro c fazendo distribuir por alguns dôbros as difft'n'l1tes pe(,'as de ~éll arreamento. }\'s 13 horas alcancei « Salto » ('om as tropas d(~ bois (' de burros que vim arrebanhanrlo pelél estrada, comc(,'alldo pessoalmente a dirig-ir a passagem de toda" ellas (' as car,~-as respectivas para a outra margem (direita) do S('potuha, utilizando a balsa ahí existente. Durélnte esse tempo rhcg-ou de Tapir8.)Joan o Tenente Tvr ello (' ;ís 16 horas e minuto.'; tinhamos pas~ad() carg-as e animal'S para o outre lado, dirigindo-nos então ao rancho em que acantonavam os demais membros superiores da 2." turm~, . .'\0 encontrar ('om esses companheiros é que fui ler com attC'nção él carta que vos dirigiram, soIici tando suas eXOlwrações, documento ('sse que consti tue () sltppl{,!/l(,l1!O Il. 2 e que ag-iu sohre o meu espirito como a mais formidavcl das der:cpçõcs qlW póde ter um homem no cumprimento de seus deveres. A pedido dos demissionarios fiz seguir um esta (J .~s 20 feta muntado levando um animal adestro, afim de conduzir a impatriotica e irritante missiva ao vosso acampamento que se encontrava a 57 kilometros além; o portador tinha ordem de regressar no dia immediato para o que viajaria dia e noite. A carta antipathica sq;uiu sem escolta de palavras minhas: nenhum commcntario bordei ás idéas que continha aquelJe verdadeiro auto-libella, para não influir absolutamente sobre o vosso julgamento, como tarn-· bem para não augmentar mais a aversão que despertaria em todos quantos viessem a ter conhecimento de seu conteudo. J ulg'o porém aqui chegada a hora de respigar friamente esse documento, com a mais imparcial justiça. Antes que tudo, nenhum commentario se deve accrescentar ao facto de ter assignado a carta I) Dr. Fernando Solcdade, medico da turma, bastanda para prof1ig-ar semelhante acta, simplesmente relataI-a, expol-o assim nu aos olhos de todos. De accorda com a vossa ordem do dia n. 2 lida por mim no circulo de officiaes, quando a expedição se encontrava em Tapirapoan, foi o Dr. Soledade induido na minha turma com as responsabilidades de medico, funcção essa de que se investiu, marchando em minha rompanhia de Tapirapoan ao Salto da Felicidade (24 kilometrns). Compunha-se a minha turma nessa o('(:asião de 56 fig'uras, sendo: PC'ssoaI tE'chnir.o (' allxiliart's (supplemrnto n. 3), ï· Contingente de praças do Exercito (supplementa n. 4), 16. Encarregado, arrieiros e tropeiros (supplemento ns. 5 e 6), 2 r. 21 Pessoal da tropa do rio da Duvida (supplcmento 7), 12. Teriamos que aggregar ao contingente mais um inferior e dez praças que se achavam em Aldeia Queimada; iriamos atravessar uma zona onde reinava o paludismo e estavamos tambcm sujeitos cvi dentemente a todos os accidentes que se pódcm produzir no sertão; não possuiamos nem pharmaceutico, nem um pratico que o substituisse; final· mente, apesar da cxpedição disp()r de um outro medico que acompanhava a I." turma, partiramos de Tapirapoan na convicção de que não tinhamos necessidade d(· pcdir-Ihe explic<!(JJcS sobre é~ utili· zaçãu dos medicamentos mais csscnciacs. Foi nestas condições que él 2: turma ficou pri vada de medico desde o segundo dia de marc:ha no sertão matogross('nsc, chamado pelos proprios demissionarios um dos mais aridos do Brasil Quanto ao reg-rcsso dos demais memhros c discutindo a atitude dc]]e~~,em these, começaremos por analysar él primeira razão apresentada, pela qual se consideravam dispensados do encarf!;O de acompé) nhar a turma, por havcrdcs constituido rr uma 2.~ ('xpcdiç:ão com afim de facilitar a locomoção por pequenos w·upnfi. A insinuação só teria cabi:ncnto se fosse 3pïescntada no momcnto mesmo cm C]1)e tiveram conhecimcnto dessa divisão cm turrnas, o que não fizeram nem cm seg-uida ;Í lciL1"'~ da respcrtiva crdcm do dia, nem com a min:ma objecção dC;1ois da cxpnsição verbal que lhes fizcstes, des envolvendo o assumpto, log-o após essa Jeitura, quando aind;, nos encontravamos em Tapiraporm. A alleg-ação de que ao primeiro dia de marcha n. I( )l )l. 22 havia ficado em Tapirapoan parte ùos mantimentos c bagagens indispcnsaveis á subsistencia da turma - - não deixando perder de vista o considerando feito mais abaixo e pelo qual se affirma que cc ao mesmo tempo segue parallelamcnte uma commissão estrangeira melhor constituida de tropas e recursos)) -- deve ser traduzido do seguinte modo: a)- Mantimentos indispcnsaveis significa ahi, não o feijão, a farinha de mandioca, o arroz, a carne fresca, as farinhas de aveia, o leite condensado, o café·, o assucar, o saL as cebolas, mas as conservas finas de peixe e fructas, os dores crystallisados da confeitaria Colombo, as latas de biscoutos da fabrica Jacob, o chocolate, as bolachas de agua e sal; b) - Bagagens indispensaveis deviam ser, na mesma proporção duplicatas de redt~s e mosquiteiros, sobresalcntcs de peças do vestuario, exagerada car~a de munições de guerra c cartuchos para caça, superfluidades proprias de quem, desconhecendo o sertão, propunha-se a atravessal-o em condições de conforto relativamente opulentas. Ao primeiro consic\l'rando referente ás necessiclac\l's de suhsistencia c locomo\~ão para o desempenho de suas diffcrrntes esp('cialidades, direi que semelhante affirmativa seria irrisoria se não fôra insidiosa, porquanto, os primf'iros animacs escalados para () serviço da turma () foram desig-nadamentc par;] attendcr ás exigencias da photographia. do taxidermista e do hotanico. na conformidade das requisições apresentadas por cada nm dos encarregados cIe tacs sf'rviços, a meu pedido, feito embora com a razoahilissima rccommenda(:ão de que rf'duzissf'm ao minimo essa requisição. Quanto Ú sub- 23 sistencia, linhas atrás ficou cabalmente demonstrado a que proporções se reduz, quando não faltou á turma genero algum de primeira necessidade, desdl' sua partida até o termo de sua viagem, ap'-~sar de cu haver cedido, parte dos generos que conduzia, Ú l.' turma, por nos não fazerem falta. O caminhamento parallelo de uma ('ommissâo estrangeira (da qual fazia parte o Chefe da Commissão Brasileira, o medico brasileiro, o nosso geo logo nascido no Estado de Minas Geraes e mais dous officiaes do Exercito Brasileiro, em um total de 5 nacionaes para 8 norte-americanos) - Il melho, constituida de tropas e recursos », em primeiro logar deveria despertar da parte dos nossos compatriotas a lembrança das injuncções da hospitalidade, de comezinha obrigação moral para quem conhece os deveres de gentileza, sem falar nos deveres deco'."rentes da organização official da expedição; em segundo logar, desprezada a mclhoria de recursos », em tudo eguaes aos que possuia a l.a turma, sem contar com a munição de algumas iguarias mais finas em conserva, como já foi dito e justificado, teremos ainda a oppôr alg'uns algarismos para bem avaliar em que consiste a superioridade das tropas. Sabido que a tropa do rio da Duvida foi constituida com () objectivo especial de conduzir de Tapirapoan ao rio da Duvida a carga de generas em conserva destinada á exploração projectada desse rio e confrontando o numero de animaes de que dispunha cada uma das turmas ao partir de Tapirapoan, teremos: I." turma 89· a 2. turma 79. l( 24 Donde resulta para aquella turma um excesso de 10 animaes, compensado pelo facto de ser de [4 pessoas () seu estado-maior (mais ï por conseguinte do quc as da 2.a turma) e pela necessidade de fornecer uma segunda montada ao Sr. Coronel Roosevelt e dotls animaes ainda, um para o ordenança do Sr. Roosevelt, outro para o elo Sr. CoroIlel Rondon. E note-se que a 1.a turma tinha de conduzir recursos de bocca para um pessoal assim accrescido do seu estado-maior e dispunha além disso de 2S praças c 20 tropeiros num total de 45 homens, contra um total de 37 de que na mesma occasião dispunha a 2.a turma. Da presumida superioridade das tropas só resta provar que nem em qualidade a tropa da 2.a turma t~ra inferior ~l da [.\ ('orno o não era em quantidadt·. Or<1, de todos os animaes empregados ahi para (l transporte o mais resistente para essa zona é o bovino, em segundo logar () muar c em ultimo o cavallar; a 2." turma possuia 23 bois cargueiros c a I,ll nenhum; a 2.a turma dispunha de 56 muares cargueiros c de sella c a 1.° dispunha paraIlclamenk rh- 66 animal'S para o mesmo nm, sendü 5 cavallos_ Ainda quanto aos muares cargueiros c de sella. apesar de ser muito diffieil determinar. em condi<J>es Œo disscmclhantcs, para que lado pendia essa 5upcrioridadc, os s21pplnl1r'll!os 8 e 9 comparados (om es pirita amplamente ncutral d(:'ixa1TIclaro flue lima tropa valia hem él outra. Finalm¡·nte, p;;ra (>omplctar esta dissecação. ;Ibordemos o ultimo considerando agcitado a mar tdlo c a facão nessa peça heteroge!1ea. Comn ('m resistenr.ia cielS matni;ws se calcula 25 rt que esforços de tracção ou de f1exão póde ser submettida uma certa viga, o ultimo considerando tem a previsão mathematica da ruptura, como se o s('r humano se devesse conformar unicamente com él força physica c relegasse a um plano secundaria él influencia dos agentes de ordem moral. Desairosa para a Commissão Brasileira e o que não ficou bem -;Jara o Brasil. » parece-me que foi justamente essa ,etirada precipitada do campo de batalha, só porque se teve noticias do inimigo. Mais desairosa ainda foi vêr quatro brasileiros regressando desalentados, ;10 mesmo tempo que o taxidermista Henric¡ue Rcinisch, austriaco, interrogado se desejava prose guir ou se acompanhava os deserton:s, dedarélva em SCl! mau portllg-uês que «( seguiria ~empre para " [rent(', desde que houvesse feijão!» Nenhum , . ci arg"umcnto porem, a malS, se eve accresccntar, a l' em eb dcclarae;ão de qee a 2: turma da Expedição conduio él travessia Matto-Grosso--Amazonas, sem l('r de' lamentar os inconvenientes 'lpontados n~ssa inconvcniente missiva. Foi melhor talvez assim porque semclhan1.:.:s lendC'llC'i;:¡s clispcrsivas não se podi"TT: afin;:n pelo nosso modo ele encarar os scrvi<::os como essc. S('~-undo as velhas íicçães cía expericncia, mlJltiplicadas em tantos e tantos casos semdhantes aos vossos olhos, rPfJucr-se ahi lIma ~rar:de harm:mia dt' vistas, llma irmana<,:ão de scntimentos no con vivio desses pequenos grupos, para <¡lie al¡~I;rJ1a ~()dS;l de lltil se f;:¡ça e para que dessa união surja a força que annlllla todas as difficuldadcs a vence;L Ainda nesse día 23 mandei (';:¡r~l('a:-o primeiro 'hoi para n pcssna] d;] turm,l. «( 26 .\0 cahir da tarde chegou com () campeador um d(¡s quatro cargueiros extraviados n'essa primeira marcha; vinha em pello esse animal c nem fôra possivel encontrélr-se a cangalha e tão paLco a carga de g-eneros que transportava. ('ommuniquei (I turma e dei ordem ao pessoal da tropa para a partida no dia immediato, o mais cedo possivel, mandando <¡uc permanecessem no Salto: um inferior, que aguardaria a volta cio portador com a vossa resposta c levar-me-ia a ultima resolução dos demissionarios "pÓs sua leitura; e um to('ador de tropa de muares, incumbido de camp~ar os tres animaes sumidos c marchar ao meu encontro. Nessa marcha inicial perdcu-st~ um boi C<lrguciro que, tendo-se extraviado, foi depois encontrado morto no cerrado, presumindo-se cue tenha sido vi('timado por mordedura de ('obra, emquanto pastava. No dia 24 de Janeiro (tS 6 horas e 30 minutos partia a tropa de hois que foi cinematographada pelo Tenente Reis; ás 9 horas e 40 minutos sahiram os nossos bois adestros e os de c<lrte; ás () horas c 55 minutos partiu a tropa de muares, dos quat's apenas foi destacado um para conduzir os petrechos de c.ozinha de ultima hora. A's lO horas e 30 minutos apÓs o almoço, que fôra distribuido lima hora antes, formou o pessoal e r{'('ebeu ordem dC' marcha com dcsi~'na<:ã() do pOllSO em « Kilometro Cincoenta )), part;ndo em seg·lIida. Despedimo-nos dos ex-companheiros, aRara considerados « desertares » e con tiI1l1,ímos a cumprir o nosso dever. Fazl'ndo ti rctarg-uarda g'cral cheguei ás T:) 27 horas c ,)O minutos ao « Kilometro Cincocnt<J em cujos ranchos fizemos o nosso 2.° acantonamento. Ahi encontrei o proprio que regressava do acampamento da I." turma. I.endo a vossa correspondencia vcriliquei que concedieis demissão a todos os signatarios da « celebre carta », exceptuando o botanico Hoehne, na hypothese de acceitar este o estudo dos rios Papagaio e Sacre, soh o ponto de vista de sua especialidade (suppl{,lJl('Jllo n. ID). Refl¡>dindo que esse convite não poderia sn acceito pelo Sr. Hoehne, tanto porquc não se haviam mudado as condições de insucccsso que allegara para justificar o seu retrocesso, como tambem porq llC confessara a impossibilidade em qut' se encontrava de montar, resolvi não mandar voItar animacs para o ir buscar, dando-lhe sciencia por escripto dessa minha decisão. Tal solução inspirada pelas circumstancias occasionaes, deixou-me entretanto preoccupado porquanto, vagamente, desenhava-se no meu pensamento a hypothese inverosimil do Sr. Hoehne acceitar aquelle offerecimento. Tendo conhecimento do grande areal que separa o pouso de Kilometra Cincoenta do de Aldeia Queimada, dei as providencias neccssarias, por intermedio do Tenente Vieira de Mello, commandante do contingente, para que as praças recebessem pela madrugada o almoço preparado e se puzessem cm marcha immediatamente em direcção a estc ponto. Choveu hoje durante a nossa travessia. 28 A's 5 horas e 30 minutos de 25 partiu o nosso contingente depois da distribuição do café e do almoço preparado. A' heira do fogo ficou o almoço dos officiaes para ser servido meia hora antes da partida da tropa de muares. Ainda para evitar o « areião partirá á tarde a tropa de bois. )J, A's X horas e So minutos almoçámos e em seguida tivemos a decepção de saber que faltavam 4 hurros, dos quacs eram oous de sella. A's 9 horas e 30 minutos foram encontrados os tres animaes e mandei deixar encostado ahí um delles que, por doente. estava evioentemente frouxo, em condições de não poder seguir viagem. Parti á retaguarda du ultimo lote de burros ao meio dia, depois de ter-me assegurado pessoalmente oe CJuenão faltava nenhum dos nossos bois; a meio 00 caminho fiz seg-uir o Tenente Mello para a frente (' ag-uardei a passagem da tropa de bois. Entre as copiosamente. It) (' 17 (' meia horas trovl:jou {' choveu A's 2 I e meia horas, com uma c!;lS mais escuras noites que tenho visto no sertão, alcancei Aldeia Queimada com él cauda da columna (' a corneta CJUé orou em seguida () silvncio ('om os toques de rancho para officiaes e rancho para as praças J\cantonámos em uma esplendida casa que a (:ommissão de Linhas Telegraphicas tem ahi construida, acantonando tambem todo pessm¡) da turma nas outras casas ('xistell tes. Ao amanhecer de 2() mandei ler as ordens do dia na Expedi(;ão a todo () conting-e1te que acorn- 29 panhava a turma até ahí e ao qual aggrcgou-se o destacamento de 10 praças e um inferior que ahi aguarùavam nossa passagem. Sabendo, por informações, que Aldeia Queimada tem máo encosto para as tropas, adoptei medidas de previdcncia e, da vigilancia exercida resultou, fclizmente, que ao clarear do dia no pouso, pouco trabalho tiveram os campeadores para reunir todos os animacs, dos quacs deixei ahi Ufl1 burro frouxo, tendo afrouxado tambem em caminho (em Apparição) um outro muar. Sendo curta a distancia de Aldeia Queimada ao rio Verdc, onde iriamos pousar, mandei Il rodear» o gado todo no pasto, recolhcndo-o para arrear ao cahir da tarde. A' s 13 e mcia horas parti e ás 18 horas e 30 minutos cheguei com o ultimo cargueiro ao rio Vcrde, onde pela vez primeira él turma armou suas barracas- toI do. Amanheceu aziago o dia 27, verificando-se á chegada dos campeiros, a falta de 9 bois e 3 muares. Por ter na marcha de vespera alcançado o POllSO com o seu lote desfalcado dc um animal, sem que disso se apercebesse e corno é esta falta a segunda do mesmo genero, que commette, tocando animaes com dia claro e cm terreno de cerrado limpo, despedi hoje e fiz retroceder o tocador Manoel Pedra. Por necessidades do serviço e procurando dar a cada um as funcções cm que têm manifestado maior habilidade, determinei a transferencia de alguns tocadores da tropa de muares para a de bois e viceversa. U m delles - o tocador Varandas - não queria conformar-se com a sua passagem para a 30 tropa de bois c pretendeu abandonar o servIço; resolvido embora a fazel-o prose~uir á força, como conseq uencia perfcitamcn te justifica vel das nossas condições de trabalho, consegui entretanto sob ameaça de suspensão do pagamt'nto que lhe deviamos, conformal-o com a sua nova situação. Certos detalhes como esse pareceriam de pouca importancia a um espirito superfluo, mas de facto realçam as contingencias em quc se encontra quem assume a responsabilidade de qualquer trabalho no sertão c que se vê dependcr da vontade de homens inferiores, que comprehendcm a dignidade pessoal sob aspecto tão deficiente e nos quaes é quasi nullo o sentimento de dedicação e solidariedade humana. Entre a desorganização do serviço por que (~responsavel e o exercicio bcm calculado da arbitrariedade, supponho que Dinguem medianamente t'quilibrado vá escolher para scu uso él prímcíra das pontas desse dilemma. Quando nesse mesmo dia '27 foram encontrados todos os animaes que faltavam t~ começou-se él ('arrcg'ar as tropas, f'ahiu um g-elado e violento agua"ciro, de cuja existencia fizC'mos completa ahstrac:;ão, passeando C\I c () Tenente Mello, fôra da oar:'a,a, sem ponche, c fiscalizando o carregamento para não consentir que .se molhas.sem as C<lrg-as: Pllnhamos assim em pratica a.s vossas lícçõc~, dando em pessoa o exemplo da abneg-ação pelo serviço. Viajando desde I I horas e 30 minutos, fui acampar no Ilio-S~ ás 18 horas, atravessando mais essa area dos chapadões que aqui se succ:edem c se c.~palham em torno rio nosso horizonte, semelhando 31 o oceano, oceano de vegetação pequena, onde a vida animal é apenas representada por insectos. No dia 28 ás 5 horas e 20 minutos consegui pûr os campeadores em actividade, mas verifiquei que havia rasto de animaes atravessando o Dia-Sê, fugindo para trás, apesar de ter recommendado muito, na vespera, para impedil-o. A's 8 horas e 50 minutos seguiu o contingente a pé, conduzindo cada pra\a, como sempre, o seu « sacco de mala », repositorio de todos os utensilios e roupas de que precisam; ficaram apenas duas pra(:as: o cozinheiro e o copciro, as quaes seguirão ap(')s () almo\o dos officiaes. Ao meio dia parti e ás 13 horas atting-i o rio Sacre, onde parei para examinar a tropa do rio da Duvida que ahi estava acampada com (J inspector João de Deus. Essa tropa sahira nos dias ¡k e IC) dc Tapirapoan, isto é, quatro dias antes da minha partida e cu a deixava agora {i reta-o g·uarda. A's 19 horas c 20 minutos cheguei á Lagûa· Secca, onde estava preparado o nosso acampamento para essa noite. O exame do sltppl{,lIlr'll!O Il. r r ¿eixa hem ('Jaro o itinerario e a marcha da minha turma. Durante a ultima marcha acima referida aprescntou-se-mc o inferior que eu deixara em Tapirapoan c só então, lendo él carta que mf. dirigiu () Sr. Hoehne, verifiquei com satisfação que realmenÜ~ estava clle de pleno accorda com él resolução que cu tomara de lhe não mandar animaes ao SaIto, mostrando-se mesmo admirado da proposta que lhe fizestes para a exploração do Arinos--- Papagaio, quando um dos motivos porque pedira exoneração residia na deficiencia do transporte. 32 Como sabeis de 2<) de Janeiro a S de Fevereiru, marchei diariamente, acampando sete vezes para dormir, a ultima das quacs él margC'm direita do ribeirão das Aldeias. Para alcançé1r este ultimo ¡musa foi preciso qUt' ('u permanecesse em pessôa no acampamento anterior (Gralhão) até It) horas c 45 minutos, hora em que iniciei a marcha para frente, deixando apesar disso tres animaes perdidos e em seu encalço dous tocadores, pois que, ao toque de desarmar barracas, 'I ~Iando já se preparava o contigentc para marchar, faltavam ainda I ï animaC's da tropa. Desta maneira alcancei o novo acamp<lmcnU pela madrugada do dia 6 de Fevereiro (r hora e 20 minutos), debaixo de forte aguaceiro, sendo obri!.;ado a deixar varias ('arg-as para trás durante> o meu í raJ eeto. De tal modo ficou desurganizado o serviço de transporte que tive de ceder á imposição das cireumstaneias, permé1necendo um dia no mesmo acampamento, e realizando dessa forma o ideal dos tropeiros que é de quando em vez « falhar» um dia para descançar. Fiz entretanto seguir a tropa de bois e os bois adestros para J urucna, com ordem de regressar amanhã e conduzir o excesso de cargas produzida pelo afroixamento de IO muares na marcha de Gralhão a ribeirão das Aldeias e neste ultimo lagar. além do desapparecimento de 2 muares em Gralhão e dous bois no citado ribeirão - perfazendo um total de r4 animaes caq;-ueiros. - N o dia I ï ás r 3 horas e 30 minutos parti 33 do ribeirão das Aldeias, tambcm chamado Taquarinha, fazendo a retaguarda do comboio, ao qual reuni os clcmentrlS que haviam ficado para trás na ultima marcha, mas deixando ahi, sob a vigilancia de dous homens as cargas qlle não havia possibilidade de transportar e que seI-a-iam, no dia immediato, por partc da tropa de bois quc voltaria do J umena para tal fim. A's 20 horas attingi a estação telegraphica de J urucna e, aproveitando o luar, fiz transportar para él margcm e~querda todas as cargas e cangalhas, com auxilio da balsa ahi mantida em serviço pcla ('ommissão de Linhas Teleg-raphicas. - Antes de cheg-ar a ] urucna, quando cm marcha ainda para csta estação, destaquei um proprio paré} transmittir tclcgrammas, pedindo informa\õ~~s a respeito do estado em qlle se encontrava a estrada a percorrer dahi em deante, acompanhando linha telcg-r~;phica construida. Tendo es~c p-oprio attingido no dia () a estação, quando cheguci foramme aprescntadas as respostas const;:mtes dos supplcIJ/f'lllos lIS. 12, J3, 1-1- e (:¡, pelas quaes ue01. se p")dia <.ivaliar () trabalho que teriamos él fazer para garantir o escoamento das duas columnas da Expedição por aquella estrada, desde J uruena até o rio da Duvida, sC'm interrupção de suas marchas. I~ntretanto, como nobre incentivo, acabáramos de conseguir, á cllsta de perseverante esforço, a execução da l." parte do s~rviço que nos fôra designado, atting-indo J uruena 24 horas antes da vossa turma. Com a vossa pratica de sertão, não tenho necessidade de detalhar quant~s vezes estivemos em cheque dessa dolorosa perspectiva de alcançar tarde ,I ;, 34 de mais aqllelle ponto commllm das nossas trajectorÏ<.ls. Sob o dominio de tacs pensamentos é que vos tracei a laconica commllnica(:ão constante do .wppl('· mCl/to JI. /6. A partir ck J uruena ':criamos, pois, conforme ,IS \'ossas ordens além da responsabilidade de dirigir lima turma, mais a de conccrt~\r as pontes, pontllhõcs e estivados sem prejlliZCJ da nossa marcha. A' dedicada ('ollah()r~H:ão do Tenente \ïcir~l de Mello Filho ell devo o ~('r conseguido alcan\ar ('sse duplo objectivo. Para a cxecllcão do servico nue ,w'ora nos '1 incumbia, cstalJClcci lima divisão do C(utigcnk em duas turmas. cada ,<¡lI;:¡1di"pondo de um inferior, f('\'Czando se diariamente o:wssoaJ no trabalho CJuc competia a cacia (urm;!, sem prejudicar él escala nantida, desde a marcha inil'i;o!, de uma escolta á retaguarda do mesmo contirgente. :\ escolta compunha se de 11m infl rior e duas J'r<.!\as, cujo ohjectivo era ('ompdlir os rctardatarios a l'ompJt'ulr a marcha soh slla vigilancia. II ma das tnmas (a maior) era a do preparo da eS1:rada, sob él dircl'l:ão immediata do Tenente ~IIcJJo c a outra, a do preparo do acampamento. Deixei em J \lfUCna;l tropa de bois que scg'uiria ao meu encontro quando viessem as cargas do ribeirão das Aldeias. A's 10 horas do dia 8 paz-sc em marcha o contingente, depois de escaladas as turmas, tendo a de preparo de estrada cstrcado a poucos kilometros ac1eante, refazendo um cstivado quc se achava em ) .'> 1-' 35 más condições. Demorando-me para assentar oem as Illtimas providencias sobre o preparo de uma carreta que requisitei do commando do destacamentc do J uruena, para meu serviço, s6 ás 13 horas e 50 minutos parti em demanda do rio Formiga, onde acampei com a minha turma ás 20 horas. Por terem afrouxado succcssivamcntc dOlls muares que ('->nduziam petrechos de cozinha, tardou nesse dia a distribuição do jantar, para o qual mandei carnear um dos nossos bois de corte, deixando assim de Iado a carne em conSl'fvtis de que nos temos ser vido ha alguns dias; ;ís 13 horas termin;ínos essa rdei\'ão. Pousou commigoo a tropa do rio da Duvida e ('ombin;ímos o melhor meio de utilizarmos a balsa do rio Formiga, sem C¡lle haja atropelo c 'lem percamos tempo. Assim ao amanhecer do dia 2() fiz tr;1nsportar toda a carga para a margem esquerda do rio (' ;is LO horas e 30 minutos come(,';l\'a a carregar a tropa cie muares. A's [2 (' ':;0 minutos chegoava :l() Formigoa a nossa tropa de bois reduzida agora a 2 I animacs; dando ordem para que descan\,assem ali e partissem a tarde para pousar no J uhina, onde o l)<lsto est;'l me'lhor, conforme' informaçÔ<,s c¡ue obtive', montC'i a essa hora e fui apear ás 13 horas e :;0 m in Iltos ;'¡ margem d irei ta desse rio, providenc¡ando em PCSSt\l para c¡ue a balsa terminasse logo o seu moroso trabalho; mandei passar a nado apenas os hois adestros, pois que muito esgotam os animaes célïgueiros essas trave'ssias, muito mais <¡uando a tropa, resentida já de long-as marchas através de uma zona mal dotada de pastagens estéÍ, em cons('qllcncia o- omal alimentada. 36 Tendo « varado » a tropa e as cargas por esse processo forçadamente vagaroso pois que essa balsa apenas supportava com segurança o peso de dous animaes de cada vez, com as respectivas cangalhas e consumia em média I I minutos para effectuar uma viagem « redonda» ; ás I 7 horas parti para o nosso 14. acampamento no carrego do lJrutáo onde cheg-uei ás 18 horas e 30 minutos. - Como um forte temporal arrastára os estivados de ambas as margens do J uhina depois da nossa passagem e pela necessidade de desmontagem de nossa carreta, afim de tornar possivel seu transporte em balsa nos passos do Formiga e desse rio, mandei encostar toda a tropa em Urutáo, inclusive animaes de montaria, e dividi o contingente em tres partes proporcionaes aos trabalhos em mira. I.a) turma sob a direcção de um inferior para reconstruir a ponte do Urutáo e respectivos cstivados. 2.") turma sob a direcção do Tenente Mello para reconstrucçâo dos estivados do ri) J uhina. 3.a) turma sob minha direcção com o objectivo de reconstruir os cstivados mais proximos do rio Formiga c incumbir-se da trasladaç5.o da carreta e suas carg-as. ---Essas turmas ao amanhecer do dia 10 deviam seguir a seus destinos, levando uma farofa de carne preparada para servir-lhes de almoço, do qual participariam os proprios officiaes. Assim aconteceu, mas regressei do Formiga deixando cntreg-ue á I.a turma a nossa carreta, conforme as vossas ultimas determinações. pois que, os 0 37 generas que ella conduzia passariam á disposição dessa turma, visto não fazerem falta á nossa. Ao passar pelo J uhina estava terminada a tarefa que fôra distribuida ao Tenente Mello e rcmlhcmo-nos juntos ao acampamento do Urutáo, onde ainda occupámo-nos com a conclusão dos serviços ahi em andamento. Pela primeira vez consegui ver toda a nossa tropa reunida ás 7 horas e 30 minutos, sem faltar animal algum, de modo que no dia I I iniciámos muito mais cedo todos os serviços, conseguindo eu entrar no acampamento do Primavera, com a cauda da columna, ás 14 horas e 30 minutos facto este muito fóra do commum. -- No dia 12 ás 3 horas e 30 minutos fez uma das suas madrugadas, por ordem minha, a tropa de bois e ás 4 horas e 30 minutos partiu para a retag-uarda um tocador de confiança levando dous bois cargueiros que iriam receber da carreta o nosso caixote de quinina, a banha e o café necessarios para attendcr ás necessidades da turma, por termos verificado a deficiencia desses generas. A ponte do rio Camararézinho deteve él nossa marcha, pois foi mister substituir-lhe uma das 10ngarinas e rccompol-a em muitos pontos; na impossibilidade de fazel-a nova, procurámos garantil-a para que resistisse á passagem das duas columnas de tropa, mas deixámol-a preocupados, como bem traduz a exposição feita no supplemenfo JI. I7. A's 20 horas e 30 minutos acampei no « Chimarrão ll, onde ás 23 horas sentámo-nos para jantar. o 38 --- Continuando sempre a deixar em cada marcha animaes frouxos e fazendo voltar tropa c tropeiros para ir buscar á retaguarda as carg-as que iam deixando por força das circumstancias, cheguci él Campos-Novos ás 23 horas, quando então se recolheu no dia r 3 a turma encarreg-ada de concertos da estrada percorrida em nossa marcha desse dia. -- Maiores detalhes da nOSSél.marcha encontrareis no supplemento n. 18, com informações do i:rajecto J uruena-- Nhambiquaras. Ao passar pela estação tcleg-raphica de Nhambiquaras reccbi o vosso aviso cuja copia se encontra no SUPpL(,lIICl1tO Il. /9, em termos lisong"eÍros para mim e ('om os quaes senti prrfeitameme compensadas todas as tribulações com quc era opprimido pelo meu temperamento, no desejo de hem servir, porque, além de minha consciencia, acabava de verificar através de vossas palavras, quanto em verdade comprchendieis o meu esforço e com que justiça encarél_veis os meus actos. Pouco depois de meio dia sahi no dia I.) de Chimarrão, parando ligTiramente em M utum(~avallo, onde estavam acampadas as tropas do rio da Duvida c a minha tropa de bois. afim de providenciar sobre () prosé'g"uimento de slIas marchas, determinando-lhes () pouso em Campos Novos. -- SCg"undo as vossas ordens e apesar das ponderações que vos apresentei com a resposta constante do SUPpLClllclZto n. 20 deveria aguardar vossa chegoada em Campos Novos. 39 Como por~m a ponte do rio 1:2 de Outubro e varias outras, proximas delle, se achassem em pessi· mas condições, resolvi desde log-o fazer scg-uir no dia seguinte o Tenente Mello com o contingente, afim de ir effectuando os reparos de que carecessem. - Registemos de passagem que, em Campos Novos, junto á casa construida de telhas e tijolos fabricados ahi - - com esquadrias de excellente madeiramento retirado da floresta proxima - existe um maf(~O de madeira de lei, assignalando a data em que pela primeira vez a Commissão de Linhas TelegTaphicas palmilholl esse terreno, sem qu~ a houvesse preccdido nenhum civilizado (20 - -V 1 IC)O~); alfm dessa data acha-se g-ravado mais () seg-uinte em uma das faces lavradas do marco: C. L. T. E. M.-G. A. Retiro Veado da I nvernada da Commissão. Branco. Lat. S. 12° 4(/ 29'1. Log·. Vv. do Rio ¡Go Sd. - Os dias 14 e I:) passamol-os em Campos Novos onde nos vicstes encontrar na tarde deste ultimo, tendo sido nesses dous dias concluido o preparo da estrada até o 12 de Outubro, inclusive. Havendo recehido vossas ordens pessoalmente, determinei para o dia seguinte o proseg-uimento de nossa marcha, de accorda com él norma sempre adoptada. 40 -- A permanencia cm Campos N ovos ande ha pasto natural de primeira ordem revigorou a nossa tropa; além disso, porém, recehi ahi o reforço de 7 muares rargueiros que', se não estavam em optimas condições, serviriam para revezar com os que já vinham mais enfraquecidos. A's 9 horas c 50 minutos de 16 parti de Campos Novos fazendo a ponta da retaguarda da minha columna e de 16 a 20 marchei diariamente, executando sempre a reparação da estrada, passando a I ï pela estação telegraphica de Vilhena e acampando no dia 20 na fazenda dos Tres Buritys. Durante a marcha, apesar de se terem tornadl) imprestaveis para conduzir carga, mandei pacientemente tocar varias animaes afim de deixal-os nessa fazenda, onde o pasto de capim-gordura deveria restaurar-lhes as forças. E assim entreguei aus cuidados do encarregado da fazenda 26 cargueiros, dos guaes 13 muares. Para attender ás necessid ades do meu transporte só precisei receber. em troca desses 26 animacs, 3 muares de montaria e lO bois cargueiros. --- De accordo com as vossas ordens fiz seguir na minha vanguarda a tropa do rio da Duvida, que deveria marchar, como a minha turma, até a cabeceira Sete de Setembro, onde acampariamos afim de ag-uardar a vossa passa¡:;em por ahi. ---- Demorei-me em Tres J3uritys no dia 21 o tempo sufficiente para a reconstituição da tropa do rio da Duvida e das minhas tropas de muares e de bois, dando todas as providencias para a garantia da marcha dahi ao rio da Duvida, de fórmas que só pude montar ás I:; horas e 45 minutos, para apear -o 41 ás horas c 45 minutos na estação telegraphica de « J osé Bonifacio Il. Não tendo sido possivel á turma de preparo da estrada, pelo adeantado da hora, completar a lim peza da linha em trecho em que o mato difficilmente permittia a passagem, destaquei um inferior e quatro foiceiros para no dia seg-uinte retrocederem afim de executar esse serviço, terminado o qual deveriam apresentar-se no acampamento da cabeceira Sete de Setembro. N o dia 22 assim se fez; ás 8 horas e 30 minutos partiu a turma de limpeza. A's 22 horas e 30 min utos sahi de José Bonifacio e ás IS horas e IS minutos cheg-uei ao nosso acampamento n. 22, junto á cabeceira Sete de Setembro, onde permaneci até o dia 27, data em que prosegui minha marcha para a estação telegraphica Barão de Melgaço, emquanto que a I.a turma, reduzida, iniciava a descida do rio da Duvida. No dia 23 marchou de Sete de Setembro para o Duvida o Tenente Mello, levando comsigo um inferior e I I praças, afim de completar ali o preparo das canôas que serviriam á exploração desse rio, em cuja margem esquerda acampou. - N os supPlementos 1lS. 2 I C 22 encontrareis, as informações que vos prestei por escripto nos dias 22 c 23 em relação a detalhes da minha marcha como ao modo pelo qual dei cumprimento a vossas ordens. - A's 14 horas do dia 24 recehi em meu acampamento o Sr. Coronel Roosevelt, seu filho Kermit Roosevelt, os naturalistas Miller e Cherric, assim como os membros da Commissão Brasileira desta2 I 42 cados na I:' turma. Mélndei armar as suas harracas em uma area já preparada por mim defronte ao meu acampamento, onde permaneceram até o almo<;'() do dia immcdiato. -- No dia 25 q)(ís () almo(;o seguio o Sr. Coronel Roosevelt com sua comitiva para o rio da Duvida, em cuja margem direita acampou. A's I(j horas e SS minutos o corneteiro do meu acampamento dell o signal de commando do :).0 batalhão de engenharia, annunciando a vossa chegada ao meu acampamento, de onde parti comvos('o para o acampamento do Duvida, ahi pernoitando por necessidade do serviço e regn:ssando Ú caheceira Sete de Setemhro no dia 2Ó á tarde. No dia ás i hor;.¡s e ,)O minutos Icvant(~i acampamento da cabeceira Sete de Setembro c fiz um grande alto no rio da Duvida, onde assistimos a vossa partida com a turma de exploração desse rio sob a chefia de honra do Sr. Coronel Roose\'dt, partida realizada ás 12 horas. 1\0 pasar pelo vosso acampamento do Duvida recebi as bagagens e correspondencias que me confiastes para q lie as levasse a :\1 anáos, en treguei re lacionada a carg'a que deveria voltar para a cstat;ão J osé Bonifacio e, finalmente, ag-grcguei definitivamente ao meu cstado-m,1Îor () naturalista americano Leo Miller e o geo]ogo brasileiro Dr. Euzcbio Paulo de Oliveira que commig-o desceriam o rio GyParaná, assim como a meu contigcntc as pra\'as e tropeiros constantes dos ,wPpl{'1}l{,llto,,. JlS. 2J e 2.:J, lÏcando assim a turma composta de Ci officiaes e 2 addidos, ïÓ praças e tropeiros, ao todo, pois, S4 homens. 2, 43 Em seguida á vossa partida levantou acampamento o Tenente Mello com o seu pessoal já novamente incorporado á minha turma e marchámos todos para a cabeceira Dr. Stiglmayr, onde acampei Ús 20 horas. -. Desde que penetrámos na mata do rio da Duvida, a qual se liga á vasta floresta amazonense, tornou-se necessario introduzir um novo serviçu [lara o·arantir a alimentarão das tropas de muares e bovinos -. a faxina para cortar palha de coqueiro. Só dessa maneira se consq;-ue manter a tropa em condições de marcha e ('omprehende-se como é penosa semelhante maneira de viajar, na qual os nossos bois representam um papel semelhante ao dos camellos que atravessam os dt'sertos africanos. Com duas marchas nos dias 2g e [ de Março ~ttingi finalmente él estação tclegraphica Barão de Melgaço -- termo da nossa jornada. - Conforme vossa recommendação organizei ahi as notas relativas él todo pessoal que havia tomad'o parte na Expedição, com designação do numero de dias de trahalho, turmas a que pertenceram etc., informando por tclegramma ao Sr. Dr. Lauro Müller, Ministro do Exterior, sobre a partida da exploração do rio da Duvida e pessoal que me acompanharia (suP plcIll(,l/Io /l. 25)· -- De conformidade ('om as vossas instruc<;ões, t~~riamos que descer pelos rios Commemoração d(~ Floriano, que passa junto á estação de Mclgaço, Gy- Paraná ou Machado e Madeira, dirigindo-nos em seguida a Manáos, quanto ao itinerario. Quanto ao serviço de levantamentos, competia-me fazer o do Commemoração desde o passo « Parahens lJ, - ~ > 44 oitava cachoeira a montante de Melg-aço; o do GyParaná desde o ig-arapé BÚa-Vista; os dos affiuentes do Gy-Paraná: Anary, McH:hadinho e Preto, até onde fosse relativamente facil subir com as canôas. N o emtanto ao abeirar-me do Commemoração ahi não encontrf'i os recursos que esperavamos para essa navegação Muvial, o que motivou a carta (supple1llrllto 1/..26) dirig-ida ao T encnte Aureliano I,ima de Moraes C:outinho, chefe do acampamento da Commissão de Linhas Telegraphicas Estrategicas de Matta-Grosso ao Aamazonas, na parte da construcção a cargo da Secção do Sul. -- Attcndcndo á minha requisição, subiram do acampamento da construcção as duas embarcações de que dispunham: uma chalana f' um batelão. Como, porém, deveria eu demorar-me cerca de uma semana acima de Mclgaço. resolvi deixar a turma ahi e subir com o geologo Dr. E uzcbio de Oliveira até o passo Parabens, de onde partiria de regresso, com o meu levantamento. N esse intervallo haveria tempo de apparecer o outro batclão, esperado em Melgaço a todo momento, pelo que. fiz descer, no que ahi estava, o inspector João de Deus e pessoal que devia recolher-se aos trabalhos da Commissão Telegraphica. Mandei retirar do fundo do rio Francisco Bueno uma ubá pequena que, com él ajuda de feixes de taquarussú secco conseguimos que fosse tripulada por dous homens: com esta, destinada á conducção da mira e com a chalana preparei-me para subir o rio Commemoração de Floriano. -- No dia 4 de Março ;is 8 horas c So minutos 45 partimos de Barão de Melgaço com as duas eanôas de levantamento, fazendo-me conduzir bem como ao Dr. E uzebio na maior das embarcações. Com difficuldade conseguimos vencer a grande correnteza do rio Commemoração, cujo accesso só fôra possivel com a converg-encia de esforços dos remos, de duas zingas » c de um craque. I nfelizmente concorria muito tambem para essa difficuldade () pouco adextramento do pessoal, coincidindo que em uma turma de 4.:; pra\,as e voluntarios regionaes, apenas conhecessem o serviço de remo (' canÔa, dous homens, um sÓ dos quaes sabia nadar. Antes que houvessem adquirido él pratica con veniente á custa da lentidão e dos perigos él que nos expunhamos, quiz él fatalidades qlle se « alagasse a nossa chalana, quasi victimando () g-cologo c o pes,;oal que a tripulava, no numero cios quaes apenas um ( !) sabia nadar. Dadas as providencias para salvamento do pessoal, resolvi seguir só, tripulando com menor numero de homens él chalana c redu zinda a um terço os nossos generoso Uma circum" stancia impediu ainda este seg'undo projecto: o merg-ulho da can(lél deixara-nos sem () croque e reduzira-nos a tres remos dos nove que traziamos, Não fôra a espera él que sujeitariamos o nosso hospede norte-americano, que sempre foi por 0{)5 considerado como um representante do C:oronc:l Roosevelt, mandaria fazer os remos de que necessitavamos; urg-ia por{.m resolver com rapidez maior (" rcg-rcssando por terra á estação de Melg-aço, expedi um proprio levando él carta urgente que agora fig-ma no slfj>j>lrJJlrnto Il, :>ï, (l » 46 A requisição desse batclão, não só attenderia á impaciencia demonstrada pelo naturalista americano de descer immediatamente, como tambem trar-mc-ia o numero de remos de que necessitava para mais lima vez tentar o clImprimento de vossa urdem em relação ao lcvantamento do Commemoração a partir do passo Parabcns. A resposta ao portador não se fez esperar e cksfazia por completo a esperança que alimentaramos. 1mm,:~diatam<:nte aprestei-me para des('cr o rio, j;í. que o não podia subir, e iniciar dahi o scu levantamento. embora houvesse que deixar rdidos, em lhrão de l\fc]gaço, os naturalistas e o ¡wssoal 'Ille não fosse nccessario ;10 meu serviço. Julgava tambem qllc tal rt'soluc,~ão 1,:st:1ria de accordo ('om o desejo varias vezes manifestado pelo naturalista Miller de demorar-se alguns dias em ponto convenil'ntl' que lhe facilitasse o enriquccimento elas suas j;i imp(Jftantcs ('ollecçõf's de animacs. Infelizmcnte éJl)('sar da riqucza da fauna no valle elo rio Commemoração, a caça não foi abundante c o project;¡clo beneficio transformou-se cm contrariedades para o nosso hospede, ~()mo se ('videncia do seguintf' tclcgramma que cxpediu para }\,f an;Íos : (( Theodore Roosevelt. Dclél)"ecl at Baron ~\1('Ig-aço ,,-aiting- for canoes, nothing hc-'e but ram, sickness and mosquitocs. LC'o E. Afillcr. euja traducção {, ao ¡)(~ da lt,tra : " Thcodoro Roosevelt. Detido em Barão de Mclg-aço esperando can(Îas. aqui n;:da a não ser chuva. doenças f' mosquitos. Nesse dia chcg-lIci ás /6 horas com o lcvantamento ao porto da " J araraca ". que dá acccsso ao Jl l) 47 actu,¡} acampamento da construcção da linha tell' g-raphica, permanecendo ahi até o dia 5, em que, pelas 7 horas prosegui com o levantamento do rio. Com 127 esta\'õcs acampei do ('(lmmemorac:ão, bemdizendo cera durante o dia . ,í margem esquerda o sol que nos aquc- . Prosegui com o mesmo servi~o diariamente, alcan~ando Pimenta Bueno ás 10 horas de 8 e completando o levantamento du rio (( Cummemora\:àu de Floriano » desde o passo da linha telegraphica at{' a sua fóz no rio Pimenta Bueno, de cuja contluClH"ia resulta o rio Cv-ParanÚ ou Machado . .' No dia 6 pelas 9 horas encontrei na\'egando ag,"uas acima o Latelão que iria até Barão rie l\lelg-aço aflm ele receber o resto do pessoal ela minha turma; ao piloto transmitti ordens severas par;:! acccIerar a Slla marcha, fixando-lhe o prazo em que deveria atting-ir o termo de sua viagem para montante (dia 10) ; mais tarde suube que realmente foram cumpri· das tal'S ordens, pois a J T de 1\1a[(.;o sahi,1 esse bate Ião de Melgaço, que na vespera attingira. - " No dia 8 encontrei o batdão que descera de JunIen" no dia 4, recommcndando tambem ao res ]wnivo piloto apressar a subida, tanto quanto possivel. Em Pimcnta Bucno demorei me até com pldar as providencias ncccssarias para organizar a minha nova turma de levantamento de rio c para ah¡ deixar os elementos de qlle careceriam os demais membros da turma com () fim de se conduzirem ao no l'vIadcira. Ik conformidade com as instru('(,'õcs que drta- 48 lhastes em vossa ordem do dia n. I I de 26 de F cvcrciro, publicada nas margens do rio da Duvida, competia-me realizar ainda o levantamento do rio Gy-Paraná desde o igarapé Bôa Vista até sua fóz no Madeira, como tambem o de seus affluentes Anary, Machadinho e Preto, devendo subir estes tres ultimas até o ponto em <lue permittissem a navegação de canôas grandes. --- Deixando pois ao Tenentc Vieira de Mello as instrucções e communicações ,::onstantes do suppl('l7lc¡llo n. 28, parti no dia !O de Março, ás 10 horas, com destino ao igarapé Bôa Vista, onde desembarquei ás 9 horas do dia 12, ahí almoçando e preparando em seguinda as minhas tres canôas de levantamento: uma da cozinha, outra da mira c outra minha, com os instrumentos necessarios ao servIço. Ao meio dia parti com () Ievantaménto e apesar de ser muito cncachoeiraclo nesse trecho o rio, consegui fazer ás 18 horas e 30 min·,ltos a minha ccntesima c ultima estação. - Continu;mdo o levantamento do rio C;yParaná a favor de suas aguas, tive a infelicidade de naufragar pela 2: VCl, no dia I S ás 14 horas. Resolvi então descer parél M onte Christo, barracão et jus~¡ntc do naufrag-io, afim de: refazer-me de recursos e ir novamente ao barracão de Bôa Vista onde constava a exi~tencia de instrumentos que serviri~lm para proseguir nesse levantamento. O s?tpPl(?1Jl(,lZto n. 29 resume os trabalhos exccutados dcsde Mclg-aço até a minha ch·.:gada ao barracão Monte Christo, e tambem refere dctalhes de via<.:;cm ; assim como o supplr11'lcnto n. JO vos ('ommunica a 49 improficuidade dos meus esforços instrumentos de tralxdho. para obter novos -- No dia '7 quando retrocedi de Monte Christo, passei pelo batclão em que vinha o resto da turma e transmitti as ultimas recommendaçães ao T mente Vieira de Mello, despedindo-me de nosso hospede -- - o naturalista Miller·- - e dos demais companheiros da turma, eu ja direcção entre·· gïlei ao Tenente Vieira de Mello. Examinando a parte do levantamento que foi aproveitada porque estava desenhada já, verifiquei o ponto do rio em que ficara esse l('vantamento e no dia 22 apontava-o ao pessoal encarregado da canoa da mira, o qual desceria dahí novamente á barraca Monte Carlo, onde mandara ficar a canoa da cozinha com os respectivos empregados. Todos aguardariam alIi a minha volta de Bôa Vista. Calculando '-1 viagem, determinei ao pessoal da mira dia C hora em que deveriam esperar no ponto (Je amarra(:ão. - A's 12 horas e 35 minutos do dia 2' cheguei ao igarapé Bija Vista, verificando a inutilidade do meu esforço por me não servirem os instrumentos que ~¡hi estavam. A's I S horas parti de BÚa Vista c ás 17 horas encontrava a canoa da mira com a qual recolhi-me a Monte Carlo, onde afinal ficou novamente reunida a minha turma de levantamento, agora reduzida a uma simples turma de « baixada ». Continuando a descer no dia seguinte, cheguci a Monte Christo ;tS 13 horas e 45 minutos d~ssc dia 22, gL1stando () horas c 28 minutos para o mesmo trajecto que, de subida, exigio ·nos 30 horas de via- 50 gem continuada, descontando o tempo consumido nas diversas paradas para comer e dormir. Informaram-me então de que o resto de minha turma partira de Monte Christo no dia 19 após o almoço c que poderia pois (ltting-ir Manáos de 28 a 3 I de Março. De Monte ('hristo a ('alama do rio Madeira utilizámos os mcios de transporte de que dispõe ahi ;1 firma Asensi & C. conccssionaria de sering-aes ncssa lona. Parti ás (-)horas c I S minutos de .Monte ('hristo no dia 24 él bordo da lancha « Jackal» a cujo ('ostéldo ia atracado um g'rande batelão ('om alta ('obertura de zinco, como um barracão fluctuante; ás ï horas cheguei á bocca do J aní (cachoeira J dalina) onde a ('asa Monteiro dispõe rie um barracão á m<lrgcm esquerda do Cy; ás 9 horas e 10 minutos pass{lmos S. Sehastião, porto tambem da casa Monteiro: ás 14 horas (' :'0 minutos riC'scmharquei em s. J OSI\ onde fwrnoitei. No dia 25 ás ï horas (' 20 minutos partimos de S. José em um batelão para passar á margem opposta (esquerda) visto estar intransitavel o varadouro por terra, desembarcando ás ï horas e 30 minutos em llma ilha existente a montante da cachoeira S. José; atravessando a pé a pequena ilha tomámos uma chalana com que fomos conduzidos, através da corredeira que envolve él ilha, para jusante da cachoeira, atracando proximo ao barracão S. F dix (casa Monteiro) a montante da cachoeira do mesmo nome, Neste ultimo ponto aguardámos a chegada da outra lancha que faz o serviço no trecho S. Felix 51 - Tabajara e no dia 26 ás 8 horas l' 10 minutus. partimos como passageiro da « Boadic{:a ». A's I I horas e 50 minutos passámos por Assumpção, ponto do I." barracão da casa Monteiro para quem sobe o rio; pelas I:; horas passámos a bocca do rio Machadinho, affluente do Gy pela margem esquerda; ás I fJ horas e 30 minutos atra cámos ao barracão Maruim (synonymo d(' mosC]uitopolvora) e ahi pernoitámos. No dia 27 ;is () horas partimos de Maruim na mesma lancha Boadi('éa c ás S horas cheg-ámos él Tabajara. , A 28 desccmos cm urna chalana até a barraca Remanso », onde desembarcámos ás 7 horas e 30 minutos depois de uma hora de viagem, partindo dahí a cavallo ás ï hor,-'s c 4S minutos para apear ás 9 horas c 30 minutos, a legua c meia de Remanso, em Cachoeirinha, atravc>s do varadouro aberto ;10 trafeg'o entre esses dous pontos. « I~m Cachoeirinha tomámos a lancha " 24 de Junho» e ás 10 horas e S minutos desembarcavamos em S. Vicente, outra cachoeira, de onde, montado, transportei-me para a ultima cachoeira « Dous de Novembro )), alcançada ;is )o horas e 4.1 minutos. No dia 30, ás I S horas e 50 minutos, sahi Dous de Novembro '1 a hordo da.. lancha cc Diana)). Só nesse dia deixámos de viajar em territorio matto-grossense para penetrar em terras amazonenses, pois que a jusante dessa ultima cachoeira é que está o marco divisorio c¡ue assignala os limites de Matto-Crosso c Amazonas pdo parall!:'lo de RO 4W de latitude Sul. de « BANG,', BJ8UOTFC/. :'i :~\¡ !"" Ll,I', ~(hl :c", ,\RANGC CAT ArI.;GACION 52 No dia 31 de :Março ás I I horas e 20 minutos atracámos a Calamél, onde permaneci até á passagem do l." vaporzinho (gaiola) que dahi desccu em busca de Manáos. -No dia 2 ás I I horas c 30 minutos, sahi de Calama, descendo o rio Madeira él bordo do Il Rio Curuçá c subindo depois o rio Amazonas, desde ás 2 I horas e 50 minutos do dia :), chegámos a Manáos pelas I I horas do dia 6 de /\ Dril. Il -- Sabendo gue já havia chegado a Manáos a turma de exploração do rio P<1pagaio, visitei « in-continenti », o americano Fiala. ao gual aprcsentei parabens pela travessia que realizou. -- No dia 10 pela manhã fui receber a bordo os demais companheiros de minha turma, conduzindo o Sr. Miller para o mesmo hotel em que se encontrava hospedado o sen compatriota Fiala. - - Logo á minha chegada a Manáos transmítti ao Sr. Ministro do Exterior o tclq;ramma constante do SUppl{'Jll(,lltO 71. 3[, e a vÓs as informa\ões constantes do suppl(,Jll(,llto 71. 32. --- Emquanto pernoitei em M;máos procurei representar a Expedição junto a S. Ex. o Sr. Dr. J onathas Pedrosa, Governador do Estado, assim como perante as demais auctoridades e5tadoaes e federacs, dispondo as cousas de modo a que em n8da destoasse a hospitalidade amazonense de toda a qlle foi offerccida á Commissão Americana nos demais Estados do Brasil. E cumpTindo vossas ordens parti no dia 12 de Abril para () Rio de Janeiro acompanhado do 53 geologo Dr. Euzebio de Oliveira, do 2.° TCl1C'ntc Vieira de Mello, commé1ndante elo contigente e do taxidermista Reinisch, no mesmo dia em qlle partia para N e\\"- York o Sr. An tony Fiala, da Commissão Americana; deixando em M anáos o 2." Tenente Alcides Lauriodó de Sant' Anna, represent;lntc da Commissão Brasileira e o Sr. Leo Miller, representante da Commissão Americana. Os suppleJJl{,/lLo.\' l/S. 3],)-1 c 35, registam tlnalmentC' as minhas despedidas apresentadas, p::r cartélS que deixei em Manáos, ao Sr. Coronrl Theodore Roosevelt; a vós; c aos membros da Commissão Americana, por intermedio do Sr. l,-ermit Roosevelt. CAPITULO III Serviços de levantamento Por ordem vossa logo que cheguei ao Rio de Janeiro fiz entreg'a ao Escriptorio Central da Commissão d~' Linhas Telegraphicas Estrategicas cie 1\1atto-Crosso ao Amazonas das cadernetas em original e das differentes folhas dos « croquis desenhados por mim, romprchendcndo os seguintes levantamentos: Il a) Levantamento expedito do caminhamcnto percorrido desde o porto do Riozinho até á Fazenda das Palmeiras, executado por vÓs com o meu ('oncurso (SlIPPICIllC/1Lo /1. ]6). b) Levantamento expedito do R iozinho (1)ra(;o do rio Taquary) desde o porto da Fazencla das 54 Palmeiras até sua foz no rio Paraguay, por mim, (snjJplclllcllLo It. 37 j. executado c) Levantamento topographico ({o rio e 'ommora\'ào de [.'Ioriano desde o passo da linha teleg-raphil:a até sua confluencia com o rio Pimenta Bucno. ('xccutado por mim, (slIppl{'I//('1z/() n. 38 J. ri) I.evantamcnto topog-raphico do rio GyParanÚ desde o igarap/' Bt)a Vista (atl' onde tinha sido já levantado por engenheiro da Commissão cie Linhas T('legraphicas Estratcgicas de Mattoe ;rosso ao Amazon:-l~) a proximidé1des dû igarapt Riachuc!o, no ponto att' onek fllra dcsl'nhado o serviço quando naufrag'uci no cstirão ùo !VIcrc:<::a}" (x('cutado por mim (SlfPplr"/I('llLo ¡I·W). Observações meteorologicas 'n felizmente a caderneta de observações mctc()rologicas (' os respectivos instrumentos foram inutilizados com () naufragio <lu(' interrompeu o Icvantanwnto do rio Cv-Paraná, e 'onforme publicastcs em ordem do diél da Expedição delimitando as funcções de cada um dos membros da e 'ommissão Brasikira. cumpria-me reg'istar as ouscrvações metcorologicas, iniciando esse servic;o ('m Tapirapoan. Aproveitando a demora de uma semana nesse logar, liz uma série de observaçõ('s, com leituras do haromctro compensado, comparadas rom as do haromctro Fortin que ahi 55 possuiamos, o que me permittiu determinar com ('erta precisão as differe!1(;as de leitura do aneroide para o padrão, além de estabelecer a curva daquelIe, em funcção da variação normal da pressão barome-trica nas differentes horas do dia. - As observações thermomctricas eram feitas simultaneamente ;í.s leituras do barometro, além das duas leituras do thermometro de maxima e minima, uma ao clarear do dia e outra ao cahir da tarde, apuranùose assim a maxima á sombra durante o dia e a minima da madrugada. ('orno a Exp<:dição se deslocava diariamente, o que evidentemente reduzia o alcance util de tat's observações, visto que annullava a possihilidadc de- tomar uma série dellas sobreo mesmo ponto, tornava-se tambem por outro lado difficil determinar a t('mperatura maxima durante o dia. lJara resolver esta difficuldade submetti os dous thermomctros de maxima c minima él uma sáie de comparações, conservando um delles dentro de casa em logar convenientemente escolhido c envolvendo o outro em uma pasta de algodão para ser conduzido sempre na vertical, por um soldado a pé, de guarrla--sol aherto. Fazendo variar él espessura da pasta de algodão consegui finalmente egualar as indica<.:Ùt's dos dOllS thermomctros em um mesmo dia e desta fórma obter em marcha, embora aproximadame-nte, a temperatura maxima e mll11ma {¡ sombra. \ direcção dos ventos era tomada por processos rudimentares e a sua velocidade ca1r.ulada pur aproximação, á falta dos instrumentos apropriados. Os phenomenos relativos á vestimenta do céo apenas foram assignalados ('om referencia aos 56 typos capitaes de nuvens: cumulas, cirros, estratos e nimbos. Estas quatro f(¡rmas simples ou primarias foram seg"uidamente representadas, predominando, porém, a ultima, como era natural, visto que a expedição atravessou o sertão em pleno reg"imen das chuvas. - - As indicaçÔcs do pluviometro foram tomadas incompleta e unicamente quando a comitiva estacionava, pela impossibilidade de se agir de Olltra maneira. Tivemos ('huva em :;/ dias dos iR em que foi feita a nossa travessia; t'm JO d;'ICll.lelles houve verdadeiros temporaes acompanhados de trovões, Telampagos e descargas clectricas para o solo. -- Em relação aos hydro-metcoros devo assignalar que nunca foram observados nem a neve, nem él g"eada, mas constatou-se a existencia abundante do sereno ou carimbo, como a dos nevoeiros -- a ('crrac;ão c a neblina - - os ultimos, principalmente, depois que descambámos para os valles dos rios Commemoração de Floriano e C;y-Paraná. - -- Dos meteoros clcctricos vaelos os fngos de Sant' I~Imo. nunca foram obser- - Dentre os luminosos apresentaram-se varias vezes os arco-iris, não sendo observados vez alg"uma os halos, os ('irculos parhelicos nem as coroas. - A temperatura maxima ccntrigada á somhra foi de 34 gráos e essa mesma uma unica vez; a minim;). foi de ¡ó gráos pela madrug"acla. 57 CAPITl;LO V Serviços de geologia e zoologia Os serviços de geolo~Ôa estiveram sempre sol~ a immediata responsahilidade do respectivo especialista, Dr. Euzebio Paulo de Oliveira de cujas trabalhos vos será apresentado o relataria correspondente. Competindo-me facilitar os meios para que elles se executassem de conformidade com as necessidades expostas pelo geologo no correr do serviço tenho a certeza de que agi sempre nessa conformidade. Os de zoologia limitaram-se aos do taxidermita Ilenrique Rcinisch, que ao encerrar os seus trabalhos fez entrega de 59 tubos, com varias insectos e Olltros animaes; de 293 exemplares de mammiferos, aves e peixes, ahaixo especificados conforme um rapido exame feito em todo material pelo zoolog-o Alipio de Miranda Ribeiro: 1 h mammiferos, dentre os quaes destacam-se, como documento biolog-ico, um craneo de feto de Tapirus tcrrestris e um craneo de Mazama rufa, de chifre duplo. Dentre uma bôa collecção de pelles sobresahe a de um individuo adulto de cuxio de nariz hranco (Chiropotes Albinosa). 187 aves, dentre as quaes bellissima cotinga (Ampellis purpurea) diversos periquitos raros (Co· nurideos) ; uma maitaca tambcm rara (Pionus); dous exemplares de arara azul (arahyacinthina); diversas especies de Buconideos e Galbulideos raros; e uma btla s(.ric de Formicariadeos. 58 100 exemplares de peixes pertencentes aos gTupoS dos Sclcracanthas e Chichlidcos. - . Nos tubos havia 8 cobras, varias insectos dentre os quaes multiplos colcopteros, aIg-uns bellissimos e raros. Finalmente, perd(~u-se na descida do GyParaná um cai"otc contcndo4oo borl-Joletas. algumas raras c de côres brilhantes, e que tinham sido apanhadas em todas as zonas percorridas pela expedição. Todo esse material foi por mim entregue nesta Capital ao zoologo Miranda Ribeiro, para ser classificado, conforme vossas 'Ordens. afim de ser doado ao M IISl'U ~ acionaI. C:\J>TTI:LO no \1 contingente A man(~ira cumpleta pela qual se desobrigou () contingentr dos deveres gue lhe foram impostos, assim como a fórma correcta e disciplinada com que se apresentou sempre élOSolhos dos estrangeiros nossos hospedes, tudo r('puto uma ('onsequ<:n(~iél immediata da magnil1c(l tcmpl'ra du nusso cabuelo c das boas qualidades moraes, intclI<:ctuaes (' de commando, que caracterizavam él individualidade du commandanteo Tenente Joaquim Manoel Vieira de Mello Filho, além de tudo, um conhecedor desse mesmo sertão em que agiamos e onde trabalhara muito tempo na construcção da linha teleg-raphica, em rpoca das maiores difficuldadcs. 59 Entretanto cumpre assignalar que illudemse constantemente os observadores supert1eiaes quanto ás qualidades praticas do nosso pessoal de trabalho. Podemos affirmar orgulhosamcnte quc o nosso caboclo brasileiro é inexccdivel quanto devotado em trabalhos dessa natureza; afrontando todos os pcri¡:;os do sertão com uma coragem stoica; ITwntendo espirito jovial, quando mesmo reduzidos ;Í mais parca alimenta<;ão, como ¡.>rivadus das commodidades mais esscnciaes cla vestimenta; resistindo com resignação a todas as intemperics; conformando-se facilmente com as mais penos~s situações desde que Sf' ponha em jogo, com certa habilidade, o sell exagerado amor-proprio; finalmente, ('onservanclo sempre o cspirito do('il, tão proprio cio s(·u tcmlH'ramcnto affectivo, Tcnho'muitas vezes testemunhado quc e5S(' stoi('ismo não provem da in('onsciencia do perigo; em certa cachoeira dl' jusantc dous homens descem em cancla, .illlg'ando que a travessia ahi (: mais arriscada do que na outra de montante, onde acabava de mor· rcr um companheiro, escapando difficilmente a nado o que agora de novo se promptiflca a reproduzir ('sse verdadeiro desafio ;í. morte! Naufragos do meu primeiro lcvantamento do rio Commcmorac,ão, salvos por arcaso agllcnlando-sc aos ramos da vegeta\ão marginal, embora sem saber nadar, prevenidos de que ha um trecho mais perigoso a levantar, pedem-me que os conserve na turma porque « não teem medo de morrer - Ao fim dos tt:abalhos diarios, depois da marcha fatig-ante de quem carrega o que é seu, á chuva ou ao sol ardente, quasi todos os soldados e )1 ~ 60 civis trabalhadores, varias vezes pedem licença para dansar, executando saltos e voltas extenuantes, durante horas, até que o toquc de silencio vem pÔr termo a essa expontanea sobrecarga á resistencia muscular, durante cuja execução succcdem-se as risadas e os ditos chistosos, só adaptaveis a quem se sente conscientemente feliz e despreoccupado ... - . Alguns que perdem os chapt~os lamentam mais o prejuizo material do que a privação em que ficou de furtar a cabeça aos raios solares ou defendel-a das chuvas continuadas. - Em varias occasiões em que, por circumstancias alheias á vontade dos chefes, torna-se a alimenta\âo reduzida ao palmito e á caça problematica -caso de que conheceis innumeros exemplos - - continuam os homens a obedecer e trabalhar nas mesmas condições em que o faziam quando se dispunha de todos os recursos. -. Emh.m multiplicam-se os exemplos que nos convencem da legitimidade da nossa apreciação pessoal em relação ao typo g-enuinamente nacional cio caboclo _. e seria lonRo citar maior numero clelles, como esmiuçar detalhes que tornariam mais longa e mais fastidiosa esta exposição. - -. As marchas foram todas h·itas ~ pé e ;Í vontade' carrq;ando cada homem o scu ((sacco de mala)) (sacco de aniag-em ou de algodão forte, dentro do qual conduzem todos os seus trens, que mesmo assim, algumas praças conduziam com peso superior a 40 kilogrammas). - - Dessa maneira commoda -;t vontade -- de effectuar as marchas, sem a delimitação do tempo e outras exigencias reg-ulamentares, desde que não iamos á g-uerra, resultava, porém 61 a necessidade de estabelecer uma « escolta da retaguarda lJ, já referida accidentalmente em outra parte deste relatorio e cujas vantagens não é preciso encarecer. -- - Em começo da marcha por terra, as obriga~'ões eram menores, pois que, reduziam-se a marchar l' acampar diariamente, constituindo o maior sacrincio o transporte das cargas que os nossos muares iam deixando quando afroixavam. Posteriormente, a partir de J uruena, como já foi dito, acresccu a estas a rcconstrucção das pontes e estivados do caminho, produzindo-se tamuem, em conscquencia da propria natureza do nosso serviço, a impontllalidade das rC'Íeições, visto qlle a turma de concertos da cstr;lda recolhia-se ao acampamento a horas variaveis, em func(,'ão das difficuldades cnccllltradas nestes tr;,balhos. f sto sobrecarregava ainda () lwssoal empregado na cozinha dos acampamentos. - - O rancho Na distribuido militarnwnk. ao toque correspondente, fazendo-se sempre em primeiro logar él distribuição {¡S praças, finda a qual o corneteiro recehia então ordem elt- tocar " rancho para officiaes ll, servido sempre sou ;{ barraca do chefe da turma. Em relação á qualidade c quantidade de alimento, julguei interessante estabdcc\'r no slIppL(']Jl('lz{o Il. -f-0 o cOllfront:> d<:s tabvlbs constantes dos SltppÙ'11I0z{OS lIS. -If, -)2 e l'j, muito el ucidati vos para apreciar con venien temen te o regimen habitual de alimcnta(,'ão adoptado nesse sertão. A cozinha de cada uma das tropas de bois (' a da tropa de muares fazia-se isoladamente, em obedie;lcia {¡ praxe altamente conveniente de tornal-a II 62 independente da dos ofticiaes e pra(:as, nccessidade que a pratica tem sempre demonstrado. A entrega de generas ao pessoal tropeiro, exceptuada a carne fresca, foi feita de uma sÓ vez no inicio da marcha, computando-s(' p('lo maximo o tempo d,-~ travcssia projectada, calculando-se a quantidade pela tahella Jj do annexo n. 3Y e computando-se em 40 dias a dura\,ão da vi,:gem. A distribuição de gl'ncros ao contig-cnle era, porém, diaria, havendo para esse fim um sarg-cntointendente, incumbido lambem de fiscalizar a utilização desses g-cneros c· a maneira de prcpard-os na (·ozinha. Prod uzia- sc, pm ('onset! uen('ia, um;¡ eco· nomia que aug-mcntava na razão dircda cio numero de arranchados, ('orno é corrente. Tanto assim quc, dispondo a minha turma em Campos Novos, no cIia 13 de FevereIro el as segu intes CI !Ian tidacks de generos : Ass IIca r. Farinha. Arroz Sal Feijão. Caf~ em g-rão ~ salTa san'as () san'as 112 sacca 1:2 3 I I., saCCélS san'a ',' - kilos boo litrus 300 litros I ;l - kilos 'So litros 22 1/2 kilns 22 " / - ("(Jm estes alimentei todo o meu pessoal até 4 de Março, com algumas sobras; isto é, foram alimentadas ïSO pessoas nesses H) dias, sendo noventa (~o cstéldo-maior e 660 inferior c pra(~as. Essas sobr2s, parte perdida no meu l." naufrag-io {' parte cedida :ís tropas que regressaram de Barão de Mclg-aço. constaram do seguinte: 63 Arroz. Farinha litros 1itros 8 kilos 200 300 Sal. Fazendo o calculo sq.;lIIntes quantitativos: das rCtções chegaríamos ao~ Farinha. Feijão . 0,2 Assucar. Arroz Sal. O,OOl) Caf( 0,°3 0,03 0,14 evidentemente inferiores a tabella C que adopta· ramos para a ExpC'di(:ão como se vê do suPP{('IJl('Jl!{) 1l. -lO. - Ao almoço formava em duas fileiras todo pessoal e á proporção qlle cada homem sahia de forma para receber na barraca da cozinha él sua ra(;ão, reccbia tamlwm das mãos de um dos t'mpn'gados no rancho um caneco de agua fria e a capsula de 50 centigTammas de quinina inglês, que era ingerida ali mt~smo. Ao rigor ('om que fiscalizavamos t~sta pra-tica prophylactica, atrihuo a <dlscncia dos casos de paludismo durante toda a travessia at('· Manáos, quanto ao cantigente. Em contraposição, o pessoal tropeiro, que recebia o quinina para tomar fora das nossas vistas, apresentou varias casos dessa molestia, qllc sempre consegui combater com doses el('vadas de uma a duas grammas de quinino diariamente Depois que chq;-uei a Manáos c apesar de multtplas rccommcndações para que proseguissem no liSO do qninino durante mais 30 dias, distribuindo para j<so 61: numero de capsulas necessario, d falta dessa fiscaliza(;ão dirccta fez-se logo sentir, pois que, todo o pessoal, já então distribuido pelos corpos da guarnição, foi acommettido de paludismo, baixand:¡ alguns ao hospital. - -- Para attender ás necessidades da lavagem de rOllpa que cada praça fazia para si, aproveitava-se qualquer interval10 de tempo em dia de sol, sem prejuizo do trabalho, o que sempre foi possivel fazer, permittindo-se para isso a troca de serviço entre o pessoal escalado para cada turma. li CAPITULO VII Das tropas e dos tropeiros Havcis de consentir que, aproveitando o ensejo de relatar-vos os succcssos e providencias que se prendem no meu serviço a este assumpto, divagllc 11m pOllCO para tratar do problema capital para qualquer emprehendimento através do nosso sertão. -- E' uma das cousas que surprehcnde o homem da cidade, él maneira pela qual se resolve este complíc"do problema do transporte no sertão de MattoGrosso, causando maior admiração ainda a utilização do boi como cargueiro. O insllccsso de varias expedições provém da má organização clesse serviço, comparavcI éla das grandes travessias dos desertos africanos, onde o camello representa tão importante papel. Trataremos em primeiro lagar de muares. Em regra o pessoal que se dedica .1 essa ordem de actividade é composto de Royanos c m~1tto,g-rossenses c ha um chefe -- - o arriciro---- que supc- 65 rintende todo o serviço, tomando a responsabilidade no maximo de h lotes (cada lote com JO cargueiros). Quando (~ possível os lotes dispõem de dous tocadores montados, sendo porém índispensavel um homem para cada lote. A conveniencia d( haver dous, provém da necessidade muitas vezes de concertar a carga aos animaes, quando as circumstanci;1s obrig"m o descarregamento durante a viagem, o <1lle exige que cada um dos tocadores se incumba de retirar a carga de um dos costados para rccarregar depois, levando simultaneamente as duas cargas aos flancos do cargueiro. A alma da tropa é o arriciro, que deve conhecer o m6tier possuir bÔas qualidades de mando e energia; t;.,nto mais dedica(:ão terá pelo seu trabalho quanto mais tempo lidar com él mesma tropa composta dos mesmos animaes, aos <¡uaes dispensando mr.is carinhoso trato é1.ugmentalhes a capacidade de trabalho, mnscrvando-lIws a resistencia physica. Os tocadores farão systema com um arrieiro nessas condições, exigindo-se-Ihes p(n~m no m<lis alto gráo él qualidade de hons campe3dorcs. Os mais perfeitos dentre estes sã;> capazes de a('()mpanhar o rasto de um animal através da f1orc~ta, quasi como um cão que fareja a c~'ça. Ainda quanto á organização do pesoal, toda tropa dispõe de um cozinheiro, quc acompanha sempre o I. lote . . Quanto ao modo de executar o serviço, ha detalhes qlle passam despercebidos á primeira vista e que constituem ensinamentos da pratica, abrangendo os cuidados dispensados aos animaes cao arreamcnto, palavras convencionaes com que os tropeiros se fazem comprehcnder pelos animaes, li u II (' 66 maneira de carregar, liSO das al\éls de couro Oll das l>roacéls, etc. Prucurarei resumidamente passar em revista cada um destes pontos. Entre os cuidados que requer o tratamentr dos animaes cstão a precaução de leval-os á « ag'uada (rio Oll lagt)a él que o animal p/¡dc attingir para beber); a escolha do eJlCosto onde cxista o melhor pasto e a conllg'ura(:ão top()g'raphicCl dinindtc a dispersão da tropa; a distribll;(:ão dl) milho cm bornaes; uso diario de escova (' raspadeira: prccal!(;ões ('om o casco e ferraduras; conserva(:ào do lombo dos animaes sempre em estado de rccd)('r a cangalha: tratamento de molcstias; mancira de èX('('utar as marchas, e 'lwg-ada a tropa ao pOllSO ;Í tarde, dco,('arregaclos oS volumes c retiradas as ,:ang-alhas, soltam-se os animal'S para espojan'm--sc, sendo em sq:;uida levados para a ;u,tllada, onde o arricir,) exercc grande fis('alizél(:ào para evitar qlH' fique scm bcl>cr qualquer dos animal'S. \'ão em se~llida ;JO campo para pastar e ahi passam a noitt" () {( cnCllsto ideal (', o <lllC, po~suindo barn pasto, difficulta a :.;;thida clos animaes e o Sl'U reg-rcsso pelo mesmu caminho por onde vieram; g-cralmente essas duas vantagens estão reunidas nas qlleimadas (,nde cresce él brot£lção nova do capim e em uma « resaca isla (". especie de bahia cercada de mata alta (' impossívcl de :-;cr atravessada pelos animaes, com lima garg'anta de C'ntrada, A tcnde!1cia dos animacs {. voltar pelo mesmo caminho; de modo qUI', c¡uando se tem atravessado um curso d'ag'ua quc não dá VélU, consegnc-se evitar a fug-a dos animacs trancando a ponte com g'alhos de arvores entrelaçados. )l (C )l, )l )l, 67 o milho é um alimento indispensavd para conservar a resistencia da tropa; além disto a distribui~'ão pela manhã, em bornaes, conforme os usos locaes, tem a vantagem de habituar os muares a pro· curar o acampamento, reduzindo assim o trabalho do campelO. [nfelizmentc houve necessidade de rejeitar o unico milho que existia em Tapirapoan quandu dahi partiram as tropas da Expedição, o que motivou a prrda de muitos muares. Convem dizer de passagem que o milho foi recusado por não estar srcco c ter sido colhido ainda um pouco tenro, pur conse· guíntc, em estado de não poder absolutamente servir para alimentação dos muares, corno t: sabido. - E m rig-or de\'cr-se-ia distribuir duas rações dl' milho uma pela manhã outra {¡ tarde, cie 2 a 2,5 litros cada uma; mas, adoptamos de costume nessa zona de verdadeiro deserto, a condução de quantitativo necessario para uma ração que reg'ula de ¡ a l,'=; litros, o que em uma travessia de 40 dias ('orno a qut' flz('mos, ohrigaria a utilizar de 4 a 6 carg'ueiros em cada lote de 10 animal'S só para conrlucção dessa forragem, se a Commissão de Linhas Tc:lcgraphicas não houvesse tido a pre\'idcn('ia de mandar fazer .~Tal1dcs plantal,'õcs deste e outros ,'ereaes, (èstabclecendo ¡lOtiS grandes pontos de apoio que são assim como verdadeiros oasis para as tropas CI lIe a tra vessam ('ss(' arido sertão - a invernada de Campos N ovos e a Fazenda dos Tres Buritys, sitios onde a¡(~m dis~o as pastagens são excellentes, em contraposi(:ão com () pessimo capim dos chapadões. Para conservar a resistencia da tropa e mantel-a em condiçiks de marchar diariamente (~ indis· 68 pensavel cuidar meticulosamente do lombo dos animaes, já evitando a troca das cangalhas de uns para outros cargueiros, já corrigindo os enchimentos, já distribuindo equilibradamente o peso dos costados DU coIlocando a cang-alha em lJôa posição relativamente á espinha dorsal, já finalmente accudindo aos cstrag-os que o attricto das cangalhas produz sobre o couro do animal, provocando o apparecimento de ferimentos. Concorre para essa cOl1serva\ão tambem a limpeza dos animaes com escova e raspadeira, evitando que se interponham corpos cxtranhos entre os su adores c o lombo, ou que o pella fiquc engrovinhado ; embora essa limpeza tenha tambem o objectivo, aWis () principal, de satisfazer ao lado hygienico. Para referir-me logo aos ()utr05 pontos principaes relativos aos cuidados hygi(nicos, assignalo aqui um costume que me não parece logic() mas contra ('uja praxe não quiz antepor-me, re"cioso de que produziss(' mau resultado a sua suspensão: quero falar na obrig-atoriedadc do banho aos cavallos, ao mesmo tempo quc sc veda o seu uso aos muares! Por que? - DizC'm os praticos que o banho enfraquece (sic) os muares c robustece os cavallos ; seria curioso fazer lima verificação systematica, pesquizando a callsa dessa diversidade de (onscquencias. O tratamento das molestias quasi que se reduz ;10 das feridas qlle se abrem ou que se arruinam, ás colicas communs e ás que provêm da ing-cstão de hervas, muitas vezes existentes de mistura com o capim de pasto e que envenenam. As primeiras encontram excellentes remedios na banha derretida e na creolina, esta como desinfectante; as seg-undas curam-se 69 olJrigando o animal a correr, no caso commllm atto transpirar fortemente ou fazendo-o ingerir, no outro caso, dÓses convenientes de oleo de ricino (3 ou 4 garrafinhas de lima sÓ vez). E' digna de menção a maneira pela qual se olJriga o animal él ingerir o oleo, por meio do « cachimbo ", isto é, torcendo a pelle do .. oeiço superior do animal dentro de uma pequena laçada de couro qlle se aperta girando um pequeno oastão. Cheg'ando esta torção a certo ponto o ani· mal « entrcg'a-se » como dizem os tropeiros em sua giria, obedecendo com docilidade e denotando mui·· tas vezes, por gemidos, él dôr que se lhes imprime por tal processo, tamoem lIsado para marcar os anlmacs com ferro em bra~a. N estes limites passa-se uma das extremidades de uma vara resistente por entre as orelhas do animal, apoiando-a fortemente sobre á ubeça ao passo que a outra extremidade prende-se acima do focinho a uma laçada colIocada por dentro da bocca; a vara funcciona assim como uma alavanca do primeiro genero, forçando o animal a abrir a bocca, por onde se despeja então o liquido, quasi sempre deglutido com auxilio de massagens exteriores ao longo do canal respectivo . . O exame dos cascos e das ferraduras são ~()llSéJ.Stão corriqueiras que hasta a citação para lhes c()mprehender o alcance, não valendo a pena csmiu<,:ar tão conhecidos detalhes . . Quanto ao modo de executar as marchas, delle dcpcnde em g-rande parte a consecução do mais simples projccto de atravessar o sertão. Em primeiro ]og-ar vem a obrigação de ordenar pequenas marchas de 3,~ a :; leg-uas ou 2 I a 30 kilometros por dia, evitando-se repetir este avançamento maximo em dias 70 onsecutivos. Em seguida vem a limitação do peso .:uc cada muar pode transportar, cingindo-se aos !imites de 2 a 3 arrobas ou 30 a 45 kilogrammas o peso para cada animal, scndo calculado em kilo~rammas o peso do dôhro, euja cxistencia resol ve a ('onducção de pequenos volumes obrig-atoriamcnte levados isoladamcnte, além de melhorar a amarra\ão do « ligal por ml'io da « sobre-carga Em terceiro logar, nesse sertão, para travessias maIs ou menos longas, impõe-se desde começo a marcha él passo, não pcrmittindo senão excepcionalmente o trote c considerando um crime o galope. Por mais e:-.:tranheza q LIe possa ca usar estas in dica<;ões, c !las ~ão filhas da pratica, embora pareçam exageradas a quem quizer comparaI-as ('om as mt~dias observadas em identico serviço no interior dos Estados do Rio de J anciro, Minas Geracs, São Paulo c Goyaz. Como os rio-g-randenses do sul cspantam-se e chegam a duvidar das marchas de 20 leg'uas tão naturalmente executadas pelo nosso cavallo crcouln do Norte, tambem os matto-g-rossenses do noroeste brasikiro mostram-se incrcdulos quando o goyano, o íleminensc, o paulista ou o minciro lhe referem suas viagens normacs de 6 a ï leguas, a maior parte fcita a trote, conduzindo cada cargueiro lO a 12 arrobas. -- Os cuidados com () arreamento comprchenclem: a raspagem diaria dos suadores da cangalha; o afofamento dos respcctivos cnchiment1)s; s('cagcm ao sol da parte molhada pejo suor- - quando istn for possivel ; scndo estas tres opcra<.:ões feitas pela manhã, antes de carregar a tropa. ---- Para lidar com os anímacs servcm·-sc os tro-peiros de uma gíria toda espe('ial por meio da qual Il Il, '71 conscguem fazer-se entender pelos muares, conven::ionando certas palavras que empregam tambem com entonação especial para cada caso. A distribuição das carg-as aos pares, o aIceamento ou a utilizél\,ão das broacas de couro, são feitos pelo arrieiro ou soh suas vistas immediatas. Para carreg'ar come~'a-se por amarrar os animaes por meio de cahrestos a varas de grossura média, cortadas do mato, com altura de mais ou menos 2 metros, cnte-raclas no solo, Em seguida r.oIlocam-se as canc.-alhas sohre os animaes e finalmente os tocadores dous a dous conduzcm simultaneamente as cargas de cada par equilibrado pelo arrieiro. para as assentar ao mesmo tempo nos respectivos costados. O d()hro ¿. escolhido e acommodado pelo arrieiro que é: qucm dá a u!tima demão para fIxar definitivamente él célrg'a com os ligaes. Soltam-se os lotes isoladal11('nte, isto ¿., cad él qual ('om todos os ani m;¡,cs de (¡UC ~,e compÙe c cada lote só deve ser desamarrado d<'1:·~'taca depois ùe ter seguido o ;¡,ntcrior alg'uns minutos para frente - ,geralmente o intervaIlo de temIn sufficiente para ('arreg-ar um lote, A' frentc do ¡ ," lote quc lar.~'a a (( estaca ", sahe o cavallo madrinha da tropa, hadalando o cincerro. I la sempre um animal desig-naclo para gui.,'l cia tropa e que leva um [leitoral com guizos e campainhas (se a tropa tcm apenas I ou 2 lotes) ou peitoral (' calw(:ada tam' lwm com guizos e campainhas (se él tropa disp(-)(' de 3 ]ntcs para rima). -:\Tonta por ultimo o arrieiro espccie de inspector geral das tropas (' clos tropeiros á ('uja disposiç'ão (¡ca urn ajudante, quando él tropa tem mais de ci!lcO lotes, As mel"cadori;1s que p(ídem soffrcr algum prr- 72 cum u rlJ\'ar clos galhos de arvoreS durante a marcha, ü que l'~incvitavel mesmo nas melhores estradas cio interior, são de preferencia mettidas nessas broacas de couro l'n'l, onde tambem melhor ficam proteg'idas contra a chuva: as alças, tambem de couro Cn'l, retorcido, são mais empregadas para o transporte de malas c caixões, ---- Em caminho procura-se manter unido o lote {' conta-se de VCI em quando o numero de animaes quando él atten<;'ão, por qualquer motivo, foi distrahida algum tempo e observa-se a posição das cargas e das cangalhas, acudindo aos desarranjos accidentacs e incvitaveis das cargas, -- A's tropas de muares convem melhor viajar ¡wla manhã e durante o dia pousando á tarde; em face porém das surpresas do campo, c1ifficultando a sahida á hora matinal e por outro lado cm vista da conveniencia de combinar as horas de partida, viagem e chegada, com as horas de rdeição, alguns sertanistas nessa zona imaginaram resolver o problema com duas marchas uma pcla manhã e outra ;í. tarde· - - o que traz inconvenientes, entrc os quaes o angmento de trabalho para o pessoal, além de se dever salientar que as horas de maior canicula, embora dedicadas assim ao repouso, não são utilizadas para pastar. conservando-se geralmente os animaes de pé, ;í. sombra das arvores, Um costume generalizado por toda parte em <[uc se lida ('om tropa de muares { a designação de um animal para servir de madrinha da tropa; habitualmente essas func\'ões são desempenhadas par 1m (( ('avalio-madrinha ll, mas muitas vezes por um muar. A madrinha Vélt' sempre em pello e sua funeJUliO 73 l'ão mais notavcl é a de conOTeo·ar. em torno os )' ~ b . outros animaes quando no campo. Estes, assim habituados, concentram-se mai~ durante o tempo em que pastam, em redor dl madrinha, que por isso mesmo é r.onstantemente perturbada pelo movimento que a tem por centro, ficando prejudicada dest'arte a sua alimentação. Logo á chegada a tropa reœb(~ a indicação do local escolhido para seu pouso; na ,.ji~h~ turma esse local era tanto quanto possivel defronte á minha barraca. Fincam-se estacas para cada lote separadamente, mais ou menos sobre os pontos de urna ellipse, limitando interiormente uma arca onde são arrumadas as cZ!rgas, apoiadas em dous P<1US roliços que se collocam paralellamente. Exteriormente são amarrados os cargueiros que cm seguida se descarregam para depois soltar, levando Ú aguada c ao campo de encosto. Por cima das cargas vão as cangalhas e para resguardar tudo da chuva, lançam-se por sobre as cangalhas os l¡gaes. - O SltppLCIJl{,llto 9 evidencia que, partindo de Tapirapoan com 56 muares attingi o rio da Duvida apenas com 19. morrendo ou afrouxando pelo cami·· nho 45 e desapparecendo ï, tendo sido rdo'\~ada a tropa com 15 muares recebidos durante a viéH;cm ; () que signifIca que sÓ alcançaram o Duvida 4 animacs dos 56 sahidos de Tapirapoan. -.-- A não ser logo em come<:o da travc:,sia, em que tive necessidade de despedir um tocador, de uma feita, e ameaçar um outro de suspensão de vencimentos, como já vos communiquC'i ('m outra parte deste relatorio. o sC'rviço foi feito da melhor fórma I" 74 pelo pessoal de que dispunha a tropa, portando-se ('ste muito bem e exccutando a p6 a maior extensão do nosso percurso. Todo esse pessoal sahira montado de Tapira¡Juan, mas foi apeando, ;í proporção das nccessidades, afim de ceder os respectivos animaes para COI1ducçãü da carg-a; antes de atting-ir metade do caminho já estavam todos a pé. -. O Tenente NIello que aliás descançava muito seu animal para prolongar a resistencia delle, teve que marchar á infantari:l quasi todo o trecho de Nicolau Bueno a Tres Burit\"s. - - Por força das mesmas circumstancias o taxidermista Reinisch houve 'Ille executar alguns kilometros a pé para cheg-ar ao acampamento da: caheceira do Joaquim, e fazer do mesmo geito as rluas marchas dessc acampamento ao ribeirão Nic\)lall Bueno e dahi á bzenùa dos Tres Buritys, onde reqllisitei outro animal para sua montada, conforme \'ossa autorizcH:ão. O addido Joaquim Horta, fez grande parte da travessia él pé, por tcr afrouxado sra montada ;'lO chq;armos em Gralhão, rccebendo outro em C'ampos Novos e uma terceira em Tres Buritys e que o levou afinal ao termo ria jornada. Tropa de bois Os mcthodos empre~·arlos para as tropas que utilizam bois como car~ueiros, são semelhantes aos das tropas de muares. Ha cntretanto diffcrenças de detalhe que menciono como dados praticos. uteis para quem de todo desconhecer o as~umpto. '15 Quanto ás vantagens na escolha do animal, tem él primazia o bovino nessa zona do sertão, porqur~ resiste melhor á falta de pasto, alimentando-se na mata com as folhas de palmeiras mal ac('eitas pdos muares e com folhas de arbustos que o muar repelle. Emquanto que raro é o muar que se adapta á necessidade de procurar alimento varando a floresta, o bovino pacientemente descobre o que comer na mata. O boi como cargueiro tem ainda él seu favor él possibilidade de dormir preso e a facilidade de viajar pela madrugada, o que além de tudo, pro longa a resistencia das tropas á fadiga. Neste parti cular é m u ito interessante o estudo com para tivo dos supp1ementos ns. ~ c (), com o intuito de estabelecer a percentagem de animaes que afrouxaram na marcha de Tapirapoan ao rio da Duvida, separando-os em dous grupos: muares e bovinos. Felizmente se conclue dahi que essa perccntag:em foi de 6S para os primeiros e de 3~ ~{) para os segundos, aproximadamente, mesmo considerando como frouxos os bois de minha tropa . dc'i xados em Tres Buritys por se mostrarem bastante emmagrecidos . mas que poderiam, apesar dissn. alcan(:ar o rio da Duvida, se unicamente com elles devesse ('li contar. AV'm da resistencia o boi é ainda superior ao muar q Liando se transita por caminhos diftîceis ou passando por dentro das florestas e onde (~commum encontrar-se, por exemplo um grosso madeiro atravessado, sobre o solo ou acima delle mas a uma altura inferior á de um animal com carg-as. O lloi vence intellig-cntcmentc tacs obstaculos, sendo admiravel a solução que dá para o segundo caso q ~:J '76 figourado, passando abaixado sob os paus, ao passo que o muar em condições identicas, ou se detem, ou II rdug-a », ou se tenta passar e sente pegar a carga, força violentamente para a frente, não raras vezes sahindo do outro lado em pella. As cangalhas têm fórma differente, para melhor adaptar-se ao lombo, são menores, mais simples e mais leves, exigindo que, para sua conveniente accommodação, tenham tambem as cargas menor volume, embora conservando-se as m(~dias de peso adoptadas para os muares. - - Em conformidade com os movimentos mais lentos, tão caracteristicos do g-ado bovino, varia tamhem o modo pelo qual se dirigem aos bois os tropeiros, prolongando o syIlabar das palavras convencionaes com que fazem-se comprehender, cantarolando muitas vezes em tom plangente. Emquanto o tropeiro fala com energia, gritando rapidamente a sua giria para os muares, só se faz obedecer pelos bovinos falando lentamente. com cntonação de quem quer amimar. Tacs observações como que se confudem com uma especie de psychologia applicada aos irracioo naes, mas são colhidas nas lições da pratica e facilmente verificaveis pelos neophytns. - - O papel do cabresto no muar ( representado aqui pelos lateg-os retorcidos passados pela base ùos chifres do animal; todavia para os que não se encontram ainda perfeitamente mansos, usa-se atravessar uma aq:;ola ao focinho, onde se prende então uma das pontas da corda, cuja tensão obriga () animal a obedecer, dominando completamente qualquer inrlisciplina. 77 Para estes casos lIsam muito os tropeiros atar um pedaço de couro trançado para laço gaucho, dei-xando-a de rastos afim de prevenir qualquer eventualidade durante as marchas. -- Taes são, a largos traços, as mais notaveis diffcrenças de detalhe que eu desejava assignalar. á argola do focinho uma corda longa, geralmente CAPITULO VIIl Ligeira noticia sobre os indios da zona percorrida A pesar de atravessar terrenos onck habitam indios Parecis, Sc'l vimos representantes desséi tribu dentre os que, já em contacto comnosco, serviram de tropeiros durante a expedição. Aliás llma g-randc parte desta tribu indigena está fazendo vida commum com os cmpn->gados da Commissão de T ,inhas Tele graphicas, onde os ha como tropeiros, guardas de linha e alguns mesmo praticando em telcgraphia dcpois de se haverem instruido nas escolas primarias que funccionam sob él direcção dos telegraphistas encarreg-ados das estações de Ponde de Peàra e U tiarity. Nhambiquaras e Pauatês, assim são chamadas as tribus de indios que encontrámos na nossa travessia: a primeira estende os sellS dominios desde o valle do rio Papagaio até a estação telegraphica (( José Bonifacio )), a ultima vive nas marge>ns no rio Gy--Paraná ou Machado. Ambas subdividem-se em vêorios grupos com denominações differentcs. u 78 occupando vastas arcas do nosso sertão. Nenhum indicio dãu de serem antropophagos, apesar de m ui to guerreiros . .. Vivem inteiramente nl'ls e alimentam-se de todas as fructas c de animaes, ~em cxccptutir mCS:1lo dentre estes os gafanlwtos c quasi todas as larvas . . - Quando j;i !lOS visitam ('om conflan<,:a CO;1!O acon tecf' aos I\ ham hiq llaras d;J.s cercanias do J Unten;l, aprendem a dizer algumas palavras em português para pedir os object(ls de que mais gostam ('omo contas (missangas) macharlos. faciles, fazc>nclonus comprchender por mimica que apreciam l's::cs artlg'os e os querem para seu uso. Especi,.lmente (IS Nhambiquaras tccm vene ra<;ão pelos homens de barba long;; e este ornato ('allsa-lhes tão húa impressão quc, ;Î minima intimidade que se cstahcle(:a, procllram clles ro<,,'aros seus rostos lisos de legitimo ('ahoelo nas nossas barb;;s, ('()nvencidos de que esta pratica lhes faculte CI multiplica\'ão e o cksenvolvimento capilIar. Ouvindo 11m nome proprio qlle lhes agradt', adoptam-no immediatarrH'nte c com die baptiza-se log,) um indio; mas sc em seguida pcrœbem um outro nome que lhes par('c;a mais emphatico, abandonam quasi sempre o primeiro, não sendo raro que o segundo scja tambem condcmnadl) ao ostracismo como o anterior. .. Vivem alq;res, ricm facilmentc e muito: algumas vezes percebi que tTiticavam costumes nossos com ar zombcteirn . . - E' um cspcctaculo incsquccivel a cheg-ada desses indios aos nossos acampamentos, marchando um após outro numa interminavcl fila, comple- '79 tamente nús, carreg'ando as mulheres os filhos pequenos e toda carga, emquanto que o homem s() transporta () seu arco c flechas. Em visita de amizade, deixam estes petrechos bellicos esr.ondido'i no mato quando nos veem procurar. Possuem uma intelligencia clara e uma viv:l cidade notavd, applicando-as principalmente cm cstré,tagemas para suas raçadas ou contra seus inimigos nas guerras que manteem ('om outras :laçÔes indigenas. Para dar ideia da sua perspicacia rdiro aflui ;1 seg'uintc conversa entre um of1icial da Commisc;ão de I.inhas Tdegraphicas e um indio já cm convivio comnos('o: Pret(>ndia o ollïcial dcmo'1strar-lhe quanto era superior a carabina c a bala em confronto com o arco e as Hechas que o indio usava. O indio ouviu todos os ;~rg-umcntos e propOi:-se a demonstrar que as armas rudimentares de que se serviam cr;!m superiores {IS dos civilizados c pedia ao ollïcial que se sujeitasse apoIOs a uma ('ondic;ão: deixar sua arma R dias ao l"do do arco e da flecha, dentro de um curso d'agua e ao C).O dia ambos irem ao local, retirar cada um sua arma (' fazer immediatamentc uso dell<ls. J\. meu ver são muito mais intdli.~·ent('s do que os caboclos do interior semi-civilizado do nosso Pail, dos caboclos <¡[Je n¡]tivam ro<,:as de pequena lavoura, nas circumvisinhanças das aldei;¡s e villas --. especies de transi(;ão entre a civilização das ridadt's c él sclvajaria cio sertão bruto. ('orno prova disto limito-me a citar () facto sempre constatado df' ('omprf'hf'ndcrf'm os indios intuitivamente a sig:niflcação dos mappas c o objc- 80 divo de sua represent(}(:ão, mostrando que têm uma idéia nitida do conjuncto ao passo que sobre idcntico thema o outro cahoclo, no mesmo gráo de ignorancia do élssumpto, apenas se mostra ('onhecedor do detalhe, restringindo <,ste ainda ao estreit.o ('ir('ulo nos :}('('identes qlle o cercam muito de perto_ I,cmbro-mc, a proposito, ele um facto que me rderi~tes quando certa vez um indio, vendo um mappa em vo:'sa barr;:wéI, inoagou sr ¡¡ão eram os '-.lOS al]ucllcs tr;¡<:os realmente representativos desse accidente topographico ; como tambem vem él pella recordar o mappa rudimentar com que um outro indio vos explicava as posições relativas de diversos rios da mesma bacia hydrog-raphica, figurando-os com tra<,,-os sobre a areia. Scgunoo lima condemna\'el mas t'xpontanea tendencia, o nosso sertanejo sc:ni-civilizado, logo que enceta rclaç<les de amizade com os indi8s, procura incutir-lhes os seus vicias, especialmente o vicio do fumo; este, para certas tribus é todavia o refinamento de habitas semelhantes já constituidos. Entre os 0Jhambiquaras o fumo é recebido com muitas demonstra<-;ões de sympathia, mas é curioso que entregando-lhes o fumo picado e a palha prompta, sejam elles incapazes de enrolar 11m ('Iga rro. De muito interesse como prova da confian<,~a que lhes inspirámos jft: um grupo de indios Nhamhiquaras conservou a dezenas de metros do eixo da nossa linha teleg-raphica no ponto em que ella corta () rio « Festa da Bandeira », o seu aldeiamento, na mesma posição em que existia antes de passar por Al ali a construcção. Desse grupo, no meu tra jccto, encontrei ao longo da linha innumeros indios, a tojos os quaes dirigia sempre a palavra a que resp :njiù.m com signacs de sympathia, repetindo com um sorriso tudo quanto eu lhes dizia: l( Bom dia. Como vai? Il -- Bom dia. Como vai? Aliás é isso muito commum entre todos os indios: imitar as nossas palavras e os nossos gestos, quando nos querem demonstrar o seu agrado e satisfação. - De conformidade com os vossos p:-ocessos humanitarios, tão bem recebidos pelo meu e~piÙo quanto praticamente de resultados maravilhoscs na catechese desses nossos irmãos e mais legitimas braÚleiros, procurei semp:-e trata1-os com bondade e paciencia, offertando-1hes tudo quanto lhes podia ceder, mesmo objectos de meu uso particular, al::;uns dos quaes fazendo-me embora muita falta. E t~nho a mais arraigada convicção de que sem quebrar ('ssa norma, que se me afi-;;ura tão simples e natural, nenhuma violencia soffreriam os civilizados da parte dos indios, mesmo no caracter de invaso:-es de suas propriedades, porque o hornern-indio é tão aff~('tuo~o como o mais affectuoso dos civilizados. Destes até conheço innumeraveis casos em que pregam theo:-ias e applicam praticas no sertão como se fossem elles os selvagens! ... Como bem sabeis houve mesmo quem preg?sse a doutrina do exterminio dos nossos aborigen es e quem p:-aticasse essa liquidação em grandes massas, nas celebres Il batidas ll, wb pretexto de que os indios at3cavam os civilizados. De passagem c·Jnvem fazer sentir que na grande maioria de q9 % dos casos, o indio ataca cm represalia: canta-se p)rém JI 82 () ataque do indio mas não se conta o que se fez primeiro com clIc. Muitas vezes, como em muitissimas casos que vos são familiares, o civilizado isolado c armado de optima carabina encontra de supctão o indio armado de arco e flecha e, de medo, atira sobre clle; commcttida él proeza, quando retorna aos companheiros em grupo, tem natur,,}mente vergonha de referir o facto como se passou e, invertendo a verdade, conta logo que defendeu-se de uma insolita aggrcssão, devendo o salvamento de sua vida á wrag{?1Jt com lJue enfrentou o perigo. Ning-ucm extcrnar(l por <1uêprocessos adquiriu um indio pequeno para seu serviço domestico, quando o extorquiu soh as mais tícmendas ameaças nem sempre coroadas de c\:ito, como no caso do individuo que insistia rudemente para levar o « corumim (indio pequeno, creança, creio que seg-undo a « lingua geral)l dos indigenas a que muito se referem os habitantes da Amazonia) e recebeu do indio uma contraproposta que ao mesmo tempo caracterizava a repulsa do pac aborigene e fazia sentir ao desalmado homem da cidade o que significava dar l/m .fi/llO. -- Desculpareis a digressão proposital p;Jra não perder um ensejo de vulgarizar injusti\as {' infamias de que são victimas os nossos caros indios, cujos sentimentos generosos bem merecem a ;JpO logia que lhes dedicou José dc Alencar, o notavcl cscriptor patrio, cm sua obra imrn()rcdoura (' tão genuinamente nacional. -- Emquanto a minha turma vIajava pelo no Gy-Paraná aproveitámos nossa passagem para colleccionar objectos indigenas que só parte muito II 83 peq Uena conseguimos recolher ao M uscu Nacional, quando regressámos ao Rio de Janeiro. Pcrderamos o restante desse material colhido ou foi elle furtado de bordo do pequeno paquete que nos transportou de Cal ama a Manáos. O encontro fortuito com um grupo de Pauatês que, pelos esforços do Tenente Vieira de Mello e do Dr. E uzebio de Oliveira, conseguimos que confraternizasse comnosco, permittira-nos a acquisição de varias objectos de uso commum da tribu. Infelizmente, por~m devido ao dcsapparecimcnto de um caixão ficou a nossa contribuição ao Museu reduzida (l nove objectos que estão catalogados na secção competente daquelle estabelecimento c comprchende um enfeite de cabeça, um exemplar de ceramica, arco e Aechas. CAPITOLO IX Ligeiras notas sobre a vida dos seringaes por onde passou a 2.° turma EucIidcs da Cunha ern phrases vibrantes e eruditas assignalou, através d'aquel1e invcjavcI estyIo tão original, a verdadeira situação dos seringueiros da Amazonia. Por toda parte vi confirmadas as suas palavras principalmente em relação ao modo pelo qual são cercadas ali as liberdades dessa pobre gente que trabalha na eXl'racção da borracha, esgotando a largos haustos o seu copo de amarguras. Como um protesto pois e pelos beneficias que decorrem da citação desses abusos, peço-vos licença para uma succinta exposição de factos, colhidos imparcialmente cmquanto varava a zona dos seringaes em exploração. - A vida economica do seringueiro comp8rta interrcssantes observações relativamente aos desequilib:-ios de sua producção e do seu consumo. Em epocas cxcepcionaes pode acontecer que a <lIta dos preços da borracha embolse-o de saldDs crue se contem por algumas unidades de conto de réis em um anno de trabalho, isto f\ corresp8ndentemente a seis mezes de effectiva actividade extractiva. A normalidade porém é bem differcntt dessa iIlusão c:-eadora de eldorados perpetuas. Basta recordar que um seringueiro póde p:.-oduzir em uma ~.afra 600 kilogrammas de borracha fina o II sernamby H, utilizando-se para isso de cerca de 300 cc mz,deiras » (seringueiras) existent~s em duas (( estradas» (picadas estreitas abertas na fbrcsta para passar um homem a pé); o ti:.-ador de cc cáucho» produz menos ainda. Na occasião em que pass~i sendo a cotação da borracha na praça de Manáos inferior a 4$OCO por kilogramma da mais fina (denominada mesmo fina, ao passo que na escala descendente vêm depJis a entre fina e o senzamby de borracha) os productores recebi;-,m nos barracões o pagamento subordinado á seguinte tabella: Por um kilog. de borracha fina defumada » » »» » sernamby. » sernamby de cáucho . .» » » » cáucho. l) l) l) 3$COO $ SOO 2 $ 000 I $ 500 I 85 Concomitantemente adoptavam os mesmos barracões a seguinte lista de preços pelos quaes descontavam as despesas do seringueiro: Por um kilog. II II l) » » II II Il » Il Il » Il Il » de arroz, feijão ou assucar. » manteiga. sal. farinha d'agua . café bolachas (cabeça de maI) Il II l) caco) . Por uma lata de banha de 2 kilogrammas. Il » )1 » leite condensado II um litro de kerozene pacote de phosphoras. uma lata de sardinhas . » pequena. barra de sabão amarello libra de fumo (em rolo) Il Il I) Il Il Il li Il 4$000 28 $ 000 3 $ 800 3$000 6$000 l) II )1 8$000 24 $ 000 8$000 5 $000 4$coO 6$000 3$000 3$500 T2$000 Carabina Winchester (rifle). 300$OCO Cento de balas para rifle 100 $ 000 Terçado com bainha. 35$coo » mais inferior sem cabo. 2 G $ 000 Machado grande sem cabo 26$ ~;oo » para cortar seringa TO$OCO U m pr;Jtn de ag;¡tha com colher de chumbo 4 $ oco Uma tijcla de a~;¡tha corn O,l~ de diD.metre: 4$:JCO U m lampcão de vidro protq.;ido (pnClrol). 3S$ooc Uma vela cslcar:na . T $ ~;oo I) ~Jm l.Cld-imbo Oïdinarjo dm vidro de pillulas panãs) . csanophclicas 7 ·~h():) (cara 10 $ coa 86 Um vidro de pilulas de Bristol. » balsamo phil. . divino . elixir de J'\ogueira. t ¡ma capsula de quinino ordinario. )¡ ») l) » )¡ l) )) I) ljm )¡ I) .) ,) I) terno de g-anga azul ri scad o inferior. par de chinellos. meIas para homem mulher bonet ordinario ), )) Il )) I) Il I) Il 8$000 12$Coo .20$000 24 $ 000 1$000 30$000 40$000 I 8 $ 000 10$080 I5 $ 000 1.')$000 Facilmente se verifica a impossihilidadc dl' conseguir que a renda sobrepuje a despesa emquanto a situação fÔr essa, mesmo que o trabalhador atting-indo ao maximo de producção, ::-edllza ao minimo () consumo no barracão, auxiliando él sua manutenção com ;] caça e a pesca ou com os productos da pequena lavoura que plantar. Pódc-se dizer em these que em taes condições de dispendio só (~ possivel o equilibrio quando o preço da borracha fina atting-e a 6$000 por kilog-ramma. Accrescentc-se el. tudo isto a possibilidade das molestias em zona onde excepcionalmente se encontra um homem sadio (' tenha-se em mira que, rccolhldo por doente an barracão, assume o sering-ueiro o compromisso de indemnizar o patrão de 4$000 diarios pela comida que recebe, e terdse-á mCl.is um motivo de piedade para com esses brasileiros sacrificados por c:rucl 87 sorte, a maior parte arrastada até ahi ou pela ambição propria ou sob a influcncia de falIazes promessas. N ada porém valeria tão ang-ustiosos compromissos se não fôra o reg-ímen de feudalismo modernizado, tangenciando os dominios da escravidão do branco. Onde a liberdade tão amplamente garantida pela Constituição Brasileira? A situa~'ão ahi t'- de t.al natureza que dir·se-ia termos viajado por um paiz ;í. parte, onde se fala a mesma lingua! Apartados do mundo, segregados da sociedade, explorados por todas as fôrmas, entre as quaes abundam as mais requintadas modalidades da fraude, se,agindo de bôa fé ou sob os guantes da molestia que am('a(~a devorar-lhe a vida, quizer () seringueiro (( baixar)) (retirar-se aguas abaixo, por essas estradas liquidas que constitl1~m as unicas vias de communic;H;ão) esse direito é-lhe vedado com a arrog-ancia c a insolencia de qucm pune um crimin oso. A compressão é exercida de tal maneira que, ao destilar com permissão de « haixar )) él meia duzia de doentes, cujo estado de saudc indica a proxima libertação das ag-ruras mundanas, outros menos doentes ou sãos mesmo, exprimem desejos de attingir áquclle gr,í.o de imprestabilidadc, comtanto que se lhes permitta a faculdade de abandonar aqueIles sitios! Revoltado ('om tão profunda anumalia, Julgo necessario rcfcril-a, por mais estreito que seja o circulo que me lê c por menos valioso que seja o meu testemunho pessoal, mais como um appe110 á vossa alma bem formada para que pug-neis por uma 88 solução que vise libertar os nossos patnclos de tão revoltante especulação, apontando o novo rumo que deva substituir a orientação actu~.}, remodelando os processos, por outros q IlC p2rmittam o desenvolvimento da industria extractiva com a applicação de meios legaes e sobretudo humanitarios. CAPITULO X Conclusão Eis Sr. Coronel o que vos tinha a dizer relativamente aos trabalhos de que fui incumbido junto á expedição, assim como ás observações suggeridas durante a execução dos mesmos. Tenho a consciencia de haver procurado cumprir com o meu dever, dedicando-me sinceramente c na altura das minhas forças par2, com minima parcella embora, prestélr o meu concurso ao extraordinario exito que obteve a expedição sob vossa chefia de facto. Apresentando-vos pois () meu relataria espero que de sua leitura guardcis a impressão do quanto procurei fielmcnt~ interpretar as vossas ordens e corresponder á confi;lI1ça com que fui indicado para os cargos CJ lie exerci CarlO aj Uilém te e secretario. RiodeJanciro,.) dl~JlInhoùc T914. SUPPLEMENTO Kilometra Cincoenta, N. 1 em 25 de Janeiro de 1914. Caro Chefe e antigo Sr. Coronel Rondo/l. Ignoro se esta vos será por mim remcttida de Aldeia Queimada, onde sei que até hoje está o Tenente Lauriodó, ou se a deixarei em mucna. Sendo mais provavcl esta segunda hypothese, desde já desobrigo-me do dever de elucidar vos sobre a retirada dos companheiros que do salto da Felici·· dade não quizeram mais proseguir commigo- --prinei palmente para salvaguardar a minha rcsponsabili. claùe no pesado encargo que me confiastes. Bati-me dogmaticamcnte contra semelhante resolução, julgando que seria sempre poss~vcl com algum sacrificio, que na nossa situa\,ão não devia ser medido e pesado, levar él termo a incumbencia que nos foi disdibuida ;tO orgélnizar-sc a 2." turlTla da Expcc1i('ão em --'anira!)oan . Os proprios companheiros podem atLestar qllc d.esde o inicio da minha march;! decl~re¡ muitas vezes que tudo sC' deveria sdcriF.car meros () trans .porie do que fOSSt' necessario á execução (:os serviços que comp~oti;1m a cada um de D(lS, r.;lrélctr.ri zando bem, espcci;-¡lmente em reLação ao 110SS0 J •• J 1'1 90 companheiro Reis, que absolutamente não deveria pensar siquer em substituir « films » por conservas alimenticias e reveladores por doces e aveias, e que os animacs necessario s ao serviço de cada um eram sagrados. Neste sentido a primeira reducção feita attingiu logo os caixões de especialidades da confeitaria Colombo, com alguns protestos, embora muito humildemente tenha eu me conduzido como chefe, tentando justificar a resolução tomada e procurando amenizar o primeiro golpe. Reduzida pois a nossa r.arga, a insistencias do Reis deixei-o o:-ganizar uns caixões especiaes onde elle reunia algumas parcellas retiradas dos caixões Colombo que sem protesto deixavam arrancar do seu seio alg:uns de seus mais dilectos filhos ... A' proporção, por<.'>m,que iam sendo fechados os (( espcciaes do Reis », marcava-os eu com uma cruz fatidica que significava bem a minha intenção de relegal-os á cauda das nossas necessidades, recommendando ao Tenente Mello que não deixasse passar o « contrabando » senão depois de ter seguido él carga mais essencial. Apesar de não ter animaes sufficientcs mesmo para estas cargas que seriam a garantia da nossa marcha, não deixei carga alguma em Tapirapoan, inclusive os caixotes « crucificados », fazendo conduzir pela carroça o que havia restado depois de carreg-ada a tropa ande inclui tres (( voluntarios L. T. » que perambulavam pela cabeceira do Guanandy e pelo Barreirinha. um dos quaes era um burro preto que havia sido entregue pelo Lauriodó ou Mascarenhas ao João Hospicio aJ1m de leval-o para a invernada, o que convem communicardes a 91 esses dous companheiros afim de salvar a rcsponsa bilidade daquelle empregado. Relacionei tudo que ficou em Tapirapoan c dcixei com o brigada copia da relação que fica em meu poder; tudo deverá ser mandado para o Salto com auxil io das carroças, conforme ordenastes. Com insistencia grande e arremedando tanto quanto possivcl o vosso systema personalissimo, consegui partir no dia em que ordenastes, de Tapi rapoan, mas a ultima tropa despachei pouco depois das 6 horas e 30 minutos pm. (! ?). Não preciso descrever-vos o que aconteceu nessa memoravel » noite, bastando alguns detalhes para que a vossa experiencia permitta á imaginação reproduzir com exactidão todo o quadro. Um lote de burros attingiu o termo da marcha chegando tarde ao Salto c per m;inecencio na margem esquerda, outro espalhou-se completamente na sahida da mata; o r. lote de bois atting-iu mancamente Barreirinho onde chegou o 2." á noite l' parou; finalmente, um lote de burros parou ~ acampou por minha ordem em pleno cerrado, com falta de dous blJrros e com outro burro sem cargas, nem cangalha, nem nada, de tudo o que despiu-se Ú custa de corcovos. Foi uma ({debacle» comparavel á retirada de Mukdem, faltando apenas o bom general aqui. Na madrugada do dia seguinte eu e o Tenente Mello, reunindo os destroços da batalha, marchámos sobre o Salto da Felicidade, onde acantonámos ás S horas pm. com tudo que havia ficado para trás, excepto 4 cargueiros com mantimentos que desappareceram e em cujo encalço deixei um campeador, sem esperança alguma de C'llcontral-o porque o Il O 92 arrieiro e mais dous tocadores já « bateram campo atrás delles, em vão. Morreu tambem um boi suppõem que de mordedura de cobra e outro escapou-se atravessando o Sepotuba sendo aquelle cargueiro e este adéstro. Ao entrarmos, satisfeitos de ter cumprido o nosso dever, no rancho em que estavam os demais companheiros, ás 5 horas da tarde, nós sem almoçar nem jantar, encetei a discussão do problema da retirada dos companheiros c tive a franqueza de dizerlhes que era fóra de tempo a razão allegada quanto él separação das turmas porque esse protestn sÓ seria opportuno em Tapirapoan; que seria de pessimo cHeito moral semelhante regresso; que da pécha de fraqueza nenhum se livraria; que os serviços de botanica e zoologia não sendo dispensaveis e sendo muito justamente desejados por vós, poderiam entretanto, como os de cinematographia, deixar de existir sem comprometter o exito da travessia, mas que me competia protestar contra o procedimento do Dr. Soledade que assumira e acceitara a responsabilidade de prestar serviços clinicos á turma que agora abandonava na primeira marcha do sertão; que elle Soledade podia retirar-se :< porque eu não tinha meios de impedil-o mas que o fazia com o meu solemne protesto em face da responsabilidade que me atirava aos hombros, não em relação él mim e aos companheiros, que r1ispensaV<llT'osessa assistencia, porque podiamos f()zel-o qmnto ás nossa~ pessûas, !T'as nunca pcrmittil-o qUémdo se trélt;JSSr dos soldado~! Declarando·nos él mim e ao Mello. o Dr. Soledade, que sentia muito deixar él turma assim, mais por nós, porque muito nos apreciava, Il; Il 93 respondi-lhe que se isso fosse a verdade clIc seguiria comnosco. Apesar de tudo o Dr. Solèdade terminou por dizer, emquanto os demais aguardavam vossa resposta, que de qualquer maneira voltaria, dali, quer fosse ou não dada a sua demissão. Chamei tambem a attenção delles para o facto de que o desastre da retirada iria, além de magoarvos, reflectir-se na vossa pessoa que era afinal quem tinha organizado tudo, o que lhes dizia por ver que se faziam elogiosas referencias no abaixo assignado que vos enviaram, deixando transparecer até certa veneração. Lembrei ainda que o desastre da pnmeIra marcha não se reproduziria e que ao contrario da espectativa má que imaginavam, tudo melhoraria dali por diante, principalmente quanto aos animaes que não se conduziriam com a mesma indisciplina. Finalmente assegurei por todos os meios a pJssibilidade de chegarmos ao fim da jornada, accentuando que cada um sabia bem o que devia fazer e era responsavc1 por seus actos, mas que me c')mpet"a a franqueza de dizer-lhes que não achava razão alguma nessa retirada. E imaginae agora se elles soubessem que para proseguir eu havia combinado com o Mello a reducção da tabella de generas (!) e que iria devolver minha bagagem toda, excepção apenas de um sacco de roupa; que o Mello iria fazer o mesmo, etc., etc. Julgo assim que deante do que exponho aqui, far-me-eis a justiça de acreditar que procurei corresponder á vossa confiança e procurei a~ir de accorda com as vossas ordens, tendo a consciencia t~anquilla se assim fôr, embora certo de que muita gente ha de 94 suppôr que me deve caber a responsabilidade deste fracasso. - - Peço apresen tardes nossas saudações i I.~ turma, especialmente' Com amigo, . lmilcar grande ao Lyra. consideração camarada, subordinadu ,Ifagal//ãcs. e estima, vossu (" :-.dmirador . SUPPLEMENTO Salto da Felicidade, ( OWI/f'Í (am/ido N. 2 23 de Janeiro de lCJ14· :11a,ial/o ria .",llz'a N OIU/OII. Os membros da Commissào abaixo assignada por vÓs indicados para acompanhar a Expedição Scientifica Roosevelt-Rondon atravez do sertão do Estado de :Vlatto-Crosso vem, com pesar vos communicar por mcio desla exposição que não desejam proseguir nessa viagem por mais que ella lhes parc'\,él honrosa e possa dar satisfação ao distinctCJ chefe que a dirige pelos motivos que passam él exptJr. Sendo convidados na Capital Federal par;} acompanhar él mesma Expedição foram de accorda com él vossa ordem do dia n. 2 dispensados daquellc encargo constituindo llma 2: expedic:ão Clljo fim seria. de accorda com a mesma ordem do dia a faci· [idade da locomoção por pequenCJs grupos. Apesar de tncm deixado em Tapirapoan parte dos manti mentos c bagagens indispensavcis :1 subsistencia da mesma Commissão Brasileira em zona absolutamente sem recursos, nem assim lograram obter tropa capaz de transportar estas já reduzidas cargas ao primeiro pouso, deixando portanto transparccer logo no primeiro dia da marcha a impossibilidade de SB chegarem sem a espectativa de difficuldades insuperaveis, ao ponto por vós indicado. Por isto, os membros da Commissão Brasileira, abaixo assignada, considerando que para desempenharem as suas differcntes especialidades precisam ser amparados de todos os indispcnsaveis recursos, quer de subsistencia, quer de locomoção; considerando que atravessam um dos sertões mais aridos do Brasil, ao mesmo tempo em que segue parallelamente uma commissão estrangeira melhor constituida de tropas e recursos; considerando por fim que, não ficaria bem ao Brasil qualquer desastre á Commissão, o qual traria interpretações desairosas á mesma, vem em conjuncto pedir as suas exonerações dos cargos que occupam, julgando assim que concorrerão para o desempenho dos serviços affectas aos companheiros que continuam na mesma Commissão Brasileira, esperando vossas providencias para que possam regressar e serem apresentados ás suas respectivas repartições no Río de J aneÍro. (assignados): F ernando Soledade, 2.° Tenente; Luiz Thomaz Reis, Arnalda Blake de Sant'Anna e F_ C. Hoehne. SUPPLEMENTO N. 3 Ilelação do pessoal superior e alterações durante a marcha FUNCÇÃO NOME Chefe OBS¡':RV \ÇÕF.S Capitão de Engenharia Ami/car Armando Botelho de Magalhães No ~uas eXerCIC!O Je fl1ncçèp!;. d('sele T apirapoan. fez Ioda a travessia do sertão até Commandante do contin. 2." Tenenle Joaquim Manoel Vieira de Mello Filho g{"nt~. Taxidermista Henrique Naturalista. Léa E. Reinisch Miller . Manáos. Idem. ¡Lem. Id,,'Tl. idem. Ullico mcmlnu da Co~n·71i$s.i(, Am('ri_ cana; fel: paríc da lutma desde 272914 até recolher-se a Ma .. n6os, Ceologo !Jr. Euzchio Rotanic:o Frederico Pau/o d,· Oliv,.;ta. Membro da Cum .. missão !hasilf'ira. idcm. idcm. Carlos Hoehne E,,, Salto onde T nxidermista Medico (' .d(· o ol'~t.\t' ~xoncraçiio a 24·1·<) i4 . Arnaldo civii. Cr. Cincmn~ogra- "~is:a e desenhista. I'xncicio d.) ccliciclu,Je. pl·(lj{I BIBlee d" Sant'An"" Fernando 2." Tencn,,, Soledadc . ¡.1·i7 Thomaz Reis. . Idem. idcm. Idem. idem. Ide ..,. id"" •. I ADOIIJOS AgriIr.<:Bsor. Joaquim Vdlac1üo Herta Consetvou-se addi. do até recolhf"r_~.c ao Pharmaceu,ico Jt,'é Sont'Anna p'ra.1CO. Inspector do, Tclcgl3phos. Ju;io ele Deus e Silva ¡;,campameIl,O da Commiss,io de Linhas Telegraphicas em começo d" Março de 1914. Idem, idem. Idem. idcm conduzindo dl.rante a marcha SUa mulher e um /ilho de pel~o. I:: SUPPLEMENTO N. 4 ~elação do pessoal de que se compunha o contingente da 2. turma li GRADUAÇÃO NOMES 2." SarRento OBSERVAÇÕES José Benedicto Antonio de Campos . Alves Rodrigues. 3. Sargento 0 I 2 Joaquim 2 3 4 5 6 3 Luiz Satyro da Silva Tertuliano Domingos. André Alves Cabral Antonio José Correa de Sant' Anna 7 ~aquim Cassiano da Silva 8 . anoel Ricardo Dias 9 Francisco Catharina 10 Manoel Julio de Lima Anspeçada. Corneteira. Solclado. II João Pedra 13 Gregoriano 4 5, 6 Alcides de Mo- Regressou de C. Novos para o Juhina. Desceu o Duvida em 27 de Fevereiro de 1914. do Nascimento 12 João Felippe do Nascimento Regressou de C. Novos para o Juhina. 7 raes Vùlunt." reg,"1 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Bernardino Pereira Julião Juviniano Domingos Bastos Silvestre da Paixão Manoel Felix Correa F emando d•• Salles Borges Elpidio Francisco de Faria João Francisco dos Santos Olavo Rosario Leite Romão Glycerio Guima;ãe~ Henrique da Costa ... Abilio José dos Santos .. Wenœslau Roberlo Pereira João Victor Antonio Pereira da Silva. Henrique Barbosa de Faria Waldevino Palhares João Nunes. 31 Benedicto Bento 8' 91 10 " 12 13 14 15 16 OeSCl'1I vida. Passou () fiO nu- para 2." turma em Campo:; Novos até onde vt.'io com a tropa do no 3. o Sargento NOTA. -. . 32 ¡oão T orraca da Duvida. Addido desd.· 24 de Fevereiro até recolher-s •• ao acampamento da Commissão de L. T cle¡¡raphicas em Março de 1914. A nllm•.ra':ão á dir •.ita incli<a o effe<livo ao partir de Tapiraponn SUPPLEMENTO Relação do pessoal acompanhou N. 5 da tropa de bois que a 2." turma da Expedição I DE. ~~DI: 1\1! r;OMES CRACL:¡\!.Õ~.s Arriciro. Pedro 2 Ajudante Joaquim Ernesto 3 T uc"dor Antonio Alves Augusto 4 Pedro Cavalcante 5 João da de OBSERV AÇÕ¡:S Figueiredo. (a) de Figueiredo. (d) (b) (a) (a) Crul. 6 Antonio Simplicio da Silva 7 Jacintho Roque 8 Fidelis 9 (a) (b) José de Campos Antonio (d) Francisco de Oliveira. (a) 10 José da Rocha Campista (a) \1 Sebastião (a) Monge da Silva. a) Regressaram de Barão de Mclgaço para /icar em Campos Novos. bl Rcgre,saram de Barão de Mclgaço d) Desceram o rio da Duvida. para /icar em Tres BAj\:~',~ ,) 6IBLI(;i~- i'. II.) 1,.', ~[I)ll_'¡ ~(A ~ ·.J(if ¡ t.RANGO CA T ALOGACION Buritys. SUPPLEMENTO N. 6 R.elação do pessoal da tropa de muares que acompanhou a 2.n turma N.' ["lE f.R.\T)U\ÇÕr.s! IArrieiTO. OBSERVAÇÕES l'O~lt:S ORDI'M De,ceu João da Cru,. Gomes o Gy-Pa., raná. Z IT ocador Jo,~ Antonio Regressou a Z7 de. Fevereiro de 1914. Marques. I 3 . José Santos I Regre£sou a I de : Março de 1914 de Barão de Melgaço. Pereira. 4 Antonio Malheus Pereira ') Barnabé Avalo 6 . i !\1elchi.des 7 Manoel 8 Anselmo Pedroso 9 Marciano José do, 10 '1 Bernardino Alves Regressou a 22 de F ev'~reiro de 1914 df' 'Jos~ Bonifacio. I Regressou a 22 de ,Fevereiro de 1914. Alves Pedro . de de Souza. Regressou a 22 de Fevereiro de 1914. Sigueira. Despedido em 26 de Janeiro de 1914. do Amaral Regressou do Papag.io em 22 de Janeiro de 1914. Santos Ficou em Tres Buritys. Varanda I . Ficou em Tres Bu- , Blys. SUPPLEMENTO «elação N. 7 do pessoal que acompanhou de bois do rio da Duvida a tropa i nI'. ~ ORPB1: ~.ll C .\RGOS Arrieiro I'ClSTO volun!." rq. NO:.!ES ni ' José lzidoro da Silva. 2 AjuJan:c , Luiz Correa. 3 Vaqueiro I Francelino 4 Manoel S Francisco 6 Honorato Placido da Silva. Chena. Albino Cavanha. 7 Manoel Ribeiro 8 , Antonio 9 i João 10 I I do Nascimento. Vogado. Bernardo , Carlos AvcnJana. de Carvalho. Palha. II Manoel 12 Benedicto Pedro do Nascimento. Bento da Sil\"a. II SUPPLEMENTO Expedição Scientifica CARGA H,eccbidos N. 8 Rooseve1t=Rondon DE A\'I1\IAI':S DA t~m Tapirap\)an l." TC'R1\L\ : .:Ú; muarf'S de muntaria. ï célvallos de montaria. S4 muares de cang-alha. I<cl'cbidos no Salto da Felicidade: :2 muares de cang-alha. Rccebidos no Kilomctro Cincocnta: .? muares de cang-alha. Re('ebidos em Utiarit\,.: :2 muarcs de cangalha. Reccbidos t:m Campos N ovos: :2 muares de sella. :2 cavallos de sella. Rcccbidos em Tres Burit\'s: 8 muares de cangalha. ,¡ rr;; Somma. DESCARGA Sumido Frouxo Dcixad » em Salto. em rio Burit\". (J cm U tuarity. »» Sacre. lOB Frouxo em ribeirão Primavera. » Nhambiquaras. » » Aldeia 20 de Setembro .2 Frouxos em Guariroba. Tendal. 2 Macacos. Formiga. :2 Perdidos em Primavera. 2 Frouxos em l\1orrinho do LHa. » » Utiarity 3 T I) 4 4 4 l) li ¡¡ li )) I) )) )) Ikê. Tres Buritvs. Grillos. » » Buracão. l\ ) Mutum-Cavallo. » Cachorro. Sapczal. ») » Amarante. Nicolau Bueno. Campos Novos. Vilhena. Deixados em Tres Buritys. Regressaram do rio da Duvida. Cavallos : » » » » l) f 2 28 2 li I) )¡ J) I) l) li J) Frouxos em Utiarity. Frouxo em Nhambiquaras. Vilhena. :1 Frouxos em Tres Ruritys. 2 R('gTcssaram do rio da Duvida. li ] I S ~omma. li . SUPPLEMENTO Expedição Scientifica (',\He:\ N, 9 Rooseve!t=Rondon lll-: :\:\\?I1.•••• r:S DA 2." TU!{:\IA .:;_~.boi s ('a(!~-uciros r('('ebid os cm Ta pirapoan para conduzir ('arga do rio da Duvida. :! ,) bois carguciros, idem, idem, para acompanhar a 2." turma. bois adestro, sendo () de corte, () dl' carro para can~~;\1ha, mas ainda chucros. célv"Jio madrinha . .,,\,1 mua,'cs (';¡n~'IJ('iros e de sella recebidos I; - , a pif' a poan. da \ '-opa do Tenente :11Uares dos t'm Campos Novos. ,) íi1uares para montaria ('()utinbo recebidos I' .l cm H'(,l'hi cm Tn:s :1uritys. I muar i.~ I enl'ul1trado na narrinha. Cralhão. bois rc('cbidos em Campos Novos, sendo g dé! invnn;:da (' 4- d;] tmpél do Cownd Rondon iTIlIar cn('ufltra¡]o (l." turma). o bois cargueiros 110 r('('('Lidos na f<venda ;iuritys. ,1 muares 1 SX Somma. comprados em VI3.\[em. de Tres 110 DESCARGA 45 muares que afrouxaram em viagem [ cavallo madrinha idem. ï muares perdidos durante a viagem. 13 bois cargueiros deixados em Tres Buritys por ¡m prestaveis. 12 bois de corte abatidos em viagem. I boi cargueiro morto por mordedura de cobra. 3 Jjois cargueiros que afrouxaram em viagem. 2 bois cargueiros perdidos em Ribeirão das Aldeias. I hoi cargueiro morto por mim em Barão de MeIgaço por estar pesteado. 1 boi cargueiro de'ixado doente em Barão de Melg:aço. 4 T bois cargueiros que voltaram de Ba:-ão de 1\1elga~'o com o Sr. Pedra Augusto de Figueiredo. It) muares que regressaram de Sete de Setembro e Barão de lVIe1gaço. 22 ¡)(Jis, UIlS que' reprcssaram com o J()S(~ Tzidoro cie Sete de Setemhro l' outros que o inspector João de Deus abateu para alimentação do pessoal por estarem em milS condições de fazer VIagem. 20 bois deixados Tzidow. I gR Somma. em Tres Burit\'s pelo Jose SUPPLEMENTO Aldeia ¡JJrlf Queimada, N. 10 24 de Janeiro de 19 I 4· ('aro .Jmitcar. Salto da Felicidade, Acabo de receber, com profundo pezar, um abaixo assig-nado, dos nossos companheiros da Expedição Dr. Soledade, Tenente Reis e botanico Hoehne com seus auxiliares. Satisfazendo o pedido desses companheiros eu te pe<~o de transmittir-Ihes o meu assentimento, a que sou forçado pela má vontade com qlW elles se manifestam em nos auxiliar, fazendo excepção do botanico Hoehne, que mais de lima vez deu prova dt~ corag-em e de boa vontade de trabalhar. A este fiz uma proposta no sentido cil' aproveitar os seus serviços no Papag-aio e no rio do Sangne. Si dle não acceilar d('ved. sq2:uir '-om os demais demissionarios para Caceres, correndo todas as d('s!)('zas de volta por conta dos respectivos Ministerios a que pertencem, porque nada mais terão com () Ministerio do Exterior desde esta data 24, Pc<;o-te proscguires com o Tenente Mclln trazendo et org'aniza<;,:ão da tropa como estava. A bagagem desses companheiros seguirá para Tapirapoan nllma carroça e elles irão em outras por- 112 que a té essas não temos animaes para clics irem montados hL Mande o sarg-ento carro(;:as venham, lzaac isto providenciar para quc (\ esse sarg-ento dcsi- "~nará uma pra\'a para levar o tell bilhete ao Brigada, ord en ando a este en viar d (¡as carro(:as para ar¡ ueUes tins. Elles poderão, se tjuizcrem. mandar vir de Tapirapoan. Cl1l'(JI1trem. animaes para a SU;1 m'lIltaria. ¡(l'commende-me ao !1OSso amig-o Mello c [('('cha um nwu abraco, e outro caso 1;( (' ('amarada do LYra, . de agTadf'cimento pela solidari(~clade que nos '.·otou em tão triste ('n1Crg'c!1cia. ('Il]TI ('arinho (' muita ami/ack amJ~'O devotado (assig-nado) NO.'Ir!o/l. P. S. I>('V) ac('('lerates aqui tlldo que não pr('("i~;lrcs. Ilra essa ('ar,Q'a para l'1\". a marcha O ;ll1tomo\cl (Assi,Q'nado) dcixando conclll Rd, SUPPLEMENTO N. II Marcha do contingente que acompanhou a 2.u turma I I i I I MEZES I DIAS I 22 23 24 - 25-: 2b I 28 29 30 31 13 lb I o ~;¡ {II 17 18 19 20 22 22 27 28 T apirapoan (partida) Salto da Felicidade Kilometra Cincoenla Aldeia Queimada Rio Verde . O Act. ,Rio Burity . ,Cabeceira Agua Acp. I I 24 2 3 27 30 n. Quente /' Cabeceira Mutum . Barracão do Juquinha ,Barrinha .... I Carrego Gralhão . . Ribeirão das Aldeias Estação de Juruena ,Rio Formiga .. Carrego Urutáo . Carrego Primavera . Chimarrão . I Estação de Nhambiquaras . ¡¡nvern.da de Campos Novos. Espirro . Estação de Vilhena . Cabeceira do Joaquim Pareci I Ribeirão Nicolau Bueno . I Fazenda dos Tres Buritys . Estação José Bonifacio .. I Cabeceira Sete de Setembro . I Cabeceira DT. Stieglmayr I Curva . ! Estação n. » » I IlIiô-Sê ... Lagôa Secca . I Rio Papagaio 27 I 2 3 4 5 7 8 9 II 12 pausas i . I I 18 2 3 4 5 6 30 24 15 21 27 7 30 8 21 9 , 24 :i 10 I 26 II ' 24 » » 12 24 13 14 21 13 15 20 lb 27 4 24 Acp. n. 17 Acp. n. 18 21 17, 28 » 19 24 l) 20 II. l) 21 » » 22 23 IS,7 10, l) 24 Act. Act. Barão de Melgaço n. n. 5 »25 19 24,883 lb : Distancia total percorrida. marcha a pé 66Ikm.483m• entre os pontos extremos em trinta dias de l~ SUPPLEMENTO Anso URGE:\T£ DE CUYAI3i\ N. 12 524 8 dc Fevereiro Capilão de I<) I 4. //lIlilcar. J urllcna. Scientc I 18 c 120. De J lIrllcna para] osé Bonifacio o peior trecho e que exig-e mais trabalho é de Amarante a José Bonifacio especialmente cstivado Festa da Bandeira. Estivados de Jurllena a Nhambiqllaras tambem devem precisar concerto como melhor te informarÚ tenente Marino. De J os~ Bonifacio a I1arão de Md,~-a\o tambem estivados máos, faço os mais ardentes votos pela tua saude e felicidade, A braços (Assig-nado) aff cctuosos. Ilflio. chefe do clistricto da cO!lser\-;l\'ào. 116 Juruena, '/" {'¡U'l/t :\ v. n. 6-Fevereiro r / ulio Carl de 1914. Il l/O. 12O U racnte b Cuyabá. Lagôa Secca, 28 de Janeiro de 1914. Em marcha para J uruena de onde cnviar-te-ei este, peço-te informares com urgencia quacs os pontos mais necessarios concertos estrada linha J uruena-- J osé Bonifacio. Estou incumbido destacamento Tenente Mello preparar estrada passará Coronel Roosevelt, mas levo tropa pcssimas condições obrigado deixar generos atrás, preciso apressar minha marcha, por isso informarás o que indispcnsavel concertar. (Assignado) -- .-[milcar. SUPPLEMENTO Ansa !lE BARÃO DE MELGAÇO N. 13 4 ï de Fevereiro de It) 14. Sr. CaPitão Amilcar. J uruena. Ifa dias vIm de Nhambiquaras, dessa viag-crr: observei o seguinte: Picada acha-se maior parte roçada havendo trechos sujos como seja de Guanand)' ao Espirro, do Ribeirão Amarante ao Lyra, dos 3 Buritys a José Bonifacio, igualmente daqui ao Acampamento do Formigueiro tudo isso ainda muito sujo. Quanto ás pontes e estivados encontrei quasi todos em pessimo estado; acham-se diversas turmi· nhas, apurando esses serviços entretanto creiu se já não concluiram é devido á insufficiencia pessoal nas secções. São estas as minhas informa\~ões apelar nãc estar nas minhas attrihuiçÔcs esses serviços. Rp. 12I/6 (Assig-nado) Saudações. Adrli/lo, cncarreg-ado da esta<:ão. 118 J uruena, 6 de F cve:"ciro de I <) I4· .-\v. n. 121-13 {J rgcnte. Encarrcg-ado da Estação de Barão de Melgaço_ Afim de cumprir ordens Sr. (:orond R(Jndo!1, prcciso me informeis o estado em que ~e acha estrada da linha cujo trecho conservação compete estação vosso cargo visto que por ahi dever;í transitar Sr. Coronel Rondon e sua comitiva aCilmpanhado tropa mais ou mcnos cento c vinte cargueiros. Saudações cordiacs. (Assig-nado) Capilão _IllIi¿'-ar .11agal/aîr's. Ajudante Commissão. SUPPLEl\1ENTO Anso Dr: NHA~IHIQC:\RAS N. 14 23. ï de Fevereiro ("apilão cie I <) I 4. .lllli/mr. r • .Illrtll'na. Sciente vossu 12 I. O trecho pertencente ;¡ esta esta~'ão cstél intransitavel devido o cstivado do Camararé grande que está desfeito e diversos lugarcs que tcm atoledos il picada milito estreita c com muitos tocos. (!\si'~·nad(») Encarregado .1 brrl!. 120 ]uruena, 6 de Fevereiro de 1914. Av. n. 121 Urgente. Encarreg-ado da Estação de Nhambiquaras. Afim cumprir ordens Sr. Coronel Rondon, preciso que me informeis o estado em que se acha estrada da linha cujo trecho conservação compete estação vosso cargo, visto que por ahi deverá transitar Sr. Coronel Rondon c sua comitiva acompanhados tropas mais ou menos cento e vinte cargueIros. Saudações. (Assig-nado) Capitão A ¡¡¡iLcar M aga111ãr's. Ajudante Commissão. SUPPLEMENTO A \'ISO N. 15 2 S. DE VrLlfEl\¡\ ï de Fevereiro Capitão de H) 14. •.lmilcar. J uruena. Rp. 12 I de hontem. Conserva\~ão estrada 4.' Scccção está a cargo do encarregado da mesma Sr. Pedroso. Porém apresso-me a informar que no caminho para José Bonifacio, os estivados estão podres difticultando passagem de animaes, caminho para Campos Novos tambem existem algumas pontes cahidas, porém serão concertadas antes passagem comitiva. (Assignado) Telcgraphísta ¡.ima. encarregado da estação. 122 J urucna, Av. n. de Fevereiro (l de I <J I4· A. J2[ LTr~·ent(:. Encarreg-ado da Estél(.:ão de \'ilhena. Afim cumprir ordens Sr. Coronel Rondon, preciso que me informeis o estado em qlle se acha estrada da linha cujo trecho conservação compete ('~t~;\ão vosso carg-o, visto que por ahí deverá tran,-:itar Sr. (:orone! Rondon c sua c()mitiva acompanhados trop3s mais ou menos cento e vinte ( ;¡rg-lIelros. Saudações. (Assignado) Capitão .1/11itcar Ajudante .J/ flgalllà{'s. Commíssão. SUPPLEMENTO ] muena, ,)·r. Corol/c{ N. 16 S de fevereiro de ¡<) /4, NOlllloll. l\'Icus mais respeitosos cumprimentos assim como dos demais membros da 2,n turma, todos us quat's pedimos apresentar nossos saudares illustres companheiros I." turma. Felizmente nosso grande susto chegar atrazados dissipou-se aqui. Seguimos hoje para o Formiga onde pretendo acampar. ('onforme verificareis por minhas cartas af1teriores minha situa\ão melindrosa, tropa em máu estado, o1>rig-ou-me levar daqui uma carreta e utilizar mcu scrvi\'o transpostc () hais de ('arro do Lulica flue seg'[H'm com os meus l)Ois de corte por vossa ordem, Sei que rccommendastes todo cuidado com esses l)(lis c que elles não se destinavam ao servi\,o da Expedição mas além da situação que já mnhecei~ até minha partida do Ribeirão das Aldeias, ainda fui obrigado él deixar lá mais cinco burros frouxos e dous bois perdidos com gente na « arribada )), Durante minha mar('ha afrouxaram, de Ribeirão para J muena, mais dous burros cujas cargas aqui chegaram em costas, Para meu serviço requisitei c espero levar daqui tres ma('hados c quatro b(,(-les pedidos ao Tcnente l\Iarino. 124 Peço-vos permissão lemorar-vos necessidade tclcgraphardes Rio soore dispensa pessoal Salto, afim serem dadas demissão Ministerio Exterior c fcitas alterações Malheiros, ao qual tambcm me parece necessario rem('tter relação todo pessoal que passe a vencer pela folha Expedição, segundo li cm aviso que Tenente Lauriodó mandou-me de Utiarity. Apresento finalmente votos feliz exito vossa tarefa difficit. Com muito respclto e admira<;'ão vosso subordinado amigo A lIlilcar A. f]. JI agalltãrs. SUPPLEMENTO Nhamhiquaras, N. 17 13 de Fevereiro de 1914· Carissilllo Lyra. De passagem por esta estação onde não acampo devido á falta de pasto para clTIimaes, deixo-te aqui este bilhete com a preoccupação enorme da forma pela qual fui obrigado a « alinhavar» esse precipiciu que se chama a ponte do rio Camararézinho. Para tranquillizar a minha consciencia peço-te teIegraphar-me Vilhena dizendo-me se tudo passou hem ali pois que limitei-me a concertar o essencial mas receio que a parte que julgamos salida tenha feito alguma « franceza ». Em um osso de Loi, por pre caução, deixei escripto um aviso - em máo português c pessimo francês - para que passassem os animaes puxados, tal a pouca confiança que me inspira él.parte que pareceu sol ida c a que, reconhecidamente compromcttida, não era tarda para o serviço da vanguarda que vou fazendo, obrigado él marchar conservando a frente, com os homens r-arregados de generas e malas com seus "trens» ... unto ao Commandante él quem expliquei isto ,ambem I1él carta que aqui deixo, pe(;o-te fazeres él ddeza que nos cabe de justiça, porque hem avalias como teriamos encontrado tudo pelo caminho. Desejando a tua saude c todas as felicidades que mereces envio-te os élbraços do Mello, no mesmo monte em que te mando os meus. Teu collega e admirador /1 milcar. J SUPPLEMENTO Nhambiq Av. n. uaras, N. 18 13 de Fevereiro de I C) q. 141 COlOIlr'! NOW/OIL. N ham hiq uaras. Participo-vos que requisitei e rt'ccbi no meu acampamento no correg-o Chimarrão um boi de corte dos que conduzia él tropa do JOS(~ [zidoro sob as vistas do inspector João de Deus. Proseg·uindo nas informações que vos hei prestado no correr de minha marcha, communico-vos ter ficado frouxa na esta<;·ão de J uruena uma besta de montaria com a marCél da Commissão L. T. tendo ficado no trajecto de .l urucna ao F ormig-a o cavalio-madrinha da tropa, um burro pello de rato escuro, uma mula grande vermelha e uma pampé1, todos os q uaes )wm ('m pello conseguiram vencer a distancia t'stre esses dous pontos. Dos tres burros cm cuja arribada deixei dous tocadores no carrego C;ralhão apenas, foi encontr"do um que veio juntar-se a nossa tropa; os dous ('ar.~·lIeiros que tinhé1m fugido no ribeirão das Aldeias tambem não foram encontrados pelos ('ampeadores que ali deixei para procuraI-os. J ()." 128 Afrouxou um boi caq;uelro que mandei soltar no corrego Roceiro, quando marchavamos de Ribeirão a Juruena. N a minha marcha do Urutáo ao Primavera afrouxou a besta do Chiquinho Mascarenhas que vinha já com cangalha dando serviço á Expedição desde Papagaio. Do Pimenta ao Chimarrão ficaram dous burros, um baio e outro branco, que mesmo em pella poucos metros andaram depois do 1.° carrego; em seguidél foram afrouxando mais quatro animaes carg-uciros, dos guaes um sÚ poude rhegar até o Chimarrão Dos It) burros rsprciar.\' que o Sr. Jura nos vendeu, resta na minha tropa apenas UJJl, tendo afrouxado I ï e perdendo-se um. Todos os bois de carro que comprei para cÓrte em Tapirapoan já estão sob cangalha, o que forçou-me a pedir um, para alimentação do meu pessoal, á tropa do João de Deus como já vos disse linhas atrás. Espero que seja passive! receber em Campos N ovos alguns bois para o consumo de minha turma. Como vêdes a nossa situação em relação a tropa é cada vez mais precaria, de modo que o nosso pessoal está sobrecarrcg-ado com as cargas qUè foi possivcl distribuir-lhes como (( d¡''>bros)) a accresrentar aos ( costados» dos SCllS respectivos sarcos de maIél. Estamos nos limites da estricção e antes que se rompa o equilibio espero que me mandeis soccorrer cm Campos N ovas. Dos 40 burros cargueiros com que partimos de Tapirapoan, restam-nos I S (quinze). E' quasi uma 129 reduc\ão Ú expressão mais simples ... Nas condj(,:ùc~ em que marcho, obrigado a fa7.er os homens carregar parte da nossa carga, com él necessid:lde combinada de conservar a vanguarda de uma turma em que vem o Coronel Rondon, espero que justificareis os remendos grosseiros que vou fazendo da estrada, por não ser possivel concertar melhor as pontes c cstivados por onde deve transitar o (:oroncl Roosevelt c sua comitiva. Só se visseis o estado em que os encontro poderieis avaliar Cjuanto nos temos esforçado para conseguir ao menos qUê liquem tr" I1sita veis esses dcstro(:os de obras eu j a ('onstfucçàc deveria ter consumido muita energia e muito trabalho. Tenente Mello, HOfta e Reinisch muito se vos recommendam como aos demais companheiros da J." turma, o que tambcm faz o vosso suhordinado amIgo e admiradof (Assignado) Amilcar !lIay,alllii('s. SUPPLEMENTO J uruena, I I N. 19 de Feverciro de 19 ¡ 4. Av. n. 134-A. Capitão Amilcar. Chegámos aqui na occasião em que partias. Ficámos satisfeitos pela energia das tuas marchas que assignalarão uma nova era exploração do grande sertão. Recebi tua carta e todos teus avisos me inteirando de tudo. Esclarecimentos sobre o procedimento dt'sleal e antipatriotico dos retirantes tclegraphei ao Ministro do Exterior pondo a par de' tudo, mesmo para evitar-te desgostos. O Coronel Roosevelt tclcgrapholl ao ministro taxando cie medrosos, desobedientes c insubordina dos os retirantes. Precisamos medir nossos recursos antes de chegarmos ao rio da Duvida. Convido-te péI'-a ISSO fazer um alto em Campos Novos lá nos esperar. Affertl10sas saudações. (Assignado). NrJ1lr!rJ//. SUPPLEMENTO Nhambiquaras, N. 20 13 de Fevereiro dl' ICJ[4. Av, n. 14.'). ('orO/l('! NO/ldOII. Nhambiqllaras. Tenho prazer de a('cusar vosso aviso n. 231 de ]o, transmi ttido de J lIrtll'na para esta estação por onde passei hoje ahm de acampar em ('ampos N oVos onde ha horn pasto para a nossa tropa. Darei vossas ordens ao arrieiro J oaq uim F ag-undcs t' procurarei verificar CI lie as cum pra. IInicanwntc o que m{' está preoccupando (> esperar· vos quando é œrto que, passado NhambiC]uaras, teria eu dOllS dias de avanço sobre vossa turma pois tereis provavelmente de demorar ao menos um aqui em Nhambiquaras ; e esses dous dias poderiam servir para eu ter tempo de concertar él ponte do « I 2 de Outubro) c, posteriormente a Vilhena, él do Festa da Bandeira ---- pontes muito cstrag-adas, conforme informações do Tenente nlio e dos cncarrcg-ados das estações, aos qual'S pedi noticias estradas trechos conservação da linha sob J 134 sua responsabilidade. Saio daqui para Campos N ovos reflectindo na possibilidade de comLinar o cumprimento dessa vossa ordem com o desejo de partir com toda pressa. Se em todo caso outra providencia vos uecorrer logo que aqui chegardes, peço-·vos mandai-a com urg-encia, a Campos N ovos, afim de poder eu seguir para a frente antes de vossa chegada ali. Com os cumprimentos dos demais companhci ros de minha turma, pede·-vos licença para abraçar vos com todo respeito e amizade vosso camarada, subordinado e amigo (Assignado) /lmilcar /1. B. 11agalhães. SUPPLEMENTO Jost- Bonifacio, ST. ('OTOll('1 22 N. 21 de Fevereiro de T914- NOJl{/oll. J osé Bonifacio. Tenente J ag-lIaribe a LJlIem pedi interessar-se credito pedistes officio Caceres telegrapha-me solicitando-vos tclegraphardes de José Bonifacio ao Sr. Ministro Exterior esse respeito afim poder tratar assumpto do conhecimento ministro. Aproveito ensejo lemhrar-vos conveniencia prevenir hypothese rio Duvida cahir Tapajoz, solicitando Sr. Ministro providencias, semelhantes ás q lie suscitastes relação Amazonas, quanto governador Estado Pad.. Partecipo-vos que entreguei em Tres Buritys ao Sr. Miguel Lucas Evangelista 13 burros frouxos da minha tropa sendo 10 a elle em pesstl;:t na fazenda, um que ficou em Nicoláu Bueno e dous que deixei no primeiro correg'o perto da fazenda, sendo um destes precisa ser tratado pisadura ¡omoo, COIlforme communiquei; tomei ali 3 animaes de montaria um Tenenk Mello, outro Horta, outro Rei nisch; ficou com meu consentimento em Tres Huritys o vaqueiro Bernardino Varandas que declarou me ter vindo para ahi ficar com o Sr. Franc·is('o Mascarenhas; deixo em José Bonifacio o tocadnr Antonio Matheus Pereira, a sel! pedido, por não 136 fazer falta ao servi<;o; pedi 10 bois cargueiros em Tres Iluritys porque li o aviso que passastes pedindo outi os 10 e pondo os ckmais Ú disposição do Tent'nk ('oulinho; como Sr. :\ligll(J não trouxe-os a tempo deixei Pedro Aug"usIO recehel-os e fazer madrugada in do akaIH;ar- me em ï de Setem bro. ('umprindo vossas ordens em aviso que hontem recebi em Tres Duritys fiz seguir João de Dcus qlle hontem mesmo levantou acampamento continuando viagem para Pimenta Bueno; com elle seguiram 3 regionaes que se recolherão depois ao acampamento geral Calixto ou Carlos Palha, Antonio Vogado c João Benedicto de Carvalho; levou ci le uma barraca que deve ser tamhem entregue no acampamento geral c quatro bois cargueiros para conducção de suas cargas e alimentação; fiz tambem st'guir afim recolher-se acampamento o Sr. Sant'Anna que leva uma barraca qlW deverá entreg-ar no acampamento e um boi cargueiro com sua bagagem. Salvo ordens em contrario, como declarei José Izidoro, julgando interpretar vossas ordens c satisfazer ás exigencias do serviço, mandei-o entregar ao Sr. 1\1igucl em 3 Buritys I:) bois de cangalha frouxos e muitos pisados, incapazes proseguir viagem, alguns dos quaes talvez não escapem talo estado de abatimento em que se encontram, permittindo a José I zidoro pÔr cangalha em 16 bois de carro que vinham com elle afim de poder conduzir as cargas para a frent('; conforme vossas ordens, entregou elle ao Sr. Miguel os restantes I I bois da boiada de carro que trazia, toda em muito boas condições; com O::i bois magros mandci que ficasse ü vaqueiro Sev(~ro Franco para delles tomar conta e tratar das pisadu- 137 ras e feridas; tomei um boi de corte em Tres Buritys para matula do pessoal de J osé Izidora; finalmente, apesar J osé Izidoro dizer-me Cjue o havieis designado para ficar em Tres Buritys ajudando campeiros c verificando eu que para isso não fazia clle falta, resolvi Cjue clle tomasse conta da tropa que era impossivel fazer seguir com o João de Deus (pela necessidade de aproveitar o curral afim de ensinar os bois de carro para servirem de cargueiros), determinando que elle hoje viesse o mais cedo possivel a J osé Bonifacio e amanhã se me apresentasse em Sete de Setembro. A necessidade de eu acampar nesse lagar e despachar o Tenente Mello para o rio da Duvida com a urgencia que o caso requeria levou-me a dar esta ultima ordem ao José Izidoro, ao mesmo tempo que o deixava para trás. Das cargas do rio da Duvida tres foram perdidas antes de José T zidoro tomar conta da tropa em Aldeia Queimada e quatro foram ali entregues para serem conduzidas pelos automoveis. Afim de com pletar a limpeza da picada a legua e meia daqui, ficam com o Sargento Satyro cinco foicciros do meu contingente, os quaes terminado esse serviço se recolherão ao meu acampamento em Sete de Setembro. Apresento-vos por fim os cumprimentos de todo o pessoal superior da 2.· turma aos illustres m('mbros da I. turma especialmente ao Sr. Coronel Roos('veIt por dever de gentileza e a vós como chefe e amigo que muito veneramos. n Vosso camarada, subordinado, amigo c admi- rador (Assig-nado) Amilcar A. BoletllO d{' ¡Jlagalhães. IN SUPPLEMENTO Acampamento Cabeceira 7 de Setembro, S'r. Corollrl N. 22 n. 22 da 23 de Fevereiro 2.' turma. dl' r 9 q. NO/{{/UIl, J osé Boni facio, Aproveitando a passagem do g-uarda tio Trindade que sc rccolhe a esse estação cumpro o dever de vos participar que o Tenente Vieira dr ::\1dlo acompanhado de um inferior c I J praças desde hoje começou o trahalho de que o incumbistC's no rio da Duvida. Ao chegar ali não encontrara o regional Henrique, mas este apparercu hoje á tarde conduzindo em sua tropa de 7 burros os seguintes gcncros : ~ sacras de sal, I barrica de assucar, 112 sacca de caf(:, I cai:--;a de feijão em vagens, 2 caixões de milho vrrck, I caixão de farinha de banana. 1 caixão com 30 Jatas de banha, , caixão com 25 latas de farinha Quaker, I ('aixa com 2 latas de assucar refinado, um cnl'apadu com ó g-arrafas de sueco de limão, 2 <:<lixõcs d(~ machados, 4 machados isolados - -- tudo \:onforme relação que mandou-me o Tcnente Mello, 140 Segundo informações que obtive uma das canôas é grande e bÔa, as demais pequenas. Combinei com o Mello fazel-as tripular verihcando a capacidade de cada uma, Jogo que elle termine o calafeto. Os generos a que me referi acima foram guardados pelo Tenente Mello no acampamento delle junto ao rio da Duvida c a tropa que os trouxe vein aqui para o meu acampamento afim de ser cn\:ostada com él minha, visto lá não haver pasto algum. Dos sete animacs o guarda Trindade conduzir<Í um para deixar ahi em José Bonifacio, pois lÇ um animal doente e incapaz de prestar serviço. Além das providencias que vos communiquei devo accrcscentar que mandei deixar em Tres Buritys 13 bois cargueiros da minha tropa os quaes não estavam em condições de proseguir viagem, reccbendo em troca 10 outros em bôas condições. Está acampado commigo a tropa do José Izidoro com todas as cargas do rio da Duvida, excepção de sete cujo destino já vos communiq\leí. Aguardo aqui a vossa chegada amanhã, tendo tido noticia de que deveis atting-ir hoje J osé Bonifacio. O regional Marciano José dos Santos, aliás uma creança, abandonou o serviço em Tres Burit)'s, ficando ali sem nada me communicar, baseando-se infantilmente na concessão que fiz de dispensar o Dutro (13ernardino Varandas) e illudiu o Pedra Augusto, quando informou-o de que cu autorizara sua permanencia nesse log-ar. Em relação ao servir,,:oque o Mello tcm a fazer nas canôas, devo adcantar-vos qUE',tendo só á tarde de hoje chegado ao rio da Duvida o Henrique, perdeu elle quasi todo o dia a procuraI-as em vão, 141 estandu afundadas as que deveria ter cnc(J11trado amarradas á ponte, segundo informa<;ões que me prestara o encarregado de J os(~ Bonifacio- - Aq u ino_ Não foram encontradas as canÔas que ainda estavam em terra. I<~mquanto procurava as canôas, tratou elk de preparar a uns 500 metros do rio, lIm acampamento para a turma do Duvida, vistCl haver obsn vado que o antigo acampamento ficava a meia leglla de distancia. Aqui tambem vou preparar lima aH'a pélra o vosso acampamento « vis-à-vis ao mell. Não viria fazer seguir amanhã as cargas do rio oa Duvida para lá? Aguardando vossas ordens sempre desejoso de bem cllmpril-as c apresentando respeitosas sallda\'Ôes él v/)s, ao Sr. Corond Roosevelt e demais mC'mhros da I: turma, assigno-m(' vosso suhordin<ldo, amig-o c admirador ('(ln- )l (Assignado) _-llllilear. SUPPLEMENTO N. 23 Qelação do pessoal que acompanhou a tropa do rio da Duvida e que foi aggregado á 2.n turma até o acampamento da Commissão NOMES CARGOS France1ino Vaquciro Manoel Francisco .I I I "I Honorato Placido Vol. Silva Chena Cavanha Manoel Riheiro do Nascimento. Vogado João Bernardo Carlos Avendana. da Alhino Antonio OBSERVAÇÕES ... de Carvalho Palha - Regional SUPPLEMENTO :Relação do pessoal N. 24 que acompanhou o contin~ente da La turma e que foi transferido para a 2." turma em 27 de Fevereiro de 1914 CRADUAÇÕE.S NO:\1E.S l." Sargento Lui, 2. o SlTgen:'o João Exaltação Caho Bezerra de Sant' Anna Guerra ; José Padre Euclydes I Anspeçada. Soldado João Filho . Alves Moreno Evangelista Alves da Silva' Pedro Alves de Macedo I Abilio Gomes I Benedicto Joaquim I Cruz Franco Ildefonso José Soares Pinheiro Chris.in:ano José Agripina Marinno ! da de Sant'Anna Pereira Waldemiro Corne:e;ro, dos Santos Lopes .Iosé Felizardo Region:>! OBSERVAÇÕES Manoel , André , Lopes Francisco Correa da Silva Marques Dias Anastacio de Alencar F erral. Araripe . SUPPLEMENTO N. 25 Barão de M<:lgaçn. _\v_ n. 17B. {¡rgente. / Jr. I.amo .1/ iilLf'!. Ministro Exterior - Rio. Participo V. Ex. chegada primeiro Março estação Barão de Melg-aço segunda turma Expcrlição Roosevelt-Rondon da qual fazem parte act1lalmenté' naturalista americano Leo Miller e membros da ('ommissão brasileira: Henriquc Reinisch, geologo Dr. Euzcbio Oliveira, Tenente Vieira de Mello commandante contigentc. Demoramos aqui tempo necessario preparos descida embarcaçõ~s rio Commemoração de Floriano e Gy-Paraná. ExpIa· ração rio Duvida iniciada dia '27 Fevereiro, descendo tres canôas e duas balsas Coronel Roosevelt, Coronel Rondon, Kermit Roosevelt, Capitão Medico Cajazcira, Tenente Lyra, naturalista Chcrric, além mais dezoito canociros conduzindo alimentação c bagag-('ns reduzidas mais ou menos duas toneladas. Estado sanitario ambas as turmas optim(J ao iniciar r<:spcctivos serviços. R<:speitosas saudações (Assignado) rapi/ão ,llllilcar Chefe '2. a MagaLhães. turma. SUPPLEMENTO N. 26 Barão de Melg-aço, r de Março de 7'f'1lrnfr H) £4. Aurr!iano Cmtfi1lho. Acampamento J araraca. Os companheiros da 2 a turma da Expedição Roosevelt, eu, Tenente Vieira de Mello, Dr. E uzebio de Oliveira, naturtlista americano Leo Miller, taxidermista da Commissão Brasileira Henrique Reinisch e agrimensor Joaquim Horta (addido que vai tomar conta do pique élhi) enviamos os nossos saudares aos que tão stoicamente se batem neste sertão pelo prog-resso de nosso Paiz. -- Aqui cheg-ámos hoje á tarde e ficámos muito surprehendidos de não encontrarmos os batelões e canôas que nos devem servir para os servi\~os de levantélmento do rio c transporte nosso ao Madeira pelo rio Gy-. Paraná. Mais ainda nos preoccupa esta falta porque estamos conduzindo um dos naturalistas americanos designado para o serviço zoologico no valle deste ultimo rio. O Sr. Coronel Rondon contava que aqui encontrassemos taes embarcações com os generos neccssarios á nossa descida até o Madeira e levando fm conta a demora nos levantamentos a fazer. De 150 modo que re~oIvi mandar com urgencia um proprio até o vosso acampamento afim de pedir-vos as mais urgentes providencias de tudo quanto estiver na alçada para que posamos deixar este pa.1udoso lagar onde estamos sem medico e com a res')onsabilidade da saude desse americano e dos soldados e regionaes que estão no nosso contig{'nte sob o commando do T ('nente Mello, Caso nenhuma das providencias1ecessarias al) nosso serviço possa ser dada por V()S, solicito o obsequio de fazer subir até aqui con a maxima urgencia pelo menos a canÔa qUé: costuma ficar aqui em Barão de Melgaço, afim de que eu desça nella em busca dos batelões. Estes devem estar em Pimenta Bueno ha alguns dias, pois com muita antecedencia foram reclamados á firma Asensi pelo Sr. Coronel Rondon para aquelles fms. AppelIo para a boa vontade dl) nosso companheiro pé.'!raque, pela ultima vez agcra, prepare no que fôr possivel o caminho por onde começaremos outra serie de viagens, agora t1uviae:" tal como fez emquanto durou a nossa pcrcgTinaçào, de Tapirapoan até aqui, por terra. De ordem do Sr. Coronel Rondon deixaremos ahi no acampamento él maior parte desse pC'ssoal, sendo que os regionaes para ahi vão muito legitimamente c as praças de linha, fazendo, parte do contigentc officialmente posto á disposição da Expedição Roosevelt, ahi ficarão aguardando ordens do Sr. Coronel Rondon c prestarão serviços á Commissão de Linhas Telegraphicas até extinc(;ào d'aquella Expedição ou novas disposições do Chefe ("()mmum ,ís duas commissõcs, 151 E sendo assim, Sl' quizessc recebcl-os immcdiatamente seria muito melhor para nós como para vós. O Sr. Coronel Rondon autorizou tambem o Sr. Pedra Augusto de Figueiredo, encarregado da tropa de bois cargueiros que me élcompanhou até- aqui c nomeado encarregado de CampDs Novos, para onde deve regressar com toda a urgencia, autorizou él receber dahi do aCé!mpamento os generos de que necessita, inclusive um pouco de feijão para plantar e os medicamentos que fôr possivel dar-lhe, tudo conforme as posses do deposito ahi; e para despachal-o peço responder-me em que condições podeis Jttender a esse fornecimento, sendo que tenho meu ainda algum genero que poderia ceder se me garantisseis não ter de lamentar minha franqueza A ordem do Coronel é tambem fazel-o voltar (elle Pedra Augusto) com toda urgencia, afim de salvar a boiada C' os burros de montaria que sem pasto aqui morreriam ou não aguentariam o regresso. Peço-vos todas «(sinformações que me puderdes dar em beneficio de nossa missão t> a possivt>J urgencia na resposta. Il ll, Recado do vosso camarada e admirador (Assignado) ('ati/lio . hllilcar J/ agalhã('s. Chefe da 2." turma da Expedição Roosevelt. b/.•.r-C:) :'~-- ',\ :: , .. 61RLlOTl U " . '" C.ATALCH;ACION ';A:~,jÜ SUPPLEMENTO N. 27 Barão de Melgaço. Av. n. 194. Urgente. TCJl{>llt C Coutill/lO. J araraca. Acampamt'nto Não tendo sido possivel subir hoje o rio 2fim ùe fazer levantamento desde o passo Parabens porque, inclusive, acabamos de naufragar pouco a montante deste lagar, peço-vos com urgencia fazer subir immcdiatamente o batelão que ia descer ¿'ahi com o João de Deus, afim de nelle descermos para Pimenta Bueno. A pressa com que vos escrevo não permitte ser mais extenso. Abraços admirador c agradecimentos do (Assignado) camarada .lmilcar. e SUPPLEMENTO 10 Ff'll,IlI, N. 28 de Março de 1914. Virira df' .11dto. Pimenta Bueno. Meu distincto camarada. Escrevo-te antes de partir em busca dos recursos de que ha necessidade para que a nossa turma possa descer o Gy-Paraná. Infelizmente até hontem esperei aqui os batelões da ('asa Asensi e elles cá não appareceram. Espero que me faças a justiça de acreditar, assim como os demais companheiros da 2." turma da Expedição, especialmC'nte o Sr. Miller, naturalista americano, que a minha descida na frente, em pessima ('anôa que aqui encontrei do Sr. Mascarenhas, repre .. sentante da firma Asensi, descida essa, ainda mais. cffectuada quando deixo para trás parte de minha bag-ag-em, da qual muita cousa me tc>mfeito já faIta, não visa abandonar os meus companheiros mas ao contrario, apressar a vinda de recursos ao mesmo tempo que o meu avanço pcrmittirá sem prejuizo da veloridade da descida - - velocidade que todos nós desejamos que seja maxima· - fazer senão todo, ao menos o maximo do serviço que me foi determinado pelo Coronel Rondon. 156 Assim pensei, egualmente, quando resolvi deixar Barão de Melgaço, não demorando mais que algumas horas no acampamento de J araraca, afim de vir apressar aqui a subida dos batelÙes, qJe os devem trazer dahi até este lagar. Deves comprehender, e fazer com q lie os outros companheiros comprehendam, que seria um abuso de' consequencias más para a Commissiío Telegraphica, arrebatarmos do serviço qualquer desses dous batclães que são a tropa que conduz tudo de um acampamento para outro, material de construcção e munição de bocca. Ponhamo-nos no caso do Coutinho e reflictamos com os mesmos argumentos com que nos procuramos sempre prevenir contra qualquer falta de alimentação durante nossa marcha de Tapirapoan a Barão de Melgaço, e havemos todos de concordar que o que se vai fazer é o melhor, de accorda com as circumstancias do momento. Descerei na frente, farei esforços para que encontrem aqui os hatelões para descer até o ponto em que ha lancha para transporte; em seguida irei fazendo os levantamentos que fÔr possivel fazer de modo a não exceder a nossa chq;ada a Manáos dos 12 dias de Ahril. Lá em baixo antes de sahirem do Gy-Paraná provavelmente todos estaremos juntos novamente e se quizerem podem seg-uir na minha frente, invertendo-se ahí então a columna, proseguindo eu na retaguarda afim de concluir esse serviço e tocando vocês para Manáos sem mais demora. !Jural//(' a d{'scida d('z'('S PNllliltir dad(' ao Sr. lIill{'r para ('{{(' /a::;{,T .\"1fas Ùztcira liber- ct)lla(õcs (' 157 ter Irm po tir prr parar srlts animal's,' todavia sempre que fÚr possivel rcunir o util ao agTada\'c1, marcharás com a maxima velocidade e no batclão ireí dle preparando os scus animal's. O mesmo em rcla(:ão ao i~ein isch, cu j a ('ollc("(~ão, na h ypothesc prevista de vocês passarem na minha frente, fica ao tcu cuidado arrecadar e despachar para onde elle julgar mais conveniente, lV1useu ou Escriptorio ela (:om missão no primeiro caso convindo avisares o J aguaribe para que assista á abertura dos caixões e o relacionamento como representante do Chefe da Expedi(:ão, passando um te1egramma quando f(îr despachado tudo. Por todos os barracões do Asensi encontrarás ordem franca para te supprires do que fÔr necessa· rio, deixando documento claro de que tirarás copia para o archivo da Expedição c conveniente escripturaçào. Sq;uem commigo agora o João da ('ruz, o cabo J oviniano e o soldado Paixão; comtigo devem desct'r os demais cu ja rcla(:ão está em tcu poder e mais os rqÓonaes e pessoal aqui despachado da Com:nissão, a maior parte invalidos quc vão fugindo da morte. Não os levo commigo porquc a chalana em oue VOl! descer os não comDorta absolutamente. 1\. (ua disposirJio para descer deves aqui e!1('Of. trar, ao chegares d, os dous grandes bateIC)cs, em um dos quaes iHTumulads todos os soldados, ficando para os ofticiaes o outro - o melhor de1Jes. () encarregado qlle vem com essas embarc'aç()cs é de toda confianc:a da casa e receberÚ orc1cm de ficar á tua disposic:ão ; élssumiriÍs o commimdol!'eral 158 das tropas e rccommendo-te a maxima prudencia (' muita diplomacia e par.ienr.ia com o ~/IilIer, tendo sempre em vista a nossa jllllCÇ-{iO aqui ."Ill relação á f:olllmissão alllCJ'iuma jaz(,T o mai;; possiz1cl.a ZJontad(' dellcs. Tuda quanta elle ou o Reinisch julg-arem uti! comprar para suas collecl;ões ou para execução de seus serviços deves fazeI-c, declarando sempre a importancia --- por extenso n:)s documentos, o animal, pelle ou lá o que fôr c reservando copia como disse linhas atrás. Convem levares presentes daqui, como eu vou fazer, para deixar nos pontos em que os indios Pauatês, que agora começam a falar comnosco e trocar presentes, costumam fazel-o em g-iráos que construiram « ad-hoc )l. Os objectos indigenas sempre. que fôr possivel devem ser irmãmente divididos, pelo Miller e Reinisch, se este julgar ut;l ao nossu museu ou pelo Miller e você para deixares o teu quinhão em Manáos á disposição do Coronel Rondan, caso o Reinisch nada encontrar de interesse relativo á sua especialidade. Acredite que farás melhor viagem do que fiz de Barão de Melgaço até aqui e que melhor ainda será a que irá~j fazer daqui para o Madeira até o meu encontro. Pelas informações que tenho colhico devo escolher uma das pontas do dilemma: levantar o resto do Gy-Paraná da Bôa Vista á fóz ou levantar os :; affluentes Anary, Machadinho e Preto. Qualquer dos dous casos comporta um serviço de quasi um mez! A exploração de qualquer destes 3 affluentes é mais com o objectivo do levantamento, porque em todos elles até muito acima existe já seringueiro 159 ('ollocadu e trabalhando! Não seria pois uma ver dadeira exploração, porque não se comprehcnde que se vá explorar um rio j;'t habitado! Convem explicares isto ao Sr. Miller, pondo-me eu em todo caso ;Î disposição clelles para « fingirmos » de gran des exploradores em qualquer dos 3 rios, segundo o ponto em que nos encontrarmos: se nos encontrar;nos antes do Anary, poderemos penetrar por qual(Iuer dos tres, á escolha dcHe. Entretanto para a ¡':xpedição propriamente entendo de preferencia ahandonar os affluentes c levantar a parte que falta do Gy, completando assim a planta do percurso todo da 2." turma: não te parece? Se me quizcres acompanhar c praticares nesse simples serviço, deixo inteiramente á tua vontade resolvel-o, sendo certo que dous operadores darão um rendimento superior. Se eu puder, farei () serviço completo, começando pelo Anary: depende isso dos recursos que a casa Asensi me entregar para tal fim. Do que fôr resolvendo ;Í. proporção que os casos se apresentarem dar-te-ei conhecimento por escripto para teu governo. Estava eu neste ponto quando appareceram as luzes do primeiro batelão Asensi, ouvindo ..se os 2 tiros com que costumam annunciar a sua chegada; em seguida veio outro, seriam umas 1 I horas da noite. Seguirei amanhã em um del1es com todo pessoal da Commissão que desce c aqui ficará o outro para vocês 5 e 8 praças nelle descerem, pois com·· porta elle todos perfeitamente. O encarregado do batelão como te clisse tem ordem de se apresentar e ficar ás tuas ordens; tudo quanto todos quizerem deve ser ordenado por ti, nada 160 se fará sem o tell consentimento all ordem expressa. 1\0 caso contrario dar-se-ia a anarchia e no r.ossn n-gimen de scrvi<.,:o militar o rcsponsavcl é sempre o " official mais graduado, exccptuandl) a Guarda \I acional c os cstrang-eiros ... E bÚa '¡iagem ; at<: breve. A braços ao E llzebio, re('()mm(~ndaçõcs ao Sr. Miller (' ao Rcinisch, ('(Imo ao Adelina. II Abraça-te com toda camélradagcm () camarada amigo e admirador (Assignado) c sympathia Amilcar AI a:?alhães. SUPPLEMENTO Av. n. 2 rb . ,T. • C· N. 29 ¡ ('OTOIl('l 6 de Março de 1914. I< om/oil. Manáos. Barracão Monte-Christo, á margem esquerda do rio Gy-Paraná, 16 de Março de Il) [4. Participo-vos que fiz entrega de cincoenta mil réis em dinheiro ao Sr. Eduardo Feli('iano Alves, encarreg-ado deste barracão afim de serem pagos como gratificação ao pessoal de uma canôa da casa Asensi que soccorreu-me assim como aos 4 homens da minha tripulação no naufragio que assig-naloll a minha passagem pelo estirão de M areçal, sendo essa quantia retirada, por conta das despcsas da Expedição, dos vencimentos de dOlls rqÔonaes que por esqucrimento deixei de entregar-lhes no acampa mento da commissão, c cujo saldo entregarei em Manáos ao Capitão Marinho -se outro imprevisto não desfalcar mais essa quantia. Peço vossa approvação para esse meu acta. Aproveitando () ensejo participovos que com auxilio de uma chalana do serviço do acampamento e com uma canôa que retirei da bocca do rio Francisco Bueno, parti no dia 4 de Março pelo Commemoração acima, gastando 45 minutos para 162 vencer o trecho do rio entre o arame que o atravessa defront(~ a Barão de Melgaço e o extremo da area roçada a montante, o que bem poderá dar ideia da velocidade quasi negativa com que iamos subindo. Depois de varias ameaças a nossa canôa rodou sobre uma ramada e virou, sendo, arrojados á forte correnteza o Dr. Euzebio (que eu convidara para ir commigo ás cachoeiras, que são 8, incluindo a do passo Parabens, no duplo interesse de seu estudo geologico e da rapidez com que seria feito o serviço com dous operadores quando eu descesse com o levantamento do Parabcns para Barão de Melgaço) c 4 homens da tripulação os quaes, todos, á excepção dE' um, não sabiam nadar e valcrarr.-se primeiro do proprio galho partido t' depois, quando este quebrou-se ('om o peso dellcs, de um ci:JÓ grosso donde o Sr. Dr. Euzcbio foi retirado já exhausto e tendo bebido muita agua. Para augmentar-Ihes a angustia 11m dos soldados ao pegar-se ao tronco da arvore poz a mão sobre uma enorme cobra que ali estava enrolada c que ficou a pique de mordel-'J, em lembrança do que dei él sua pelle ao Reinis~:h. Segundo a opinião do Tenente ~"lcl1o essa cobra é egual á que victimou () Joaquim Parecis, segund,) outras opiniões é jararaca, ou jararacllssú. Deante do occorrido resolvi então que o Dr. Euzehio ficasse (estavamos a minutos por terra) cm Barão de :\1elgaço e assim as bagagens todas, afim de ali viar as canÔas, sq;uindo todos inclusive eu apenas com a roupa do ,-orpo e generos para 10 dias; ao tornar effectiva a minha resolução verifiquei que dispunhamos apenas de 3 remos, os demais tendo roladeo pelo rio abaixo. Aliásestes remos haviam-me sido cedidos de um dos 163 bate1ães da Commissào que trabalham ahi entre Barão de Melgaço e Pimenta Bueno. Era impossivel subir assim porque, além de tudo, o rio Commemoração, de Barão de Mdgaço para montante até onde fui, é uma corredeira interminavel sem um remanso. A canôa pequena nos lagares de correnteza mais forte só subia puxada pelos ramos da marg-em por<{Ut' alé-m de pesada c de não comportar mais que dous homens, estes scí se mantinham nella moven do-se ('om l"lJidado. devido, á sua instahilidade: esta lIbá " especial quando desci de Pimenta HllPno, deix('i como pr('sente, junto a uma outra que Tenente Amarante deu aos indios Pauatês, defronte do «porto Amarante)). (Entre parenthesis: deixei muitos presentes que trouxe de' Pimenta Buen() na « fortaleza de Santa Cruz e ('m outros \.;irÚos que os Pauatl's tt-m construido para trocar brindes. St' ainda a não tivestes por melhor porta"OZ dou-vos a hÚa nova, de que esses indios chegaram ;í fa]a no (;y- Paran{l. vindo ao batclão da casa A,sensi onck viajava o caho J oviniano e pedindo tudo que viam), Mas, continuando a minha prolixa narrati\';¡. r('conhecendo a impossibilidade de suhir ('om ta('s recursos, voltei a Barão de Mc1gaço. onde deixei o Dr. E llze'bio com o resto do pessoal da tmma, conservando os soldados indispensaveis ao 1\OSSO s('rvi<,'o e t('ndo recolhido no dia segouinte á minha chq.;acla todos os outros au acampamento da ('ommissão, almocei e parti com o levantamento rio abaixo, parando apenas um pouco no acampamento J araraca, de onde: parti no dia seguinte, mesmo pela necessidade de providcnciar sobre a descida da turma. pois na hypothese d(' ('xecutar o levantamento 2 il, (J ») 164 desde Parabens tiz o inspector João de Dt:.:usseguir no bateIão que veio a meu pedido para Barão d( Melgaço, visto que o outro deveria chegar dentw de uma semana- - tendo cm consideração tambem não perturbar o serviço de abastecimc:1to do acampamento da Commissão de Linhas Telegraphicas. O Tenente COlltinho, que é uma energia varonil mettido em pallido e franzino arcabouço, prestou-me todo o auxilio com lima boa vontade c camaradag-em dignas de nota, o que permittio-mc uma serie de providencias e a cffectuação do levantamento do rio Commemoração desde Barão de Melgaço até Pimenta Bueno. Concluido este serviço deixei um batelão Asensi em Pimenta Bucno (~desci com outro até BÔa Vista onde o Sr. Mascarcnhas, procurador c representante da firma Asensi, sempre com a maxima bôa vontade entregou-me 3 canÔas para (l levantamento do Gy e 8 homens seus, pois nem era bom pensar em tripular as canôas com () meu pessoal que !lem remar sabia. Em Pimenta Rueno deixei instrucções ao Tenente Mello, a quem incumhira de chefiar interinamente a turma, providenciando de accordo ('om as vossas ordens, afim de descer ao meu t'neontro, scg-uindo cu na frente pr.,rquc iria adeantando o scrvi~'o de levantamento do rio e providenciando para que tivessem elles sempre transportt· in interrupto até Ca1ama. Cornmuniquci nessa carta ao Tenente Mcllo que, tendo conh.:::cimento de quc nos 3 rios a lcvantar Anary, Machadinho c Preto a firma Asensi tem já seringueiros collocados e trabalhando, devia clIc levar esse facto ao conhecimentCi do Sr. Miller que ju1g-ava fazer corrmig-o a exploração desses rios ou pelo menos de um, deixando em 165 todo caso que elle Miller decidisse se queria subir qualquer del les, para o que me punha á disposição delle. embora não se tratasse de zona desconhecida. Em todos os barracões irá o Tenente Mello encontrando ordem para requisitar o que for preciso. Desci com o levantamento no dia 12 ao meio dia do harracão Bôa Vista, onde, eu havia chegado ás 9 horas, am. desse mesmo dia, ahi almoçando e preparando as cantlas de levantamento. I.evantci o rio até aqui acima, em um tal estirão do Mereçal. onde como vos disse em começo, alagou-se a canôa em que eu vinha com os instrumentos, perdendo-se a canôa, o te le metro Fleuriai, a bussola prismatica, thermometro de maxima c minima, barometro, minha pistola Coltz, minha capa impermeavel, caderneta com observações meteorologicas de Tapirapoan e dolorosa perda! ... a caderneta do levantamento. onde havia um trecho do Commemoração com son· .::lagem, calculas de descarga, secções transversaes delle e do Pimenta Bueno, velocidades determina das com o fluctuador e o trecho todo do Gy-Paraná desde igarapé Bôa Vista até Mereça!. Felizmente. aproveitando as « horas vagas)l eu vinha dese·· nhando o croquis dos meus levantamentos, de modo que fiquei com a planta completa do Commemora ção, planta digo mal, « croquis desde Barão de Melgaço a Pimenta Bueno, sem comtudo registar nella as sondagens e qualidade do terreno no fundo (pedra em geral, muito poucas vezes harro vcr· melho). Do levantamento feito no Gy eu tinha dese nhado apenas 141 estações e estava aqui já com quatrocentas. Nestas condições. tendo pC'rdido remos l) 166 e uma callÔa, assim como os instrumentos do serviço, desci, mm todo o pessoal, pois ql\e felizmentE nenhum desastre pessoal houve a lamentar, apesar de só eu saber nadar, e vim para aqui (Mont('Christo) onde arranjei outra canôa e reforcei as guarnições. Requisitei outro piloto pois á impericia do meu é que se deveu o desastre, afim de retroceder amanhã até o igarapé BÚa Vista onde vou huscar novas ferramentas para o meu trabalho, refazendo o levantamento desde antes de Monte-Carlo até aqui. pois ao passar pelo barracão daquelle igarapé vi ahi um telemetro egual ao meu e uma o1.lssola ao lado de um transito Gurley, todos instrumentos ahi deixados pelo Tenente Nicolau para guardar Significa isto retardar de mais de oito dias a minha chegada a Manáos qnando eu tinha os dias contados para attingir o Rio em epoca determinada. São as contingencias do serviço e me conforto contemplando os vossos actos, mas haveis de comprehendcr como me sinto constrangido com a pers)ectiva de não estar em meu lar em periodo em que a minha presença ali era indispensavcl (fala aqui o amigo não o subordinado) quando me poderá pesar a responsabilidade de um grande mal. N este sentido tclegraphei para o Rio ao irmão de minha senhora para que empregasse todos os meios de occu1tar-Ihe a minha demora mas que certamente excederia o prazo em que devia estar no Rio, por \lm imprevisto <¡lie preferi não communi.car. Este tclegramma será levado pelo Capitão Jorge Tinoco por quem passei hontem com o levantamento e a euja frente passarei ant(~s de chegar ,l(J igarapé Bôa Vista. No momento do naufragio o caho 167 Joviniano salvou a minha mala, dentro da qual estavam os aoquis a que me referi acima; os 4 homens da canôa salvaram-se agarrando ao galho contra () gual foi bater a canôa e eu salvei-me nadando vestido para a margem onde, bastante cançado -- pois a correnteza era muito forte ahi c eu não sou grande nadador-agarrci-me a um cipó c, puxando o relogio do bolso vi que estava andando e marcava duas horas c dez minutos da tarde. A's 2 e 15 minutos pm. chegou a canôa que me colheu, quando estava descançando já e procurando um horn lagar para subir á margem que eu via a poucas braçadas, mas, separada e defendida pela corredeira que no momento parecia ter roo metros de velocidade por segundo. Regressarei pois amanhã e espero encontrar a turma descendo; pretendo continuar separado da turma, pois o Tenente Mello ficará com o Miller c dará todas as providencias necessarias, seguindo Cil depois. Com as minhas respeitosas saudações ahraça-vos como amigo, subordinado c admirador (Assignado) .'lmilcar. SUPPLEMENTO Av. n. 221 . .2 1. N. 30 de Março de H) I 4. Sr. Corollel ROlldoll. Manáos. Acampamento junto a barraca Monte Carlo á margem é'sCjuerda do rio Gy-Paraná. 2 [ de Março de 1914. Acabo de chegar ás 5 horas e 30 minutos pm., de regresso do igarapé Bôa Vista até onde subi em busca de novos instrumentos para proseg-uir e refazer 2. parte perdida do levantamento do Gy- Paraná. Infelizmente foi inutil o meu esforço pois ali não havia apparelhos com que eu pudesse fazer o serviço, na canôa que eu dispunha para esse fim. Eu não sabia os instrumentos que lá estavam; olhara· os distrahidamente e abrira justamente a caixa do telemetro Fleuriai para mostrar que era ej2:ual áquelle com que eu trabalhava, por conhecel-o bastante. H avia um transito Gurley ao lado delle, mas onde eu suppunha encontrar uma bussola, egual a que ¡{'vastes no rio da Duvida, est8.va lIma stadia Gurley. Além de tudo, não tendo nunca trabalhado com esse stadiometro e estando sem um livro para orien- 170 tar-me, não havendo na caixa o livrcto com indica\'ões relativas á pr<ltica do apparelho, receei muito naturalmente que além da canôa o operador fizesse um máo serviço que não deveria merecer fé. E assim cheg-uci, vi e fui vencido ... Foi uma gra:"1dedecepção para mim e o meu maior desejo seria voltar do Rio (' vir eu mesmo execut;,r não só o levé.ntamento do C;y-Paran;Í l'omo dos affluentes que indicastes Anary, Machadinho c Preto, c de outros que ainda não foram levantados, att'- ás cabecelras, ficando depois á vossa disposição para auxiliar-vos no serviço da Commissão de l,inhas T ~leg-raphicas. Entretanto, como tendes \:onhccímento pessoaL a minha situação especial obriga-me a não promettervos cousa alguma neste sentido, limitando··rne a affirmar-vos que, baseando-me na primeira excepção abcrt:; e não tendo sido possível concluir agora o ~.erviço que me havieis d~signado, par ci rcumstancias independentes de minha vontade, affirma-vos sob minha palavra. que emprcg'arei todos os mf'US esforços para que mais uma vez poss;: eu vangloriar-me de voltar a servir sob vossas ordens. E' a esperança que me resta nesta deploravel inactividade a que fico subordinado até terminar minha viaRem. Em tempo opportuno vos tornarei a escrever. Augurando-vos toda a sorte de felicidades no vosso servico aetual e no da linha telcgra, . phica, apresento-vos as mais respeitosas saudações ('omo vosso suhordinado, admirador c ami,g-o (Assignado) ./mi/mr _'/. Ho/rLlw d(')filgal!lã('s. SUPPLEMENTO N. 31 Man~íos, 4 de Abril de Il) 14. Av. n. 1<)6. Urg-ente. f)r. I.amo Müller. Ministro Exterior - Rio. Participo V. Ex. segunda turma Expediçãu Roosevelt acaba chegar rio Madeira ficando nutura lista americano Miller e taxidermista Reinisch no porto Calama terminando preparo respectivas colle(:ões zoologicas. Geologo Dr. Euzebio acompanhado Tenente Mello seguiram Porto Velho objecto importante estudo cachoeira Guajará-mirim suas congeneres, regressarão Calama dia seis recolhendo-se então Manáos toda turma. Apesar toda travessia sem medico tornada mais penosa epoca chuvas, estado sanitario optima. Saudações (Assignado) cordiaes Capitão Amilrar .11(/g,alhãrs. Chefe da 2: turma Expedição Roosevelt. SUPPLEMENTO Av. n. N. 32 6 de Abril de 1914. 230. S.,.. Corond Rondoll. Manáos. Acabo de chegar a Manáos e cumpro o dever de communicar-vos que ficaram em Calama, gentilmente hospedados pelo Dr. CarIas Asensi o Sr. Miller e o taxidermista Reinisch, conforme desejos manifestados pelo primeiro, com o fim de preparar melhor as collecçães zoologicas que já possuem e completaI-as com alguns specimens que fazem questão de adquirir e ainda não haviam r.onseg-uido até minha partida dali no dia 2 do corrente a bordo do paquetinho Rio Curuçá Seg-uiram para Porto Velho o Tenente Mello e o Dr. Euzehio que vai estudar Guajará-mirim conforme vossas ordens; ambos regressarão no proximo vapor que hoje ou amanhã deverá passar por Calama, onde embarcaram os dous outros membros da turma, recolhendo-se a Manáos com a unica praça que ali ficou para servir ao Sr. Miller, tendo o Tenente Mello enviado as demais praças para Manáos com carta ao Capitão Marinho e vindo commigo tres outras que mandei Il II. 1'74 apre~entar á lnspecção. Com este aviso deixo-vos aqui em Manáos os dous blocos de aviso e correspondencia minha desde que parti do rio da Duvida, sendu imprescindivel que tomeis o trabalho de ler tudo isto, porquanto ha varias providencIas que dependem ainda de vossa approvação, outras que representam a prova de haver cumprido ordens que me destes verbalmente e outras finalmente rderentes a recados verbacs que recebi por intermedio de terccirns c, cuja authenticidade, convem venflcardes. Aproveito o ensejo para communicar-vos que foi registada toda a correspondencia do Coronel Roosevelt, dos demais membros e da Commissão Americana, achando-se os recibos á disposição do Tenent£' Mello na casa Asensi & e, nesta praça, firma que encarregou-se de tal serviço, fazendo lima despesa total de que deverá ser deduzida a importarcia dos sellos que eu jÚ havia applicado a diversos enveloppes desses, mas que não sei a quanto monta. Deixo aqui uma carta de despedida que dirj~Ó ao Sr. Coronel Roosevelt em máo frand~s, talvez mesmo orthographicamente errada á falta de um diccionario; outra que vos dirigi no mesmo sentido e uma ao Kermit, pedindo que apresente rr,inhas despedidas aos demais membros da Commis:5ão Americana. Todas estas cartas eu vos deixo abertas muito de proposito para que vos scientifiquEis de seu cr>nteudo especialmente quanto á ultim<l cujas termos parecem uma contradicção com outra que vos dirigi de Monte Carlo c que colloquci no mesmo enveloppe da que aqui deixo tambcm ao Lyra; mas que, o simples facto de chamar para o caso a vossa 175 esclarecida atten~'ão, dispensa-me de commentaI-a, reduzindo a zero él deslealdade apparente que o facto encerra, certo de que resolvereis o enygma com justiça para mim, Peço-vos não esqueccrdes de communirar-me para o Rio o plano w'ral do vosso relataria assim como a remessa de todos os documentos ùa despesa de vossa turma em Man:ios e durante a viagem do Duvida até aqui, chamando minha atten(:ão e a ùo Malheiros para alguma despesa que nos tenha escapado de assignalar. Seria favor tamlwm \'('rificardcs se não houve alg'uma omissão na lista do pessoal que desccu o rio da Duvida, pois que, a relação que o João Alhano fez foi por mim corrigida da falta do nome do Antonio Parccis e como houve essa falha póde ter havido outras l~ neste caso ser;Í tambem necessario corrigir él ordem do dia corres pondente. Pretendo deixar a copia das alterações vossas, minhas, do Lyra, do Cajazeira e do Mello até onde as conh(,\'o, convindo <lue, depois de assi ~'lladas c completadas por v(ís na parte referente ao rio ria Duvida, sejam ellas rcmcttidas em tres vias ao escriptorio da Commissão no Rio. onde o Tenente J aguarihe as fará lan<:ar no livro competente antes de passaI-as ao Ministerio da Guerra. Salvo erro ou enL;ano deixei no Acampamento de Jararaca 4:1 pral,:as inclusive inferiores (' regionaes, de todo o l'Onting-cnte com que afinal atting'¡ Barão de Melg-aço, fazendo-os acompanhar de uma relação nomi naI que foi assignada pelo Tenente Mello c por nós confeccionada com o devido cuidado, relação que foi entregue ao Tenente Coutinho. Tacs são por ora as informações que julguei uteis e necessarias pres tar-vos por esta vez, ao correr do lapis 176 A' proporção, que me fôr Iembrar.do outras, vol-as irei transmittindo. Desejoso de saber do resultado de 'vossa expIora\ão com o Coronel Roosevelt, faço votos de (oração para que tcrrnineis com estro"1.doso exito mais este importante serviço que só avós poderia ~er confiado com segurança. Vosso admirador, (Assignado) vI agalhães. subordinado Amilcar e amigo Armando Botelho d(' SUPPLEMENTO N. 33 Manáos, le lJ1r. lp COIOllel Theodore II Avril 1914. Roosevdt. Je vous écris sans l'aide d'un dictionaire et je compte d'avance sur votre bienveillance pour excuser les fautes commises dans cette lettre. Ayant une affaire d'urgence a Rio et, en profitant de la permission que vous m'avez accordée et d'après l'ordre reçu de Mr. le Colonel Rondon, je partirai demain vers cette ville. Mais avant de « retourner a Madame », c'est mon devoir laisser ici avec mon congé mes remerciements pour la façon si aimable dont vous m'avez disting-ué, au-dessus de mon propre mérite, pendant le service comme attaché a l'Expédition Scientifique Roosevelt-Randon, service que m'a permis l'honneur de votre connaissance personelle. En vous assurant ma très haute et sincère sympathie jf' restC'rai à votre service à Rio, rue Barr' )SIl 2 16. Excusez les fautes du Capi/ail/f' Amilcar AI agalhães. SUPPLEMENTO N. 34 Manáos, Caro C/lcfc (' amigo Coronel Abril de 1914. Rond01l, Com immenso pesar de partir antes de vossa cheg-ada a 1\1anáos, apesar da permissão que me concedestes para tal fim, apresentu-vos por este meio as minhas despedidas, reiterando aqui os meus protestos de estima e consideração que cada vez mais se acccntuam em meu espirito quanto mais observo os vossos actos, deixando ao mesmo tempo consagrados pela mesma forma o meu ag-radecimento sincero c o mell profundo reconhecimento pela hunra que tive de servir sob vossas urdens, ainda quc por curto rspa\'o de tempo, pedindo-vos desclIlpa de algllma falta que haja commcttido e da insu[ficic!1cia cum que exerci o cargo que me con· fiastes por vossa bondade. I nfcIizmente com o meu naufragio perdi varias notas c rc1a<:ões <¡lICdevia aqui deixar-vos, em todo caso, procurarei transmittir-vos as informações de que )lodeis careœr e que eu vos puder dar qllanto á 2." turma c aguardo no Rio vossas ordens para fazer o rcIatorio da Expedição, \' osso amigo, subordinado (Assig'nado) (R lié! Barroso ,lilli/cat 2 [()- l' admirador /1. !J. de ¡lIagat/lães. Copacabana.) SUPPLEMENTO N. 35 Manáos, Abril de 1914 . .'lI ru caro K {'mÛt. Partindo hoje para o Rio de Janeiro deixo-te aqui o meu abraço de despedida c peço-te transmit tir o meu adeus a cada um dos membros da Commissão Americana. Por dever de gentileza que eu cumpriria com prazer pela sympathia que me despertou a pessoa do Sr. Coronel Roosevelt, eu tinha obrig-a(,~ãode espcral-o antes de partir para apresentar-lhe pessoalmente as minhas despedidas, mas, chamado com insistencia c, tendo mesmo mg-encia de chcg-ar á minha casa aproveito a delicada permissão que ellC' me deu e retiro-me deixando por ('sta forma as minhas excusas. Sei que te casarás breve em Madrid e quem sabe se não te irei ali visitar? Se eu conseguir a minha nomeação para membro da Commissão de Compras que o Brasil mantem n~ E mapa para acquisição de material bellico do nosso Exercito, nomeação que vou solicitar ag-ora quando chegar ao Rio, em J unho ou Julho espero estar em Paris c neste caso, se estiveres em Madrid, muita satisfação terei em rever o meu companheiro de Expedição. Tens agora no Rio a rua Barroso 216 -- Copacabana uma casa ás tuas ordens. E adeus! Abraça-te o amigo (Assignado) Amilcar A. B. JIlagaL/zães. SUPPLEMENTO Quadro comparativo N. 40 das rações por praça L<\Rf':U_AS EXPEDIÇÃO CO!\HlfSSÃO COMMISSÃO GENEROS lACY PARANÁ SCIl:NTIFlCA T<OOSEVELT- DE prORA A B C D .Ii 0,16 0,16 0,20 G,20 I II D,OSa 0.040 0.050 0.100 . il 0,030 0.040 0,050 0,050 i 0,050 0.040 0,050 0.150 .i 0.360 0,250 0.200 /' I Arroz Assucar Banha . Café cm grão. Carne seeea fresca I 0,300 0,500 Farinha. 0,33 0,40 D,50 Feijão 0,28 0.26 0.30 Sal. PONTE l',\PIRAPOAIi RO~DON Mate EM EM I 0.40 0.30 I 0.016 ! D,DI ---_.j: OBSERVAÇÕF.S •. - A Tabella da Expedição era a que conferia as rações mais elevadas cm todos os generos, embora apparentemente seja ella inferior nas quantidades marcadas de assucar c café em relação á tabella D, como nas de carne secca em relação á tabella A, o que na realidade não se possava, pois que simultaneamente á carne secca consumia ..se: muita conserva em latas. uo lado do assucar das praças consumia-se para a meza dos officiaes assuear de belerraba em tablettes, c o consumo de café e chá para os officiaes não obedecia tão pouco a limitação de tabella alguma. SUPPLEMENTO N. 41 Tabellas de generos adoptadas pela Commissão de Linhas Telegraphicas Estrategicas de 1\1atto·Grossn ao Amazonas, em Tapirapoan, e pela Expediçãn Scientilica Roosevelt-Rondon RAÇÃO DIARIA PARA GF.~FROS CADA PRAÇA CO:-'IMISSÃO Arro, EX"I::DI~ÃC' O' .16 O' .20 ,\ssucar. 0".040 O"·.OjO Ganha 0"<.040 0"·.050 Café. Ok·.040 0'".0')0 Farinha. D' .40 O' .50 F"ij~o Carne fresca 03Sr.RV.\ÇÕJ:S. c1içio. fornecia·.e o 53l -. F:mhora fiscaliBndo á proporção D' .26 O' .30 0'".300 0'-. JOO para que não houve ••e desper das necessidades e independentemente de tal,,""a. - Além desse, ~eneru; d~ primeira doming!' 0".25 necessidade. fornecia-se em cada de filmo em rolo e uma caixa de phosphoros. tI SUPPLEMENTO TA!:lELLA DF: DISTRIl.lUlÇÃO 6 N. 42 DIARIA DE GJ:::\F:ROS Farinha de mandioca. Feijão. Arroz 1\sslIcar fhnha . Caf('. em lo>0T ã () Mate ( :arnc seca Sal 2',4 I\fI I¡ ,Goo grs ? 300 1 -o :> laD n Ponte de Pedra PARA PESSOAS )) 'J >l 1200 D,OS em 13 de Janeiro de )) H)12 . .Matto·Grosso. (J) !'reparada !lO loc,¡] 1','10 prou's,,, \lsado!lo :\ortc (carne ,It- '(1). SUPPLEMENTO TABELLA DE DISTRIBUIÇÃO RIO ]ACy-PARANií. PELA N. 43 DE GEr\EROS ADOPTADA l'\O TLTRMA DF. F.XPLORA(:.~() Ao clarear do dia um caneca (volume mai~ uu menos de 2 chiearas de chá) com café ou chá na falta daquelle, acompanhado de uma mão eheia de bolachas naeionaes d'agua e sal; sendo o café tem perado de assucar, na cozinha, logo depois de coado (rcg-ula um pires bem cheio de assucar para l'aeJa 8 homens). 2) Almoço á hora em que começa a aquecer II sol (entre I I horas c 30 minutos e I:! horas e 30 minutos eommummente) constando de arroz, feijão. farinha e carne seeca (esta é logo picada em tantos pedaços quantas as « etapas a pagar e cozinha no proprio feijão); quantidades: de feijão uma c:oncha commum bem cheia, arroz concha c meia, Olé farinha uma chieara de chá rasa. 3) Jantar, á hora que fica sempre em funeção do serviço diario (ao cahir da noite, g-eralmentc), constando dos mesmos generas e quantidades do almoço e mais uma chieara de chá adoçado. I) )l (I) Etapas militar. a pa:.:"r Ou raç(¡", " distrihuir. (') conforme" t"chnologia 190 COXST:.MO DIARIO N a turma, quando reduzida praças, consumia-se diariamente: a 4 officiaes e 8 grammas de assucar. 2 litros de arroz. 4 litros de farinha. 2,;) litros de feijão. 1200 grammas de bolachas. 300 a 400 grammas de banha. 3,75 a 5 kilos de carne seca em lata. boa N. B. -- A caça substituia muitas vezes a carne seca. INDIOE P"'ginas lntroducção Capitulo . I- 5 Sob a vossa chefia immediata. Capitulo II - Capitulo III - Capitulo IV -- Observações Capitulo V - Chefiando 7 uma turma 16 Serviços de levantamento 53 meteorologicas 54 Serviços de geologia e zoolo\(ia 57 Capitulo VI - Capitulo VII - Do contingente 58 Das tropas e dos tropeiros. 64 Capitulo VIII -- Ligeira noticia sobre os indios da lona Tropa Capitulo IX - de bois. Ligeiras nolas passou Capitulo 74 sobre percorrida. 77 a vida dos serongaes. por onde a 2.' turma. 83 X -- Conclusão 88 SUPPLEMENTOS N." I- Cart" dirigida ao Sr. Coronel Rondon em 25 1-1914. 89 1'/." 2·- Carta clos dcmissionarios. 93 N." 3 -- Relação do pessoal superior N." 4 -- Relaç;io do N." 5 -- Relação N." 6- N." 7 -... Relação pessoal de e alter~ções que durante se complln:'a a marcha. o conlingente 2. a turma do 99 pessoal da tropa de hois que Ilcompanh()U a .2.' turma da Expedição Relação do 2.' turma pessoal do pessoal 101 da tropa de muares que acompanhou a 103 qoe acomp',nhou a tropa de boi. do rio da DU\·ida 8·· Carga e descarga de animaes da l." turma N" 9» 2." N." ID-Carta do Sr. Coronel Rondon. de 24-1-·1914. N.') 97 da 105 107 109 111 192 Pa¡ío.:ls N,o II - Marcha do contin¡rente que acompanhou a 2.a turma . N.""12a 15-Telegrammas c respostas. N.O 16-Carta dirigida ao Sr, Coronel Rondan, em 8-2-1914. N." 17-ldem ao Tenente Lyra. em 13-2-1914. N.O 18-Idem ao Sr. Coronel Rondon. na mesma data. N." 19 -Idem do Sr. Coronel Rondon, de 11-2-1914. N.o 20-ldem dirigida ao Sr. Coronel Rondon. ainda em 13--2-1914. N.o 21 -Idem idem. em 22-2-1914. N° 22-ldem idem. em 23-2-1914. N. ° 23 - Relação do pessoal que acompanhou a tfOpado rio da Duvida e que foi aggregado á 2." turma até o acampllmenlo da Commissão . N.O 24 - Relação do penoal que acompanhou o contingente da l." turma, e que foi transferido para a 2.' turma, em 27 de Fevereiro de 1914. N.' 25 - Telegramma ao Dr. Lauro Müller, Ministro do E"terior. N.O 26-Carta ao Tenente Aureliano Coutinho. em 1-3--1914. N." 27 -Idem idem. N.O 28-ldem ao Tenente Vieira de Mello. em 10-3-19'4. N.O 29-ldem ao Coronel Rondon, em 16-3-1914. N.O 30 --Idem idem. em 21-3-1914. N.O 31 - Telegrammn ao Dr. Lauro MillIer, Ministro do Ext''lior, em 4-4-1914. N.O J2 - Carta ao Coronel Rondon, em 6-4-1914 N.O 33 ·-Idem ao Coronel Theodoro Roosevelt, em 11-4-1914. N.o 34-ldem ao Coronel Rondon, em Abril de 1914 N.o 35 - Idem ao Sr. Kermir. em Abril de 1914. N. 36 a 39 - Mappas (I) .• N.O 40-Quadro compararivo das rações por praça. N.O 4\ - Tabellas de generos adoptadas pela Commiuão de Linha. Telegraphicas Estrateg;=as de Matto-GrolSo ao Amazona., em Tapirapoan, e pela Expedição Scientinca RooseveltRondon. N.o 42 -- Tabella de distribuição diaria de generos para 6 pe,,;oa•. N." 43 - Idem de distribuição de generoso adoptada no n., Jacy. Paraná pela turma de exploração I J3 115 123 125 127 131 133 135 139 143 145 147 149 153 155 161 169 \71 173 177 179 181 OIl (1) Por nao e•.tMrem concluidos os de~enhos, seri.o UDeX09 Je nI. a6 a J9, 183 185 187 189 mais tarde dbtribuidos os