Expedição ~cieIltUica ,!\ooseveIt-}\oIldoIl
RELA TQRIQ
APRESENTADO AO
Sr ,0 Goronol Ganmdo Mariano da SUva Rondon
Chefe da Commissão
Brasileira
PELO
Capitão Amilcar Armando Botelho de Magalhães
Ajudante
da Expedição
RIO DE JANEIRO
1916
RELA TORIO
Expedição
pcieIl ririe&. 1\ooseileI r-1\ CIldrIl
APHESF.:'fr ADO
AO
Sr. Coronel Candido Mariano da Silva Rondon
Capitão Amilcar Armando Bo~~lho de Magalhãc~
··'\iud~nle da E.petliç:\o
..
..~~
~
BIO
nE
.'ANEIHO
1916
CA TALOGACION
INTRODUCÇAO
Por proposta vossa apn:sentada
ao Sr. Ministro
da Cuerra, por intermedio do Sr. Ministro do Extc
rior, aquella autoridade,
em aviso de I4 de Outllbro
de 1913 ordenou él minha passagem Ú disposição do
Ministerio da Viação como ajudante da Commissào
de Linhas TcIegraphicas
Estrategicas
de MattoCrosso ao Amazonas,
para () fim especial de tomar
parte na expedi<;'ào que o Coverno o;-ganizaria, soo
vossa chefia, com o objectivo
de acompanhar
o
Sr. Theodore
Rooscvelt através do sertão do Brasil.
A 2 I desse mcsmo mez apresentei-me
por tal
motivo ao ('sni ptorio ccn traI daq ue IIa C omm issão,
afim de aguardar vossas ordens.
Dada a pressa ('om que era nccessario
consegllir os c!ementos
indispensaveis
á projectada
travessia c de accordo com as ordens tdegraphicas
que
transmittistes,
quando em viagem ele :\1anÚos para
o Rio de Janeiro, iniciei desde logo nesta ('apital
as providencias
mais urgentes em rela,'ào á ;}rquisi,'ão da munição de borra, material de acampanlC'nto
c instrumentos
de engenharia,
etc" estahelecendo
as
6
l'ulldÎ<~Ùes a que ckvia obedecer a respectiva emhalagem, visto que o official indicado para o servi<;o
de intendencia
achava-se
em Matto-C;rosso,
onde
aguardava
a passagem
da expedi<;'ãu, sem tempo
ahsolutamente
de vir ao Rio de Janeiro. Assim é
que em 25 de Novembro embarcavam
nesta Capital
alguns membros
cia ('ommissào
Brasileira
e com
elles seguiam 221 volume~ de carga pertencente
á
[~xpedi<;'ãu <¡ue ficara designada
officialmente
com
o titulo de Expcdi<:ão Scientiti.ca Roosevelt-Rondon.
O atrazo com que foi elltrt',~'uc parte do numerario destinado
<is despesas
da expedição,
impedindo-vos
de partir com os demais membros pelo
ultimo
paquete
transatlantico
que vos permittiria
alcan\~ar Corumbá antes da chegada ali do Sr. Roo,..,eve]t. determinou
a viagem expressa por terra, do
Rio de ancirn ao rio Paraguay.
utilisando-sc
para
l'sse fim das vias ferrèas Central do Brasil, Sorocabana e Noroeste, para cujo percurso era bem exiguo
t, tempo disponivel. muito mais quando nesta ultima
havia cerca de 40 Ieg:UélS de marcha a cavallo, além
cc um grande tn'('ho apenas trafegado
pplos trens
de lastro.
A. espc(·tati\'a dessa viagem por terra dcixaval10S entrever
c1araml'nte que nos 'iubmetteriamos
a
Ilma clura prm'a ell' resistencia
sol> as vossas vistas
immediatas,
mas não havia ('orno fug-ir a uma tal
situa~'ão (' prcpar;ímos
o ('spirito para subjugar
as
deflcencias do vigor physico
que em :'aso algum
poderia emparelhar
o ('om o \'OSSo. pur mais arrogante que fossl' a nossa vaidade pessoal.
:\ssim desenhou-se
a perspectiva
do primeiro
trillllto que l'U pa~'aria pela enorme distinc\,ão com
J
7
que fôra abalada a minha modestia ao ser cul1\'idado
para tomar parte nessa Expedição.
Cabe aqui
meu sincero reconhecimento
pela
vossa lembrança
do meu nome para auxiliar tão
delicados
trabalhos
e podeis estar certo de que o
meu desvanecimento
na acccitação de tal convite sÓ
fôra possivcl porque de envolta levava n'alma a certeza de qllC a influencia da vossa direcção nürtearia
a minha acção, não permittindo
que cu sllccumhisse
;1 pressão das minhas proprias falhas.
°
C:\PITULO
r
Sob a vossa chefia irnrnediata
Em ] de Ikzt'mbro
dessc mesmo anno, obede
ccndo a tão honrosa indicaç'ão parti em vossa com·
panhia
pelo nocturno
de luxo; ás 2 I horas e 30
minutos do dia :; chegámos
a S. Paulo com um
atrazo dt, ::? horas l' 20 minutos l' ;1S 20 hor;ls (' ¡ 3
minutos partimos
pela Estrada
de Ferro Soroca»;:l1a: Ús 10 horas e 30 minutos do dia 4 chegámos á
cstal,'ào Balln'¡ onde nos aguardava
um trem especial
posto ;i \"lJssa disposição;
Ús I I hora's l~ .10 minutos
partimos de BallrLI e ;is 2 I horas dcsemharcámos
em
:\ral,:atllba,
onde pernoitámos
visto não ('star em
certo trecho consolidada
a linha de modo a permittir
que sC' viajasse Ú TIoute. Em caminho para Araçatuba
fo-se
uma pequena
parada na cstal;ão provisoria
« Ileitor
I,eg-ruc )J, onde os indios Kai-gang-s, esses
I111'SmOSconsiderados
ferozes e cllja pacificação foi
teita pessoalmente
por V('lS em epocha bem reccnte,
\"ieram documentar
\'ivamcnte
a inju<;tj<:a deqw'
8
:',am vlctlmaS, kstejando
a nossa passagem
pelas
suas terras,
A 's 3 hor;}s cio dia S partimos para ¡tapura onde
apenas demodmos
20 minutos;
;ís l) horas desembarcámos
na esta~'ã() pr()\'isoria df' J upiá:
A's 12
horas desa tracou o " fer- boot
cond uzi ndo-nos para
a margem direita do rio Paraná, o que vale dizer,
transport~ndo-nos
do Estado de S, Paulo para ()
de Matto-Crosso,
Reorganizado
() trem sobre os trilhos da outra
margC'm, partimos ás 14 horas para Tres l,agÔas
onde almoçámos
ás 14 horas c 30 minutos, A's I S
horas e 30 minutos retomámos o trC'm C' ás 20 horas
(' ,w minutos desC'mbarcámos na estal,'ão de RioVerde, ultima ('sta~'ão inaugurada
nesse trccho (' na
qual hZL'mos a nossa sc.g-unda f(·fei<;ão, A's)
horas
de () partimos para a ponta dos trilhos:
;lS B horas
s;,ltámos do « wagon
e ás <) horas l' 30 minutos
partimos montados da ponta dos trilhos com destino
élO rio Pardo,
onde apeámos ás Ih horas c S minutos,
Em Rio Pardo onde ás Il; horas fÏzemos a unjca
refeição desse dia ag-uardámos a chf'gada d;t tropa,
<[uc só apparec('u
ás 22 horas, r('c('bendo
ordem
vossa de pro~eguir viagem, substituindo-se
alguns
anin1aes cargueiros que davam mostras de (';~nsa~'o
1\'S 2 horas
do dia ï iniciámos a nova marcha aprovf'itanclo él claridade
d"s f'strcllas e :ís 10 horas (
¡ S minutos
apf';ímos
junto
ao corrC'g'() Campo .
.-\lcgrc onde tomámos a llnica rdci<:ão dess~' dia;
;lS le) horas e la minutos
proseguimos
viagem C' no
di;.\ k :í.s 2 horas c 30 minutos apeámos em um sitio
¡wrtencf'nte
ao ('orone! Sehastião df' I.ima, a uma
leg'ua de ('ampo-Cranclc,
ahi pernoitando.
Il
Il
9
A's X horas c 3~ minutos do mesmo dia dia X
chq.;ámos á villa de Campo-Grande,
onde aguardámos a vinda dos cargueiros que conduziam nossa
bag-ag'cm, o que só se deu ás 13 horas. Nesse mesmo
dia partimos ás 1 S horas c a 1 hora do dia () cheg{tmos ao acampamento
da construcção
do outro
trecho da Estrada
de Ferro Noroeste.
Ainda a l),
;Is () horas e 1 ~ minutos partiu o trem especial posto
<Í nos,:;~l disposição
para vos conduzir
él Porto¡~s¡)('ra nça.
Adeante da villa de Aquidauana
o trem parou
alguns minutos, junto ;í. csta<,'ão provisoria
" Visconde de Taunay ", onde um numeroso gTU[>O de
indios " Terenas ", soltando
foguetes
e cantando
na St:;~ ling'ua, dava mostras do (jllanto os alegrava
él vossa pre~en\a ('I1tr(~ elles. N ão me posso furtar
ao dc\'c:- dC' citar ('pisodios ('orno essc, visto envolver
aS~llmpt() de tão g-rande interesse
para a nossa
Patria, ferindo o g-randc problema das rda\,õcs do
homem civilizado com o homem (jut' habita as selvas.
E t· curioso a~signalar,
como not,,', probatoria
do
prestij.Óo em que (. tida a vossa pessôa entre elles,
o farto de trazcrem as mães os seus filhinhos rccem ..
nascidos para re('(:lwrem o osclllo affectuoso que J!ws
imprimieis, facto a que tambem se lig'a o sentimento
affcctivo do indio,
I )csemb;;rc;'lmos
;lS 22 horas,
em Port,) Espc
ranl.;a, passando-nos
com as nossas bag-ag-ens para
¡¡ordo do paquete Nyoac, onde afinal a urg-encia da
marcha permittiu
que fosse tom;:¡da uma rf'feil:ào
l1(,S~C dia.
A's 23 horas e 30 minutos partia () N\'lJ;}c rio
Parug'uay abaixo com de'stino ;\. foz do rio Apa. ;\Jo
10
dia JO ás 4 horas parámos defronte ao nosso legendario forte de Coimbra, glorioso baluarte da honra
nacional, theatro de um choque armado da bravu:-a
p;lraguaya
contra
a br;,vura
brasileira e onde St'
immortalizaram
Portocarrl'ro
c o pequeno grupo de
obscuros mas heroicos defensores
da nossa Patria.
A. 's S horas (' 30 minutos proseg'uimos
viagem a
hmdo elo :\I }'O<lC C no dia I I ,ís .) horas c 30 minutos
;,rri;ímos ferros em fr('ntc a Porto Murti;¡ho, peqlleno
!)()\();~do mattogrosscnse
da man.;cm esquerda
do
rio Paraguay.
De Porto :Vll1rtinho partimos ;is H horas c ~
minutos (' :tS 9 lwras (' 50 minutos
cncontrÚm(lS
I'.avegando contra n(')5 o paljllcte « Brasil )) de CUjl)
lJordo retidmos
as nossas malas de fardamento
fino,
('mbarcadas
no Rio de Janeiro con junctamente
com
;1 carga destinada
;Î r~xpl'dição, fazcnoo-!1os ao larg-¡J
l10vamente ás 10 horas l' 30 minutos.
Ancorámos ás 13 horas e 30 minutos do dia Il,
ddronte
á embocadura
do rio Apa onde aguardá·
mos él chegada do Sr. Roosevelt,
olhando simulta
iH:amcnte as terras brasileira~ da sua margem direita
e as terras
paragllayas
de ~ua margem
esquerda.
Nessa cspectativa
passámos a noite do dia I I, esta
}wlccendo o serviço de vigilancia e conservando-nos
de « promptidão
»
segundo
a technologia
militar.
Nr¡ dia 12 ás 10 horas e 40 minutos foi assignalada,
a jusante, a fumaça
de um navio no extremo do
cstirâo em que nos encontravamos
c ;is I I horas e 10
minutos ancorava a bombordo
a canhoneira
paraguaya « Adolpho
Rcquiclmc
)), em que viajava ()
Sr. Roosevelt.
Após os cumprimentos
do estylo,
levados a hordo da « Riquiclmc
)), partimos ás 12
11
hura~ e 10 minutos
comboiando
com o Nyoa:..:
aqudle navio de guerra,
Durante
o trajecto
para CorumlJá,
a mal~
ampla cordialidade
orientou a nossa (l('(:ão rclativ,.!
mente ao ex-presidente
e sua comitiva, No dia I 3 á~
() horas e IS minutos, ancorámo:"> ao lado da canhoneira defronte ao forte Olympo, onde o ¡.!:overno dl)
Parag-uay mantem uma guarnição
militar.
Em retribuição
á visita que vus foi kit a ('m
nome do Sr. Coronel Crisostomo
Machucas,
commandante dessa guarnição,
a este fui levar pessoa:
mente os agradecimentos
apresentando-lhe
os vos
sos cumprimentos
cordialissimos,
bem como os da
C'ommissão Brasileira sob vossa chefia.
A's 10 horas e 45 minutos continuámos
a suIJir
o rio Paraguay,
montando ás 13 huras e 55 minutos
él pyramide
de base quadrada
<[ue, a p()uros metros
da margem direita, assignala os limites do Brasil com
a Bolivia, ,\'s ¡:; horas parámos junto ao porto de
Coimbra. No dia 15 ás 12 horas e 50 minutos pas
savamos pela povoação do l,adario
e ás I:; horél~
estavamos
junto ás altas
barrancas
de C:orumb;í.
onde ás 16 horas desembarcámos
acompanhando"
Commissão
Americana
á terra.
No dia I ï ás ï horas e 20 minutos partia L
N yoac rio P aragua y abaixo
com destino
ao ne
Taquary.
em cuja bocea de jusante denominada
" Riozinho
penetdmos
atl~ o porto da fazenda rias
Palmeiras,
atracando
no mesmo dia (iS ¡9 horas c·
ahi pernoitando.
No dia 18 ás ï horas c 10 minutos
partia él.
comitiva ('om destino á fazenda das Palmeiras,
ah;
<1pcando ás 12 horas e 40 minutos t' tendo eu ex:'·
¡
II
12
,'utado ('umvos('o o kvantamcnto
expedito da estrada
percorrida,
através do pantanal.
Desde () d ia I~ até 23 de Dezembro esteve a
Expedi\'ào
acantonada
na rderida
fazenda, onde as
('ommissões americana e brasileira adquiriram
varias
pe(:as zÓologicas
para os museus
respectivos
de
Ne\y-York e Rio de Janeiro, A 23, pelas Il horas (:
T S minutos
partiu a carreta conduzindo
as bagagens
~' ;ís 14 horas t' 4S minutos
partiu
a comitiva da
I'::':jl('di\ào através dos campos alag'ados. de reg'resso
ao porto do Riozinho (bra(:o do rio Taquary) onde
recmbarcou
todo pes~oal no paquete i\yoac. que ahi
aguardava
essa cheg:ada. A 24, conforme
ordem
vo!:sa fiz tripular uma can<Îa e iniciei ao cbrear do
dia Il levantamento
expedito
do Riozinho desde o
P~)rt(1 cm que estavamos atracados, até sua fl'lZ no rio
Par;¡,~'uay. tendo
antes
medido uma base de 600
:lletros ;Í margem direita e percorrendo-a
tres ve%('s
a favor da corrente, procurando
:nanter quanto possi\'e! uma \'c!ocidade
approximada
da que emprc:.:,'aria na descida, afim de avaliar convenientemente
:I~ rc!a\'õcs de tempo e distancia
vencida. A's 8 horas
alcancei o rio Paraguay,
concluindo
ahi o levanta'TIente e aguardando
junto;í
margem
cS<juerda a
descida do paquete N )'oac, para cujo bordo passei
:í.s X horas e 20 minutos, continuando
a subir o rio
Paraguay.
Quatro horas depois
passavamos
pela
sq.(unda bucca do rio Taquar)',
A's r 4 horas esta,
vamos montando
o Parag-uaymirim,
ccle1lrt" pela
pa!"sagem de tropas embarcadas,
vindas d(' CuyabÚ,
sob () commando
do Ceneral JOS(~ Maria ('oclho e
que, gré1<:é1sÚ ligação desse 1>ra(;o de rio ('Om o proprio 1,'urSO do Parag'lIay acima de ('orllmb;'¡, ('onsc-
13
g"uiram, com tal movimento retomar csta cidade das
mãos do inimigo, ao tempo da gucrra com o Para
guay. A's 16 horas e IS minutos passámos Ladaril'
e ;ís J ï horas atraca vamos a Corumb;í.
Cumprindo
vossas
determinaçÔC's
saltei em
terra acompanhando
a pessÔa do Sr. Corond Roosevelt, regressando
Ús Il) horas para bordo. A's 22
horas o N yoac suspC'ndC'u ferro e sC'g-uimos cm dC'stino á fazC'nda de S. João, onde se encontrava S. Exa.
o Sr. Presidente
do Estado de Matto-Crosso
com o
fim df' aguardar ahi a chf'gada do Sr. Coronel Roosevelt. No dia 26 ás 4 horas começámos
a viajar em
aguas do rio S. I.ouren<;"o e ás 2 I horas c l.:'i min utos
encf't;ímos él subida do rio Cuyabá.
A's 20 horas c 30 minutos
parÚmos ddronte
ao « Atcrradinho
H,
pequcna
habita<;'ão;Í margem
esquerda do rio Cuyab;í, onde agllardámos
o tempo
sufticiente
para quc a chegada da Expcc1i<;'ào á
L¡zenda de S. João não se verificass(' durante a noite.
i':' muito interessante
assignalar que o terreno,
justit1cando perfeitamente
o nome dado él essc log'aT,
(~ahi constituido
por camadas de aterro sUlwrpostas
provavelmentt'
pelos primitivos habitantes indigcnas
dessa zona. J ustif)('a as hypotheses
a exccp<:ão de
qual id adt, (' posição das terras ncsse pon to, como em
outras semclhant<'m('nte
constituidas
artificialmente,
assim como a descoherta
dC' fragmentos
ek objectos
da <"('ramica c]ementar
dos aborig'clws, fragmentos
('sses encontrados
nas excavaçÔt's loc;ws.
A's h horas c 30 minutos dC' 2R partimos CI11
dinT(:ão a S. João, onde chegámos ;ís X horas (' 3(:
minutos. Ahi !)('rmanCCClI a Expedição
até: o dia 30,
clata em <¡\It' partimos él bordo do Nyo;[(' ('om destine'
14
rio S. Lourt"nço, CUJO curso começámos a subir
;ís 13 horas (' 30 minutos.
afim de levar él eHeito
diversas caçadas em projecto.
I~ffcctuadas
estas, regressou
c' Nyoac a 2 de
Janeim de 1914. desccndo o rio ~. Lourenço c passando a subir li rio Paraguay ás JC) horas c 15 minu
tos. em demanda de S. l.uis de Caceres, onde che~ámos ;'ts I ï hc)ras (' 30 minutos do dia S do mesmo
élO
me'! .
.-\"s J.') horas elo di;) h partiu o ~:');;C, rio Par;]
~'uay ;[("¡ma, !)('n('trando ('m seg'uida pelo curso do
~er()tuha, (' no dia seguintr' ;ís 1.') horas c 4S minutos
par;l\a junto ;'{ fazcnda do Porto do Campo, ollde
pela primeira
n~z [oram armadas as barracas d<'
campanha.
Da orckm do elia Il. J. d( ;, publicada por V(')S
(m Porto do ('ampo, dando org-anização definitiva
aos din'rsos scrvi(:os el;¡ I~.\:p('di\ão, consta a minha
)]om('a(:ào para ('xcnTr o carg-o de secretario, na
parte administrativa,
assim como a incumbencia,
na
parle tC('hnic'a, dos ~('rvi\'os de meteorologia
e topo~Taphia. Tenclo quc prosq.;uir no mesmo clia com ;¡
maior part(' do c·ontingcnte.
CI
seu respectivo
commandante,
assumi a ï cie Janeiro as funcçc)es de seu
cargo em relação ao pessoal
que ficou destacado
nessa fazenda, como consta da ordem do dia n. I
dac¡uella
clata. Conforme
as vossas ordens iniciei
df>sde log-o os trahalhos de preparação
do acampamento em uma faixa clo terreno de roo por 200
metrus, dimensões do rectangulo
capinado para esse
fim na vargem da fazenda.
Foram assim armadas
14 barracas, duas de dupla cobertura,
grandes, destinadas ao Sr. Corone} Roosevelt e a vós. occupando
15
centro do alinhamento
euja ala direita era cOllsti
tuida pela C:ommissão Americana,
ficando a hrasi
kira na ala esquerda,
o qlle significa ;1 colloc<lc:ão
daquella no logar de honra, de accordo com as disposiS'ões dos nossos reg'ulamentos
em relac:ão á pre
('('dencia militar, estahelecendo
que se deve dar
<,cmpre a direita ao superior hicrarchico.
Em frente ;'IS duas harracas-chefe
tremulavëlm
r('~pcctivanwnte
o pavilhão americano e () Pé¡vilhão
í )rasileiro.
Nesse l." ;ltampamcntl!
I)('rmanecemos
att', o
dia 13. ci;)ta ('m que ás 1 I horas partimos na lanc:ha
« Anjo da Ventura
e em uma ('hata a n-hoque, afim
de proseg'uir o ;}('cesso du Sepotuba,
em demanda
de Tapirapoan.
onde desembarcÚmos
;ís I I horas (.
30 minutos de 16 e acampámos
pela seg-llncb VC7..
,,\hi em Tapirapoan
org'anizci, de ac('ordo ('om as
vossas instrun:i)es
as cargas que flélrtiriam com as
tres tropas que se destinavam
;'1 l'xpediç?o
do rio da
Duvida e ao transporte
de mercadorias
(' hag-agcns
das duas turmas
em que r1ividistcs a (~xpcdição.
Pelas I ~ horas de J g c pela marlrug-arla de It) sahi·
ram os quatro lotes de tropa do rio da Duvida, com
:)4 bois carg-ueiros
conduzindo
136 \"olllmes dos
quaes 99 da Commissão
Amcric:ana, <) de barracas
de campanha,
11m com as tabolctas desig'nativas
dos
rios Roosevelt <.: Kermit c 28 com g-eneros destinados él alimentação
do pessoal da tropa (' com SII;J.S
r('spectivas
bagagens.
Convem dizer aqui, a proposito, duas palavras
em relação a esses 99 volumes americ:anos :
Quasi todos elles eram constituidos
de substancias alimenticias,
acondicionadas
de modo que él
(I
Il
16
('ada um dos dias da semana ('orrespondia
um ('erto
encerrado
em pequenos
caixotes dentro dos
quat's estavam as conservas e petrec.hos divididos em
duas caixas de zinco hermeticamente
soldadas,
Exteriormente
viam-se inscriptos os ns, r a ï para
assig"nalar os dias da semana de domingo a sabbado,
respectivamente,
Os caixotes
continham
assim
almo\'ü e jantar para dous dias, cada lata representando as duas rcfei~'ões de um sÓ dia para f) homens,
l~cram calculadas de tal modo que a rcla<:ão de peso
c de volume determinaria
a sua ti uctuação se por
a('aso cahissem n'ag'ua,
JII(,lllf,
No dia 21 pela manhã partiu a tropa ck :;4¡Flrros que conduziria as cargas de I," tlIrma soh él
('hefia de honra do Sr, ('(¡ronel Roosevelt.
A's 13
horas partia o pessoal technico cI(~ \." turma ao qual
;lcompanhci
até meia legua de distancia,
retro('e"
dendo então a Tapirapoan,
depois de apresentar
as
minhas
despedidas
á ('ommissão
Americana
(demais membros componcntes
da primeira llIrma
Chefiando uma turma
RegTcssando
a Tapirapo,m
comelTi desde ¡l¡g"O
a activar os preparativos
de oq.~"a!,iza<:ão da minha
turma, desig"nada
por lC sl',glInrla))
conforme
fez
publico a ordem do dia n, 2, de I () de J anl'iro
de 1<}14.
Mandei immcdiatamenlc
('hamar ;'1 Minha ¡n'"
Se¡H:a o cncarn'g"ado g"eral das tropas de minha turma
17
Antcnor Rodrigues Gonçalves, e os arrieiros de cada
uma das tropas, Pedra Augusto de Figueircdo, da
de bois e João da Cruz Gomes da de burros, transmittindo-Ihcs ordcns terminantes
para que tudo
estivesse prompto no dia seguinte.
Apesar, porém, dos meus esforços, só ás 16
horas de 22 partia o 1.° lote de 10 bois rargueiws,
sahindo o derradeiro lote de tropa ás d~ horas c .10
minutos.
A tropa que servia ás necessidades da minha
turma era constituida de' 97 animaes quando sani df'
Tapirapoan, sendo:
TROPA
DF:
Bors
¡\ nimaes carguCIros (mansos)
Il
"
"para
;¡dpxtrar
adcstros para córte
carreta.
l\
l\
23
S
()
6
Total.
TROPA
DE MUARES
Cavallo madrinha .
Animaes cargueiros
»
para montada de offieiaes
»
"r.ampeio
de gado
Total.
40
12
4
57
Pouco antes da partida do 1.° lote de bois.
partiram o tcnente Rcis (photographo e einematographista) e o Sr. Hoehne (botanieo) e pouco depois
18
os taxidermistas
Blake e Reinisch e o addido
Joaquim Horta _. todos com destino ao Salto. A's
12 horas e 20 minutos sahiu o 1.° lotc de burros com
I I animaes
e um tocador montado;
ás 16 e 2S
minutos o 2.° com outro tocador montado, ás 17
horas e 25 minutos partiu o 3° com I I animaes de
cangalha c 2 tocadores montados e ás 17 horas e
-+5 minutos o ultimo lote de muares com uma mula
adestra; ás 19 horas sahiu finalmente a derradeira
fracção da tropa __ o 2.° lote de bois cargueiros com
; 3 animaes, tocando-se quasi ao mesmo tempo os
I ï hais adestras.
Do que foi o inicio da minha marcha no dia 22
;¡ carta que vos dirigi em 25 do mesmo mez, fornece
ideia aproximada (V. s?lfl}lrlll{,ll!o
II [).
Verificando
pessoalmente a situação de todas as tropas e mandando descarreg'ar um lotc em meio do cerrado,
para que os prejuizos fossem menores, retrocedi et
.fapirapoan
acompanhado
do medico da turma
Dr. Fernando Soledadc c do Tenente Vieira de
;\{ello, commandante do de5tacam{'nto, ,~ombinando
tudo de modo que ao clarear do dia seguinte
pudessemos marchar com todas as tropes e concentraI-as em Salto da Felicidade, ponto naturalmente
e!cito para primf'iro pouso (24 kilometros de Tapirapoan). Assim aconteceu; (tS :) horas e 30 minutos
cio dia 23 estava sendo arriado o meu animal de
montaria c em seguida partia eu acompanhado do
Dr. So!cdade deixando em Tapirapoan o Tenente
l\-1elloque fazia a rdag-uarda da columna para providenciar sobre o transporte, em carroça, de todas as
cargas que fosse encontrando em caminho e que á
heira da estrada seriam mandadas arrumar por mim.
o
19
Taes carg-as ahi collocadas
indicariam
não ter sido
encontmdo
o animal cargueiro quc as havia derrubado, na vespera, corcoveando,
A's ï horas chegámos
ao pouso
do lot<.: de
burros que na vespera fizera acampar no œrrado e
ahi esperei que terminassem
os tropeiros os preparativos de marcha,
assistindo
ainda
carregar
os
animaes, emquanto
o Or. Solcdade
proseguía
viagem para o SaIto da Felicidade.
A's 7 horas e 30 minutos puz-mc em marcha
escoltando
o lote agora reduzido a ~ animal's, e is
7 horas c 45 minutos encontrei a rarga de um dos
cargueiros
desapparecidos,
mandando
desmontar
um dos tocadores
para utilizar
él sua
montada
('orno cargueiro
c fazendo
distribuir
por alguns
dôbros as difft'n'l1tes pe(,'as de ~éll arreamento.
}\'s
13 horas alcancei
« Salto
»
('om as tropas d(~ bois
(' de burros que vim arrebanhanrlo
pelél estrada,
comc(,'alldo pessoalmente
a dirig-ir a passagem
de
toda" ellas (' as car,~-as respectivas
para a outra margem (direita) do S('potuha,
utilizando
a balsa ahí
existente.
Durélnte esse tempo rhcg-ou de Tapir8.)Joan o Tenente
Tvr ello (' ;ís 16 horas e
minuto.';
tinhamos
pas~ad() carg-as e animal'S
para o outre
lado, dirigindo-nos
então ao rancho em que acantonavam os demais membros superiores
da 2." turm~, .
.'\0 encontrar ('om esses companheiros
é que fui
ler com attC'nção él carta que vos dirigiram,
soIici
tando suas eXOlwrações, documento
('sse que consti
tue () sltppl{,!/l(,l1!O
Il. 2 e que
ag-iu sohre o meu
espirito como a mais formidavcl
das der:cpçõcs qlW
póde ter um homem no cumprimento
de seus deveres. A pedido dos demissionarios
fiz seguir um esta
(J
.~s
20
feta muntado levando um animal adestro, afim de
conduzir a impatriotica e irritante missiva ao vosso
acampamento
que se encontrava a 57 kilometros
além; o portador tinha ordem de regressar no dia
immediato para o que viajaria dia e noite. A carta
antipathica sq;uiu sem escolta de palavras minhas:
nenhum commcntario bordei ás idéas que continha
aquelJe verdadeiro auto-libella,
para não influir
absolutamente sobre o vosso julgamento, como tarn-·
bem para não augmentar mais a aversão que despertaria em todos quantos viessem a ter conhecimento
de seu conteudo.
J ulg'o porém aqui chegada a hora de respigar
friamente esse documento,
com a mais imparcial
justiça. Antes que tudo, nenhum commentario se
deve accrescentar ao facto de ter assignado a carta
I) Dr.
Fernando Solcdade, medico da turma, bastanda para prof1ig-ar semelhante acta, simplesmente
relataI-a, expol-o assim nu aos olhos de todos. De
accorda com a vossa ordem do dia n. 2 lida por mim
no circulo de officiaes, quando a expedição se encontrava em Tapirapoan, foi o Dr. Soledade induido
na minha turma com as responsabilidades de medico,
funcção essa de que se investiu, marchando em minha
rompanhia de Tapirapoan ao Salto da Felicidade
(24 kilometrns). Compunha-se a minha turma nessa
o('(:asião de 56 fig'uras, sendo:
PC'ssoaI tE'chnir.o (' allxiliart's (supplemrnto
n. 3), ï·
Contingente
de praças do Exercito (supplementa n. 4), 16.
Encarregado, arrieiros e tropeiros (supplemento
ns. 5 e 6), 2 r.
21
Pessoal da tropa do rio da Duvida (supplcmento
7), 12.
Teriamos que aggregar ao contingente mais um
inferior e dez praças que se achavam em Aldeia
Queimada; iriamos atravessar uma zona onde reinava o paludismo e estavamos tambcm sujeitos cvi
dentemente a todos os accidentes que se pódcm
produzir no sertão; não possuiamos nem pharmaceutico, nem um pratico que o substituisse;
final·
mente, apesar da cxpedição disp()r de um outro
medico que acompanhava a I." turma, partiramos de
Tapirapoan
na convicção de que não tinhamos
necessidade d(· pcdir-Ihe explic<!(JJcS sobre é~ utili·
zaçãu dos medicamentos mais csscnciacs.
Foi nestas condições que él 2: turma ficou pri
vada de medico desde o segundo dia de marc:ha no
sertão matogross('nsc,
chamado pelos proprios
demissionarios
um dos mais aridos do Brasil
Quanto ao reg-rcsso dos demais memhros c discutindo a atitude dc]]e~~,em these, começaremos por
analysar él primeira razão apresentada, pela qual se
consideravam dispensados do encarf!;O de acompé)
nhar a turma, por havcrdcs constituido rr uma 2.~
('xpcdiç:ão
com afim de facilitar a locomoção por
pequenos w·upnfi. A insinuação só teria cabi:ncnto
se fosse 3pïescntada no momcnto mesmo cm C]1)e
tiveram conhecimcnto dessa divisão cm turrnas, o
que não fizeram nem cm seg-uida ;Í lciL1"'~ da respcrtiva crdcm do dia, nem com a min:ma objecção
dC;1ois da cxpnsição verbal que lhes fizcstes, des
envolvendo o assumpto, log-o após essa Jeitura,
quando aind;, nos encontravamos em Tapiraporm.
A alleg-ação de que ao primeiro dia de marcha
n.
I(
)l
)l.
22
havia ficado em Tapirapoan parte ùos mantimentos
c bagagens indispcnsaveis á subsistencia da turma
- - não deixando perder de vista o considerando
feito mais abaixo e pelo qual se affirma que cc ao
mesmo tempo segue parallelamcnte uma commissão
estrangeira melhor constituida de tropas e recursos))
-- deve ser traduzido do seguinte modo:
a)- Mantimentos indispcnsaveis
significa ahi,
não o feijão, a farinha de mandioca, o arroz, a carne
fresca, as farinhas de aveia, o leite condensado, o
café·, o assucar, o saL as cebolas, mas as conservas
finas de peixe e fructas, os dores crystallisados da
confeitaria Colombo, as latas de biscoutos da fabrica
Jacob, o chocolate, as bolachas de agua e sal;
b) - Bagagens indispensaveis
deviam ser, na
mesma proporção duplicatas de redt~s e mosquiteiros, sobresalcntcs de peças do vestuario, exagerada
car~a de munições de guerra c cartuchos para caça,
superfluidades proprias de quem, desconhecendo o
sertão, propunha-se a atravessal-o em condições de
conforto relativamente opulentas.
Ao primeiro consic\l'rando referente ás necessiclac\l's de suhsistencia c locomo\~ão para o desempenho de suas diffcrrntes esp('cialidades, direi que
semelhante
affirmativa seria irrisoria se não fôra
insidiosa, porquanto, os primf'iros animacs escalados
para () serviço da turma () foram desig-nadamentc
par;] attendcr ás exigencias da photographia.
do
taxidermista e do hotanico. na conformidade das
requisições apresentadas por cada nm dos encarregados cIe tacs sf'rviços, a meu pedido, feito embora
com a razoahilissima rccommenda(:ão de que rf'duzissf'm ao minimo essa requisição. Quanto Ú sub-
23
sistencia, linhas atrás ficou cabalmente demonstrado
a que proporções se reduz, quando não faltou á
turma genero algum de primeira necessidade, desdl'
sua partida até o termo de sua viagem, ap'-~sar de cu
haver cedido, parte dos generos que conduzia, Ú
l.' turma, por nos não fazerem falta.
O caminhamento parallelo de uma ('ommissâo
estrangeira (da qual fazia parte o Chefe da Commissão Brasileira, o medico brasileiro, o nosso geo
logo nascido no Estado de Minas Geraes e mais dous
officiaes do Exercito Brasileiro, em um total de
5 nacionaes para 8 norte-americanos) - Il melho,
constituida de tropas e recursos », em primeiro logar
deveria despertar da parte dos nossos compatriotas
a lembrança das injuncções da hospitalidade, de
comezinha obrigação moral para quem conhece os
deveres de gentileza, sem falar nos deveres deco'."rentes da organização official da expedição; em
segundo logar, desprezada a mclhoria de
recursos », em tudo eguaes aos que possuia a l.a turma,
sem contar com a munição de algumas iguarias mais
finas em conserva, como já foi dito e justificado,
teremos ainda a oppôr alg'uns algarismos para bem
avaliar em que consiste a superioridade das tropas.
Sabido que a tropa do rio da Duvida foi constituida com () objectivo especial de conduzir de
Tapirapoan ao rio da Duvida a carga de generas em
conserva destinada á exploração projectada desse
rio e confrontando o numero de animaes de que dispunha cada uma das turmas ao partir de Tapirapoan, teremos:
I." turma 89·
a
2.
turma 79.
l(
24
Donde resulta para aquella turma um excesso
de 10 animaes, compensado pelo facto de ser de
[4 pessoas () seu estado-maior (mais ï por conseguinte do quc as da 2.a turma) e pela necessidade de
fornecer uma segunda montada ao Sr. Coronel
Roosevelt e dotls animaes ainda, um para o ordenança do Sr. Roosevelt, outro para o elo Sr. CoroIlel Rondon. E note-se que a 1.a turma tinha de conduzir recursos de bocca para um pessoal assim
accrescido do seu estado-maior
e dispunha além
disso de 2S praças c 20 tropeiros num total de 45
homens, contra um total de 37 de que na mesma
occasião dispunha a 2.a turma.
Da presumida superioridade das tropas só resta
provar que nem em qualidade a tropa da 2.a turma
t~ra inferior ~l da [.\ ('orno o não era em quantidadt·.
Or<1, de todos os animaes empregados ahi para (l
transporte o mais resistente para essa zona é o
bovino, em segundo logar () muar c em ultimo o
cavallar; a 2." turma possuia 23 bois cargueiros c
a I,ll nenhum; a 2.a turma dispunha de 56 muares
cargueiros c de sella c a 1.° dispunha paraIlclamenk
rh- 66 animal'S para o mesmo nm, sendü 5 cavallos_
Ainda quanto aos muares cargueiros c de sella.
apesar de ser muito diffieil determinar. em condi<J>es Œo disscmclhantcs, para que lado pendia essa
5upcrioridadc, os s21pplnl1r'll!os 8 e 9 comparados
(om es pirita amplamente ncutral d(:'ixa1TIclaro flue
lima tropa valia hem él outra.
Finalm¡·nte, p;;ra (>omplctar esta dissecação.
;Ibordemos o ultimo considerando agcitado a mar
tdlo c a facão nessa peça heteroge!1ea.
Comn ('m resistenr.ia cielS matni;ws se calcula
25
rt que esforços
de tracção ou de f1exão póde ser
submettida
uma certa viga, o ultimo considerando
tem a previsão mathematica
da ruptura, como se o
s('r humano se devesse conformar
unicamente
com
él força physica c relegasse a um plano secundaria
él influencia
dos agentes de ordem moral.
Desairosa
para a Commissão Brasileira e o que não ficou bem
-;Jara o Brasil. » parece-me
que foi justamente
essa
,etirada precipitada
do campo de batalha, só porque
se teve noticias do inimigo. Mais desairosa
ainda
foi vêr quatro brasileiros regressando
desalentados,
;10
mesmo tempo
que o taxidermista
Henric¡ue
Rcinisch, austriaco, interrogado
se desejava
prose
guir ou se acompanhava
os deserton:s,
dedarélva
em SCl! mau portllg-uês que «( seguiria ~empre para
" [rent(',
desde que houvesse feijão!»
Nenhum
,
.
ci
arg"umcnto porem, a malS, se eve accresccntar,
a l'
em
eb dcclarae;ão de qee a 2: turma da Expedição
conduio él travessia Matto-Grosso--Amazonas,
sem
l('r de' lamentar
os inconvenientes
'lpontados
n~ssa
inconvcniente
missiva.
Foi melhor talvez assim porque semclhan1.:.:s
lendC'llC'i;:¡s clispcrsivas
não se podi"TT: afin;:n pelo
nosso modo ele encarar
os scrvi<::os como essc.
S('~-undo as velhas íicçães cía expericncia,
mlJltiplicadas em tantos e tantos casos semdhantes
aos
vossos olhos, rPfJucr-se ahi lIma ~rar:de harm:mia
dt' vistas, llma irmana<,:ão de scntimentos
no con
vivio desses pequenos
grupos,
para <¡lie al¡~I;rJ1a
~()dS;l
de lltil se f;:¡ça e para que dessa união surja a
força que annlllla todas as difficuldadcs
a vence;L
Ainda nesse día 23 mandei (';:¡r~l('a:-o primeiro
'hoi para n pcssna] d;] turm,l.
«(
26
.\0 cahir da tarde chegou com () campeador
um
d(¡s quatro cargueiros
extraviados
n'essa primeira
marcha;
vinha em pello esse animal c nem fôra
possivel encontrélr-se a cangalha e tão paLco a carga
de g-eneros que transportava.
('ommuniquei
(I turma e dei ordem ao pessoal
da tropa para a partida no dia immediato,
o mais
cedo possivel,
mandando
<¡uc permanecessem
no
Salto:
um inferior,
que aguardaria
a volta cio
portador com a vossa resposta c levar-me-ia a ultima
resolução dos demissionarios
"pÓs sua leitura; e um
to('ador de tropa de muares, incumbido de camp~ar
os tres animaes sumidos c marchar ao meu encontro.
Nessa marcha inicial perdcu-st~ um boi C<lrguciro que, tendo-se extraviado,
foi depois encontrado morto no cerrado, presumindo-se
cue tenha
sido vi('timado por mordedura
de ('obra, emquanto
pastava.
No dia 24 de Janeiro (tS 6 horas e 30 minutos
partia a tropa de hois que foi cinematographada
pelo
Tenente
Reis; ás 9 horas e 40 minutos sahiram os
nossos bois adestros
e os de c<lrte; ás () horas c
55 minutos partiu a tropa de muares, dos quat's
apenas foi destacado um para conduzir os petrechos
de c.ozinha de ultima hora. A's lO horas e 30 minutos
apÓs o almoço, que fôra distribuido
lima hora antes,
formou o pessoal e r{'('ebeu ordem dC' marcha com
dcsi~'na<:ã() do pOllSO em « Kilometro
Cincoenta
)),
part;ndo em seg·lIida. Despedimo-nos
dos ex-companheiros, aRara considerados
« desertares
»
e con tiI1l1,ímos a cumprir o nosso dever.
Fazl'ndo
ti rctarg-uarda
g'cral cheguei
ás T:)
27
horas c ,)O minutos ao « Kilometro Cincocnt<J em
cujos ranchos fizemos o nosso 2.° acantonamento.
Ahi encontrei o proprio que regressava do
acampamento da I." turma.
I.endo a vossa correspondencia vcriliquei que
concedieis demissão a todos os signatarios da
« celebre carta », exceptuando
o botanico Hoehne,
na hypothese de acceitar este o estudo dos rios
Papagaio e Sacre, soh o ponto de vista de sua especialidade (suppl{,lJl('Jllo n. ID).
Refl¡>dindo que esse convite não poderia sn
acceito pelo Sr. Hoehne, tanto porquc não se haviam
mudado as condições de insucccsso que allegara
para justificar o seu retrocesso, como tambem porq llC
confessara a impossibilidade em qut' se encontrava
de montar, resolvi não mandar voItar animacs para
o ir buscar, dando-lhe sciencia por escripto dessa
minha decisão.
Tal solução inspirada pelas circumstancias
occasionaes, deixou-me entretanto preoccupado porquanto, vagamente,
desenhava-se no meu pensamento a hypothese inverosimil do Sr. Hoehne
acceitar aquelle offerecimento.
Tendo conhecimento
do grande areal que
separa o pouso de Kilometra Cincoenta do de Aldeia
Queimada, dei as providencias
neccssarias, por
intermedio do Tenente Vieira de Mello, commandante do contingente, para que as praças recebessem
pela madrugada o almoço preparado e se puzessem
cm marcha immediatamente
em direcção a estc
ponto.
Choveu hoje durante a nossa travessia.
28
A's 5 horas e 30 minutos de 25 partiu o nosso
contingente
depois da distribuição do café e do
almoço preparado. A' heira do fogo ficou o almoço
dos officiaes para ser servido meia hora antes da
partida da tropa de muares. Ainda para evitar o
« areião
partirá á tarde a tropa de bois.
)J,
A's X horas e So minutos almoçámos e em
seguida tivemos a decepção de saber que faltavam
4 hurros, dos quacs eram oous de sella.
A's 9 horas e 30 minutos foram encontrados os
tres animaes e mandei deixar encostado ahí um
delles que, por doente. estava evioentemente frouxo,
em condições de não poder seguir viagem.
Parti á retaguarda du ultimo lote de burros ao
meio dia, depois de ter-me assegurado pessoalmente
oe CJuenão faltava nenhum dos nossos bois; a meio
00 caminho fiz seg-uir o Tenente Mello para a frente
(' ag-uardei a passagem da tropa de bois.
Entre as
copiosamente.
It) ('
17 (' meia horas trovl:jou {' choveu
A's 2 I e meia horas, com uma c!;lS mais escuras
noites que tenho visto no sertão, alcancei Aldeia
Queimada com él cauda da columna (' a corneta CJUé
orou em seguida () silvncio ('om os toques de rancho
para officiaes e rancho para as praças J\cantonámos
em uma esplendida
casa que a (:ommissão de
Linhas Telegraphicas
tem ahi construida, acantonando tambem todo pessm¡) da turma nas outras
casas ('xistell tes.
Ao amanhecer de 2() mandei ler as ordens do
dia na Expedi(;ão a todo () conting-e1te que acorn-
29
panhava a turma até ahí e ao qual aggrcgou-se o
destacamento de 10 praças e um inferior que ahi
aguarùavam nossa passagem.
Sabendo, por informações,
que Aldeia Queimada tem máo encosto para as tropas, adoptei
medidas de previdcncia e, da vigilancia exercida
resultou, fclizmente, que ao clarear do dia no pouso,
pouco trabalho tiveram os campeadores para reunir
todos os animacs, dos quacs deixei ahi Ufl1 burro
frouxo, tendo afrouxado tambem em caminho (em
Apparição) um outro muar. Sendo curta a distancia
de Aldeia Queimada ao rio Verdc, onde iriamos
pousar, mandei Il rodear» o gado todo no pasto,
recolhcndo-o para arrear ao cahir da tarde.
A' s 13 e mcia horas parti e ás 18 horas e 30
minutos cheguei com o ultimo cargueiro ao rio
Vcrde, onde pela vez primeira él turma armou suas
barracas- toI do.
Amanheceu aziago o dia 27, verificando-se á
chegada dos campeiros, a falta de 9 bois e 3 muares.
Por ter na marcha de vespera alcançado o POllSO com
o seu lote desfalcado dc um animal, sem que disso se
apercebesse e corno é esta falta a segunda do mesmo
genero, que commette, tocando animaes com dia
claro e cm terreno de cerrado limpo, despedi hoje e
fiz retroceder o tocador Manoel Pedra.
Por necessidades do serviço e procurando dar a
cada um as funcções cm que têm manifestado maior
habilidade,
determinei a transferencia de alguns
tocadores da tropa de muares para a de bois e viceversa. U m delles - o tocador Varandas - não
queria conformar-se
com a sua passagem para a
30
tropa de bois c pretendeu
abandonar
o servIço;
resolvido embora a fazel-o prose~uir á força, como
conseq uencia perfcitamcn te justifica vel das nossas
condições de trabalho, consegui entretanto
sob
ameaça de suspensão do pagamt'nto que lhe deviamos, conformal-o com a sua nova situação.
Certos detalhes como esse pareceriam de pouca
importancia a um espirito superfluo, mas de facto
realçam as contingencias em quc se encontra quem
assume a responsabilidade de qualquer trabalho no
sertão c que se vê dependcr da vontade de homens
inferiores, que comprehendcm a dignidade pessoal
sob aspecto tão deficiente e nos quaes é quasi nullo
o sentimento de dedicação e solidariedade humana.
Entre a desorganização do serviço por que (~responsavel e o exercicio bcm calculado da arbitrariedade,
supponho que Dinguem medianamente t'quilibrado
vá escolher para scu uso él prímcíra das pontas desse
dilemma.
Quando nesse mesmo dia '27 foram encontrados todos os animaes que faltavam t~ começou-se él
('arrcg'ar as tropas, f'ahiu um g-elado e violento agua"ciro, de cuja existencia fizC'mos completa ahstrac:;ão, passeando C\I c () Tenente Mello, fôra da oar:'a,a, sem ponche, c fiscalizando o carregamento para
não consentir que .se molhas.sem as C<lrg-as: Pllnhamos assim em pratica a.s vossas lícçõc~, dando em
pessoa o exemplo da abneg-ação pelo serviço.
Viajando desde I I horas e 30 minutos, fui
acampar no Ilio-S~ ás 18 horas, atravessando mais
essa area dos chapadões que aqui se succ:edem c se
c.~palham em torno rio nosso horizonte, semelhando
31
o oceano, oceano de vegetação pequena, onde a vida
animal é apenas representada por insectos.
No dia 28 ás 5 horas e 20 minutos consegui pûr
os campeadores em actividade, mas verifiquei que
havia rasto de animaes atravessando
o Dia-Sê,
fugindo para trás, apesar de ter recommendado
muito, na vespera, para impedil-o.
A's 8 horas e 50 minutos seguiu o contingente
a pé, conduzindo cada pra\a, como sempre, o seu
« sacco de mala », repositorio de todos os utensilios
e roupas de que precisam; ficaram apenas duas pra(:as: o cozinheiro e o copciro, as quaes seguirão ap(')s
() almo\o dos officiaes. Ao meio dia parti e ás 13
horas atting-i o rio Sacre, onde parei para examinar
a tropa do rio da Duvida que ahi estava acampada
com (J inspector João de Deus. Essa tropa sahira
nos dias ¡k e IC) dc Tapirapoan, isto é, quatro dias
antes da minha partida e cu a deixava agora {i reta-o
g·uarda. A's 19 horas c 20 minutos cheguei á Lagûa·
Secca, onde estava preparado o nosso acampamento
para essa noite.
O exame do sltppl{,lIlr'll!O
Il. r r
¿eixa hem
('Jaro o itinerario e a marcha da minha turma.
Durante a ultima marcha acima referida aprescntou-se-mc o inferior que eu deixara em Tapirapoan c só então, lendo él carta que mf. dirigiu ()
Sr. Hoehne, verifiquei com satisfação que realmenÜ~
estava clle de pleno accorda com él resolução que cu
tomara de lhe não mandar animaes ao SaIto, mostrando-se mesmo admirado da proposta que lhe
fizestes para a exploração do Arinos--- Papagaio,
quando um dos motivos porque pedira exoneração
residia na deficiencia do transporte.
32
Como sabeis de 2<) de Janeiro a S de Fevereiru,
marchei
diariamente,
acampando
sete vezes para
dormir, a ultima das quacs él margC'm direita do
ribeirão das Aldeias.
Para alcançé1r este ultimo ¡musa foi preciso qUt'
('u permanecesse
em pessôa no acampamento
anterior (Gralhão) até It) horas c 45 minutos, hora em
que iniciei a marcha para frente, deixando
apesar
disso tres animaes perdidos e em seu encalço dous
tocadores, pois que, ao toque de desarmar barracas,
'I ~Iando já se preparava
o contigentc
para marchar,
faltavam ainda I ï animaC's da tropa.
Desta maneira alcancei o novo acamp<lmcnU
pela madrugada
do dia 6 de Fevereiro (r hora e 20
minutos), debaixo de forte aguaceiro, sendo obri!.;ado
a deixar
varias ('arg-as para trás durante> o meu
í raJ eeto.
De tal modo ficou desurganizado
o serviço de
transporte
que tive de ceder á imposição
das
cireumstaneias,
permé1necendo
um dia no mesmo
acampamento,
e realizando
dessa forma o ideal dos
tropeiros que é de quando em vez « falhar»
um dia
para descançar.
Fiz entretanto
seguir a tropa de bois e os bois
adestros
para J urucna,
com ordem de regressar
amanhã e conduzir o excesso de cargas produzida
pelo afroixamento
de IO muares
na marcha de
Gralhão a ribeirão das Aldeias e neste ultimo lagar.
além do desapparecimento
de 2 muares em Gralhão
e dous bois no citado ribeirão
- perfazendo
um
total de r4 animaes caq;-ueiros.
-
N o dia
I
ï ás r 3 horas e 30 minutos
parti
33
do ribeirão das Aldeias, tambcm chamado Taquarinha, fazendo a retaguarda
do comboio, ao qual
reuni os clcmentrlS que haviam ficado para trás na
ultima marcha, mas deixando ahi, sob a vigilancia de
dous homens as cargas qlle não havia possibilidade
de transportar
e que seI-a-iam, no dia immediato,
por partc da tropa de bois quc voltaria do J umena
para tal fim.
A's 20 horas attingi a estação telegraphica
de
J urucna e, aproveitando o luar, fiz transportar para
él margcm
e~querda todas as cargas e cangalhas,
com auxilio da balsa ahi mantida em serviço pcla
('ommissão
de Linhas Teleg-raphicas.
- Antes de cheg-ar a ] urucna,
quando cm
marcha
ainda
para csta estação,
destaquei
um
proprio paré} transmittir tclcgrammas,
pedindo informa\õ~~s a respeito do estado em qlle se encontrava
a estrada a percorrer dahi em deante, acompanhando
linha telcg-r~;phica construida.
Tendo es~c p-oprio
attingido no dia () a estação, quando cheguci foramme aprescntadas
as respostas const;:mtes dos supplcIJ/f'lllos
lIS. 12, J3, 1-1- e (:¡, pelas quaes
ue01. se p")dia
<.ivaliar () trabalho que teriamos él fazer para garantir
o escoamento das duas columnas da Expedição
por
aquella estrada, desde J uruena até o rio da Duvida,
sC'm interrupção
de suas marchas.
I~ntretanto,
como nobre incentivo, acabáramos
de conseguir,
á cllsta de perseverante
esforço, a
execução da l." parte do s~rviço que nos fôra designado, atting-indo J uruena 24 horas antes da vossa
turma. Com a vossa pratica de sertão, não tenho
necessidade
de detalhar quant~s vezes estivemos em
cheque dessa dolorosa perspectiva
de alcançar tarde
,I
;,
34
de mais aqllelle ponto commllm das nossas trajectorÏ<.ls. Sob o dominio de tacs pensamentos
é que vos
tracei a laconica commllnica(:ão constante do .wppl('·
mCl/to
JI.
/6.
A partir ck J uruena ':criamos, pois, conforme
,IS \'ossas
ordens além da responsabilidade
de dirigir
lima turma, mais a de conccrt~\r as pontes, pontllhõcs e estivados sem prejlliZCJ da nossa marcha.
A' dedicada
('ollah()r~H:ão do Tenente
\ïcir~l
de Mello Filho ell devo o ~('r conseguido
alcan\ar
('sse duplo objectivo.
Para a cxecllcão do servico
nue ,w'ora nos
'1
incumbia, cstalJClcci lima divisão do C(utigcnk
em
duas turmas. cada ,<¡lI;:¡1di"pondo
de um inferior,
f('\'Czando se diariamente
o:wssoaJ
no trabalho CJuc
competia a cacia (urm;!, sem prejudicar
él escala
nantida,
desde a marcha inil'i;o!, de uma escolta á
retaguarda
do mesmo contirgente.
:\ escolta compunha se de 11m infl rior e duas
J'r<.!\as, cujo ohjectivo era ('ompdlir
os rctardatarios
a l'ompJt'ulr a marcha soh slla vigilancia.
II ma das
tnmas (a maior) era a do preparo da eS1:rada, sob él
dircl'l:ão immediata
do Tenente
~IIcJJo c a outra, a
do preparo do acampamento.
Deixei em J \lfUCna;l
tropa de bois que
scg'uiria ao meu encontro quando viessem as cargas
do ribeirão das Aldeias.
A's 10 horas do dia 8 paz-sc em marcha o contingente, depois de escaladas as turmas, tendo a de
preparo de estrada
cstrcado a poucos
kilometros
ac1eante, refazendo
um cstivado quc se achava em
)
.'>
1-'
35
más condições.
Demorando-me
para assentar
oem
as Illtimas providencias
sobre o preparo de uma carreta que requisitei
do commando
do destacamentc
do J uruena, para meu serviço, s6 ás 13 horas e 50
minutos parti em demanda
do rio Formiga,
onde
acampei com a minha turma ás 20 horas.
Por terem afrouxado
succcssivamcntc
dOlls
muares que ('->nduziam petrechos de cozinha, tardou
nesse dia a distribuição do jantar, para o qual mandei
carnear um dos nossos bois de corte, deixando assim
de Iado a carne em conSl'fvtis de que nos temos ser
vido ha alguns dias; ;ís 13 horas termin;ínos
essa
rdei\'ão.
Pousou commigoo a tropa do rio da Duvida
e ('ombin;ímos o melhor meio de utilizarmos a balsa
do rio Formiga, sem C¡lle haja atropelo c 'lem percamos tempo. Assim ao amanhecer
do dia 2() fiz
tr;1nsportar toda a carga para a margem esquerda do
rio (' ;is LO horas e 30 minutos come(,';l\'a a carregar
a tropa cie muares. A's [2 (' ':;0 minutos chegoava :l()
Formigoa a nossa tropa de bois reduzida agora a
2 I animacs;
dando ordem para que descan\,assem
ali e partissem a tarde para pousar no J uhina, onde
o l)<lsto est;'l me'lhor, conforme'
informaçÔ<,s c¡ue
obtive', montC'i a essa hora e fui apear ás 13 horas e
:;0 m in Iltos ;'¡ margem d irei ta desse rio, providenc¡ando em PCSSt\l para c¡ue a balsa terminasse
logo
o seu moroso trabalho;
mandei passar a nado apenas
os hois adestros, pois que muito esgotam os animaes
célïgueiros essas trave'ssias,
muito mais <¡uando a
tropa, resentida já de long-as marchas
através
de
uma zona mal dotada de pastagens estéÍ, em cons('qllcncia o- omal alimentada.
36
Tendo « varado » a tropa e as cargas por esse
processo forçadamente vagaroso pois que essa balsa
apenas supportava com segurança o peso de dous
animaes de cada vez, com as respectivas cangalhas
e consumia em média I I minutos para effectuar uma
viagem « redonda» ; ás I 7 horas parti para o nosso
14. acampamento
no carrego do lJrutáo onde
cheg-uei ás 18 horas e 30 minutos.
- Como um forte temporal arrastára os estivados de ambas as margens do J uhina depois da
nossa passagem e pela necessidade de desmontagem
de nossa carreta, afim de tornar possivel seu transporte em balsa nos passos do Formiga e desse rio,
mandei encostar toda a tropa em Urutáo, inclusive
animaes de montaria, e dividi o contingente em tres
partes proporcionaes aos trabalhos em mira.
I.a)
turma sob a direcção de um inferior
para reconstruir a ponte do Urutáo e respectivos
cstivados.
2.") turma sob a direcção do Tenente Mello
para reconstrucçâo dos estivados do ri) J uhina.
3.a) turma sob minha direcção com o objectivo
de reconstruir os cstivados mais proximos do rio
Formiga c incumbir-se da trasladaç5.o da carreta e
suas carg-as.
---Essas turmas ao amanhecer do dia 10 deviam
seguir a seus destinos, levando uma farofa de carne
preparada para servir-lhes de almoço, do qual participariam os proprios officiaes.
Assim aconteceu, mas regressei do Formiga
deixando cntreg-ue á I.a turma a nossa carreta, conforme as vossas ultimas determinações. pois que, os
0
37
generas que ella conduzia passariam á disposição
dessa turma, visto não fazerem falta á nossa.
Ao passar pelo J uhina estava terminada a
tarefa que fôra distribuida ao Tenente Mello e rcmlhcmo-nos juntos ao acampamento
do Urutáo,
onde ainda occupámo-nos com a conclusão dos serviços ahi em andamento.
Pela primeira vez consegui ver toda a nossa
tropa reunida ás 7 horas e 30 minutos, sem faltar
animal algum, de modo que no dia I I iniciámos
muito mais cedo todos os serviços, conseguindo eu
entrar no acampamento do Primavera, com a cauda
da columna, ás 14 horas e 30 minutos
facto este
muito fóra do commum.
-- No dia 12 ás 3 horas e 30 minutos fez uma
das suas madrugadas, por ordem minha, a tropa de
bois e ás 4 horas e 30 minutos partiu para a retag-uarda um tocador de confiança levando dous bois
cargueiros que iriam receber da carreta o nosso caixote de quinina, a banha e o café necessarios para
attendcr ás necessidades da turma, por termos verificado a deficiencia desses generas.
A ponte do rio Camararézinho deteve él
nossa marcha, pois foi mister substituir-lhe uma das
10ngarinas e rccompol-a em muitos pontos; na
impossibilidade de fazel-a nova, procurámos garantil-a para que resistisse á passagem das duas
columnas de tropa, mas deixámol-a preocupados,
como bem traduz a exposição feita no supplemenfo
JI. I7.
A's 20 horas e 30 minutos acampei no « Chimarrão ll, onde ás 23 horas sentámo-nos para jantar.
o
38
--- Continuando
sempre
a deixar
em cada
marcha animaes frouxos e fazendo voltar tropa c
tropeiros para ir buscar á retaguarda
as carg-as que
iam deixando por força das circumstancias,
cheguci
él Campos-Novos
ás 23 horas, quando
então se
recolheu no dia r 3 a turma encarreg-ada de concertos
da estrada percorrida
em nossa marcha desse dia.
-- Maiores detalhes da nOSSél.marcha encontrareis no supplemento
n. 18, com informações
do
i:rajecto J uruena-- Nhambiquaras.
Ao passar
pela estação
tcleg-raphica
de
Nhambiquaras
reccbi o vosso aviso cuja copia se
encontra
no SUPpL(,lIICl1tO Il. /9, em termos lisong"eÍros para mim e ('om os quaes senti prrfeitameme
compensadas
todas as tribulações com quc era opprimido pelo meu temperamento,
no desejo de hem
servir, porque, além de minha consciencia,
acabava
de verificar através de vossas palavras, quanto em
verdade comprchendieis
o meu esforço e com que
justiça encarél_veis os meus actos.
Pouco
depois de meio dia sahi no dia I.)
de Chimarrão,
parando
ligTiramente
em M utum(~avallo, onde estavam acampadas
as tropas do rio
da Duvida c a minha tropa de bois. afim de providenciar sobre () prosé'g"uimento de slIas marchas, determinando-lhes
() pouso em Campos Novos.
-- SCg"undo as vossas ordens e apesar das ponderações
que
vos apresentei
com a resposta
constante
do SUPpLClllclZto n. 20 deveria aguardar
vossa chegoada em Campos Novos.
39
Como por~m a ponte do rio 1:2 de Outubro e
varias outras, proximas delle, se achassem em pessi·
mas condições,
resolvi desde log-o fazer scg-uir no
dia seguinte o Tenente
Mello com o contingente,
afim de ir effectuando
os reparos de que carecessem.
- Registemos
de passagem
que, em Campos
Novos, junto á casa construida
de telhas e tijolos
fabricados
ahi - - com esquadrias
de excellente
madeiramento
retirado da floresta proxima - existe
um maf(~O de madeira de lei, assignalando
a data
em que pela primeira vez a Commissão
de Linhas
TelegTaphicas
palmilholl
esse terreno,
sem qu~
a houvesse preccdido nenhum civilizado (20 - -V 1 IC)O~);
alfm dessa
data acha-se
g-ravado mais ()
seg-uinte em uma das faces lavradas do marco:
C. L. T. E. M.-G. A.
Retiro
Veado
da I nvernada da Commissão.
Branco.
Lat. S. 12° 4(/ 29'1.
Log·. Vv. do Rio ¡Go Sd.
- Os dias 14 e I:) passamol-os
em Campos
Novos onde nos vicstes
encontrar
na tarde
deste
ultimo, tendo sido nesses dous dias concluido o preparo da estrada até o 12 de Outubro, inclusive.
Havendo recehido vossas ordens pessoalmente,
determinei
para o dia seguinte o proseg-uimento
de
nossa marcha, de accorda
com él norma
sempre
adoptada.
40
-- A permanencia
cm Campos N ovos ande ha
pasto natural de primeira ordem revigorou a nossa
tropa; além disso, porém, recehi ahi o reforço de
7 muares rargueiros que', se não estavam em optimas
condições,
serviriam
para revezar com os que já
vinham mais enfraquecidos.
A's 9 horas c 50 minutos de 16 parti de Campos Novos fazendo a ponta da retaguarda
da minha
columna e de 16 a 20 marchei diariamente,
executando sempre a reparação da estrada, passando a I ï
pela estação telegraphica
de Vilhena e acampando
no dia 20 na fazenda dos Tres Buritys.
Durante a marcha, apesar de se terem tornadl)
imprestaveis
para conduzir carga, mandei pacientemente tocar varias animaes afim de deixal-os nessa
fazenda, onde o pasto
de capim-gordura
deveria
restaurar-lhes
as forças. E assim entreguei aus cuidados do encarregado
da fazenda 26 cargueiros, dos
guaes 13 muares.
Para attender
ás necessid ades do meu transporte só precisei receber. em troca desses 26 animacs, 3 muares de montaria e lO bois cargueiros.
--- De accordo com as vossas ordens fiz seguir
na minha vanguarda
a tropa do rio da Duvida, que
deveria marchar, como a minha turma, até a cabeceira Sete de Setembro, onde acampariamos
afim de
ag-uardar a vossa passa¡:;em por ahi.
---- Demorei-me
em Tres J3uritys no dia 21 o
tempo sufficiente para a reconstituição
da tropa do
rio da Duvida e das minhas tropas de muares e de
bois, dando todas as providencias
para a garantia
da marcha dahi ao rio da Duvida, de fórmas que só
pude montar ás I:; horas e 45 minutos, para apear
-o
41
ás
horas c 45 minutos na estação telegraphica
de
« J osé Bonifacio
Il.
Não tendo sido possivel á turma de preparo da
estrada, pelo adeantado
da hora, completar
a lim
peza da linha em trecho em que o mato difficilmente
permittia a passagem, destaquei um inferior e quatro
foiceiros para no dia seg-uinte retrocederem
afim de
executar esse serviço, terminado
o qual deveriam
apresentar-se
no acampamento
da cabeceira Sete
de Setembro.
N o dia 22 assim se fez; ás 8 horas e 30
minutos partiu a turma de limpeza. A's 22 horas e 30
min utos sahi de José Bonifacio e ás IS horas e IS
minutos cheg-uei ao nosso acampamento
n. 22, junto
á cabeceira Sete de Setembro, onde permaneci até
o dia 27, data em que prosegui minha marcha para
a estação telegraphica
Barão de Melgaço, emquanto
que a I.a turma, reduzida, iniciava a descida do rio
da Duvida.
No dia 23 marchou de Sete de Setembro
para o Duvida o Tenente
Mello, levando comsigo
um inferior e I I praças, afim de completar ali o preparo das canôas que serviriam á exploração desse rio,
em cuja margem esquerda acampou.
- N os supPlementos
1lS. 2 I C 22 encontrareis,
as informações
que vos prestei por escripto nos dias
22 c 23 em relação a detalhes
da minha marcha como
ao modo pelo qual dei cumprimento
a vossas
ordens.
- A's 14 horas do dia 24 recehi em meu acampamento o Sr. Coronel Roosevelt,
seu filho Kermit
Roosevelt,
os naturalistas
Miller e Cherric, assim
como os membros da Commissão
Brasileira
desta2 I
42
cados na I:' turma. Mélndei armar as suas harracas
em uma area já preparada
por mim defronte ao meu
acampamento,
onde permaneceram
até o almo<;'() do
dia immcdiato.
-- No dia 25 q)(ís () almo(;o seguio o Sr. Coronel Roosevelt
com sua comitiva para o rio da
Duvida, em cuja margem direita acampou. A's I(j
horas e SS minutos o corneteiro
do meu acampamento dell o signal de commando do :).0 batalhão de
engenharia,
annunciando
a vossa chegada ao meu
acampamento,
de onde parti comvos('o para o acampamento do Duvida, ahi pernoitando
por necessidade do serviço e regn:ssando
Ú caheceira
Sete de
Setemhro no dia 2Ó á tarde.
No dia
ás i hor;.¡s e ,)O minutos Icvant(~i
acampamento
da cabeceira Sete de Setembro c fiz
um grande alto no rio da Duvida, onde assistimos
a vossa partida com a turma de exploração desse rio
sob a chefia de honra do Sr. Coronel
Roose\'dt,
partida realizada ás 12 horas.
1\0 pasar pelo vosso acampamento
do Duvida
recebi as bagagens e correspondencias
que me confiastes para q lie as levasse a :\1 anáos, en treguei re lacionada a carg'a que deveria voltar para a cstat;ão
J osé Bonifacio e, finalmente, ag-grcguei definitivamente ao meu cstado-m,1Îor () naturalista
americano
Leo Miller e o geo]ogo brasileiro Dr. Euzcbio Paulo
de Oliveira
que commig-o desceriam
o rio GyParaná, assim como a meu contigcntc
as pra\'as e
tropeiros constantes
dos ,wPpl{'1}l{,llto,,. JlS. 2J e 2.:J,
lÏcando assim a turma composta de Ci officiaes e 2
addidos,
ïÓ praças e tropeiros,
ao todo, pois, S4
homens.
2,
43
Em seguida á vossa partida levantou acampamento o Tenente Mello com o seu pessoal já novamente incorporado á minha turma e marchámos todos
para a cabeceira Dr. Stiglmayr, onde acampei Ús
20 horas.
-. Desde que penetrámos na mata do rio da
Duvida, a qual se liga á vasta floresta amazonense,
tornou-se necessario introduzir um novo serviçu
[lara o·arantir a alimentarão das tropas de muares e
bovinos -. a faxina para cortar palha de coqueiro.
Só dessa maneira se consq;-ue manter a tropa em
condições de marcha e ('omprehende-se
como é
penosa semelhante maneira de viajar, na qual os
nossos bois representam um papel semelhante ao
dos camellos que atravessam os dt'sertos africanos.
Com duas marchas nos dias 2g e [ de Março
~ttingi finalmente él estação tclegraphica Barão de
Melgaço -- termo da nossa jornada. - Conforme
vossa recommendação organizei ahi as notas relativas él todo pessoal que havia tomad'o parte na
Expedição, com designação do numero de dias de
trahalho, turmas a que pertenceram etc., informando
por tclegramma ao Sr. Dr. Lauro Müller, Ministro
do Exterior, sobre a partida da exploração do rio da
Duvida e pessoal que me acompanharia
(suP plcIll(,l/Io
/l. 25)·
-- De conformidade ('om as vossas instruc<;ões,
t~~riamos que descer pelos rios Commemoração d(~
Floriano, que passa junto á estação de Mclgaço,
Gy- Paraná ou Machado e Madeira, dirigindo-nos
em seguida a Manáos, quanto ao itinerario. Quanto
ao serviço de levantamentos, competia-me fazer o
do Commemoração desde o passo « Parahens lJ, - ~
>
44
oitava cachoeira a montante de Melg-aço; o do GyParaná desde o ig-arapé BÚa-Vista; os dos affiuentes
do Gy-Paraná:
Anary, McH:hadinho e Preto, até
onde fosse relativamente facil subir com as canôas.
N o emtanto ao abeirar-me do Commemoração
ahi não encontrf'i os recursos que esperavamos para
essa navegação Muvial, o que motivou a carta
(supple1llrllto
1/..26) dirig-ida ao T encnte Aureliano
I,ima de Moraes C:outinho, chefe do acampamento
da Commissão de Linhas Telegraphicas
Estrategicas de Matta-Grosso ao Aamazonas, na parte da
construcção a cargo da Secção do Sul.
-- Attcndcndo á minha requisição, subiram do
acampamento da construcção as duas embarcações
de que dispunham:
uma chalana f' um batelão.
Como, porém, deveria eu demorar-me cerca de uma
semana acima de Mclgaço. resolvi deixar a turma
ahi e subir com o geologo Dr. E uzcbio de Oliveira
até o passo Parabens, de onde partiria de regresso,
com o meu levantamento.
N esse intervallo haveria tempo de apparecer o
outro batclão, esperado
em Melgaço a todo
momento, pelo que. fiz descer, no que ahi estava, o
inspector João de Deus e pessoal que devia recolher-se aos trabalhos da Commissão Telegraphica.
Mandei retirar do fundo do rio Francisco
Bueno uma ubá pequena que, com él ajuda de feixes
de taquarussú secco conseguimos que fosse tripulada por dous homens: com esta, destinada á conducção da mira e com a chalana preparei-me para
subir o rio Commemoração de Floriano.
-- No dia 4 de Março ;is 8 horas c So minutos
45
partimos de Barão de Melgaço com as duas eanôas
de levantamento, fazendo-me conduzir bem como
ao Dr. E uzebio na maior das embarcações. Com
difficuldade conseguimos vencer a grande correnteza
do rio Commemoração, cujo accesso só fôra possivel
com a converg-encia de esforços dos remos, de duas
zingas » c de um craque.
I nfelizmente concorria muito tambem para essa
difficuldade
() pouco adextramento
do pessoal,
coincidindo que em uma turma de 4.:; pra\,as e voluntarios regionaes, apenas conhecessem o serviço de
remo (' canÔa, dous homens, um sÓ dos quaes sabia
nadar.
Antes que houvessem adquirido él pratica con
veniente á custa da lentidão e dos perigos él que nos
expunhamos, quiz él fatalidades qlle se « alagasse
a nossa chalana, quasi victimando () g-cologo c o pes,;oal que a tripulava, no numero cios quaes apenas
um ( !) sabia nadar. Dadas as providencias para salvamento do pessoal, resolvi seguir só, tripulando
com menor numero de homens él chalana c redu
zinda a um terço os nossos generoso Uma circum"
stancia impediu ainda este seg'undo projecto: o
merg-ulho da can(lél deixara-nos
sem () croque e
reduzira-nos a tres remos dos nove que traziamos,
Não fôra a espera él que sujeitariamos o nosso
hospede norte-americano, que sempre foi por 0{)5
considerado como um representante
do C:oronc:l
Roosevelt, mandaria fazer os remos de que necessitavamos; urg-ia por{.m resolver com rapidez maior
(" rcg-rcssando por terra á estação de Melg-aço,
expedi um proprio levando él carta urgente que
agora fig-ma no slfj>j>lrJJlrnto
Il, :>ï,
(l
»
46
A requisição desse batclão, não só attenderia
á
impaciencia
demonstrada
pelo naturalista
americano de descer
immediatamente,
como tambem
trar-mc-ia
o numero de remos de que necessitava
para mais lima vez tentar o clImprimento
de vossa
urdem em relação ao lcvantamento
do Commemoração a partir do passo Parabcns. A resposta ao portador não se fez esperar e cksfazia por completo a
esperança
que alimentaramos.
1mm,:~diatam<:nte
aprestei-me
para des('cr o rio, j;í. que o não podia
subir, e iniciar
dahi o scu levantamento.
embora
houvesse que deixar rdidos, em lhrão de l\fc]gaço,
os naturalistas
e o ¡wssoal 'Ille não fosse nccessario
;10 meu serviço.
Julgava tambem qllc tal rt'soluc,~ão
1,:st:1ria de accordo ('om o desejo varias vezes manifestado pelo naturalista
Miller de demorar-se alguns
dias em ponto convenil'ntl'
que lhe facilitasse
o
enriquccimento
elas suas j;i imp(Jftantcs
('ollecçõf's
de animacs. Infelizmcnte
éJl)('sar da riqucza da fauna
no valle elo rio Commemoração,
a caça não foi
abundante
c o project;¡clo beneficio transformou-se
cm contrariedades
para o nosso hospede, ~()mo se
('videncia do seguintf' tclcgramma
que cxpediu para
}\,f an;Íos :
(( Theodore
Roosevelt.
Dclél)"ecl at Baron ~\1('Ig-aço ,,-aiting- for canoes,
nothing
hc-'e but ram,
sickness and mosquitocs.
LC'o E. Afillcr.
euja traducção {, ao ¡)(~ da lt,tra :
" Thcodoro
Roosevelt.
Detido
em Barão de
Mclg-aço esperando
can(Îas. aqui n;:da a não ser
chuva. doenças f' mosquitos.
Nesse dia chcg-lIci ás /6 horas com o lcvantamento ao porto da " J araraca ". que dá acccsso ao
Jl
l)
47
actu,¡} acampamento
da construcção
da linha tell'
g-raphica, permanecendo
ahi até o dia 5, em que,
pelas 7 horas prosegui com o levantamento
do rio.
Com 127 esta\'õcs acampei
do ('(lmmemorac:ão,
bemdizendo
cera durante o dia .
,í margem
esquerda
o sol que nos aquc-
. Prosegui com o mesmo servi~o diariamente,
alcan~ando
Pimenta Bueno ás 10 horas de 8 e completando
o levantamento
du rio (( Cummemora\:àu
de Floriano » desde o passo da linha telegraphica
at{' a sua fóz no rio Pimenta Bueno, de cuja contluClH"ia resulta o rio Cv-ParanÚ
ou Machado .
.'
No dia 6 pelas 9 horas encontrei na\'egando
ag,"uas acima o Latelão que iria até Barão rie l\lelg-aço
aflm ele receber o resto do pessoal ela minha turma;
ao piloto transmitti ordens severas par;:! acccIerar a
Slla marcha, fixando-lhe
o prazo em que deveria
atting-ir o termo de sua viagem para montante (dia
10) ; mais tarde suube que realmente
foram cumpri·
das tal'S ordens, pois a J T de 1\1a[(.;o sahi,1 esse bate
Ião de Melgaço, que na vespera attingira.
- " No dia 8 encontrei o batdão que descera de
JunIen" no dia 4, recommcndando
tambem ao res
]wnivo
piloto
apressar
a subida,
tanto
quanto
possivel.
Em Pimcnta
Bucno demorei me até com
pldar as providencias
ncccssarias
para organizar a
minha nova turma de levantamento
de rio c para ah¡
deixar os elementos
de qlle careceriam
os demais
membros da turma com () fim de se conduzirem
ao
no l'vIadcira.
Ik conformidade
com as instru('(,'õcs que drta-
48
lhastes em vossa ordem do dia n. I I de 26 de F cvcrciro, publicada
nas margens
do rio da Duvida,
competia-me
realizar ainda o levantamento
do rio
Gy-Paraná
desde o igarapé Bôa Vista até sua fóz
no Madeira, como tambem
o de seus affluentes
Anary, Machadinho
e Preto, devendo
subir estes
tres ultimas até o ponto
em <lue permittissem
a
navegação de canôas grandes.
--- Deixando
pois ao Tenentc
Vieira de Mello
as instrucções
e communicações
,::onstantes
do
suppl('l7lc¡llo n. 28, parti no dia !O de Março, ás
10 horas,
com destino ao igarapé Bôa Vista, onde
desembarquei
ás 9 horas do dia 12, ahí almoçando
e preparando
em seguinda as minhas tres canôas de
levantamento:
uma da cozinha, outra da mira c
outra minha,
com os instrumentos
necessarios
ao
servIço.
Ao meio dia parti com () Ievantaménto
e apesar
de ser muito cncachoeiraclo
nesse trecho o rio, consegui fazer ás 18 horas e 30 min·,ltos a minha
ccntesima c ultima estação.
- Continu;mdo
o levantamento
do rio C;yParaná a favor de suas aguas, tive a infelicidade
de
naufragar
pela 2: VCl, no dia I S ás 14 horas.
Resolvi então descer parél M onte Christo, barracão
et jus~¡ntc do naufrag-io,
afim de: refazer-me
de
recursos e ir novamente
ao barracão de Bôa Vista
onde constava
a exi~tencia
de instrumentos
que
serviri~lm para proseguir
nesse levantamento.
O
s?tpPl(?1Jl(,lZto n. 29 resume os trabalhos
exccutados
dcsde Mclg-aço até a minha ch·.:gada ao barracão
Monte Christo, e tambem refere dctalhes de via<.:;cm ;
assim como o supplr11'lcnto n. JO vos ('ommunica a
49
improficuidade
dos meus esforços
instrumentos
de tralxdho.
para obter novos
-- No dia '7 quando
retrocedi
de Monte
Christo, passei pelo batclão em que vinha o resto
da turma e transmitti
as ultimas recommendaçães
ao T mente
Vieira de Mello, despedindo-me
de
nosso hospede
-- - o naturalista
Miller·- - e dos
demais companheiros
da turma, eu ja direcção entre··
gïlei ao Tenente Vieira de Mello.
Examinando
a parte do levantamento
que
foi aproveitada
porque estava desenhada
já, verifiquei o ponto do rio em que ficara esse l('vantamento
e no dia 22 apontava-o
ao pessoal encarregado
da
canoa da mira, o qual desceria dahí novamente
á
barraca Monte Carlo, onde mandara ficar a canoa da
cozinha
com os respectivos
empregados.
Todos
aguardariam
alIi a minha volta de Bôa Vista. Calculando '-1 viagem, determinei
ao pessoal da mira dia
C hora
em que deveriam
esperar
no ponto (Je
amarra(:ão.
- A's 12 horas e 35 minutos do dia 2' cheguei
ao igarapé Bija Vista, verificando a inutilidade
do
meu esforço por me não servirem os instrumentos
que ~¡hi estavam. A's I S horas parti de BÚa Vista
c ás 17 horas encontrava a canoa da mira com a qual
recolhi-me
a Monte Carlo, onde afinal ficou novamente reunida
a minha turma de levantamento,
agora reduzida a uma simples turma de « baixada ».
Continuando
a descer no dia seguinte, cheguci
a Monte Christo ;tS 13 horas e 45 minutos d~ssc dia
22, gL1stando () horas
c 28 minutos para o mesmo
trajecto que, de subida, exigio ·nos 30 horas de via-
50
gem continuada, descontando o tempo consumido
nas diversas paradas para comer e dormir.
Informaram-me então de que o resto de minha
turma partira de Monte Christo no dia 19 após o
almoço c que poderia pois (ltting-ir Manáos de 28 a
3 I de Março.
De Monte ('hristo a ('alama do rio Madeira
utilizámos os mcios de transporte de que dispõe ahi
;1 firma Asensi
& C. conccssionaria de sering-aes
ncssa lona.
Parti ás (-)horas c I S minutos de .Monte ('hristo
no dia 24 él bordo da lancha « Jackal»
a cujo
('ostéldo ia atracado um g'rande batelão ('om alta
('obertura de zinco, como um barracão fluctuante; ás
ï horas cheguei á bocca do J aní (cachoeira J dalina)
onde a ('asa Monteiro dispõe rie um barracão á
m<lrgcm esquerda do Cy; ás 9 horas e 10 minutos
pass{lmos S. Sehastião, porto tambem da casa Monteiro: ás 14 horas (' :'0 minutos riC'scmharquei em
s. J OSI\ onde fwrnoitei.
No dia 25 ás ï horas (' 20 minutos partimos de
S. José em um batelão para passar á margem opposta
(esquerda) visto estar intransitavel o varadouro por
terra, desembarcando ás ï horas e 30 minutos em
llma ilha existente a montante da cachoeira S. José;
atravessando
a pé a pequena ilha tomámos uma
chalana com que fomos conduzidos, através da
corredeira que envolve él ilha, para jusante da
cachoeira, atracando proximo ao barracão S. F dix
(casa Monteiro) a montante da cachoeira do mesmo
nome, Neste ultimo ponto aguardámos a chegada
da outra lancha que faz o serviço no trecho S. Felix
51
- Tabajara
e no dia 26 ás 8 horas l' 10 minutus.
partimos como passageiro
da « Boadic{:a ».
A's I I horas e 50 minutos
passámos
por
Assumpção,
ponto do I." barracão da casa Monteiro
para quem sobe o rio; pelas I:; horas passámos a
bocca do rio Machadinho,
affluente do Gy pela
margem esquerda;
ás I fJ horas e 30 minutos atra
cámos ao barracão Maruim (synonymo d(' mosC]uitopolvora) e ahi pernoitámos.
No dia 27 ;is () horas partimos de Maruim
na mesma lancha Boadi('éa c ás S horas cheg-ámos
él Tabajara.
, A 28 desccmos cm urna chalana até a barraca
Remanso », onde desembarcámos
ás 7 horas e 30
minutos depois de uma hora de viagem, partindo
dahí a cavallo ás ï hor,-'s c 4S minutos para apear ás
9 horas c 30 minutos, a legua c meia de Remanso,
em Cachoeirinha,
atravc>s do varadouro
aberto ;10
trafeg'o entre esses dous pontos.
«
I~m Cachoeirinha
tomámos a lancha " 24 de
Junho»
e ás 10 horas e S minutos desembarcavamos
em S. Vicente, outra cachoeira, de onde, montado,
transportei-me
para a ultima cachoeira « Dous de
Novembro )), alcançada ;is )o horas e 4.1 minutos.
No dia 30, ás I S horas e 50 minutos, sahi
Dous de Novembro '1 a hordo da.. lancha
cc Diana)).
Só nesse dia deixámos de viajar em
territorio
matto-grossense
para penetrar
em terras
amazonenses,
pois que a jusante dessa ultima cachoeira é que está o marco divisorio c¡ue assignala os
limites de Matto-Crosso
c Amazonas pdo parall!:'lo
de RO 4W de latitude Sul.
de
«
BANG,',
BJ8UOTFC/.
:'i :~\¡
!""
Ll,I',
~(hl
:c",
,\RANGC
CAT ArI.;GACION
52
No dia 31 de :Março ás I I horas e 20 minutos
atracámos a Calamél, onde permaneci até á passagem
do l." vaporzinho (gaiola) que dahi desccu em busca
de Manáos.
-No dia 2 ás I I horas c 30 minutos, sahi de
Calama, descendo o rio Madeira él bordo do Il Rio
Curuçá
c subindo depois o rio Amazonas, desde
ás 2 I horas e 50 minutos do dia :), chegámos a
Manáos pelas I I horas do dia 6 de /\ Dril.
Il
-- Sabendo gue já havia chegado a Manáos
a turma de exploração do rio P<1pagaio, visitei
« in-continenti
», o americano Fiala. ao gual aprcsentei parabens pela travessia que realizou.
-- No dia 10 pela manhã fui receber a bordo
os demais companheiros de minha turma, conduzindo
o Sr. Miller para o mesmo hotel em que se encontrava hospedado o sen compatriota Fiala.
- - Logo á minha chegada a Manáos transmítti
ao Sr. Ministro do Exterior o tclq;ramma constante
do SUppl{'Jll(,lltO
71. 3[, e a vÓs as informa\ões
constantes do suppl(,Jll(,llto
71. 32.
--- Emquanto
pernoitei em M;máos procurei
representar a Expedição junto a S. Ex. o Sr. Dr.
J onathas Pedrosa, Governador do Estado, assim
como perante as demais auctoridades
e5tadoaes e
federacs, dispondo as cousas de modo a que em
n8da destoasse a hospitalidade amazonense de toda
a qlle foi offerccida á Commissão Americana nos
demais Estados do Brasil.
E cumpTindo vossas ordens parti no dia 12
de Abril para () Rio de Janeiro acompanhado do
53
geologo Dr. Euzebio de Oliveira,
do 2.° TCl1C'ntc
Vieira de Mello, commé1ndante elo contigente
e do
taxidermista
Reinisch, no mesmo dia em qlle partia
para N e\\"- York o Sr. An tony Fiala, da Commissão
Americana;
deixando
em M anáos o 2." Tenente
Alcides Lauriodó
de Sant' Anna, represent;lntc
da
Commissão
Brasileira e o Sr. Leo Miller, representante da Commissão Americana.
Os suppleJJl{,/lLo.\'
l/S.
3],)-1 c 35, registam
tlnalmentC' as minhas despedidas
apresentadas,
p::r
cartélS que deixei em Manáos, ao Sr. Coronrl Theodore Roosevelt;
a vós; c aos membros da Commissão Americana,
por intermedio
do Sr. l,-ermit
Roosevelt.
CAPITULO
III
Serviços de levantamento
Por ordem vossa logo que cheguei ao Rio de
Janeiro fiz entreg'a ao Escriptorio
Central da Commissão d~' Linhas
Telegraphicas
Estrategicas
cie
1\1atto-Crosso
ao Amazonas
das cadernetas
em
original e das differentes
folhas dos « croquis
desenhados
por mim, romprchendcndo
os seguintes
levantamentos:
Il
a)
Levantamento
expedito do caminhamcnto
percorrido desde o porto do Riozinho até á Fazenda
das Palmeiras,
executado
por vÓs com o meu ('oncurso (SlIPPICIllC/1Lo
/1. ]6).
b)
Levantamento
expedito do R iozinho (1)ra(;o
do rio Taquary)
desde o porto da Fazencla das
54
Palmeiras
até sua foz no rio Paraguay,
por mim, (snjJplclllcllLo It. 37 j.
executado
c)
Levantamento
topographico
({o rio e 'ommora\'ào de [.'Ioriano desde o passo da linha teleg-raphil:a até sua confluencia
com o rio Pimenta
Bucno. ('xccutado por mim, (slIppl{'I//('1z/()
n. 38 J.
ri)
I.evantamcnto
topog-raphico
do rio GyParanÚ desde o igarap/' Bt)a Vista (atl' onde tinha
sido já levantado
por engenheiro
da Commissão
cie Linhas
T('legraphicas
Estratcgicas
de Mattoe ;rosso ao Amazon:-l~) a proximidé1des
dû igarapt
Riachuc!o,
no ponto att' onek fllra dcsl'nhado
o
serviço quando naufrag'uci no cstirão ùo !VIcrc:<::a}"
(x('cutado
por mim (SlfPplr"/I('llLo
¡I·W).
Observações
meteorologicas
'n felizmente a caderneta de observações mctc()rologicas
(' os respectivos
instrumentos
foram
inutilizados
com () naufragio
<lu(' interrompeu
o
Icvantanwnto
do rio Cv-Paraná,
e 'onforme
publicastcs
em ordem
do diél da
Expedição
delimitando
as funcções de cada um dos
membros
da e 'ommissão
Brasikira.
cumpria-me
reg'istar as ouscrvações
metcorologicas,
iniciando
esse servic;o ('m Tapirapoan.
Aproveitando
a demora
de uma semana nesse logar, liz uma série de observaçõ('s, com leituras
do haromctro
compensado,
comparadas
rom as do haromctro
Fortin que ahi
55
possuiamos, o que me permittiu determinar com ('erta
precisão as differe!1(;as de leitura do aneroide para
o padrão, além de estabelecer
a curva daquelIe, em
funcção da variação normal da pressão barome-trica
nas differentes horas do dia.
- As observações
thermomctricas
eram feitas
simultaneamente
;í.s leituras do barometro, além das
duas leituras do thermometro
de maxima e minima,
uma ao clarear do dia e outra ao cahir da tarde,
apuranùose
assim a maxima á sombra durante o dia
e a minima da madrugada.
('orno a Exp<:dição se
deslocava diariamente,
o que evidentemente
reduzia
o alcance util de tat's observações,
visto que annullava a possihilidadc
de- tomar uma série dellas sobreo mesmo ponto, tornava-se
tambem por outro lado
difficil determinar
a t('mperatura
maxima durante
o dia. lJara resolver esta difficuldade
submetti os
dous thermomctros
de maxima c minima él uma sáie
de comparações,
conservando
um delles dentro de
casa em logar convenientemente
escolhido c envolvendo o outro em uma pasta de algodão para ser
conduzido sempre na vertical, por um soldado a pé,
de guarrla--sol aherto. Fazendo variar él espessura da
pasta de algodão
consegui
finalmente
egualar as
indica<.:Ùt's dos dOllS thermomctros
em um mesmo
dia e desta fórma obter em marcha, embora aproximadame-nte,
a temperatura
maxima
e mll11ma {¡
sombra.
\ direcção dos ventos era tomada por processos rudimentares
e a sua velocidade
ca1r.ulada
pur aproximação,
á falta dos instrumentos
apropriados. Os phenomenos
relativos á vestimenta
do
céo apenas foram assignalados
('om referencia
aos
56
typos capitaes de nuvens:
cumulas, cirros, estratos
e nimbos. Estas quatro f(¡rmas simples ou primarias
foram seg"uidamente
representadas,
predominando,
porém, a ultima, como era natural, visto que a expedição atravessou
o sertão em pleno reg"imen das
chuvas.
- - As indicaçÔcs do pluviometro
foram tomadas incompleta
e unicamente
quando
a comitiva
estacionava,
pela impossibilidade
de se agir de Olltra
maneira.
Tivemos ('huva em :;/ dias dos iR em que foi
feita a nossa travessia;
t'm JO d;'ICll.lelles houve
verdadeiros
temporaes
acompanhados
de trovões,
Telampagos e descargas clectricas para o solo.
-- Em relação aos hydro-metcoros
devo assignalar que nunca foram observados nem a neve, nem
él g"eada,
mas constatou-se
a existencia abundante
do sereno ou carimbo, como a dos nevoeiros -- a
('crrac;ão c a neblina - - os ultimos, principalmente,
depois que descambámos
para os valles dos rios
Commemoração
de Floriano
e C;y-Paraná.
- -- Dos meteoros clcctricos
vaelos os fngos de Sant' I~Imo.
nunca
foram obser-
-
Dentre os luminosos apresentaram-se
varias
vezes os arco-iris, não sendo observados
vez alg"uma
os halos, os ('irculos parhelicos nem as coroas.
- A temperatura
maxima ccntrigada
á somhra
foi de 34 gráos e essa mesma uma unica vez; a
minim;). foi de ¡ó gráos pela madrug"acla.
57
CAPITl;LO
V
Serviços de geologia e zoologia
Os serviços de geolo~Ôa estiveram sempre sol~
a immediata
responsahilidade
do respectivo
especialista, Dr. Euzebio Paulo de Oliveira de cujas trabalhos vos será apresentado
o relataria
correspondente. Competindo-me
facilitar os meios para que
elles se executassem
de conformidade
com as necessidades expostas pelo geologo no correr do serviço
tenho a certeza de que agi sempre
nessa conformidade.
Os de zoologia limitaram-se
aos do taxidermita Ilenrique
Rcinisch,
que ao encerrar os seus
trabalhos fez entrega de 59 tubos, com varias insectos e Olltros animaes;
de 293 exemplares
de mammiferos, aves e peixes,
ahaixo
especificados
conforme um rapido exame feito em todo material pelo
zoolog-o Alipio de Miranda Ribeiro:
1 h mammiferos,
dentre os quaes destacam-se,
como documento
biolog-ico, um craneo de feto de
Tapirus tcrrestris e um craneo de Mazama rufa, de
chifre duplo. Dentre uma bôa collecção de pelles
sobresahe a de um individuo adulto de cuxio de nariz
hranco (Chiropotes
Albinosa).
187 aves, dentre
as quaes bellissima
cotinga
(Ampellis
purpurea)
diversos periquitos
raros (Co·
nurideos) ; uma maitaca tambcm rara (Pionus);
dous
exemplares
de arara azul (arahyacinthina);
diversas
especies de Buconideos
e Galbulideos
raros; e uma
btla s(.ric de Formicariadeos.
58
100 exemplares
de peixes pertencentes
aos
gTupoS dos Sclcracanthas e Chichlidcos.
- . Nos tubos havia 8 cobras, varias insectos
dentre os quaes multiplos colcopteros, aIg-uns bellissimos e raros.
Finalmente,
perd(~u-se na descida do GyParaná um cai"otc contcndo4oo borl-Joletas. algumas
raras c de côres brilhantes, e que tinham sido apanhadas em todas as zonas percorridas pela expedição.
Todo esse material foi por mim entregue
nesta Capital ao zoologo Miranda Ribeiro, para
ser classificado, conforme vossas 'Ordens. afim de ser
doado ao M IISl'U ~ acionaI.
C:\J>TTI:LO
no
\1
contingente
A man(~ira cumpleta pela qual se desobrigou ()
contingentr
dos deveres gue lhe foram impostos,
assim como a fórma correcta e disciplinada com que
se apresentou sempre élOSolhos dos estrangeiros
nossos hospedes, tudo r('puto uma ('onsequ<:n(~iél
immediata da magnil1c(l tcmpl'ra du nusso cabuelo c
das boas qualidades moraes, intclI<:ctuaes (' de commando, que caracterizavam él individualidade
du
commandanteo Tenente Joaquim Manoel Vieira
de Mello Filho, além de tudo, um conhecedor desse
mesmo sertão em que agiamos e onde trabalhara
muito tempo na construcção da linha teleg-raphica,
em rpoca das maiores difficuldadcs.
59
Entretanto
cumpre assignalar
que illudemse
constantemente
os observadores
supert1eiaes quanto
ás qualidades
praticas do nosso pessoal de trabalho.
Podemos
affirmar
orgulhosamcnte
quc o nosso
caboclo brasileiro é inexccdivel quanto devotado em
trabalhos dessa natureza;
afrontando
todos os pcri¡:;os do sertão com uma coragem stoica; ITwntendo
espirito jovial, quando mesmo reduzidos ;Í mais parca
alimenta<;ão, como ¡.>rivadus das commodidades
mais
esscnciaes cla vestimenta;
resistindo com resignação
a todas as intemperics;
conformando-se
facilmente
com as mais penos~s situações desde que Sf' ponha
em jogo, com certa habilidade,
o sell exagerado
amor-proprio;
finalmente,
('onservanclo
sempre o
cspirito
do('il, tão proprio
cio s(·u tcmlH'ramcnto
affectivo,
Tcnho'muitas
vezes testemunhado
quc e5S(' stoi('ismo não provem da in('onsciencia
do perigo; em
certa cachoeira dl' jusantc dous homens descem em
cancla, .illlg'ando que a travessia ahi (: mais arriscada
do que na outra de montante, onde acabava de mor·
rcr um companheiro,
escapando difficilmente
a nado
o que agora de novo se promptiflca a reproduzir ('sse
verdadeiro
desafio ;í. morte!
Naufragos
do meu primeiro
lcvantamento
do rio Commcmorac,ão,
salvos
por arcaso agllcnlando-sc aos ramos da vegeta\ão
marginal, embora
sem saber nadar, prevenidos
de que ha um trecho
mais perigoso a levantar, pedem-me que os conserve
na turma porque « não teem medo de morrer
- Ao fim dos tt:abalhos
diarios, depois da
marcha fatig-ante de quem carrega o que é seu, á
chuva ou ao sol ardente, quasi todos os soldados e
)1 ~
60
civis trabalhadores, varias vezes pedem licença para
dansar, executando saltos e voltas extenuantes,
durante horas, até que o toquc de silencio vem pÔr
termo a essa expontanea sobrecarga á resistencia
muscular, durante cuja execução succcdem-se as
risadas e os ditos chistosos, só adaptaveis a quem se
sente conscientemente feliz e despreoccupado ...
- . Alguns que perdem os chapt~os lamentam
mais o prejuizo material do que a privação em que
ficou de furtar a cabeça aos raios solares ou defendel-a das chuvas continuadas.
- Em varias occasiões em que, por circumstancias alheias á vontade dos chefes, torna-se a alimenta\âo reduzida ao palmito e á caça problematica -caso de que conheceis innumeros exemplos - - continuam os homens a obedecer e trabalhar nas mesmas condições em que o faziam quando se dispunha
de todos os recursos.
-. Emh.m multiplicam-se os exemplos que nos
convencem da legitimidade
da nossa apreciação
pessoal em relação ao typo g-enuinamente nacional
cio caboclo _. e seria lonRo citar maior numero
clelles, como esmiuçar detalhes que tornariam mais
longa e mais fastidiosa esta exposição.
- -. As marchas foram todas h·itas ~ pé e ;Í vontade' carrq;ando cada homem o scu ((sacco de mala))
(sacco de aniag-em ou de algodão forte, dentro do
qual conduzem todos os seus trens, que mesmo
assim, algumas praças conduziam com peso superior
a 40 kilogrammas). - - Dessa maneira commoda -;t vontade -- de effectuar as marchas, sem a delimitação do tempo e outras exigencias reg-ulamentares, desde que não iamos á g-uerra, resultava, porém
61
a necessidade
de estabelecer
uma « escolta da retaguarda lJ, já referida
accidentalmente
em outra
parte deste relatorio e cujas vantagens não é preciso
encarecer.
-- - Em começo da marcha por terra, as obriga~'ões eram menores, pois que, reduziam-se
a marchar
l' acampar
diariamente,
constituindo
o maior sacrincio o transporte
das cargas que os nossos muares
iam deixando
quando afroixavam.
Posteriormente,
a partir de J uruena, como já foi dito, acresccu a estas
a rcconstrucção
das pontes e estivados do caminho,
produzindo-se
tamuem, em conscquencia
da propria
natureza
do nosso serviço, a impontllalidade
das
rC'Íeições, visto qlle a turma de concertos da cstr;lda
recolhia-se
ao acampamento
a horas
variaveis,
em func(,'ão das difficuldades
cnccllltradas
nestes
tr;,balhos.
f sto sobrecarregava
ainda
() lwssoal
empregado
na cozinha dos acampamentos.
- - O rancho
Na distribuido
militarnwnk.
ao
toque correspondente,
fazendo-se
sempre em primeiro logar él distribuição
{¡S praças,
finda a qual o
corneteiro
recehia então ordem elt- tocar " rancho
para officiaes ll, servido sempre sou ;{ barraca do
chefe da turma. Em relação á qualidade
c quantidade de alimento,
julguei interessante
estabdcc\'r
no slIppL(']Jl('lz{o
Il.
-f-0
o cOllfront:> d<:s tabvlbs
constantes dos SltppÙ'11I0z{OS lIS. -If, -)2 e l'j, muito
el ucidati vos para
apreciar
con venien temen te o
regimen
habitual
de alimcnta(,'ão
adoptado
nesse
sertão.
A cozinha de cada uma das tropas de bois (' a
da tropa de muares fazia-se isoladamente,
em obedie;lcia {¡ praxe altamente
conveniente
de tornal-a
II
62
independente
da dos ofticiaes e pra(:as, nccessidade
que a pratica tem sempre demonstrado.
A entrega
de generas ao pessoal tropeiro, exceptuada
a carne
fresca, foi feita de uma sÓ vez no inicio da marcha,
computando-s('
p('lo maximo o tempo d,-~ travcssia
projectada,
calculando-se
a quantidade
pela tahella
Jj do annexo n. 3Y e computando-se
em 40 dias a
dura\,ão da vi,:gem.
A distribuição
de gl'ncros ao contig-cnle era,
porém, diaria, havendo para esse fim um sarg-cntointendente,
incumbido
lambem de fiscalizar a utilização desses g-cneros c· a maneira de prcpard-os
na
(·ozinha. Prod uzia- sc, pm ('onset! uen('ia, um;¡ eco·
nomia que aug-mcntava na razão dircda cio numero
de arranchados,
('orno é corrente. Tanto assim quc,
dispondo a minha turma em Campos Novos, no cIia
13 de FevereIro
el as segu intes CI !Ian tidacks
de
generos :
Ass IIca r.
Farinha.
Arroz
Sal
Feijão.
Caf~ em g-rão
~ salTa
san'as
() san'as
112 sacca
1:2
3
I
I.,
saCCélS
san'a
',' - kilos
boo litrus
300 litros
I ;l
- kilos
'So litros
22 1/2 kilns
22
" /
-
("(Jm estes alimentei
todo o meu pessoal até 4 de
Março, com algumas sobras; isto é, foram alimentadas ïSO pessoas nesses H) dias, sendo noventa (~o
cstéldo-maior e 660 inferior c pra(~as. Essas sobr2s,
parte perdida no meu l." naufrag-io {' parte cedida
:ís tropas que regressaram
de Barão de Mclg-aço.
constaram
do seguinte:
63
Arroz.
Farinha
litros
1itros
8 kilos
200
300
Sal.
Fazendo o calculo
sq.;lIIntes quantitativos:
das rCtções chegaríamos
ao~
Farinha.
Feijão
.
0,2
Assucar.
Arroz
Sal.
O,OOl)
Caf(
0,°3
0,03
0,14
evidentemente
inferiores
a tabella C que adopta·
ramos para a ExpC'di(:ão como se vê do suPP{('IJl('Jl!{)
1l. -lO.
- Ao almoço formava em duas fileiras todo pessoal e á proporção qlle cada homem sahia de forma
para receber na barraca da cozinha él sua ra(;ão,
reccbia tamlwm das mãos de um dos t'mpn'gados
no
rancho um caneco de agua fria e a capsula de 50
centigTammas de quinina inglês, que era ingerida ali
mt~smo. Ao rigor ('om que fiscalizavamos
t~sta pra-tica prophylactica,
atrihuo a <dlscncia dos casos de
paludismo
durante
toda a travessia
at('· Manáos,
quanto ao cantigente.
Em contraposição,
o pessoal
tropeiro, que recebia o quinina para tomar fora das
nossas vistas, apresentou varias casos dessa molestia,
qllc sempre consegui combater com doses el('vadas
de uma a duas grammas
de quinino diariamente
Depois que chq;-uei a Manáos c apesar de multtplas
rccommcndações
para que proseguissem
no liSO do
qninino durante mais 30 dias, distribuindo
para j<so
61:
numero de capsulas necessario, d falta dessa fiscaliza(;ão dirccta fez-se logo sentir, pois que, todo o
pessoal, já então distribuido pelos corpos da guarnição, foi acommettido de paludismo, baixand:¡
alguns ao hospital.
- -- Para attender ás necessidades da lavagem
de rOllpa que cada praça fazia para si, aproveitava-se
qualquer interval10 de tempo em dia de sol, sem
prejuizo do trabalho, o que sempre foi possivel
fazer, permittindo-se para isso a troca de serviço
entre o pessoal escalado para cada turma.
li
CAPITULO
VII
Das tropas e dos tropeiros
Havcis de consentir que, aproveitando o ensejo
de relatar-vos os succcssos e providencias que se
prendem no meu serviço a este assumpto, divagllc
11m pOllCO para tratar do problema capital para
qualquer emprehendimento através do nosso sertão.
-- E' uma das cousas que surprehcnde o homem
da cidade, él maneira pela qual se resolve este complíc"do problema do transporte no sertão de MattoGrosso, causando maior admiração ainda a utilização
do boi como cargueiro. O insllccsso de varias expedições provém da má organização
clesse serviço,
comparavcI éla das grandes travessias dos desertos
africanos, onde o camello representa tão importante
papel. Trataremos em primeiro lagar de muares.
Em regra o pessoal que se dedica .1 essa ordem
de actividade é composto de Royanos c m~1tto,g-rossenses c ha um chefe -- - o arriciro---- que supc-
65
rintende todo o serviço, tomando a responsabilidade
no maximo de h lotes (cada lote com JO cargueiros).
Quando (~ possível os lotes dispõem de dous tocadores montados, sendo porém índispensavel
um
homem para cada lote. A conveniencia d( haver
dous, provém da necessidade muitas vezes de concertar a carga aos animaes, quando as circumstanci;1s
obrig"m o descarregamento durante a viagem, o <1lle
exige que cada um dos tocadores se incumba de
retirar a carga de um dos costados para rccarregar
depois, levando simultaneamente as duas cargas aos
flancos do cargueiro. A alma da tropa é o arriciro,
que deve conhecer o m6tier
possuir bÔas qualidades de mando e energia; t;.,nto mais dedica(:ão
terá pelo seu trabalho quanto mais tempo lidar com
él mesma tropa composta dos mesmos animaes, aos
<¡uaes dispensando mr.is carinhoso trato é1.ugmentalhes a capacidade de trabalho, mnscrvando-lIws
a
resistencia physica. Os tocadores farão systema com
um arrieiro nessas condições, exigindo-se-Ihes p(n~m
no m<lis alto gráo él qualidade de hons campe3dorcs.
Os mais perfeitos dentre estes sã;> capazes de a('()mpanhar o rasto de um animal através da f1orc~ta,
quasi como um cão que fareja a c~'ça.
Ainda quanto á organização do pesoal, toda
tropa dispõe de um cozinheiro, quc acompanha
sempre o I. lote .
. Quanto ao modo de executar o serviço, ha
detalhes qlle passam despercebidos á primeira vista
e que constituem ensinamentos da pratica, abrangendo os cuidados dispensados
aos animaes cao
arreamcnto, palavras convencionaes com que os tropeiros se fazem comprehcnder
pelos animaes,
li
u
II ('
66
maneira de carregar, liSO das al\éls de couro Oll das
l>roacéls, etc. Prucurarei
resumidamente
passar em
revista cada um destes pontos.
Entre os cuidados que requer o tratamentr
dos animaes
cstão
a precaução
de leval-os
á
« ag'uada
(rio Oll lagt)a él que o animal p/¡dc attingir para beber); a escolha
do
eJlCosto
onde
cxista o melhor pasto e a conllg'ura(:ão top()g'raphicCl
dinindtc
a dispersão
da tropa; a distribll;(:ão
dl)
milho cm bornaes;
uso diario de escova (' raspadeira:
prccal!(;ões ('om o casco e ferraduras;
conserva(:ào do lombo dos animaes sempre em estado
de rccd)('r a cangalha:
tratamento
de molcstias;
mancira de èX('('utar as marchas,
e 'lwg-ada a tropa ao pOllSO ;Í tarde, dco,('arregaclos oS volumes c retiradas as ,:ang-alhas, soltam-se
os animal'S para espojan'm--sc,
sendo em sq:;uida
levados para a ;u,tllada, onde o arricir,) exercc grande
fis('alizél(:ào para evitar qlH' fique scm bcl>cr qualquer
dos animal'S. \'ão em se~llida ;JO campo para pastar
e ahi passam a noitt" () {( cnCllsto
ideal (', o <lllC,
po~suindo
barn pasto, difficulta a :.;;thida clos animaes e o Sl'U reg-rcsso pelo mesmu caminho por onde
vieram; g-cralmente essas duas vantagens
estão reunidas nas qlleimadas
(,nde cresce él brot£lção nova
do capim e em uma « resaca
isla (". especie de
bahia cercada
de mata alta (' impossívcl de :-;cr
atravessada
pelos animaes,
com lima garg'anta de
C'ntrada, A tcnde!1cia dos animacs
{. voltar
pelo
mesmo caminho;
de modo qUI', c¡uando se tem atravessado um curso d'ag'ua quc não dá VélU, consegnc-se evitar a fug-a dos animacs trancando
a ponte
com g'alhos de arvores entrelaçados.
)l
(C
)l,
)l
)l,
67
o
milho é um alimento indispensavd
para
conservar a resistencia da tropa; além disto a distribui~'ão pela manhã, em bornaes, conforme os usos
locaes, tem a vantagem de habituar os muares a pro·
curar o acampamento,
reduzindo assim o trabalho do
campelO.
[nfelizmentc
houve necessidade
de rejeitar
o unico milho que existia
em Tapirapoan
quandu
dahi partiram as tropas da Expedição,
o que motivou
a prrda de muitos muares. Convem dizer de passagem que o milho foi recusado por não estar srcco c
ter sido colhido ainda um pouco tenro, pur conse·
guíntc, em estado de não poder absolutamente
servir
para alimentação
dos muares, corno t: sabido.
- E m rig-or de\'cr-se-ia
distribuir duas rações
dl' milho uma pela manhã outra {¡ tarde, cie 2 a 2,5
litros cada uma; mas, adoptamos
de costume nessa
zona de verdadeiro
deserto, a condução de quantitativo necessario para uma ração que reg'ula de ¡ a
l,'=; litros, o que em uma travessia de 40 dias ('orno a
qut' flz('mos, ohrigaria a utilizar de 4 a 6 carg'ueiros
em cada lote de 10 animal'S só para conrlucção dessa
forragem, se a Commissão de Linhas Tc:lcgraphicas
não houvesse tido a pre\'idcn('ia
de mandar
fazer
.~Tal1dcs plantal,'õcs deste e outros ,'ereaes, (èstabclecendo ¡lOtiS grandes pontos de apoio que são assim
como verdadeiros
oasis para as tropas CI lIe a tra vessam ('ss(' arido sertão - a invernada
de Campos
N ovos e a Fazenda
dos Tres Buritys, sitios onde
a¡(~m dis~o as pastagens
são excellentes,
em contraposi(:ão com () pessimo capim dos chapadões.
Para conservar a resistencia da tropa e mantel-a em condiçiks
de marchar diariamente
(~ indis·
68
pensavel cuidar meticulosamente
do lombo dos
animaes, já evitando a troca das cangalhas de uns
para outros cargueiros, já corrigindo os enchimentos,
já distribuindo equilibradamente o peso dos costados
DU coIlocando
a cang-alha em lJôa posição relativamente á espinha dorsal, já finalmente accudindo aos
cstrag-os que o attricto das cangalhas produz sobre
o couro do animal, provocando o apparecimento de
ferimentos.
Concorre para essa cOl1serva\ão tambem a limpeza dos animaes com escova e raspadeira, evitando
que se interponham corpos cxtranhos entre os su adores c o lombo, ou que o pella fiquc engrovinhado ;
embora essa limpeza tenha tambem o objectivo, aWis
() principal, de satisfazer ao lado hygienico.
Para referir-me logo aos ()utr05 pontos principaes relativos aos cuidados hygi(nicos, assignalo
aqui um costume que me não parece logic() mas contra ('uja praxe não quiz antepor-me, re"cioso de que
produziss(' mau resultado a sua suspensão: quero
falar na obrig-atoriedadc do banho aos cavallos, ao
mesmo tempo quc sc veda o seu uso aos muares!
Por que?
- DizC'm os praticos que o banho enfraquece (sic) os muares c robustece os cavallos ; seria
curioso fazer lima verificação systematica, pesquizando a callsa dessa diversidade de (onscquencias.
O tratamento das molestias quasi que se reduz
;10 das feridas qlle se abrem ou que se arruinam, ás
colicas communs e ás que provêm da ing-cstão de hervas, muitas vezes existentes de mistura com o capim
de pasto e que envenenam. As primeiras encontram
excellentes remedios na banha derretida e na creolina, esta como desinfectante; as seg-undas curam-se
69
olJrigando o animal a correr, no caso commllm atto
transpirar
fortemente
ou fazendo-o ingerir, no outro
caso, dÓses convenientes
de oleo de ricino (3 ou 4
garrafinhas
de lima sÓ vez). E' digna de menção a
maneira pela qual se olJriga o animal él ingerir o oleo,
por meio do « cachimbo ", isto é, torcendo a pelle do ..
oeiço superior do animal dentro de uma pequena
laçada de couro qlle se aperta girando um pequeno
oastão. Cheg'ando esta torção a certo ponto o ani·
mal « entrcg'a-se » como dizem os tropeiros em sua
giria, obedecendo
com docilidade
e denotando
mui··
tas vezes, por gemidos, él dôr que se lhes imprime por
tal processo, tamoem lIsado para marcar os anlmacs
com ferro em bra~a. N estes limites passa-se uma das
extremidades
de uma vara resistente
por entre as
orelhas do animal, apoiando-a
fortemente
sobre á
ubeça ao passo que a outra extremidade
prende-se
acima do focinho a uma laçada colIocada por dentro
da bocca; a vara funcciona
assim como uma alavanca do primeiro genero, forçando o animal a abrir
a bocca, por onde se despeja então o liquido, quasi
sempre deglutido
com auxilio de massagens
exteriores ao longo do canal respectivo .
. O exame dos cascos e das ferraduras
são
~()llSéJ.Stão corriqueiras
que hasta a citação para lhes
c()mprehender
o alcance, não valendo a pena csmiu<,:ar tão conhecidos
detalhes .
. Quanto ao modo de executar
as marchas,
delle dcpcnde em g-rande parte a consecução do mais
simples projccto de atravessar o sertão. Em primeiro
]og-ar vem a obrigação de ordenar pequenas marchas
de 3,~ a :; leg-uas ou 2 I a 30 kilometros por dia, evitando-se repetir este avançamento
maximo em dias
70
onsecutivos.
Em seguida vem a limitação do peso
.:uc cada muar pode transportar,
cingindo-se
aos
!imites de 2 a 3 arrobas ou 30 a 45 kilogrammas
o
peso para cada animal, scndo calculado
em kilo~rammas o peso do dôhro, euja cxistencia resol ve a
('onducção
de pequenos
volumes obrig-atoriamcnte
levados isoladamcnte,
além de melhorar a amarra\ão do « ligal
por ml'io da « sobre-carga
Em
terceiro logar, nesse sertão, para travessias maIs ou
menos longas, impõe-se desde começo a marcha él
passo, não pcrmittindo
senão excepcionalmente
o
trote c considerando
um crime o galope. Por mais
e:-.:tranheza q LIe possa ca usar estas in dica<;ões, c !las
~ão filhas da pratica, embora pareçam exageradas
a
quem quizer comparaI-as
('om as mt~dias observadas
em identico serviço no interior dos Estados do Rio
de J anciro,
Minas
Geracs, São Paulo
c Goyaz.
Como os rio-g-randenses
do sul cspantam-se
e chegam a duvidar das marchas de 20 leg'uas tão naturalmente executadas
pelo nosso cavallo crcouln do
Norte, tambem os matto-g-rossenses
do noroeste brasikiro mostram-se
incrcdulos
quando o goyano, o
íleminensc,
o paulista ou o minciro lhe referem suas
viagens normacs de 6 a ï leguas, a maior parte fcita
a trote, conduzindo
cada cargueiro
lO a 12 arrobas.
-- Os cuidados com () arreamento
comprchenclem: a raspagem diaria dos suadores da cangalha;
o afofamento
dos respcctivos
cnchiment1)s;
s('cagcm ao sol da parte molhada pejo suor- - quando
istn for possivel ; scndo estas tres opcra<.:ões feitas
pela manhã, antes de carregar a tropa.
---- Para lidar com os anímacs servcm·-sc os tro-peiros de uma gíria toda espe('ial por meio da qual
Il
Il,
'71
conscguem
fazer-se entender pelos muares, conven::ionando certas palavras
que empregam
tambem
com entonação especial para cada caso.
A distribuição
das carg-as aos pares, o aIceamento ou a utilizél\,ão
das broacas de couro, são
feitos pelo arrieiro ou soh suas vistas immediatas.
Para carreg'ar come~'a-se por amarrar os animaes por
meio de cahrestos a varas de grossura média, cortadas do mato, com altura de mais ou menos 2 metros,
cnte-raclas no solo, Em seguida r.oIlocam-se as canc.-alhas sohre os animaes e finalmente
os tocadores
dous a dous conduzcm
simultaneamente
as cargas
de cada par equilibrado
pelo arrieiro. para as assentar ao mesmo tempo nos respectivos
costados.
O
d()hro ¿. escolhido e acommodado
pelo arrieiro que
é: qucm dá a u!tima demão para fIxar definitivamente
él célrg'a com os ligaes. Soltam-se
os lotes isoladal11('nte, isto ¿., cad él qual ('om todos os ani m;¡,cs de
(¡UC ~,e compÙe c cada
lote só deve ser desamarrado
d<'1:·~'taca depois ùe ter seguido o ;¡,ntcrior alg'uns
minutos para frente - ,geralmente
o intervaIlo
de
temIn sufficiente para ('arreg-ar um lote, A' frentc do
¡ ," lote quc lar.~'a a (( estaca
", sahe o cavallo madrinha da tropa, hadalando
o cincerro. I la sempre um
animal desig-naclo para gui.,'l cia tropa e que leva
um [leitoral com guizos e campainhas
(se a tropa
tcm apenas I ou 2 lotes) ou peitoral (' calw(:ada tam'
lwm com guizos e campainhas
(se él tropa disp(-)(' de
3 ]ntcs para rima).
-:\Tonta por ultimo o arrieiro espccie de inspector
geral das tropas (' clos tropeiros á ('uja disposiç'ão
(¡ca urn ajudante, quando él tropa tem mais de ci!lcO
lotes, As mel"cadori;1s que p(ídem soffrcr algum prr-
72
cum u rlJ\'ar clos galhos de arvoreS durante a
marcha, ü que l'~incvitavel
mesmo
nas melhores
estradas cio interior,
são de preferencia
mettidas
nessas broacas de couro l'n'l, onde tambem melhor
ficam proteg'idas contra a chuva: as alças, tambem
de couro Cn'l, retorcido, são mais empregadas
para
o transporte de malas c caixões,
---- Em caminho procura-se manter unido o lote
{' conta-se de VCI em quando o numero de animaes
quando él atten<;'ão, por qualquer motivo, foi distrahida algum tempo e observa-se a posição das cargas
e das cangalhas,
acudindo aos desarranjos
accidentacs e incvitaveis das cargas,
-- A's tropas de muares convem melhor viajar
¡wla manhã e durante o dia pousando
á tarde; em
face porém das surpresas do campo, c1ifficultando a
sahida á hora matinal e por outro lado cm vista da
conveniencia
de combinar as horas de partida, viagem e chegada,
com as horas de rdeição,
alguns
sertanistas
nessa zona imaginaram
resolver o problema com duas marchas uma pcla manhã e outra ;í.
tarde· - - o que traz inconvenientes,
entrc os quaes o
angmento
de trabalho para o pessoal, além de se
dever salientar que as horas de maior canicula,
embora dedicadas
assim ao repouso, não são utilizadas para pastar.
conservando-se
geralmente
os
animaes de pé, ;í. sombra das arvores,
Um costume generalizado
por toda parte em
<[uc se lida ('om tropa de muares { a designação
de
um animal para servir de madrinha da tropa; habitualmente
essas func\'ões são desempenhadas
par
1m (( ('avalio-madrinha
ll, mas
muitas vezes por um
muar. A madrinha Vélt' sempre em pello e sua funeJUliO
73
l'ão
mais notavcl é a de conOTeo·ar.
em torno os
)'
~
b
.
outros animaes quando no campo.
Estes,
assim habituados,
concentram-se
mai~
durante o tempo
em que pastam,
em redor dl
madrinha,
que por isso mesmo
é r.onstantemente
perturbada
pelo movimento
que a tem por centro,
ficando prejudicada
dest'arte a sua alimentação.
Logo á chegada a tropa reœb(~ a indicação
do local escolhido para seu pouso; na ,.ji~h~ turma
esse local era tanto quanto possivel defronte á minha
barraca. Fincam-se estacas para cada lote separadamente, mais ou menos sobre os pontos
de urna
ellipse, limitando
interiormente
uma arca onde são
arrumadas as cZ!rgas, apoiadas em dous P<1US roliços
que se collocam paralellamente.
Exteriormente
são amarrados os cargueiros que
cm seguida
se descarregam
para depois
soltar,
levando Ú aguada c ao campo de encosto. Por cima
das cargas vão as cangalhas e para resguardar
tudo
da chuva, lançam-se
por sobre as cangalhas
os
l¡gaes.
- O SltppLCIJl{,llto
9 evidencia que, partindo de
Tapirapoan
com 56 muares attingi o rio da Duvida
apenas com 19. morrendo ou afrouxando
pelo cami··
nho 45 e desapparecendo
ï, tendo sido rdo'\~ada a
tropa com 15 muares recebidos durante a viéH;cm ; ()
que signifIca que sÓ alcançaram o Duvida 4 animacs
dos 56 sahidos de Tapirapoan.
-.-- A não ser logo em come<:o da travc:,sia, em
que tive necessidade
de despedir um tocador, de uma
feita, e ameaçar um outro de suspensão
de vencimentos, como já vos communiquC'i ('m outra parte
deste relatorio. o sC'rviço foi feito da melhor fórma
I"
74
pelo pessoal de que dispunha
a tropa, portando-se
('ste muito bem e exccutando
a p6 a maior extensão
do nosso percurso.
Todo esse pessoal sahira montado de Tapira¡Juan, mas foi apeando, ;í proporção
das nccessidades, afim de ceder os respectivos
animaes para COI1ducçãü da carg-a;
antes
de atting-ir metade
do
caminho já estavam todos a pé.
-. O Tenente NIello que aliás descançava muito
seu animal para prolongar
a resistencia
delle, teve
que marchar á infantari:l
quasi todo o trecho de
Nicolau Bueno a Tres Burit\"s.
- - Por força das mesmas
circumstancias
o
taxidermista
Reinisch houve
'Ille executar
alguns
kilometros
a pé para cheg-ar ao acampamento
da:
caheceira do Joaquim,
e fazer do mesmo geito as
rluas marchas dessc acampamento
ao ribeirão Nic\)lall Bueno e dahi á bzenùa
dos Tres Buritys, onde
reqllisitei outro animal para sua montada, conforme
\'ossa autorizcH:ão.
O addido Joaquim Horta, fez grande parte da
travessia él pé, por tcr afrouxado
sra montada
;'lO
chq;armos em Gralhão, rccebendo outro em C'ampos
Novos e uma terceira em Tres Buritys e que o levou
afinal ao termo ria jornada.
Tropa de bois
Os mcthodos
empre~·arlos
para as tropas que
utilizam bois como car~ueiros,
são semelhantes
aos
das tropas de muares. Ha cntretanto
diffcrenças
de
detalhe que menciono
como dados praticos.
uteis
para quem de todo desconhecer
o as~umpto.
'15
Quanto ás vantagens na escolha do animal, tem
él primazia
o bovino nessa zona do sertão, porqur~
resiste melhor á falta de pasto, alimentando-se
na
mata com as folhas de palmeiras mal ac('eitas pdos
muares e com folhas de arbustos que o muar repelle.
Emquanto
que raro é o muar que se adapta á necessidade de procurar
alimento varando
a floresta, o
bovino
pacientemente
descobre o que comer
na
mata. O boi como cargueiro tem ainda él seu favor
él possibilidade
de dormir preso e a facilidade
de
viajar pela madrugada,
o que além de tudo, pro
longa a resistencia das tropas á fadiga. Neste parti
cular é m u ito interessante
o estudo com para tivo dos
supp1ementos
ns. ~ c (), com o intuito de estabelecer
a percentagem
de animaes que afrouxaram
na marcha de Tapirapoan
ao rio da Duvida, separando-os
em dous grupos:
muares e bovinos.
Felizmente
se conclue dahi que essa perccntag:em foi de 6S
para os primeiros e de 3~ ~{) para
os segundos,
aproximadamente,
mesmo
considerando como frouxos os bois de minha tropa
. dc'i
xados em Tres Buritys por se mostrarem
bastante
emmagrecidos
. mas que poderiam,
apesar dissn.
alcan(:ar o rio da Duvida, se unicamente
com elles
devesse ('li contar.
AV'm da resistencia
o boi é ainda superior ao
muar q Liando se transita por caminhos diftîceis ou
passando por dentro das florestas e onde (~commum
encontrar-se,
por exemplo um grosso madeiro atravessado, sobre o solo ou acima delle mas a uma
altura inferior á de um animal com carg-as. O lloi
vence
intellig-cntcmentc
tacs
obstaculos,
sendo
admiravel
a solução que dá para o segundo
caso
q
~:J
'76
figourado, passando abaixado sob os paus, ao passo
que o muar em condições identicas, ou se detem, ou
II rdug-a
», ou se tenta passar e sente pegar a carga,
força violentamente para a frente, não raras vezes
sahindo do outro lado em pella.
As cangalhas têm fórma differente, para melhor
adaptar-se ao lombo, são menores, mais simples e
mais leves, exigindo que, para sua conveniente
accommodação,
tenham tambem as cargas menor
volume, embora conservando-se as m(~dias de peso
adoptadas para os muares.
- - Em conformidade com os movimentos mais
lentos, tão caracteristicos do g-ado bovino, varia tamhem o modo pelo qual se dirigem aos bois os tropeiros, prolongando o syIlabar das palavras convencionaes com que fazem-se comprehender, cantarolando
muitas vezes em tom plangente.
Emquanto o tropeiro fala com energia, gritando
rapidamente a sua giria para os muares, só se faz
obedecer pelos bovinos falando lentamente. com
cntonação de quem quer amimar.
Tacs observações como que se confudem com
uma especie de psychologia applicada aos irracioo
naes, mas são colhidas nas lições da pratica e facilmente verificaveis pelos neophytns.
- - O papel do cabresto no muar ( representado aqui pelos lateg-os retorcidos passados pela base
ùos chifres do animal; todavia para os que não se
encontram ainda perfeitamente mansos, usa-se atravessar uma aq:;ola ao focinho, onde se prende então
uma das pontas da corda, cuja tensão obriga () animal a obedecer, dominando completamente qualquer
inrlisciplina.
77
Para estes casos lIsam muito os tropeiros
atar
um
pedaço de couro trançado para laço gaucho, dei-xando-a de rastos afim de prevenir qualquer eventualidade durante as marchas.
-- Taes são, a largos traços, as mais notaveis
diffcrenças de detalhe que eu desejava assignalar.
á argola do focinho uma corda longa, geralmente
CAPITULO
VIIl
Ligeira noticia sobre os indios
da zona percorrida
A pesar de atravessar terrenos onck habitam
indios Parecis, Sc'l vimos representantes desséi tribu
dentre os que, já em contacto comnosco, serviram
de tropeiros durante a expedição. Aliás llma g-randc
parte desta tribu indigena está fazendo vida commum
com os cmpn->gados da Commissão de T ,inhas Tele
graphicas, onde os ha como tropeiros, guardas de
linha e alguns mesmo praticando em telcgraphia
dcpois de se haverem instruido nas escolas primarias
que funccionam sob él direcção dos telegraphistas
encarreg-ados das estações de Ponde de Peàra e
U tiarity.
Nhambiquaras e Pauatês, assim são chamadas
as tribus de indios que encontrámos na nossa travessia: a primeira estende os sellS dominios desde
o valle do rio Papagaio até a estação telegraphica
(( José Bonifacio )), a ultima vive nas marge>ns no
rio Gy--Paraná ou Machado. Ambas subdividem-se
em vêorios grupos com denominações
differentcs.
u
78
occupando
vastas
arcas do nosso sertão.
Nenhum
indicio dãu de serem antropophagos,
apesar
de
m ui to guerreiros .
.. Vivem inteiramente
nl'ls e alimentam-se
de
todas as fructas c de animaes, ~em cxccptutir mCS:1lo
dentre estes os gafanlwtos
c quasi todas as larvas .
. - Quando j;i !lOS visitam ('om conflan<,:a CO;1!O
acon tecf' aos I\ ham hiq llaras
d;J.s cercanias
do
J Unten;l, aprendem a dizer algumas palavras em
português para pedir os object(ls de que mais gostam
('omo contas (missangas) macharlos. faciles, fazc>nclonus comprchender
por mimica que apreciam l's::cs
artlg'os e os querem para seu uso.
Especi,.lmente
(IS Nhambiquaras
tccm vene
ra<;ão pelos homens de barba long;;
e este ornato
('allsa-lhes tão húa impressão quc, ;Î minima intimidade que se cstahcle(:a, procllram clles ro<,,'aros seus
rostos lisos de legitimo ('ahoelo nas nossas barb;;s,
('()nvencidos de que esta pratica lhes faculte CI multiplica\'ão e o cksenvolvimento
capilIar.
Ouvindo 11m nome proprio qlle lhes agradt',
adoptam-no
immediatarrH'nte
c com die baptiza-se
log,) um indio;
mas sc em seguida pcrœbem
um
outro nome que lhes par('c;a mais emphatico,
abandonam quasi sempre o primeiro, não sendo raro que
o segundo scja tambem condcmnadl)
ao ostracismo
como o anterior. ..
Vivem alq;res,
ricm facilmentc
e muito:
algumas
vezes percebi
que tTiticavam
costumes
nossos com ar zombcteirn .
. - E' um cspcctaculo
incsquccivel
a cheg-ada
desses indios aos nossos acampamentos,
marchando
um após outro numa interminavcl
fila, comple-
'79
tamente
nús, carreg'ando
as mulheres
os filhos
pequenos e toda carga, emquanto que o homem s()
transporta
() seu arco c flechas. Em visita de amizade, deixam estes petrechos bellicos esr.ondido'i no
mato quando nos veem procurar.
Possuem uma intelligencia
clara e uma viv:l
cidade notavd,
applicando-as
principalmente
cm
cstré,tagemas
para suas raçadas
ou contra
seus
inimigos
nas guerras
que manteem
('om outras
:laçÔes indigenas.
Para dar ideia da sua perspicacia
rdiro aflui
;1 seg'uintc
conversa entre um of1icial da Commisc;ão
de I.inhas Tdegraphicas
e um indio já cm convivio
comnos('o:
Pret(>ndia
o ollïcial
dcmo'1strar-lhe
quanto era superior a carabina c a bala em confronto
com o arco e as Hechas que o indio usava. O indio
ouviu todos os ;~rg-umcntos e propOi:-se a demonstrar
que as armas rudimentares
de que se serviam cr;!m
superiores {IS dos civilizados c pedia ao ollïcial que
se sujeitasse
apoIOs a uma ('ondic;ão:
deixar sua
arma R dias ao l"do do arco e da flecha, dentro de
um curso d'agua e ao C).O dia ambos irem ao local,
retirar cada um sua arma (' fazer immediatamentc
uso dell<ls.
J\. meu ver são muito mais intdli.~·ent('s do que
os caboclos
do interior
semi-civilizado
do nosso
Pail, dos caboclos <¡[Je n¡]tivam ro<,:as de pequena
lavoura, nas circumvisinhanças
das aldei;¡s e villas
--. especies
de transi(;ão
entre a civilização
das
ridadt's c él sclvajaria
cio sertão bruto.
('orno prova disto limito-me
a citar () facto
sempre constatado
df' ('omprf'hf'ndcrf'm
os indios
intuitivamente
a sig:niflcação dos mappas c o objc-
80
divo de sua represent(}(:ão, mostrando que têm uma
idéia nitida do conjuncto
ao passo que sobre idcntico thema o outro cahoclo, no mesmo gráo de ignorancia do élssumpto, apenas se mostra ('onhecedor do
detalhe, restringindo
<,ste ainda ao estreit.o ('ir('ulo
nos :}('('identes qlle o cercam muito de perto_
I,cmbro-mc,
a proposito,
ele um facto que me
rderi~tes
quando certa vez um indio, vendo
um
mappa em vo:'sa barr;:wéI, inoagou sr ¡¡ão eram os
'-.lOS al]ucllcs
tr;¡<:os realmente representativos
desse
accidente topographico
; como tambem vem él pella
recordar o mappa rudimentar
com que um outro
indio vos explicava as posições relativas de diversos
rios da mesma bacia hydrog-raphica,
figurando-os
com tra<,,-os sobre a areia.
Scgunoo lima condemna\'el
mas t'xpontanea
tendencia,
o nosso sertanejo
sc:ni-civilizado,
logo
que enceta rclaç<les de amizade
com os indi8s,
procura incutir-lhes
os seus vicias, especialmente
o
vicio do fumo; este, para certas tribus é todavia o
refinamento
de habitas semelhantes
já constituidos.
Entre os 0Jhambiquaras
o fumo é recebido com
muitas demonstra<-;ões de sympathia,
mas é curioso
que entregando-lhes
o fumo picado
e a palha
prompta,
sejam
elles incapazes
de enrolar
11m
('Iga rro.
De muito interesse como prova da confian<,~a
que lhes inspirámos jft: um grupo de indios Nhamhiquaras conservou a dezenas de metros do eixo da
nossa linha teleg-raphica no ponto em que ella corta
() rio « Festa da Bandeira », o seu aldeiamento,
na
mesma posição em que existia antes de passar por
Al
ali a construcção. Desse grupo, no meu tra jccto,
encontrei ao longo da linha innumeros indios, a tojos
os quaes dirigia sempre a palavra a que resp :njiù.m
com signacs de sympathia, repetindo com um sorriso
tudo quanto eu lhes dizia: l( Bom dia. Como vai? Il
-- Bom dia. Como vai? Aliás é isso muito commum
entre todos os indios: imitar as nossas palavras e os
nossos gestos, quando nos querem demonstrar o seu
agrado e satisfação.
- De conformidade com os vossos p:-ocessos
humanitarios, tão bem recebidos pelo meu e~piÙo
quanto praticamente de resultados maravilhoscs na
catechese desses nossos irmãos e mais legitimas
braÚleiros, procurei semp:-e trata1-os com bondade e
paciencia, offertando-1hes tudo quanto lhes podia
ceder, mesmo objectos de meu uso particular, al::;uns
dos quaes fazendo-me embora muita falta. E t~nho
a mais arraigada convicção de que sem quebrar ('ssa
norma, que se me afi-;;ura tão simples e natural,
nenhuma violencia soffreriam os civilizados da parte
dos indios, mesmo no caracter de invaso:-es de suas
propriedades, porque o hornern-indio é tão aff~('tuo~o
como o mais affectuoso dos civilizados. Destes até
conheço innumeraveis casos em que pregam theo:-ias
e applicam praticas no sertão como se fossem elles
os selvagens! ...
Como bem sabeis houve mesmo quem preg?sse
a doutrina do exterminio dos nossos aborigen es e
quem p:-aticasse essa liquidação em grandes massas,
nas celebres Il batidas ll, wb pretexto de que os
indios at3cavam os civilizados. De passagem c·Jnvem
fazer sentir que na grande maioria de q9 % dos
casos, o indio ataca cm represalia: canta-se p)rém
JI
82
() ataque do indio mas não se conta o que se fez
primeiro com clIc. Muitas vezes, como em muitissimas casos que vos são familiares, o civilizado
isolado c armado de optima carabina encontra de
supctão o indio armado de arco e flecha e, de medo,
atira sobre clle; commcttida él proeza, quando
retorna aos companheiros em grupo, tem natur,,}mente vergonha de referir o facto como se passou e,
invertendo a verdade, conta logo que defendeu-se
de uma insolita aggrcssão, devendo o salvamento
de sua vida á wrag{?1Jt com lJue enfrentou o perigo.
Ning-ucm extcrnar(l por <1uêprocessos adquiriu
um indio pequeno para seu serviço domestico,
quando o extorquiu soh as mais tícmendas ameaças
nem sempre coroadas de c\:ito, como no caso do
individuo que insistia rudemente
para levar o
« corumim
(indio pequeno, creança, creio que
seg-undo a « lingua geral)l
dos indigenas a que
muito se referem os habitantes da Amazonia) e
recebeu do indio uma contraproposta que ao mesmo
tempo caracterizava a repulsa do pac aborigene e
fazia sentir ao desalmado homem da cidade o que
significava dar l/m .fi/llO.
-- Desculpareis
a digressão proposital p;Jra
não perder um ensejo de vulgarizar injusti\as {'
infamias de que são victimas os nossos caros indios,
cujos sentimentos generosos bem merecem a ;JpO
logia que lhes dedicou José dc Alencar, o notavcl
cscriptor patrio, cm sua obra imrn()rcdoura (' tão
genuinamente nacional.
-- Emquanto a minha turma vIajava pelo no
Gy-Paraná
aproveitámos
nossa passagem
para
colleccionar objectos indigenas que só parte muito
II
83
peq Uena conseguimos recolher ao M uscu Nacional,
quando regressámos ao Rio de Janeiro. Pcrderamos
o restante desse material colhido ou foi elle furtado
de bordo do pequeno paquete que nos transportou
de Cal ama a Manáos.
O encontro fortuito com um grupo de Pauatês
que, pelos esforços do Tenente Vieira de Mello e do
Dr. E uzebio de Oliveira, conseguimos que confraternizasse comnosco, permittira-nos a acquisição de
varias objectos de uso commum da tribu. Infelizmente, por~m devido ao dcsapparecimcnto
de um
caixão ficou a nossa contribuição ao Museu reduzida
(l nove objectos
que estão catalogados na secção
competente daquelle estabelecimento
c comprchende um enfeite de cabeça, um exemplar de ceramica, arco e Aechas.
CAPITOLO
IX
Ligeiras notas sobre a vida dos
seringaes por onde passou a 2.° turma
EucIidcs da Cunha ern phrases vibrantes e
eruditas assignalou,
através d'aquel1e invcjavcI
estyIo tão original, a verdadeira situação dos seringueiros da Amazonia. Por toda parte vi confirmadas
as suas palavras principalmente em relação ao modo
pelo qual são cercadas ali as liberdades dessa pobre
gente que trabalha na eXl'racção da borracha, esgotando a largos haustos o seu copo de amarguras.
Como um protesto pois e pelos beneficias que
decorrem da citação desses abusos, peço-vos licença
para uma succinta exposição de factos, colhidos
imparcialmente cmquanto varava a zona dos seringaes em exploração.
- A vida economica do seringueiro comp8rta
interrcssantes
observações relativamente
aos desequilib:-ios de sua producção e do seu consumo.
Em epocas cxcepcionaes pode acontecer que
a <lIta dos preços da borracha embolse-o de saldDs
crue se contem por algumas unidades de conto de
réis em um anno de trabalho, isto f\ corresp8ndentemente a seis mezes de effectiva actividade extractiva.
A normalidade porém é bem differcntt dessa
iIlusão c:-eadora de eldorados perpetuas.
Basta
recordar que um seringueiro póde p:.-oduzir em
uma ~.afra 600 kilogrammas de borracha fina o
II sernamby
H, utilizando-se
para isso de cerca de
300 cc mz,deiras » (seringueiras) existent~s em duas
(( estradas»
(picadas estreitas abertas na fbrcsta
para passar um homem a pé); o ti:.-ador de cc cáucho»
produz menos ainda.
Na occasião em que pass~i sendo a cotação da
borracha na praça de Manáos inferior a 4$OCO por
kilogramma da mais fina (denominada mesmo fina,
ao passo que na escala descendente vêm depJis a
entre fina e o senzamby de borracha) os productores
recebi;-,m nos barracões o pagamento subordinado á
seguinte tabella:
Por um kilog. de borracha fina defumada
»
»
»»
»
sernamby.
»
sernamby de cáucho .
.» »
»
»
cáucho.
l)
l)
l)
3$COO
$ SOO
2 $ 000
I $ 500
I
85
Concomitantemente
adoptavam
os mesmos
barracões
a seguinte
lista de preços
pelos quaes
descontavam
as despesas
do seringueiro:
Por um kilog.
II
II
l)
»
»
II
II
Il
»
Il
Il
»
Il
Il
»
de arroz, feijão ou assucar.
» manteiga.
sal.
farinha d'agua .
café
bolachas (cabeça de maI)
Il
II
l)
caco) .
Por uma lata de banha de 2 kilogrammas.
Il
»
)1
» leite condensado
II
um litro de kerozene
pacote de phosphoras.
uma lata de sardinhas
.
»
pequena.
barra de sabão amarello
libra de fumo (em rolo)
Il
Il
I)
Il
Il
Il
li
Il
4$000
28 $ 000
3 $ 800
3$000
6$000
l)
II
)1
8$000
24 $ 000
8$000
5 $000
4$coO
6$000
3$000
3$500
T2$000
Carabina Winchester
(rifle).
300$OCO
Cento de balas para rifle
100 $ 000
Terçado
com bainha.
35$coo
»
mais inferior sem cabo.
2 G $ 000
Machado grande sem cabo
26$ ~;oo
»
para cortar seringa
TO$OCO
U m pr;Jtn de ag;¡tha com colher de chumbo
4 $ oco
Uma tijcla de a~;¡tha corn O,l~ de diD.metre: 4$:JCO
U m lampcão de vidro protq.;ido (pnClrol).
3S$ooc
Uma vela cslcar:na
.
T $ ~;oo
I)
~Jm l.Cld-imbo Oïdinarjo
dm vidro de pillulas
panãs) .
csanophclicas
7 ·~h():)
(cara
10 $ coa
86
Um vidro
de pilulas de Bristol.
»
balsamo phil. .
divino .
elixir de J'\ogueira.
t ¡ma capsula de quinino ordinario.
)¡
»)
l)
»
)¡
l)
))
I)
ljm
)¡
I)
.)
,)
I)
terno
de g-anga azul
ri scad o inferior.
par de chinellos.
meIas para homem
mulher
bonet ordinario
),
))
Il
))
I)
Il
I)
Il
8$000
12$Coo
.20$000
24 $ 000
1$000
30$000
40$000
I 8 $ 000
10$080
I5
$ 000
1.')$000
Facilmente
se verifica a impossihilidadc
dl'
conseguir que a renda sobrepuje a despesa emquanto
a situação fÔr essa, mesmo que o trabalhador
atting-indo ao maximo de producção,
::-edllza ao minimo
() consumo no barracão, auxiliando él sua manutenção
com ;] caça e a pesca ou com os productos
da
pequena
lavoura
que plantar.
Pódc-se
dizer em
these que em taes condições
de dispendio
só (~
possivel o equilibrio
quando o preço da borracha
fina atting-e a 6$000 por kilog-ramma. Accrescentc-se
el. tudo isto a possibilidade
das molestias em zona
onde excepcionalmente
se encontra um homem sadio
(' tenha-se em mira que, rccolhldo
por doente an
barracão,
assume o sering-ueiro o compromisso
de
indemnizar
o patrão de 4$000 diarios pela comida
que recebe, e terdse-á mCl.is um motivo de piedade
para com esses brasileiros
sacrificados
por c:rucl
87
sorte, a maior parte arrastada até ahi ou pela ambição
propria ou sob a influcncia de falIazes promessas.
N ada porém valeria tão ang-ustiosos compromissos se não fôra o reg-ímen de feudalismo
modernizado, tangenciando os dominios da escravidão do branco. Onde a liberdade tão amplamente
garantida pela Constituição Brasileira?
A situa~'ão ahi t'- de t.al natureza que dir·se-ia
termos viajado por um paiz ;í. parte, onde se fala a
mesma lingua! Apartados do mundo, segregados da
sociedade, explorados por todas as fôrmas, entre as
quaes abundam as mais requintadas modalidades
da fraude, se,agindo de bôa fé ou sob os guantes
da molestia que am('a(~a devorar-lhe a vida, quizer
() seringueiro (( baixar)) (retirar-se aguas abaixo, por
essas estradas liquidas que constitl1~m as unicas vias
de communic;H;ão) esse direito é-lhe vedado com a
arrog-ancia c a insolencia de qucm pune um crimin oso.
A compressão é exercida de tal maneira que,
ao destilar com permissão de « haixar )) él meia duzia
de doentes, cujo estado de saudc indica a proxima
libertação das ag-ruras mundanas, outros menos
doentes ou sãos mesmo, exprimem desejos de
attingir áquclle gr,í.o de imprestabilidadc, comtanto
que se lhes permitta a faculdade de abandonar
aqueIles sitios!
Revoltado
('om tão profunda
anumalia,
Julgo necessario rcfcril-a, por mais estreito que seja
o circulo que me lê c por menos valioso que seja o
meu testemunho pessoal, mais como um appe110 á
vossa alma bem formada para que pug-neis por uma
88
solução que vise libertar os nossos patnclos de tão
revoltante especulação, apontando o novo rumo que
deva substituir a orientação actu~.}, remodelando os
processos, por outros q IlC p2rmittam o desenvolvimento da industria extractiva com a applicação de
meios legaes e sobretudo humanitarios.
CAPITULO
X
Conclusão
Eis Sr. Coronel o que vos tinha a dizer relativamente aos trabalhos de que fui incumbido junto
á expedição, assim como ás observações suggeridas
durante a execução dos mesmos.
Tenho a consciencia de haver procurado cumprir com o meu dever, dedicando-me sinceramente
c na altura das minhas forças par2, com minima
parcella embora, prestélr o meu concurso ao extraordinario exito que obteve a expedição sob vossa
chefia de facto.
Apresentando-vos
pois () meu relataria espero
que de sua leitura guardcis a impressão do quanto
procurei fielmcnt~ interpretar as vossas ordens e
corresponder á confi;lI1ça com que fui indicado para
os cargos CJ lie exerci CarlO aj Uilém te e secretario.
RiodeJanciro,.)
dl~JlInhoùc
T914.
SUPPLEMENTO
Kilometra
Cincoenta,
N. 1
em 25 de Janeiro
de 1914.
Caro Chefe e antigo Sr. Coronel Rondo/l.
Ignoro se esta vos será por mim remcttida
de
Aldeia Queimada,
onde sei que até hoje está o
Tenente
Lauriodó,
ou se a deixarei em
mucna.
Sendo mais provavcl esta segunda hypothese, desde
já desobrigo-me
do dever de elucidar vos sobre a
retirada dos companheiros
que do salto da Felici··
dade não quizeram mais proseguir commigo- --prinei
palmente
para salvaguardar
a minha rcsponsabili.
claùe no pesado encargo que me confiastes.
Bati-me
dogmaticamcnte
contra
semelhante
resolução, julgando
que seria sempre poss~vcl com
algum sacrificio, que na nossa situa\,ão não devia ser
medido e pesado, levar él termo a incumbencia
que
nos foi disdibuida
;tO orgélnizar-sc
a 2." turlTla da
Expcc1i('ão em --'anira!)oan .
Os proprios companheiros
podem atLestar qllc
d.esde o inicio da minha
march;!
decl~re¡
muitas
vezes que tudo sC' deveria sdcriF.car meros () trans
.porie do que fOSSt' necessario á execução (:os serviços que comp~oti;1m a cada um de D(lS, r.;lrélctr.ri
zando bem, espcci;-¡lmente
em reLação ao 110SS0
J
••
J
1'1
90
companheiro Reis, que absolutamente não deveria
pensar siquer em substituir « films » por conservas
alimenticias e reveladores por doces e aveias, e que
os animacs necessario s ao serviço de cada um eram
sagrados. Neste sentido a primeira reducção feita
attingiu logo os caixões de especialidades da confeitaria Colombo, com alguns protestos, embora muito
humildemente tenha eu me conduzido como chefe,
tentando justificar a resolução tomada e procurando
amenizar o primeiro golpe. Reduzida pois a nossa
r.arga, a insistencias do Reis deixei-o o:-ganizar uns
caixões especiaes onde elle reunia algumas parcellas
retiradas dos caixões Colombo que sem protesto
deixavam arrancar do seu seio alg:uns de seus mais
dilectos filhos ...
A' proporção, por<.'>m,que iam sendo fechados
os (( espcciaes do Reis », marcava-os eu com uma
cruz fatidica que significava bem a minha intenção
de relegal-os á cauda das nossas necessidades,
recommendando ao Tenente Mello que não deixasse
passar o « contrabando » senão depois de ter seguido
él carga mais essencial.
Apesar de não ter animaes sufficientcs mesmo
para estas cargas que seriam a garantia da nossa
marcha, não deixei carga alguma em Tapirapoan,
inclusive os caixotes « crucificados », fazendo conduzir pela carroça o que havia restado depois de
carreg-ada a tropa ande inclui tres (( voluntarios
L. T. » que perambulavam pela cabeceira do Guanandy e pelo Barreirinha.
um dos quaes era um
burro preto que havia sido entregue pelo Lauriodó
ou Mascarenhas ao João Hospicio aJ1m de leval-o
para a invernada, o que convem communicardes a
91
esses dous companheiros afim de salvar a rcsponsa
bilidade daquelle empregado. Relacionei tudo que
ficou em Tapirapoan c dcixei com o brigada copia
da relação que fica em meu poder; tudo deverá ser
mandado para o Salto com auxil io das carroças,
conforme ordenastes.
Com insistencia grande e arremedando tanto
quanto possivcl o vosso systema personalissimo,
consegui partir no dia em que ordenastes, de Tapi
rapoan, mas a ultima tropa despachei pouco depois
das 6 horas e 30 minutos pm. (! ?). Não preciso
descrever-vos o que aconteceu nessa
memoravel »
noite, bastando alguns detalhes para que a vossa
experiencia permitta á imaginação reproduzir com
exactidão todo o quadro. Um lote de burros attingiu
o termo da marcha chegando tarde ao Salto c per
m;inecencio na margem esquerda, outro espalhou-se
completamente na sahida da mata; o r. lote de bois
atting-iu mancamente Barreirinho onde chegou o 2."
á noite l' parou; finalmente, um lote de burros parou
~ acampou por minha ordem em pleno cerrado, com
falta de dous blJrros e com outro burro sem cargas,
nem cangalha, nem nada, de tudo o que despiu-se Ú
custa de corcovos. Foi uma ({debacle» comparavel
á retirada de Mukdem, faltando apenas o bom
general aqui.
Na madrugada do dia seguinte eu e o Tenente
Mello, reunindo os destroços da batalha, marchámos
sobre o Salto da Felicidade, onde acantonámos ás
S horas pm. com tudo que havia ficado para trás,
excepto 4 cargueiros com mantimentos que desappareceram e em cujo encalço deixei um campeador,
sem esperança alguma de C'llcontral-o porque o
Il
O
92
arrieiro e mais dous tocadores já « bateram campo
atrás delles, em vão. Morreu tambem um boi suppõem que de mordedura de cobra e outro escapou-se
atravessando o Sepotuba sendo aquelle cargueiro e
este adéstro.
Ao entrarmos, satisfeitos de ter cumprido o
nosso dever, no rancho em que estavam os demais
companheiros, ás 5 horas da tarde, nós sem almoçar
nem jantar, encetei a discussão do problema da retirada dos companheiros c tive a franqueza de dizerlhes que era fóra de tempo a razão allegada quanto
él separação das turmas porque esse protestn sÓ seria
opportuno em Tapirapoan;
que seria de pessimo
cHeito moral semelhante regresso; que da pécha de
fraqueza nenhum se livraria;
que os serviços de
botanica e zoologia não sendo dispensaveis e sendo
muito justamente
desejados
por vós, poderiam
entretanto, como os de cinematographia, deixar de
existir sem comprometter o exito da travessia, mas
que me competia protestar contra o procedimento do
Dr. Soledade que assumira e acceitara a responsabilidade de prestar serviços clinicos á turma que
agora abandonava na primeira marcha do sertão;
que elle Soledade podia retirar-se :< porque eu não
tinha meios de impedil-o
mas que o fazia com o
meu solemne protesto em face da responsabilidade
que me atirava aos hombros, não em relação él mim
e aos companheiros, que r1ispensaV<llT'osessa assistencia, porque podiamos f()zel-o qmnto ás nossa~
pessûas, !T'as nunca pcrmittil-o qUémdo se trélt;JSSr
dos soldado~! Declarando·nos
él mim e ao Mello.
o Dr. Soledade, que sentia muito deixar él turma
assim, mais por nós, porque muito nos apreciava,
Il;
Il
93
respondi-lhe que se isso fosse a verdade clIc seguiria
comnosco. Apesar de tudo o Dr. Solèdade terminou
por dizer, emquanto os demais aguardavam vossa
resposta, que de qualquer maneira voltaria, dali, quer
fosse ou não dada a sua demissão.
Chamei tambem a attenção delles para o facto
de que o desastre da retirada iria, além de magoarvos, reflectir-se na vossa pessoa que era afinal quem
tinha organizado tudo, o que lhes dizia por ver que
se faziam elogiosas referencias no abaixo assignado
que vos enviaram, deixando transparecer até certa
veneração.
Lembrei ainda que o desastre da pnmeIra
marcha não se reproduziria e que ao contrario da
espectativa má que imaginavam, tudo melhoraria
dali por diante, principalmente quanto aos animaes
que não se conduziriam com a mesma indisciplina.
Finalmente assegurei por todos os meios a pJssibilidade de chegarmos ao fim da jornada, accentuando
que cada um sabia bem o que devia fazer e era responsavc1 por seus actos, mas que me c')mpet"a a
franqueza de dizer-lhes que não achava razão alguma
nessa retirada. E imaginae agora se elles soubessem
que para proseguir eu havia combinado com o
Mello a reducção da tabella de generas (!) e que iria
devolver minha bagagem toda, excepção apenas de
um sacco de roupa; que o Mello iria fazer o mesmo,
etc., etc.
Julgo assim que deante do que exponho aqui,
far-me-eis a justiça de acreditar que procurei corresponder á vossa confiança e procurei a~ir de accorda
com as vossas ordens, tendo a consciencia t~anquilla
se assim fôr, embora certo de que muita gente ha de
94
suppôr que me deve caber a responsabilidade deste
fracasso. - - Peço apresen tardes nossas saudações i
I.~
turma,
especialmente'
Com
amigo,
. lmilcar
grande
ao Lyra.
consideração
camarada,
subordinadu
,Ifagal//ãcs.
e estima,
vossu
(" :-.dmirador .
SUPPLEMENTO
Salto da Felicidade,
( OWI/f'Í
(am/ido
N. 2
23 de Janeiro de
lCJ14·
:11a,ial/o ria .",llz'a N OIU/OII.
Os membros da Commissào abaixo assignada
por vÓs indicados para acompanhar a Expedição
Scientifica Roosevelt-Rondon
atravez do sertão do
Estado de :Vlatto-Crosso vem, com pesar vos communicar por mcio desla exposição que não desejam
proseguir nessa viagem por mais que ella lhes
parc'\,él honrosa e possa dar satisfação ao distinctCJ
chefe que a dirige pelos motivos que passam él
exptJr.
Sendo convidados na Capital Federal par;}
acompanhar él mesma Expedição foram de accorda
com él vossa ordem do dia n. 2 dispensados daquellc
encargo constituindo
llma 2: expedic:ão Clljo fim
seria. de accorda com a mesma ordem do dia a faci·
[idade da locomoção por pequenCJs grupos. Apesar
de tncm deixado em Tapirapoan parte dos manti
mentos c bagagens indispensavcis :1 subsistencia da
mesma Commissão Brasileira em zona absolutamente sem recursos, nem assim lograram obter tropa
capaz de transportar estas já reduzidas cargas ao
primeiro pouso, deixando portanto transparccer
logo no primeiro dia da marcha a impossibilidade de
SB
chegarem sem a espectativa de difficuldades insuperaveis, ao ponto por vós indicado. Por isto, os
membros da Commissão Brasileira, abaixo assignada, considerando que para desempenharem
as
suas differcntes especialidades precisam ser amparados de todos os indispcnsaveis recursos, quer de
subsistencia, quer de locomoção; considerando que
atravessam um dos sertões mais aridos do Brasil, ao
mesmo tempo em que segue parallelamente
uma
commissão estrangeira melhor constituida de tropas
e recursos; considerando por fim que, não ficaria
bem ao Brasil qualquer desastre á Commissão, o
qual traria interpretações desairosas á mesma, vem
em conjuncto pedir as suas exonerações dos cargos
que occupam, julgando assim que concorrerão para
o desempenho dos serviços affectas aos companheiros que continuam na mesma Commissão Brasileira,
esperando vossas providencias
para que possam
regressar e serem apresentados ás suas respectivas
repartições no Río de J aneÍro. (assignados): F ernando Soledade, 2.° Tenente; Luiz Thomaz Reis,
Arnalda Blake de Sant'Anna e F_ C. Hoehne.
SUPPLEMENTO
N. 3
Ilelação do pessoal superior e alterações
durante a marcha
FUNCÇÃO
NOME
Chefe
OBS¡':RV \ÇÕF.S
Capitão
de Engenharia
Ami/car
Armando Botelho de Magalhães
No
~uas
eXerCIC!O Je
fl1ncçèp!;.
d('sele
T apirapoan. fez Ioda a
travessia do sertão até
Commandante
do contin.
2." Tenenle Joaquim Manoel Vieira
de Mello Filho
g{"nt~.
Taxidermista
Henrique
Naturalista.
Léa
E.
Reinisch
Miller
.
Manáos.
Idem.
¡Lem.
Id,,'Tl.
idem.
Ullico
mcmlnu
da
Co~n·71i$s.i(,
Am('ri_
cana;
fel: paríc da
lutma desde 272914
até recolher-se a Ma ..
n6os,
Ceologo
!Jr. Euzchio
Rotanic:o
Frederico
Pau/o
d,· Oliv,.;ta.
Membro da Cum ..
missão
!hasilf'ira.
idcm. idcm.
Carlos Hoehne
E,,,
Salto
onde
T nxidermista
Medico
('
.d(· o
ol'~t.\t'
~xoncraçiio a 24·1·<) i4
.
Arnaldo
civii.
Cr.
Cincmn~ogra-
"~is:a
e
desenhista.
I'xncicio
d.) ccliciclu,Je.
pl·(lj{I
BIBlee d" Sant'An""
Fernando
2." Tencn,,,
Soledadc
.
¡.1·i7 Thomaz Reis.
.
Idem.
idcm.
Idem.
idem.
Ide ..,. id"" •.
I
ADOIIJOS
AgriIr.<:Bsor.
Joaquim Vdlac1üo
Herta
Consetvou-se
addi.
do até recolhf"r_~.c ao
Pharmaceu,ico
Jt,'é Sont'Anna
p'ra.1CO.
Inspector
do,
Tclcgl3phos.
Ju;io ele Deus e Silva
¡;,campameIl,O da Commiss,io de Linhas Telegraphicas
em começo d" Março de
1914.
Idem, idem.
Idem. idcm conduzindo dl.rante a marcha SUa mulher e um
/ilho de pel~o.
I::
SUPPLEMENTO
N. 4
~elação do pessoal de que se compunha o
contingente da 2. turma
li
GRADUAÇÃO
NOMES
2." SarRento
OBSERVAÇÕES
José Benedicto Antonio de
Campos .
Alves Rodrigues.
3. Sargento
0
I
2 Joaquim
2
3
4
5
6
3
Luiz Satyro da Silva
Tertuliano Domingos.
André Alves Cabral
Antonio
José Correa
de
Sant' Anna
7 ~aquim Cassiano da Silva
8 . anoel Ricardo Dias
9 Francisco Catharina
10 Manoel Julio de Lima
Anspeçada.
Corneteira.
Solclado.
II
João
Pedra
13
Gregoriano
4
5,
6
Alcides
de Mo-
Regressou
de C.
Novos para o Juhina.
Desceu o Duvida
em 27 de Fevereiro
de 1914.
do Nascimento
12 João Felippe do Nascimento
Regressou
de C.
Novos para o Juhina.
7
raes
Vùlunt." reg,"1
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
Bernardino
Pereira
Julião
Juviniano Domingos Bastos
Silvestre da Paixão
Manoel Felix Correa
F emando d•• Salles Borges
Elpidio Francisco de Faria
João Francisco
dos Santos
Olavo Rosario Leite
Romão Glycerio Guima;ãe~
Henrique da Costa ...
Abilio José dos Santos ..
Wenœslau Roberlo Pereira
João Victor
Antonio Pereira da Silva.
Henrique Barbosa de Faria
Waldevino
Palhares
João Nunes.
31 Benedicto
Bento
8'
91
10
"
12
13
14
15
16
OeSCl'1I
vida.
Passou
()
fiO
nu-
para
2."
turma
em
Campo:;
Novos até onde vt.'io
com a tropa do no
3. o Sargento
NOTA. -.
.
32
¡oão T orraca
da Duvida.
Addido
desd.· 24
de Fevereiro até recolher-s •• ao acampamento da Commissão
de L. T cle¡¡raphicas
em Março de 1914.
A nllm•.ra':ão á dir •.ita incli<a o effe<livo ao partir de Tapiraponn
SUPPLEMENTO
Relação
do pessoal
acompanhou
N. 5
da tropa
de bois
que
a 2." turma da Expedição
I
DE. ~~DI: 1\1!
r;OMES
CRACL:¡\!.Õ~.s
Arriciro.
Pedro
2
Ajudante
Joaquim
Ernesto
3
T uc"dor
Antonio
Alves
Augusto
4
Pedro Cavalcante
5
João
da
de
OBSERV AÇÕ¡:S
Figueiredo.
(a)
de Figueiredo.
(d)
(b)
(a)
(a)
Crul.
6
Antonio
Simplicio da Silva
7
Jacintho
Roque
8
Fidelis
9
(a)
(b)
José de Campos
Antonio
(d)
Francisco
de Oliveira.
(a)
10
José da Rocha Campista
(a)
\1
Sebastião
(a)
Monge da Silva.
a)
Regressaram
de Barão de Mclgaço para /icar em Campos Novos.
bl
Rcgre,saram
de Barão de Mclgaço
d)
Desceram o rio da Duvida.
para /icar em Tres
BAj\:~',~ ,)
6IBLI(;i~-
i'.
II.)
1,.', ~[I)ll_'¡ ~(A
~
·.J(if
¡ t.RANGO
CA T ALOGACION
Buritys.
SUPPLEMENTO
N. 6
R.elação do pessoal da tropa de muares que
acompanhou a 2.n turma
N.' ["lE
f.R.\T)U\ÇÕr.s!
IArrieiTO.
OBSERVAÇÕES
l'O~lt:S
ORDI'M
De,ceu
João da Cru,. Gomes
o Gy-Pa.,
raná.
Z
IT ocador
Jo,~ Antonio
Regressou a Z7 de.
Fevereiro de 1914.
Marques.
I
3
. José
Santos
I
Regre£sou a I de
: Março de 1914 de
Barão de Melgaço.
Pereira.
4
Antonio
Malheus Pereira
')
Barnabé
Avalo
6
. i !\1elchi.des
7
Manoel
8
Anselmo
Pedroso
9
Marciano
José do,
10
'1 Bernardino
Alves
Regressou a 22 de
F ev'~reiro de 1914 df'
'Jos~ Bonifacio.
I
Regressou a 22 de
,Fevereiro de 1914.
Alves
Pedro
.
de
de Souza.
Regressou a 22 de
Fevereiro de 1914.
Sigueira.
Despedido
em 26
de Janeiro de 1914.
do Amaral
Regressou do Papag.io em 22 de Janeiro de 1914.
Santos
Ficou em Tres Buritys.
Varanda
I
.
Ficou em Tres Bu-
, Blys.
SUPPLEMENTO
«elação
N. 7
do pessoal que acompanhou
de bois do rio da Duvida
a tropa
i
nI'. ~
ORPB1:
~.ll
C .\RGOS
Arrieiro
I'ClSTO
volun!."
rq.
NO:.!ES
ni '
José lzidoro da Silva.
2
AjuJan:c
, Luiz Correa.
3
Vaqueiro
I Francelino
4
Manoel
S
Francisco
6
Honorato
Placido
da Silva.
Chena.
Albino
Cavanha.
7
Manoel
Ribeiro
8
, Antonio
9
i João
10
I
I
do Nascimento.
Vogado.
Bernardo
, Carlos
AvcnJana.
de Carvalho.
Palha.
II
Manoel
12
Benedicto
Pedro
do
Nascimento.
Bento da Sil\"a.
II
SUPPLEMENTO
Expedição
Scientifica
CARGA
H,eccbidos
N. 8
Rooseve1t=Rondon
DE A\'I1\IAI':S
DA
t~m Tapirap\)an
l."
TC'R1\L\
:
.:Ú; muarf'S de muntaria.
ï célvallos de montaria.
S4 muares de cang-alha.
I<cl'cbidos no Salto da Felicidade:
:2 muares
de cang-alha.
Rccebidos
no Kilomctro
Cincocnta:
.? muares
de cang-alha.
Re('ebidos em Utiarit\,.:
:2 muarcs de cangalha.
Reccbidos
t:m Campos N ovos:
:2 muares
de sella.
:2 cavallos
de sella.
Rcccbidos em Tres Burit\'s:
8 muares de cangalha.
,¡
rr;;
Somma.
DESCARGA
Sumido
Frouxo
Dcixad
»
em Salto.
em rio Burit\".
(J cm U tuarity.
»»
Sacre.
lOB
Frouxo
em ribeirão Primavera.
»
Nhambiquaras.
»
» Aldeia
20 de Setembro
.2 Frouxos
em Guariroba.
Tendal.
2
Macacos.
Formiga.
:2 Perdidos
em Primavera.
2 Frouxos
em l\1orrinho do LHa.
»
»
Utiarity
3
T
I)
4
4
4
l)
li
¡¡
li
))
I)
))
)) Ikê.
Tres Buritvs.
Grillos.
»
»
Buracão.
l\
)
Mutum-Cavallo.
»
Cachorro.
Sapczal.
»)
»
Amarante.
Nicolau Bueno.
Campos Novos.
Vilhena.
Deixados em Tres Buritys.
Regressaram
do rio da Duvida.
Cavallos :
»
»
»
»
l)
f
2
28
2
li
I)
)¡
J)
I)
l)
li
J)
Frouxos em Utiarity.
Frouxo
em Nhambiquaras.
Vilhena.
:1 Frouxos em Tres Ruritys.
2 R('gTcssaram
do rio da Duvida.
li
] I
S ~omma.
li
.
SUPPLEMENTO
Expedição
Scientifica
(',\He:\
N, 9
Rooseve!t=Rondon
lll-: :\:\\?I1.••••
r:S DA 2." TU!{:\IA
.:;_~.boi s ('a(!~-uciros r('('ebid os cm Ta pirapoan para
conduzir ('arga do rio da Duvida.
:! ,) bois carguciros,
idem, idem, para acompanhar
a
2."
turma.
bois adestro, sendo () de corte, () dl' carro
para can~~;\1ha, mas ainda chucros.
célv"Jio madrinha .
.,,\,1 mua,'cs
(';¡n~'IJ('iros
e de
sella recebidos
I;
-
, a pif' a poan.
da \ '-opa do Tenente
:11Uares
dos t'm Campos Novos.
,) íi1uares para montaria
('()utinbo
recebidos
I' .l
cm
H'(,l'hi
cm
Tn:s
:1uritys.
I muar
i.~
I
enl'ul1trado na narrinha.
Cralhão.
bois rc('cbidos em Campos Novos, sendo g dé!
invnn;:da
(' 4- d;] tmpél
do Cownd
Rondon
iTIlIar
cn('ufltra¡]o
(l." turma).
o bois cargueiros
110
r('('('Lidos
na f<venda
;iuritys.
,1 muares
1
SX
Somma.
comprados
em VI3.\[em.
de Tres
110
DESCARGA
45 muares que afrouxaram
em viagem
[ cavallo madrinha idem.
ï muares perdidos durante a viagem.
13 bois cargueiros
deixados em Tres Buritys por
¡m prestaveis.
12 bois de corte abatidos
em viagem.
I boi cargueiro
morto por mordedura
de cobra.
3 Jjois cargueiros que afrouxaram
em viagem.
2 bois
cargueiros
perdidos
em Ribeirão
das
Aldeias.
I hoi cargueiro
morto por mim em Barão de MeIgaço por estar pesteado.
1 boi cargueiro
de'ixado doente em Barão de Melg:aço.
4 T bois cargueiros que voltaram de Ba:-ão de 1\1elga~'o com o Sr. Pedra Augusto de Figueiredo.
It) muares
que regressaram
de Sete de Setembro
e Barão de lVIe1gaço.
22 ¡)(Jis, UIlS que' reprcssaram
com o J()S(~ Tzidoro
cie Sete de Setemhro l' outros que o inspector
João de Deus abateu para alimentação
do pessoal por estarem em milS condições
de fazer
VIagem.
20
bois
deixados
Tzidow.
I gR
Somma.
em
Tres
Burit\'s
pelo
Jose
SUPPLEMENTO
Aldeia
¡JJrlf
Queimada,
N. 10
24 de Janeiro
de 19 I 4·
('aro .Jmitcar.
Salto
da Felicidade,
Acabo de receber, com profundo
pezar,
um
abaixo
assig-nado,
dos nossos
companheiros
da
Expedição
Dr. Soledade,
Tenente
Reis e botanico
Hoehne com seus auxiliares.
Satisfazendo
o pedido desses companheiros
eu
te pe<~o de transmittir-Ihes
o meu assentimento,
a
que sou forçado pela má vontade com qlW elles se
manifestam
em nos auxiliar, fazendo excepção do
botanico Hoehne, que mais de lima vez deu prova dt~
corag-em e de boa vontade de trabalhar.
A este fiz uma proposta no sentido cil' aproveitar
os seus serviços no Papag-aio e no rio do Sangne. Si
dle não acceilar d('ved. sq2:uir '-om os demais demissionarios para Caceres, correndo todas as d('s!)('zas
de volta por conta dos respectivos
Ministerios a que
pertencem, porque nada mais terão com () Ministerio
do Exterior desde esta data 24,
Pc<;o-te proscguires
com o Tenente
Mclln trazendo et org'aniza<;,:ão da tropa como estava.
A bagagem desses companheiros
seguirá para
Tapirapoan
nllma carroça e elles irão em outras por-
112
que
a té
essas
não
temos
animaes
para
clics
irem
montados
hL
Mande
o sarg-ento
carro(;:as venham,
lzaac
isto
providenciar
para quc
(\ esse
sarg-ento
dcsi-
"~nará uma pra\'a para levar o tell bilhete ao Brigada,
ord en ando a este en viar d (¡as carro(:as
para ar¡ ueUes
tins. Elles poderão,
se tjuizcrem.
mandar
vir de
Tapirapoan.
Cl1l'(JI1trem.
animaes
para
a
SU;1
m'lIltaria.
¡(l'commende-me
ao !1OSso amig-o
Mello c [('('cha um nwu abraco, e outro
caso
1;(
(' ('amarada
do LYra,
. de
agTadf'cimento
pela solidari(~clade
que nos '.·otou em
tão triste ('n1Crg'c!1cia. ('Il]TI ('arinho (' muita ami/ack
amJ~'O devotado
(assig-nado)
NO.'Ir!o/l.
P. S.
I>('V) ac('('lerates
aqui tlldo que não pr('("i~;lrcs.
Ilra essa ('ar,Q'a para l'1\".
a marcha
O ;ll1tomo\cl
(Assi,Q'nado)
dcixando
conclll
Rd,
SUPPLEMENTO
N. II
Marcha do contingente que acompanhou a
2.u turma
I
I
i
I
I
MEZES
I
DIAS
I
22
23
24
- 25-:
2b I
28
29
30
31
13
lb
I
o
~;¡
{II
17
18
19
20
22
22
27
28
T apirapoan (partida)
Salto da Felicidade
Kilometra Cincoenla
Aldeia Queimada
Rio Verde
.
O
Act.
,Rio
Burity .
,Cabeceira
Agua
Acp.
I
I
24
2
3
27
30
n.
Quente
/' Cabeceira Mutum .
Barracão do Juquinha
,Barrinha ....
I Carrego
Gralhão
.
. Ribeirão das Aldeias
Estação de Juruena
,Rio Formiga ..
Carrego Urutáo .
Carrego Primavera .
Chimarrão
.
I Estação
de Nhambiquaras
.
¡¡nvern.da
de Campos Novos.
Espirro
.
Estação de Vilhena
.
Cabeceira do Joaquim Pareci
I Ribeirão Nicolau Bueno .
I Fazenda
dos Tres Buritys .
Estação José Bonifacio ..
I Cabeceira Sete de Setembro .
I Cabeceira DT. Stieglmayr
I Curva
.
! Estação
n.
»
»
I IlIiô-Sê ...
Lagôa Secca .
I Rio Papagaio
27
I
2
3
4
5
7
8
9
II
12
pausas
i
. I
I
18
2
3
4
5
6
30
24
15
21
27
7
30
8
21
9 , 24
:i
10 I 26
II ' 24
»
»
12
24
13
14
21
13
15
20
lb
27
4
24
Acp. n. 17
Acp. n. 18
21
17,
28
»
19
24
l)
20
II.
l)
21
»
»
22
23
IS,7
10,
l)
24
Act.
Act.
Barão de Melgaço
n.
n.
5
»25
19
24,883
lb
:
Distancia total percorrida.
marcha a pé 66Ikm.483m•
entre os pontos
extremos
em trinta
dias de
l~
SUPPLEMENTO
Anso
URGE:\T£
DE CUYAI3i\
N. 12
524
8 dc Fevereiro
Capilão
de
I<) I 4.
//lIlilcar.
J urllcna.
Scientc I 18 c 120. De J lIrllcna para] osé Bonifacio o peior trecho e que exig-e mais trabalho é de
Amarante
a José Bonifacio especialmente
cstivado
Festa da Bandeira.
Estivados
de Jurllena a Nhambiqllaras
tambem
devem precisar concerto como melhor te informarÚ
tenente Marino. De J os~ Bonifacio a I1arão de Md,~-a\o tambem estivados máos, faço os mais ardentes
votos pela tua saude e felicidade,
A braços
(Assig-nado)
aff cctuosos.
Ilflio. chefe do clistricto da cO!lser\-;l\'ào.
116
Juruena,
'/" {'¡U'l/t
:\ v. n.
6-Fevereiro
r / ulio
Carl
de 1914.
Il l/O.
12O
U racnte
b
Cuyabá.
Lagôa Secca, 28 de Janeiro de 1914.
Em marcha para J uruena de onde cnviar-te-ei
este, peço-te informares com urgencia quacs os
pontos mais necessarios concertos estrada linha
J uruena-- J osé Bonifacio.
Estou incumbido destacamento Tenente Mello
preparar estrada passará Coronel Roosevelt, mas
levo tropa pcssimas condições obrigado deixar generos atrás, preciso apressar minha marcha, por isso
informarás o que indispcnsavel concertar.
(Assignado) -- .-[milcar.
SUPPLEMENTO
Ansa
!lE BARÃO DE MELGAÇO
N. 13
4
ï de Fevereiro
de
It)
14.
Sr. CaPitão Amilcar.
J uruena.
Ifa dias vIm de Nhambiquaras,
dessa viag-crr:
observei o seguinte:
Picada acha-se
maior parte
roçada havendo trechos sujos como seja de Guanand)' ao Espirro, do Ribeirão Amarante
ao Lyra,
dos 3 Buritys a José Bonifacio, igualmente
daqui ao
Acampamento
do Formigueiro
tudo isso ainda muito
sujo. Quanto ás pontes e estivados encontrei quasi
todos em pessimo estado; acham-se diversas turmi·
nhas, apurando esses serviços entretanto
creiu se já
não concluiram é devido á insufficiencia
pessoal nas
secções. São estas as minhas informa\~ões apelar nãc
estar nas minhas attrihuiçÔcs esses serviços.
Rp. 12I/6
(Assig-nado)
Saudações.
Adrli/lo,
cncarreg-ado
da esta<:ão.
118
J uruena,
6 de F cve:"ciro de
I <) I4·
.-\v. n. 121-13
{J rgcnte.
Encarrcg-ado
da Estação
de Barão de Melgaço_
Afim de cumprir ordens Sr. (:orond
R(Jndo!1,
prcciso me informeis o estado em que ~e acha estrada
da linha cujo trecho conservação
compete estação
vosso cargo visto que por ahi dever;í transitar
Sr.
Coronel Rondon e sua comitiva aCilmpanhado
tropa
mais ou mcnos cento c vinte cargueiros.
Saudações
cordiacs.
(Assig-nado)
Capilão
_IllIi¿'-ar .11agal/aîr's.
Ajudante
Commissão.
SUPPLEl\1ENTO
Anso
Dr:
NHA~IHIQC:\RAS
N. 14
23.
ï de Fevereiro
("apilão
cie
I <) I 4.
.lllli/mr.
r
•
.Illrtll'na.
Sciente vossu 12 I. O trecho pertencente
;¡ esta
esta~'ão cstél intransitavel
devido o cstivado
do
Camararé grande que está desfeito e diversos lugarcs que tcm atoledos il picada milito estreita c com
muitos tocos.
(!\si'~·nad(») Encarregado
.1 brrl!.
120
]uruena,
6 de Fevereiro
de
1914.
Av. n. 121
Urgente.
Encarreg-ado
da Estação
de Nhambiquaras.
Afim cumprir
ordens
Sr. Coronel
Rondon,
preciso que me informeis o estado em que se acha
estrada da linha cujo trecho conservação
compete
estação
vosso cargo, visto que por ahi deverá
transitar Sr. Coronel Rondon c sua comitiva acompanhados
tropas
mais ou menos cento e vinte
cargueIros.
Saudações.
(Assig-nado)
Capitão
A ¡¡¡iLcar M aga111ãr's.
Ajudante
Commissão.
SUPPLEMENTO
A \'ISO
N. 15
2 S.
DE VrLlfEl\¡\
ï de Fevereiro
Capitão
de
H)
14.
•.lmilcar.
J uruena.
Rp. 12 I de hontem. Conserva\~ão estrada 4.'
Scccção está a cargo do encarregado da mesma Sr.
Pedroso. Porém apresso-me a informar que no
caminho para José Bonifacio, os estivados estão
podres difticultando passagem de animaes, caminho
para Campos Novos tambem existem algumas
pontes cahidas, porém serão concertadas
antes
passagem comitiva.
(Assignado)
Telcgraphísta
¡.ima.
encarregado
da estação.
122
J urucna,
Av. n.
de Fevereiro
(l
de
I <J
I4·
A.
J2[
LTr~·ent(:.
Encarreg-ado
da Estél(.:ão de \'ilhena.
Afim cumprir
ordens
Sr. Coronel
Rondon,
preciso que me informeis o estado em qlle se acha
estrada da linha cujo trecho conservação
compete
('~t~;\ão vosso carg-o, visto que por ahí deverá
tran,-:itar Sr. (:orone! Rondon c sua c()mitiva acompanhados
trop3s
mais ou menos cento e vinte
( ;¡rg-lIelros.
Saudações.
(Assignado)
Capitão
.1/11itcar
Ajudante
.J/ flgalllà{'s.
Commíssão.
SUPPLEMENTO
] muena,
,)·r. Corol/c{
N. 16
S de fevereiro
de
¡<)
/4,
NOlllloll.
l\'Icus mais respeitosos
cumprimentos
assim
como dos demais membros da 2,n turma, todos us
quat's pedimos apresentar
nossos saudares illustres
companheiros
I." turma.
Felizmente
nosso grande
susto chegar atrazados
dissipou-se
aqui. Seguimos
hoje para o Formiga onde pretendo acampar. ('onforme
verificareis
por minhas
cartas
af1teriores
minha situa\ão
melindrosa,
tropa em máu estado,
o1>rig-ou-me levar daqui uma carreta e utilizar mcu
scrvi\'o transpostc
() hais de ('arro do Lulica flue
seg'[H'm com os meus l)Ois de corte por vossa ordem,
Sei que rccommendastes
todo cuidado com esses
l)(lis c que elles não se destinavam
ao servi\,o da
Expedição
mas além da situação que já mnhecei~
até minha partida do Ribeirão das Aldeias, ainda fui
obrigado
él deixar
lá mais cinco burros frouxos e
dous bois perdidos
com gente
na « arribada )),
Durante
minha
mar('ha
afrouxaram,
de Ribeirão
para J muena, mais dous burros cujas cargas aqui
chegaram em costas, Para meu serviço requisitei c
espero levar daqui tres ma('hados c quatro b(,(-les
pedidos ao Tcnente
l\Iarino.
124
Peço-vos permissão lemorar-vos necessidade
tclcgraphardes
Rio soore dispensa pessoal Salto,
afim serem dadas demissão Ministerio Exterior c
fcitas alterações Malheiros, ao qual tambcm me
parece necessario rem('tter relação todo pessoal que
passe a vencer pela folha Expedição, segundo li cm
aviso que Tenente Lauriodó mandou-me de Utiarity.
Apresento finalmente votos feliz exito vossa
tarefa difficit.
Com muito respclto e admira<;'ão vosso subordinado amigo
A lIlilcar A.
f].
JI agalltãrs.
SUPPLEMENTO
Nhamhiquaras,
N. 17
13 de Fevereiro
de
1914·
Carissilllo Lyra.
De passagem por esta estação onde não acampo
devido á falta de pasto para clTIimaes, deixo-te aqui
este bilhete com a preoccupação
enorme da forma
pela qual fui obrigado a « alinhavar»
esse precipiciu que se chama a ponte do rio Camararézinho.
Para tranquillizar
a minha consciencia
peço-te teIegraphar-me
Vilhena dizendo-me se tudo passou hem
ali pois que limitei-me a concertar o essencial mas
receio que a parte que julgamos salida tenha feito
alguma « franceza ». Em um osso de Loi, por pre
caução, deixei escripto um aviso - em máo português c pessimo francês - para que passassem
os
animaes puxados, tal a pouca
confiança
que me
inspira él.parte que pareceu sol ida c a que, reconhecidamente
compromcttida,
não era tarda
para o
serviço da vanguarda
que vou fazendo, obrigado él
marchar
conservando
a frente,
com os homens
r-arregados de generas e malas com seus "trens» ...
unto ao Commandante
él quem expliquei isto
,ambem I1él carta que aqui deixo, pe(;o-te fazeres él
ddeza que nos cabe de justiça, porque hem avalias
como teriamos encontrado
tudo pelo caminho.
Desejando
a tua saude c todas as felicidades
que mereces envio-te os élbraços do Mello, no mesmo
monte em que te mando os meus.
Teu collega e admirador
/1 milcar.
J
SUPPLEMENTO
Nhambiq
Av. n.
uaras,
N. 18
13 de Fevereiro
de
I C) q.
141
COlOIlr'!
NOW/OIL.
N ham hiq uaras.
Participo-vos
que requisitei
e rt'ccbi no meu
acampamento
no correg-o Chimarrão
um boi de
corte dos que conduzia él tropa do JOS(~ [zidoro sob
as vistas do inspector João de Deus. Proseg·uindo
nas informações
que vos hei prestado no correr de
minha marcha, communico-vos
ter ficado frouxa na
esta<;·ão de J uruena uma besta de montaria com a
marCél da Commissão
L. T. tendo ficado no trajecto
de .l urucna
ao F ormig-a o cavalio-madrinha
da
tropa, um burro pello de rato escuro, uma mula
grande vermelha e uma pampé1, todos os q uaes )wm
('m pello conseguiram
vencer a distancia t'stre esses
dous pontos.
Dos tres burros cm cuja arribada deixei dous
tocadores no carrego C;ralhão apenas, foi encontr"do
um que veio juntar-se
a nossa tropa; os dous ('ar.~·lIeiros que tinhé1m fugido no ribeirão das Aldeias
tambem não foram encontrados
pelos ('ampeadores
que ali deixei para procuraI-os.
J ()."
128
Afrouxou um boi caq;uelro que mandei soltar
no corrego Roceiro, quando marchavamos
de
Ribeirão a Juruena.
N a minha marcha do Urutáo ao Primavera
afrouxou a besta do Chiquinho Mascarenhas que
vinha já com cangalha dando serviço á Expedição
desde Papagaio. Do Pimenta ao Chimarrão ficaram
dous burros, um baio e outro branco, que mesmo em
pella poucos metros andaram depois do 1.° carrego;
em seguidél foram afrouxando mais quatro animaes
carg-uciros, dos guaes um sÚ poude rhegar até o
Chimarrão
Dos It) burros rsprciar.\' que o Sr. Jura nos
vendeu, resta na minha tropa apenas UJJl, tendo
afrouxado I ï e perdendo-se um.
Todos os bois de carro que comprei para cÓrte
em Tapirapoan
já estão sob cangalha, o que
forçou-me a pedir um, para alimentação do meu
pessoal, á tropa do João de Deus como já vos disse
linhas atrás. Espero que seja passive! receber em
Campos N ovos alguns bois para o consumo de
minha turma.
Como vêdes a nossa situação em relação a
tropa é cada vez mais precaria, de modo que o nosso
pessoal está sobrecarrcg-ado com as cargas qUè foi
possivcl distribuir-lhes como (( d¡''>bros)) a accresrentar aos ( costados» dos SCllS respectivos sarcos
de maIél.
Estamos nos limites da estricção e antes que se
rompa o equilibio espero que me mandeis soccorrer
cm Campos N ovas.
Dos 40 burros cargueiros com que partimos de
Tapirapoan, restam-nos I S (quinze). E' quasi uma
129
reduc\ão Ú expressão mais simples ... Nas condj(,:ùc~
em que marcho, obrigado a fa7.er os homens carregar
parte da nossa carga, com él necessid:lde
combinada
de conservar
a vanguarda
de uma turma em que
vem o Coronel Rondon, espero que justificareis
os
remendos
grosseiros
que vou fazendo da estrada,
por não ser possivel concertar
melhor as pontes
c cstivados
por onde deve transitar
o (:oroncl
Roosevelt c sua comitiva. Só se visseis o estado em
que os encontro poderieis avaliar Cjuanto nos temos
esforçado
para conseguir
ao menos qUê liquem
tr" I1sita veis esses dcstro(:os de obras eu j a ('onstfucçàc
deveria ter consumido
muita energia e muito trabalho.
Tenente
Mello, HOfta e Reinisch
muito se
vos recommendam
como aos demais companheiros
da J." turma, o que tambcm faz o vosso suhordinado
amIgo e admiradof
(Assignado)
Amilcar
!lIay,alllii('s.
SUPPLEMENTO
J uruena,
I I
N. 19
de Feverciro de
19 ¡ 4.
Av. n. 134-A.
Capitão Amilcar.
Chegámos aqui na occasião em que partias.
Ficámos satisfeitos pela energia das tuas marchas que assignalarão uma nova era exploração do
grande sertão.
Recebi tua carta e todos teus avisos me inteirando de tudo. Esclarecimentos
sobre o procedimento dt'sleal e antipatriotico dos retirantes tclegraphei ao Ministro do Exterior pondo a par de'
tudo, mesmo para evitar-te desgostos.
O Coronel Roosevelt tclcgrapholl ao ministro
taxando cie medrosos, desobedientes c insubordina
dos os retirantes.
Precisamos medir nossos recursos antes de
chegarmos ao rio da Duvida. Convido-te péI'-a ISSO
fazer um alto em Campos Novos lá nos esperar.
Affertl10sas saudações.
(Assignado).
NrJ1lr!rJ//.
SUPPLEMENTO
Nhambiquaras,
N. 20
13 de Fevereiro
dl'
ICJ[4.
Av, n. 14.').
('orO/l('!
NO/ldOII.
Nhambiqllaras.
Tenho prazer de a('cusar vosso aviso n. 231 de
]o, transmi ttido de J lIrtll'na para esta estação por
onde passei hoje ahm de acampar
em ('ampos
N oVos onde ha horn pasto para a nossa tropa. Darei
vossas ordens ao arrieiro J oaq uim F ag-undcs t' procurarei verificar CI lie as cum pra.
IInicanwntc
o que m{' está preoccupando
(>
esperar· vos quando é œrto que, passado NhambiC]uaras, teria eu dOllS dias de avanço sobre vossa
turma
pois tereis provavelmente
de demorar ao
menos um aqui em Nhambiquaras
; e esses dous dias
poderiam
servir para eu ter tempo de concertar
él
ponte do « I 2 de Outubro)
c, posteriormente
a
Vilhena, él do Festa da Bandeira ---- pontes muito
cstrag-adas, conforme informações
do Tenente
nlio
e dos cncarrcg-ados
das estações,
aos qual'S pedi
noticias estradas trechos conservação
da linha sob
J
134
sua responsabilidade.
Saio daqui para Campos
N ovos reflectindo na possibilidade de comLinar o
cumprimento dessa vossa ordem com o desejo de
partir com toda pressa.
Se em todo caso outra providencia vos uecorrer
logo que aqui chegardes, peço-·vos mandai-a com
urg-encia, a Campos N ovos, afim de poder eu seguir
para a frente antes de vossa chegada ali.
Com os cumprimentos dos demais companhci
ros de minha turma, pede·-vos licença para abraçar
vos com todo respeito e amizade vosso camarada,
subordinado e amigo
(Assignado) /lmilcar
/1. B. 11agalhães.
SUPPLEMENTO
Jost- Bonifacio,
ST.
('OTOll('1
22
N. 21
de Fevereiro
de T914-
NOJl{/oll.
J osé
Bonifacio.
Tenente
J ag-lIaribe a LJlIem pedi interessar-se
credito pedistes officio Caceres telegrapha-me
solicitando-vos
tclegraphardes
de José Bonifacio ao
Sr. Ministro Exterior esse respeito afim poder tratar
assumpto
do conhecimento
ministro.
Aproveito
ensejo lemhrar-vos
conveniencia
prevenir hypothese
rio Duvida cahir Tapajoz,
solicitando
Sr. Ministro
providencias,
semelhantes
ás q lie suscitastes relação
Amazonas, quanto governador
Estado Pad..
Partecipo-vos
que entreguei
em Tres Buritys
ao Sr. Miguel Lucas Evangelista
13 burros frouxos
da minha tropa sendo 10 a elle em pesstl;:t na
fazenda, um que ficou em Nicoláu Bueno e dous que
deixei no primeiro correg'o perto da fazenda, sendo
um destes precisa ser tratado pisadura ¡omoo, COIlforme communiquei;
tomei ali 3 animaes de montaria um Tenenk
Mello, outro Horta, outro Rei
nisch; ficou com meu consentimento
em Tres Huritys o vaqueiro Bernardino
Varandas que declarou
me ter vindo
para ahi ficar com o Sr. Franc·is('o
Mascarenhas;
deixo em José Bonifacio o tocadnr
Antonio Matheus
Pereira, a sel! pedido,
por não
136
fazer falta ao servi<;o; pedi 10 bois cargueiros
em
Tres Iluritys porque li o aviso que passastes pedindo
outi os 10 e pondo os ckmais Ú disposição do Tent'nk
('oulinho;
como Sr. :\ligll(J não trouxe-os a tempo
deixei Pedro Aug"usIO recehel-os e fazer madrugada
in do akaIH;ar- me em ï de Setem bro.
('umprindo
vossas ordens em aviso que hontem
recebi em Tres Duritys fiz seguir João de Dcus qlle
hontem mesmo levantou acampamento
continuando
viagem para Pimenta Bueno;
com elle seguiram
3 regionaes
que se recolherão
depois ao acampamento geral
Calixto
ou Carlos
Palha,
Antonio
Vogado c João Benedicto de Carvalho;
levou ci le
uma barraca que deve ser tamhem entregue no acampamento geral c quatro bois cargueiros
para conducção de suas cargas e alimentação;
fiz tambem
st'guir
afim recolher-se
acampamento
o Sr. Sant'Anna que leva uma barraca qlW deverá entreg-ar no
acampamento
e um boi cargueiro com sua bagagem.
Salvo ordens em contrario, como declarei José
Izidoro, julgando
interpretar
vossas ordens c satisfazer ás exigencias do serviço, mandei-o entregar ao
Sr. 1\1igucl em 3 Buritys I:) bois de cangalha frouxos e muitos pisados, incapazes
proseguir
viagem,
alguns dos quaes talvez não escapem talo estado de
abatimento em que se encontram, permittindo
a José
I zidoro pÔr cangalha em 16 bois de carro que vinham
com elle afim de poder conduzir as cargas para a
frent(';
conforme
vossas ordens, entregou
elle ao
Sr. Miguel os restantes
I I bois da boiada
de carro
que trazia, toda em muito boas condições;
com O::i
bois magros mandci que ficasse ü vaqueiro Sev(~ro
Franco para delles tomar conta e tratar das pisadu-
137
ras e feridas; tomei um boi de corte em Tres Buritys para matula do pessoal de J osé Izidora; finalmente, apesar J osé Izidoro dizer-me Cjue o havieis
designado
para ficar em Tres Buritys ajudando
campeiros c verificando eu que para isso não fazia
clle falta, resolvi Cjue clle tomasse conta da tropa
que era impossivel fazer seguir com o João de Deus
(pela necessidade
de aproveitar o curral afim de
ensinar os bois de carro para servirem de cargueiros),
determinando que elle hoje viesse o mais cedo possivel a J osé Bonifacio e amanhã se me apresentasse
em Sete de Setembro. A necessidade de eu acampar
nesse lagar e despachar o Tenente Mello para o rio
da Duvida com a urgencia que o caso requeria
levou-me a dar esta ultima ordem ao José Izidoro,
ao mesmo tempo que o deixava para trás.
Das cargas do rio da Duvida tres foram perdidas antes de José T zidoro tomar conta da tropa em
Aldeia Queimada e quatro foram ali entregues para
serem conduzidas pelos automoveis. Afim de com
pletar a limpeza da picada a legua e meia daqui,
ficam com o Sargento Satyro cinco foicciros do
meu contingente, os quaes terminado esse serviço se
recolherão ao meu acampamento em Sete de Setembro. Apresento-vos por fim os cumprimentos de todo
o pessoal superior da 2.· turma aos illustres m('mbros
da I. turma especialmente ao Sr. Coronel Roos('veIt por dever de gentileza e a vós como chefe e
amigo que muito veneramos.
n
Vosso camarada,
subordinado,
amigo c admi-
rador
(Assig-nado) Amilcar A. BoletllO d{' ¡Jlagalhães.
IN
SUPPLEMENTO
Acampamento
Cabeceira
7 de Setembro,
S'r. Corollrl
N. 22
n.
22
da
23 de Fevereiro
2.'
turma.
dl' r 9 q.
NO/{{/UIl,
J osé
Boni facio,
Aproveitando
a passagem do g-uarda tio Trindade que sc rccolhe a esse estação cumpro o dever
de vos participar que o Tenente
Vieira dr ::\1dlo
acompanhado
de um inferior c I J praças desde hoje
começou o trahalho de que o incumbistC's no rio da
Duvida.
Ao chegar ali não encontrara
o regional Henrique, mas este apparercu
hoje á tarde conduzindo em
sua tropa de 7 burros os seguintes gcncros : ~ sacras
de sal, I barrica de assucar, 112 sacca de caf(:, I cai:--;a
de feijão em vagens, 2 caixões de milho vrrck,
I
caixão de farinha de banana. 1 caixão com 30 Jatas
de banha, , caixão com 25 latas de farinha Quaker,
I ('aixa com 2 latas de assucar
refinado, um cnl'apadu com ó g-arrafas de sueco de limão, 2 <:<lixõcs d(~
machados,
4 machados
isolados - -- tudo \:onforme
relação que mandou-me
o Tcnente
Mello,
140
Segundo informações que obtive uma das
canôas é grande e bÔa, as demais pequenas. Combinei com o Mello fazel-as tripular verihcando a capacidade de cada uma, Jogo que elle termine o calafeto.
Os generos a que me referi acima foram guardados
pelo Tenente Mello no acampamento delle junto ao
rio da Duvida c a tropa que os trouxe vein aqui para
o meu acampamento afim de ser cn\:ostada com él
minha, visto lá não haver pasto algum.
Dos sete
animacs o guarda Trindade conduzir<Í um para deixar ahi em José Bonifacio, pois lÇ um animal doente
e incapaz de prestar serviço.
Além das providencias que vos communiquei
devo accrcscentar que mandei deixar em Tres Buritys 13 bois cargueiros da minha tropa os quaes não
estavam em condições de proseguir viagem, reccbendo em troca 10 outros em bôas condições.
Está acampado commigo a tropa do José Izidoro com todas as cargas do rio da Duvida, excepção
de sete cujo destino já vos communiq\leí. Aguardo
aqui a vossa chegada amanhã, tendo tido noticia de
que deveis atting-ir hoje J osé Bonifacio.
O regional Marciano José dos Santos, aliás uma
creança, abandonou o serviço em Tres Burit)'s,
ficando ali sem nada me communicar, baseando-se
infantilmente na concessão que fiz de dispensar o
Dutro (13ernardino Varandas) e illudiu o Pedra
Augusto, quando informou-o de que cu autorizara
sua permanencia nesse log-ar.
Em relação ao servir,,:oque o Mello tcm a fazer
nas canôas, devo adcantar-vos qUE',tendo só á tarde
de hoje chegado ao rio da Duvida o Henrique, perdeu elle quasi todo o dia a procuraI-as em vão,
141
estandu afundadas
as que deveria
ter cnc(J11trado
amarradas
á ponte, segundo
informa<;ões que me
prestara o encarregado
de J os(~ Bonifacio- - Aq u ino_
Não foram encontradas
as canÔas que ainda estavam
em terra. I<~mquanto procurava as canôas, tratou elk
de preparar a uns 500 metros do rio, lIm acampamento para a turma do Duvida, vistCl haver obsn
vado que o antigo acampamento
ficava a meia leglla
de distancia.
Aqui tambem
vou preparar
lima aH'a pélra o
vosso acampamento
« vis-à-vis
ao mell. Não
viria fazer seguir amanhã as cargas do rio oa Duvida
para lá?
Aguardando
vossas ordens sempre desejoso de
bem cllmpril-as
c apresentando
respeitosas
sallda\'Ôes él v/)s, ao Sr. Corond Roosevelt e demais mC'mhros da I: turma, assigno-m('
vosso suhordin<ldo,
amig-o c admirador
('(ln-
)l
(Assignado)
_-llllilear.
SUPPLEMENTO
N. 23
Qelação do pessoal que acompanhou a tropa
do rio da Duvida e que foi aggregado á 2.n turma
até o acampamento da Commissão
NOMES
CARGOS
France1ino
Vaquciro
Manoel
Francisco
.I
I
I
"I
Honorato
Placido
Vol.
Silva
Chena
Cavanha
Manoel
Riheiro
do Nascimento.
Vogado
João Bernardo
Carlos
Avendana.
da
Alhino
Antonio
OBSERVAÇÕES
...
de Carvalho
Palha
-
Regional
SUPPLEMENTO
:Relação do pessoal
N. 24
que acompanhou
o
contin~ente
da La turma e que foi transferido
para a 2." turma em 27 de Fevereiro de 1914
CRADUAÇÕE.S
NO:\1E.S
l." Sargento
Lui,
2. o SlTgen:'o
João Exaltação
Caho
Bezerra de Sant' Anna Guerra
; José
Padre
Euclydes
I
Anspeçada.
Soldado
João
Filho
.
Alves
Moreno
Evangelista
Alves
da
Silva'
Pedro Alves de Macedo
I
Abilio
Gomes
I
Benedicto
Joaquim
I
Cruz
Franco
Ildefonso José Soares
Pinheiro
Chris.in:ano
José Agripina
Marinno
!
da
de Sant'Anna
Pereira
Waldemiro
Corne:e;ro,
dos Santos
Lopes
.Iosé Felizardo
Region:>!
OBSERVAÇÕES
Manoel
, André
,
Lopes
Francisco
Correa
da Silva
Marques
Dias Anastacio
de Alencar
F erral.
Araripe
.
SUPPLEMENTO
N. 25
Barão
de M<:lgaçn.
_\v_ n. 17B.
{¡rgente.
/ Jr. I.amo
.1/ iilLf'!.
Ministro
Exterior -
Rio.
Participo V. Ex. chegada primeiro Março
estação Barão de Melg-aço segunda turma Expcrlição Roosevelt-Rondon da qual fazem parte act1lalmenté' naturalista americano Leo Miller e membros
da ('ommissão brasileira: Henriquc Reinisch, geologo Dr. Euzcbio Oliveira, Tenente
Vieira de
Mello commandante contigentc. Demoramos aqui
tempo necessario preparos descida embarcaçõ~s rio
Commemoração de Floriano e Gy-Paraná. ExpIa·
ração rio Duvida iniciada dia '27 Fevereiro, descendo
tres canôas e duas balsas Coronel Roosevelt, Coronel
Rondon, Kermit Roosevelt, Capitão Medico Cajazcira, Tenente Lyra, naturalista Chcrric, além mais
dezoito canociros conduzindo alimentação c bagag-('ns reduzidas mais ou menos duas toneladas.
Estado sanitario ambas as turmas optim(J ao
iniciar r<:spcctivos serviços.
R<:speitosas saudações
(Assignado)
rapi/ão
,llllilcar
Chefe
'2.
a
MagaLhães.
turma.
SUPPLEMENTO
N. 26
Barão de Melg-aço, r de Março de
7'f'1lrnfr
H)
£4.
Aurr!iano Cmtfi1lho.
Acampamento
J araraca.
Os companheiros
da 2 a turma da Expedição Roosevelt, eu, Tenente Vieira de Mello,
Dr. E uzebio de Oliveira, naturtlista americano Leo
Miller, taxidermista da Commissão Brasileira Henrique Reinisch e agrimensor Joaquim Horta (addido
que vai tomar conta do pique élhi) enviamos os nossos
saudares aos que tão stoicamente se batem neste
sertão pelo prog-resso de nosso Paiz. -- Aqui cheg-ámos hoje á tarde e ficámos muito surprehendidos
de não encontrarmos os batelões e canôas que nos
devem servir para os servi\~os de levantélmento do
rio c transporte nosso ao Madeira pelo rio Gy-.
Paraná. Mais ainda nos preoccupa esta falta porque
estamos conduzindo um dos naturalistas americanos
designado para o serviço zoologico no valle deste
ultimo rio. O Sr. Coronel Rondon contava que aqui
encontrassemos
taes embarcações com os generos
neccssarios á nossa descida até o Madeira e levando
fm conta a demora nos levantamentos a fazer. De
150
modo que re~oIvi mandar com urgencia um proprio
até o vosso acampamento afim de pedir-vos as mais
urgentes providencias de tudo quanto estiver na
alçada para que posamos deixar este pa.1udoso lagar
onde estamos sem medico e com a res')onsabilidade
da saude desse americano e dos soldados e regionaes
que estão no nosso contig{'nte sob o commando do
T ('nente Mello,
Caso nenhuma das providencias1ecessarias
al)
nosso serviço possa ser dada por V()S, solicito o
obsequio de fazer subir até aqui con a maxima
urgencia pelo menos a canÔa qUé: costuma ficar aqui
em Barão de Melgaço, afim de que eu desça nella
em busca dos batelões. Estes devem estar em
Pimenta Bueno ha alguns dias, pois com muita antecedencia foram reclamados á firma Asensi pelo Sr.
Coronel Rondon para aquelles fms.
AppelIo para a boa vontade dl) nosso companheiro pé.'!raque, pela ultima vez agcra, prepare no
que fôr possivel o caminho por onde começaremos
outra serie de viagens, agora t1uviae:" tal como fez
emquanto durou a nossa pcrcgTinaçào, de Tapirapoan até aqui, por terra.
De ordem do Sr. Coronel Rondon deixaremos
ahi no acampamento él maior parte desse pC'ssoal,
sendo que os regionaes para ahi vão muito legitimamente c as praças de linha, fazendo, parte do
contigentc officialmente posto á disposição da Expedição Roosevelt, ahi ficarão aguardando ordens do
Sr. Coronel Rondon c prestarão serviços á Commissão de Linhas Telegraphicas
até extinc(;ào
d'aquella Expedição ou novas disposições do Chefe
("()mmum ,ís duas commissõcs,
151
E sendo assim, Sl' quizessc recebcl-os immcdiatamente seria muito melhor para nós como para vós.
O Sr. Coronel Rondon autorizou tambem o Sr.
Pedra Augusto de Figueiredo, encarregado da tropa
de bois cargueiros que me élcompanhou até- aqui c
nomeado encarregado de CampDs Novos, para onde
deve regressar com toda a urgencia, autorizou él
receber dahi do aCé!mpamento os generos de que
necessita, inclusive um pouco de feijão para plantar
e os medicamentos que fôr possivel dar-lhe, tudo
conforme as posses do deposito ahi; e para despachal-o peço responder-me em que condições podeis
Jttender a esse fornecimento, sendo que tenho meu
ainda algum genero que poderia ceder se me garantisseis não ter de lamentar minha
franqueza
A ordem do Coronel é tambem fazel-o voltar
(elle Pedra Augusto) com toda urgencia, afim de
salvar a boiada C' os burros de montaria que sem
pasto aqui morreriam ou não aguentariam o regresso.
Peço-vos todas «(sinformações que me puderdes
dar em beneficio de nossa missão t> a possivt>J
urgencia na resposta.
Il
ll,
Recado do vosso camarada e admirador
(Assignado) ('ati/lio . hllilcar J/ agalhã('s.
Chefe da 2." turma da Expedição Roosevelt.
b/.•.r-C:) :'~-- ',\ :: , ..
61RLlOTl
U
"
. '"
C.ATALCH;ACION
';A:~,jÜ
SUPPLEMENTO
N. 27
Barão
de Melgaço.
Av. n. 194.
Urgente.
TCJl{>llt C Coutill/lO.
J araraca.
Acampamt'nto
Não tendo sido possivel subir hoje o rio 2fim ùe
fazer levantamento
desde o passo Parabens porque,
inclusive, acabamos de naufragar
pouco a montante
deste lagar, peço-vos com urgencia fazer subir immcdiatamente
o batelão que ia descer ¿'ahi com o João
de Deus, afim de nelle descermos
para Pimenta
Bueno.
A pressa com que vos escrevo não permitte ser
mais extenso.
Abraços
admirador
c agradecimentos
do
(Assignado)
camarada
.lmilcar.
e
SUPPLEMENTO
10
Ff'll,IlI,
N. 28
de Março de
1914.
Virira df' .11dto.
Pimenta Bueno.
Meu distincto camarada. Escrevo-te antes de
partir em busca dos recursos de que ha necessidade
para que a nossa turma possa descer o Gy-Paraná.
Infelizmente até hontem esperei aqui os batelões da
('asa Asensi e elles cá não appareceram. Espero que
me faças a justiça de acreditar, assim como os
demais companheiros da 2." turma da Expedição,
especialmC'nte o Sr. Miller, naturalista
americano, que a minha descida na frente, em pessima
('anôa que aqui encontrei do Sr. Mascarenhas, repre ..
sentante da firma Asensi, descida essa, ainda mais.
cffectuada quando deixo para trás parte de minha
bag-ag-em, da qual muita cousa me tc>mfeito já faIta,
não visa abandonar os meus companheiros mas ao
contrario, apressar a vinda de recursos ao mesmo
tempo que o meu avanço pcrmittirá sem prejuizo da
veloridade da descida - - velocidade que todos nós
desejamos que seja maxima· - fazer senão todo, ao
menos o maximo do serviço que me foi determinado
pelo Coronel Rondon.
156
Assim pensei, egualmente, quando resolvi deixar Barão de Melgaço, não demorando mais que
algumas horas no acampamento de J araraca, afim de
vir apressar aqui a subida dos batelÙes, qJe os devem
trazer dahi até este lagar.
Deves comprehender, e fazer com q lie os outros
companheiros comprehendam, que seria um abuso
de' consequencias más para a Commissiío Telegraphica, arrebatarmos do serviço qualquer desses dous
batclães que são a tropa que conduz tudo de um
acampamento para outro, material de construcção e
munição de bocca.
Ponhamo-nos no caso do Coutinho e reflictamos com os mesmos argumentos com que nos procuramos sempre prevenir contra qualquer falta de
alimentação durante nossa marcha de Tapirapoan
a Barão de Melgaço, e havemos todos de concordar
que o que se vai fazer é o melhor, de accorda com as
circumstancias do momento. Descerei na frente,
farei esforços para que encontrem aqui os hatelões
para descer até o ponto em que ha lancha para
transporte; em seguida irei fazendo os levantamentos que fÔr possivel fazer de modo a não exceder a
nossa chq;ada a Manáos dos 12 dias de Ahril.
Lá em baixo antes de sahirem do Gy-Paraná
provavelmente todos estaremos juntos novamente e
se quizerem podem seg-uir na minha frente, invertendo-se ahí então a columna, proseguindo eu na
retaguarda afim de concluir esse serviço e tocando
vocês para Manáos sem mais demora.
!Jural//('
a d{'scida d('z'('S PNllliltir
dad(' ao Sr. lIill{'r para ('{{(' /a::;{,T
.\"1fas
Ùztcira liber-
ct)lla(õcs
('
157
ter Irm po tir prr parar srlts animal's,' todavia sempre
que fÚr possivel rcunir o util ao agTada\'c1, marcharás com a maxima velocidade
e no batclão ireí dle
preparando
os scus animal's. O mesmo em rcla(:ão
ao i~ein isch, cu j a ('ollc("(~ão, na h ypothesc prevista
de vocês passarem na minha frente, fica ao tcu cuidado arrecadar
e despachar
para onde elle julgar
mais conveniente,
lV1useu ou Escriptorio
ela (:om
missão
no primeiro
caso convindo
avisares
o
J aguaribe para que assista á abertura dos caixões e o
relacionamento
como representante
do Chefe da
Expedi(:ão,
passando
um te1egramma quando f(îr
despachado
tudo.
Por todos os barracões do Asensi encontrarás
ordem franca para te supprires do que fÔr necessa·
rio, deixando documento
claro de que tirarás copia
para o archivo da Expedição
c conveniente
escripturaçào.
Sq;uem commigo agora o João da ('ruz, o cabo
J oviniano e o soldado Paixão; comtigo devem desct'r
os demais cu ja rcla(:ão está em tcu poder e mais os
rqÓonaes e pessoal aqui despachado
da Com:nissão,
a maior parte invalidos quc vão fugindo da morte.
Não os levo commigo porquc a chalana em oue VOl!
descer os não comDorta absolutamente.
1\. (ua disposirJio para descer deves aqui e!1('Of.
trar, ao chegares d, os dous grandes bateIC)cs, em
um dos quaes iHTumulads
todos os soldados, ficando
para os ofticiaes o outro - o melhor de1Jes.
() encarregado
qlle vem com essas embarc'aç()cs
é de toda confianc:a da casa e receberÚ orc1cm de
ficar á tua disposic:ão ; élssumiriÍs o commimdol!'eral
158
das tropas e rccommendo-te a maxima prudencia ('
muita diplomacia e par.ienr.ia com o ~/IilIer, tendo
sempre em vista a nossa jllllCÇ-{iO aqui ."Ill relação á
f:olllmissão
alllCJ'iuma
jaz(,T
o
mai;;
possiz1cl.a
ZJontad(' dellcs. Tuda quanta elle ou o Reinisch julg-arem uti! comprar para suas collecl;ões ou para
execução de seus serviços deves fazeI-c, declarando
sempre a importancia --- por extenso n:)s documentos, o animal, pelle ou lá o que fôr c reservando
copia como disse linhas atrás.
Convem levares presentes daqui, como eu vou
fazer, para deixar nos pontos em que os indios
Pauatês, que agora começam a falar comnosco e
trocar presentes, costumam fazel-o em g-iráos que
construiram « ad-hoc )l. Os objectos indigenas sempre. que fôr possivel devem ser irmãmente divididos,
pelo Miller e Reinisch, se este julgar ut;l ao nossu
museu ou pelo Miller e você para deixares o teu
quinhão em Manáos á disposição do Coronel Rondan, caso o Reinisch nada encontrar de interesse
relativo á sua especialidade.
Acredite que farás
melhor viagem do que fiz de Barão de Melgaço até
aqui e que melhor ainda será a que irá~j fazer daqui
para o Madeira até o meu encontro.
Pelas informações que tenho colhico devo escolher uma das pontas do dilemma: levantar o resto
do Gy-Paraná da Bôa Vista á fóz ou levantar os
:; affluentes Anary, Machadinho e Preto. Qualquer
dos dous casos comporta um serviço de quasi um
mez!
A exploração de qualquer destes 3 affluentes
é mais com o objectivo do levantamento, porque em
todos elles até muito acima existe já seringueiro
159
('ollocadu e trabalhando!
Não seria pois uma ver
dadeira exploração,
porque não se comprehcnde
que se vá explorar um rio j;'t habitado! Convem
explicares isto ao Sr. Miller, pondo-me eu em todo
caso ;Î disposição clelles para « fingirmos » de gran
des exploradores em qualquer dos 3 rios, segundo
o ponto em que nos encontrarmos: se nos encontrar;nos antes do Anary, poderemos penetrar por qual(Iuer dos tres, á escolha dcHe. Entretanto para a
¡':xpedição propriamente
entendo de preferencia
ahandonar os affluentes c levantar a parte que falta
do Gy, completando assim a planta do percurso todo
da 2." turma: não te parece? Se me quizcres acompanhar c praticares nesse simples serviço, deixo
inteiramente á tua vontade resolvel-o, sendo certo
que dous operadores darão um rendimento superior.
Se eu puder, farei () serviço completo, começando
pelo Anary: depende isso dos recursos que a casa
Asensi me entregar para tal fim. Do que fôr resolvendo ;Í. proporção que os casos se apresentarem
dar-te-ei conhecimento por escripto para teu governo.
Estava eu neste ponto quando appareceram as
luzes do primeiro batelão Asensi, ouvindo ..se os 2
tiros com que costumam annunciar a sua chegada;
em seguida veio outro, seriam umas 1 I horas da
noite.
Seguirei amanhã em um del1es com todo pessoal da Commissão que desce c aqui ficará o outro
para vocês 5 e 8 praças nelle descerem, pois com··
porta elle todos perfeitamente.
O encarregado
do batelão como te clisse tem
ordem de se apresentar e ficar ás tuas ordens; tudo
quanto todos quizerem deve ser ordenado por ti, nada
160
se fará sem o tell consentimento
all ordem expressa.
1\0 caso contrario dar-se-ia a anarchia e no r.ossn
n-gimen de scrvi<.,:o militar o rcsponsavcl
é sempre o
" official
mais graduado,
exccptuandl)
a Guarda
\I acional c os cstrang-eiros ... E bÚa '¡iagem ; at<:
breve. A braços
ao E llzebio, re('()mm(~ndaçõcs ao
Sr. Miller (' ao Rcinisch, ('(Imo ao Adelina.
II
Abraça-te
com toda camélradagcm
() camarada amigo e admirador
(Assignado)
c sympathia
Amilcar AI a:?alhães.
SUPPLEMENTO
Av. n.
2
rb .
,T.
• C·
N. 29
¡
('OTOIl('l
6 de Março de 1914.
I< om/oil.
Manáos.
Barracão Monte-Christo, á margem esquerda
do rio Gy-Paraná, 16 de Março de Il) [4.
Participo-vos que fiz entrega de cincoenta mil
réis em dinheiro ao Sr. Eduardo Feli('iano Alves,
encarreg-ado deste barracão afim de serem pagos
como gratificação ao pessoal de uma canôa da casa
Asensi que soccorreu-me assim como aos 4 homens
da minha tripulação no naufragio que assig-naloll a
minha passagem pelo estirão de M areçal, sendo essa
quantia retirada, por conta das despcsas da Expedição, dos vencimentos de dOlls rqÔonaes que por
esqucrimento deixei de entregar-lhes
no acampa
mento da commissão, c cujo saldo entregarei em Manáos ao Capitão Marinho -se outro imprevisto não
desfalcar mais essa quantia. Peço vossa approvação
para esse meu acta. Aproveitando () ensejo participovos que com auxilio de uma chalana do serviço do
acampamento e com uma canôa que retirei da bocca
do rio Francisco Bueno, parti no dia 4 de Março pelo
Commemoração acima, gastando 45 minutos para
162
vencer o trecho do rio entre o arame que o atravessa
defront(~ a Barão de Melgaço e o extremo da area
roçada a montante, o que bem poderá dar ideia da
velocidade quasi negativa com que iamos subindo.
Depois de varias ameaças a nossa canôa rodou sobre
uma ramada e virou, sendo, arrojados á forte correnteza o Dr. Euzebio (que eu convidara para ir
commigo ás cachoeiras, que são 8, incluindo a do
passo Parabens, no duplo interesse de seu estudo
geologico e da rapidez com que seria feito o serviço
com dous operadores quando eu descesse com o
levantamento do Parabcns para Barão de Melgaço)
c 4 homens da tripulação os quaes, todos, á excepção
dE' um, não sabiam nadar e valcrarr.-se primeiro do
proprio galho partido t' depois, quando este quebrou-se ('om o peso dellcs, de um ci:JÓ grosso donde
o Sr. Dr. Euzcbio foi retirado já exhausto e tendo
bebido muita agua. Para augmentar-Ihes a angustia
11m dos soldados
ao pegar-se ao tronco da arvore poz
a mão sobre uma enorme cobra que ali estava enrolada c que ficou a pique de mordel-'J, em lembrança
do que dei él sua pelle ao Reinis~:h. Segundo a
opinião do Tenente ~"lcl1o essa cobra é egual á que
victimou () Joaquim Parecis, segund,) outras opiniões
é jararaca, ou jararacllssú.
Deante do occorrido
resolvi então que o Dr. Euzehio ficasse (estavamos
a minutos por terra) cm Barão de :\1elgaço e assim
as bagagens todas, afim de ali viar as canÔas,
sq;uindo todos inclusive eu apenas com a roupa do
,-orpo e generos para 10 dias; ao tornar effectiva a
minha resolução verifiquei que dispunhamos apenas
de 3 remos, os demais tendo roladeo pelo rio abaixo.
Aliásestes remos haviam-me sido cedidos de um dos
163
bate1ães da Commissào
que trabalham
ahi entre
Barão de Melgaço e Pimenta Bueno. Era impossivel
subir assim porque, além de tudo, o rio Commemoração, de Barão de Mdgaço para montante até onde
fui, é uma corredeira interminavel
sem um remanso.
A canôa pequena
nos lagares de correnteza
mais
forte só subia puxada pelos ramos da marg-em por<{Ut' alé-m de pesada
c de não comportar
mais que
dous homens, estes scí se mantinham
nella moven
do-se
('om l"lJidado. devido, á sua instahilidade:
esta lIbá " especial
quando
desci de Pimenta
HllPno, deix('i como pr('sente, junto a uma outra que
Tenente
Amarante
deu aos indios
Pauatês,
defronte do «porto Amarante)).
(Entre parenthesis:
deixei muitos
presentes
que trouxe
de' Pimenta
Buen() na « fortaleza de Santa Cruz
e ('m outros
\.;irÚos que os Pauatl's tt-m construido
para trocar
brindes. St' ainda a não tivestes por melhor porta"OZ dou-vos
a hÚa nova, de que esses indios chegaram ;í fa]a no (;y- Paran{l. vindo ao batclão da casa
A,sensi onck viajava o caho J oviniano e pedindo
tudo que viam), Mas, continuando
a minha prolixa
narrati\';¡. r('conhecendo
a impossibilidade
de suhir
('om ta('s recursos, voltei a Barão de Mc1gaço. onde
deixei o Dr. E llze'bio com o resto do pessoal da
tmma, conservando
os soldados
indispensaveis
ao
1\OSSO
s('rvi<,'o e t('ndo recolhido no dia segouinte á
minha chq.;acla todos os outros au acampamento
da
('ommissão,
almocei e parti com o levantamento
rio
abaixo, parando apenas um pouco no acampamento
J araraca, de onde: parti no dia seguinte, mesmo pela
necessidade
de providcnciar
sobre a descida
da
turma. pois na hypothese d(' ('xecutar o levantamento
2
il,
(J
»)
164
desde Parabens tiz o inspector João de Dt:.:usseguir
no bateIão que veio a meu pedido para Barão d(
Melgaço, visto que o outro deveria chegar dentw
de uma semana- - tendo cm consideração tambem não
perturbar o serviço de abastecimc:1to do acampamento da Commissão de Linhas Telegraphicas. O
Tenente COlltinho, que é uma energia varonil mettido em pallido e franzino arcabouço, prestou-me
todo o auxilio com lima boa vontade c camaradag-em
dignas de nota, o que permittio-mc uma serie de
providencias e a cffectuação do levantamento do rio
Commemoração desde Barão de Melgaço até Pimenta Bueno. Concluido este serviço deixei um
batelão Asensi em Pimenta Bucno (~desci com outro
até BÔa Vista onde o Sr. Mascarcnhas, procurador
c representante
da firma Asensi, sempre com a
maxima bôa vontade entregou-me 3 canÔas para (l
levantamento do Gy e 8 homens seus, pois nem era
bom pensar em tripular as canôas com () meu pessoal que !lem remar sabia. Em Pimenta Rueno deixei instrucções ao Tenente Mello, a quem incumhira
de chefiar interinamente a turma, providenciando de
accordo ('om as vossas ordens, afim de descer ao meu
t'neontro, scg-uindo cu na frente pr.,rquc iria adeantando o scrvi~'o de levantamento do rio e providenciando para que tivessem elles sempre transportt·
in interrupto até Ca1ama. Cornmuniquci nessa carta
ao Tenente Mcllo que, tendo conh.:::cimento de quc
nos 3 rios a lcvantar Anary, Machadinho c Preto a
firma Asensi tem já seringueiros collocados e trabalhando, devia clIc levar esse facto ao conhecimentCi
do Sr. Miller que ju1g-ava fazer corrmig-o a exploração desses rios ou pelo menos de um, deixando em
165
todo caso que elle Miller decidisse se queria subir
qualquer del les, para o que me punha á disposição
delle. embora não se tratasse de zona desconhecida.
Em todos os barracões irá o Tenente Mello encontrando ordem para requisitar o que for preciso.
Desci com o levantamento no dia 12 ao meio dia do
harracão Bôa Vista, onde, eu havia chegado ás 9
horas, am. desse mesmo dia, ahi almoçando e preparando as cantlas de levantamento. I.evantci o rio
até aqui acima, em um tal estirão do Mereçal. onde
como vos disse em começo, alagou-se a canôa em que
eu vinha com os instrumentos, perdendo-se a canôa,
o te le metro Fleuriai, a bussola prismatica, thermometro de maxima c minima, barometro, minha pistola Coltz, minha capa impermeavel, caderneta com
observações meteorologicas
de Tapirapoan
e
dolorosa perda! ... a caderneta do levantamento.
onde havia um trecho do Commemoração com son·
.::lagem, calculas de descarga, secções transversaes
delle e do Pimenta Bueno, velocidades determina
das com o fluctuador e o trecho todo do Gy-Paraná
desde igarapé Bôa Vista até Mereça!. Felizmente.
aproveitando as « horas vagas)l eu vinha dese··
nhando o croquis dos meus levantamentos, de modo
que fiquei com a planta completa do Commemora
ção, planta digo mal, « croquis
desde Barão de
Melgaço a Pimenta Bueno, sem comtudo registar
nella as sondagens e qualidade do terreno no fundo
(pedra em geral, muito poucas vezes harro vcr·
melho).
Do levantamento feito no Gy eu tinha dese
nhado apenas 141 estações e estava aqui já com quatrocentas. Nestas condições. tendo pC'rdido remos
l)
166
e uma callÔa, assim como os instrumentos do serviço,
desci, mm todo o pessoal, pois ql\e felizmentE
nenhum desastre pessoal houve a lamentar, apesar
de só eu saber nadar, e vim para aqui (Mont('Christo) onde arranjei outra canôa e reforcei as guarnições. Requisitei outro piloto pois á impericia do
meu é que se deveu o desastre, afim de retroceder
amanhã até o igarapé BÚa Vista onde vou huscar
novas ferramentas para o meu trabalho, refazendo o
levantamento desde antes de Monte-Carlo até aqui.
pois ao passar pelo barracão daquelle igarapé vi ahi
um telemetro egual ao meu e uma o1.lssola ao lado
de um transito Gurley, todos instrumentos ahi deixados pelo Tenente Nicolau para guardar Significa
isto retardar de mais de oito dias a minha chegada
a Manáos qnando eu tinha os dias contados para
attingir o Rio em epoca determinada. São as contingencias do serviço e me conforto contemplando
os vossos actos, mas haveis de comprehendcr como
me sinto constrangido
com a pers)ectiva de não
estar em meu lar em periodo em que a minha presença ali era indispensavcl (fala aqui o amigo não o
subordinado) quando me poderá pesar a responsabilidade de um grande mal. N este sentido tclegraphei
para o Rio ao irmão de minha senhora para que
empregasse todos os meios de occu1tar-Ihe a minha
demora mas que certamente excederia o prazo em
que devia estar no Rio, por \lm imprevisto <¡lie
preferi não communi.car.
Este tclegramma será levado pelo Capitão
Jorge Tinoco por quem passei hontem com o levantamento e a euja frente passarei ant(~s de chegar ,l(J
igarapé Bôa Vista. No momento do naufragio o caho
167
Joviniano salvou a minha mala, dentro da qual estavam os aoquis a que me referi acima; os 4 homens
da canôa salvaram-se agarrando ao galho contra ()
gual foi bater a canôa e eu salvei-me nadando vestido para a margem onde, bastante cançado -- pois
a correnteza era muito forte ahi c eu não sou grande
nadador-agarrci-me
a um cipó c, puxando o relogio
do bolso vi que estava andando e marcava duas horas
c dez minutos da tarde. A's 2 e 15 minutos pm. chegou a canôa que me colheu, quando estava descançando já e procurando um horn lagar para subir á
margem que eu via a poucas braçadas, mas, separada e defendida pela corredeira que no momento
parecia ter roo metros de velocidade por segundo.
Regressarei pois amanhã e espero encontrar a
turma descendo; pretendo continuar separado da
turma, pois o Tenente Mello ficará com o Miller c
dará todas as providencias necessarias, seguindo Cil
depois. Com as minhas respeitosas saudações ahraça-vos como amigo, subordinado c admirador
(Assignado)
.'lmilcar.
SUPPLEMENTO
Av. n.
221 .
.2 1.
N. 30
de Março de
H) I
4.
Sr. Corollel ROlldoll.
Manáos.
Acampamento junto a barraca Monte Carlo á
margem é'sCjuerda do rio Gy-Paraná. 2 [ de Março
de 1914.
Acabo de chegar ás 5 horas e 30 minutos pm.,
de regresso do igarapé Bôa Vista até onde subi em
busca de novos instrumentos para proseg-uir e refazer
2. parte perdida do levantamento
do Gy- Paraná.
Infelizmente foi inutil o meu esforço pois ali
não havia apparelhos com que eu pudesse fazer o
serviço, na canôa que eu dispunha para esse fim. Eu
não sabia os instrumentos que lá estavam; olhara· os
distrahidamente e abrira justamente a caixa do telemetro Fleuriai para mostrar que era ej2:ual áquelle
com que eu trabalhava,
por conhecel-o bastante.
H avia um transito Gurley ao lado delle, mas onde
eu suppunha encontrar uma bussola, egual a que
¡{'vastes no rio da Duvida, est8.va lIma stadia Gurley.
Além de tudo, não tendo nunca trabalhado com
esse stadiometro e estando sem um livro para orien-
170
tar-me, não havendo na caixa o livrcto com indica\'ões relativas á pr<ltica do apparelho, receei muito
naturalmente que além da canôa o operador fizesse
um máo serviço que não deveria merecer fé. E assim
cheg-uci, vi e fui vencido ... Foi uma gra:"1dedecepção
para mim e o meu maior desejo seria voltar do Rio
(' vir eu mesmo execut;,r não só o levé.ntamento do
C;y-Paran;Í l'omo dos affluentes que indicastes
Anary, Machadinho c Preto, c de outros que ainda
não foram levantados, att'- ás cabecelras, ficando
depois á vossa disposição para auxiliar-vos no
serviço da Commissão de l,inhas T ~leg-raphicas.
Entretanto, como tendes \:onhccímento pessoaL a
minha situação especial obriga-me a não promettervos cousa alguma neste sentido, limitando··rne a
affirmar-vos que, baseando-me na primeira excepção
abcrt:; e não tendo sido possível concluir agora o
~.erviço que me havieis d~signado, par ci rcumstancias
independentes
de minha vontade, affirma-vos sob
minha palavra. que emprcg'arei todos os mf'US
esforços para que mais uma vez poss;: eu vangloriar-me de voltar a servir sob vossas ordens.
E' a esperança que me resta nesta deploravel
inactividade a que fico subordinado
até terminar
minha viaRem. Em tempo opportuno vos tornarei a
escrever. Augurando-vos
toda a sorte de felicidades no vosso servico
aetual
e no da linha telcgra,
.
phica, apresento-vos as mais respeitosas saudações
('omo vosso suhordinado, admirador c ami,g-o
(Assignado) ./mi/mr
_'/. Ho/rLlw d(')filgal!lã('s.
SUPPLEMENTO
N. 31
Man~íos, 4 de Abril
de
Il)
14.
Av. n. 1<)6.
Urg-ente.
f)r.
I.amo Müller.
Ministro
Exterior
-
Rio.
Participo
V. Ex. segunda
turma
Expediçãu
Roosevelt acaba chegar rio Madeira ficando nutura
lista americano
Miller e taxidermista
Reinisch no
porto Calama terminando
preparo respectivas
colle(:ões zoologicas.
Geologo Dr. Euzebio acompanhado
Tenente
Mello seguiram
Porto
Velho
objecto importante
estudo cachoeira
Guajará-mirim
suas congeneres,
regressarão
Calama dia seis recolhendo-se
então
Manáos
toda turma. Apesar
toda travessia
sem
medico tornada mais penosa epoca chuvas, estado
sanitario optima.
Saudações
(Assignado)
cordiaes
Capitão Amilrar .11(/g,alhãrs.
Chefe da
2: turma
Expedição
Roosevelt.
SUPPLEMENTO
Av. n.
N. 32
6 de Abril de 1914.
230.
S.,.. Corond Rondoll.
Manáos.
Acabo de chegar a Manáos e cumpro o dever de
communicar-vos
que ficaram em Calama, gentilmente hospedados
pelo Dr. CarIas Asensi o Sr.
Miller e o taxidermista Reinisch, conforme desejos
manifestados pelo primeiro, com o fim de preparar
melhor as collecçães zoologicas que já possuem e
completaI-as com alguns specimens que fazem questão de adquirir e ainda não haviam r.onseg-uido até
minha partida dali no dia 2 do corrente a bordo do
paquetinho
Rio Curuçá
Seg-uiram para Porto
Velho o Tenente Mello e o Dr. Euzehio que vai
estudar Guajará-mirim conforme vossas ordens;
ambos regressarão no proximo vapor que hoje ou
amanhã deverá passar por Calama, onde embarcaram os dous outros membros da turma, recolhendo-se
a Manáos com a unica praça que ali ficou para servir
ao Sr. Miller, tendo o Tenente Mello enviado as
demais praças para Manáos com carta ao Capitão
Marinho e vindo commigo tres outras que mandei
Il
II.
1'74
apre~entar á lnspecção. Com este aviso deixo-vos
aqui em Manáos os dous blocos de aviso e correspondencia minha desde que parti do rio da Duvida,
sendu imprescindivel que tomeis o trabalho de ler
tudo isto, porquanto ha varias providencIas que
dependem ainda de vossa approvação, outras que
representam a prova de haver cumprido ordens que
me destes verbalmente e outras finalmente rderentes
a recados verbacs que recebi por intermedio de terccirns c, cuja authenticidade,
convem venflcardes.
Aproveito o ensejo para communicar-vos que
foi registada toda a correspondencia
do Coronel
Roosevelt, dos demais membros e da Commissão
Americana, achando-se os recibos á disposição do
Tenent£' Mello na casa Asensi & e, nesta praça,
firma que encarregou-se de tal serviço, fazendo lima
despesa total de que deverá ser deduzida a importarcia dos sellos que eu jÚ havia applicado a
diversos enveloppes desses, mas que não sei a
quanto monta.
Deixo aqui uma carta de despedida que dirj~Ó
ao Sr. Coronel Roosevelt em máo frand~s, talvez
mesmo orthographicamente errada á falta de um diccionario; outra que vos dirigi no mesmo sentido e
uma ao Kermit, pedindo que apresente rr,inhas despedidas aos demais membros da Commis:5ão Americana. Todas estas cartas eu vos deixo abertas muito
de proposito para que vos scientifiquEis de seu
cr>nteudo especialmente quanto á ultim<l cujas termos parecem uma contradicção com outra que vos
dirigi de Monte Carlo c que colloquci no mesmo
enveloppe da que aqui deixo tambcm ao Lyra; mas
que, o simples facto de chamar para o caso a vossa
175
esclarecida
atten~'ão, dispensa-me
de commentaI-a,
reduzindo
a zero él deslealdade
apparente
que o
facto encerra, certo de que resolvereis o enygma com
justiça para mim, Peço-vos não esqueccrdes
de communirar-me
para o Rio o plano w'ral do vosso relataria assim como a remessa de todos os documentos
ùa despesa de vossa turma em Man:ios e durante a
viagem do Duvida até aqui, chamando minha atten(:ão e a ùo Malheiros para alguma despesa que nos
tenha escapado de assignalar.
Seria favor tamlwm
\'('rificardcs
se não houve alg'uma omissão na lista
do pessoal que desccu o rio da Duvida, pois que, a
relação que o João Alhano fez foi por mim corrigida
da falta do nome do Antonio Parccis e como houve
essa falha póde ter havido outras l~ neste caso ser;Í
tambem necessario corrigir él ordem do dia corres
pondente.
Pretendo
deixar a copia das alterações
vossas, minhas, do Lyra, do Cajazeira e do Mello
até onde as conh(,\'o, convindo <lue, depois de assi
~'lladas c completadas
por v(ís na parte referente ao
rio ria Duvida, sejam ellas rcmcttidas
em tres vias
ao escriptorio da Commissão no Rio. onde o Tenente
J aguarihe as fará lan<:ar no livro competente antes
de passaI-as ao Ministerio da Guerra. Salvo erro ou
enL;ano deixei
no Acampamento
de Jararaca 4:1
pral,:as inclusive inferiores
(' regionaes,
de todo o
l'Onting-cnte com que afinal atting'¡ Barão de Melg-aço, fazendo-os acompanhar
de uma relação nomi
naI que foi assignada pelo Tenente Mello c por nós
confeccionada
com o devido cuidado, relação que
foi entregue ao Tenente Coutinho. Tacs são por ora
as informações
que julguei uteis e necessarias
pres
tar-vos por esta vez, ao correr do lapis
176
A' proporção, que me fôr Iembrar.do outras,
vol-as irei transmittindo.
Desejoso de saber do resultado de 'vossa expIora\ão com o Coronel Roosevelt, faço votos de
(oração para que tcrrnineis com estro"1.doso exito
mais este importante serviço que só avós poderia
~er confiado com segurança.
Vosso admirador,
(Assignado)
vI agalhães.
subordinado
Amilcar
e amigo
Armando
Botelho
d('
SUPPLEMENTO
N. 33
Manáos, le
lJ1r. lp COIOllel Theodore
II
Avril 1914.
Roosevdt.
Je vous écris sans l'aide d'un dictionaire et je
compte d'avance sur votre bienveillance pour excuser les fautes commises dans cette lettre.
Ayant une affaire d'urgence a Rio et, en profitant de la permission que vous m'avez accordée et
d'après l'ordre reçu de Mr. le Colonel Rondon, je
partirai demain vers cette ville.
Mais avant de « retourner a Madame », c'est
mon devoir laisser ici avec mon congé mes remerciements pour la façon si aimable dont vous m'avez
disting-ué, au-dessus de mon propre mérite, pendant
le service comme attaché a l'Expédition Scientifique
Roosevelt-Randon,
service que m'a permis l'honneur de votre connaissance personelle.
En vous assurant ma très haute et sincère sympathie jf' restC'rai à votre service à Rio, rue Barr' )SIl 2 16.
Excusez les fautes du
Capi/ail/f'
Amilcar AI agalhães.
SUPPLEMENTO
N. 34
Manáos,
Caro C/lcfc
(' amigo
Coronel
Abril de 1914.
Rond01l,
Com immenso pesar de partir antes de vossa
cheg-ada a 1\1anáos, apesar da permissão
que me
concedestes
para tal fim, apresentu-vos
por este
meio as minhas despedidas,
reiterando aqui os meus
protestos de estima e consideração
que cada vez
mais se acccntuam
em meu espirito quanto mais
observo os vossos actos, deixando ao mesmo tempo
consagrados
pela mesma
forma o meu ag-radecimento sincero c o mell profundo
reconhecimento
pela hunra que tive de servir sob vossas urdens,
ainda quc por curto rspa\'o de tempo, pedindo-vos
desclIlpa de algllma falta que haja commcttido
e da
insu[ficic!1cia cum que exerci o cargo que me con·
fiastes por vossa bondade.
I nfcIizmente com o meu naufragio perdi varias
notas c rc1a<:ões <¡lICdevia aqui deixar-vos, em todo
caso, procurarei
transmittir-vos
as informações
de
que )lodeis careœr e que eu vos puder dar qllanto á
2." turma c aguardo
no Rio vossas ordens para fazer
o rcIatorio da Expedição,
\' osso amigo, subordinado
(Assig'nado)
(R lié! Barroso
,lilli/cat
2 [()-
l'
admirador
/1. !J. de ¡lIagat/lães.
Copacabana.)
SUPPLEMENTO
N. 35
Manáos, Abril de 1914 .
.'lI ru caro K {'mÛt.
Partindo hoje para o Rio de Janeiro deixo-te
aqui o meu abraço de despedida c peço-te transmit
tir o meu adeus a cada um dos membros da Commissão Americana. Por dever de gentileza que eu
cumpriria com prazer pela sympathia que me despertou a pessoa do Sr. Coronel Roosevelt, eu tinha
obrig-a(,~ãode espcral-o antes de partir para apresentar-lhe pessoalmente as minhas despedidas, mas,
chamado com insistencia c, tendo mesmo mg-encia
de chcg-ar á minha casa aproveito a delicada permissão que ellC' me deu e retiro-me deixando por
('sta forma as minhas excusas.
Sei que te casarás breve em Madrid e quem
sabe se não te irei ali visitar? Se eu conseguir a
minha nomeação para membro da Commissão de
Compras que o Brasil mantem n~ E mapa para
acquisição de material bellico do nosso Exercito,
nomeação que vou solicitar ag-ora quando chegar ao
Rio, em J unho ou Julho espero estar em Paris c
neste caso, se estiveres em Madrid, muita satisfação
terei em rever o meu companheiro de Expedição.
Tens agora no Rio a rua Barroso 216 -- Copacabana uma casa ás tuas ordens.
E adeus! Abraça-te o amigo
(Assignado)
Amilcar
A. B. JIlagaL/zães.
SUPPLEMENTO
Quadro comparativo
N. 40
das rações
por praça
L<\Rf':U_AS
EXPEDIÇÃO
CO!\HlfSSÃO
COMMISSÃO
GENEROS
lACY
PARANÁ
SCIl:NTIFlCA
T<OOSEVELT-
DE
prORA
A
B
C
D
.Ii
0,16
0,16
0,20
G,20
I
II
D,OSa
0.040
0.050
0.100
. il
0,030
0.040
0,050
0,050
i
0,050
0.040
0,050
0.150
.i
0.360
0,250
0.200
/' I
Arroz
Assucar
Banha .
Café cm grão.
Carne seeea
fresca
I
0,300
0,500
Farinha.
0,33
0,40
D,50
Feijão
0,28
0.26
0.30
Sal.
PONTE
l',\PIRAPOAIi
RO~DON
Mate
EM
EM
I
0.40
0.30
I
0.016
!
D,DI
---_.j:
OBSERVAÇÕF.S
•. -
A Tabella
da Expedição era a que conferia as rações
mais elevadas cm todos os generos, embora apparentemente
seja ella inferior
nas quantidades marcadas de assucar c café em relação á tabella D, como nas
de carne secca em relação á tabella A, o que na realidade não se possava, pois
que simultaneamente
á carne secca
consumia ..se: muita conserva
em latas.
uo lado
do assucar das praças consumia-se para a meza dos officiaes assuear de belerraba em tablettes, c o consumo de café e chá para os officiaes não obedecia
tão pouco a limitação de tabella alguma.
SUPPLEMENTO
N. 41
Tabellas de generos adoptadas pela Commissão
de Linhas Telegraphicas Estrategicas de 1\1atto·Grossn
ao Amazonas, em Tapirapoan,
e pela Expediçãn Scientilica Roosevelt-Rondon
RAÇÃO
DIARIA
PARA
GF.~FROS
CADA
PRAÇA
CO:-'IMISSÃO
Arro,
EX"I::DI~ÃC'
O' .16
O' .20
,\ssucar.
0".040
O"·.OjO
Ganha
0"<.040
0"·.050
Café.
Ok·.040
0'".0')0
Farinha.
D' .40
O' .50
F"ij~o
Carne
fresca
03Sr.RV.\ÇÕJ:S.
c1içio. fornecia·.e
o
53l
-.
F:mhora fiscaliBndo
á proporção
D' .26
O' .30
0'".300
0'-. JOO
para que não houve ••e desper
das necessidades
e independentemente
de
tal,,""a.
- Além desse, ~eneru; d~ primeira
doming!' 0".25
necessidade.
fornecia-se
em cada
de filmo em rolo e uma caixa de phosphoros.
tI
SUPPLEMENTO
TA!:lELLA
DF:
DISTRIl.lUlÇÃO
6
N. 42
DIARIA
DE
GJ:::\F:ROS
Farinha de mandioca.
Feijão.
Arroz
1\sslIcar
fhnha .
Caf('. em lo>0T ã ()
Mate
( :arnc seca
Sal
2',4
I\fI
I¡
,Goo grs
?
300
1 -o
:>
laD
n
Ponte
de Pedra
PARA
PESSOAS
))
'J
>l
1200
D,OS
em 13 de Janeiro
de
))
H)12 .
.Matto·Grosso.
(J)
!'reparada
!lO loc,¡]
1','10 prou's,,,
\lsado!lo
:\ortc (carne ,It- '(1).
SUPPLEMENTO
TABELLA
DE DISTRIBUIÇÃO
RIO ]ACy-PARANií.
PELA
N. 43
DE GEr\EROS
ADOPTADA
l'\O
TLTRMA DF. F.XPLORA(:.~()
Ao clarear do dia um caneca (volume mai~
uu menos de 2 chiearas de chá) com café ou chá na
falta daquelle, acompanhado de uma mão eheia de
bolachas naeionaes d'agua e sal; sendo o café tem
perado de assucar, na cozinha, logo depois de coado
(rcg-ula um pires bem cheio de assucar para l'aeJa
8 homens).
2) Almoço á hora em que começa a aquecer II
sol (entre I I horas c 30 minutos e I:! horas e 30
minutos eommummente) constando de arroz, feijão.
farinha e carne seeca (esta é logo picada em tantos
pedaços quantas as « etapas a pagar
e cozinha
no proprio feijão); quantidades:
de feijão uma
c:oncha commum bem cheia, arroz concha c meia, Olé
farinha uma chieara de chá rasa.
3) Jantar, á hora que fica sempre em funeção
do serviço diario (ao cahir da noite, g-eralmentc),
constando dos mesmos generas e quantidades do
almoço e mais uma chieara de chá adoçado.
I)
)l
(I) Etapas
militar.
a
pa:.:"r
Ou raç(¡", " distrihuir.
(')
conforme"
t"chnologia
190
COXST:.MO DIARIO
N a turma, quando reduzida
praças, consumia-se diariamente:
a 4 officiaes e 8
grammas de assucar.
2 litros de arroz.
4 litros de farinha.
2,;) litros de feijão.
1200 grammas
de bolachas.
300 a 400 grammas de banha.
3,75 a 5 kilos de carne seca em lata.
boa
N. B. -- A caça substituia muitas vezes a carne
seca.
INDIOE
P"'ginas
lntroducção
Capitulo
.
I-
5
Sob a vossa chefia immediata.
Capitulo
II -
Capitulo
III -
Capitulo
IV -- Observações
Capitulo
V -
Chefiando
7
uma turma
16
Serviços de levantamento
53
meteorologicas
54
Serviços de geologia e zoolo\(ia
57
Capitulo
VI -
Capitulo
VII -
Do contingente
58
Das tropas e dos tropeiros.
64
Capitulo
VIII -- Ligeira noticia sobre os indios da lona
Tropa
Capitulo
IX -
de bois.
Ligeiras
nolas
passou
Capitulo
74
sobre
percorrida.
77
a vida dos serongaes. por onde
a 2.' turma.
83
X -- Conclusão
88
SUPPLEMENTOS
N."
I-
Cart"
dirigida
ao Sr. Coronel
Rondon em 25
1-1914.
89
1'/." 2·- Carta clos dcmissionarios.
93
N."
3 -- Relação
do pessoal superior
N."
4 -- Relaç;io
do
N."
5 -- Relação
N."
6-
N."
7 -... Relação
pessoal
de
e alter~ções
que
durante
se complln:'a
a marcha.
o conlingente
2. a turma
do
99
pessoal
da
tropa
de
hois que Ilcompanh()U a
.2.' turma da Expedição
Relação
do
2.'
turma
pessoal
do pessoal
101
da tropa de muares que acompanhou
a
103
qoe acomp',nhou
a tropa de boi. do rio
da DU\·ida
8·· Carga e descarga de animaes da l." turma
N" 9» 2."
N." ID-Carta
do Sr. Coronel Rondon. de 24-1-·1914.
N.')
97
da
105
107
109
111
192
Pa¡ío.:ls
N,o II - Marcha do contin¡rente que acompanhou a 2.a turma .
N.""12a 15-Telegrammas
c respostas.
N.O 16-Carta
dirigida ao Sr, Coronel Rondan, em 8-2-1914.
N." 17-ldem
ao Tenente Lyra. em 13-2-1914.
N.O 18-Idem
ao Sr. Coronel Rondon. na mesma data.
N." 19 -Idem
do Sr. Coronel Rondon, de 11-2-1914.
N.o 20-ldem
dirigida ao Sr. Coronel Rondon. ainda em 13--2-1914.
N.o 21 -Idem
idem. em 22-2-1914.
N° 22-ldem
idem. em 23-2-1914.
N. ° 23 - Relação do pessoal que acompanhou a tfOpado rio da Duvida
e que foi aggregado á 2." turma até o acampllmenlo da
Commissão .
N.O 24 - Relação do penoal que acompanhou o contingente da l." turma,
e que foi transferido para a 2.' turma, em 27 de Fevereiro
de 1914.
N.' 25 - Telegramma ao Dr. Lauro Müller, Ministro do E"terior.
N.O 26-Carta
ao Tenente Aureliano Coutinho. em 1-3--1914.
N." 27 -Idem
idem.
N.O 28-ldem
ao Tenente Vieira de Mello. em 10-3-19'4.
N.O 29-ldem
ao Coronel Rondon, em 16-3-1914.
N.O 30 --Idem idem. em 21-3-1914.
N.O 31 - Telegrammn ao Dr. Lauro MillIer, Ministro do Ext''lior, em
4-4-1914.
N.O J2 - Carta ao Coronel Rondon, em 6-4-1914
N.O 33 ·-Idem ao Coronel Theodoro Roosevelt, em 11-4-1914.
N.o 34-ldem
ao Coronel Rondon, em Abril de 1914
N.o 35 - Idem ao Sr. Kermir. em Abril de 1914.
N. 36 a 39 - Mappas (I) .•
N.O 40-Quadro
compararivo das rações por praça.
N.O 4\ - Tabellas de generos adoptadas pela Commiuão de Linha.
Telegraphicas Estrateg;=as de Matto-GrolSo ao Amazona.,
em Tapirapoan, e pela Expedição Scientinca RooseveltRondon.
N.o 42 -- Tabella de distribuição diaria de generos para 6 pe,,;oa•.
N." 43 - Idem de distribuição de generoso adoptada no n., Jacy.
Paraná pela turma de exploração
I J3
115
123
125
127
131
133
135
139
143
145
147
149
153
155
161
169
\71
173
177
179
181
OIl
(1) Por nao e•.tMrem concluidos os de~enhos, seri.o
UDeX09 Je nI.
a6
a J9,
183
185
187
189
mais tarde dbtribuidos os
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Relatorio apresentado ao Coronel Candido Mariano da Silva Ro