EDUCAÇÃO – MUDANÇAS– O QUE ESTÁ REFLETINDO NA ESCOLA?
Elisane Scapin Cargnin1
Simone Arenhardt2
Márcia Lenir Gerhardt3
Eliandra S. C. Pegoraro4
Edileine S. Cargnin5
Resumo:
Diante das inúmeras modificações que se apresentam na sociedade globalizada, surgem novos
desafios para a educação. Estabelece-se uma múltipla tarefa, de um lado atender as exigências
do mercado globalizado e de outro a formação humana. Nesse meio encontra-se a escola
procurando se organizar de maneira a atingir, da melhor forma, esses desafios. Nessa
tentativa, além de atender às Leis e Políticas, a escola busca atender os objetivos que os
alunos buscam, através de uma gestão democrática. Essa situação exige que aluno –
professor- comunidade caminhem juntos. Estabelece-se assim um desafio diante da função da
escola sobre o qual refletimos neste texto.
Palavras-chave: Educação. Escola. Políticas Educacionais.
Num mundo em que as mudanças – transformações, bombardeios de informações, de
imagens fazem parte de nosso cotidiano, precisamos estar preparados para superar as
expectativas e acima de tudo ter condições para acompanhar essa evolução. Para isso, surgem
como alternativas de melhoramento educacional, tanto em termos de relação como processo
pedagógico, os pilares da educação, abordados por Jacques Delors, que são: aprender a
aprender, aprender a fazer, aprender a viver juntos, aprender a ser.
Frente às transformações que ocorrem, a escola acaba sendo reflexo de inseguranças
que são facilmente percebidas no processo educacional, que envolve toda a comunidade
escolar. Diversos fatores levam o professor a sentir-se inseguro diante das necessidades que o
aluno tem em relação à escola, que visa formar futuros trabalhadores junto com as
1
Aluna do curso de Especialização em Gestão Educacional. Licenciada em Matemática/UFSM
[email protected]
2
Aluna do
curso
de Especialização
em
Gestão
Educacional/CE/UFSM.
Letras/UNIFRA.
[email protected]
3
Aluna do curso de Especialização em Gestão Educacional/CE/UFSM. Mestre em Educação. Licenciada e
Bacharel em Artes Visuais/UFSM. [email protected]
4
Licenciada em Letras/UNIFRA
5
Licenciada em Pedagogia/UNIFRA
2
competências que o sistema produtivo deseja, para isso a formação de trabalhadores críticos,
autônomos e flexíveis (não esquecendo das dificuldades envolvidas nos significados hoje
atribuídos a tais termos), as reformas educacionais, em que inovações curriculares ocupam
papel de destaque, parecem levar em conta as recentes mudanças na organização do trabalho.
Sendo assim, o professor ainda não consegue definir o sentido da educação a ser
desenvolvida, no que se refere à formação para a sua vida pessoal e profissional.
A escola é também considerada local responsável pelo desenvolvimento humano,
tornando o aluno um cidadão capaz e, ao mesmo tempo, ela possibilita a chegada ao mundo
do trabalho, isto é, a formação humanista em sua ampla dimensão. Dessa forma, a escola
ocupa um espaço notável na formação de todos os seus alunos, é, portanto, fundamental que a
instituição de ensino tenha bons administradores, uma vez que a organização e gestão poderão
servir de exclusão.
Por esse motivo, a gestão educacional deve ser tratada com certos cuidados e
competência, colocando em prática as diretrizes, bem como interpretando e subsidiando as
políticas públicas, nas relações sociais globais, políticas, econômicas.
Nessa perspectiva, Holanda Ferreira aponta gestão como ato de gerir, administração e
gerência. Ou seja, gestão “relaciona-se com a atividade de impulsionar uma organização a
atingir seus objetivos, cumprir sua função, desempenhar seu papel. Constitui-se de princípios
e práticas decorrentes que afirmam ou desafirmam os princípios que a geram. Estes
princípios, entretanto não são intrínsecos à gestão como a concebia a administração clássica,
mas são princípios sociais, visto que a gestão da educação se destina à promoção humana”
(Ferreira, 2001, p.306).
Que qualidade se espera da educação quando a responsabilizamos pela eficiência social e
econômica da sociedade?
Em relação às exigências impostas pelo mundo globalizado, as pessoas ficam
divididas diante de diversas alternativas que a escola procura oferecer para o trabalho, para os
processos seletivos (vestibular, concursos em geral) e a formação humana. Além dos impasses
que a escola enfrenta internamente, existem leis e políticas de ordem nacional e mundial que,
de certa forma, determinam os rumos a serem seguidos pelas Instituições de ensino.
3
Diante disso, atribui-se à educação uma tarefa de extrema importância, como destaca
Coraggio (2000 apud Gerhardt, 2006, p.38) “a qualidade da educação é condição para a
eficiência econômica e social, e a reforma social, uma precondição para o desenvolvimento”.
Sendo assim, o educador precisa ampliar seu trabalho, como profissional da educação, e
comprometer-se com essa importante causa, buscando capacitar-se para a pesquisa, pois nos
encontramos frente a situações instáveis na atual sociedade globalizada, que interferem
diretamente na escola.
A educação escolar tem por objetivo complementar a educação familiar, portanto, da
escola espera-se muita eficiência, dos professores muita competência, no entanto, a sociedade
como um todo não consegue estabelecer um compromisso de qualidade que vise o benefício
comum.
Hoje as escolas têm maior poder de decisão e maior autonomia. Elas não podem mais
produzir desigualdades nas aprendizagens, pois já foi vista como um indispensável meio de
ascensão no nível cultural. A prática educativa está relacionada a todos que trabalham na
escola, por isso precisa ser de forma “horizontal”, é preciso ter responsabilidade, liderança
organizacional, compartilhada, coletividade, o currículo, a formação dos professores e
funcionários para que aconteça o aproveitamento escolar dos alunos.
Tendo como base a sociedade do conhecimento e da informação em que vivemos, a
educação hoje tomou estranhos caminhos, pensa-se em competitividade, em mercado de
trabalho, em incorporação do Brasil no contexto da globalização. Essa visão deixa de lado
valores que antigamente significavam educação: cidadania, participação política, construção
da cultura, isto é, a educação para vida. Assim, a sociedade baseada no uso intensivo de
conhecimento produz simultaneamente fenômenos de mais igualdade e mais desigualdade, de
maior homogeneidade e maior diferenciação.
Mesmo diante dessas profundas transformações sociais do nosso tempo e sua teorização
mais radical, é necessário fazer da escola um espaço privilegiado na formação de cidadãos
esclarecidos e senhores de seu próprio destino. Hoje, os alunos têm menos acesso à noção de
história porque está submetida ao cotidiano que é a cultura que está na superfície e o imediato.
Existe uma perspectiva muito grande em relação à educação por isso é bom que nos
conscientizemos de que é preciso muita responsabilidade, solidariedade e compreensão para
que assim possamos ter o acesso de todos à educação, nosso bem maior. Mas ela não pode ser
exclusiva, é preciso respeitar os direitos e as diferenças da criança que é necessária para
4
manter nossa identidade nacional. Por isso, a importância da conscientização de que é nosso
dever como educador participar da democracia encaminhando o aluno com bastante
discernimento, valorizando a cultura e aproveitando toda evolução da informática, da
globalização, enfim todas as novas perspectivas e exigências da atualidade.
Devido ao excesso de atividades, as pessoas acabam por ter que serem rápidas e
eficientes, não existe, muitas vezes, o respeito ao tempo que é preciso para que o trabalho
aconteça sem que prejudique o ser humano. O progresso não pára de “atacar”, o ser humano
precisa acompanhar para, no mínimo, ter uma vida digna. Não podemos esquecer que a maior
parte da população está à margem dessa evolução toda. Já surgiram diversas formas para
administrar isso tudo, porém as diferenças acentuam-se cada vez mais, é preciso, portanto,
estabelecer política educativa e política de desenvolvimento a fim de reforçar as bases do
saber e do saber fazer, estimulando a iniciativa, o trabalho em equipe e, principalmente, o
espírito empreendedor.
Ainda é importante ressaltar que na educação, existem valores que são universais
como cidadania, por exemplo, já que desde cedo as crianças aprendem a respeitar-se umas às
outras, com suas diferenças raciais, religiosas e culturais. Educar um cidadão significa evitar
futuros problemas, exige o conhecimento das causas que geram a violação dos seus direitos,
que têm tido nas crianças, o maior reflexo. Implica a compreensão das injustiças sociais,
implica também o nosso reconhecimento no que se refere à grande parcela de culpa, já que
nós fazemos parte desse processo.
Ser cidadão significa educar, buscando sempre o respeito às diferenças, implica
entender o processo educativo, como um meio de valorização, de respeito entre gestores,
educadores e alunos, das influências que a escola exerce na comunidade local e das
responsabilidades individuais e coletivas e no amor às origens que precisam ser trabalhadas na
sala de aula. A diversidade é hoje a base para uma educação multicultural. É a compreensão
de que as mudanças apresentam-se em diferentes pontos que dão ênfase ao trabalho que
valoriza identidade, a cultura e, principalmente, a pluralidade cultural, relevam-se
contradições internas com sérias implicações curriculares e pedagógicas que, na maioria das
vezes, comprometem o processo educativo que envolve a pluralidade cultural.
Na história da educação, os educadores em especial, passam suas vidas em busca de
respostas aos constantes desafios e conflitos do seu cotidiano. No entanto, nem sempre se têm
respostas, encontram-se muitas dúvidas. A obra de Jacques Delors, Educação um tesouro a
5
descobrir, apresenta considerações sobre os diferentes aspectos que envolvem a educação, e
põe em evidência alguns questionamentos que nos fazem refletir, aborda também a
globalização como um processo econômico que beneficiou grandes potências e, ao mesmo
tempo, acentuou as diferenças sociais nos países mais pobres, que conseqüentemente,
refletem-se nas escolas. Em função dessa problemática, em inúmeros países têm-se
desenvolvido significativos esforços de reformulação dos currículos escolares. Tendo em
vista a elaboração e a implementação de novas políticas de currículo que atendam as
exigências da sociedade do conhecimento. Em algumas análises, procuram-se explicitar as
relações de poder que se expressam nas reformas e evidenciar como elas se têm constituído
em instrumentos de regulação e de auto-regulação de indivíduos e grupos.
Todas as iniciativas de efetuar e de analisar as mudanças curriculares e/ou
administrativas que vem ocorrendo em muitos países precisam ser referidas ao processo de
globalização em curso. Quer se enfatizem seus aspectos econômicos ou seus aspectos
culturais, não há como negar seus contraditórios reflexos no cenário educacional. Muitos
dizem que a educação está em crise, pois o mundo a nossa volta está cada vez mais complexo,
repleto de informações que geram necessidade. É preciso, então educar para a compreensão
dessa complexidade, para o diálogo, para a superação de dificuldades, para a criatividade,
para a vida. Nas políticas educacionais, nos currículos, nas formas de avaliação, nas propostas
de reformular a formação docente, nas investigações, assim como nos encontros e seminários,
devem existir procedimentos, objetivos e características comuns que nos levem a um mesmo
lugar: a educação por eficiência.
Assim sendo, na educação são depositados todos os sonhos, pois se acredita que dela
surgirão as respostas buscadas para a resolução dos grandes problemas que se instalam no
mundo. Angústias, problemas, certezas e incertezas são bases que nos fazem refletir ainda
mais. A busca também é um reflexo de que problemas ainda não foram superados. Como
apresenta Jacques Delors no título de sua obra, educação é um tesouro a se descobrir. Cabe a
todos uma fatia dessa busca.
Referências bibliográficas
DICIONÁRIO AURÉLIO ELETRÔNICO Versão 3.0 para PC ... baseada no Novo
Dicionário da Língua Portuguesa, 28a edição, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.
6
FERREIRA, Naura Syria Carapeto (Org). Gestão democrática da educação: atuais
tendências, novos desafios. 3ed. São Paulo: Cortez, 2001.
GERHARDT,
Márcia
Lenir.
A
descontextualização
do
material
–
elemento
industrializado e das técnicas de construção mecânica para a cognição em arte. Santa
Maria / RS. 204 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Santa
Maria, 2006.
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educação – mudanças – o que está refletindo na escola