Terceiro Domingo do Tempo Comum
Ano B
25 de janeiro de 2015
Caríssimos Irmãos e Irmãs:
A liturgia deste Domingo tem uma temática muito específica: o tempo e a conversão.
Na primeira leitura, retirada do Livro de Jonas encontramos a expressão “Durante quarenta dias...”. Na segunda
leitura, da Primeira Epístola aos Coríntios, São Paulo nos
diz: “O tempo está abreviado.” No Evangelho, Jesus nos
anuncia: “O tempo já se completou...”
Por que insistir sobre o tempo?
Simplesmente, porque o tempo nos é dado por Deus.
Somente Deus é senhor do tempo. Nós, suas criaturas, estamos no tempo enquanto nos permite estar. Essa é uma
realidade importante que nos orienta em todas as situações,
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decisões, ambientações, compromissos e no processo de
conversão, à qual somos chamados como discípulos do
Cristo.
Jonas, ao pregar a conversão aos ninivitas, anuncioulhes um tempo para entrar no processo de conversão ao
verdadeiro Deus: quarenta dias.
São Paulo, em sua epístola, nos conscientiza sobre a
figura deste mundo que passa, portanto, há um tempo estabelecido por Deus para viver a relatividade de tudo que a
vida nos oferece. Temos apenas um tempo de vida, e esta
existe para preparar-nos à vida que não conhecerá ocaso:
a vida eterna.
Jesus, iniciando sua pregação do Reino, afirma que o
tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo.
Em seguida, pede a seus ouvintes, conversão e fé em sua
pessoa e em seu Evangelho.
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Nas três leituras temos a realidade do tempo para
entrarmos no processo de conversão, ou seja, no dinamismo da vivência do Reino de Deus.
Por que insistir na palavra “processo”?
Porque ninguém se converte de uma vez por todas, a
não ser que a graça de Deus o invada sem pedir permissão; o que Deus nunca faz, pois respeita nossa liberdade e
nossa capacidade de avançar sempre mais em direção aos
valores do Evangelho, ou não.
Mas, o processo de conversão é proporcional ao
tempo que dispomos para viver?
Não! Há quem em escasso tempo tenha acelerado o
processo de sua conversão ao Reino e outros que gastaram ou gastam-no para estar em busca de outros valores,
muitas vez diametralmente opostos do Reino de Deus.
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Deus intervém quando estamos em processo de conversão para valores que não são do Evangelho?
De fato, Ele nos deixa em liberdade, porém, como
nos ama, oferece-nos sinais, coloca-nos em determinadas
situações, apresenta-nos pessoas e, sobretudo, nos comunica sua vontade através de sua Palavra nas celebrações
litúrgicas e em nossa lectio. Indiferente Ele não fica!
Entretanto, quando despertamos de nossa letargia
existencial e descobrimos a brevidade do tempo, então,
sempre com seu auxílio, prolongamos no tempo o gesto de
André e Simão, de Tiago e João e de tantos outros ao
longo desses 2.000 anos de Igreja. Escutaram o chamado
do Senhor, deixaram as redes e seguiram-no. Esses Apóstolos, pois, entraram num processo de conversão anunciado
pelo Cristo.
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A conversão, caros irmãos, tem sempre o primeiro
passo: deixar as redes. Convém nos perguntar: que redes
nós deixamos? E mais, podemos guardar um pedacinho
dela em nosso bolso ou em nosso coração e passarmos a
vida toda nos torturando ou, então, agradecendo a Deus
porque tivemos a coragem de partir de onde estávamos
para seguir Jesus.
O que nos mantém nesse processo de conversão, ou
melhor, deixar para trás as redes e continuar com o Senhor?
O sábio São Paulo nos responde: “A figura deste
mundo passa!”
Vivemos numa cultura que nos educa para o provisório e o descartável. Tudo que temos tem um prazo de validade e durabilidade, inclusive os relacionamentos e compromissos. O homem de nosso tempo age como se fosse
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senhor do tempo ou então, apenas cidadão deste mundo
transitório. O definitivo foi relegado aos romancistas do passado.
Escutamos muitas vezes: nem a vida é definitiva, por
que assumir compromissos definitivos se não temos capacidade de mantê-los?
Se não estamos no processo de conversão para o
Reino do Cristo, que nos promete a vida futura, efetivamente, construímos nossa história, sempre fragmentada e descontínua, pela instável maré de nossa vontade, sentimentos,
ideologias e pulsões carnais.
Estamos reunidos para celebrar o mistério Pascal do
Cristo e pedir-lhe seu retorno. Sejamos consequentes com
a fé que proclamamos e, com o auxílio da graça, não obstante dificuldades e desafios, continuemos nosso processo
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de conversão para o Reino de Deus, que se iniciou no dia
de nosso batismo.
Quarenta dias de conversão, que o profeta Jonas
anunciou aos ninivitas simboliza o tempo de nossa existência. Não deixemo-lo passar irresponsavelmente.
Assim seja!
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Homilia do III Domingo do Tempo Comum